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Livro Eletrônico

Adendo - Auditoria Fiscal

Auditoria Fiscal p/ SEFAZ-DF (Auditor Fiscal) Com Videoaulas -


Pós-Edital
Guilherme Sant Anna, Tonyvan de Carvalho Oliveira

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Sumário
Introdução ............................................................................................................................. 2
Presunção Legal de Omissão de Receita ............................................................................... 3
ASPECTOS GERAIS ......................................................................................................................... 3
Saldo Credor de Caixa ....................................................................................................................................................... 4
Falta de Escrituração de Pagamentos Efetuados ............................................................................................................. 6
Manutenção no passivo de obrigações pagas ou cuja exigibilidade não é comprovada (Passivo Fictício)...................... 7
Suprimentos de caixa não comprovados.......................................................................................................................... 8

Lei Distrital nº 1.254/1996 ............................................................................................................ 9


Bibliografia .......................................................................................................................... 12

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INTRODUÇÃO

Olá, pessoal!

Faremos, por meio deste (breve) Adendo, um complemento aos tópicos de Auditoria Fiscal, mais
especificamente para tratar dos casos de presunção legal de omissão de receita, previstos no Art.
5º-A da Lei Distrital nº 1.254/1996 – Lei Ordinária do ICMS/DF.

Havendo qualquer dificuldade na compreensão da teoria ou na resolução dos


exercícios, não deixe de entrar em contato conosco pelo fórum de dúvidas e também por meio de
nossas redes sociais! Vamos à nossa aula!

Tonyvan Carvalho (@professortonyvancarvalho)


Guilherme Sant’Anna (@profguilhermesantanna)

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PRESUNÇÃO LEGAL DE OMISSÃO DE RECEITA

ASPECTOS GERAIS
A maior parte dos tributos que incidem sobre a circulação de bens e serviços e sobre a produção
possui como base de cálculo um valor relacionado às receitas auferidas. Com intuito de pagar
menos imposto, muitas vezes, as empresas agem no sentido de esconder (ocultar) das
administrações tributárias a ocorrência de operações que geraram receitas, deixando de escriturá-
las nos livros contábeis e/ou fiscais, para reduzir a base de cálculo dos tributos.
Dessa maneira, as empresas passam a ter dois registros distintos: a escrituração contábil e fiscal
“declarada”, que é exibida para o fisco, e um controle paralelo, popularmente conhecido como
“caixa dois”.
Em virtude da omissão de alguns lançamentos contábeis, ao se fazer uma auditoria na empresa, é
comum encontrar algumas situações que nunca poderiam existir. A situação mais clássica de todas
é a existência de saldo credor na conta “Caixa”. Ora, se essa é uma conta que representa o
numerário (dinheiro e cheques recebidos – disponibilidades imediatas) que existe fisicamente na
empresa, seu saldo não poderia (jamais!) ser negativo (credor). Na pior das hipóteses, o saldo da
conta caixa seria igual a zero. Assim sendo, o saldo credor de caixa é um indício de que houve
algum erro na escrituração contábil.
Esses são indícios que, uma vez detectados e confirmados, permitem ao auditor chegar à
conclusão de que houve a omissão de receitas. Portanto, verificada (e provada) a omissão de
receita por meio de indícios, a autoridade tributária poderá, para fins de determinação da base de
cálculo sujeita à incidência do imposto, arbitrar a receita do contribuinte, tomando por base as
receitas, apuradas em procedimento fiscal, correspondentes ao movimento diário das vendas, da
prestação de serviços e de outras operações. Portanto, uma vez apurada a omissão, fica o fisco
autorizado a constituir o crédito tributário sobre a diferença através de um auto de infração
(lançamento), e cobrar o imposto que o contribuinte tentou sonegar.
O efeito de uma presunção legal é de inverter o ônus da prova, ou seja, apesar de ser o fisco quem
alega que o contribuinte omitiu receitas, cabe ao contribuinte provar que não o fez, sob pena de
ter que pagar o tributo. Isso é, na realidade, uma presunção de legitimidade, um atributo de todo e
qualquer ato administrativo. A presunção é relativa, ou seja, se o contribuinte conseguir provar
que, apesar de ter ocorrido uma das hipóteses elencadas na legislação, todas as receitas de sua
empresa foram devidamente escrituradas, não terá de pagar a diferença do imposto exigida pela
fazenda pública.
Nos termos da legislação do Imposto de Renda, caracteriza-se como omissão no registro de
receita, ressalvada ao contribuinte a prova da improcedência da presunção, a ocorrência das
seguintes hipóteses:
I. Indicação na escrituração de saldo credor de caixa;
II. Falta de escrituração de pagamentos efetuados; ou

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III. Manutenção no passivo de obrigações já pagas ou cuja exigibilidade não seja comprovada.

