Você está na página 1de 112

01

| LOTES VAGOS |
LOT E S VAG O S
o c u p a ç õ e s e x p e r i m e n t a i s
va c a n t L o t s | e x p e r i m e n t a l o c c u p a t i o n s

Breno Silva | Louise Ganz

1ª. Edição | Belo Horizonte 2009


01

02
| LOTES VAGOS |

07 LOTES VA G O S N A S C I D A D E S : P R O P O S I Ç Õ E S PA R A U S O L I V R E

Louise Ganz

23 100M2 [ D E G R A M A ] : R e l a t o d e u m a e x p e r i ê n cia de ocupação de lote

Louise Ganz

33 LOTES VAGOS : A IMPROPRIEDADE INTEGRADA

M a r i s a F l ó r id o

42 DAS C O INC I D ÊNC I A S P O L Í T IC A S E P O É T IC A S E M L O T E S VA G O S

Breno L. Thadeu Silva

66 16 o cupações e x perimentais

83 Tra nslation s

108 C RO N O L O G I A A G R A D EC I M EN TO S

110 Curríc ulos

L O T E S VA G O S - o c u p a ç õ e s e x p e r i m e n t a i s
va c a n t L ots - e x p e r i m e n t a l o c c u p a t i o n s
B r e n o S i l v a e Louise Ganz. Belo Horizonte: Instituto Cidades Criativas ICC,
2009. 112 p.

ISBN 978-85 - 6 1 6 5 9 - 0 2 - 8

jard i n s d e b o l s o @ g m a i l . c o m
Belo H o r i z o n t e , B r a s i l – 2 0 0 9
02
01

| LOTES VAGOS |
03
01

02

03

04

05

06
01

02

03

04

05

06

LOTES VAGOS NAS CIDADES:


07
proposições para uso livre

texto | Louise ganz |


Um lote urbano. Campos retangulares, quadrados,
cercados, ensolarados, silenciosos, coloridos, planos,
montanhosos, cobertos por capins verde-amarelos,
sombreados por mangueiras, cobertos por restos de
uma casa demolida, com pedaços de pisos em tábua
corrida, com cerâmicas vermelhas, paredes azulejadas,
pontuando toda a cidade. Campos demarcados para a
experiência do abandono, do ócio e da produção. O lote
vago em uma cidade é a potência para o esquecimento,
para a vagabun dagem, para a não vigilância, para atos
não planejados ou pequenos delitos, para o descontrole
e para a leveza. Potências positivas, e não pejorativas.
Pequenos campos abertos na cidade onde se pode
produzir e viver numa esfera distinta da especulação, da
homogeneização de construções e costumes e da ordem
determinista do planejamento urbano.
01

02 Quase sempre entre muros, próximos e acessíveis, os


03
lotes formam espaços com qualidades diversas como
sombreamento ou insolação, ventilação, riqueza vegetal,
04
árvores e capins, mais ou menos selvagens, habitação de
05
pássaros e insetos, proteção contra ruídos de veículos.
06 Como em sua maioria são áreas verdes, vestígios de uma
07
camada geográfica inicial intocada, revelam memórias
topográficas, vegetais e geológicas. Além das qualidades
08 espaciais, os lotes, por existirem em quase todos os bairros
da cidade, es tão infiltrados no tecido urbano, podendo ser
texto | Louise ganz |

incorporados pelas pessoas em seu dia-a-dia.

BAIRRO URUCUIA
Durante um passeio feito aleatoriamente por Belo
Horizonte, encontrei no bairro Urucuia um considerável
número de lotes vagos plantados - milho, feijão, girassol,
mandioca, ce bolinha - formando pequenas monoculturas.
Esse conjunto de lotes, emprestados ou alugados para
aqueles que gostam de plantar, gerou ent re as pessoas do
bairro uma rede de trocas de alimentos. Dessa situação
existente, onde as pessoas se articulam espontaneamente,
sem pretensões de gerar um modelo de vida sustentável,
ou um discurso politizado, pode-se justamente perceber
um modo de gerar renda e trabalho, modos de convivência,
de ocupação e configuração do espaço urbano, além de
revelar a permanência de espaços verdes, de respiração
e a convivência natureza – cidade, ou seja, diversos
fatores que hoje passam a ser fundamentais para um fazer
paisagístico, arquitetônico e também artístico. Assim, estão
de fato sendo políticos, numa micro escala, e produzindo
uma paisagem através desse modo de ocupação e de
circulação de alimentos e pessoas.
01

Observando e refletindo sobre esse acontecimento do bairro 02


Urucuia, passei a imaginar que toda a cidade poderia ser 03
invadida por ess e modo de vida e de invenção do espaço.
04
Não apenas com a agricultura urbana, mas também com
outras infindáveis possibilidades de usos , que seriam 05

inventadas de acordo com os desejos de cada um ou de 06

grupos. Pensando a cidade ao reverso, não a partir dos 07


edifícios, mas a partir dos vazios, poderiam estes passar 08
a ser livres, abertos, como áreas pontuais de respiração,
verdes e com usos coletivos diversos que, somados, 09
constituiriam uma nova paisagem. Considerando que

texto | Louise ganz |


existem lotes vagos por toda a cidade e, especificamente
em Belo Horizonte, são mais de 70 mil - o equivalente a
10% das propriedades privadas da região metropolitana
– pode-se vislumbrar o potencial dessa outra cidade
pensada pelo va zio.

OCUPAÇÕES EXPERIMEN TAIS EM LOTES VAGOS


Em 2005 e 2006 realizamos o trabalho Lotes Vagos: Ação
Coletiva de Ocupação Urbana Experimental em Belo
Horizonte, Minas Gerais, e em 2008 em Fortaleza, Ceará.
Com a participação de grupos de artistas, arquitetos e
diversas outras pessoas, o trabalho tem por finalidade
transformar lotes de propriedade privada em espaços
públicos temporários. Cada grupo de artistas percorre
a cidade em busca de lotes vagos e negocia com os
proprietários seu empréstimo temporário. Feito isso,
realizam ações nos lotes estabelecendo relações com
os lugares e com a população local. A idéia é manter a
propriedade privada temporariamente como pública,
aberta a todos, seja através da proposição de usos, seja
tornando-os acessíveis e mantendo-os vagos.

Desse modo, Lotes Vagos é uma proposta de reconfiguração


do espaço urbano, a partir dos vários usos que podem se
01

02 dar nestes lotes. Desestabiliza as noções de propriedade


03
privada e possibilita ao público qualquer participar da
produção do espaço da cidade de modo ativo. Instiga
04
nas pessoas o desejo de realizar experiências diversas
05
autônomas. Deixa evidente o caráter intrínsecamente
06 socio-político da proposta, numa micro escala, posto
07 que as pessoas passam a pensar e agir na cidade de
08
outras maneiras, enxergando as várias possibilidades de
transformação dos espaços onde habitam, já que lotes
09 vagos estão por toda parte, em todas as vizinhanças.
10
PÚBLIC O?PRIVADO?
Historicamente tem-se que, nas cidades ocidentais, praças
texto | Louise ganz |

e parques são os espaços planejados para serem ocupados


pelo público, destinados ao lazer e ao espetáculo. Em
diversas cidades, esses espaços são poucos e distantes
do cotidiano, o que implica grandes deslocamentos da
população pa ra poder usufruí-los. Além disso, necessitam,
com freqüência, de manutenção que normalmente é feita
pelos órgãos públicos, e cada vez mais de sistemas de
vigilância. Possuem programas arquitetônicos definidores
do comportamento e do modo de usar, deixando poucas
brechas para uma apropriação livre, menos determinista;
no caso das praças, estas estão cada vez mais ilhadas
devido ao trânsito que as circundam. Ou seja, áreas de
destino público estão cada vez mais distantes, são poucas,
de difícil acesso.

Encontramo-nos hoje diante de uma reconfiguração dos


sentidos clássicos de público e privado, sobretudo se
considerarmos os países ocidentais, e, talvez, estas
denominações históricas não consigam abarcar as diversas
práticas urbanas contemporâneas. Mesmo nomeado como
público, muitas vezes um espaço é usado ou incorporado
por alguns de forma privada. As atividades ou usos passam
01

02

03

04

05

06

07

08

09

10

11
01

02

03

04

05

06

07

08

09

10

11

12
01

02

03

04

05

06

07

08

09

10

11

12

13
01

a definir o grau de privacidade ou de público dos espaços. 02


Assim, os modos de fazer acabam sendo mais determinantes 03
do que a própria existência de um espaço construído como
04
pú blico. Certas culturas não necessitam da existência de
áreas públicas, pois é o uso que se faz dos espaços ou 05

ed ifícios que os tornam públicos ou privados. Em Shangai, 06

pe ssoas jogam peteca nas calçadas, estendem roupas, 07


cozinham, almoçam, assistem TV, jogam ping pong, ou seja, 08
nã o necessitam de parques, como no modelo ocidental de
09
cidades. Os habitantes fazem os espaços se transformarem
de acordo com os usos. 10

11

Desse modo, quanto mais áreas disponíveis, mais 12


po ssibilidades de se inventar usos. No Brasil, as cidades 13
são construídas de acordo com o modelo ‘loteamento sem
14
ed ificação’, ou seja, o parcelamento do solo é desvinculado
da construção imediata. Os loteamentos – ruas, quadras, 15
saneamento e iluminação - são construídos, mas não
imediatamente habitados, e muitas vezes levam-se anos

texto | Louise ganz |


pa ra que tal ocupação ocorra. Com isso permanecem
diversos lotes vazios. Se por um lado, nesse modelo
dissociado há o desperdício de infra-estrutura, por outro
restam áreas de respiração, de abandono, como os lotes
qu e permanecem vagos e disponíveis.

OUTRA C IDADE SOBREPOSTA A PRAÇAS, PARQUES,


RUAS, EDIFÍCIOS E C ARROS
Avenidas, viadutos, ruas, edifícios, algumas áreas abertas
e muitos carros - cidades muitas vezes áridas e hostis.
Dessa imagem genérica, imaginemos uma outra cidade,
plena de vazios e bolsões de respiração, vegetações
interrompendo calçadas, hortas entre edifícios e sobre
terraços e lajes, matas atravessando quarteirões, ruas
com espaços aquáticos, canais de água limpa onde se pode
na dar, terrenos onde se capta água da chuva para distribuir
14

15 pela cidade, caminhos de pastos por entre edifícios. Uma


mistura potente e descontrolada de cidade e natureza.
16 Isso implicaria uma outra lógica de viver, talvez mais
divertida, mais prazerosa.
texto | Louise ganz |

Essas imagens não se referem ao planejamento ou a


projetos para novas cidades, mas sim, diante daquilo que
nos é dado pelos espaços já existentes, problematizar
a contínua reprodução dos modos atuais de ocupação,
construção e especulação, e propor outros modos de
vida. Como gerar renda, mercado, uma outra economia,
outros sistemas energéticos, outras relações entre cidade
e natureza, com as cidades que já possuímos? Se hoje
um lote vago em uma movimentada esquina, vizinho a
um grande shopping center urbano, se presta para futura
edificação dentro dos princípios de lucro já padronizados,
pergunto-me se poderíamos pensar uma densa mata
impenetrável para esse local. Somado a isso, coletores de
água e aquecedores solares que poderiam gerar energia
e abastecimento para o shopping e vizinhanças. Mais
adiante, na mesma quadra, outro lote encontra-se vago, e
um pasto seria plantado. Por entre os muros no interior das
quadras, deixaríamos corredores com vegetação, por onde
vacas atrave ssariam de um lote a outro. Mas precisamos
gerar novos sistemas de mercado, sist emas ecológicos
e energéticos, e modos de gerenciamento. Um complexo
entroncamento de interesses, que inevitavelmente solicita
uma mudança nos modos de produção e de convívio de
pessoas.

PROPOSIÇÕES MÍNIMAS E POÉTI C AS


Em 1965, em Nova Iorque, o artista Alan Sonfist, com o
trabalho intitulado Time Landscape, plantou em um lote
vago uma vegetação que, depois de anos, tornou-se uma
mata densa e impenetrável. Um bolsão vegetal, cercado,
em uma esquina de Manhattan.
14

Poderiam os lotes vagos ocupados temporariamente, ser 15

o embrião, em uma micro escala, da experiência dessa 16


outra cidade inventada a partir dos vazios, gerando novas
espacialidades e modos de viver? Segundo Solà-Morales, 17
o lote vago tem uma potência evocativa sobre a percepção

texto | Louise ganz |


da cidade contemporânea, pois expõe a ausência de uso,
de atividade, e ao mesmo tempo o sentido de liberdade e
de expectativa. Podemos transformá-los, através de ações
mínimas e poéticas, em jardins, em espaços para o encontro,
para a observação e experimentação da natureza na micro
escala urbana. Pode-se criar vacas leite iras, estender
roupas, colocar piscinas plásticas, realizar casamentos
e festas, realiza r jantares, banquetes ou pic-nics, podem
ser salas de estar, local para assistir TV e ouvir grilos e
pássaros. Os jardins podem ser de hortaliças, de flores ou
pequenos campos selvagens. Podem se constituir como
espaços de trocas de produtos, lugares para descanso e
leitura, para observação dos astros, lugar de pastagem para
animais ou atividades como jogos, salão de cabeleireiros,
pequenos concertos musicais. Se colocarmos redes em um
lote próximo à área de comércio de uma cidade, este pode se
tornar local de descanso para os trabalhadores na hora do
almoço. Grupos de pessoas podem levar espreguiçadeiras e
caixotes com livr os e revistas e passar o dia lendo.

As proposições são infindáveis, e dependem da sugestão


do local, de características físicas do lote, de atividades
existentes no entorno, do interesse das pessoas, e não
necessitam de grandes transformações, apenas o suficiente
para catalisar um processo de ocupação e de prazer.

Se um lote possui duas mangueiras e é sombreado, se na rua


em frente há um vendedor de frutas, um salão de cabeleireiro
e diversos moradores, porque não usá-lo como extensão, um
jardim para massagens, relaxamento e cortes de cabelo?
14

15 Esses possíveis programas para lotes vagos distanciam-


16
se da espetacularização, ou seja, não são mediados pela
imagem. Hoje muitos são os espaços do tipo shopping
17
centers, dis neylândias, resorts, totalmente vigiados,
18 onde as funções e desejos são previamente definidos
e controlados, e cada vez mais apresentando um falso
discurso neoliberal de sustentabilidade. Correspondem à
texto | Louise ganz |

privatização, elitização, propagação do medo e restrição


dos modos coletivos de vida urbana. Ao contrário, em um
lote vago podem ser realizadas propostas inseridas nos
cotidianos, construídas pela própria população local, ser
efêmeros e precários e constituírem novas ecologias e
sistemas. Para além de ser uma forma de resistência a
uma sociedade do controle, o uso de lotes vagos é uma
ação propositiva.

Com propostas autônomas, que reflitam o desejo de grupos


ou indivíduos, sem muita modificação, apenas poucas
inserções são suficientes para ativá-los. Uma rotatividade
de lotes, hoje disponíveis para usos temporários, amanhã
não mais, porém sempre ativados em diversos pontos da
cidade. Ocupações móveis gerando uma cidade cíclica,
como as sazonalidades na natureza.

CO I S A S Q U E PODEMOS FAZER
1 - B I B L I OT E C A S CO M C A I XOT E S E L I V R O S D O S M O R A D O R E S .
2 - TA P E T E D E LA R A N J A S O U O U T R A S F R U TA S CO B R I N D O O LOT E,
P E S S OA S CO M E N D O.
3 - E S PAÇO D E D E S C A N S O PA R A O S J E G U E S E O S C AVA LO S .
4 - E S C AVAÇÕ E S E M O N T E S D E T E R R A F O R MA N D O M O B I L I Á R I O
TO P O G R Á F I CO PA R A D E S C A N S O E L E I T U R A .
5 - S A L A S D E E S TA R AO A R L I V R E F E I TA S CO M M O B I L I Á R I O S
VELHOS E USADOS.
6 - C U LT I V O S D I V E R S O S ( L I N H A S D E G I R A S S O L , P L A N TA S LO C A I S ,
VERDURAS).
7 - F E S TA S FAM I L I A R E S (A N I V E R S Á R I O S , B AT I Z A D O S ,
C A S AM E N TO S ) .
14
8 - E S C AVAÇ ÃO D E P O ÇO A R T E S I A N O, D I V E R S A S MA N G U E I R A S 15
P O S S I B I L I TA N D O M Ú LT I P LO S U S O S .
9 - C AM P O S PA R A J O G O S : F U T E B O L , T Ê N I S , P E T E C A , B O L A S 16
CO LO R I DA S . 17
1 0 - AT I V I DA D E S N OT U R N A S : C I N E MA , S H O W S CO M TA L E N TO S
LO C A I S , B A I L E S , N I G H T DA N C I N G . 18
1 1 - T E L E V I S Õ E S PA R A A S S I S T I R N O V E L A S , J O G O S , E TC .
1 2 - M U S E U AU TÔ NO M O T E M P O R Á R I O, CO M CO I S A S DA S P E S S OA S 19
D O LU G A R .
1 3 - U M A L M O ÇO E S PA L H A D O P E LO LOT E. VÁ R I A S M E S A S E

texto | Louise ganz |


C A D E I R A S T R A Z I DA S DA S C A S A S DA S P E S S OA S E CO M I DA S F E I TA S
P E L A S CO Z I N H E I R A S LO C A I S .
1 4 - F E I R A D E T R O C A S – C A DA M O R A D O R T R Á S O S P E R T E N C E S O S
Q UA I S D E S E J A T R O C A R .
1 5 - TA P E T E S PA R A CO N T E M P L A R O C É U À N O I T E.
1 6 - VA R A I S CO L E T I V O S .
1 7 - P R A I A S F E I TA S CO M P I S C I N A D E P L Á S T I CO, A R E I A , B A R R AC A S
E TOA L H A S .
1 8 - S A L ÃO D E C A BE L E I R E I R O, MA N I C U R A S , MA S S AG I S TA S ... ....
.... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .....................................................................
.... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ...................................................................
.... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ....................................................................
.... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ....................................................................
.... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ....................................................................
.... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ....................................................................
.... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ....................................................................

PAISAGEM BANAL
Em 1921 um grupo de dadaístas ocupa um terreno em
Paris que fica na lateral de uma igreja pouco conhecida,
Saint-Julien-le-Pauvre . Esse terreno tem a aparência de
um jardim bastante banal e familiar. Ali permaneceu o
grupo durante parte do dia, fazendo leitura de textos do
dicionário e casualmente distribuindo alguns presentes aos
transeuntes. Intitulada A Visita, esta ação, considerada
por eles como um ready-made urbano, atribui um valor
estético a um espaço, em vez de a um objeto.
14

15 Nessa operação os dadaístas adotaram uma atitude de


16 revelação de um certo tipo de espaço - um lugar banal,
ordinário, sem nenhuma importância histórica, turística
17
ou sequer monumental. Adotaram também uma atitude de
18
exploração e de descobrimento, que os leva a encontrar
19 realidades e situações presentes em qualquer parte da
cidade. Apenas praças, parques e canteiros, espaços
20
formalmente construídos e autorizados como sendo
públicos existiam como possibilidade para a instalação
texto | Louise ganz |

de obras de arte. A idéia de arte pública até então se


relacionava à ornamentação e embelezamento através da
instalação de objetos artísticos nesses espaços oficiais.

Num contexto pós-guerra, de niilismo justaposto às visões


modernistas de reconstrução, os dadaístas jogam por água
abaixo a idéia de cidades ideais, platônicas e utópicas.
Incorporam o existente, o mais banal do existente. Não
tentam transformar fisicamente os lugares, mas esforçam-
se por tentar trazer as pessoas de dentro de suas casas
para a rua, simplesmente para permanecerem na rua. Não
convidam para serem espectadores de um espetáculo nem
mesmo para terem uma atitude participativa. Provocam,
ou talvez até menos do que isso, apenas convidam para
a ocupação da rua. Se nos perguntarmos se para o que
fazem pretendem constituir uma platéia , ou um público,
diríamos que não. Sua ação comunica a uma pessoa
comum que as forças poéticas e políticas de transformação
ou de simplesmente viver o cotidiano e o espaço estão
nos próprios desejos. Ocupar e transformar o espaço com
pequenas alegrias pode ser hoje muito mais potente na
vida do que belos e gigantescos monumentos instalados
na cidade. A construção da paisagem se faz, assim, por
uma micro ação política, gerando micro-alegrias 1 .
14

BELEZA - HEDONISMO 15

Se considerarmos o caos urbano, a pobreza, os 16


aglomerados, os esgotos abertos, as doenças, o trânsito, 17
as grandes vias, as infra-estruturas abandonadas, a
18
informação excessiva, a poluição, os desabamentos, os
desastres, os subúrbios inóspitos e desiguais, dentre 19

tantas outras violências, parece inconcebível falar 20

de beleza ou de contemplação em uma cidade. Melhor


negar, através de um discurso distanciado e estruturado, 21
qualquer possibilidade de encantamento ou prazer.

texto | Louise ganz |


Por outro lado, em algumas ocasiões, a cidade é tratada
co mo cenário. Vista desse modo como algo estático,
partem de conce itos como visadas e marcos para entendê-
la e reformá-la. Nos anos 60, urbanistas criaram métodos
de leitura que associavam a percepção e a forma, dos
objetos e edifícios, para constituir a imagem mental que as
pessoas faziam de cidades. Vangloriando-se do discurso
so cial, já que essas pesquisas incorporavam pessoas
quaisquer, através de entrevistas que buscavam constituir
os espaços da memória de cada um, esses métodos
sintetizavam esse conhecimento em mapas urbanos, que
poderiam ser utilizados para a requalificação urbana.

