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FACULDADE ANGEL VIANNA

LICENCIATURA 2021.1
DISCIPLINA: IMECO
PROFESSOR: PAULO TRAJANO
ALUNO: RAFAEL FERNANDES
TEXTO RELACIONADO ÀS AULAS PRÁTICAS E DISSERTAÇÃO 1º CAP.

AUTOR E OBRA:

Reflexões sobre a Preparação Corporal do ator a partir dos trabalhos de Angel


Vianna e Edgar Morin - Paulo Trajano

Ao longo das aulas meu corpo foi ativando pouco a pouco a tomada de decisão
até o campo das novas descobertas, o upgrade de sensações dos sentidos, não só
na aula de imeco, mas em todo o conjunto, de cada aula na trajetória da percepção
e pesquisa de movimento. Bem no passado em aulas de teatro, percebia a
importância da expressividade do corpo em meio a ser assistido em cena, falar com
gestos, entregar os sentimentos e abrir a percepção para entrar no palco para
comunicar o que se pretendia. Nunca compreendi que essa percepção começa de
dentro, uma busca incessante através de si mesmo, obviamente com alguns
auxílios, como muita paciência e sensibilidade.

Reaprender a sentir movimentos sutis. Logo no trabalho de pesquisa e evolução


dos movimentos inferiores já fui tocado no sensível, me lembrando que em 2019,
após um acidente no joelho, repensei minha dança e toda forma de caminhar,
levantar, agachar, ter força e coragem primeiro no pensamento, justamente dali que
me faltava força. A ansiedade de voltar a saltar me custou algumas horas a mais
para me concentrar nas sessões de fisioterapia. Foi quando em poucas aulas na
faculdade, me percebendo de novo, sem pressa, pois foram nas aulas de terças e
quintas que meu cérebro e corpo foram entendendo que ali era um lugar
privilegiado. Fazer, perceber e executar com total atenção e respeito, movimentos
que trazem sensações particulares, que arrisco dizer que muita gente em quase
meio século de vida não sentiu ainda, como por exemplo despertar uma atenção
maior, e sentir uma breve necessidade de me espreguiçar mais vezes ou passar a
experimentar escovar os dentes com a mão esquerda.

Como intérprete, é um tremendo prazer me perceber mais presente dentro do


ser e estar disposto para que isso se desenvolva através de futuros trabalhos. Como
professor, ando mais atento sobre a particularidade dos corpos dos meus alunos,
seja passando técnicas específicas das street dances ou provocando alguma
pesquisa de segundos, em algum movimento do cotidiano.

A preparação de artistas que pretendem criar uma partitura de


movimentos ou tornar mais presente um personagem em cena é um processo que
ocorre a partir dos rabiscos, às possibilidades aparecem de forma a erguerem
seus próprios caminhos. Pensar e desenvolver nesses singulares caminhos que
desencadeiam processos expressivos, poéticos e, algumas vezes, sobre humanos é
desafiador e, por isso, instigante. Como artistas, docentes, pesquisadores e
intérpretes buscamos muitas questões que atravessam nossa profissão, quando nos
esbarramos com a sala de ensaio e com os atores e dançarinos que anseiam
encontrar respostas para as frequentes dúvidas que tecem a rede da preparação
para a cena, percebemos o processo particular do próprio corpo, cada importância e
necessidade.

O avanço do trabalho corporal para a cena inclui disposições muitas vezes


físicas e psicológicas, onde há de se criar uma abertura de diferentes tatos,
percepções e formas de enxergar, até mesmo uma respiração mais adequada,
desencadeada pela consciência desse novo ser que se experimenta a si mesmo e
se percebe com mais sutileza. O corpo evolui respeitando e aumentando seu íntimo
com a gravidade, se conhece através, e entre, os próprios espaços pelos
movimentos e tempos dentro de si. Cria-se não só uma conscientização do
movimento, mas também, uma conscientização da sua própria existência.

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