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por atos fundados na moral, ética, razão, virtude, “HISTÓRIA, PENSAMENTO E EDUCAÇÃO”
justiça, e, sobretudo, ao reivindicarem para si a
Compartindo do investimento de formar súditos da monarquia ou cidadãos
A instrução pública nas vozes
Carlos Monarcha
autoconsciência do tempo vivido, precipitam-se nas
cenas como portadores de futuros possíveis. da República, irrequietos e desacomodados, ora em chave realista ora fanta- Direção de
siosa, publicistas provindos de horizontes diversos, guardadas as ipseidades, dos portadores de futuros DÉCIO GATTI JÚNIOR
Nas vozes encartadas e nas atitudes de sujeitos encar- GERALDO INÁCIO FILHO
nados como porta-vozes dos interesses gerais,
convergem na urgência de uma instrução primária de Estado, gratuita e
obrigatória (e no evoluir do tempo, laica), como marco da estratégia geral de
(Brasil – séculos XIX e XX)
escritores, políticos, jornalistas, professores, bacharéis,
funcionários, médicos, militares, politécnicos, juristas, governo pacificado e liberação de forças produtivas. Desnecessário dizer que SÉRIE
administradores, em suma, frações da inteligência nesses sobrevoos de imaginação a instrução popular aparece como prope- “NOVAS INVESTIGAÇÕES”
brasileira, irmanam-se numa comunidade de propó-
dêutica ao homem social pela efetividade da cultura. No aglomerado de Carlos Monarcha
sitos: instruir a massa bruta de analfabetos, cuja
linguagem, dizia-se, recordava à infância das primei- vozes, paz pública, razão de Estado e economia política se entrecruzam. Direção
anjo da paz. Eis, leitor, o todo e o porquê de A instrução pública nas vozes dos
Nas visões desdobradas, a luz geral a ser propagada
pelo mestre de escola do Império e pelo professor portadores de futuros (Brasil – séculos XIX e XX). VOLUME 8
primário da República eliminaria a parte malsã dos A instrução pública nas vozes
regimes constitucionais e representativos consubs- Carlos Monarcha dos portadores de futuros
DIRETORA DA EDUFU
CONSELHO EDITORIAL
Joana Luiza Muylaert de Araújo
Adrián Ascolani – Univ. Nacional de Rosario
Ana Waleska Pollo Campos Mendonça – PUC-Rio
CONSELHO EDITORIAL Antón Costa Rico – Univ. Santiago de Compostela
Alessandro Alves Santana António Gomes Ferreira – Universidade de Coimbra
Carlos Eugênio Pereira Carlos Monarcha – UNESP (Araraquara)
Cibele Crispim Denice Bárbara Catani – USP
Francisco José Torres de Aquino Ester Buffa – Uninove/UFSCar
Guilherme Fromm Eurize Caldas Pessanha – UFMS
Lília Gonçalves Neves Flávia Werle - UNISINOS
Luiz Fernando Moreira Izidoro Gabriela Ossenbach – Univ. Nac. de Educ. a Distancia
Narciso Larangeira Telles da Silva Jaime Caiceo Escudero – Univ. de Santiago de Chile
Reginaldo Pedroso dos Santos Joaquim Pintassilgo – Universidade de Lisboa
Sílvio Carlos Rodrigues José António M. M. Afonso – Universidade do Minho
Justino Magalhães – Universidade de Lisboa
Luís Alberto Marques Alves – Universidade do Porto
EDITORA DE PUBLICAÇÕES
Karl M. Lorenz – Sacred Heart University
Maria Amália Rocha
Maria Adelina Arredondo Lopez – U. A. E. Morelos
Maria Cristina Gomes Machado - UEM
REVISÃO
Maria Helena Camara Bastos – PUC-RS/UFRGS
Zeila Abdala de Sá e Souza Marta Maria de Araújo – UFRN
Paolo Bianchini – Università degli Studi di Torino
EDITORAÇÃO E CAPA
Eduardo Warpechowski
SÉRIE
REVISÃO DAS REFERÊNCIAS “Novas Investigações”
BIBLIOGRÁFICAS
Maira Nani França DIREÇÃO
Armindo Quillici Neto e Décio Gatti Júnior
VOLUME 8
A instrução pública nas vozes dos portadores de
futuros (Brasil – séculos XIX e XX)
Coleção Série
História, Pensamento Novas Investigações
e Educação Volume 8
Editora da Universidade Federal de Uberlândia
CDU: 37(81)
Sumário
Introdução......................................................................................................9
Parte I
Da Assembleia Nacional Constituinte à consolidação do Império
Parte II
Do apogeu ao fim do Segundo Reinado
Parte III
Do Governo Provisório republicano à virada do século
Parte IV
Da política dos governadores à década dos centenários
Fontes e bibliografia...................................................................................299
Instituições consultadas..............................................................................331
Índice onomástico......................................................................................415
O Brasil é um presente do século XVI,
oferecido ao futuro pelo acaso.
Introdução
Questão
Procedimentos
Para Veyne (1971), a história pode ser narrada por uma pluralidade
de enredos, o que por certo não significa afirmar que a sua escrita não
aspire à veracidade e à objetividade. Considerando a efetividade dessa
formulação, a história da instrução pública no Brasil, nos séculos XIX
e XX, pode ser igualmente narrada de diversos modos e maneiras, de
sorte que o enredo por mim definido implica a abordagem de um dos
temas centrais da cultura política, a saber, a variação das formas e fins
públicos da instrução popular nas vozes de sujeitos que tomaram para
si o partido da instrução primária de Estado.
Introdução • 11
1
Por conseguinte, não se trata aqui de traçar uma historiografia das ideias nos
moldes dos estudos das ideologias e/ou difusão de ideias, ou a relação imaginária
dos indivíduos com as condições reais de existência. Na ampla literatura
acadêmica respeitante, as controvérsias sobre o estatuto historiográfico dos
modelos e métodos concernente à história das ideias, história intelectual,
história das mentalidades, ver Duby (1976), Falcon (1997) e Vovelle (1991).
Sobre a renovação e revalorização da história política, ver Rémond (2003).
12 • Carlos Monarcha
Plano do livro
***
Da herança colonial
Da ordem jurídica
2
Ao todo estavam reunidos 90 constituintes eleitos por catorze províncias, entre
eles, 23 bacharéis em direito, sete doutores em direito canônico, três médicos,
dezenove padres, entre os quais um bispo, três marechais de campo e dois
brigadeiros, além de proprietários rurais e funcionários públicos. “Eleitos de
forma indireta e através do voto censitário, não representavam certamente a massa
I. Da Assembleia Nacional Constituinte à consolidação do Império • 21
3
Como se sabe, o texto manuscrito é decalcado de Cinco memórias sobre a instrução
pública, de Condorcet. Lourenço Filho (1944, p.11) avaliava diferentemente. “As
ideias de educação, que expõe, Martim Francisco as bebeu nos ‘filantropistas’
para os quais o fim principal da educação era o ‘de fazer do homem o instrumento
de sua própria felicidade’”. Obviamente um engano.
I. Da Assembleia Nacional Constituinte à consolidação do Império • 23
4
Cf. Basile (2000) e Mota (1999).
5
Comenta Rodrigues (1974, p.22): “A inspiração de uma Assembleia Constituinte
vinha da França Revolucionária e nunca foi bem aceita pelos conservadores”.