Ta nto os que acreditam nessa cidade monumento e


ce nográfica, quanto os que menosprezam qualquer
abordagem formal, são herdeiros de um discurso
distanciado da experiência humana, consideram a beleza
co mo um princípio fixo, colado às coisas. Por um lado
uns querem embelezar trechos, e outros, já entristecidos,
co nstroem o discurso que não autoriza nenhum tipo de
prazer.
14

15 E se a cidade não for vista através de nenhum desses olhares?


16
E se não for apenas tomada como espa ço da velocidade
de informação? E se contemplar não for apenas ver, e sim
17
uma experiência do olhar exercitado e desinteressado,
18
que não busca uma explicação ou interpretação, mas, pelo
19 contrário, lança-se com desprendimento sobre as coisas?
20 E se as pessoas puderem desacelerar, viver o tempo de
21
ausência e e squecimento de si mesmo? E se beleza não
for reduzida a um princípio fixo? Então ao ficar deitado
22 na grama de uma praça abandonada vive-se a beleza e
o prazer? E se limpar um terreno de entulhos e lançar
texto | Louise ganz |

sementes de capins diversos for belo e prazeroso?

1- Micro-Alegrias foi o título do texto de Stéphane Huchet para o catálogo


da exposição Percursos, de Ines Linke e Louise Ganz, em 2007, no
Palácio das Artes – Belo Horizonte.
14

15

16

17

18

19

20

21

22

100M2 [DE GRAMA]: 23


R E L A T O D E U M A E X P E R I Ê N C I A D E O C U PA Ç Ã O D E L O T E

texto | Louise ganz |


100M2 foi realizado em um lote de 500m2, loca lizado na zona
sul da cidade, em cuja vizinhança encontram-se hospitais,
consultórios, restaurantes e lanchonetes, escolas, centros
de reabilitação e algumas residências. Descobrimos o
proprietário através da indicação de vizinhos. Após alguns
encontros, ele se mostrou interessado e chegamos a um
acordo: negociamos o empréstimo durante três meses e
ele fez um contr ato de comodato, assinado por ambas as
partes.

Para utilizar lotes de propriedade privada sempre


negociamos o empréstimo, o que implica uma concordância
entre as pessoas que pretendem realizar as ocupações e
os proprietários. Muitas vezes a proposta de uso do lote
suscita o medo da perda da terra. O que normalmente leva a
um acordo é o interesse por parte do proprietário por certa
14

15 visibilidade para algum empreendimento, pela limpeza do


16
lote, por considerar uma idéia boa, ou simplesmente por
indiferença, por pensar que “isso não faz nenhum mal”. De
17
qualquer modo, faz-se necessária uma confiança entre as
18
partes, certo compromisso.
19

20 O lote emprestado tinha as fundações de uma obra


21
abandonada e em ruínas e estava há sete anos aberto e
cheio de lixo, com poças de água suja, com constantes
22
reclamações e denúncias feitas pelos vizi nhos à prefeitura
23
e diversas multas. Ao conversar conosco, o proprietário
logo se interessou, vislumbrando uma limpeza do lote,
24
sua ativação e, consequentemente, o não recebimento de
outras novas multas.
texto | Louise ganz |

Passamos então a nos encontrar com alguns vizinhos


do lote, sobretudo com a moradora do edifício ao lado,
Andréia, para conversar e conhecer melhor o local. Há
sete anos ela fazia denúncias junto à prefeitura sobre o
descaso do proprietário daquele lote. Mostrou-nos seu
dossiê de denúncias, com fotografias tiradas através de
sua janela, ano após ano, cartas, notícias em jornais,
etc. Logo no primeiro encontro conosco ela teve interesse
em fazer alguma coisa naquele lote. Uma conjunção de
interesses coincidentes nos uniu.

Pensamos diversas propostas de uso, até decidirmos


pelo plantio. Foram 100m2 de placas de grama, plantadas
durante alguns dias, envolvendo vizin hos, amigos ou
passantes.

No primeiro dia de trabalho, dez trabalhadores da SLU


(Superintendência de Limpeza Urbana) entraram limpando
o mato e o lixo do lote. Essa limpeza foi negociada com
o prefeito de Belo Horizonte, que nos convidou para uma
14

15

16

17

18

19

20

21

22

23

24

25

texto | Louise ganz |


25
24
texto | Louise ganz |

26
24

reunião em seu gabinete, após ter tomado conhecimento 25


do trabalho Lotes Vagos pelos jornais impressos e TV. 26
Apresentamos nossa proposta de diminuição ou eliminação
de IPTU durante o período em que os lotes fossem 27
emprestados por proprietários para se tornarem públicos.

texto | Louise ganz |


Não houve acordo com relação ao IPTU, ma s negociamos
os serviços de limpeza urbana para os lotes que fossem
emprestados por um período de no mínimo dois meses. O
projeto 100m2 incluía-se nesse caso, e ass im, foi feita a
limpeza.

Negociamos também a doação de 100m2 de grama com


uma empresa produtora de placas de grama. Em troca
deveríamos colocar a logomarca deles no banner instalado
no muro lateral do lote. Eles entregaram a grama numa
terça-feira pela manhã. O caminhão chegou às 8h30. Eu
es tava no local para receber, junto com Charles - lavador
de carros daquela rua. Chamei Andréia, pelo interfone,
para descer.

Nesta terça-feira escavamos por entre as estruturas de


co ncreto e descobrimos coisas enterradas logo abaixo
da fina e desgastada camada de cimento: areia, pedras,
lixos, gramíneas. Deslocamos essas matérias para pontos
diversos dentro do lote, formando pequenos campos de
areia, transferindo flores, mantendo gramíne as. Enchemos
buracos com pedras, lixos e cobrimos com camadas de
terra, formando ondulações gramadas. Um caminhoneiro
parou para oferecer a terra da caçamba, a qual levava para
um bota-fora. Era exatamente o que precisávamos - terra
ve rmelha para plantar a grama. Espalhamos essa terra
por entre as estruturas. Foi um dia de rápidas decisões
so bre como e onde implantar estas matérias. Um homem,
de nome Natal, perguntou se havia serviço para ele. Ele
mora a poucas quadras dali e é lavador de carro nos finais
de semana. Nov as linhas coincidentes.
24

25 Muita conversa, demonstrações de interesse da vizinhança


26 e manifestações afetivas foram acontecendo ao longo dos
dias, enquanto trabalhávamos no local: vizinhos servindo
27
água, padaria oferecendo sanduíches e refrigerantes,
28 professoras da escola infantil, em frente ao lote, planejando
o plantio de fl ores e hortaliças com pais e crianças, Charles
texto | Louise ganz |

transformando parte do lote em área para lavar carros. Ao


longo da semana Andréia descia para regar a grama.

No sábado seguinte levamos uma piscina plástica,


churrasqueira e guarda-sol. Foi um dia de descanso.
Várias crianças se divertiram limpando p artes do terreno,
ou experimen tando as ondulações na grama para deitar, ou
carregando algumas placas de grama que ainda estavam
por plantar, ou transplantando flores do próprio local para
criar canteiros e plantando sementes de abóbora.

Todo o proc esso foi uma construção de situações. A


experiência estética está em todo o processo, que
envolveu o acoplamento da ação, das pessoas, ‘do público’
e do espaço. Laços afetivos se criaram espontaneamente
entre as pessoas e o lugar. Desprendimentos e desejos
foram revelados. Forças coincidentes que agiram como
transformadores na vida cotidiana.

Os 100m2 de grama foram o ativador do lugar. Os outros


400m2 ficaram disponíveis para que pessoas incorporem-
no a partir de seus interesses e desejos. Entendemos
que ativar os 100m2 é ativar todo o lote, pois coloca
em evidência a existência de possibilidades. Os 100m2
também ultrapassam os limites do lote, pois é a ativação
de uma rede que se instala tanto no local (entre vizinhos
e passantes), como na cidade. Outros lotes ficam
potencialmente aguardando para serem ativados. Essa
repercussão implica a idéia de que qualquer pessoa pode
24

ativar lotes, não precisando da ação inicial dos artistas. 25


Segundo Guy Debord, em A S ociedade do Espetáculo 26
(1967), a construção de situações começa após o
27
desmoronamento moderno da noção de espetáculo. “(...)
A situação é feita para ser vivida pelos seus construtores. 28

O papel do ‘público’ passivo ou figurativo deverá diminuir


29
co nstantemente, aumentando, em contrapartida, a porção
dos que não devem ser chamados atores, mas sim, num

texto | Louise ganz |


se ntido da expressão, pessoas vivas”

O modernismo nos deixou uma herança de comportamento


e de espaços que setoriza a vida nas funções de morar,
trabalhar, divertir-se e circular. Cada função como um
momento específico, não havendo misturas entre trabalho
e diversão, circulação e diversão, moradia e trabalho,
e assim por d iante. Desse modo nasceram espaços
domesticados, onde tudo é planejado, todos o s sentimentos
sã o predeterminados, são bolsões ou “reservas para a
diversão”. Débord explica que na sociedade do espetáculo
a vida real é pobre e fragmentária, e os indivíduos são
obrigados a contemplar e a consumir passivamente as
imagens de tudo o que lhes falta em sua existência real.
Ao contrário disso, o ócio não é domesticado, não é
co ntrolado, não é improdutivo. Propomos a sobreposição
de acontecimentos e espacialidades, o que enriquece
nossa experiência de vida.

No projeto 100m2 apontamos algumas questões: o lote


va go é o lugar para o ócio. Aquele que antes é espectador
passa a ser o sujeito integrante, ativador. Aquele que era
público não se reconhece no lugar do espectador, pois não
é oferecido esse lugar distanciado. Não é uma obra para
se r visitada, é uma situação para ser vivida e construída.
Ta mbém não é o lugar da participação como entendida
pelo campo da arte, pois não há uma obra. Simplesmente
24

25 vive-se ou age-se segundo os próprios desejos. Desse


26 modo a questão relevante é que no trabalho Lotes Vagos
estamos sendo propositivos e não apenas uma resistência
27
ao sistema ou uma provocação artística.
28

29

30
texto | Louise ganz |
26

27

28

29

30

31

32

LOTES VAGOS : A IMPROPRIEDADE INTEGRADA 33

texto | MARISA FLÓRIDO |


Desde meados da década de noventa, teóricos e críticos
vêm se debruçando sobre as práticas artísticas que, em
várias partes do mundo, concedem ênfase à situação onde
se inscrevem e operam na sensibilidade das relações
sociais, interferindo em sua dinâmica. Nesse movimento,
muitas vezes o artista torna-se um mediador social, que
ativa temporariamente o convívio, ou um etnógrafo das
pequenas estratégias de territorialização. Em outras,
interfere nas pequenas táticas do habitat, como diria
Foucault, ou provoca situações rápidas e p erturbadoras,
pequenos ruídos na entropia urbana, desarticulando,
ainda que momentaneamente, as práticas e os hábitos
culturais de grupos sociais distintos que dominam ou se
deslocam por um determinado território. Sob os nomes
de intervenção urbana, arte participativa, colaborativa,
coletivos de arte, entre outros, práticas relacionais e
contextuais estão no foco de um debate teórico que tanto
as celebra quanto as critica veementemente 1 .
24

25 Lotes Vagos , projeto de Louise Ganz e Breno Silva, insere-


26
se nesse tipo de prática artística em que a negociação
torna-se um dos elementos fundamentais, mas que, longe
27
de modelar as relações sociais, interfere sutilmente nas
28
relações de propriedade e uso: “devolve ao uso comum o
29 que antes estava indisponível pela propriedade”. Realiza
30 - ou ao menos tenta, ainda que brevemente - o que Giorgio
31
Agamben chamou de “profanação do improfanável”, a
profanação do capitalismo.
32

33

DEUS NÃO ESTÁ MORTO, MAS FOI INCORPORADO AO


34
DESTINO DO HOMEM
Em um interessante texto, Agamben nos diz que Relegere
texto | MARISA FLÓRIDO |

é a etimologia da palavra religião, e não religare como


comumente se afirma. Religio supõe portanto um ato de
reler: não é o que liga, mas antes “o que vela para manter
separado”, respeito e cuidado com a separação entre o
profano e o sagrado. Religião é assim “o que subtrai coisas,
lugares e pessoas para transferir à esfera do sagrado” 2 .

Os juristas romanos, diz Agamben, interrogaram desse


modo a profanação: se sagrar e consagrar supunha
entrar na esfera divina - pois o que pertencia a um deus,
indisponível seria - o que profanar significaria? “No sentido
próprio”, responderia o jurista Trebatius, “é profano o que,
de sagrado e religioso que era, se encontra restituído ao
uso e à propriedade dos homens” 3 . Entre as duas esferas,
o sagrado e o profano, há dispositivos que tanto conduzem
a passagem e a comunicação, como operam e regulam
a separação para garantir sua distância, como os ritos
e os sacrifícios. Não há religião sem separação e toda
separação contém ou conserva algo de religioso.

“Deus não está morto, mas foi incorporado ao destino


do homem” 4 . A citação é de Walter Benj amim extraída,
24
por Agamben, de um de seus fragmentos póstumos: O 25
capitalismo como religião . Para Benjamin, o capitalismo 26
é um fenômeno religioso que se desenvolveu a partir
do cristianismo como religião de culto, não de uma 27

secularização da fé protestante como defendido por 28

Weber. Celebração de um culto permanente, o capitalismo 29


não se dirige à redenção da culpa, mas à culpa em si 30
mesma para to rná-la universal e capturar o Deus na 31
própria culpa. Culpa sem redenção ou expiação, como
uma “monstruosa consciência”. O capitalismo não visa 32

assim à transformação do mundo, mas sua desesperança: 33

o capitalismo é a “religião do desespero”. 34

Seguindo as reflexões de Benjamin, Agamben concluirá 35


que o capitalismo generaliza e absolutiza a estrutura

texto | MARISA FLÓRIDO |


de separação q ue caracteriza a religião. Há um único,
incessante e incansável processo de culto: o capitalismo
é a forma pura de separação sem nada a separar, uma
consagração vazia e integral. Se, na mercadoria, a
separação faz parte da forma do objeto que está cindido
em valor de uso e valor de troca para se tornar um fetiche
inapreensível, do mesmo modo, “tudo o que doravante se
encontra feito, p roduzido e vivido (o próprio corpo-humano
e a sexualidade e também a linguagem) está separado de
si e deslocado em uma esfera distinta que não define mais
nenhuma divisão substancial e onde todo uso se torna
impossível. Essa esfera é a do consumo” 5 .

Como percebe o autor, quase profeticamente, João XXII


definiria, no século 13, que uso e propriedade são distintos
porque a propriedade engendra o ato de consumo das
coisas, isto é, sua destruição, seu não uso ( abusus ). O
uso, por sua vez, pressupõe que “a substância da coisa
permaneça intacta”, enquanto que “o consumo, no ato de
seu exercício, é já passado ou futuro e não se saberia dizer
24

25 se existe em natura, mas só na memória e na expectativa.


26 É porque ele só saberia ser possuído no instante de sua
27
desaparição” 6 . Esse cânone teológico terminaria por ser o
paradigma da sociedade de consumo que se constituiria
séculos mais tarde.
28

29

30 Se a fase extrema do capitalismo, a inda segundo o


31 filósofo, é o espetáculo, em que cada coisa é exibida como
32
separada de si própria, o espetáculo e o consumo são as
duas faces de uma mesma impossibilidade de uso.
33

34 Ora, a distância divina transformada e m separação do


35 consumo nos soa bastante vizinho ao que diz o aforismo
167 de Guy Debord: “essa sociedade que suprime a
36 distância geográfica recolhe interiormente a distância,
como separação espetacular” 7 . Guy Debord conceituaria
texto | MARISA FLÓRIDO |

o que denominou como a sociedade do espetáculo, ao


constatar que o capital, chegando a tal grau de acumulação
se tornaria imagem 8 , ocuparia e invadiria a vida social.
A esfera pública passava assim a ser o domínio das
operações do capital. “O espetáculo não é o conjunto de
imagens, mas uma relação social entre pessoas, mediada
por imagens” 9 .

Agambem deduz que, na atualidade, o mundo todo se


transforma e m um imenso museu. Mas o museu, para
ele, não é exatamente um lugar, é a dimensão em que se
acumula a impossibilidade de usar. As potências espirituais
que definiam a existência do homem : arte, religião,
política, natureza e filosofia foram retirando-se para essa
dimensão separada. É a exposição da impossibilidade de
uso, de habitat e de experiência: o museu corresponde
ao Templo como lugar do sacrifício. Por isso o turismo é
hoje o culto e o altar central da religião capitalista, diz
o autor. Se outrora, fiéis e peregrinos participavam de
24

um sacrifício que separava a vítima na esfera sagrada e 25

restabelecia assim as relações entre o divino e o humano, 26


agora os “turistas celebram sobre sua pessoa um ato 27
sacrificial: a experiência angustiante da destruição de
todo uso possível” 1 0 .
28

29

Como enfrentar essa situação? “Profanando o 30

improfanável”, conclui, exercendo a difícil tarefa (política!) 31


de devolver ao uso comum o que estava separado na 32
esfera do consumo e do espetáculo.
33

34

PROFANANDO O IMPROFA NÁVEL 35

Se o capitalismo generaliza e realiza a pura forma de 36


separação que caracteriza a religião, sem ter nada a
separar... Se o consumo é a pura distância dessa absoluta 37
impossibilidade de usar... Se o espetáculo é a exposição

texto | MARISA FLÓRIDO |


da coisa sem uso separada... Se a propriedade difere
do uso porque resulta no ato de consumo das coisas
e, portanto, em sua destruição... Se o capitalismo não
visa à transformação do mundo, mas sua destruição...
Se profanar o improfanável presume desativar os
dispositivos de poder para restituir ao uso comum os
espaços que estavam confiscados... Como fazê-lo, senão
inventando novas dimensões de uso no corpo a corpo
com os dispositivos em seus jogos infinitos de poder,
como diria Agamben? Tarefa talvez impossível. Afinal, o
capital é camaleônico e infiltrante, eficaz em capturar os
comportamentos que lhe opõem, em trans formá-los em
mercadoria e espetáculo. Qual a potência da arte em se
esquivar das instrumentalizações, dos enquadramentos e
controles?

Proposição de Lotes Vagos: “desprivatizar temporariamente


para restituir ao uso comum o que antes estava
24

25 indisponível pela propriedade” 11 .O projeto libera para o


26
uso comum, por um curto período, lotes privados que hoje
se encontram vagos. Assim, são propostos vários tipos de
27
ocupação que permitam o uso pela população, enquanto
28 seus proprietários permitam.
29
Poderíamos imaginar uma cidade que tem seus lotes vagos
30
sendo usados como espaços públicos provisórios, gerando
31 uma dinâmica urbana, hoje estes, amanhã aqueles e assim por
diante. A imagem é de uma cidade cheia de espaços usados
32
t e m p o ra r i a m e n t e , q u e v a i s e m o d i f i c a n d o , c o m o n u m p r o c e s s o
33 cíclico, sazonal. Poderia ter lotes com vacas, com piscinas,
c o m s a l a s d e e s t a r, c o m r o u p a s e s t e n d i d a s , c o m f l o r e s , a l t a r
34
p a r a c a s a m e n t o s , p e q u e n o s b o s q u e t o s p a r a p i c n i c , e t c , e t c 12 .
35 (Louise Ganz)
36

37 Não há invasões, mas uma complexa negociação com


as várias instâncias, desde as prefeituras das cidades
38 por onde Lotes Vagos foi posto em experimentação aos
proprietários dos terrenos. Desse modo, cada artista ou
texto | MARISA FLÓRIDO |

grupo de artistas agencia seu projeto com os respectivos


proprietários de seus lotes, buscando repensar, como dizem
Louise e Breno, as relações cotidianas com o espaço da
cidade, as aç ões, as posturas, os gestos, os sentidos e as
novas instâncias de público e privado, de propriedade e de
uso. Lotes Vagos introduz, assim, um elemento estranho,
insere-se nos modos de organização e nas hierarquias de
poder existentes, na setorização da vida cotidiana pela
tríade trabalho/lazer/ moradia, para deslocar, ainda que
momentaneamente suas engrenagens.

