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Eraldo Olarte de Souza

1 OAB/MS 8.426
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA DE
FAZENDA PÚBLICA E REGISTROS PÚBLICOS DA COMARCA DE CAMPO
GRANDE – MS.

GLAUCIA SANTOS DE OLIVEIRA OLARTE,


brasileira, casada, professora, portadora do RG n.º 622.591, SSP/MS, e do CPF n.º
638.688.811-15, residente e domiciliada na Rua Bahia, n.º 2.018, Bairro Monte
Castelo, Campo Grande, MS, CEP 79.010-240, por intermédio de seu advogado,
infra-assinado, vem à presença de Vossa Excelência propor a presente

AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER COM PEDIDO TUTELA DE URGÊNCIA

em face do MUNÍCIPIO DE CAMPO GRANDE,


pessoa jurídica de direito público interno, inscrito no CNPJ sob n.º 03.501.509/0001-
06, por seu representante legal, com sede na Avenida Afonso Pena, nº 3.297,
Centro, Campo Grande, MS, CEP 79002-949, pelos fatos a seguir aduzidos.

DOS FATOS

A autora sempre buscou os clarões do estudo que,


pouco a pouco, multiplica as tessituras do intelecto. O livro, inimigo frontal de alguns,
tornou-se para ela ofício igual ao religioso que diariamente não larga o manual de
orações. Todo esse esforço foi compensador, pois, concluiu o CURSO DE
LICENCIATURA E BACHARELADO EM LETRAS na Universidade Para o
Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal (UNIDERP), ano de 1998.

No ano de 2002, prestou o concurso de provas e


títulos, visando ingressar no quadro de professores do réu, tendo alcançado êxito.
Ato contínuo, foi admitida em 4 de fevereiro de 2002, para exercer o cargo de
professora de Língua Inglesa, como faz prova o seu contracheque anexo.

Com o intuito precípuo de aprimorar seus


conhecimentos e oferecer aos alunos ensino de melhor qualidade, iniciou e concluiu
o Curso de Pós-Graduação Lato Sensu LÍNGUA INGLESA: ENSINO –
APRENDIZAGEM, com a carga horária de 425 (quatrocentos e vinte e cinco) horas-
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Rua Bahia, 2.018, Bairro Monte Castelo, Campo Grande, MS, CEP 79.010-240, fone: (67) 99663-6972, e-mail: eraldoolarte@hotmail.com
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aula de atividades realizadas, apresentando monografia intitulada “A AVALIAÇÃO
DA COMPETÊNCIA GRAMATICAL NO ENSINO DE LÍNGUA INGLESA ADOTADO
POR UMA ESCOLA DE IDIOMAS EM CAMPO GRANDE: UMA ANÁLISE CRÍTICO
DESCRITIVA, obtendo, inclusive, nota 10 (dez), conforme se comprova pela cópia
do certificado anexa, emitido pela UNAES – CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CAMPO
GRANDE.

Respeitadíssima professora, nutre verdadeira paixão


pelo magistério, razão pela qual tem se dedicado ao ensino, como servidora pública
municipal concursada efetiva da Secretaria Municipal de Educação do réu em cargo
de professora PH3/D, cadastro n.º 356000/01, lotada na Escola Municipal Elpídio
Reis desde 12/07/2007, quando foi nessa unidade escolar readaptada.

Sempre se guiou pelo caminho do saber, e


preocupada com a educação e com cultura de seus alunos, sempre se comportou
com atitudes de uma verdadeira mestra.

A autora, no ano de 2005, foi acometida por surto de


doença crônica, principalmente DEPRESSÃO, e limitações que dela decorreram,
decorrentes de comportamento inadequados de certos estudantes na escola onde a
autora ministrava aulas de língua inglesa, qual seja: Escola Municipal Danda Nunes.

A autora sofreu vários tipos de agressões e


hostilidades por parte de alguns alunos, tais como: destrato, xingamento, cusparada,
mal comportamento, desinteresse pela matéria (inglês), dentre outras.

Eles atiravam bombinha na direção da autora,


jogavam material pedagógico pertencente a ela no chão (toca-CD e outros),
cortavam com estilete os dicionários de acervo pessoal, o que, com firme convicção,
desencadeou a doença (inclusive depressão) na recorrente, afetando no exercício
de sua função de professora de língua inglesa em outros níveis, bem como no
relacionamento de cunho estudantil com os seus próprios filhos.

Ressalta-se que as atitudes dos alunos acima


citadas não eram, de nenhuma forma, coibidas pelos prepostos do réu (diretoria e
coordenadoria), apesar de serem públicas e notórias e a autora comunicar os
responsáveis, no entanto, eles costumavam colocar panos quentes, no sentido de
que nada fosse registrado, sempre dizendo que iriam resolver internamente.