Saldo Credor de
Caixa

Omissão de Receita Falta de escrituração


(RIR) de pagamentos

Manutenção no
passivo de
obrigações pagas ou
não comprovadas

Saldo Credor de Caixa

Partindo da premissa de que empresa faça a escrituração regular de suas receitas e despesas, e
que todas são pagas ou recebidas à vista, bem como considerando que toda receita tenha como
contrapartida um recebimento de dinheiro (débito na conta “caixa”), e que toda despesa tenha
como contrapartida um pagamento em dinheiro (crédito na conta “caixa”), teríamos a seguinte
situação:
Saldo inicial do caixa: 100.000
Vendas à vista: (1) 80.000, (2) 100.000 e (3) 150.000
Compra de máquinas à vista: (4) 120.000 e (5) 130.000
Os lançamentos da Conta Caixa seriam os seguintes:
Caixa
(SI) 100.000 120.000 (4)
(1) 80.000 130.000 (5)
(2) 100.000
(3) 150.000
180.000
Em nosso caso hipotético, se a empresa tenta omitir o lançamento de alguma(s) receita(s) e,
concomitantemente, não omitir as despesas, poderíamos chegar à seguinte situação:
Saldo inicial do caixa: 100.000
Vendas contabilizadas: (1) 80.000
Vendas omitidas: (2) 100.000 e (3) 150.000
Compra de máquinas à vista: (4) 120.000 e (5) 130.000

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Caixa
(SI) 100.000 120.000 (4)
(1) 80.000 130.000 (5)
70.000 (saldo credor)

Como dissemos, a situação acima é algo impossível de ser observado no mundo real (se não
houver nenhuma espécie de omissão ou irregularidade na escrituração). A conta Caixa, portanto,
nunca poderia apresentar Saldo Credor. No nosso exemplo, isso só aconteceu porque a
contabilidade da empresa deixou de efetuar o lançamento de receitas que aumentariam o saldo da
conta “caixa”, e não fez o mesmo com as despesas que reduzem o saldo da mesma conta.
Portanto, a ocorrência de saldo credor no caixa (ou “estouro de caixa”) é a primeira (e mais
clássica) situação fática em que há presunção legal de omissão de receitas.
Surge então uma questão fundamental: é possível para a auditoria fiscal quantificar o montante da
receita omitida, analisando tão somente o histórico da conta caixa? Nem sempre é possível
“cravar” o valor da receita omitida analisando-se apenas os lançamentos efetuados na conta Caixa,
mas é possível determinar um limite inferior para a receita omitida, ou seja, dá pra concluir que o
contribuinte omitiu no mínimo um determinado valor. Para tanto, é preciso calcular o saldo do
caixa ao longo de todo o período analisado – esse é um procedimento denominado recomposição
contábil do fluxo de caixa da empresa. Ao efetuar a recomposição, pode-se concluir que a receita
omitida seria, no mínimo, igual ao maior saldo credor existente no período. Observe o exemplo a
seguir:
A auditoria fiscal analisou a variação do saldo da conta “caixa” ao longo de uma semana e
encontrou o seguinte:
Data Saldo do Caixa
1-Jan 10,000.00
2-Jan 15,000.00
3-Jan (3,000.00)
4-Jan 8,000.00
5-Jan (7,000.00)
6-Jan 1,000.00
7-Jan 2,500.00
Em nosso exemplo, a auditoria fiscal pode afirmar que – no período analisado – o contribuinte
deixou de escriturar receitas no montante de, pelo menos, 7.000, que é o maior saldo credor
apurado no período.
Para efetuar a recomposição do caixa, é necessária uma identificação precisa das fontes ou
documentos que representam as entradas e as saídas de numerário do Caixa, bem como o seu
saldo inicial.