São cartografias dos percursos cotidianos de um lote


que se tornou passagem informal, desenhadas com cal
por artistas e voluntários que seguem como sombras as
pessoas que o atravessam (proposta de Fabíola Tasca,
Ines Linke e Rodrigo Borges); são cartografias celestes
projetadas no solo, refazendo o balé dos astros com o
24

movimento das pedras, pressagiando um futuro pelas 25


estrelas em que um edifício imaginário bloquearia a visão 26
dos astros (proposta de Carolina Junqueira, Lais Myrrha
e Melissa Mendes); são kits de estruturas montáveis 27

projetadas por arquitetos e artistas, em um belvedere, 28

convidando a todos que o desejassem a propor seu próprio 29

uso temporário (proposta do Grupo MOM). 30

31
Detenho-me então em 100 m² proposto por Louise Ganz:
em um terreno de 500 m² (onde uma estrutura de fundação 32

abandonada e aparente traz os vestígios de uma história 33

interrompida), a artista e seus parceiros plantam 100 m² 34

de grama entre as cintas de concreto. Não convocam e 35


não convidam ninguém, apenas “ativam os 100 m², sem 36
necessariamente contratar, solicitar, apenas começar a
plantar e aguardar o que e quem chega, problematizando 37

a possibilidade do ACONTECIMENTO” 1 3 38

39
Deixando os outros 400m² de área, “potencialmente sob
tensão”, ficariam à espera de uma adesão espontânea

texto | MARISA FLÓRIDO |


das pessoas para que elas o incorporassem em seu
cotidiano. Pouco a pouco, nos dias que se seguiram ao
início de seu plantio, a creche vizinha aproximou-se com
as crianças, o vizinho ao lado trouxe água e sanduíche,
um outro instalou uma pequena piscina de plástico para as
crianças, o passante parou para conversar e saber o que
ali acontecia... E assim foi que os 100m² “ultrapassaram
os limites do lote, pois é uma ativação real de uma rede
que se instala tanto no local (entre vizinhos e passantes),
como na cidade” . Talvez por ter sido o único dos trabalhos
em Belo Horizonte que se “propôs a ter uma continuidade
e envolver um processo não controlado” suscitou no
proprietário am eaçado “o desejo em dar um fim ao
processo, cercando   o lote” 1 4 .
38

39 O gesto de deixar chegar, de não forçar um pacto ou


um contrato (os não-contratantes como chama a artista)
40 coloca em evidência como pode ser potente e perigoso
uma receptividade ao inesperado, uma abertura ao
texto | MARISA FLÓRIDO |

“acontecimento”. Um endereçamento que não força e nem


instrumentaliza a participação do outro (democracia ilusória
como acontece nos reality shows ). Uma r eceptividade que
é da instância do sentir, mas que transborda para aquela
do agir e a do pensar, ao mesmo tempo questionando
e reconfigurando a articulação entre elas. Esse
endereçamento aberto e fluido leva-nos a refletir sobre
o que é e como se dá esse envio e sua acolhida, quais
as condições de sua recepção, como opera e interfere
nas convenções sociais. Conduz-nos, enfim, a avaliar com
cuidado as práticas participativas e contextuais da arte.

Repensar a arte em uma receptividade alargada é


nosso desafio. Receptividade como abertura ao outro,
ao inespera do, ao impensável, ao impossível: ao
acontecimento que vem. Abertura ao outro não como o
idêntico das minorias ou o antropológico de culturas
distantes expostos como em gabinetes de curiosidade.
Arte como endereçamento a um outro qualquer. Qualquer,
do latim, quodlibet , afirma Agambem, não deveria ser
traduzido, como geralmente acontece, como “não importa
qual, indiferentemente”, mas como “o se r que toda forma
importa” 15 . “O ser que vem é um ser qualquer” 16 , afirma o
filósofo. Nem identidade, nem conceito, mas a totalidade
das possibilidades: o “tudo importar” do qualquer, não sua
indiferença. Esse qualquer, que a tudo i mporta, renuncia
assim ao falso dilema entre o individual e o universal. O
comum é a zona de indecidibilidade entre o próprio e o
impróprio. Ou, antes, é a impropriedade integrada.
38

39
1 - Tais tendências vão s e r d e f i n i d a s c o m o : “ e s t é t i c a r e l a c i o n a l ” , a e x e m p l o d e
Nicolas Bourriaud [ E s t h é t i q u e r e l a t i o n n e l l e . �����������������������������
France: Les presses du réel, 40
1998]; “especificida d e s r e l a c i o n a i s ” c o m o M i w o n K w o n [ O n e p l a c e a f t e r
another: site-specifi c a r t a n d l o c a t i o n a l i d e n t i t y. C a m b r i d g e / M a s s a c h u s e t t s ,
London/ England: Th e M I T P r e s s , 2 0 0 4 ] ; “ a r t e s i t u a d a ” c o m o C l a i r e D o h e r t y 41
[Contemporary art: F r o m S t u d i o t o s i t u a t i o n . B �����������������������������
lack Dog Publishing, 2004].

texto | MARISA FLÓRIDO |


Outros, como Jacque s R a n c i è r e [ P o l í t i c a d a a r t e C o n f e r ê n c i a e m a b r i l d e 2 0 0 5 .
São Paulo: Sesc Be l e n z i n h o . w w w. s e s c s p . o r g . b r / s e s c / c o n f e r e n c i a s / ] e C l a i r e
Bishop [Antagonisme a n d r e l a t i o n a l a e s t h e t i c s . ����
I n : Oc t o b e r 11 0 . 2 0 0 4 ; T h e S o c i a l
Turn: collaboration a n d i t s d i s c o n t e n t s . I N : A r t f o r u m F e b r ua r y 2 0 0 6 ] l a n ç a r ã o
provocativas questõe s s o b r e o s d i s c u r s o s q u e e n v o l v e m t a i s p r á t i c a s c o m o : o s
discursos comunitár i o s q u e s u r g e m e m m e a d o s d o s n o v e n t a s u s t e n t a d o s p o r
um desejo de promov e r u m o l h a r h o m o g ê n e o e c o n s e n s u a l d a s o c i e d a d e - u m a
comunidade ética na q u a l o d i s s e n s o p o l í t i c o e s t á d i s s o l v i d o – o u o s d i s c u r s o s
que negligenciam o i m p a c t o e s t é t i c o d a o b r a , r e s t r i n g i n d o a a n á l i s e a s e r u m
bom ou mau modelo d e s o c i a b i l i d a d e .
2 - AGAMBEN, Giorgio. É l o g e d e l a p r o f a n a t i o n . I n : P r o f a n a t i o n s . Tr �������������
aduzido do
italiano por Martin R u e ff . B i b l i o t h è q u e R i v a g e s , 2 0 0 5 . P. 9 3
3 - Citado por AGAMBEN , G i o r g i o . É l o g e d e l a p r o f a n a t i o n . I n : P r o f a n a t i o n s . o p . c i t .
p.91
4 - Citado por AGAMBEN , G i o r g i o . �������������������������
Éloge de la profanation. In: Profanations.op.cit.
p101.
5 - AGAMBEN, Giorgio. É l o g e d e l a p r o f a n a t i o n . I n : P r o f a n a t i o n s . o p . c i t . p p . 1 0 2 -
103
6 - citado por AGAMBEN , G i o r g i o . É l o g e d e l a p r o f a n a t i o n . I n : P r o f a n a t i o n s . o p . c i t .
p.104. �����������������������������������������������������������������
O cânone fo i f i x a d o n o s é c u l o 1 3 p e l a c ú r i a r o m a n a n a o c a s i ã o d o
conflito com a ordem f r a n c i s c a n a e s u a r e i v i n d i c a ç ã o d e p o b r e z a m a i s a l t a , e m
que os franciscanos d e f e n d i a m a p o s s i b i l i d a d e d e u m u s o s u b t r a í d o d a e s f e r a
do direito. Ver Agam b e n , o p . c i t . p . 1 0 3
7 - DEBORD, Guy. A so c i e d a d e d o e s p e t á c u l o . R i o d e J a n e i r o : C o n t r a p o n t o , 1 9 9 7 .
Aforismo 167, p. 112 .
8 - Idem. ibidem Aforism o 3 4 , p . 2 5 . “ O e s p e t á c u l o é o c a p i t a l e m t a l g r a u d e
acumulação que se t o r n a i m a g e m ” .
9 - Idem ibidem. . Aforis m o 4 , p . 1 4 .
1 0 - AGAMBEN, Giorgio . �������������������������
Éloge de la profanation. In: Profanations.op.cit. p.104
11 - Texto enviado via in t e r n e t p o r L o u i s e G a n z .
1 2 - Idem ibidem .
1 3 - Idem ibidem .
1 4 - Idem ibidem.
1 5 - AGAMBEN, Giorgi o L a c o m m u n a u t é q u i v i e n t . T h é o r i e d e l a s i n g u l a r i t é
quelconque .Paris: Éd i t i o n s d u S e u i l , 1 9 9 0 .
1 6 -� �����
Idem ibidem.
������ �
38

39

40

41

42
DAS C OI NC IDÊNC IAS POLÍTIC AS E POÉTI C AS EM
LOTES VAGOS
texto | BRENO SILVA |

O que está na beira de ser lido, não configura


propriamente uma teoria, ou um apanhado de conceitos
que visam elucidar algum propósito do Lotes Vagos e nem
a descrição ou análise de suas práticas, mas apenas a
situação de uma coincidência em escrita pulverizada:
de colisões involuntárias de movimentações desejantes
que o atravessam e que aparecem ora travestidas
de premissas políticas, por exemplo, como formas
alternativas de organização social em micro-escalas,
ora travestidas de premissas poéticas, por exemplo,
numa distensão do sistema das artes por proximidade
arquitetural. Tais movimentações expandidas ao campo
do cotidiano proporcionam experiências momentâneas
de realidades não-artísticas, se contrap ostas ao sentido
instituído da arte, e desestabilizam o cotidiano no sentido
de sua sina repetitiva (família, escola, trabalho, lazer
programado, propriedade, consumo). Produzem instâncias
despretensiosas de hedonismo, diversão, prazer, ócio que
podem ou não gerar outros modos de pensamento e de
ação sobre a rotina nas cidades. Como veremos, essas
coincidências alimentam a própria produção desejante,
que surge atualizada, como manifestação autêntica, ainda
que muito breve e insignificante, de pessoas em ação se
42
41
40
39
38

texto | MARISA FLÓRIDO |


43
43
42
41
40
39
38

texto | MARISA FLÓRIDO |

44
44
43
42
41
40
39
38

texto | MARISA FLÓRIDO |


45
38

39 correlacionando num meio específico feito um espaço


40 vago numa espécie de festa não instituída. Isso nos afasta
desde já dos aprofundamentos insólitos ontológicos que
41
dogmatizam uma “tomada de consciência”, e nos aproxima
42
do campo da experiência, onde a coincidência possui
43 peso, medida e lugar. Assim essa investida esquiva-se de
44 uma politização da arte tanto quanto de uma estetização
45 da política nos moldes panfletários. Optamos abordar o
processo dos Lotes Vagos por outras vozes sem privilégios
46 e que não passam de constatações experimentadas. Por
certo que desde então não haverá colisão de um só. Trata-
texto | BRENO SILVA |

se de uma versão dos desdobramentos de coincidências


sobre relações numa escala da ação, onde as pessoas
incrementam seus cotidianos com p ráticas que os
desestabilizam na medida suportável a cada um.

Definir o que seja o Lotes Vagos, assumido aqui como


um nome próprio, nos foge das expectativas. Tampouco
interessa colar uma significação a esse nome, mas tentar
escrever compactuando com o que, atravessando-o,
acontece. Essa aliança de atravessamento promove a
rasura do seu prenome emprestado como modo recente
dos sistemas das artes e, também, das arquiteturas
como modelo já gasto: o de projeto. Fazer um projeto
é trabalhar na delineação, na pré-concepção, cercando
condicionantes e visando uma objetivação bem-sucedida
nos termos de uma correspondência com o que foi
prescrito. Nesse sentido identificamos o projeto com
um determinismo que orienta um trabalho e, muitas
vezes, define a sua produção. Num primeiro momento, o
Lotes Vagos se configura como um projeto. Realizamos
uma delineação do que pretendemos, que pode ser
resumido em tornar temporariamente público terrenos de
propriedade particular. Mas esses espaços temporários
não se encontram definidos de antemão. Torna-se preciso
38

negociar com os proprietários e com as pessoas algumas 39


possibilidades de uso, quando estão funcionando, outros 40
usos certamente ocorrerão, e seu caráter temporário não
41
garante qualquer permanência. Estes movimentos para
a sua objetivação escapam das prescrições, pois entram 42

em jogo diversos vetores mais característicos de uma 43

dinâmica política regida pelo azar (acaso) do que das 44


limitações institucionais, sejam elas próprias ao sistema 45
das artes, urbanísticas ou governamentais. Trata-se
46
predominantemente de micro-políticas, de instâncias de
negociação escorregando em acontecidos. Lotes Vagos, 47
se é que é, é um projeto sem esperança, ou seja, onde o
tempo se define nos acontecimentos das negociações e

texto | BRENO SILVA |


usos e onde estes não repercutem predeterminações sejam
elas morais ou estéticas, pois seus agentes encontram-
se diante de várias forças, muitas vezes antagônicas e
em vários matiz es de interesses sobre um espaço vago.
E o empréstimo é fundamental para esta desesperança,
pois evidencia a possibilidade de crise, onde a qualquer
momento o lote volta a ser reconhecido como propriedade
particular. Ao par ética-estética, contrapomos o princípio
de insuficiência dado pelos acontecimentos e nas
possibilidades construtivas de um espaço em latência.
A partir da fratura do projeto como um definidor do que
ocorrerá nos lo tes emprestados passamos a identificar
o Lotes Vagos como um conjunto aberto de proposições,
como apostas para acoplamentos, para trombadas de
diferenças. Tais proposições são esburacadas, são
convites políticos e poéticos, chamadas para a negociação
e a transgressão de usos em encontros entre-outros. Eis
as coincidências fundantes dessa aposta vaga.

Considerando as ações políticas coincidentes das


propostas ou apostas, ocorre a ativação do q ue chamamos
de insurreições cotidianas. As insurreições são pequenos
38

39 levantes sem que necessariamente sejam assumidos como


40
tal, a partir da produção de situações, de acontecimentos que
desestabilizam as hierarquias de repetição que configuram
os cotidianos das pessoas. Alguns exemplos, como ir dormir
41

42 num lote vago, ou costurar, fazer uma festa, passar o tempo


43 fazendo quase nada, são atividades de deslocamento
44 temporário do quadro de repetição do cotidiano. Ocorrem
45
atividades que não reivindicam a permanência, mas
que também não são atividades de passagens infinitas
46
atreladas ao modelo de lazer programado, mas atividades
47 incompletas que proporcionam um hiato, uma vaguidão
sobre uma correspondência cotidiana a esse modelo.
48
Vou descansar na rede no horário de almoço de meu
trabalho... E balança-se despretensiosamente o sistema
texto | BRENO SILVA |

de controle, mas na volta ao trabalho ac alenta-se o sono


revolucionário. As pessoas que participam dos Lotes Vagos
não estão necessariamente investidas de um espírito de
transformação social, ou melhor, num quadro de realidade
não-artística as pessoas que participam dos Lotes atuam
pontualmente sem perspectivas de incorporação desse
processo de ocupação em suas vidas cotidianas e, nesse
sentido, a participação é temporária. Essa incompletude
ou insuficiência gerada pela desmobilização das pessoas
e de um desejo refreável explícito, e isso nos inclui
como propositores, afasta as proposições de um caráter
revolucionário, afasta de investirem na transformação
do cotidiano das pessoas, mas deixa brechas para
transformações por motivações individuais. Ainda bem.
Não reside, deste modo, no caráter dogmático e redentor,
o interesse público do Lotes Vagos. Assim explicita-se,
condizente à pergunta que frequentemente recebemos sobre
uma certa utopia identificada no Lotes Vagos que, se ela
existe, ela fica destituída de uma concepção passiva como
algo não realizável e assume uma perspectiva ativa, como
uma potência a ser atualizada sobre outras formas ainda
38

39

40

41

42

43

44

45

46

47

48

49

50
texto | BRENO SILVA |
49

não imaginadas. Pensando nas repercussões dos Lotes, 50


tal vez não se trate de promovermos usos semelhantes em
outras situações e talvez mesmo nem de disseminar o uso 51
público de propriedades particulares. Talvez se trate no

texto | BRENO SILVA |


âmbito do pensamento de fomentar críticas aos nossos
usos das cidades e num âmbito da ação cotidiana provocar
certos rumores , algumas insignificâncias, pequenas
diversões, quase-nadas fazendo ruídos sobre cotidianos
prescritos. Assim, a negativa da revolução não inibe as
insurreições.

Os processos de negociação e de execução das propostas


nos lotes indiciam ações micro-políticas. Estas ações
extrapolam do sistema das artes e arquiteturas (inclui-
se nesta última o urbanismo). E ocorrem por atritos e
acoplamentos: é preciso negociar com proprietários e
com pessoas dispostas a ativarem inicialmente os lotes,
é preciso traçar as ocupações como inserções mínimas,
pois podem ser reaproveitadas e podem se dispor aos
desejos de qual quer um, nesse sentido, assumido como
projeto, um modo geral que resultará em tantas formas
quantas forem possíveis de se conceber. Estamos no
domínio das coisas mentais: conversas e mais conversas,
negociando, justificando, seduzindo, informando,
transgredindo, discutindo para que se afrouxe o campo
para as propostas. Trata-se de um jogo de interesses
entre-tantos onde não cabem polaridades hegemônicas.
As sim ocorrem interesses nossos pelas coincidências; das
grandes construtoras e pessoas que emprestam terrenos;
das instâncias governamentais que especulam sobre
os benefícios públicos desse projeto (aqui serve bem o
termo projeto como prescrição dogmática); do sistema
das artes em sua facção ainda não explícita e, a reboque
das empresas patrocinadoras, em seu marketing de
responsabilidade social; dos artistas que em sua maioria se
49

50 apresentam simpáticos às propostas; do público qualquer


51
disposto a passar tempo num espaço vago. Cada um destes
segmentos e dos segmentos destes segmentos é regido
52 por seus interesses, ora mais, ora menos, explícitos e em
conflito.
texto | BRENO SILVA |

No campo das coincidências micro-políticas podemos


avançar na discussão sobre as feituras das propostas,
lapsos na alienação do cotidiano, onde não interessa para
os participantes, que não são artistas ou partidários do
meio artístico, se isso é ou não arte. Esta é uma questão
obsoleta aqui. O que entra em jogo nesse movimento
ruidoso - e a palavra mais próxima de um sentido de ação
em acaso e em conflito é jogo mesmo - são as instâncias
de negociação. Aparecem duas das negociações mais
explícitas, com os proprietários dos lotes e com as
pessoas que topam participar, mas entre elas inúmeras
outras ocorrem em circuitos de interesses diversos. Por
exemplo, a negociação com as instâncias governamentais,
como a que ocorreu na proposição 100 m2. Apesar de não
conseguirmos redução de imposto para quem emprestasse
lotes, tivemos o apoio da prefeitura e negociamos com
a Secretaria de Limpeza Urbana de Belo horizonte
(SLU) a capina e a retirada de entulho deste lote. Nos
processos de negociações utilizamos de diversas táticas
adaptadas às várias forças e voltadas para a realização
das proposições. Chamamos essas táticas de infiltrações,
atuações nos interstícios que colocam as forças em
movimento de colisão no acontecimento-lote. Já esboçamos
acima algumas generalidades de interesses e esmiuçá-
las equivale a desdobrar inúmeras vicissitudes que não
convergem. Ou seja, existem interesses específicos e
entre eles até a falta de interesse no Lotes Vagos, como
foi observado em alguns casos de empréstimo de lotes por
grandes empresas (isso é claro, decorrente da associação
49

a um caráter inofensivo da proposta para os futuros 50


empreendimentos imobiliários, e com familiaridades 51
construídas que garantem, ao menos aparentemente,
52
esse caráter), ou no caso das pessoas que usufruem
temporariamente dos lotes por acaso, pois passavam 53
por ali e optavam por uma experiência esporádica. E nas

texto | BRENO SILVA |


propostas não houveram grandes produções para anunciar
os lotes emprestados - as proposições foram feitas por
pequenos grupos e usadas por pessoas que passavam nas
proximidades. Outra tópica micro-política são as redes de
relações formad as, que promovem desde as facilidades
de empréstimo dos lotes, “pois o lote é de meu próximo”,
até o empenho na manutenção de propostas, como no
caso da síndica organizando encontros de jovens de seu
prédio na proposta do lote 100m2. ­­­­­­ Detectamos também
como reverberações micro-políticas a feitura com o que se
tem à mão para a ocupação dos lotes, onde as propostas
são viabilizadas com o mínimo de recurso s materiais e
com inventividade tecnológica, não compactuando com
os modelos de sustentabilidade, mas como difusores
para ação de qualquer um disposto. A instrumentalização
possibilita as feituras engenhosas, ou tecnologias
inventivas, vinc uladas a contextos e experimentações
específicas e disseminando um sentimento de viabilidade
para ações vindouras.