Somando-se a tudo isso, a autora era obrigada,


ainda, por pressão da direção e da própria Secretaria de Educação, em conselho de
classe, atribuir nota a alunos que nada sabiam do conteúdo, demonstrando
desinteresse pelo saber, e ainda pior, prejudicando o bom andamento das rotinas
das aulas para aqueles colegas que tinham interesse, no intuito de que eles fossem
promovidos para a série seguinte e a escola obter benefícios de programa
governamentais.

Tudo isso desencadeou na autora ojeriza pela sala


de aula, chegando ao ponto de sequer conseguir passar próximo da referida escola
na ocasião, repulsão que perdura até os dias de hoje, culminando com aparecimento
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nela de doença como síndrome do pânico e de Burnout, ansiedade e elevado nível
de estresse e de muitos sintomas que delas decorrem, o que a impossibilita de
assumir uma sala de aula.
A autora a partir do aparecimento dos primeiros
sintomas da doença submeteu-se a tratamento severo contra a doença, fazendo uso
de medicamentos fortes, ficando afastada do serviço por cerca de 2 (dois) anos por
licença médica, sendo que, posteriormente, foi readaptada em atividades fora da
sala de aula, culminando com sua readaptação definitiva em agosto de 2009, por
meio do DECRETO “PE” n.º 1.981, de 20 de agosto de 2009, exarado pelo então
chefe do Poder Executivo Municipal, Dr. Nelson Trade Filho, publicado no
DIOGRANDE n.º 2.855, de 21/08/2009, página 5, cuja cópia segue anexa, que
assim rezou:

“DECRETO “PE” n. 1.981, DE 20 DE AGOSTO DE


2009

NELSON TRAD FILHO, Prefeito de Campo Grande,


Capital do Estado de Mato Grosso do Sul, no uso das atribuições que lhe são
conferidas no art. 1.º, inciso I, alínea “c”, do Decreto n. 7.720, de 6 de outubro de
1998, resolve:

CONCEDER à servidora GLAUCIA SANTOS DE


OLIVEIRA OLARTE, cadastro n. 356000/01, ocupante do cargo de Professor, nível
PH-3, classe "B”, lotada na Secretaria Municipal de Educação, readaptação
definitiva, a contar de 1.º de julho de 2009, em atribuições mais compatíveis com
sua capacidade física e mental, fora da sala de aula, conforme manifestação da
Junta Médica Especial do Município, com fulcro no art. 30-B, combinado com o art.
30-C, da Lei Complementar n. 19, de 15 de julho de 1998, com redação dada pela
Lei Complementar n. 97, de 22 de dezembro de 2006 (Processo n. 60643/2007-25.

CAMPO GRANDE-MS, 20 DE AGOSTO DE 2009.

NELSON TRAD FILHO


Prefeito Municipal

JORGE OLIVEIRA MARTINS


Secretário Municipal de Administração” (grifo nosso)

Assim, como se percebe, a autora está readaptada


em serviço de apoio à educação, fora da sala de aula, há quase 15 (quinze) anos.

Ocorre que no mês de maio do corrente ano, a


autora foi surpreendida com convocação feita pela Secretaria Municipal de
Educação (SEMED) a agendar perícia médica, a fim de se submeter a avaliação no
intuito de reanalisar a readaptação existente. Agendamento que se deu para o dia
21/05/2019, quando lhe foi solicitado laudo atualizado da doença.

Em novo comparecimento perante a junta médica, a


autora apresentou um atestado médico, no entanto, tal documento não foi aceito
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pela junta médica, sob argumento de não estar de acordo com a legislação
pertinente, momento que foi reagendado para data posterior, objetivando a ela
providenciar o laudo completo, feito pelo médico assistente da mesma, sendo,
inclusive, solicitado laudo, além do psiquiátrico, do médico proctologista dela, visto
que ela também é acometida por doença crônica tratada por médico desta
especialidade.

Na data de 26/06/2019, a autora apresentou os


laudos solicitados (psiquiátrico e proctológico), sendo concluído, pela junta médica, o
retorno imediato dela à sala de aula, conforme BOLETIM MÉDICO PERICIAL –
BOMEP, cuja cópia segue anexa, que assim concluiu:

“RETORNO AO TRABALHO NAS FUNÇÕES DE


PROFESSOR A CONTAR DE 27/06/2019”.

Contra esse ato administrativo, a autora interpôs


recurso, que foi rejeitado de acordo com teor do BOMEP datado de 05/09/2019
(cópia anexa), nos seguintes termos:

“Parecer Conclusivo: Não homologado


reconsideração. Diante dos elementos apresentados e observados durante o
presente exame realizado em junta médica pericial, verifica-se que não apresenta
elementos técnicos de convicção suficientes para caracterizar limitações laborativas
que demandem readaptação funcional, que justificaria reconsiderar decisão pericial
anterior”.