24 • Carlos Monarcha
6
Cf. Escobar (1995 [1940]).
I. Da Assembleia Nacional Constituinte à consolidação do Império • 25
7
Cf. Carvalho (2012) e Nicolau (2012).
26 • Carlos Monarcha
O utilitarismo de Americus
8
Casalecchi (1987, p.247): “A partir da independência, o ideário liberal se impõe
como referência necessária à constituição do Estado Nacional. A partir daí, e pelo
menos até o final da Primeira República, ele contribuiu para as mudanças, desde
que não se enquadrassem no rol das transformações mais ousadas”.
I. Da Assembleia Nacional Constituinte à consolidação do Império • 27
9
Cf. também Moraes Filho (1959).
I. Da Assembleia Nacional Constituinte à consolidação do Império • 31
10
“Menos de vinte anos depois da outorga da lei básica do Império, já se alastrava
tão bem a opinião típica do século de que o progresso no saber era a fonte
milagrosa de todas as virtudes cívicas e privadas, que não se julgava sequer lícito
pôr em discussão essa crença” (Buarque de Holanda, 1960, p.184).
11
Cf. Rodrigues (1974).
32 • Carlos Monarcha
12
“Entre escravos e senhores, existia uma população legalmente livre, mas a que
faltava quase todas as condições para o exercício dos direitos civis, sobretudo a
educação” (Carvalho, 2001, p.21).
33
A estabilidade institucional
13
Cf. Iglésias (1993).
34 • Carlos Monarcha
14
Ver a respeito as cronologias de Bittencourt (1946, 1953), Mello (1996) e
Venancio Filho (1945). A diversidade de legislações provinciais consta em Bello
(1978), Bittencourt (1981), Leite (1970), Marcílio (1963) e Olympio (1922).
I. Da Assembleia Nacional Constituinte à consolidação do Império • 35
Do regresso conservador
15
Cf. Dolhnikoff (2005). Para Alonso (2002, p.52): “O status quo imperial
esteve mais representado em modos de pensar e agir do que em doutrinas
explicitamente formuladas. O Império não contou com um texto de fundação.
Seus princípios básicos estão na Lei de Interpretação do Ato Adicional de 1841
(sic), que não toma mais que duas páginas. Os valores estavam encarnados nas
próprias práticas políticas.”
36 • Carlos Monarcha
16
Cf. Prado Júnior (2011).
I. Da Assembleia Nacional Constituinte à consolidação do Império • 37
17
Ecos da legislação decretada por Guizot e Falloux, nos planos de reforma, são
constatados por Chizzotti (1975) e Moreira (1955). Quanto ao cenário francês,
ver Gontard (1981).
18
“Pode-se dizer que o também Decreto-Lei Couto Ferraz, de 1854, é um ponto
de inflexão nas políticas públicas de educação ao longo do Império. Foi ele quem
estabeleceu pela primeira vez uma estruturação funcional da educação, que vinha
sendo requisitada desde a primeira lei de educação, de 1827” (Rocha, 2010, p.126).
38 • Carlos Monarcha
19
Cf. Lacerda (1938) e Villela (1990).
I. Da Assembleia Nacional Constituinte à consolidação do Império • 41
20
Cf. Dussel e Caruso (1999) e Lesage (1981). Sobre a adoção e usos do método
monitorial/mútuo nas províncias do Império, ver Bastos e Faria Filho (1999).
I. Da Assembleia Nacional Constituinte à consolidação do Império • 43
Período da manhã
Todos os dias
– caligrafia: das 8 às 8 ¾
– aritmética prática: das 8 ¾ às 9 ½
– leitura de impressos
– lições de doutrina de gramática inclusive o tempo da tomada
das lições das 9 ½ às 10 ½
Escola da tarde
Todos os dias
– caligrafia: das 2 às 2¾
– aritmética prática: das 2 ¾ às 3 ½
– leitura dos manuscritos e lições de tabuadas (cada aluno em
particular)
– teoria da aritmética e sistema métrico (inclusive o tempo
das tomadas de lição) das 3½ as 4 ½ (Carvalho apud Neves,
2003).22
21
Cf. Kubo (1986) e Vechia (2004).
22
Para apreciação das formas escolares no período, ver Marcílio (2005).
I. Da Assembleia Nacional Constituinte à consolidação do Império • 47
Conhecimentos epitomizados
23
Quanto à escolarização dos saberes com vista a propiciar “aprendizagens
elementares” e a “trilogia ler-escrever-contar”, escreve Hébrard (1999, p.66): “Em
suma, trata-se de ver como essa trilogia, a nossos olhos tão natural, é produzida
na e pela escolarização”.
I. Da Assembleia Nacional Constituinte à consolidação do Império • 49
Mas se amais a vida, diz outra vez o bom homem Ricardo, não
desperdiceis o tempo, porque ele é o estofo da vida. Quanto tempo
não damos ao sono além do necessário? Não nos esqueçamos de
que a raposa que dorme não apanha galinhas. Se o tempo é o mais
precioso dos bens, desperdiçá-lo é o maior das loucuras, diz o bom
homem Ricardo, pois diz ele em outro lugar: o tempo perdido
não recupera, e o que nós dizemos tempo bastante sempre é pouco
(Franklin, 1825, p.4, grifo do autor).
Brasil mental
24
A formulação “plano inclinado” é de Sérgio Buarque de Holanda (1960), no
estudo das disfunções da política parlamentar monárquica, entre 1870 e 1880.
62 • Carlos Monarcha
dor, e deplora a situação do país votado pela providência aos mais altos
destinos (Oliveira, 1874, p.24).
25
Na tradição historiográfica, ver Cruz Costa (1950) e Lins (1967). Revisão
do tema “geração de 1870” consta em Alonso (2002, p.32), segundo a autora:
“Categorias como ‘darwinismo’, ‘positivismo’, ‘spencerismo’, ‘liberalismo’
sofreram apropriações, redefinições, usos políticos. Isso é evidente nas polêmicas
entre facções: termos como ‘positivistas laffitistas’ e ‘littreístas’, ‘darwinistas’
e ‘spencerianos’, ‘liberais’ e ‘conservadores’ foram criados nas controvérsias.
As categorias são contrastivas, exprimem relações entre grupos: a própria
nomeação é uma arma em meio a conflitos de definição de identidades.”
II. Do apogeu ao fim do Segundo Reinado • 65
26
Cf. Alencar (1997 [1868], p.83 et seq.).
27
Cf. Carvalho (2011, 2012).
70 • Carlos Monarcha
28
Cf. Nicolau (2012).
II. Do apogeu ao fim do Segundo Reinado • 71
29
“A multiplicação de projetos de reforma do ensino coincide com as duas
últimas décadas do regime imperial e, através deles, podemos observar a
intensificação das preocupações com o problema educativo em fase das
transformações que vinha sofrendo a sociedade brasileira, bem como, a
influência das ideias liberais em geral e suas consequências com respeito às
ideias educativas” (Paiva, 1973, p.71).
74 • Carlos Monarcha
30
Em 1868, Felício dos Santos encaminha à Assembleia Geral projeto favorável
à liberdade de ensino: “A partir de então, o movimento favorável à liberdade
de ensino iniciado nas províncias e até então quase que exclusivamente
baseado em considerações de natureza prática encontra decisivo apoio nas
ideias liberais que se radicalizam e nos princípios positivistas que difundem
celeremente, conquistando definitivamente os espíritos” (Haidar, 1972, p.72).