O que temos explicitado até aqui são as várias nuances


micro-políticas que fazem o Lotes consistir e que os
diversos interesses em questão definem relações
conflitivas autônomas e não se balizam para a projeção de
um melhor result ado dos Lotes Vagos para as expectativas
institucionais.

Até a edição do Lotes ocorrida em Fortaleza em março


de 2008, temos sido contemplados por programas de
49

50 artes visuais (leis de incentivo à cultura, FUNARTE) e


51 patrocinados por grandes empresas. Como já dissemos que
52
lidamos com vários interesses e forças, isso nos instiga a
considerarmos que tipo de interesses e forças estão em
questão (mas nem sempre em evidência) no enquadramento
53

54 do Lotes Vagos nos sistemas das artes financiados por


grandes empresas via incentivo fiscal governamental.
texto | BRENO SILVA |

Antes de nos determos sobre a reverberação do marketing


empresarial de responsabilidade social antevista no
sistema das artes, vamos acenar um pouco por onde passa
esse sistema. Caracterizamos esse sistema como um
mercado moldado por instituições, reafirmados por porta-
vozes, que se debruçam numa espécie de hermenêutica
das artes ancorada em marcos teóricos legitimados
academicamente, por artistas que buscam a inserção e a
manutenção da inserção nesse modo de trabalho, e que
para tanto se submetem mais ou menos conscientemente
às tendências de mercado, como essa ainda velada e que
nos interessa aqui, da responsabilidade social da arte.

Adentrando na especificidade de responsabilidade social,


temos que esta vertente do mercado das artes ocorre por
aproximação com realidades cotidianas. A imprecisão
gerada da aproximação entre arte e cotidiano possibilita
forjar permeabilidades entre eles e consequentemente
alguns deslo camentos . Nas artes, o deslocamento fica
visível, por exemplo, nas exposições sobre processos
que envolvem comunidades. No cotidiano ocorre um certo
alargamento das experiências, ainda que momentâneo, e
as vezes alg um retorno econômico ou institucional para
as comunidades envolvidas em determinadas propostas
artísticas.
54
53
52
51
50
49

texto | BRENO SILVA |


55
49

50 Neste quadro de limites imprecisos e de restrições,


51 gostaríamos de acompanhar alguns movimentos que
ocorrem no espaço de coincidência entre as artes e o
52
cotidiano. Definir este espaço como de coincidência,
53
abre margem ao acaso constituinte do acontecimento que
54 inaugura ess e encontro, como também para a definição
55 de algo em comum, um espaço outro sem pertença
definida a um desses campos. Esse com um é também um
56 posicionamento impossível se firmando como um por vir que
advém do movimento que converte as artes ao seu mínimo
texto | BRENO SILVA |

ôntico e o cotidiano ao seu máximo d e transvaloração


suportável. Convergir as artes ao seu mínimo ôntico é
tentar encaminha-la para os limites de sua estabilidade,
de seu reconhecimento como pertencente ao sistema
das artes. Transvalorar o cotidiano é colocá-lo em um
movimento adverso à estagnação, é gerar uma dinâmica
interna capaz de promover a reinvenção do cotidiano
deslocado da repetição. Assim, tanto o cotidiano quanto
as artes definem um lugar no qual coincidem parcialmente
no movimento de sua expansão e diluição, e o abandonam
antes de uma coincidência fulminante que os aniquilaria
enquanto campos distintos.

Antes de perturbarmos os limites que consideramos


forjadamente em estabilidade nas artes, gostaríamos
de pensá-los em suas resistências. A resistência mais
evidente que o campo da arte promove dentro de seus
limites, é a que problematiza o modo atual de prescrição das
experiências estéticas de um público qualquer. O cotidiano
em seu conjunto define o público caracterizado pela falta de
especificidades, é ao público qualquer em que as artes são
lançadas, ma s restringe-se a pessoas específicas. Vários
posicionamentos das artes repercutem essa orientação e
promovem ações diversas que combatem a domesticidade
cotidiana. Mas combatem de dentro de seu campo numa
49

espécie de coação à libertação voltada ao público, e desse 50


movimento ocorre um retorno ao seu próprio centro como 51
captura de processos ou, de vez em quando, de traduções
52
dos acontecimentos para as instituições das artes. Assim
ocorre outra resistência no movimento d e retorno de 53

um trabalho artístico feito na esfera pública ao sistema 54

das artes. O trabalho é concebido no cotidiano para 55


repercutir em seu retorno ao sistema das artes. Aí reside 56
a discrepância entre o processo e o registro ou mesmo a
transliteração em uma obra referenciada na resistência à 57
domesticidade na esfera pública. Nessa feitura confundem-

texto | BRENO SILVA |


se dados políticos e poéticos. Até que ponto esse retorno
não seria uma correspondência à domesticidade na esfera
pública na medida em que se vincula aos limites forjados
da arte dentro de um quadro mercadológico orientado pela
responsabilidade socio-ambiental.

Es miucemos então o que temos anunciado sobre as


proximidades do marketing empresarial da responsabilidade
social com o si stema das artes alastrado para a ação
do artista. Por ora uma crítica direcionada para nosso
enquadramento nesse sistema, volta-se aos paradigmas
institucionais da responsabilidade social como premissas
“naturais” de culpa e de consumo. Estamos na era dos
culpados. Falamos de uma condição que, se não nos é
explicita, ao menos fica exposta nos noticiários que vão
desde ajuda a países periféricos até salvar as baleias.
E não é gratuit o o interesse das instituições sobre os
excluídos das centralidades, trata-se de um alargamento
de mercado. A máquina institucional-empresarial se
alimenta por passagens de pretensão infinita mantidas pelo
consumo. Assim, via culpa instituída ocorre uma estratégia
de conquista de mercado por movimento das aparências
para a promoção de marcas associadas a uma ditação de
padrões culturais para formação de consumidores. 1
49

50 Acaba que a responsabilidade social do artista, que já se


51
encontra impregnado disso como habitante “esclarecido”
e consumidor cultural em organizações sociais, converte-
52
se numa estratégia de inserção que lhe é soprada e ele
53
aquiesce para por em prática seu esclarecimento e para
54 sobreviver sócio-economicamente.
55 Temos também nessas orientações o peso de resquícios
56
de um pensamento humanista, desse que é cheio de boa
vontade e que pretende “trazer a paz para todos”, e que
57
só não explicita a que custos e sobre que condições... E o
58 artista como correspondente, ora idealist a, ora resistente,
tenta por em prática, ainda que de modo mambembe, tais
premissas. Converte-se em artista respo nsável social por
texto | BRENO SILVA |

demanda prescrita empresarial, para fazer valer seu campo


de trabalho nas artes contemporâneas, e se for preciso,
para mantê-lo. Então se submete a div ersas passagens
de trabalhos e tendências: bolsas, residências artísticas,
arte pública, sites, contextualismos, arte participativa, e
a veleidade desse processo soa como amadurecimento
artístico. Aqui detectamos a resistência da resistência.

Das conversas contextuais e incitações participativas à


produção dos trabalhos, e muitos deles como registro dos
processos, o artista surge como resistente. Resiste tanto
como sujeito politizado via reverberação institucional,
quanto resiste a extrapolar seu campo de inserção
profissional. Se por um lado os trabalhos dessa vertente do
sistema das artes possuem características de resistência
ao modo prescrito de existência consumista, tendo como
grande foco as amarras do capitalismo mundial integrado,
por outro, passam a resistir de extrapolarem esse sistema
das artes na medida em que um distanciamento perturbaria a
própria inserção deles nesse sistema. E sem querer acabam
compactuando com o marketing empresarial. Não é gratuito
o interesse da publicidade nas artes contemporâneas. Eis
49

50

51

52

53

54

55

56

57

58

59

texto | BRENO SILVA |


49

50

51

52

53

54

55

56

57

58

59

60
texto | BRENO SILVA |
60
59

texto | BRENO SILVA |


61
59

60 um panorama de ação política que pode ser alastrado aos


61
agentes quaisquer dos Lotes Vagos.

62 Até que ponto os artistas são ativos enquanto a resistência


que promovem sustenta a resistência à transvaloração
texto | BRENO SILVA |

do cotidiano? A afirmação da transvaloração marcaria a


transgressão dos campos das artes e sua diluição na esfera
pública. Para tanto a resistência nas artes sucumbiria
na vertente propositiva. Assim não se formulariam mais
modelos de ação, que definem a resistência, mas modos
de proposição que não se comprometer iam tanto com o
retorno ao campo das artes, mas na convergência com
o cotidiano em transformação. Assim as artes seriam
encaminhadas para seu mínimo ôntico, isto é, para um
lastro mínimo não comprometido com a definição do limite
das artes, enquanto o cotidiano chegaria a um máximo
de transvaloração suportável conforme as experiências
individuais. Esse movimento “para além de” marcaria
a transgressão suportável nos campos das artes e do
cotidiano.

Esse movimento reage também no artista, que (des)aparece


como o agente da participação tornan do-se propositor
para transvaloração de cotidianos prescritos. Desiste
da pretensão participativa que o levaria a domesticar os
fluxos, tanto como prescrição da libertação do público,
quanto ao retorno aos limites das artes. Nesse sentido
a herança moderna e humanista do sujeito soberano de
todo o conhecimento perde força. O artista propositor
direciona-se ao público, tornando-se também público,
este qualquer, sem particularidades e movimenta mais por
afeto do que por imposição criativa, a coincidência entre
a arte e o cotidiano. É um agenciador em vários estratos
afetivos. Abr e-se para o público-artista a possibilidade
de transvalo ração de seu cotidiano n uma perspectiva
59

singularizada, isto é, dentro das capacidades individuais 60


de suportarem os matizes da transvaloração. 61

62
Sobre essa assuntada, desviante, mas precisa para
situarmos nossas ações, as proposições dos Lotes Vagos 63
co mpactuam para convergir as artes para seu mínimo
ôntico e o cotidiano para sua transvaloração . Acontecem

texto | BRENO SILVA |


outros modos d e relações e vínculos afetivos, políticos
e mesmo econômicos que dificultam a cooptação em
su a inteireza deste “trabalho” pelo sistema das artes.
Algumas propostas promovem e derivam de relações,
isso que chamamos acima de coincidências políticas
e poéticas, que escorregam dos limites institucionais e
de legitimidade das artes. Ocorre um alargamento, por
ex trapolação ou transgressão, entendida aqui, como ir
além, de um determinado sistema das artes, que por sinal
nem é o ponto inaugural do Lotes Vagos, sendo esse,
mais uma detecção a partir da experiência de cidade que
temos. No âmbito da ação algo acontece que foge das
amarras dos cotidianos prescritos. Essas fissuras ocorrem
co m a correspondência de um público qualquer, ao qual se
atrita com as proposições, de modo a ser singularizado,
encarnado nesse ou naquele específico. E esse ou aquele
não possui necessariamente algum tipo de pertencimento
prévio no sistema das artes e desejo de mudança em seus
co tidianos. Também não têm que firmar posicionamentos
diante desse si stema, e muito menos modificarem seu
co tidiano a partir de premissas sensíveis que uma obra
oferece. Mas se divertem. Começamos a vislumbrar
insurreições...

O lastro situacionista, que vamos utilizar para desviar


de uma historiografia legitimadora, é dado no movimento
que vai da crítica às compactuações mercadológicas
do sistema das artes, passa por revisões urbanísticas,
59

60 que às vezes resvala nas proposições utópicas como


61
fez Constant, e chega na proposição revolucionária.
Mas proposi ção revolucionária a partir da criação de
62
situaçõezinhas quaisquer, isto é, atuando numa escala
63
reduzida, nas proximidades da ação individual diante
de um mundo que o cerca, no qual habita e interage
64
socialmente. A essa pequena alteração no cotidiano,
denominamos de transvaloração, o movimento de valores
texto | BRENO SILVA |

que assumimos no quadro moral, acenando para aquilo


que ainda não sabemos que queremos, ou seja, para uma
produção desejante que será explicitada em obra.

Podemos nos perguntar sobre porque modificarmos nosso


cotidiano usando lotes vagos como espaços públicos
temporários? Já deixamos claro, mas vamos repetir, para
não restar mais dúvidas sobre isso, que não se trata de
uma proposta redentora, e ela vale-se da sua própria
insuficiência, aparente no componente do minante de acaso
que perpassa o processo de realização dos Lotes Vagos.
Assim abre-se para a produção de outros espaços que não
se pretendem nem melhores, nem piores e nem iguais,
mas que surgem como espaços diferentes e instáveis,
que contenham em seus micro-sistemas fissuras para que
possam propiciar desdobramentos fraturados. Perguntar
para quê modificar uma condição carrega em si um
pressuposto de subversão ontológica, o nde o ser já não
é estado fixo, mas posicionamento passageiro onde nos
referenciamos no devir. Nesse sentido o posicionamento
coopera com o movimento de transformação, pois ele
detecta a passagem para a transformação de um sistema,
seu alargamento ou ruptura. Indicia quando um lote
vazio entra em crise e passa para um lote vago para
uso público temporário. Quanto aos resultados de uma
proposta aparentemente participativa como essa, pautada
na transvalo ração do cotidiano, elas são vagas. Vagas,
59

pois são condiz entes à constante de transformação por 60


imprecisão no cotidiano. Vagas, pois dependem do que 61
ch amamos de transgressão suportável dos corpos, isto
62
é, dos limites próprios de cada circunstância pessoal
possível de se r alterado em uma duração. Enquanto 63

propositores, não lançamos nenhuma dog mática direta 64

so bre as pessoas que participam, e nem acreditamos em


transformações sociais, mesmo as revoluções estéticas, 65
que não partam de ações individuais. As pessoas são

texto | BRENO SILVA |


auto-responsáveis pelo tipo de envolvimento na aposta
va ga dos Lotes. As pessoas que participam dos Lotes, e
incluso nós mesmos, não estamos, por isso, garantidos
co ntra o mundo das repetições cotidianas (família,
propriedade, escola, trabalho, lazer programado,
co nsumo). A repetição é outra repercussão ontológica,
e como propositores antevemos nos Lotes brechas para
transvalorá-la, desviar imperceptivelmente de sua sina
dominante e começarmos a produzir uns tantos desejos
ainda inimaginá veis. Assim os motivos convergem numa
aposta vaga e fundamentalmente divertida e prazerosa na
co incidência e prenhe de repercussões que não podemos
antever.

1- Dizem as vozes abstratas das empresas: “(...) responsabilidade social é a forma de


gestão integrada, ética e transparente dos negócios e atividades e das suas relações
com todos os públicos de interesse, promovendo os direitos humanos e a cidadania,
respeitando a diversidade humana e cultural,(...).” Fonte: http://www2.petrobras.com.br/
portal/responsabilidade.htm acessado em 11 de setembro de 2008. E ainda: “Em poucas
palavras, empresa-válida é aquela que merece o lucro realizado, que gera riquezas
socialmente sancionáveis, que pauta suas relações com a sociedade na transparência,
na responsabilidade diante de gerações futuras, na compreensão das dimensões sociais
dos atos econômicos básicos e na seleção de agentes e parceiros comprometidos com os
mesmos conceitos. É a empresa na qual negócios e ética são elementos indissociáveis”.
Fonte: http://www.usiminas.com.br/Secao/0,3381,1-19,00.html?cat= acessado em 11 de
setembro de 2008.
59

60

61

62

63

64

65

66 1 6 o c upações e x perime n tais


59

60

61

62

63

64

65

66

67

Título |100m2 de grama | Title: 100m2 of grass |


Louise Ganz

E n dereço: R. Maranh ã o / F u n c i o n á r i o s C i d a d e : B e l o H o r i z o n t e D a t a : a b r i l ,
m a io e junho de 2005 P r o p o n e n t e s : L o u i s e G a n z e B r e n o S i l v a Co l a b o r a d o r e s :
A n dréia Capuccino (sín d i c a d o e d i f í c i o a o l a d o ) C a r a c t e r í s t i c a s d o s í t i o : l o t e
c o m 500m2, onde há u m a e s t r u t u r a d e u m a o b r a a b a n d o n a d a . N o e n t o r n o h á
c o mércio diversificado, c l í n i c a s m é d i c a s , e s c o l a s i n f a n t i s e r e s i d ê n c i a s . P r o p o s t a :
P l a ntamos 100m2 de gr a m a , j u n t o c o m v i z i n h o s e m o r a d o r e s d e r u a . E s s e p l a n t i o
f o i o catalisador de ou t r a s a t i v i d a d e s d e f i n i d a s e m c o n j u n t o c o m o s v i z i n h o s , e
p o steriormente implanta d a s n o l o t e . A ç õ e s c o m o p l a n t i o d e s e m e n t e s , c h u r r a s c o s ,
d i a de descanso e sol, l a v a r c a r r o s , e t c . P e s s o a s e n v o l v i d a s : v i z i n h o s , d o n o d a
p a daria, professores e a l u n o s d a c r e c h e e m f r e n t e , d o n a d a b o u t i q u e e m f r e n t e ,
p r oprietário da clínica a o l a d o , g a r o t o s d a v i z i n h a n ç a , l a v a d o r e s d e c a r r o s d a r u a ,
t o mador de conta de ca r r o s , p a s s a n t e s , a m i g o s .

A d dress: R. Maranhão / F u n c i o n á r i o s C i t y : B e l o H o r i z o n t e Da t e : A p r i l , M a y a n d
J u ne, 2005 Proposers : L o u i s e G a n z a n d B r e n o S i l v a C o l l a b o r a t o r s : A n d r é i a
C a puccino (neighbor) S i t e f e a t u r e s : l o t o f 5 0 0 m ² , w h e r e t h e r e i s a n a b a n d o n e d
s t r ucture of a building. I n t h e s u r r o u n d i n g s t h e r e a r e d i v e r s e b u s i n e s s e s , h o s p i t a l s
a n d a kindergarten. P r o p o s a l : 1 0 0 m ² o f g r a s s p l a n t e d i n c o l l a b o r a t i o n w i t h
n e i ghbors and resident s o f t h e s t r e e t . Th e p l a n t i n g w a s t h e c a t a l y z e r o f o t h e r
a c t ivities defined toget h e r w i t h n e i g h b o r s a n d t h e n i m p l a n t e d i n t h e l o t . Ac t i o n s
l i k e planting, having ba r b e c u e s o r a d a y o f r e s t a n d s u n s h i n e , w a s h i n g c a r s , e t c .
P e ople involved: neigh b o r s , a n o w n e r o f a b a k e r y, t e a c h e r s a n d s t u d e n t s f r o m a
k i n dergarten, the boutiq u e ’s o w n e r, a n o w n e r o f a n e x t - d o o r c l i n i c , t h e b o y s f r o m
t h e neighborhood, car w a s h e r s f r o m t h e s t r e e t , p a s s e r s b y, f r i e n d s .
59

60

61

62

63

64

65

66

67

68
Título | O edifício me barra a vista | Title: The building obstructs my view |

Paula Huven

Endereço: R. Sobr a l e s q u i n a c o m R u a L a p l a c e / S a n t a L ú c i a Ci d a d e : B e l o H o r i z o n t e
Data: Dia 20 de ag o s t o d e 2 0 0 5 d e 1 9 h à s 2 4 h P r o p o n e n t e s : C a r o l i n a J u n q u e i r a ,
Lais Myrrha, Melis s a M e n d e s C o l a b o r a d o r e s : a s t r ô n o m o s d a U F M G P r o p o s t a : 1 -
Espelhar o céu no c h ã o , a t r a v é s d e u m m a p a d e m o v i m e n t aç ã o d e a l g u n s p l a n e t a s e
estrelas, marcado c o m t r a ç o s d o p e r c u r s o d e p e d r a s . 2 - A c om p a n h a r o d e s l o c a m e n t o
dos pontos de obse r v a ç ã o n o c é u , r e f a z e n d o o m e s m o c a m i n h o n o m a p a d o c h ã o . 3 -
Aprender a olhar p a r a c i m a e p a r a b a i x o . D e s c o b r i r q u e a n d a m o s s o b r e u m m a p a e
que em todas as di r e ç õ e s e x i s t e m o u t r o s . 4 - Q u a n d o u m a e s t r e l a o u u m p l a n e t a s a i r
do nosso campo de v i s ã o , q u a n d o a v i s t a f o r b a r r a d a p e l a c i d a d e , e n t e r r a r a p e d r a
que cumprir todo s e u p e r c u r s o n a c o r r e s p o n d ê n c i a d o c é u . 5 - O l h a r o m a p a q u e j á
não existe mais. A g o r a o c é u é o u t r o e e m b a i x o p o d e m o s v e r a p e n a s a l g u m a t e r r a
remexida e pontos q u e d e s a p a r e c e m . P e s s o a s e n v o l v i d a s : v i z i n h o s e a m i g o s .