Nesse último BOMEP constou ainda que a autora


deveria proceder o “RETORNO AO TRABALHO EXERCENDO AS FUNÇÕES
INERENTES AO CARGO” em 05/09/2019.

Sem ter condições de retornar à sala de aula, a


autora compareceu ao ambulatório de sua médica assistente (Dra. Graziela
Michelan – CRM-MS 6235) nessa data, a qual firmou atestado (cópia anexa)
afirmando que a autora deveria ser dispensada do trabalho por 30 (trinta) dias, que
foi homologado por meio do BOMEP de 16/09/2019 (cópia anexa), sendo que a
mesma deverá retornar ao trabalho, diga-se, em sala de aula, no dia 07/10/2019.

No entanto, como dito, a autora não possui as


mínimas condições de assumir uma sala de aula, uma vez que tem trauma desse
local, diante dos citados acontecimentos pelas quais passou durante o período em
que exerceu suas atividades de professora de inglês em sala de aula, razão pela
qual a interposição da presente ação, que, ainda, tem por objeto a tutela de
urgência, a fim de que ela permaneça readaptada “em atribuições mais
compatíveis com sua capacidade física e mental, fora da sala de aula”, até o
trânsito em julgado da r. sentença a ser proferida nestes autos.
*ver no edital a parte que fala que tem que haver
melhoria de saúde e das condições de trabalho.....

DO MÉRITO

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A ato administrativo sobre o qual se insurge por
meio desta ação deve ser reavaliado e modificado, no intuito de manter a
readaptação da recorrente em atividades fora da sala de aula, uma vez que ela não
tem as mínimas condições físicas, psicológicas, psiquiátricas e emocionais para
contribuir com a formação dos estudantes, tendo em vista a doença crônica que a
acomete, inclusive pânico, que se desenvolveu em razão dos sucessivos
comportamentos inadequados de alguns alunos em sala de aula, os quais não foram
de nenhuma forma coibidos pelos prepostos do réu (direção e/ou coordenação).

De fato, a doença da autora, depressão, síndrome


do pânico e síndrome de Burnout e demais sintomas que delas decorrem, faz com
que ela tenha sintomas comuns e recorrentes, como dores musculares, cefaleia,
fadiga, bruxismo, irritabilidade, ansiedade generalizada, dificuldade de concentração,
distúrbios alimentares, perda de peso, síndrome do intestino irritável, distúrbio do
sono, falta de memória e concentração, pensamentos e ideações negativas etc, os
quais com absoluta certeza irão trazer enorme prejuízo aos alunos e para ela
própria.

A depressão não é uma enfermidade de fácil


constatação por simples visualização, ou breve entrevista, para que se conclua que
ela não existe mais. Chegando a essa conclusão e dessa forma é, no mínimo,
precipitada, inadequada e injusta, além de contribuir para acentuar o agravamento
da saúde já combalida da mesma, a determinação de ela voltar a assumir uma sala
de aula nas mesmas condições que vinha fazendo antes de 2005. *Tentar colocar
que a midia comprova que as condiçoes de trabalho não melhoraram...

Ressalta-se que após ter sido convocada para


comparecer perante a junta médica, visando à reavaliação de sua condição
psiquiátrica, a autora passou a ter crise de choro, cefaleia, aumento de dores no
corpo, ansiedade, taquicardia, tremores e apresentando pensamentos ruins, sem
contar a perda de sono e de peso, sintomas que se acentuaram de forma
significativa e incontrolável após receber a conclusão do BOMEP, só de imaginar
retornar as atividades em sala de aula.

Destaca-se que, como dito acima, a autora foi


vítima, em sala de aula, de agressões e muita hostilidade por parte de alguns
alunos, que chegaram a cuspir nela, jogar bombinha na direção da mesma, jogar
material pedagógico pertencente a ela no chão, cortar com estilete os dicionários de
acervo pessoal, além de xingamento, destrato, desprezo pelo componente curricular
lecionado (inglês), o que, com firme convicção, desencadeou a doença (depressão)
na mesma, afetando ainda no exercício de sua função fora da REME, inclusive no
relacionamento de cunho estudantil com os seus próprios filhos.

Concluiu-se, portanto, a autora não tem a mínima


condição de retornar à sala de aula, fato que, como dito, trará prejuízo à educação,
posto que há a possibilidade de a autora ser afastada por licença médica logo após,
eventualmente, assumir uma sala de aula.

Destaca-se, ainda, que a doença (depressão), como


dito, teve sua origem em sala de aula, decorrentes dos comportamentos
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inadequados e hostis dos alunos de escola pertencente ao réu, equiparada a
acidente de trabalho, cabendo, no caso, aposentadoria com proventos integrais.

A Constituição Federal assegura ao servidor, em


seu art. 40, § 1.º, inciso I, a aposentadoria com proventos proporcionais ao tempo de
contribuição, exceto se decorrente de acidente em serviço, moléstia
profissional ou doença grave, contagiosa ou incurável, na forma da lei.