31
Cf. Buarque de Holanda (1960).
78 • Carlos Monarcha
32
Cf. Briquet (1946, 1949).
II. Do apogeu ao fim do Segundo Reinado • 79
Momento Rui
Ao sol da ciência
33
Sobre esse importante proprietário de estabelecimentos de instrução
e teórico do ensino, ver Alves (1924) e “Notas sobre o finado Barão de
Macaúbas” (1892).
II. Do apogeu ao fim do Segundo Reinado • 87
34
Cf. Lourenço Filho (2001 [1954]).
35
Cf. Pesavento (1994).
90 • Carlos Monarcha
ainda pelo número. Há alguns que, por, por títulos diversos, fazem
uma honrosa exceção e desfrutam de reconhecido mérito junto aos
professores” (Pires de Almeida, 1989 [1889], p.158).
36
“A partir do século XIX, com a constituição dos estados nacionais e com o
desenvolvimento, nesse contexto, dos principais sistemas educativos, o livro
didático se afirmou como um dos vetores essenciais da língua, da cultura e
II. Do apogeu ao fim do Segundo Reinado • 93
37
Quanto às campanhas do sectário do positivismo de Comte, Zeferino
Candido, visando ao uso da Cartilha maternal, ver Monarcha (1999); quanto à
experiência de aculturação da cartilha, ver Trindade (2004).
96 • Carlos Monarcha
38
Cf. Guerra e Santos (2011).
99
Da formação de professores
39
Cf. Bowen (1986).
II. Do apogeu ao fim do Segundo Reinado • 101
40
Sobre o tema a produção memorialística e acadêmica é extensa e profícua,
entre outros, ver Araújo, Freitas e Lopes (2008) e Neves (2002).
102 • Carlos Monarcha
41
Cf. Pereira Júnior (1889).
II. Do apogeu ao fim do Segundo Reinado • 103
Pedagogia compendiada
42
Cf. Apêndice A – Tabela A.
II. Do apogeu ao fim do Segundo Reinado • 105
Comparar a diferença
43
Cf. Bastos (2013).
108 • Carlos Monarcha
Da química moral
Da obrigatoriedade
44
“Mesmo descontando-se o fato de que os percentuais se referem à população
total, sem excluir crianças nos primeiros anos de vida, eles são bastante
elevados. Apurou-se que somente 16,85% da população entre seis e quinze
anos frequentavam escolas. Havia apenas 12 mil alunos matriculados em
colégios secundários. Entretanto, calcula-se que chegava a 8 mil o número
de pessoas com educação superior no país. Um abismo separava, pois, a elite
letrada da grande massa de analfabetos e gente com educação rudimentar”
(Fausto, 2000, p.237).
45
Cf. Apêndice A – Tabela B.
II. Do apogeu ao fim do Segundo Reinado • 111
46
Inexistindo a separação entre Estado e Igreja, o catolicismo é a religião
oficial, a Igreja atua onde o braço do Estado não logra interiorizar-se, e
exercia parte das funções administrativas e políticas. No dizer do visconde de
Bom Retiro, Luís Pedreira do Couto Ferraz, o catolicismo “[...] esclarecendo
a população de nossos sertões e do interior do Brasil que, em geral, pouco
ilustrada, tanto carece de autoridades e a chame ao caminho legal.” Atas do
Conselho de Estado, 1875, citado por Alonso (2002, p.64).
112 • Carlos Monarcha
47
Cf. Marcílio (2014).
48
Cf. Sacramento Blake (1883-1902).
II. Do apogeu ao fim do Segundo Reinado • 115
49
Cf. Kubo (1986) e Monarcha (1999).
II. Do apogeu ao fim do Segundo Reinado • 117
50
Cf. Collichio (1987).
51
Cf. Atas... (1884).
120 • Carlos Monarcha
Vozes testamentárias
Do Governo Provisório
republicano à virada do século
Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós,
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz
Nós nem cremos que escravos outrora
Tenha havido em tão nobre País...
Hoje o rubro lampejo da aurora
Acha irmãos, não tiranos hostis.
Hino à Proclamação da República do Brasil
Letra de Medeiros e Albuquerque. Música de Leopoldo Miguez
52
Cf. Monarcha (1989).
53
O tema da revolução representado como ato de fundação (e construção) de
um novo corpo político expressivo de novos valores sociais, como liberdade e
felicidade públicas, próprios de sociedades populares e analisado por Arendt
(1988). Para a autora: “O conceito moderno de revolução, inextricavelmente
ligado à noção de que o curso da História começa subitamente de um novo
rumo, de que, uma História inteira nova, uma História nunca antes conhecida
ou narrada está para se desenrolar, era desconhecido antes das duas grandes
revoluções no final do século XVIII” (p.23).
132 • Carlos Monarcha
54
“Se a política foi marcada, ainda na Colônia, pela dicotomia centralização-
descentralização, o processo é mantido no Império apesar do caráter unitário
da Carta de 1824. A questão ganha vivacidade na República, em 1889, com
adoção do federalismo. Há uma dialética na alternância do predomínio do
centro sobre o todo ou em concessões por vezes bem determinadas às várias
partes” (Iglésias, 1993, p.243).
55
Para análise detalhada dos embates relativamente aos trabalhos constituintes,
ver Cury (2001). Na analítica de Carvalho (1987, p.45): “A República ou os
vitoriosos da República fizeram muito pouco em termos de expansão de direitos
civis e políticos. O que foi feito já era demanda do liberalismo imperial. Pode-
se dizer que houve até retrocesso no que se refere a direitos sociais. Algumas
mudanças, como a eliminação do Poder Moderador, do Senado vitalício e
do Conselho de Estado e a introdução do federalismo, tinham sem dúvida
inspiração democratizante na medida em que buscavam desconcentrar o
exercícios do poder. Mas, não vindo acompanhadas por expansão significativa
da cidadania política, resultaram em entregar o governo mais diretamente
nas mãos dos setores dominantes tanto rurais quanto urbanos. O Estado
republicano passou a não impedir a atuação das forças sociais, ou, antes, a
favorecer as mais fortes, no melhor estilo spenceriano.”
III. Do Governo Provisório republicano à virada do século • 135
56
Na fase do governo provisório, o Decreto nº 200A, de 8 de fevereiro de 1890,
no artigo 24, assim estipulava: “Em todos os casos em que a comissão ignorar
ou tiver dúvidas se o cidadão sabe ler ou escrever, convidá-lo a lançar em uma
folha de papel, perante ela, a data, o dia, seguido de sua assinatura ou procederá
a qualquer outro exame, sempre rápido, que julgar conveniente”.
57
“Os novos eleitores deveriam requerer individualmente a sua inscrição.
Para tal, era preciso apresentar algum documento que comprovasse a idade
e ainda demonstrar que se sabia ler e escrever, servindo de prova a assinatura
no requerimento (com firma reconhecida) ou a assinatura feita no momento
da solicitação. Depois de cadastrados, os eleitores recebiam um novo título
eleitoral” (Nicolau, 2012, p.55).
III. Do Governo Provisório republicano à virada do século • 137
Quantos somos?
58
Cf. Senra (2006).
141
Republicanismo educativo
de, por si mesmo, querer, discernir e julgar (em poucas palavras, dotado
de entendimento, o homem é fórmula de si).