Address: R. Sobra l /Sa n t a L u c i a . C i t y : B e l o H o r i z o n t e D a t e : 2 0 Au g u s t , 2 0 0 5 , f r o m


7 p.m. to 12 p.m. P r o p o s e r s : C a r o l i n a J u n q u e i r a , L a i s M y r r h a , M e l i s s a M e n d e s
Contributors: astr o n o m e r s o f U F M G P r o p o s a l : 1 - M i r r o r i n g t h e s k y o n t h e g r o u n d
by making a large m a p o f t h e m o v e m e n t o f s t a r s a n d p l a n e t s w i t h s t o n e s . 2 - Tr a c k i n g
the movement of t h e p o i n t s i n t h e s k y, r e c o n s t r u c t i n g t h e i r t r a j e c t o r i e s i n t h e m a p
on the ground. 3- L e a r n i n g t o l o o k u p a n d d o w n . D i s c o v e r i n g t h a t w e w a l k o n a
map and that there a r e o t h e r s i n a l l d i r e c t i o n s 4 - B u r y i n g t h e s t o n e w h e n a s t a r o r
a planet becomes i n v i s i b l e o r o u r v i s i o n o f i t o b s t r u c t e d b y t h e c i t y. 5 - L o o k i n g a t
the map that no lo n g e r e x i s t s a t a m o m e n t w h e n t h e s k y h a s a l r e a d y c h a n g e d a n d
on the earth one c a n o n l y s e e s o m e s t i r r e d u p e a r t h a n d v a n i s h e d p o i n t s . P e o p l e
involved: neighbor s a n d f r i e n d s .
59

60

61

62

63

64

65

66

67

68

69

Título| Perímetro | Title: Perimeter |


Fabíola Tasca, Ines Linke e Rodrigo Borges

E n dereço: proximidade s d a R . B a r ã o H o m e m d e M e l l o / N o v a G r a n a d a - R e g i o n a l
O e ste C idade: Belo H o r i z o n t e D a t a : 1 6 d e j u n h o d e 2 0 0 5 d e 0 6 : 0 0 à s 1 8 : 0 0
P r oponentes: Fabíola Ta s c a , I n e s L i n k e e R o d r i g o B o r g e s Co l a b o r a d o r e s :
A n derson, Janaína e Va n e s s a , m o r a d o r a l o c a l e A s s o c i a ç ã o C o m u n i t á r i a S a n t a
S o fia C aracterísticas d o s í t i o : l o t e d e 2 0 0 0 m ² , s e m m u r o s o u l i m i t e s p r e c i s o s . O s
m o radores da região ut i l i z a m o l o t e c o m o p a s s a g e m e a c e s s o p a r a o “ A g l o m e r a d o
M o rro das Pedras”. Os c o n s t a n t e s p e r c u r s o s p e l o t e r r e n o e s t a b e l e c e r a m v á r i o s
c a minhos informais. Pr o p o s t a : O p t a m o s p o r u m a o c u p a ç ã o p o n t u a l , d e c a r á t e r
e f êmero, e que intenta d i a l o g a r c o m o p r i n c i p a l u s o c o n f e r i d o a o l o t e : p a s s a g e m .
A ação consistiu em ac o m p a n h a r a s p e s s o a s q u e a t r a v e s s a r a m o l o t e e m u m d i a
d u rante 12 horas ininte r r u p t a s , “ d e s e n h a n d o ” o s s e u s t r a j e t o s n o s o l o . P a r a t a n t o ,
u t i l izamos um dispositi v o q u e a p l i c a v a u m a m i s t u r a d e á g u a e c a l d i r e t a m e n t e
s o bre o terreno. A marc a ç ã o t e v e o s e u i n í c i o e f i m e s t a b e l e c i d o p e l o s l i m i t e s d o
l o t e. Pessoas envolvid a s : i n ú m e r a s p e s s o a s q u e p e r c o r r i a m o t r a j e t o .

L o cation: near R. Barã o H o m e m d e M e l l o / N o v a G r a n a d a C i t y : B e l o H o r i z o n t e


D a te: June 16, 2005, fr o m 6 a . m . t o 6 p . m . P r o p o s e r s : F a b í o la Ta s c a , I n e s L i n k e
a n d Rodrigo Borges Par t i c i p a n t s : An d e r s o n , J a n a í n a a n d Va n e s s a , l o c a l r e s i d e n t s
a n d the Santa Sofia C o m m u n i t y A s s o c i a t i o n S i t e f e a t u r e s : l o t o f 2 0 0 0 m ² , w i t h o u t
w a lls or precise limits. T h e r e s i d e n t s o f t h e r e g i o n u s e t h e l o t a s p a s s a g e w a y a n d
a c cess to their houses. T h e i r t r a j e c t o r i e s d r a w s e v e r a l i n f o r m a l p a t h s . P r o p o s a l :
a n ephemeral occupatio n , w h i c h p r o p o s e d a d i a l o g u e w i t h t h e m a i n u s e g i v e n t o
t h e lot: the PASSAGE. T h e a c t i o n w a s f o l l o w i n g t h e p e o p l e w h o c r o s s e d t h e l o t f o r
1 2 hours, “drawing” the i r p a t h s o n t o t h e g r o u n d . F o r t h i s , a d e v i c e t h a t a p p l i e d
w h itewash directly onto t h e g r o u n d w a s u s e d . Th a t a p p l i c a t i o n h a d i t s b e g i n n i n g
a n d ending determined b y t h e l i m i t s o f t h e l o t . P e o p l e i n v o l v e d : n e i g h b o r s a n d
i n h abitants who crossed t h e l o t .
59

60

61

62

63

64

65

66

67

68

69

70
� Title: Lot of ideas |

Mauricio Leonard

Endereço: Bairro B e l v e d e r e C i d a d e : B e l o H o r i z o n t e D a t a : 1 7 d e s e t e m b r o d e 2 0 0 5
Proponentes: Ana P a u l a B a l t a z a r, H é l i o P a s s o s R e z e n d e , R o n a l d o M a c e d o B r a n d ã o ,
Rita Velloso, Silke K a p p , G r u p o M O M ( M o r a r d e O u t r a s M a n e i r a s ) Ca r a c t e r í s t i c a s
do sítio: extenso l o t e c u j a l o c a l i z a ç ã o p e r m i t e u m a v i s t a 3 6 0 g r a u s d a c i d a d e .
Proposta: Diversa s a t i v i d a d e s a c o n t e c e r a m - a u l a s , o f i c i n a s e e n s a i o s a b e r t o s
Título | Lote de idéias |

- que deram origem a e v e n t o s q u e f o r a m s e c o n f o r m a n d o s e g u n d o a p a r t i c i p a ç ã o


do público. Além d e p a r t i c i p a r d o s e v e n t o s , o p ú b l i c o p ô d e p r o p o r s e u p r ó p r i o
uso temporário do e s p a ç o , s e j a s e i n s e r i n d o n o s p r ó p r i o s e v e n t o s , c o n t e m p l a n d o
a cidade, ou apen a s p e r m a n e c e n d o n o t e r r e n o . P a r a i s s o f o r a m d i s p o n i b i l i z a d o s
kits de montar com o s q u a i s o s p a r t i c i p a n t e s p u d e r a m c r i a r a m b i e n t e s . P e s s o a s
envolvidas: amigo s e p a s s a n t e s .

Address: Belveder e C i t y : B e l o H o r i z o n t e D a t e : 1 7 Se p t e m b e r, 2 0 0 5 P r o p o s e r s :
Ana Paula Baltazar, H é l i o P a s s o s R e z e n d e , R o n a l d o M a c e d o B r a n d ã o , R i t a Ve l l o s o ,
Silke Kapp, Group M O M ( L i v i n g i n o t h e r w a y s ) S i t e f e a t u r e s : l a r g e l o t w h o s e
location allows a 3 6 0 ° v i e w o f t h e c i t y. P r o p o s a l : R e a l i z a t i o n o f v a r i o u s a c t i v i t i e s
- classes, worksho p s a n d r e h e a r s a l s - t h a t l e d t o e v e n t s t h a t w e r e s h a p e d b y t h e
participation of the p u b l i c . B e s i d e s p a r t i c i p a t i n g , t h e p u b l i c c o u l d a l s o p r o p o s e t h e i r
own temporary use o f s p a c e t h r o u g h i n t e r a c t i o n w i t h t h e e v e n t s , c o n t e m p l a t i n g t h e
city, or just stayin g i n t h e l o t . F o r t h i s a k i t w a s m a d e a v a i l a b l e , w i t h w h i c h t h e
participants could c r e a t e t h e i r o w n e n v i r o n m e n t s . P e o p l e i n v o l v e d : f r i e n d s a n d
passersby.
69

70

71

Título | � Banquete coletivo |�� Title: Collective Banquet |


Ines Linke e Louise Ganz

E n dereço: R Zeus / N o v a Vi s t a C i d a d e : S a b a r á D a t a : s e t e m b r o d e 2 0 0 6
P r oponentes: Ines Lin k e e L o u i s e G a n z C o l a b o r a d o r e s : m o r a d o r e s d o b a i r r o
C a racterísticas do sít i o : l o t e p l a n o , d e s c a m p a d o e a b e r t o d e t o d o s o s l a d o s ,
u s ado como campinho d e f u t e b o l . D i m e n s õ e s : 4 0 x 2 0 m e t r o s . E m v o l t a h á d i v e r s o s
c o njuntos habitacionais , c a s a s e b o t e q u i n s . P r o p o s t a : c o n t a t a m o s a s f a m í l i a s d o
b a irro para fazer as com i d a s e i n s t a l a m o s u m a m e s a d e 2 2 m e tr o s d e c o m p r i m e n t o
n o lote. As pessoas l e v a r a m a s c o m i d a s , b e b i d a s , c a d e i r a s , p r a t o s , t a l h e r e s .
P e ssoas envolvidas: m o r a d o r e s l o c a i s .

A ddress: R.Zeus / Nov a Vi s t a . C i t y : Sa b a r á D a t e : Se p t e m b e r, 2 0 0 6 P r o p o s e r s :


I n es Linke and Louise G a n z C o l a b o r a t o r s : r e s i d e n t s o f t h e n e i g h b o r h o o d S i t e
f e atures: flat, bare lot w i t h o u t w a l l s , u s e d a s s o c c e r f i e l d . D i m e n s i o n s : 4 0 x 2 0 m .
Th ere are several res i d e n t i a l b u i l d i n g s a n d b a r s . P r o p o s a l : w e c o n t a c t e d t h e
f a milies of the neighbo r h o o d t o p r e p a r e f o o d a n d i n s t a l l e d a 2 2 m l o n g t a b l e o n
t h e lot. People brought f o o d , d r i n k s , c h a i r s , d i s h e s a n d c u t l e r y. P e o p l e i n v o l v e d :
l o cal residents.
69

70

71

72
Título | Cabeleireiro | Title: Beauty parlor |

Ines Linke e Louise Ganz

Endereço: R. Cea r á / F u n c i o n á r i o s C i d a d e : B e l o H o r i z o n t e D a t a : s e t e m b r o d e
2006 Proponentes : I n e s L i n k e e L o u i s e G a n z C o l a b o r a d o r e s : S a l ã o e s a c o l ã o
Hortifruti C aracter í s t i c a s d o s í t i o : o l o t e , c o m 1 2 x 5 0 m e t r o s , p o s s u i d u a s á r v o r e s
– mangueiras – c e n t e n á r i a s e m u i t a s f o l h a s s e c a s n o c h ã o , c e r c a d o p o r m u r o s
altos em todos o s l a d o s . N a v i z i n h a n ç a h á m u i t o s e d i f í c i o s r e s i d e n c i a i s , u m
sacolão (frutas e v e r d u r a s ) e d i v e r s o s s a l õ e s d e c a b e l e i r e i r o s . P r o p o s t a : c r i a m o s
um dia de spa, co m a s m a n i c u r a s , c a b e l e i r e i r o s e m a s s a g i s t a s d o s s a l õ e s , c o m
frutas ofertadas p e l o s a c o l ã o a o l a d o . P e s s o a s e n v o l v i d a s : v i z i n h o s , p a s s a n t e s
e amigos.

Address: R. C ear á / F u n c i o n á r i o C i t y : B e l o H o r i z o n t e D a t e : S e p t e m b e r, 2 0 0 6
Proposers: Ines L i n k e a n d L o u i s e G a n z C o l a b o r a t o r s : b e a u t y p a r l o r a n d f r u i t
market Site featur e s : T h e r e a r e t w o l a r g e t r e e s i n t h e l o t m e a s u r i n g 1 2 x 5 0 m a n d
dry leaves on the g r o u n d . I t i s s u r r o u n d e d o n a l l s i d e s b y h i g h w a l l s . I n t h e v i c i n i t y
there are many r e s i d e n t i a l b u i l d i n g s , a f r u i t m a r k e t a n d s e v e r a l h a i r d r e s s e r s .
Proposal: create a r e s o r t f o r a d a y w i t h m a n i c u r e s , h a i r d r e s s e r s a n d m a s s e u r s . T h e
nearby market off e r e d f r u i t s . P e o p l e i n v o l v e d : n e i g h b o r s , f r i e n d s a n d p a s s e r s b y.
69

70

71

72

73

Exibição de filme | Title: Film exhibition |


Título | ������������������
Ines Linke e Louise Ganz

E n dereço: R. Araripe/ B a i r r o F l o r e s t a C i d a d e : B e l o H o r i z o n te D a t a : o u t u b r o d e
2 0 06 Proponentes: In e s L i n k e e L o u i s e G a n z C a r a c t e r í s t i c a s d o s í t i o : o l o t e
t e m vestígios de casa d e m o l i d a - p i s o d e t a c o s c o m c a p i n s b r o t a n d o , p a r e d e s
c o m azulejos, pedaços d e t e l h a d o . D i m e n s õ e s : 2 0 x 3 0 m e t r o s . P r o p o s t a : s a l a
d e estar para assistir T V. I n s t a l a m o s t a p e t e s , s o f á s , c a d e i r a s , m e s a s e c i n c o t v s .
P e ssoas envolvidas: c o n v i d a m o s t o d o s o s p a r t i c i p a n t e s d a s a ç õ e s a n t e r i o r e s , o s
e n trevistados pelo docu m e n t á r i o , v i z i n h o s e a m i g o s .

A ddress: R. Araripe/ Fl o r e s t a C i t y : B e l o H o r i z o n t e D a t e : Oc t o b e r, 2 0 0 6 P r o p o s e r s :
I n es Linke and Louise G a n z S i t e f e a t u r e s : v e s t i g e s o f a d e m o l i s h e d h o u s e – w o o d e n
f l o or with weeds, tiled w a l l s a n d p a r t s o f a r o o f . D i m e n s i o n s : 2 0 x 3 0 m . P r o p o s a l :
l i v i ng room for watchin g TV. We i n s t a l l e d c a r p e t s , s o f a s , c h a i r s , t a b l e s a n d TVs .
P e ople involved: we in v i t e d a l l t h e p a r t i c i p a n t s o f p r e v i o u s a c t i o n s , i n t e r v i e w e e s
o f the documentary, ne i g h b o r s a n d f r i e n d s .
69

70

71

72

73

74
Título | Topografia | Title: Topography |

Ines Linke e Louise Ganz

Endereço: R. Mon t e S a n t o / C a r l o s P r a t e s C i d a d e : B e l o H o r i z o n t e D a t a : a g o s t o
de 2006 Proponen t e s : I n e s L i n k e e L o u i s e G a n z C a r a c t e r í s t i c a s d o s í t i o : o l o t e
possui uma decliv i d a d e a c e n t u a d a p e r m i t i n d o u m a v i s t a p a n o r â m i c a d a c i d a d e ,
murado de todos o s l a d o s , c o m 2 5 x 3 0 m e t r o s . O b a i r r o é r e s i d e n c i a l c o m c a s a s
e favela próxima. Ve m o s m u i t a s c r i a n ç a s c i r c u l a n d o . P r o p o s t a : s o f á s t o p o g r á f i c o s
para descanso, lei t u r a e c o n t e m p l a ç ã o d a p a i s a g e m . F i z e m o s a l i m p e z a d o l o t e e
construímos peque n a s o n d u l a ç õ e s t o p o g r á f i c a s n a t e r r a o n d e a d a p t a m o s c o l c h õ e s .
Levamos revistas e l i v r o s . P e s s o a s e n v o l v i d a s : v i z i n h o s , p a s s a n t e s e a m i g o s .

Address: R. Mont e S a n t o / C a r l o s P r a t e s C i t y : B e l o H o r i z o n t e D a t e : A u g u s t ,
2006 Proposers: I n e s L i n k e a n d L o u i s e G a n z S i t e f e a t u r e s : t h e s t e e p s l o p e o f
the lot permits a p a n o r a m i c v i e w o f t h e c i t y, e n c l o s e d , 2 5 x 3 0 m . T h e r e s i d e n t i a l
neighborhood is co n s t i t u t e d o f h o u s e s a n d a n e a r b y s l u m . T h e r e a r e m a n y c h i l d r e n .
Proposal: topogra p h i c a l s o f a s t o r e s t , r e a d a n d c o n t e m p l a t e t h e l a n d s c a p e . We
cleaned the lot an d m a d e s m a l l u n d u l a t i o n s i n t h e g r o u n d t o w h i c h w e a d j u s t e d
mattresses. We bro u g h t m a g a z i n e s a n d b o o k s . P e o p l e i n v o l v e d : n e i g h b o r s , f r i e n d s
and passersby.
69

70

71

72

73

74

75

Título | Praia | Title: Beach |


Ines Linke e Louise Ganz

E n dereço: R. Alagoas / S a v a s s i C i d a d e : B e l o H o r i z o n t e D a t a : o u t u b r o d e 2 0 0 6
P r oponentes: Ines Lin k e e L o u i s e G a n z C o l a b o r a d o r e s : R e s t a u r a n t e j a p o n ê s
( s e rviu sushis na praia) , o f i c i n a m e c â n i c a ( á g u a p a r a e n c h e r a p i s c i n a ) , r e s t a u r a n t e
B a i anas (água de côco ) C a r a c t e r í s t i c a s d o s í t i o : l o t e d e es q u i n a , p l a n o , c o m
v e stígios de casa demo l i d a , p a r e d e c o m a z u l e j o s e p i x a ç õ e s , t e r r a d e p i s o l a r a n j a .
D i mensões: 60 x 30 me t r o s . R e g i ã o c o m d i v e r s o s r e s t a u r a n t e s e l o j a s . P r o p o s t a :
c r i amos uma praia com a i n s e r ç ã o d e u m q u a d r a d o d e a r e i a - 8 x 8 m e t r o s – u m a
p i s cina plástica e cadei r a s d e p r a i a . P e s s o a s e n v o l v i d a s : p a s s a n t e s e a m i g o s .

A d dress: R. Alagoas/ S a v a s s i C i t y : B e l o H o r i z o n t e D a t e : Oc t o b e r, 2 0 0 6 P r o p o s e r s :
I n es Linke and Louise G a n z C o n t r i b u t o r s : J a p a n e s e R e s t a u r a n t ( t h a t s e r v e d s u s h i
o n the “beach”), mecha n i c ( w a t e r t o f i l l t h e p o o l ) , R e s t a u r a n t B a i a n a s ( c o c o n u t
w a ter) Site features: f l a t l o t o n a s t r e e t c o r n e r, w i t h v e s t i g e s o f a d e m o l i s h e d
h o uses. Dimensions: 6 0 x 3 0 m . N e i g h b o r h o o d w h e r e t h e r e a r e v a r i o u s r e s t a u r a n t s
a n d stores. Proposal: i n s e r t i o n o f a s q u a r e o f s a n d ( 8 x 8 m ) , a p l a s t i c p o o l a n d
c h airs to create a beach . P e o p l e i n v o l v e d : n e i g h b o r s , f r i e n d s a n d p a s s e r s b y.
69

70

71

72

73

74

75

76
�� Costura | Title: Needlework |

Waléria Américo

Endereço: Av.San t o s D u m o n t / P r a i a d o F u t u r o C i d a d e : F o r t a l e z a D a t a : 2 4 d e
março de 2008 C o l a b o r a d o r e s : S i m o n e B a r r e t o ( a r t i s t a p l á s t i c a ) Ca r a c t e r í s t i c a s
do sítio: imenso lo t e , t o t a l m e n t e a b e r t o , g r a m a d o , c o m v i s t a p a r a o m a r. P r o p o s t a :
Este lote foi ativad o d u r a n t e u m d i a c o m a a t i v i d a d e d e b or d a d o s o b r e p a n o d e 1 0 0
Título |

metros. Pessoas e n v o l v i d a s : h a b i t a n t e s d o e n t o r n o , c r i a n ç a s e a d u l t o s .