No entanto, não é isso que a autora pretende no


momento. Ela deseja tão somente dar sua contribuição à educação, porém fora da
sala de aula, em apoio, como já faz por mais de 12 anos.

De fato, apesar de ela estar readaptada há cerca de


12 (doze) anos, vem desempenhando muito bem suas atividades como assessora
de coordenação/apoio pedagógico no período matutino na EM Elpídio Reis, estando,
no momento, como dito, afastada do serviço por licença médica até 04/10/2019.

Ressalta-se que a autora atende pais, alunos,


membros da comunidade escolar e visitantes, encaminhando-os à coordenação,
secretaria ou direção, controlando a movimentação de pessoas nas dependências
da unidade escolar, zela pela limpeza da unidade escolar, executa serviços de apoio
às unidades administrativas e operacionais da unidade escolar quando solicitado.

A autora, também, executa outras atividades, como


controle das ocorrências diárias da escola: faltas de alunos para controle do
Programa Bolsa Família; faz o Censo Educacional conforme as orientações
recebidas do secretário escolar; reproduz material de apoio pedagógico ao aluno
articulado com a coordenação pedagógica; auxilia na matrícula escolar dos alunos,
mantém os registros atualizados dos prontuários dos alunos, divulga as informações
pertinentes recebidas por meio de bilhetes, participa na organização de
turmas/ensalamento dos alunos, quando solicitado; analisa, sob supervisão do
secretário, direção e inspeção escolar, os documentos apresentados para
deferimento das matrículas pela direção e muitas outras incumbências que lhe são
solicitadas.

A autora desempenha, também, com presteza e


satisfação a todas as solicitações feitas e é muito bem adaptada nas suas
atribuições, visto que as desempenha desde 2007.

A equipe escolar, que acompanha a execução das


atividades da referida servidora, referenda a sua permanência no exercício das
atividades descritas e ainda observa competências como iniciativa, cordialidade,
trabalho em equipe, flexibilidade, capacidade de empatia, transmite credibilidade e
demonstra facilidade de comunicação, o que será provado durante a instrução
processual.

No entanto, não se mostra à vontade para manter


autocontrole, capacidade de resolução de problemas, contornar situações adversas
e resolver conflitos, como se exige em uma sala de aula.

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Frisa-se que, por vezes, colegas de ambiente de
trabalho precisaram intervir nos atendimentos, quando a autora se deparou com
situações desafiadoras e descritas como estressantes e angustiantes.

Também se faz necessário registrar que, quando a


autora é solicitada a atender sala de aula, ela não se sente apta para tal função,
levando em conta o seu próprio histórico supratranscrito.

Houve episódios de desconforto, e pode-se dizer de


descontrole em enfrentar alunos, na posição de necessitar se colocar como
autoridade, tanto que não mais lhe foi solicitado tal tarefa à autora, até para
preservar a saúde e integridade da mesma, e dos próprios estudantes.

Nota-se que a autora consegue e desempenha


muito bem todas as atribuições inerentes à assessoria, exceto quando se depara
com a situação extremamente estressante, para ela, de se colocar frente a frente
com vários alunos, até por conta dos eventos traumáticos que viveu durante o
período em que ministrou aulas aos alunos da Escola Municipal Danda Nunes, até o
ano 2005.

Assim, a mantença dela na qualidade de assessora


pedagógica, à frente dos todas as atividades propostas pela direção da Escola
Municipal Elpídio Reis, é medida de bom senso e de zeloso atendimento a toda
comunidade escolar.

No que tange a parte médica, os fatos acima


narrados estão amparados pelo laudo psiquiátrico firmado pela médica assistente da
recorrente, Dra. Graziela Michelan, CRM/MS n.º 6235, que segue anexo em cópia,
que assim prescreveu em sua parte conclusiva:

“Não apresenta condições para retornar a sala de


aula.

Necessita continuar readaptada de função.”

Registra-se, ainda, que a médica Dra. Irene R.


Montania, CRM/MS n.º 1021, foi médica assistente da servidora em questão por
mais de três anos, tendo essa profissional, na época (2009), concluído que a autora
deveria ser readaptada definitivamente fora da sala de aula, conforme laudo médico
anexo em cópia, cujo trecho pertinente se transcreve:

“Acredito que esteja incapaz definitivamente para


essa função e, assim, solicito tenha sua readaptação funcional definitiva, ...”

