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A Arte de Não Condenar os Outros

William Q. Judge

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Este texto consiste em uma pergunta


e uma resposta, divulgadas originalmente
na publicação periódica “The Theosophical
Forum”, que William Q. Judge editou nos
Estados Unidos entre 1889 e 1896.

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Pergunta:

É verdade que não temos o direito a condenar as pessoas, e que deveríamos condenar apenas a
sua conduta?
W. Q. J. :
Não consigo ver por que razão, para treinar o sentido moral, alguém teria que praticar a condenação
dos outros. A necessidade de condenação nunca deixará de existir, se nos dedicarmos a praticá-la,
enquanto esperamos que o mundo fique tão bom que já não haja mais ninguém para condenar. Tenho a
impressão de que seria uma doutrina não-teosófica afirmar que o nosso senso moral deve, ou pode, ser
adequadamente cultivado através da prática da condenação dos outros.

O pensamento citado na pergunta nunca foi visto por seu autor ou autores como algo a ser aplicado às
questões de Estado. Ele se dirige apenas a discípulos que se esforçam por seguir as mais altas regras de
conduta. Nós temos tamanha inclinação a condenar os outros e a ignorar as nossas próprias falhas que
se recomenda aos discípulos sinceros, como uma disciplina, cultivar o seu sentido moral observando
seus próprios erros, e deixar que os outros façam o mesmo por si mesmos; mas quando a ocasião exige
uma condenação, é a ação errada que deve ser condenada. Isto não se aplica a um juiz, ou a qualquer
outra autoridade responsável, ou professor ou guia. A idéia se refere apenas a aqueles que, pensando
que o nosso tempo de vida é tão breve que não há tempo para que nos ocupemos com os erros dos
outros, preferem aproveitar a sua oportunidade purificando a si mesmos, limpando a sua própria casa,
tirando a viga do seu próprio olho. Porque todos os sábios e praticantes de Ocultismo[1] declaram que
entre os fatos que se deve necessariamente conhecer está a realidade de que, cada vez que um homem
cai na condenação de outro, ele é impedido por tal ação de ver seus próprios defeitos, e mais cedo ou
mais tarde seus defeitos aumentarão. Quando um estudante sincero considera que essa afirmativa é
correta, ele pensa duas vezes antes de condenar os outros e se dedica ao auto-exame e ao auto-
controle. Isso tomará todo o seu tempo. Nós não nascemos para ser reformadores universais de todos
os erros e abusos das outras pessoas, e os teosofistas não podem desperdiçar suas energias criticando
outros. Além disso, tenho sérias dúvidas sobre se alguém já foi melhorado alguma vez devido às
críticas feitas pelos seus conhecidos. É a disciplina natural, e só ela, que faz o progresso. Na verdade,
tenho observado ao longo de muito tempo que em 99 por cento dos casos, quando alguém critica

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constantemente os outros, os únicos resultados são uma maldosa satisfação consigo mesmo, por parte
do crítico, e raiva ou desprezo por parte da vítima das condenação. Um exemplo será suficiente, como
ilustração, e é o seguinte: certa noite eu estava saindo de um trem com um amigo que raramente perde
uma oportunidade de assinalar ações erradas ou omissões equivocadas dos outros. Quando ele
desembarcava, um homem mal-vestido bloqueou sua passagem, aparentemente tentando embarcar.
Meu amigo, que era fisicamente forte, pegou o homem pelos ombros, tirou-o da sua frente e disse: “A
regra é que os passageiros devem desembarcar primeiro”.
Resultado: enquanto ele saía dali com a sensação de que havia adequadamente corrigido um erro, o
homem o amaldiçoou em voz alta, e pôde ser ouvido ao solicitar uma oportunidade para usar de
violência contra ele. Assim, para um deles – talvez um homem nascido na adversidade – o único
resultado foi raiva e sentimentos destrutivos; para o crítico, o resultado foi um tipo de auto-satisfação
que é amplamente conhecido por ser inseparável da ilusão.

OooOooOooO
[ Traduzido do livro “‘Forum’ Answers”, de William Q. Judge, The Theosophy Co., Los Angeles,
EUA, 1982, 142 pp, ver pp. 26-27. ]

Nota:

[1] ‘ Ocultismo’ é o estudo filosófico das questões essenciais da vida, que são ‘ocultas’ ou invisíveis
do ponto de vista dos cinco sentidos. (Nota do Tradutor)

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