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São elementos comprobatórios de entrada de dinheiro: o Livro Registro de Saída de Mercadorias


ou de Prestação de Serviços – selecionando as operações à vista; recebimento de duplicatas ou
títulos; empréstimos devidamente comprovados e lançados a débito de Caixa; cheques emitidos
que tenham comprovação de pagamentos, desde que transitados pelo Caixa.
Como elementos de saída, pode-se mencionar: o Livro Registro de Entradas (compras à vista);
pagamentos de duplicatas ou títulos; pagamentos de despesas, tributos e contribuições; depósitos
bancários; e adiantamentos diversos.
A reconstituição do livro caixa é um trabalho moroso e detalhado, em que o volume de
documentos a ser examinado é grande.
Finalmente, podemos considerar que o “estouro de caixa” (saldo credor) é uma consequência
imediata da omissão de receitas, ou seja, quando o contribuinte omite receitas tributáveis, ele
gera um “furo” em seus registros contábeis. Posteriormente, quando ele precisa utilizar os
recursos provenientes das receitas omitidas nas atividades normais da empresa (pagamento
fornecedores, aquisição de mercadorias, máquinas, etc.) ele se depara com dificuldades. Por esse
motivo, alguns dos outros indícios que geram a presunção legal de omissão de receitas são
tentativas de “maquiar” o “estouro de caixa”, conforme veremos a seguir.

Falta de Escrituração de Pagamentos Efetuados

A segunda situação trazida pela legislação do Imposto de Renda, e replicada pela doutrina da
Auditoria Fiscal, é – ao mesmo tempo – ampla (engloba diversas possibilidades) e simples de ser
compreendida. Afinal, vimos que a razão de existir saldo credor na conta caixa foi a omissão dos
lançamentos que representam receitas à vista (recebimentos) sem a concomitante omissão dos
lançamentos que representam despesas à vista (pagamentos). Então, se o contribuinte deixar de
escriturar também as despesas (pagamentos efetuados, de forma geral), nunca haverá problemas
no saldo da conta caixa.
Assim sendo, se o auditor fiscal detectar a omissão de lançamento de despesas à vista, pode
concluir (ou ao menos desconfiar) que o contribuinte fez isso de propósito, com intuito de ocultar
as receitas sem que ocorresse o “estouro de caixa”. Em nosso exemplo hipotético, caso o
contribuinte deixasse de contabilizar, além das receitas (2) e (3), também as compras de máquinas
(lançamentos (4) e (5)), isso impediria o aparecimento de saldo credor. Vejamos (lançamentos em
vermelho foram todos omitidos):
Caixa
(SI) 100.000 120.000 (4)
(1) 80.000 130.000 (5)
(2) 100.000
(3) 150.000
180.000
Ainda há outras situações que se enquadram na “falta de pagamentos efetuados”, como por
exemplo a existência de um ativo oculto. Nesse caso, utilizando o procedimento de inspeção (ou

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observação – caso esteja acompanhando um procedimento realizado por terceiro), o auditor


constata que há bens e/ou mercadorias existentes no mundo real, mas não registrados na
contabilidade da empresa. Isso mostra que o contribuinte tentou “esconder” as operações de
aquisição desses bens, com o objetivo de não escriturar os pagamentos correspondentes, e evitar
assim o saldo credor na conta caixa.
Exemplo 1: o auditor fiscal encontrou na empresa GAMA uma máquina com valor de mercado de
R$ 70.000 e que não estava contabilizada no ativo da empresa. Ao mesmo tempo, não há nenhum
registro ou documento que comprove a sua regular aquisição.
Nesse cenário, o auditor pode concluir (ou ao menos desconfiar) que esse bem foi adquirido com
recursos oriundos de receitas omitidas, já que ao deixar de efetuar o lançamento de aquisição do
maquinário, a empresa deixou de efetuar um crédito na conta caixa (crédito este que poderia
gerar – ou agravar – um saldo credor de caixa).
Exemplo 2: ao acompanhar o inventário físico na empresa GAMA, o auditor fiscal encontrou uma
discrepância no valor do Estoque Final de Mercadorias, conforme descrito a seguir:
Dados: Estoque inicial: 20 unidades
Compras do período: 40 unidades
Vendas do período: 30 unidades
Estoque físico presente no inventário: 40 unidades
Estoque final apurado contabilmente pelo auditor = estoque inicial + compras – vendas = 20 + 40 –
30 = 30 unidades.
Pelo exposto, verificou-se uma diferença de 10 unidades entre o estoque físico e o contábil (ativo
oculto de 10 unidades). Isso é um indício de que foram omitidas compras de 10 unidades, o que foi
feito, a priori, para ocultar os pagamentos de compras à vista, com o fim de tentar esconder um
possível “estouro de caixa”. Presume-se que o dinheiro usado para adquirir essas 10 unidades
adicionais (omitidas, frise-se) é proveniente de receitas omitidas.