Como dito, a autora vem dando sua contribuição, de


forma exemplar, à educação, trabalhando em setor de apoio, onde exerce
assiduamente e obedecendo a ordens de seus superiores hierárquicos e executando
as atividades que lhe são atribuídas pelas autoridades escolares com competência e
dedicação, mesmo não estando exercendo as funções de professora em sala de
aula.
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Assim, é evidente que a presente ação deve ser


julgada procedente, a fim de restabelecer a readaptação da autora como
anteriormente havia sido concluído pelos médicos, o que, desde já, se requer, até
mesmo porque há amparo dos fatos narrados e dos documentos exarados pelos
profissionais médicos por meio de laudos que concluíram que a mesma não tem
saúde mental, física e emocional para reassumir uma sala de aula e exercer as
atividades inerentes ao cargo de professora sem prejuízos aos discentes e a ela
própria.
Da ausência de fundamentação

Outro ponto que deve ser relevado é o fato de a


decisão administrativa não ter o mínimo de fundamentação, o que trouxe enorme
prejuízo a autora no exercício do contraditório e da ampla defesa.

De fato, o poder/dever da PERÍCIA não afasta o


dever da Perícia Médica Oficial de motivar e fundamentar suas decisões quando
contrariarem os atestados e laudos médicos.

Registra-se que nenhum juiz homologa um laudo


médico ou pericial em juízo que não conste a motivação e fundamentação de suas
conclusões.

Essa e a inteligência da Lei Federal 9784/99:

“Art. 50. Os atos administrativos deverão ser


motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando:

I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;


(...)

VI - decorram de reexame de ofício; (...)

VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre


a questão ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais; (...)

§ 1º A motivação deve ser explícita, clara e


congruente, podendo consistir em declaração de concordância com fundamentos de
anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão
parte integrante do ato.

(...)

§ 3º A motivação das decisões de órgãos colegiados


e comissões ou de decisões orais constará da respectiva ata ou de termo escrito.

Da norma supra se conclui que:

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a) As conclusões da Perícia Médica Oficial
contrárias aos laudos e atestados médicos, como ato administrativo, que negam e
limitam direitos, devem ser motivadas e fundamentadas.

b) As conclusões da Perícia Médica Oficial


contrárias aos laudos e atestados médicos, como ato administrativo, devem ser
motivadas e fundamentadas.

c) As conclusões da Perícia Médica Oficial, como


órgão colegiado, contrárias aos laudos e atestados médicos, como ato
administrativo, devem ser expressamente motivadas e fundamentadas por escrito.

Infelizmente, a Perícia Médica em tela caminha na


contramão do princípio basilar da motivação do ato administrativo, já que
simplesmente contrariou laudos e atestados emitidos pelos médicos da recorrente
sem nenhuma motivação e fundamentação para tal desiderato.

Nossos tribunais são uníssonos de que os laudos


periciais oficiais devem ser fundamentados e motivados nos moldes dos atos
administrativos, sob pena de nulidade.

O STF assim decidiu:

MANDADO DE SEGURANÇA. SERVIDOR


APOSENTADO DO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO PORTADOR DE
NEOPLASIA MALIGNA. BENEFÍCIOS (INTEGRALIZAÇÃO DA APOSENTADORIA,
ISENÇÃO DO IMPOSTO DE RENDA, REDUÇÃO DA BASE DE CÁLCULO DA
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA). LAUDO PERICIAL COM PRAZO DE
VALIDADE. REAVALIAÇÃO DO QUADRO CLÍNICO DO APOSENTADO. JUNTA
MÉDICA OFICIAL. CONTROLE DA PATOLOGIA. CANCELAMENTO DOS
BENEFÍCIOS. LAUDO PERICIAL DEFICIENTEMENTE FUNDAMENTADO.
INOBSERVÂNCIA DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA. ORDEM
CONCEDIDA. 3. O prazo de validade do laudo pericial no qual constatada a doença
(§ 1º do art. 30 da Lei n. 9.250/1995) exige o comparecimento do servidor perante
junta médica oficial para reavaliação do seu quadro de saúde, para atestar o
controle ou a cura da doença por laudo fundamentado, a fim de se garantir o
contraditório e a ampla defesa do interessado. 4. Mandado de segurança concedido.
(STF - MANDADO DE SEGURANÇA: MS 31835 DFMinistra Carmen Lúcia) Neste
acórdão bem assentou o voto condutor:

“ (...)O mesmo entendimento vale para as decisões


proferidas no processo administrativo. Nessa linha, o Mandado de Segurança n.
25.870 (Relator o Ministro Marco Aurélio, Plenário, DJe 27.9.2011), assim ementado
no que interessa:

“PROCESSO ADMINISTRATIVO – DECISÃO –


FUNDAMENTAÇÃO. As decisões no processo administração hão de estar
fundamentadas, não se podendo confundir a exigência formal com conclusão
contrária aos interesses das partes”. (...) Nessa oportunidade, o serviço médico
oficial poderá atestar o controle ou a até mesmo a cura da neoplasia maligna,
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mediante laudo devidamente fundamentado, a fim de garantir o contraditório e a
ampla defesa do interessado. 15. Na espécie vertente, o Impetrante compareceu
para reavaliação do seu quadro de saúde na data designada pelo Tribunal de
Contas da União (17.8.2011), a qual estava dentro do prazo de cinco (05) anos
previsto no item 23.5.4 do Manual de Perícia na Área de Saúde do TCU. Assim, não
tendo o serviço médico oficial especificado as características do tumor, o tratamento
a que se submeteu o Impetrante e a sua eficácia, são nulos o laudo pericial emitido
em 17.8.2011 por deficiência de motivação e, consequentemente, torno sem efeito
as alterações realizadas na aposentadoria do Impetrante pela Portaria-TCU n. 312,
de 4.12.2012, resultante do Processo n. TC-026.077/2008-6.”