A outorga da função educativa ao Estado, instituição
ilusoriamente acima e além das classes sociais, o converte em preceptor
universal dos pupilos recém-chegados a este mundo por nascimento,
a meta, promover o trânsito da esfera privada, familiar e afetiva
para o mundo da civilização política. Porquanto, o republicanismo
educativo soa como amor paternal pela grande sociedade, donde
sucessões ininterruptas de palavras quentes e sacudidas. Em exposição
ao presidente do estado, Prudente de Moraes, Antonio Caetano de
Campos, homem hábil na arte de falar sobre o povo, mas não para o
povo, ao correr da pena, pleiteava um plano de ensino coletivo e popular
consoante o momento. “A vida do povo desaparece sob as guerras dos
potentados. Só mui gradualmente consegue o proletariado adquirir um
pouco de ar e de luz, e isso se dá quando ele se vai apoderando dos
princípios científicos”. Nas figuras de retórica do professor de Biologia
e diretor da Escola Normal de São Paulo, na República, o povo, fonte
de soberania, conduz. “Senhor governador”.
Hoje, seja qual for o credo que se adote, não é dado a ninguém
contestar que cada ciência se apóia sobre verdades das ciências que a
precedem; que os fatos sociais dependem das condições da vida animal
e estas dependem das leis do mundo inorgânico; é esta a ordem das
matérias, esta é, portanto, a lei dos programas. Subordinando-se assim
a uma lei, o programa de ensino, é um fato científico, é problema que
não admite muitas soluções.
59
Cf. Verdenal (1981).
60
Cf. Ferrarotti (1975).
III. Do Governo Provisório republicano à virada do século • 145
“Cosmopolitismo do futuro”
Uma das causas do antagonismo das classes sociais é que elas não
se conhecem e não se podem apreciar, visto que não se encontram em
um terreno comum e não têm por isso, umas em relação às outras o
sentimento das dificuldades em face das quais se acham colocadas.
Certo, no estado atual das coisas, se o futuro operário ombreou
nos bancos da escola primária com o futuro burguês, poderá apreciar
as vantagens que este tiver obtido pela sua evolução intelectual e
poderá estimá-lo no seu justo valor. Mas, onde aprendeu o burguês a
conhecer o operário e o seu valor? Em parte alguma. Desde a infância
o perdeu de vista, e não sabe quanta habilidade exige o exercício de
uma profissão, não conhece as dificuldades que há na construção de
um vigamento ou no corte de uma pedra (Prestes, 1892, p.51).61
61
Calorosa, essa profissão de fé de Gabriel Prestes nalguma medida retraduz a
fé do grande Michelet em O povo (1988, p.178): “Se duas crianças, a pobre e a
rica, se assentassem aos bancos de uma mesma escola, e, ligadas por amizade,
divididas pela carreira, se vissem frequentemente, fariam mais entre elas que
todas as políticas, todas as morais do mundo. Conservariam em sua amizade
desinteressada, inocente, o nó sagrado da Cidade... O rico conheceria a vida,
a desigualdade, e as lamentaria; todo seu esforço visaria a partilha. O pobre se
tocaria e consolaria o rico de ser rico.”
III. Do Governo Provisório republicano à virada do século • 147
Regeneração didática
62
“Três dias depois (do encontro de Benjamin com Deodoro em 05/11/1890),
consumava-se a reforma da instrução pública. Como queria, antes das
comemorações do primeiro aniversário da República. O novo regulamento da
Instrução Primária e Secundária do Distrito Federal equacionou algumas das
questões gerais que haviam polarizado as discussões sobre o ensino na última
década. Por exemplo, o caráter livre, gratuito e leigo da instrução primária
III. Do Governo Provisório republicano à virada do século • 151
oferecida pelo governo na capital federal. Fez-se, também, uma opção clara
em relação à diretriz filosófica do plano de ensino secundário, com a adoção
do modelo positivista [...] Essas eram as reformas que Benjamin Constant
reputava essenciais à fase de ‘regeneração’ da sociedade brasileira” (Lemos,
1999, p.517).
152 • Carlos Monarcha
Para um estudo amplo das reformas aventadas por Benjamin Constant, ver
63
Cartolano 1994.
III. Do Governo Provisório republicano à virada do século • 153
64
Pensamento científico, estrutura curricular, formação de professores,
dimensões da Escola Normal constam em Monarcha (1999), Reis Filho
(1981) e Tanuri (1979).
156 • Carlos Monarcha
65
Cf. Motta (1947) e Rodrigues (1945).
158 • Carlos Monarcha
66
Cf. Prestes (1894).
III. Do Governo Provisório republicano à virada do século • 159
Demais inovações
Da obrigatoriedade
Do contraditório
A boa didática
67
Cf. D’Ávila (1946).
Parte IV
68
Cf. Leal (1975) e Lessa (1988).
170 • Carlos Monarcha
69
Cf. Carone (1976, 1977) e Fausto (1970).
IV. Da política dos governadores à década dos centenários • 171
70
“Esvaziado o ideário republicano pelo progressivo afastamento dos
ideólogos, a República, que não tivera tempo de se popularizar, nem razões
para a conquista de prestígio junto ao povo foi tragada pelos que dela fizeram
apenas um expediente continuísta para os interesses econômicos e políticos
estabelecidos. Dessa maneira, quando a historiografia republicana refere-se
à República oligárquica, tal denominação encerra um dado de realidade, ou
seja, uma verdade objetiva, mas também uma avaliação implícita da derrota do
ideário republicano” (Penna, 1999, p.88).
172 • Carlos Monarcha
71
Cf. Anderson (1991, 2007).
174 • Carlos Monarcha
72
Cf. Pechman e Fritsch (1985).
IV. Da política dos governadores à década dos centenários • 175
73
“Em outras palavras, para construir um tipo específico de nação, os líderes
precisariam estender o alcance do governo brasileiro àqueles que, a exemplo
do perplexo fazendeiro de Santa Catarina, não reconheciam nenhum dos
símbolos da nação nem seu governo” (Diacon, 2006, p.22). Para o autor, a rigor
existiam duas instituições nacionais, o Exército e a Igreja católica.
176 • Carlos Monarcha
74
Cf. A ciência a caminho da roça... (1991).
IV. Da política dos governadores à década dos centenários • 177
Mas, não é só aqui, nem só agora, que isso se vê: alunos sem-
teto e professores sem-pão, de muito, que nos são familiares! Onde
se viram escolas, construídas pelo povo e para o povo, desviadas dos
seus lídimos fins, e até demolidas?! Onde se iniciam obras de grupos
escolares, que se não acabam, despertando, nos moços, a impressão de
que um povo acometido de caquexia precoce?! (Almeida, 1915, p.3).
75
Cf. Moacyr (1916).
181
Os números revelados
Das cifras
76
Cf. Apêndice A – Tabela C.
IV. Da política dos governadores à década dos centenários • 185
77
Cf. Apêndice A – Tabela D.
IV. Da política dos governadores à década dos centenários • 189
E continuam a revelar...
78
Cf. Motta (1991, 1992).
192 • Carlos Monarcha
79
Cf. Senra (2006).
80
Cf. Senra (2006).
IV. Da política dos governadores à década dos centenários • 193
81
Apanhado da evolução populacional de 1872 a 1950 consta em Carone
(1976). Nas cogitações comparativas dos sujeitos de época, no século XX,
Portugal, Rússia, Romênia e Sérvia apresentavam índices de analfabetismo
mais elevados quando comparados aos índices brasileiros.