Manutenção no passivo de obrigações pagas ou cuja exigibilidade não é comprovada


(Passivo Fictício)

A manutenção no Passivo de obrigações já pagas (ou seja, passivos já pagos e não baixados na
contabilidade) ou cuja exigibilidade não é comprovada caracteriza um Passivo Fictício (obrigação
não existe no mundo real e consta nos registros contábeis).
O Passivo Fictício pode ser resultado da tentativa de ocultar um pagamento à vista, criando-se uma
obrigação que nunca existiu. Nesse caso, numa compra a vista de mercadorias, o contribuinte, ao
invés de debitar a conta mercadorias e creditar a conta caixa (lançamento adequado ao caso),
debita a conta mercadorias e credita a conta fornecedores, o que vai “criar” uma obrigação que
nunca existiu. Vejam:

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Lançamento correto na aquisição à vista de mercadorias:


D. Mercadorias
C. Caixa
Lançamento efetuado pelo contribuinte:
D. Mercadorias
C. Fornecedores a pagar (criou-se uma obrigação inexistente, ou fictícia)
Outro cenário que representa Passivo Fictício ocorre quando o contribuinte realmente efetuou
uma compra a prazo, mas, ao pagar seu fornecedor, deixou de escriturar essa operação de
pagamento, mantendo a dívida nos registros contábeis. Nessa hipótese, a obrigação com
fornecedores chegou a existir de fato, mas o pagamento sem a respectiva baixa na contabilidade
gera uma situação irregular. Esse caso se confunde um pouco com a “Falta de escrituração de
==14f3b7==

pagamentos efetuados”, mas não deixa de se enquadrar nas hipóteses de passivo fictício.
Reparem que, tanto no caso da falta de escrituração de pagamentos efetuados (na qual se
enquadra o Ativo Oculto) quanto no caso do Passivo Fictício, o contribuinte deixa de efetuar um
lançamento a crédito na conta caixa, no sentido de evitar (ou, ao menos, não agravar) um saldo
credor de caixa.

Suprimentos de caixa não comprovados

A legislação do Imposto de Renda prevê ainda que, provada a omissão de receita, por indícios na
escrituração do contribuinte ou por outro elemento de prova, a autoridade tributária poderá
arbitrá-la com base no valor dos recursos de caixa fornecidos à empresa por administradores,
sócios da sociedade não anônima, titular da empresa individual, ou por acionista controlador da
companhia, se a efetividade da entrega e a origem dos recursos não forem comprovadamente
demonstradas.
O Suprimento de Caixa não comprovado (ou simulado) nasce da necessidade de se “injetar”
numerário (dinheiro) na conta caixa, evitando com isso que seu saldo fique credor (evitando, em
outros termos, o estouro de caixa). Reparem que o suprimento de caixa, por si só, não é um
problema (desde que feito com lastro real, não simulado, essa é uma prática empresarial
relativamente comum). O problema está no suprimento de caixa simulado, ou sem comprovação
de origem. Há 02 (duas) maneiras mais comuns de se simular um suprimento de caixa. A primeira é
por meio de um empréstimo simulado (capital de terceiros) feito por administradores, sócios, e
outros; e a segunda é por meio de aumento fictício de capital social pelos sócios, geralmente
instrumentalizado em alteração de contrato social (capital próprio). Há ainda outras maneiras de
se simular um suprimento de caixa, como por exemplo por meio da alienação fictícia de bens do
ativo imobilizado e investimentos, recebimentos sem origem, etc. Em suma, qualquer entrada ficta
de recursos pode configurar suprimento de caixa não comprovado. Cabe ao auditor, em situações
como essas, obter evidência de que os suprimentos de caixa possuem origem comprovada, real (e
não simulada). Para isso, o auditor deve obter evidência tanto em relação à origem do recurso
quanto da efetiva entrega de tais recursos.