O TRF-5 na mesma direção:


“PREVIDENCIÁRIO E PROC. CIVIL. SUSPENSÃO
INDEVIDA DE BENEFÍCIO. VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA
AMPLA DEFESA E DO CONTRADITÓRIO. PERICIA JUDICIAL. INCAPACIDADE
LABORAL COMPROVADA. RESTABELECIMENTO DE BENEFÍCIO. JUROS DE
MORA. ISENÇÃO DE CUSTAS. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. - O direito à
ampla defesa e ao contraditório deve ser assegurado em toda sua plenitude em
observância aos incisos LIV e LV, do art. 5º, da Constituição Federal em vigor. (...)
Suspensão de benefício fundamentado em laudo pericial lacônico e superficial sem
que se oportunize ao segurado o direito de impugnar o resultado ensejador da
referida cessação configura o desrespeito aos princípios constitucionais do devido
processo legal e da ampla defesa. (...) - Apelação e Remessa obrigatória
parcialmente providas. (TRF-5 - Apelação Cível: AC 291944 PB 2002.05.00.012939-
1)”

Sendo assim, é inequívoco que os boletins médicos


periciais em questão devem ser motivados e fundamentados, visto que divergiu dos
atestados e laudos emanados pelos médicos que assistiram a autora.

Assim, fica evidente que a postura da junta médica


em questão contrariou o bom senso e a própria finalidade das restrições que o
Código de Ética Médica possa impor.

A ausência de fundamentação pela comissão da


decisão que em outras palavras concluiu que a autora está apta a retornar a uma
sala de aula impede que a mesma possa exercer seus direitos mais elementares
previstos na Constituição Federal, como o direito de defesa, o direito de conhecer os
motivos dos atos administrativos que lhes são prejudicais (art. 5º, XXXIII, XXXIV e
LV).

Ora, o servidor que apresenta um documento


médico (atestado ou laudo) para a comissão e requer um benefício decorrente de
algum mal que o atestado demonstra, tem o direito inquestionável de saber os
motivos pelos quais sua condição não foi reconhecida pela junta médica.

Os fatores que convenceram o médico a posicionar-


se contrariamente ao laudo apresentado pelo paciente (servidor) deve ser
minimamente justificado, o que, claramente, não ocorreu no caso presente. Isso é
uma atitude de respeito ao paciente e ela se harmoniza com o espírito da
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Constituição Federal que garante a todos o recebimento de decisões motivadas, o
direito ao duplo grau jurisdicional, o direito à ampla defesa até nos processos
administrativos.

Certo é que não há um mínimo de respaldo legal ou


constitucional para autorizar ato administrativo que afete, no caso, direito do servidor
público, sem a necessária motivação.

O art. 50, inciso I, da Lei Federal n. 9784/99, com


plena aplicação no âmbito das unidades federativas, é taxativo ao determinar a
necessidade de motivação e indicação dos fatos nos atos administrativos que
neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses.
A CF-88, quando trata dos atos administrativos
expedidos pelo Poder Judiciário, por exemplo, é explícita em determinar a
necessidade de motivação! (art.93, inciso X)

Ora, se assim a CF-88 determina ao Poder


Judiciário, porque os demais Poderes não deveriam também motivar seus atos
administrativos?

Saliente-se que a decisão do médico perito, antes


de ser uma decisão médica, é administrativa, posto que o médico-perito, o médico
assistente ou o BOLETIM MÉDICO PERICIAL emitem atos administrativos e, nesse
sentido, submetem-se aos princípios constitucionais explícitos elencados no art. 37
caput da CF.

Por todos esses motivos, fica evidente a nulidade do


Boletim Médico Pericial do qual se recorre, diante da ausência de fundamentação, o
que, mais uma vez, garante a autora a permanecer readaptada em atividades fora
da sala de aula, até o trânsito em julgado da sentença a ser proferida nestes autos,
o que, desde já, se requer.

DA TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA. – PROBABILIDADE DO DIREITO


(PRECEDENTE STF) E PERIGO NA DEMORA (SUPRESSÃO DE VERBA
ALIMENTAR E DANO AO ERÁRIO-INCHAÇO PEL RESTITUIÇÃO E INCIDENCIA
DE JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA)

Veja, Meritíssimo, assim como a inviolabilidade do


direito à vida, tão claro e expresso no caput do art. 5 de nossa Constituição Federal,
temos o art. 37 inciso XI.