194 • Carlos Monarcha
Homens Mulheres
Não
Zonas Sabem ler Sabem ler Não saber ler
sabem ler
Norte 184.127 1.208.757 174.430 1.183.844
Sul 263.995 617.761 245.039 603.944
Centro 123.147 634.660 106.084 615.644
Distrito Federal 60.563 35.233 60.353 36.343
Espírito Santo 9.978 40.458 8.187 41.601
Rio de Janeiro 32.835 133.699 30.393 130.942
Brasil 674.645 2.670.568 624.486 2.612.318
Fonte: Diretoria Geral de Estatística. Recenseamento do Brasil. Rio de Janeiro:
Tipografia da Estatística, 1929 (v.4 População – População do Brasil, por estados e
municípios, segundo o grau de instrução por idade, sexo e nacionalidade).
82
“Por mais que as coisas tenham mudado dos censos de 1872 e 1890 para
o de 1920, nenhum outro estado chega a juntar-se à dupla constituída por
Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul na liderança das taxas mais baixas de
IV. Da política dos governadores à década dos centenários • 195
Os censos estaduais
85
Cf. Castelo (1970) e Monarcha (2010a) e (2015).
IV. Da política dos governadores à década dos centenários • 203
Porto Alegre
- 1 1 - 63 63
Rio Grande do Santa Cruz
- 1 1 - 31 31
Sul Santa Maria
- 1 1 - 57 57
São João de
- 1 1 - 33 33
Montenegro
Santa Catarina Florianópolis 1 - 1 49 - 49
Campinas - 1 1 - 172 172
Guaratinguetá - 1 1 1 200 200
São Paulo
Itapetininga - 1 1 - 217 217
Piracicaba - 1 1 - 201 201
São Paulo 1 1 2 374 290 664
Sergipe Aracaju 1 - 1 64 - 64
Soma 16 10 26 2.190 1.267 3.457
Fonte: Diretoria Geral de Estatística. Estatística da Instrução. Boletim comemorativo da Exposição Nacional de 1908. Rio de Janeiro: Tipografia da
Estatística, 1908.
IV. Da política dos governadores à década dos centenários • 205
206 • Carlos Monarcha
região Sul: Paraná – 1.659; Santa Catarina – 1.070; Rio Grande do Sul
– 6.875. Na região Centro-Oeste: Goiás – 222; Mato Grosso – 237.
Adensamento visível se compararmos tais quantidades àquelas
consolidadas pela estatística de 1916: 15.586 professores, 11.402 em
escolas públicas e 4.184 em particulares; 8.068 professores lotados no
magistério estadual (52% do conjunto); 3.334 no municipal (21%);
239 vinculados a estabelecimentos subvencionados (2%); 3.945 a
estabelecimentos “sem auxílio oficial” (25%). E muito embora se
falasse em “missão” e “sacerdócio”, certamente as condições existenciais
das fileiras do magistério nacional não eram das melhores. De fato,
amparado em documentação variada, leis, decretos e regulamentos, o
potiguar Nestor dos Santos Lima, em Um século de ensino primário,
publicado em Natal, no ano de 1927, compilava os vencimentos anuais
do magistério público nos estados da federação. Referida ao período
de 1924 a 1927, da compilação salta tanto a modicidade dos salários
quanto a heterogeneidade de escolas e de tipos de professores.
86
A nação como semióforo, ou seja, objeto do qual brotam incessantes efeitos
de significação, é analisada por Chauí (2000).
IV. Da política dos governadores à década dos centenários • 213
87
Cf. Escobar (1995, [1940]) e Vianna (1935).
IV. Da política dos governadores à década dos centenários • 215
88
Cf. Lajolo (1982, 2000).
89
Cf. Botelho (2002), Hansen (2007).
216 • Carlos Monarcha
90
A literatura cívico-patriótica endereçada à infância escolarizada é analisada
por Correa (2006) e Hansen (2007); a edição e comercialização do livro
didático, por Bragança (2000) e Razzini (2010).
IV. Da política dos governadores à década dos centenários • 217
91
Cf. Monarcha (1997) e Bragança (2000).
92
A ideia de nação é abordada por Gellner (2008); quanto à interpretação
imaginária da vida coletiva, ver Brescianni (1998) e Girardet (1987).
218 • Carlos Monarcha
93
Cf. Gellner (2008).
IV. Da política dos governadores à década dos centenários • 219
94
As trajetórias das ligas e seus programas são exaustivamente analisados por
Nagle (1966).
95
Cf. Nofuentes (2008) e Sousa (2004).
96
Cf. Oliveira (2012).
97
Cf. Bandecchi (1980) e Estatutos da Liga Nacionalista de São Paulo (1917).
IV. Da política dos governadores à década dos centenários • 221
Eis aí, Srs. e Exas. Sras., o decálogo da religião da Pátria que a Liga
Nacionalista houve por bem mandar fosse espalhado hoje pelo Estado
inteiro. Realizar esses dez mandamentos é ter educação cívica, pois já
o referi, educação é ato, educação é prática de preceitos; ter educação é
agir no sentido da instruída possuída (Silveira, 1919, p.3).
98
Cf. Buarque de Holanda (1948 [1936], 1960) e Nicolau (2012).
99
Cf. Nascimento (2008).
IV. Da política dos governadores à década dos centenários • 223
100
Cf. Conferência Interestadual de Ensino Primário (1922).
224 • Carlos Monarcha
Luchese (2011). Ver Seyferth (1999). Sobre a obra de Orestes Guimarães, ver
Auras (2007).
IV. Da política dos governadores à década dos centenários • 225
toda uma gens complexa, pouco produtiva, entregue a sua própria miséria
e alheamento do mundo, emigrando do Ceará para o Amazonas, nos
Estados do Norte se arrastando ao abandono do desconforto de um
voluntário, sem saúde, sem hábitos de trabalho, dada às superstições das
raças selvagens, inúteis quase como força econômica, e tendo, na sua
maioria, é o Brasil, a ideia que nos deu Euclides da Cunha n’Os sertões
(Amado, 1924, p.57, grifo do autor).
102
Comenta Carvalho (2002, p.70): “Não se pode dizer que as críticas desses
autores estivessem equivocadas. Todos comparavam um regime republicano
idealizado com a dura realidade e tiravam a conclusão inescapável da distância
entre o Brasil real e o Brasil legal. No entanto, havia em todos eles uma
incapacidade de ver o povo sob uma luz favorável, de perceber o lado positivo
das ações do que chamei de povo da rua. Esse povo ativo ou era considerado
fanático ou obscurantista ou desordeiro. O povo civil era simplesmente
ignorante, analfabeto, doente, um Jeca-Tatu. O povo das eleições era massa
passiva de manobra”.
IV. Da política dos governadores à década dos centenários • 231
103
Esses artigos saíram com destaque na revista Educação, órgão da diretoria-
geral da Instrução Pública e da Sociedade de Educação de São Paulo, nos anos
232 • Carlos Monarcha
Das iniciativas
104
Os usos do positivismo no Rio Grande do Sul são analisados por Bosi
(1992), Lins (1967) e Tambara (1995).
IV. Da política dos governadores à década dos centenários • 237
105
Essas discussões prosseguem nas conferências posteriores da Associação
Brasileira de Educação. Cf. Carvalho (1998).
238 • Carlos Monarcha
Cury (2003).
Parte V
Do imediato pós-30 à mitologia do Estado Novo
107
Cf. Mendonça (1997).