Address: Av. Santo s D u m o n t / F u t u r o B e a c h C i t y : F o r t a l e z a D a t e : M a r c h 2 4 , 2 0 0 8


Colaborators: Sim o n e B a r r e t o ( a r t i s t ) S i t e f e a t u r e s : h u g e l o t , c o m p l e t e l y o p e n a n d
with lawn and view o f t h e s e a . P r o p o s a l : T h e l o t w a s a c t i v a t e d t h r o u g h a d a y o f
embroidery of a 10 0 m l o n g f a b r i c . P e o p l e i n v o l v e d : r e s i d e n t s o f t h e s u r r o u n d i n g s ,
children and adults .
69

70

71

72

73

74

75

76

77

Título | Jardim de Cactus| Title: Cactus’ Garden |


Waléria Américo

E n dereço: R. Gregório d e F r a n ç a / C a j a z e i r a s C i d a d e : F o r t a l e z a D a t a : 2 5 d e
m a r ço de 2008 C aracter í s t i c a s d o s í t i o : f a i x a d e t e r r a e m u m a e s q u i n a , e n t r e u m a
a v e nida e uma rua de ac e s s o a o b a i r r o . C o l a b o r a d o r e s : L ú c i a ( m o r a d o r a d o b a i r r o )
e E uzébio Zloccowick (a r t i s t a p l á s t i c o ) . P r o p o s t a : A p r o p o s t a a c o n t e c e u a p a r t i r
d a coincidência entre a m o r a d o r a L ú c i a , q u e e s c u t o u n a r á d i o s o b r e o p r o j e t o l o t e s
v a g os e entrou em con t a t o d e s e j a n d o r e a l i z a r u m j a r d i m q u e n ã o p r e c i s a s s e d e
m u i tos cuidados, e o ar t i s t a E u z é b i o Z l o c c o w i c k , q u e p r o p ô s u m j a r d i m d e c a c t u s .
E l e realizou a ação de r e t i r a d a d e m u d a s d e c a c t u s e o r e p l a n t i o n e s t e l o t e c o m o
a t o inaugural de um proc e s s o q u e t e r á c o n t i n u i d a d e , o c o r r e n d o t o d o d i a 2 5 d e c a d a
m ê s. Pessoas envolvida s : p a s s a n t e s .

A d dress: R. Gregorio de F r a n ç a / Ca j a z e i r a s C i t y : F o r t a l e z a D a t e : M a r c h 2 5 , 2 0 0 8
S i t e features: strip of la n d o n a c o r n e r. C o l a b o r a t o r s : L u c i a ( n e i g h b o r ) a n d E u z é b i o
Z l o ccowick (artist). Prop o s a l : A h a p p e n e d t h r o u g h a c o i n c i d e n c e b e t w e e n L u c i a a n d
E u z ébio: she listened ab o u t t h e p r o j e c t Va c a n t L o t s o n t h e r a d i o a n d c o n t a c t e d u s ,
w i s hing to make a garde n t h a t w o u l d n ’ t n e e d m u c h c a r e ; t h e a r t i s t E u z é b i o p r o p o s e d
a c actus’ garden. He re m o v e d s o m e c a c t u s f r o m t h e i r o r i g i n a l p l a c e a n d r e p l a n t e d
t h e m in the lot. This was t h e b e g i n n i n g o f a c o n t i n u i n g p r o c e s s , o c c u r r i n g e v e r y 2 5 t h
o f each month. People i n v o l v e d : p a s s e r s b y.
69

70

71

72

73

74

75

76

77

78
Título |� Redes para descanso |� Title: Hammocks for rest |

Waléria Américo

Endereço: R.Gom e s d e M a t o s , 1 7 3 2 / B a i r r o M o n t e s e C i d a d e : F o r t a l e z a D a t a : 3 1
de março de 2008 C o l a b o r a d o r e s : C o n s t a n c e P i n h e i r o ( e s t u d a n t e d e a r q u i t e t u r a ,
artista) C aracterís t i c a s d o s í t i o : Tr a t a - s e d e u m a r u a c o m e r c i a l . O p r o p r i e t á r i o , S r.
Carlos, aluga o lot e p a r a a g ê n c i a s d e p r o p a g a n d a c o l o c ar e m o u t d o o r s n a t e s t a d a
voltada para a rua . P r o p o s t a : c o l o c a ç ã o d e r e d e s p a r a d e s c a n s o n o h o r á r i o d o
almoço para os fun c i o n á r i o s q u e t r a b a l h a m p r ó x i m o s d a l i . A p r o v e i t a m o s a e s t r u t u r a
dos outdoors para a m a r r a r m o s a s r e d e s . P e s s o a s e n v o l v i d a s : f u n c i o n á r i o s d a s
lojas vizinhas ao l o t e e p a s s a n t e s .

Address: R. Gom e s d e M a t o s / M o n t e s a C i t y : F o r t a l e z a D a t e : M a r c h 3 1 , 2 0 0 8
Colaborators: C on s t a n c e P i n h e i r o ( a r c h i t e c t u r e s t u d e n t , a r t i s t ) S i t e f e a t u r e s : T h i s
is a commercial st r e e t . T h e o w n e r o f t h e l o t , M r. Ca r l o s , r e n t s t h e o u t d o o r s f a c i n g
the street to adve r t i s i n g a g e n c i e s . P r o p o s a l : i n s t a l l a t i o n o f h a m m o c k s f o r a r e s t
of the employees w h o w o r k n e a r b y d u r i n g t h e l u n c h t i m e . We u s e d t h e s t r u c t u r e o f
the outdoors to tie t h e h a m m o c k s . P e o p l e i n v o l v e d : e m p l o y e e s o f t h e n e i g h b o r i n g
stores and passers b y.
69

70

71

72

73

74

75

76

77

78

79

Título |� Jornada de Trabalho Musical | Title: Musical workday |


Waléria Américo

E n dereço: Av. Barão d e S t u d a r t C i d a d e : F o r t a l e z a D a t a : 2 6 d e m a r ç o d e 2 0 0 8


C o l aboradores: músico s d a b a n d a M i r e l l a H i p s t e r ( U i r á , R i c a r d o , L u í s e E d u a r d o )
C a r acterísticas do sítio : l o t e e m á r e a r e s i d e n c i a l , o n d e e s t a v a s e n d o c o n s t r u í d o
o e stande de vendas do a p a r t a m e n t o m o d e l o . P r o p o s t a : O s m ú s i c o s t o c a r a m a o
l o n go de 8 horas duran t e o d i a , e n q u a n t o o s o p e r á r i o s t r a b a l h a v a m n a o b r a . A
m ú sica adentrou a noite. P e s s o a s e n v o l v i d a s : o p e r á r i o s d a c o n s t r u ç ã o , c o n v i d a d o s
e v i zinhos do lote.

A d dress: Av.Barão de St u d a r t C i t y : F o r t a l e z a D a t e : M a r c h 2 6 , 2 0 0 8
C o l aborators: Musician s o f M i r e l l a H i p s t e r b a n d ( U i r á , R i c a r d o , L u i s a n d E d u a r d o )
S i t e features: resident i a l a r e a , w h e r e a s t a n d f o r s e l l i n g a p a r t m e n t s w a s b e i n g
b u i l t. Proposal: T he mu s i c i a n s p l a y e d d u r i n g 8 h o u r s , w h i l e t h e w o r k e r s w o r k e d o n
t h e construction. People i n v o l v e d : c o n s t r u c t i o n w o r k e r s , g u e s t s a n d n e i g h b o r s .
69

70

71

72

73

74

75

76

77

78

79

80
Título | Seminário| Title: Seminary |

Waléria Américo

Endereço: Av.Bar ã o d e A r a t a n h a / B a i r r o d e F á t i m a C i d a d e : F o r t a l e z a D a t a :
27 de março de 2 0 0 8 C o l a b o r a d o r e s : M a r i a n a S m i t h e L i a ( a r t i s t a s p l á s t i c a s )
C aracterísticas d o s í t i o : r e g i ã o c o m c o m é r c i o l o c a l , v e n d e d o r e s a m b u l a n t e s .
Proposta: seminá r i o n u m m o d e l o d i f e r e n t e , o n d e t o d o s s ã o o s p a l e s t r a n t e s .
Distribuímos diver s a s e s p r e g u i ç a d e i r a s e e s t e i r a s p e l o l o t e , u m m e g a f o n e e a s
moças do megafon e d e m a i ô - p l a c a d a n d o v o z p a r a q u e m q u i s e s s e f a l a r. P e s s o a s
envolvidas: Conv i d a m o s r e p r e s e n t a n t e s d o s g r u p o s q u e p a r t i c i p a r a m d a s a ç õ e s
nos lotes, profess o r e s e a l u n o s d a U n i f o r e d a U F C , a r ti s t a s , r e p r e s e n t a n t e s d a
prefeitura, jornalis t a s e v i z i n h o s d o l o t e .

Address: Av.Barã o d e A r a t a n h a / F á t i m a C i t y : F o r t a l e z a D a t e : M a r c h 2 7 , 2 0 0 8
Colaboratorss: M a r i a n a S m i t h a n d L i a ( a r t i s t s ) S i t e f e a t u r e s : r e g i o n w i t h l o c a l
commerce, street v e n d o r s . P r o p o s a l : a d i ff e r e n t k i n d o f s e m i n a r y. E v e r y b o d y i s
a speaker. We dist r i b u t e d c h a i r s i n t h e l o t . A m e g a p h o n e g a v e v o i c e t o t h o s e w h o
wanted to say so m e t h i n g . P e o p l e i n v o l v e d : We i n v i t e d r e p r e s e n t a t i v e s o f t h e
groups involved in t h e a c t i o n s o f Va c a n t L o t s , t e a c h e r s a n d s t u d e n t s o f t h e U F C a n d
Unifor, artists, rep r e s e n t a t i v e s o f c i t y h a l l , j o u r n a l i s t s a n d n e i g h b o r s o f t h e l o t .
79

80

81

� Title: Temporary Housing |


Título |� Moradia Temporária |
Waléria Américo

E n dereço: R. Leonardo M o t a / A l d e o t a . C i d a d e : F o r t a l e z a D a t a : m a r ç o d e 2 0 0 8
C o l aboradores: Júnior P i m e n t a ( a r t i s t a e e s t u d a n t e d e a r q u i t e t u r a ) , D e u s i m a r
E v a ngelista (o morador) , S r. A s s i s ( m e s t r e d e o b r a e a g r i c u l t o r ) Ca r a c t e r í s t i c a s d o
s í t i o: região nobre de Fo r t a l e z a , c o m e d i f í c i o s r e s i d e n c i a i s d e a l t o v a l o r n o m e r c a d o
i m o biliário. Proposta: C o n s e g u i m o s o e m p r é s t i m o d u r a n t e 1 5 di a s . N e s s e p e r í o d o ,
D e usimar, morador de r u a e e n g r a x a t e , e x - m o r a d o r d o P a r i b ú , u m a s d a s m a i o r e s
c o n centrações populaci o n a i s d o B r a s i l , p a s s o u a h a b i t a r o l o t e v a g o . F i z e m o s u m
a b r igo com lona esticad a c o m o c o b e r t u r a , u m a c a m a d o b r á v e l , c o l c h ã o , l a m p a r i n a s
e a lguns mantimentos. P a r a l e l a m e n t e , o m e s t r e d e o b r a d a f u t u r a c o n s t r u ç ã o , o
s r. Assis, faz cultivos n o m e s m o l o t e e n q u a n t o n ã o i n i c i a m a s o b r a s , p r e v i s t a s
p a r a dezembro deste an o . E l e p l a n t a m e l a n c i a , a b ó b o r a , f e i j ã o e p e p i n o . P e s s o a s
e n v olvidas: visitantes h a b i t a n t e s d o e n t o r n o , a r t i s t a s e j o r n a l i s t a s .

A d dress: R. Leonardo M o t a / A l d e o t a C i t y : F o r t a l e z a Da t e : M a r c h , 2 0 0 8
C o l aborators: Junior P i m e n t a ( a r t i s t a n d s t u d e n t o f a r c h i t e c t u r e ) , D e u s i m a r
E v a ngelista (the residen t ) , M r. A s s i s ( c o n s t r u c t i o n w o r k e r a n d f a r m e r ) S i t e f e a t u r e s :
n o b le region of Fortalez a , w i t h e x p e n s i v e r e s i d e n t i a l b u i l d i n g s . P r o p o s a l : D u r i n g
1 5 days, Deusimar, hom e l e s s a n d s h o e s h i n e r, l i v e d i n t h e v a c a n t l o t . We m a d e
a s helter with stretched c l o t h a s c e i l i n g , a f o l d i n g b e d , m a t t r e s s , l a m p s a n d s o m e
s u p plies. At the same tim e , M r. As s i s , r e s p o n s i b l e f o r t h e f u t u r e c o n s t r u c t i o n , p l a n t s
w a t ermelon, pumpkin, b e a n s a n d c u c u m b e r s . P e o p l e i n v o l v e d : t h e s u r r o u n d i n g
i n h abitants, artists and j o u r n a l i s t s .
79

80

81

82
Título | Pintura de Marinas |� Title: Painting of seascapes |

Waléria Américo

Endereço: Av.Raim u n d o G i r ã o / P r a i a d e I r a c e m a C i d a d e : F o r t a l e z a D a t a : 2 1 , 2 2
e 23 de março de 2 0 0 8 C o l a b o r a d o r e s : E d i R o c h a ( p i n t o r ) e E v e l i n e ( a r q u i t e t a )
C aracterísticas d o s í t i o : O l o t e é u m a n t i g o g a l p ã o s e m t e t o , p r ó x i m o à p r a i a d e
Iracema, local turís t i c o . P r o p o s t a : A t i v a m o s o l o t e c o m a u l a s d e p i n t u r a d e m a r i n a s
durante três dias. A p r o p o s i ç ã o p a r t i u d a i n i c i a t i v a d e E v e l i n e e m i n t e r m e d i a r o
lote de um parent e p a r a f a z e r a t i v i d a d e s c u l t u r a i s , c o n v i d a n d o d i v e r s o s a m i g o s
artistas. Pessoas e n v o l v i d a s : p a s s a n t e s d i v e r s o s .

Address: Av.Girão R a i m u n d o / I r a c e m a B e a c h C i t y : F o r t a le z a D a t e : M a r c h 2 1 , 2 2 ,
23, 2008 Contribu t o r s : E d i R o c h a ( p a i n t e r ) a n d E v e l i n e ( a r c h i t e c t ) S i t e f e a t u r e s :
Abandoned hangar w i t h o u t r o o f , n e a r I r a c e m a b e a c h , a t o u r i s t a t t r a c t i o n . P r o p o s a l :
We activated the lo t d u r i n g t h r e e d a y s t h r o u g h p a i n t i n g c l as s e s . Th e p r o p o s a l c a m e
from Eveline’s initi a t i v e . I n t e r m e d i a t i n g t h e l o t o f h e r r e l a t i v e s h e s u g g e s t e d c u l t u r a l
activities and invit e d s e v e r a l f r i e n d s a n d a r t i s t s . P e o p l e i n v o l v e d : p a s s e r s b y.
79

80

81

82

83

texto | Louise ganz |


TRANSLATIO N S

Vacant LOTS IN THE CITIES: proposALS FOR FREE USE

An urban lot. Re c t a n g u l a r f i e l d s , s q u a r e s w h i c h a r e f e n c e d , s u n n y,
quiet, colorful, flat, m o u n t a i n o u s , c o v e r e d w i t h y e l l o w a n d g r e e n g r a s s e s ,
shaded by mango tr e e s , c o v e r e d w i t h t h e r e m a i n s o f a d e m o l i s h e d
house, with pieces o f w o o d e n f l o o r s , w i t h r e d t i l e s , t i l e d w a l l s , a l l o v e r
the city. Fields delim i t e d f o r a n e x p e r i e n c e o f a b a n d o n m e n t , o f l e i s u r e
and production. The v a c a n t l o t i n a c i t y i s t h e p o t e n c y o f n e g l i g e n c e , o f
vagrancy, of non- vig i l a n c e , o f u n p l a n n e d a c t i o n s , m i n o r o ff e n s e s , o f n o n -
control and of lightne s s . T h e s e a r e p o s i t i v e a n d n o t p e j o r a t i v e p o t e n c i e s .
Small and open field s i n t h e c i t y w h e r e o n e c a n p r o d u c e a n d l i v e i n
a separate sphere; d i s t a n t f r o m s p e c u l a t i o n , f r o m h o m o g e n i z a t i o n o f
buildings and custom s a n d f r o m t h e e s t a b l i s h e d o r d e r of u r b a n p l a n n i n g .
Almost always b e t w e e n w a l l s , n e a r - b y a n d a c c e s s i b l e , t h e l o t s a r e
spaces with different q u a l i t i e s s u c h a s s h a d e o r s u n sh i n e , v e n t i l a t i o n ,
rich in vegetation, tre e s a n d g r a s s e s , m o r e o r l e s s w i l d , h a b i t a t o f b i r d s
and insects, protectio n a g a i n s t t h e n o i s e o f v e h i c l e s . A s m o s t o f t h e m a r e
gre en areas, vestige s o f a n i n i t i a l , u n t o u c h e d g e o g r a p h i c a l l a y e r, t h e y
reveal topographical, b o t a n i c a l a n d g e o l o g i c a l m e m o r i e s . I n a d d i t i o n t o
the spatial qualities, l o t s , b e c a u s e t h e y e x i s t i n a l m o s t a l l d i s t r i c t s o f t h e
city, are infiltrated in t h e u r b a n t e x t u r e a n d c a n b e i n c o r p o r a t e d b y p e o p l e
into their everyday li f e .

URUCUIA
During a random w a l k r e a l i z e d i n B e l o H o r i z o n t e , i n t h e n e i g h b o r h o o d
called Urucuia, I foun d a c o n s i d e r a b l e n u m b e r o f v a c a n t l o t s p l a n t e d w i t h
corn, beans, sunflow e r s , m a n d i o c , c h i v e s - f o r m i n g s m a l l m o n o c u l t u r e s .
These lots, borrowed o r r e n t e d b y t h o s e w h o l i k e t o p l a n t , c r e a t e d a
net work of food exch a n g e s a m o n g t h e p e o p l e i n t h e n e i g h b o r h o o d . F r o m
79

80 those existing s i t u a t i o n , i n w h i c h p e o p l e b e c o m e s p o n t a n e o u s l y l i n k e d ,
without pretendi n g t o g e n e r a t e a m o d e l o f s u s t a i n a b i l i t y o r a p o l i t i c i z e d
81
discourse, one c a n p e r c e i v e w a y s o f g e n e r a t i n g i n c o m e a n d w o r k , w a y s
82 of living togethe r, o c c u p a t i o n s a n d c o n f i g u r a t i o n o f u r b a n s p a c e a n d
also situations w h i c h r e v e a l t h e p e r s i s t e n c e o f g r e e n a r e a s , b r e a t h i n g
83
and coexistence . I n o t h e r w o r d s , a c i t y s h o w i n g a n u m b e r o f f a c t o r s t h a t
today are essen t i a l t o l a n d s c a p e , a r c h i t e c t u r e a n d a r t . T h e s e s i t u a t i o n s
84 are in fact micr o - p o l i t i c a l , p r o d u c i n g a l a n d s c a p e t h r o u g h t h i s k i n d o f
occupation of lo t s a n d c i r c u l a t i o n o f f o o d a n d p e o p l e .
texto | Louise ganz |

Observing an d r e f l e c t i n g o n t h a t e v e n t i n U r u c u i a , I s t a r t e d t o i m a g i n e
that the whole c i t y c o u l d b e i n v a d e d b y t h a t w a y o f l i f e a n d i n v e n t i o n
of the space. No t o n l y t h r o u g h u r b a n a g r i c u l t u r e , b u t a l s o w i t h e n d l e s s
possibilities of u s a g e t h a t w o u l d b e i n v e n t e d a c c o r d i n g t o t h e d e s i r e s
of each individu a l o r g r o u p . T h i n k i n g t h e c i t y n o t f r o m t h e b u i l d i n g s , b u t
from the empty s p a c e s , c o u l d t h e s e s p a c e s b e c o m e f r e e , o p e n a r e a s ,
like areas for br e a t h i n g , g r e e n s p a c e s w i t h v a r i o u s c o l l e c t i v e u s e s a n d
all together con s t i t u t e a n e w l a n d s c a p e ? C o n s i d e r i n g t h a t t h e r e a r e
vacant lots thro u g h o u t t h e c i t y o n e e n v i s i o n s t h e p o t e n t i a l o f t h a t o t h e r
city thought from t h e e m p t y s p a c e s , e s p e c i a l l y i n B e l o H o r i z o n t e w h e r e
there are over 7 0 t h o u s a n d v a c a n t l o t s - t h e e q u i v a l e n t o f 1 0 % o f p r i v a t e
properties in the m e t r o p o l i t a n a r e a .