Ambas as aplicabilidades são imediatas e sequer,


em tese, devem ser questionadas a ponto do Supremo Tribunal Federal vir de forma
colegiada explicar o óbvio.

Porém, como demonstrado sobre o segundo


dispositivo retrocitado, entenderam e aqui se estende a sua aplicabilidade para os
fatos discorridos nos autos. Pois bem.

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A atual tutela provisória de urgência, preceituada no
art. 300 no Novo Código de Processo Civil, está condicionada ao preenchimento de
dois requisitos:

(I) a probabilidade do direito; e


(II) o perigo de dano ou risco ao resultado útil do
processo.

É certo que havendo a probabilidade do direito


(fumus boni iuris) e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo
(periculum in mora) o juiz deverá deferir liminarmente a tutela de urgência
antecipada, total ou parcial, tal como pedido pela parte.

A probabilidade do direito (fumus boni iuris), posto


que a verossimilhança do direito da demandante encontra-se embasada diretamente
na interpretação literal e sistemática da Constituição Federal, no entendimento do
STF (RE 663696), que reconheceu ”A expressão "Procuradores", contida na parte
final do inciso XI do art. 37 da Constituição da República, compreende os
Procuradores Municipais, uma vez que estes se inserem nas funções essenciais à
Justiça, estando, portanto, submetidos ao teto de noventa inteiros e vinte e cinco
centésimos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo
Tribunal Federal.

Com isso, visando dar celeridade e isonomia a


atividade jurisdicional, de forma aos tribunais uniformizarem sua jurisprudência e
mantê-la íntegra e coerente, determinou a observância da vinculação obrigatória aos
precedentes, por força do artigo 1.035 e 927 do CPC/2015, obrigando os tribunais a
adotarem e aplicarem o resultado de questão já decidida pelo STF em regime de
repercussão geral, proferida através pelo PLENO, veja:

DIREITO ADMINISTRATIVO. AGRAVO


REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO.
LEGITIMIDADE. POLO PASSIVO. ASSISTÊNCIA À SAÚDE. REPERCUSSÃO
GERAL. INSURGÊNCIA VEICULADA CONTRA A APLICAÇÃO DA SISTEMÁTICA
DA REPERCUSSÃO GERAL. POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO IMEDIATA DOS
ENTENDIMENTOS FIRMADOS PELO PLENÁRIO DO SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL EM REPERCUSSÃO GERAL. 1. A existência de precedente firmado pelo
Plenário desta Corte autoriza o julgamento imediato de causas que versem sobre o
mesmo tema, independente da publicação ou do trânsito em julgado do paradigma.
Precedentes. 2. Agravo regimental a que se nega provimento.” (ARE 930.647-
AgR/PR, Rel. Min. ROBERTO BARROSO, 1ª Turma, data julgamento em
15/03/2016, DATA DE PUBLICAÇÃO DJE 11/04/2016 - ATA Nº 46/2016. DJE nº 66,
divulgado em 08/04/2016)

“Agravo regimental no recurso extraordinário.


Precedente do Plenário. Possibilidade de julgamento imediato de outras causas.
Precedentes. 1. A Corte possui entendimento no sentido de que a existência de
precedente firmado pelo Plenário autoriza o julgamento imediato de causas que
versem sobre o mesmo tema, independentemente da publicação ou do trânsito em
julgado do ‘leading case’. 2. Agravo regimental não provido, com imposição de multa
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de 2% (art. 1.021, § 4º, do CPC). 3. Majoração da verba honorária em valor
equivalente a 10% (dez por cento) daquela a ser fixada na fase de liquidação (art.
85, §§ 2º, 3º e 11, do CPC), observada a eventual concessão do benefício de
gratuidade da justiça.” (RE 611.683-AgR/DF, Rel. Min. DIAS TOFFOLI, 2ª Turma,
Sessão Virtual de 11 a 18.8.2017. DATA DE PUBLICAÇÃO DJE 05/09/2017 - ATA
Nº 126/2017. DJE nº 200, divulgado em 04/09/201)

Nesta toada, o objeto desta demanda de manter a


autora readaptada em atividades “mais compatíveis com sua capacidade física e
mental, fora da sala de aula,” conforme já concedido definitivamente pelo réu, por
meio do DECRETO “PE” n.º 1.981, de 20 de agosto de 2009 (cópia anexa), deixa de
ser um provável direito e passa a ser um direito incontroverso de acordo com a
decisão proferida pelo próprio réu em agosto de 2009, não havendo qualquer
dúvida, sobre o direito aqui perquirido, em respeito a vinculação ao que já havia sido
decido pela médica assistente da autora e pela própria junta médica do réu.