246 • Carlos Monarcha
108
“Abolição acomodou-se à República e durante anos viveram ainda
patriarcado semiescravocrata e República federativa quase tão simbioticamente
como outrora patriarcado escravocrata e Império unitário. Várias sobrevivências
patriarcais ainda hoje convivem com o brasileiro das áreas mais marcadas pelo
longo domínio do patriarcado escravocrata – agrário ou mesmo pastoril – e
menos afetadas pela imigração neoeuropeia (italiana, alemã, polonesa, etc.) ou
japonesa; ou pela industrialização e urbanização da economia, da vida social e
da cultura” (Freyre, 1949, p.670).
V. Do imediato pós-30 à mitologia do Estado Novo • 249
Não vos deixeis embriagar pelas seduções das cidades. Elas não são,
como vos parecerem, a fonte de grandezas e de venturas, mas de vícios
e de misérias, são ninhos de ambições desenfreadas, de hipocrisias mal
contidas, de maldades horripilantes. Ali, no torvelinho das excitações
e dos prazeres, o nosso sangue se envenena, os nossos músculos se
enfraquecem, o nosso organismo se depaupera, as nossas faculdades se
atrofiam, gastam-se a nossa saúde a força física da nossa raça. A cidade
é uma ilusão perversa (Moraes, 1919, p.8).
250 • Carlos Monarcha
109
Cf. Leal (1975).
252 • Carlos Monarcha
O recrudescer do agrocentrismo
Ressurgência da obra
110
“Ruralismo – O Brasil é essencialmente agrícola e assim deve ser. A terra
é a base da riqueza, tudo mais é diversionismo perigoso. O autor crê em uma
espécie de divisão internacional do trabalho, em visão ingênua que não percebe
as vantagens de uns e as desvantagens dos outros (dos ligados à terra, como
pretende ser o seu país). Tem atitude de desconfiança ante a indústria, insiste
na ideia de indústrias naturais, como em seu tempo, às vezes encobrindo
interesses escusos de forças por ela tão combatidas” (Iglésias, 1993, p.35-36).
254 • Carlos Monarcha
111
Cf. Lima (1935).
112
Cf. Barbosa Lima Sobrinho (1968). Contemporaneamente, a obra de
Alberto Torres é analisada por Marson (1979), ver também Fausto (2001).
Quanto à perspectiva torreana dos fins públicos da educação, ver Almeida
(1963).
V. Do imediato pós-30 à mitologia do Estado Novo • 255
Vibração emocional
113
Cf. A escola regional... (1931).
256 • Carlos Monarcha
O gênio de Sud
114
Cf. Andrade (1933).
V. Do imediato pós-30 à mitologia do Estado Novo • 257
115
Cf. Melo (1954).
116
Cf. Mennucci (1931).
117
Cf. Carone (1975).
258 • Carlos Monarcha
118
Cf. Sousa (1944) e Souza (1994).
119
Cf. Monarcha (2007).
V. Do imediato pós-30 à mitologia do Estado Novo • 261
***
120
Cf. Apêndice A – Tabela F.
121
Cf. Apêndice A – Tabela G.
266 • Carlos Monarcha
122
Cf. Apêndice A – Tabela H.
V. Do imediato pós-30 à mitologia do Estado Novo • 267
123
Cf. Teixeira de Freitas (1937).
Tabela 6 – Corpo docente rural -1939
Homens Mulheres
Dependência % de
Não Não % de % de
Administrativa Total Normalistas Normalistas cada
normalistas normalistas mulheres normalistas
do ensino ensino
Federal 31 9 22 — — — 29,03 0,13
268 • Carlos Monarcha
São Paulo, por exemplo, contava com escolas isoladas rurais, com
curso de dois anos e programas simplificados, situadas em lugares diversos
– propriedades agrícolas, núcleos coloniais e centros fabris distantes
das sedes municipais. Na fala desabafada do diretor do departamento
de Ensino, Antonio de Almeida Júnior: “Salvo algumas dezenas de
casos felizes, a escola rural está mal instalada e o professor vive nela em
situação de dependência.” E refinava a descrição do descalabro. “Dão-
lhe uma tulha velha ou uma sala pequena e anti-higiênica para as suas
aulas. Arranjam-lhe pensão em casa de um sitiante que desconhece as
condições mais elementares de conforto. Sujeitam-na, certas vezes, a
vexames e humilhações” (São Paulo, 1936, p.13).
De resto no conjunto do país, o magistério primário era
tão diversificado quanto às próprias escolas elementares o eram.
Diversificação espelhada nos vencimentos próximos ao mínimo
V. Do imediato pós-30 à mitologia do Estado Novo • 271
Da apoteose da lei
124
Cf. Apêndice A – Tabela I.
V. Do imediato pós-30 à mitologia do Estado Novo • 273
E se para levar a cabo essa tarefa o Estado tiver que usar de poder
discricionário, justificar-se-ia uma ditadura educacional cuja duração
tem de ser pelo menos de 20 anos, ou seja, o tempo indispensável
para poder-se arrancar o povo mistificado e sempre pronto a defender
os seus próprios exploradores, das garras desses seculares exploradores
(Conte, 1934, p.6, grifo do autor).
Marcha territorial
125
Cf. Girardet (1986). Em Gellner (2008, p.17, grifo do autor). “O
nacionalismo não é o despertar de uma velha força, latente e adormecida,
embora seja assim que de fato se apresenta”.
126
Cf. Anderson (1991, 2007).
282 • Carlos Monarcha
127
Cf. Lenharo (1985, 1986).
V. Do imediato pós-30 à mitologia do Estado Novo • 283
A máquina mitológica
128
“O espaço físico unificado constitui o lastro empírico sobre o qual os outros
elementos constitutivos da Nação se apoiam: a unidade étnico-cultural, a unidade
econômica, política, o sentimento comum de ser brasileiro” (Lenharo, 1986, p.56).
129
Cf. Esterci (1972).
V. Do imediato pós-30 à mitologia do Estado Novo • 285
130
Cf. Guerra (2011).
286 • Carlos Monarcha
131
Cf. Azevedo (1941).
132
Cf. Vidal e Souza (2002).
V. Do imediato pós-30 à mitologia do Estado Novo • 287
O essencial dedutível
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329
Instituições consultadas
Habitantes
Províncias População total Instruídos %
livres
Alagoas 348.009 312.268 41.860 13,4
Amazonas 57. 610 56.631 7.613 13,4
Bahia 1.379.616 1.211.792 249.072 20,6
Ceará 721.686 689.773 79.560 11,5
Espírito Santo 82.137 59.478 9.732 16,4
Goiás 160.395 149.743 22.656 15,1
Maranhão 359.040 284.101 68.571 24,1
Mato Grosso 51.745 45.851 9.721 21,2
Minas Gerais 2.039.735 1.669.276 224.539 13,5
Pará 275.237 247.779 60.395 24,4
Paraíba 376.226 354.700 41.212 11,6
Paraná 126.722 116.162 31.816 27,4
Pernambuco 834.314 746.753 146.663 19,6
Piauí 202.222 178.427 27.770 15,6
Rio de Janeiro 1.057.696 716.120 213.756 29,8
R. G. do
233.979 220.959 39.822 18,0
Norte
Rio Grande
434.813 367.022 95.303 26,0
do Sul
Santa
159.802 144.818 21.926 15,1
Catarina
São Paulo 837.354 680.742 141.067 20,7
Sergipe 176.243 153.620 29.138 19,0
Fonte: Diretoria Geral de Estatística. Relatório dos trabalhos estatísticos apresentado ao
Ilmo Exmo Sr. Conselheiro Dr. José Bento da Cunha Figueiredo, Ministro e Secretário de
Estado dos Negócios do Império pelo Diretor Geral conselheiro Manoel Francisco Correia
em 31 de dezembro de 1876. Rio de Janeiro: Tipografia de Hipólito José Pinto, 1877.