Actions of experimental occupation in Vacant Lots


In 2005 an d 2 0 0 6 w e r e a l i z e d t h e p r o j e c t Va c a n t L o t s : c o l l e c t i v e
action of experim e n t a l u r b a n o c c u p a t i o n i n B e l o H o r i z o n t e , M i n a s G e r a i s ,
and in 2008 in F o r t a l e z a , C e a r á . W i t h t h e p a r t i c i p a t i o n o f g r o u p s o f
artists, architect s a n d m a n y o t h e r p e o p l e , t h e w o r k i n t e n d e d t o t r a n s f o r m
privately owned l o t s i n t o t e m p o r a r y p u b l i c s p a c e s . E a c h g r o u p o f a r t i s t s
searches for va c a n t l o t s i n t h e c i t y a n d n e g o t i a t e s i t s t e m p o r a r y l o a n
with the owners . A f t e r w a r d s , t h e g r o u p r e a l i z e s a c t i o n s i n t h e l o t s
establishing rela t i o n s t o t h e p l a c e s a n d t h e l o c a l i n h a b i t a n t s . T h e i d e a
is to temporarily a ff i r m p r i v a t e p r o p e r t y a s p u b l i c , o p e n t o e v e r y b o d y,
through proposi t i o n s o f u s a g e , m a k i n g t h e m a c c e s s i b l e o r b y k e e p i n g
them vacant.
Thus, Vaca n t L o t s p r o p o s e s t h e r e c o n f i g u r a t i o n o f u r b a n s p a c e ,
suggesting vario u s u s e s t h a t c a n t a k e p l a c e i n t h e s e l o t s . I t d e s t a b i l i z e s
the notions of pr i v a t e p r o p e r t y a n d a l l o w s w h a t e v e r p u b l i c t o p a r t i c i p a t e
actively in the p r o d u c t i o n o f s p a c e i n t h e c i t y. I t i n s t i g a t e s t h e p e o p l e ’s
desire to perfo r m v a r i o u s a u t o n o m o u s e x p e r i e n c e s . I t m a k e s t h e
intrinsically soc i o - p o l i t i c a l c h a r a c t e r o f t h e p r o p o s a l c l e a r. I t h a p p e n s i n
a micro scale, b e c a u s e p e o p l e b e g i n t o t h i n k a n d a c t i n t h e c i t y i n o t h e r
ways, perceiving t h e v a r i o u s p o s s i b i l i t i e s o f t r a n s f o r m a t i o n o f t h e p l a c e s
in which they liv e , a s v a c a n t l o t s a r e e v e r y w h e r e , i n a l l n e i g h b o r h o o d s .
79

PUBLIC? PRIVATE? 80
Historically, in We s t e r n c i t i e s , t h e r e h a v e b e e n s qu a r e s a n d p a r k s ,
81
planned spaces to b e o c c u p i e d b y t h e p u b l i c , w h i c h a r e d e s t i n e d t o
entertainment and sp e c t a c l e . I n s e v e r a l c i t i e s , t h e s e s p a c e s a r e s c a r c e 82
and distant from ever y d a y l i f e , w h i c h i m p l i e s d i s p l a c e m e n t s o f p e o p l e t o
83
be able to enjoy them . M o r e o v e r, t h e y o f t e n n e e d m a i n t e n a n c e , w h i c h i s
nor mally done by pub l i c a g e n c i e s , a n d i n c r e a s i n g l y m on i t o r i n g s y s t e m s . 84
They present archite c t u r a l p r o g r a m s , w h i c h d e f i n e b e ha v i o r a n d u s a g e ,
leaving few gaps fo r a f r e e , l e s s d e t e r m i n i s t i c , a p p r o p r i a t i o n ; i n t h e 85
case of squares, the y h a v e b e c o m e m o r e a n d m o r e i s o l a t e d d u e t o t h e
surrounding traffic. T h a t i s , t h e a r e a s d i r e c t e d t o w a r d s t h e p u b l i c a r e

texto | Louise ganz |


constantly farther, fe w e r a n d h a r d t o g e t t o .
Today one percei v e s a r e c o n f i g u r a t i o n o f t h e t r a d i t i o n a l m e a n i n g s o f
public and private, es p e c i a l l y w h e n o n e c o n s i d e r s t h e w e s t e r n c o u n t r i e s .
Per haps these histo r i c a l d e n o m i n a t i o n s d o n ’ t m a n a g e t o i n c l u d e t h e
various contemporar y p r a c t i c e s i n t h e c i t i e s . E v e n i f n o m i n a t e d p u b l i c ,
a space is often use d o r i n c o r p o r a t e d b y p e o p l e i n p r i v a t e w a y. T h e
activities or uses be g i n t o d e f i n e t h e d e g r e e o f p r i v a c y o r t h e p u b l i c
nature of the spaces. T h u s , t h e a c t i v i t i e s e n d u p b e i n g m o r e c r u c i a l t h a n
the existence of a pla c e d e s i g n e d a s a p u b l i c s p a c e . S om e c u l t u r e s d o n ’ t
need the existence o f p u b l i c a r e a s , a s i t i s t h e u s e t h a t o n e m a k e s o f
buildings or spaces th a t t u r n s t h e m p u b l i c o r p r i v a t e . I n S h a n g h a i , p e o p l e
play shuttlecock on s i d e w a l k s , e x t e n d c l o t h e s , c o o k , ha v e l u n c h , w a t c h
TV, play ping pong, o r w h a t e v e r ; t h e y d o n ’ t n e e d p a r k s a s g i v e n b y t h e
model of western cit i e s . T h e i n h a b i t a n t s p r o d u c e t h e t r a n s f o r m a t i o n o f
the places according t o t h e i r u s a g e .
�����������������������������������������������������������������������
Thus, the more ar e a s t h e r e a r e a v a i l a b l e , t h e m o r e p o s s i b i l i t i e s t h e r e
are to invent uses. I n B r a z i l , t h e c i t i e s a r e b u i l t a c c o r d i n g t o t h e m o d e l
‘parcels of land witho u t c o n s t r u c t i o n ’ , t h a t i s , t h e d i v i s i o n o f t h e l a n d i n t o
lots doesn’t imply an i m m e d i a t e c o n s t r u c t i o n . T h e l o t s - s t r e e t s , b l o c k s ,
sanitation and illumin a t i o n - a r e i m p l a n t e d , b u t p l a c e s a r e n o t i m m e d i a t e l y
inhabited and often i t t a k e s y e a r s f o r t h i s o c c u p a t i o n t o o c c u r. D u e t o
this model many lots r e m a i n e m p t y. I f o n o n e h a n d t h e r e i s a w a s t e o f
infrastructure, on the o t h e r t h e r e a r e r e m a i n i n g a r e a s o f r e s p i r a t i o n , o f
abandonment, like th e l o t s t h a t r e m a i n v a c a n t a n d a v a i l a b l e .

ANOTHER CITY superposed on squares, parks, streets,


buildings and CAR S
Avenues, viaducts , r o a d s , b u i l d i n g s , s o m e o p e n a r e a s a n d m a n y c a r s
- cities are often ari d a n d h o s t i l e . We i m a g i n e a n o t h e r c i t y b a s e d o n
this general picture; a c i t y t h a t i s f u l l o f v o i d s a n d a r e a s o f r e s p i r a t i o n ,
vegetation interruptin g s i d e w a l k s , g a r d e n s b e t w e e n b u i l d i n g s , o n t e r r a c e s
and flat roofs, fore s t s c r o s s i n g b l o c k s , s t r e e t s w i t h a q u a t i c a r e a s ,
79

80 canals with clea n w a t e r t o s w i m i n , l o t s f o r c a p t u r i n g r a i n w a t e r t o b e


distributed in th e c i t y a n d p a t h s o f g r a s s b e t w e e n b u i l d i n g s . A p o w e r f u l
81 and uncontrolled m i x t u r e o f c i t y a n d n a t u r e . T h i s w o u l d i m p l y a d i ff e r e n t
82 way of life, perh a p s m o r e f u n a n d m o r e e n j o y a b l e .
These ima g e s d o n ’ t r e f e r t o p l a n n i n g a n d p r o j e c t i n g n e w c i t i e s ,
83 but, acknowledg i n g w h a t i s g i v e n i n t h e e x i s t i n g s p a c e , t h e y i n t e n d
84 to problematize t h e c o n t i n u o u s r e p r o d u c t i o n o f t h e c u r r e n t m o d e s o f
occupation, con s t r u c t i o n a n d s p e c u l a t i o n , a n d p r o p o s e o t h e r w a y s o f
85 life. How to gene r a t e i n c o m e , m a r k e t , a n o t h e r e c o no m y a n d o t h e r e n e r g y
systems, other r e l a t i o n s h i p s b e t w e e n c i t y a n d n a t u r e i n t h e c i t i e s t h a t
86 already exist? I f t o d a y a v a c a n t l o t o n a b u s y c o r n e r, n e x t t o a l a r g e
shopping mall, i s a v a i l a b l e f o r f u t u r e c o n s t r u c t i o n w i t h i n t h e s t a n d a r d
principles of pro f i t , I w o n d e r i f w e c o u l d t h i n k o f a d e n s e i m p e n e t r a b l e
texto | Louise ganz |

forest in the sam e p l a c e . B e s i d e s t h e f o r e s t , w a t er c o l l e c t o r s a n d s o l a r


heaters that cou l d g e n e r a t e e n e r g y a n d s u p p l y t h e s h o p p i n g m a l l a n d
neighborhoods. A l i t t l e f a r t h e r, o n t h e s a m e b l o c k , t h e r e i s a n o t h e r
vacant lot where a p a s t u r e w o u l d b e p l a n t e d . B e t w e e n t h e w a l l s o f t h e
lots, inside the b l o c k s , w e w o u l d l e a v e p a s s a g e s o f v e g e t a t i o n f o r c o w s
to cross from on e l o t t o t h e o t h e r. B u t w e w o u l d n e e d t o g e n e r a t e n e w
marketing syste m s , e n v i r o n m e n t a l a n d e n e r g y s y s t e m s a n d m o d e s o f
management. A c o m p l e x j u n c t i o n o f i n t e r e s t s , w h i c h i n e v i t a b l y c a l l s f o r a
change in modes o f p r o d u c t i o n a n d w a y s o f c o h a b i t i n g .

MINIMAL and poetic P R O P O S A L S


In New Yor k , i n 1 9 6 5 , t h e a r t i s t A l a n S o n f i s t , p l a n t e d i n a v a c a n t
lot for the work e n t i t l e d Ti m e L a n d s c a p e . A f t e r y e a r s t h i s v e g e t a t i o n
became a dense a n d i m p e n e t r a b l e f o r e s t . �������������������������������
A plant reserve in a corner of
Manhattan.
Could tempor a r i l y o c c u p i e d v a c a n t l o t s b e t h e m i c r o - s c a l e e x p e r i e n c e
of another city, i n v e n t e d f r o m v o i d s , a n d c r e a t e n e w s p a c e s a n d w a y s
of living? Accor d i n g t o S o l à - M o r a l e s , t h e v a c a n t l o t h a s a n e v o c a t i v e
power on the pe r c e p t i o n o f t h e c o n t e m p o r a r y c i t y, a s i t e x p o s e s t h e l a c k
of use, of activit y, a t t h e s a m e t i m e a s i t s h o w s t h e m e a n i n g o f f r e e d o m
and expectation . We c a n t r a n s f o r m t h e l o t s t h r o u g h m i n i m a l a n d p o e t i c
actions into gar d e n s , i n t o m e e t i n g p l a c e s o r p l a c e s f o r o b s e r v a t i o n a n d
experimentation o f n a t u r e i n a n u r b a n m i c r o - s c a l e. O n e c a n r a i s e d a i r y
cows, extend cl o t h e s , p u t p l a s t i c p o o l s , r e a l i z e w e d d i n g s a n d p a r t i e s ,
have dinners, ba n q u e t s o r p i c n i c s , t h e r e c a n b e l i v i n g r o o m s , p l a c e s t o
watch TV and o n e c a n l i s t e n t o c r i c k e t s a n d b i r d s . T h e g a r d e n s c a n b e
of greenery, flo w e r s o r w i l d p l a n t s . T h e y c a n b e c o m p o s e d o f s p a c e s
to exchange pro d u c t s , p l a c e s t o r e s t a n d r e a d , t o o b s e r v e t h e s t a r s ,
places for pastu r e s o r f o r a c t i v i t i e s s u c h a s g a m es , b e a u t y p r o c e d u r e s
and small conce r t s . I f w e p u t h a m m o c k s i n a l o t n e a r t h e c o m m e r c i a l
district of a cit y, i t c a n b e c o m e t h e r e s t i n g p l a c e f o r w o r k e r s d u r i n g
79
lunchtime. Groups of p e o p l e c a n b r i n g l a w n c h a i r s a n d b o x e s w i t h b o o k s 80
and magazines and s p e n d t h e d a y r e a d i n g .
The propositions a r e e n d l e s s a n d d e p e n d o n t h e s u g g e s t i o n o f t h e 81
site, on the physical c h a r a c t e r i s t i c s o f t h e l o t , o n t h e a c t i v i t i e s o f t h e 82
surroundings and on t h e i n t e r e s t o f p e o p l e . T h e r e i s n o n e e d f o r m a j o r
changes, there shoul d b e j u s t e n o u g h t o c a t a l y z e a p r o c e s s o f o c c u p a t i o n 83
and pleasure. 84
If a lot has two man g o t r e e s a n d i s s h a d e d , i f o n t h e s tr e e t i n f r o n t i t a r e
a fruit seller, a hairdr e s s e r a n d s e v e r a l r e s i d e n t s , w h y n o t u s e t h e l o t a s 85
an extension, a garde n f o r m a s s a g e , r e l a x a t i o n a n d h a i r d r e s s i n g ? T h e s e 86
possible programs fo r v a c a n t l o t s m o v e a w a y f r o m s p e c t a c u l a r i z a t i o n ,
or, are not mediated b y t h e i m a g e . To d a y t h e r e a r e m a n y a r e a s s i m i l a r
to shopping centers, D i s n e y l a n d s , r e s o r t s , f u l l y m o n i t o r e d , w h e r e t h e
87
functions and desires a r e f i x e d a n d c o n t r o l l e d , a n d w h e r e o n e i s p r e s e n t e d

texto | Louise ganz |


with a false neoliber a l d i s c o u r s e o f s u s t a i n a b i l i t y. T h e y c o r r e s p o n d t o
privatization, elitizati o n , p r o p a g a t i o n o f f e a r a n d r e s t r i c t i o n o f c o l l e c t i v e
modes of urban life. I n v a c a n t l o t s , o n t h e c o n t r a r y, o n e c a n r e a l i z e
pro posals, which are p a r t o f e v e r y d a y l i f e a n d a r e m a d e b y t h e l o c a l
population. These pr o p o s a l s c a n b e e p h e m e r a l a n d p r e c a r i o u s a n d b u i l d
new ecologies and s y s t e m s . B e s i d e s b e i n g a f o r m o f r e s i s t a n c e t o a
society of control, the u t i l i z a t i o n o f v a c a n t l o t s i s a d e l i b e r a t e a c t i o n .
There are autono m o u s p r o p o s a l s t h a t r e f l e c t t h e d e s i r e o f g r o u p s o r
individuals without m u c h c h a n g e ; o n l y a f e w i n s e r t i o n s a r e s u ff i c i e n t t o
activate them. An alte r n a t i o n o f l o t s t h a t a r e a v a i l a b l e f o r t e m p o r a r y u s e ;
no permanent situatio n s , b u t a l w a y s a c t i v a t e l o t s i n d i ff e r e n t p a r t s o f t h e
city. Mobile occupatio n s t h a t g e n e r a t e a c y c l i c a l c i t y, s u c h a s s e a s o n a l i t y
in nature.

THINGS ONE CAN D O in vacant lots


1 - LIBRARy WITH BOX E S A N D Books from residents.
2 – RUG OF ORANGE S or other F R U I T s, covering the L O T, people
eating .
3 – RESTING S pace for donkeys and horses.
4 - E xcavations and heaps of earth F O R Ming
TO POGRAPHICAL FURNITURE FOR resting AND READING.
5 – open -air L iving R O O M S M A D E W I T H old and used furniture.
6 – D iverse C ultivation M I S C E L L A N E O U S ( Sunflowers, local plants,
vegetables).
7 - family parties (Birthdays, Baptisms, Marriages) .
8 - excavation of artesian well, various garden H oses enable
multiple uses.
9 - FIELDS FOR GAMES : S O C C E R , T E N N I S , shuttlecock, colored B A L L S .
1 0 - evening activities: M O V I E S , S H O W S W I T H L O C A L Artists, B A L L S ,
nightclubs.
11 – Televisions to watch soap operas, G A M E S , E T C .
1 2 - TEMPORARY autonomous M U S E U M , W I T H T H I N G S from the P E O P L E
79
of the PLACE.
80
13 - L unch spread out over the lot. Several Tables and chairs
81 brought from the H O M E S O F P E O P L E A N D F O O D M A D E B Y L O C A L cooks.
14 - FAIR for exchanges – each resident brings belongings he
82 wants to exchange.
15 – C arpets to contemplate T H E S K Y at night.
83
16 – C ollective clothes line.
84 17 - BEACHES MA D E of P L A S T I C swimming pools, S A N D , tents and
towels .
85 18 – B eauty parlor, Manicures, M assages.