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Isso pode ser feito de diversas maneiras, como por exemplo:


 Para os empréstimos: Solicitar o contrato com a instituição financeira, juntamente com o
comprovante de transferência do numerário.
 Para os aportes de capital: Investigar a capacidade financeira dos sócios para realizar o
aporte e buscar indícios que comprovem a efetiva entrega dos recursos, tais como: cheque
nominal do sócio para a empresa e documentos que evidenciam a transferência entre
contas bancárias.

LEI DISTRITAL Nº 1.254/1996

Em busca de evidências para fundamentar a sua opinião, o Auditor Fiscal faz uso de diversos
procedimentos de auditoria. Dentre eles, destacam-se a correlação das informações obtidas, que
consiste no cotejamento de informações obtidas de fontes independentes, autônomas e distintas,
no interior da própria empresa e a análise documental, que consiste no exame de processos, atos
formalizados e documentos avulsos.

A Lei do ICMS/DF traz, expressamente, diversas hipóteses de presunção de ocorrência de


operações ou prestações tributáveis sem o pagamento do imposto. Diversas dessas hipóteses são
casos de presunção legal de omissão de receita, algumas já mencionados anteriormente.

Em alguns casos, a legislação afirma que as hipóteses de presunção são eliminadas (elididas) pela
apresentação de prova, pelo contribuinte, da inexistência de prejuízo à Fazenda Pública.

Nesse momento, vamos nos ater ao que prevê a legislação distrital:

Art. 5º-A Presume-se a ocorrência de operações ou de prestações tributáveis sem o


pagamento do imposto sempre que se constatar:
I – saldo credor da conta caixa, independentemente da origem;
Observação do professor: o famoso saldo credor de caixa, caso mais clássico de
presunção legal de omissão de receita, não poderia estar de fora da lista.
II – margem de lucro das vendas dos produtos isentos e não tributados excedente aos
percentuais fixados pelo órgão competente ou previstos para o setor ou, ainda, à
margem de lucro praticada para produtos similares tributados;
Observação do professor: seria de se esperar que a margem de lucro nos produtos não
sujeitos à tributação e tributáveis fosse semelhante, afinal o empresário geralmente
engloba no preço de venda o “custo” com tributos.
III – suprimento das contas representativas de disponibilidades ou de quaisquer outras
contas do ativo sem comprovação de origem;
Observação do professor: temos aqui o caso clássico de suprimentos de caixa (ou
suprimentos de disponibilidades) não comprovados.

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IV – pagamento de despesas, obrigações ou encargos realizado em limite superior ao


montante existente nas contas representativas de disponibilidade do contribuinte;
Observação do professor: se o montante do pagamento de despesas é superior ao
montante no caixa (ou disponibilidades, de maneira geral), presume-se que a conta
caixa (ou disponibilidades) está com problemas, advindos – por exemplo – da omissão de
receita de vendas à vista.
V – diferença a maior nas saídas ou nas receitas referentes à prestação de serviços
registrada no livro diário, apurada mediante confronto com os valores constantes dos
livros fiscais;
VI – registro de saída em montante inferior ao apurado pela aplicação de índices médios
de rotação de estoque usuais no local em que estiver situado o estabelecimento do
contribuinte e por dados coletados em outros estabelecimentos do mesmo ramo;
VII – divergência entre os valores consignados na primeira e nas demais vias do
documento fiscal correspondente à operação ou à prestação realizada;
VIII – manutenção, nas contas de passivo, de obrigações já pagas ou inexistentes;
Observação do professor: temos aqui o Passivo Fictício.
IX – existência de valores registrados em sistema de processamento de dados, máquina
registradora, Terminal Ponto de Venda – PDV, Equipamento Emissor de Cupom Fiscal –
ECF ou outro equipamento similar, utilizados sem prévia autorização ou de forma
irregular, que serão apurados mediante a leitura dos dados deles constantes;
X – entrada de bens, aquisição de serviços ou efetivação de despesas não contabilizadas;
Observação do professor: o Ativo Oculto se enquadra nesse inciso, afinal engloba o caso
de um bem que entrou no ativo (existe no mundo real) e não está contabilizado.
XI – valores informados por instituições financeiras, administradoras de cartões de
crédito e de débito e condomínios comerciais, sem a respectiva emissão dos
documentos fiscais ou emitidos com valores inferiores aos informados;
Observação do professor: a situação acima é muito corriqueira no trabalho do auditor
fiscal. No caso de valores informados por administradoras de cartão de crédito, por
exemplo, imaginem que você (futuro auditor fiscal do Distrito Federal) é designado para
fiscalizar um estabelecimento comercial que declarou (na escrita fiscal ou em
documentos de controle), em determinado mês, uma receita com vendas de mercadorias
no valor de R$ 100.000,00. Em virtude de convênio com a Secretaria de Fazenda, você
possui a informação de que, no mesmo mês, o estabelecimento fiscalizado obteve um
faturamento de RS 500.000,00 apenas nas vendas feitas por meio de cartões de crédito e
débito. Ora, a princípio há uma divergência muito grande e que pode ser considerada
presunção de omissão de receita. É provável que o contribuinte tenha efetuado vendas
de mercadorias sem emissão de documento fiscal com intuito de se evadir do
pagamento de imposto. Como toda presunção, caberá ao contribuinte prova em