Tabela C – Ensino primário – número de escolas
Amazonas 2 – – – 2 – – – 213
Espírito Santo – 1 1 – 2 – – – 95
Goiás – – – – – 28 28 26 82
Maranhão – 1 3 – 4 52 48 33 133
Mato Grosso 3 – – – 3 – – – 83
Pernambuco – – – – – 66 70 – 136
Piauí – – – – – 40 39 22 101
R. G. do Norte – – – – – – – – 52
Sergipe – – – – – 57 57 78 192
Fonte: Diretoria Geral de Estatística. Estatística da Instrução. Boletim comemorativo da Exposição Nacional de 1908. Rio de Janeiro: Tipografia da
Estatística, 1908.
Tabela D – Ensino primário – Escolas públicas
Escolas No de alunos
Estados e Distrito Federal Por escola
comuns matriculados
Alagoas 528 16.059 30
Amazonas 232 8.249 36
Bahia 1.695 68.782 41
Ceará 697 31.671 45
Distrito Federal 680 11.955 165
Espírito Santo 365 16.537 45
Goiás 245 9.679 40
Maranhão 415 21.043 51
Mato Grosso 232 8.961 39
Minas Gerais 3.694 254.445 69
Pará 620 31.154 50
Paraíba do Norte 439 19.816 45
Paraná 723 27.625 38
Pernambuco 1.290 52.445 41
Piauí 226 8.571 38
Rio de Janeiro 1.076 58.852 55
Rio Grande do Norte 337 16.330 48
Rio Grande do Sul 3.244 136.599 42
Santa Catarina 881 46.984 53
São Paulo 3.757 289.291 77
Sergipe 369 13.400 36
Brasil 21.748 1.249.449
Fonte: Diretoria Geral de Estatística. Recenseamento do Brasil. Rio de Janeiro:
Tipografia da Estatística, 1929 (v.4 População – População do Brasil, por estados e
municípios, segundo o grau de instrução por idade, sexo e nacionalidade).
342
Tabela F – Distribuição da população pelas áreas urbanas, suburbanas e rurais, segundo as regiões fisiográficas e
unidades da Federação – Divisão territorial e área das unidades da Federação.
Regiões fisiográficas e
Totais Área km2 Quadro urbano Quadro suburbano Quadro rural
unidades da Federação
Brasil 41.236.315 8.498.079 9.189.735 3.690.447 28.356.133
Norte 1.462.420 3.336.990 321.758 84.024 1.101.628
Nordeste 9.973.642 976.546 1.246.318 1.031.043 6.696.281
Este 15.625.953 1.232.049 2.517.770 1.649.576 10.458.347
Sul 12.915.621 814.313 3.903.477 855.109 8.157.035
Centro-Oeste 1.258.579 2.138.181 200.412 90.445 987.842
Norte
Acre 79.768 148.027 9.751 4.387 65.630
Amazonas 438.008 1.825.997 72.652 32.137 333.219
Pará 944.644 1.362.966 239.355 47.511 657.779
Nordeste
Maranhão 1.235.169 346.217 115.817 69.735 1.103.617
Piauí 817.601 245.582 62.431 61.796 693.404
Unidades Total de
Segundo o tipo
Federadas escolas
Grupos Escolas
% Escolas reunidas % %
escolares Isoladas
Alagoas 683 30 4,39 – – 653 95,61
Amazonas 504 22 4,37 3 0,60 479 95,03
Bahia 1.590 – – 159 10,00 1.431 90,00
Ceará 1.191 48 4,03 58 4,87 1.085 91,10
Distrito Federal 929 – – – – 929 100,00
Espírito Santo 1.043 26 2,47 8 0,78 1.009 96,75
Goiás 460 45 9,78 – – 415 90,22
Maranhão 412 38 9,22 63 15,29 311 75,49
Mato Grosso 421 11 2,61 14 3,32 396 94,07
Minas Gerais 4.863 311 6,40 112 2,30 4.440 91,30
Pará 1.312 42 3,20 18 1,37 1.252 95,43
Paraíba 905 42 4,64 – – 863 95,36
Paraná 1.317 58 4,40 – – 1.259 95,60
Pernambuco 2.027 59 2,91 7 0,35 1.961 96,74
345
% sobre a
Estados e Distrito Superfície em Densidade da População em Crianças em
População população
Federal km2 população idade escolar escolas
escolar
R. G. do Sul 285.289 2.683.683 9.5 268.368 197.424 73%
Paraná 199.987 870.255 4.5 87.025 59.997 70%
Santa Catarina 94.998 847.656 8.5 84.765 53.646 62%
São Paulo 247.239 5.751.822 24.5 575.182 349.770 60%
Distrito Federal 1.167 1.360.586 1.165.0 136.058 68.883 50%
Minas Gerais 539.810 6.902.511 13.0 690.251 318.947 48%
Espírito Santo 44.684 587.451 13.0 58.745 28.060 48%
Rio de Janeiro 42.404 1.884.304 43.0 184.430 70.173 39%
Ceará 148.591 1.520.335 10.0 152.033 43.994 35%
R. G. do Norte 52.411 666.903 12.0 66.990 21.780 34%
Pará 1.362.962 1.269.344 0.9 126.634 37.113 30%
Alagoas 28.571 1.117.045 39.0 111.705 31.446 28%
Amazonas 1.825.997 409.699 0.2 40.969 11.085 27%
Mato Grosso 1.477.041 312.671 0.3 31.266 8.157 26%
Sergipe 21.552 525.095 24.0 52.409 11.456 21%
347
Na fazenda - SP (APESP)
361
Na roça - SP (APESP)
362
Da salubridade (CRPHE)
382
Do ufanismo (CRPHE)
383
Na roça (CRPHE)
388
6. Entrecruzando recordações
Escola Jaraguá - Prof. Wendelin Schmidt com livro na mão -SC (AAHJS)
Índice onomástico
Carneiro Leão, Antonio 218, 223, 229, 231, Conte, Alberto 272, 275, 276, 312
234, 246, 305 Cony, Augusto Cândido Xavier 108
Carneiro Leão, Honório Hermeto 36 Coqueiro, João Antonio 102
Carone, Edgard 170, 193, 257, 319 Corrêa, Gustavo 305
Cartolano, Maria Teresa Penteado 152, 325 Correia, Manoel Francisco 109, 301, 335,
Caruso, Marcelo: 42, 320 336
Carvalho, Bernardino de 46 Correia, Viriato 214
Carvalho, Carlos Leôncio de 20, 76, 77, 89, Coruja, Antonio Álvares Pereira 52
112, 123, 305, 314 Costa, Amélia Fernandes da 107
Carvalho, Felisberto 103 (??), 151 Costa Pereira 214
Carvalho, José Luiz Sayão de Bulhões 181 Costa Pereira, José Saturnino 52
Carvalho, José Murilo de 319 Costa, Firmino 218
Carvalho, Ronald de 229 Costa, João Bittencourt 150
Casalecchi, José Ênio 26 (??), 319 Costa, José Afonso de Paula e 83, 84, 305
Casassanta, Mario 254 Costa, Lisymaco Ferreira da 237
Castelo, Plácido Aderaldo 319 Costa, Manoel Olímpio Rodrigues 93, 314
Castilho, Antonio Feliciano 50 Costa, Miguel 228, 257, 282