Nesta toada é necessário transcrever a lição


doutrinária: “Tratando-se de tutela de urgência, o diferencial para a sua concessão –
o “fiel da balança” –é sempre o requisito do periculum in mora.

Ou noutras palavras, a questão dos requisitos


autorizadores para a concessão da tutela de urgência – compreendendo-se a tutela
cautelar e a antecipação de tutela satisfativa – resolve-se pela aplicação do que
chamamos de “regra da gangorra”.

O que queremos dizer, com “regra da gangorra”, é


que quanto maior o “periculum” demonstrado, menos fumus se exige para a
concessão da tutela pretendida, pois, a menos que se anteveja a completa
inconsistência do direito alegado, o que importa para a sua concessão é a própria
urgência, ou seja, a necessidade considerada em confronto com o perigo da demora
na prestação jurisdicional.”

O perigo de dano, in casu, está materializado no fato


de dano de difícil reparação, decorrente de se colocar uma professora doente para
lidar com alunos jovens, que necessitam e exigem uma pessoa saudável, para
garantir os seus anseios do futuro. Ademais, tanto os alunos como a própria autora
correm risco com uma atitude como a que pretende o réu, ao querer obrigar a
demandante enfrentar uma sala de aula para a qual não tem a mínima condição
para tanto.

Por outro lado, caso deferida a medida liminar, não


haverá aumento de despesa ao réu, posto que a autora já está readaptada
definitivamente desde agosto de 2009.

Por tudo explanado, pleiteia-se o deferimento da


tutela provisória de urgência, a fim de que seja determinado ao réu para manter a
autora readaptada em atividades “mais compatíveis com sua capacidade física e
mental, fora da sala de aula,” conforme teor do DECRETO “PE” n.º 1.981, de 20 de
agosto de 2009.

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E o periculum in mora é evidente, pois o réu obrigou
a autora a assumir uma sala de aula, que a mesma não tem as mínimas condições
de dirigir, colocando em risco não só a saúde dela como a segurança dos alunos.

Enfim, conforme demonstrado há verossimilhança


do direito invocado, pautado na literalidade do art. 37, XI da Constituição Federal,
vinculação ao que o próprio réu havia concedido, bem como o perigo de dano em
virtude de um retorno equivocado e temeroso da autora para a sala de aula, bem
como evitar maior prejuízo aos estudantes e a própria demandante.

DO PEDIDO

Ex positis, a autora requer a Vossa Excelência:

1) os benefícios da justiça gratuita, pelo fato de não


ter condições de arcar com as custas processuais e os honorários advocatícios, sem
prejuízo de seu próprio sustento e de sua família, conforme declaração de pobreza
adunada à presente;

2) concessão da tutela de urgência, no sentido de


que o réu seja obrigado a manter a autora readaptada em atribuições mais
compatíveis com sua capacidade física e mental, fora da sala de aula, conforme já
concedido pelo réu, por meio do DECRETO “PE” n.º 1.981, de 20 de agosto de
2009, cuja cópia segue anexa, bem como lhe seja dado ordem para não suspender
o pagamento da remuneração dela, até o julgamento final desta ação, sob pena de
multa diária em caso de descumprimento, na quantia a ser fixada por este Juízo;

3) que seja dispensada a audiência de conciliação


ou de mediação, por não ser possível a transação em razão das circunstâncias, não
se admitindo auto composição da lide, conforme dispões Art. 334, §4º e §5º do
Código de Processo Civil;

4) a citação do réu, na pessoa de seu representante


legal, para que, querendo, no prazo legal, ofereça defesa aos termos desta ação,
sob pena de revelia;

5) que seja, ao final, julgada inteiramente


procedente a presente ação, dando ordem ao réu para manter a autora readaptada
em atribuições “mais compatíveis com sua capacidade física e mental, fora da sala
de aula,” conforme já concedido pelo réu, por meio do DECRETO “PE” n.º 1.981, de
20 de agosto de 2009 (cópia anexa);

6) a condenação do réu no pagamento do ônus da


sucumbência, inclusive à verba honorária em favor do advogado da autora;

7) que seja deferida a produção de prova pericial


médica, às expensas do réu, ou devendo????sendo a perícia ser realizada por
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médico especialista em psiquiatria, a fim de confirmar o real estado de saúde da
autora, comprovando que ela não tem condições de assumir suas atividades em
sala de aula, em razão do trauma que suportou.

Requer, ainda, a autora oportunidade para provar o


alegado por todos os meios de provas permitidas em direito, notadamente pelos
inclusos documentos, como exames periciais, depoimento pessoal do representante
do réu, sob pena de confesso, depoimento de testemunhas, que serão arroladas no
momento processual oportuno, e outras que se fizerem necessárias, sem exceção.

Dá-se à causa o valor de R$ 60.000,00 (sessenta


mil reais).

Termos em que, pede deferimento.

Campo Grande, MS, 30 de setembro de 2019.

Eraldo Olarte de Souza


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