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contrário. Caso ele consiga explicar a divergência (o que é pouco provável no nosso
exemplo), tudo bem!
XII – registro, em quaisquer meios de controle, de vendas de mercadorias ou prestação
de serviços, sem a respectiva emissão dos documentos fiscais ou emitidos com valores
inferiores aos registrados nesses meios;
XIII – falta de comprovação pelo transportador da efetiva saída de mercadoria em
trânsito pelo território do Distrito Federal com destino a outra unidade federada,
quando exigido controle de circulação de mercadoria;
XIV – falta de registro de documentos referentes à entrada de mercadoria na escrita
fiscal e na comercial, se for o caso;
XV – emissão de documento fiscal com numeração em duplicidade;
Observação do professor: notas fiscais com a mesma numeração sugerem que tais
documentos não serão regularmente lançados na escrita fiscal, e consequentemente o
imposto devido não será recolhido aos cofres públicos.
XVI – falta de comprovação da operação de exportação nas condições ou no prazo
estabelecido na legislação do imposto;
Observação do professor: nesse caso, o contribuinte pode ter simulado uma operação
de exportação (imune) com intuito de não pagar o imposto correspondente.
XVII – falta de comprovação da internalização de mercadoria destinada a zona franca ou
a área de livre comércio;
XVIII – diferença entre os valores recebidos, apurados em contagem de caixa realizada
no estabelecimento, e os documentos fiscais emitidos no dia;
Observação do professor: tal situação pode advir, por exemplo, do procedimento de
recomposição contábil do fluxo de caixa da empresa.
XIX – diferença apurada mediante controle físico dos bens, assim entendido o confronto
entre o número de unidades estocadas e o número de entradas e de saídas.
Observação do professor: temos, aqui, mais um caso em que pode se enquadrar o Ativo
Oculto. Vejam o exemplo dado anteriormente (na seção anterior), advindo do confronto
do estoque final físico vs. cContábil.
§ 1º A presunção estabelecida no inciso XIV elide-se pela apresentação de prova da
inexistência de prejuízo à Fazenda Pública do Distrito Federal ou pelo registro do
documento na escrita comercial, hipótese que caracterizará tão somente infração à
obrigação tributária acessória.
§ 2º A presunção de que trata o inciso XV é aplicada para cada um dos documentos com
numeração duplicada.
§ 3º Presume-se ocorrida, durante o trânsito no território do Distrito Federal, a
comercialização das mercadorias de que trata o inciso XIII.

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BIBLIOGRAFIA
Presunção legal de omissão de
Receitas – Demétrio Pepice. Disponível em <
https://sites.google.com/site/meirellesedeme/> . Acesso em 4 de janeiro de 2020.

A Auditoria Fiscal Contábil do Caixa Geral como Instrumento de Inibição da Sonegação Fiscal –
Tânia Maria Santos dos Reis e Vera Virgínia Nobre de Santana Chaves. Disponível em <
https://www.sefaz.ba.gov.br/scripts/ucs/externos/monografias/monografia_tania_vera.pdf >. Acesso em
17 de dezembro de 2019.

Lei Nº 1.254/96. Disponível em <


http://www.fazenda.df.gov.br/aplicacoes/legislacao/legislacao/TelaSaidaDocumento.cfm?txtNumero=125
4&txtAno=1996&txtTipo=5&txtParte=.>

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