Castilho, Francisco Alves da Silva 50 Cousin, Vitor 90
Castilhos, Júlio de 165 Couto Ferraz, Luiz Pedreira do 36, 37, 38,
Castro, Felipe Ferreira de Araújo 55 111, 112
Castro, José Antônio Pedreira de Magalhães Couto, Miguel 177, 218, 258, 272, 273, 306,
134 316, 317
Castro, Aloísio de 258 Cruls, Luiz 124, 287
Castro, Tito Lívio de 86, 305 Cruz, Alfredo Lopes da 231
Cavalcante, João Barbalho Uchoa 103, 108 Cruz Costa, João 64, 319
Cavalcanti, Amaro 78, 300 Cruz, Guilherme Francisco 76
Chauí, Marilena 212, 319 Cruz, Noêmia Saraiva de Matos 256, 291
Chermont, Justo Leite 162 Cruz, Oswaldo 174, 176, 282, 308, 316, 327,
Chizzotti, Antonio 37, 309, 325 Cruz, Policarpio José Dias da 50
Coaracy, Vivaldo: 167, 305 Cunha, Euclides da 65, 130, 175, 219, 230,
Choppin, Alain 93, 326 252, 306
Coelho Neto 166, 214-216, 273, 315 Cury, Carlos Roberto Jamil 319, 320
Coelho, Augusto 103
Collichio, Terezinha Alves Ferreira 119, 326
Comenius 158
D
D’Ávila, Antonio 166, 312
Comte 63, 65, 95, 133, 144, 149, 150, 156,
Daligault 103
163, 164, 275, 320, 325
Daltro Filho 256
Condillac 27, 90
Dantas, Rodolfo Epifânio de Souza 97
Condorcet 22
Darwin 28, 65, 86
Conduru, Felipe Benício de Oliveira 40
Delermando, Cirilo 50
Constant, Benjamin 64, 78, 133, 141, 149,
Denis, Ferdinand 214
150-154, 156, 161, 229, 303, 305, 308, 317,
Deus, João de 84
321, 325
418
Fausto, Boris 110, 170, 254, 320 Gellner, Ernst 217, 218, 281, 320
Fernandes, Henrique Costa 163, 306 Girardet, Raoul 217, 281, 320
Ferrarotti, Franco 144, 320 Gomes Cardim, Carlos Alberto 166, 216
Ferreira Júnior, Alexandre Dias 132, 306 Gonçalves Dias, Antonio 35, 48, 306
Fleiuss, Max 43, 231, 306 Guanabara, Manoel José da Silva 90, 103
Fonseca, Deodoro da 133, 135, 138 Guerra, Amanda Estela 321, 327
Fonseca, Hermes da 170, 180, 192, 202 Guimarães, Aprígio Justiniano da Silva 76
419
Guimarães, Orestes 218, 223, 224, 234, 235, Kubo, Elvira Mari 46, 116, 321
237, 272, 274, 306, 326 Kuhlmann, Guilherme 201
Guizot 37, 38
L
H Lacerda, Nelson Nogueira de 307
Hacilman, W. 108 Lacerda, Joaquim Maria de 96
Haeckel 65, 86 Lajolo, Marisa 215, 321
Haidar, Maria de Lourdes Mariotto 77, 321 Lamarck 65
Hamel, Joseph 40, 41, 307 Lancaster 28, 29, 40, 41
Hansen, Patrícia Santos 215, 216, 325 Lane, Horace 156
Hartly 27 Le Bon, Gustave 86
Haussmann 174 Leal, Victor Nunes 169, 251,321
Hawthorne, Daniel 52 Leão, José 155
Hébrard, Jean 48, 321 Leão Machado 283
Helvécio 27 Leitão, Antonio Candido 76
Hippeau, Celéstin 90, 107 Leitão, Antonio da Cunha 119, 120
Hobbes 27 Leite, Gervásio 291, 292, 321
Hudson, Otaviano 94 Leme, Sebastião 280
Hume 27 Lemos, Miguel 64, 163
Lemos, Renato 321
Macedo, de Antonio Victor 85 Mennucci, Sud 150, 195, 201, 231, 232, 235,
Macedo, Joaquim Teixeira de 76, 107 246, 254, 256-260, 291, 294, 295, 307, 308,
Magalhães, Valentim 159 Monarcha, Carlos 116, 131, 155, 195, 202,
Macedo Soares, José Carlos 286 Moraes, Deodato de 195, 206, 237, 313
Tambara, Elomar 236, 324, 328, 329 Verdenal, René 144, 325
Tanuri, Leonor 155, 325 Veríssimo, José 59, 63, 64, 83, 126, 127, 149,
Tavares Bastos 35, 62, 75, 106, 116, 310 Veyne, Paul 10, 325
264, 265, 267, 286, 289, 311, 313 Vieira de Mello, Alfredo Pinto 233
Teixeira Mendes, Raimundo 64, 149, 163, Vieira, Manuel Inácio Belfort 162
Torres Filho, Artur 291 Viveiros, Jerônimo José de 40, 51, 327
Torres, Alberto 239, 246, 252, 253, 254, 255, Viveiros, José Francisco de 101
256, 259, 260, 294, 306, 318, 322, 326 Vovelle, Michel 11, 325
Carlos Monarcha
autoconsciência do tempo vivido, precipitam-se nas
cenas como portadores de futuros possíveis. da República, irrequietos e desacomodados, ora em chave realista ora fanta- Direção de
siosa, publicistas provindos de horizontes diversos, guardadas as ipseidades, dos portadores de futuros DÉCIO GATTI JÚNIOR
Nas vozes encartadas e nas atitudes de sujeitos encar- GERALDO INÁCIO FILHO
nados como porta-vozes dos interesses gerais,
convergem na urgência de uma instrução primária de Estado, gratuita e
obrigatória (e no evoluir do tempo, laica), como marco da estratégia geral de
(Brasil – séculos XIX e XX)
escritores, políticos, jornalistas, professores, bacharéis,
funcionários, médicos, militares, politécnicos, juristas, governo pacificado e liberação de forças produtivas. Desnecessário dizer que SÉRIE
administradores, em suma, frações da inteligência nesses sobrevoos de imaginação a instrução popular aparece como prope- “NOVAS INVESTIGAÇÕES”
brasileira, irmanam-se numa comunidade de propó-
dêutica ao homem social pela efetividade da cultura. No aglomerado de Carlos Monarcha
sitos: instruir a massa bruta de analfabetos, cuja
linguagem, dizia-se, recordava à infância das primei- vozes, paz pública, razão de Estado e economia política se entrecruzam. Direção
anjo da paz. Eis, leitor, o todo e o porquê de A instrução pública nas vozes dos
Nas visões desdobradas, a luz geral a ser propagada
pelo mestre de escola do Império e pelo professor portadores de futuros (Brasil – séculos XIX e XX). VOLUME 8
primário da República eliminaria a parte malsã dos A instrução pública nas vozes
regimes constitucionais e representativos consubs- Carlos Monarcha dos portadores de futuros