86
ORDINARY LAND S C A P E
87 In 1921, a g r o u p o f d a d a i s t s o c c u p i e s a s i t e i n P a r i s l o c a t e d n e x t t o
a little noted chu r c h , Sa i n t - J u l i e n - l e - P a u v r e . T h i s t e r r a i n a p p e a r s t o b e
88 a rather banal a n d f a m i l i a r g a r d e n . T h e g r o u p r e m a i n e d t h e r e d u r i n g t h e
day, reading tex t s f r o m t h e d i c t i o n a r y a n d d i s t r i b u t in g o c c a s i o n a l l y s o m e
gifts to passersb y. E n t i t l e d Th e v i s i t , t h i s a c t i o n , w h i c h t h e y c o n s i d e r a s
texto | Louise ganz |

an urban ready-m a d e , a s s i g n s a n a e s t h e t i c v a l u e t o a s p a c e , r a t h e r t h a n
to an object.
In this action t h e d a d a i s t s a d o p t e d a n a t t i t u d e t h a t r e v e a l e d a c e r t a i n
type of space - a b a n a l , o r d i n a r y p l a c e , n o t o u r i s t a t t r a c t i o n ; a p l a c e w i t h
no historical or m o n u m e n t a l i m p o r t a n c e . T h e y a l s o a d o p t e d a n a t t i t u d e o f
exploration and d i s c o v e r y, w h i c h m a k e s t h e m f i n d r e a l i t i e s a n d s i t u a t i o n s
that are present i n a n y p a r t o f t h e c i t y. O n l y s q u a re s , p a r k s a n d f l o w e r -
beds, formally c o n s t r u c t e d a n d a u t h o r i z e d a s p u b l i c s p a c e s e x i s t a s
possibilities for t h e i n s t a l l a t i o n o f w o r k s o f a r t . U n t i l t h e n , t h e i d e a o f
public art was re l a t e d t o o r n a m e n t a t i o n a n d e m b el l i s h m e n t t h r o u g h t h e
installation of ar t i s t i c o b j e c t s i n o ff i c i a l s p a c e s .
In the post-w a r c o n t e x t , n i h i l i s m j u x t a p o s e d t o t h e m o d e r n i s t v i s i o n s
of reconstructio n , t h e d a d a i s t s a b o l i s h e d t h e i d e a o f i d e a l , p l a t o n i c
and utopian citie s . T h e y i n c o r p o r a t e t h e e x i s t i n g , t h e m o s t b a n a l o f t h e
existing. They d o n ’ t t r y t o p h y s i c a l l y t r a n s f o r m t h e p l a c e s , b u t t o t r y
to bring people o u t o f t h e i r h o m e s a n d o n t o t h e s t r e e t , s i m p l y t o s t a y
in the streets. T h e y d o n ’ t i n v i t e t o b e s p e c t a t o r o f a s p e c t a c l e o r e v e n
to take part in a p a r t i c i p a t o r y a t t i t u d e . T h e y p r o v o k e , o r p e r h a p s e v e n
less than that, j u s t i n v i t e t o o c c u p y t h e s t r e e t s . I f w e a s k o u r s e l v e s i f
they pretend to f o r m a n a u d i e n c e o r h a v e a p u b l i c f o r t h e i r a c t i o n s ,
we would say th a t t h e y d o n ’ t . T h e i r a c t i o n c o m m u n i c a t e s t o a c o m m o n
person; their des i r e s a r e t h e p o e t i c a n d p o l i t i c a l f o r c e s o f t r a n s f o r m a t i o n
or simply living e v e r y d a y l i f e a n d s p a c e . O c c u p y i n g a n d t r a n s f o r m i n g t h e
space with smal l d e l i g h t s c a n b e m u c h m o r e p o t e n t i n t o d a y ’s l i f e t h a n
installing beauti f u l a n d h u g e m o n u m e n t s i n t h e c i t y. T h e c o n s t r u c t i o n
of the landscap e i s m a d e b y m i c r o - p o l i t i c a l a c t i o n , p r o d u c i n g m i c r o -
alegrias 1 .
87
BEAUTY - hedonism
88
If we consider t h e u r b a n c h a o s , p o v e r t y, s l u m s , o p e n s e w a g e ,
diseases, traffic, ma j o r r o a d s , a b a n d o n e d i n f r a s t r u c t u r e , i n f o r m a t i o n
overload, pollution, la n d s l i d e s , d i s a s t e r s , t h e d i s p a r a t e a n d i n h o s p i t a b l e 89
outskirts, among ma n y o t h e r r e v o l t i n g i s s u e s , i t s e e m s i n c o n c e i v a b l e

texto | Louise ganz |


to speak of beauty a n d c o n t e m p l a t i o n o f a c i t y. I t w o u l d b e b e t t e r t o
deny any possibility o f e n c h a n t m e n t a n d p l e a s u r e , b y u s i n g a d i s t a n t a n d
structured discourse.
On the other hand , o n s o m e o c c a s i o n s , t h e c i t y i s t r e a t e d a s s c e n e r y.
Viewed like this as s o m e t h i n g s t a t i c , o n e s t a r t s f r o m c o n c e p t s s u c h a s
targets and landmark s t o u n d e r s t a n d a n d r e f o r m t h e c i t y. I n t h e s i x t i e s ,
city planners created m e t h o d s t h a t a s s o c i a t e d t h e p e r c e p t i o n a n d t h e
shape of objects and b u i l d i n g s t o c o n s t r u c t p e o p l e ’s m e n t a l i m a g e o f t h e
cities. Boasting with a s o c i a l d i s c o u r s e , s i n c e t h e s e s t u d i e s i n c o r p o r a t e d
any person, they soug h t t o c o n s t r u c t e a c h o n e ’s s p a c e of m e m o r y t h r o u g h
interviews. These me t h o d s s u m m a r i z e d t h i s k n o w l e d g e i n u r b a n m a p s ,
whi ch could be used f o r u r b a n r e g e n e r a t i o n .
Both, the ones w h o b e l i e v e i n t h e c i t y a s m o n u m e n t a n d t h e c i t y a s
scenery as well as th e o n e s w h o d e s p i s e a n y f o r m a l a pp r o a c h , a r e h e i r s
of a distanced discou r s e o f h u m a n e x p e r i e n c e , c o n s i d e r i n g b e a u t y a s a
fixed principle, inher e n t t o t h i n g s . O n o n e h a n d , s o m e w a n t t o b e a u t i f y
some stretches, and o t h e r s , a l r e a d y d i s i l l u s i o n e d , d e f e n d a d i s c o u r s e
that doesn’t permit a n y k i n d o f p l e a s u r e .
And if the city were n ’ t s e e n f r o m a n y o f t h e s e v i e w p o i n t s ? A n d i t w e r e n ’ t
taken as space of ve l o c i t y a n d i n f o r m a t i o n ? A n d i f c o n t e m p l a t i n g d i d n ’ t
only mean seeing, bu t i m p l i e d a n e x p e r i e n c e o f d i s i n t e r e s t e d l o o k i n g , n o t
seeking an explanatio n o r i n t e r p r e t a t i o n , b u t r a t h e r f a c i n g t h i n g s w i t h o u t
detachment? And if p e o p l e w o u l d s l o w d o w n t o l i v e t h e t i m e o f t h e i r o w n
absence and oblivion ? A n d i f b e a u t y w e r e n ’ t r e d u c e d t o a f i x e d p r i n c i p l e ?
So then, could one l i v e b e a u t y a n d p l e a s u r e l y i n g o n t h e g r a s s o f a n
abandoned square? A n d i f c l e a n i n g a l o t o f w a s t e a n d th r o w i n g s e e d s o f
various grasses was b e a u t i f u l a n d p l e a s a n t ?

1- ���������������������������������������������������������������������
Micro-Alegrias – M i c r o - d e l i g h t s - i s t h e t i t l e o f a t e x t w r i t t e n b y
Sté phane Huchet fo r t h e c a t a l o g u e o f t h e e x p o s i t i o n P e r c u r s o s ; t h e
exposition Percursos b y I n e s L i n k e e L o u i s e G a n z w a s h e l d i n P a l á c i o
das Artes, Belo Horiz o n t e , i n 2 0 0 7 .
87

88 100m2 [grass]: account of an experience of


occupation in a lot
89
100M² was r e a l i z e d i n a l o t o f 5 0 0 m ² , l o c a t e d i n t h e s o u t h e r n
90 part of the city, i n a n e i g h b o r h o o d w h e r e t h e r e a r e h o s p i t a l s , c l i n i c s ,
restaurants and c a f e t e r i a s , s c h o o l s , r e h a b i l i t a t i o n c e n t e r s a n d s o m e
texto | Louise ganz |

residences. We f o u n d t h e o w n e r t h r o u g h t h e i n d i c a t i o n o f n e i g h b o r s .
After a few meet i n g s , h e b e c a m e i n t e r e s t e d a n d w e m a d e a n a g r e e m e n t :
we negotiated t o b o r r o w t h e l o t f o r t h r e e m o n t h s a n d h e m a d e a
contract, which w a s s i g n e d b y b o t h p a r t i e s .
To use priv a t e l y o w n e d l o t s w e a l w a y s n e g o t ia t e t h e l o a n , w h i c h
implies an agre e m e n t b e t w e e n t h e p e o p l e w h o w a n t t o m a k e a n
occupation and t h e o w n e r s . S o m e t i m e s t h e p r o p o s e d u s e o f t h e l o t
arises the fear o f l o s i n g t h e l a n d . W h a t u s u a l l y l e a d s t o a n a g r e e m e n t
is the owner ’s i n t e r e s t i n s o m e v i s i b i l i t y f o r a f u t u r e u n d e r t a k i n g o r
in cleaning the l o t o r t h e f a c t t h a t h e c o n s i d e r s i t a g o o d i d e a o r
simply his being i n d i ff e r e n t , t h i n k i n g t h a t “ i t w o n ’ t d o a n y h a r m ” . I n
any case, a mu t u a l t r u s t , a c e r t a i n c o m m i t m e n t , b e t w e e n t h e p a r t i e s
is necessary.
In the lot we h a d b o r r o w e d t h e r e w e r e f o u n d a t i o n s o f a n a b a n d o n e d
construction in r u i n s . T h e l o t h a d b e e n o p e n f o r t h e l a s t s e v e n y e a r s
and was full of g a r b a g e , w i t h p u d d l e s o f d i r t y w a t e r. T h e r e h a d b e e n
constant compla i n t s f r o m n e i g h b o r s d e n o u n c i n g t h e l o t t o c i t y h a l l a n d
various fines. Ta l k i n g t o u s , t h e o w n e r g o t q u i c k l y i n t e r e s t e d , s e e i n g a
possibility for th e c l e a n i n g o f t h e l o t , i t s a c t i v a t i o n a n d t h e r e f o r e t h e
receiving of no f u r t h e r f i n e s .
So we sta r t e d t o m e e t w i t h s o m e o f t h e n e i g h b o r s o f t h e l o t ,
especially with A n d r é i a , a r e s i d e n t f r o m t h e n e x t - do o r b u i l d i n g , t o t a l k
and get acquain t e d w i t h t h e p l a c e . S h e h a d b e e n c o m p l a i n i n g t o t h e
mayor about the n e g l i g e n c e o f t h e o w n e r o f t h a t l o t f o r t h e l a s t s e v e n
years. She show e d u s h e r d o s s i e r o f c o m p l a i n t s , w i t h p h o t o g r a p h s
taken from her w i n d o w, y e a r a f t e r y e a r, l e t t e r s , n e w s p a p e r c l i p p i n g s ,
etc. As soon as s h e h a d h e r f i r s t m e e t i n g w i t h u s sh e g o t i n t e r e s t e d i n
doing something t h e r e . A c o n j u n c t i o n o f c o i n c i d i n g i n t e r e s t s c o n n e c t e d
us.
We had thoug h t o f d i ff e r e n t p r o p o s a l s f o r t h e u s a g e o f t h e l o t b e f o r e
we decided for t h e p l a n t a t i o n . I n t h e c o u r s e o f a f e w d a y s , 1 0 0 m ² o f
grass were plan t e d , i n v o l v i n g n e i g h b o r s , f r i e n d s a n d p a s s e r s b y.
On the first day o f w o r k , t e n e m p l o y e e s o f S L U ( S u p e r i n t e n d e n c e o f
Urban Cleansing ) c a m e t o c l e a n t h e w e e d s a n d g a rb a g e . T h i s c l e a n i n g
was negotiated w i t h t h e m a y o r o f B e l o H o r i z o n t e , w h o a s k e d u s t o a
meeting in his o ff i c e a f t e r h e h a d s e e n t h e p r o j e c t Va c a n t L o t s i n t h e
newspapers and o n T V. We p r e s e n t e d o u r p r o p o s a l f o r a r e d u c t i o n o r
87

elimination of a prope r t y t a x – I P T U - d u r i n g t h e t i m e i n wh i c h t h e l o t s w e r e 88
being lent by the own e r s a n d w e r e m a d e p u b l i c . T h e r e w a s n o a g r e e m e n t
in r egard to the IPTU , b u t w e n e g o t i a t e d t h e u r b a n c l e a n s i n g s e r v i c e s o f 89

the lots that were le n t f o r a t l e a s t t w o m o n t h s . T h e p r o j e c t 1 0 0 M ² w a s


90
included in this case d u e t o i t s d u r a t i o n a n d s o , i t w a s c l e a n e d .
We also negotiat e d t h e d o n a t i o n o f 1 0 0 m ² o f g r a s s w i t h a c o m p a n y
pro ducing slabs of gr a s s . I n r e t u r n w e s h o u l d p u t i t s l o g o o n a b a n n e r, 91
whi ch was installed o n o n e o f t h e w a l l s o f t h e l o t . T h e y d e l i v e r e d t h e

texto | Louise ganz |


gra ss on a tuesday m o r n i n g . T h e t r u c k a r r i v e d a t 8 : 3 0 a . m . I w a s t h e r e
to receive it, togethe r w i t h C h a r l e s - a c a r w a s h e r o f t h a t s t r e e t . I c a l l e d
Andréia to come dow n t o t h e l o t .
That tuesday we e x c a v a t e d b e t w e e n t h e c o n c r e t e s t r u c t u r e s a n d f o u n d
bur ied things under a t h i n a n d w e a t h e r e d l a y e r o f c e m e n t : s a n d , s t o n e s ,
gar bage, and weeds. We m o v e d t h e s e m a t e r i a l s t o v a r i o u s a r e a s w i t h i n
the lot, forming smal l f i e l d s o f s a n d , t r a n s f e r r i n g f l o w e rs a n d c o n s e r v i n g
the weeds. We filled h o l e s w i t h s t o n e s , g a r b a g e a n d c o v e r e d t h e m w i t h
layers of earth, form i n g u n d u l a t i o n s c o v e r e d w i t h g r a s s . A t r u c k d r i v e r
stopped by offering t h e e a r t h , w h i c h h e w a s t a k i n g t o a d u m p . I t w a s
exactly what we nee d e d - r e d e a r t h t o p l a n t t h e g r a s s . We s p r e a d t h a t
ear th between the str u c t u r e s . I t w a s a d a y o f q u i c k d e c i s i o n s o n h o w a n d
where to use these m a t e r i a l s . A m a n , w h o s e n a m e w a s N a t a l , a s k e d i f
there was any job for h i m . H e l i v e d a f e w b l o c k s f r o m t h e r e a n d w a s a c a r
washer on the weeke n d s . N e w c o i n c i d i n g l i n e s .
There were man y c o n v e r s a t i o n s , m a n i f e s t a t i o n s o f i n t e r e s t o f t h e
neighborhood and dis p l a y s o f a ff e c t i o n t h a t h a p p e n e d d u r i n g t h e f o l l o w i n g
days while we were w o r k i n g i n t h e p l a c e : n e i g h b o r s s e r v i n g w a t e r, a
bakery offering sand w i c h e s a n d s o f t d r i n k s , t e a c h e r s o f a k i n d e r g a r t e n
located across the s t r e e t p l a n n i n g t h e p l a n t i n g o f f l o w e r s a n d g r e e n e r y
with the parents and c h i l d r e n , C h a r l e s t r a n s f o r m i n g a pa r t o f t h e l o t i n t o
a carwash. Througho u t t h e w e e k A n d r é i a c a m e d o w n f r o m h e r a p a r t m e n t
to water the grass.
On the next satur d a y w e b r o u g h t a p l a s t i c s w i m m i n g p o o l , a g r i l l a n d
a sunshade. It was a d a y f o r r e s t . S e v e r a l c h i l d r e n h a d f u n c l e a n i n g p a r t s
of the lot, experiencin g l a y i n g o n t h e u n d u l a t i o n s o f g r a s s , c a r r y i n g a f e w
slabs of grass that s t i l l h a d t o b e p l a n t e d , o r t r a n s p l a n t i n g f l o w e r s f r o m
their place to make fl o w e r b e d s a n d p l a n t i n g p u m p k i n s e e d s .
The whole proce s s w a s a c o n s t r u c t i o n o f s i t u a t i o n s . T h e a e s t h e t i c
experience was part o f t h e w h o l e p r o c e s s , w h i c h i n v o l v e d t h e c o n n e c t i o n
of the action, people, ‘ t h e p u b l i c ’ a n d t h e s p a c e . S p o n t a n e o u s l y, a ff e c t i v e
bonds between peop l e a n d p l a c e w e r e f o r m e d . D e t a c h m e n t a n d d e s i r e s
were revealed. Coinc i d i n g f o r c e s a p p e a r e d t h a t a c t e d a s t r a n s f o r m e r s i n
everyday life.
87

88
The 100m² o f g r a s s w e r e t h e a c t i v a t o r o f t h e p l a c e . T h e o t h e r 4 0 0 m ²
remained availa b l e t o b e i n c o r p o r a t e d b y p e o p l e a c c o r d i n g t o t h e i r
89 own interests a n d d e s i r e s . We b e l i e v e t h a t a c t i v a t i n g a 1 0 0 m ² m e a n s
90
activating the w h o l e l o t , b e c a u s e i t s h o w s t h e e x i st e n c e o f p o s s i b i l i t i e s .
100M² also exce e d e d t h e b o u n d a r i e s o f t h e l o t b e c a u s e i t t r i g g e r s t h e
91 activation of a n e t w o r k t h a t i n s t a l l s i t s e l f i n t h e l o t ( b e t w e e n n e i g h b o r s
and passersby), a s w e l l a s i n t h e c i t y. O t h e r l o t s a r e p o t e n t i a l l y w a i t i n g
92 to be activated. T h i s i n v o l v e s t h e i d e a t h a t a n y o n e c a n a c t i v a t e l o t s ,
and that there i s n o n e e d f o r t h e i n i t i a t i v e o f t h e a r t i s t s . A c c o r d i n g t o
texto | Louise ganz |

Guy Debord in T h e So c i e t y o f t h e Sp e c t a c l e ( 1 9 6 7 ) , t h e c o n s t r u c t i o n o f
situations begin s a f t e r t h e m o d e r n c o l l a p s e o f t h e n o t i o n o f s p e c t a c l e .
“(...) The situati o n i s c r e a t e d t o b e l i v e d b y i t s c o n s t r u c t o r s . T h e r o l e o f
the passive or f i g u r a t i v e ‘ p u b l i c ’ s h o u l d d i m i n i s h co n s t a n t l y, i n c r e a s i n g ,
on the other ha n d , t h e p o r t i o n t h a t s h o u l d n o t b e c a l l e d a c t o r s , b u t
people alive”
Modernism h a s l e f t u s a l e g a c y o f b e h a v i o r a n d o f s p a c e s t h a t d i v i d e s
life into function s o f h o u s i n g , w o r k , e n t e r t a i n m e n t a n d c i r c u l a t i o n . E a c h
function as a s p e c i f i c m o m e n t , w i t h o u t m i x t u r e s b e t w e e n w o r k a n d
entertainment, c i r c u l a t i o n a n d e n t e r t a i n m e n t , h o u s i n g a n d w o r k , a n d s o
on. Domesticate d s p a c e s , w h e r e e v e r y t h i n g i s p l a n n e d , a l l f e e l i n g s a r e
predetermined, a n d w h e r e t h e r e a r e “ r e s e r v e s f o r t h e f u n . ” D e b o r d e x p l a i n s
that real life in t h e s o c i e t y o f t h e s p e c t a c l e i s p o o r a n d f r a g m e n t e d , a n d
that individuals a r e o b l i g e d t o o b s e r v e a n d p a s s i v e l y c o n s u m e i m a g e s
of everything th e y l a c k i n t h e i r r e a l e x i s t e n c e . O n t h e c o n t r a r y t o t h i s
condition, leisur e h e r e i s n o t d o m e s t i c a t e d , i s n o t c o n t r o l l e d , i t i s n o t
unproductive. We p r o p o s e t h e s u p e r p o s i t i o n o f e v e n t s a n d s p a c e s , w h i c h
enlarges our life e x p e r i e n c e .
The project 1 0 0 M 2 r a i s e s s o m e i s s u e s : t h e v a c a n t l o t i s a p l a c e f o r
leisure. The pe r s o n t h a t w a s a s p e c t a t o r b e c o m e s a n i n t e g r a t e d a n d
activating subjec t . T h e p e r s o n t h a t w a s p a r t o f a n a u d i e n c e d o e s n ’ t s e e
himself in the ro l e o f t h e s p e c t a t o r b e c a u s e h e i s n ’ t o ff e r e d t h a t d i s t a n c e .
It is not a work t o b e v i s i t e d ; i t i s a s i t u a t i o n t o b e l i v e d a n d c o n s t r u c t e d .
It is also not a p l a c e o f p a r t i c i p a t i o n a s p e r c e i v e d b y t h e a r t s , b e c a u s e
there is no artwo r k . O n e j u s t l i v e s o r a c t s a c c o r d i n g t o o n e s o w n d e s i r e s .
Thus in the work o f Va c a n t L o t s i t i s t h e c a s e t h a t w e a r e p r o p o s e r s a n d
not only a resist a n c e t o t h e s y s t e m o r a n a r t i s t i c pr o v o c a t i o n .
89

VACA N T L O T S : T HE INTEGRATED IMPROPRIETY 90

Since the mid-ni n e t i e s , t h e o r i s t s a n d c r i t i c s h a v e b e g u n t o e x a m i n e 91

the artistic practices t h a t , i n m a n y p a r t s o f t h e w o r l d , c o n c e d e e m p h a s i s


92
to the situation in wh i c h t h e y i n s c r i b e t h e m s e l v e s a n d t h a t o p e r a t e w i t h i n
the sensitivity of soc i a l r e l a t i o n s h i p s a n d i n t e r f e r e i n t h e d y n a m i c s o f t h e
situation. In this mov e m e n t , t h e a r t i s t o f t e n b e c o m e s a s o c i a l m e d i a t o r, 93
whi ch temporarily act i v a t e s t h e a c t o f l i v i n g t o g e t h e r, o r a n e t h n o g r a p h e r
of small strategies of t e r r i t o r i a l i z a t i o n . I n o t h e r c a s e s , t he a r t i s t i n t e r f e r e s
in small tactics of ha b i t a t , a s F o u c a u l t w o u l d s a y, o r p ro v o k e s r a p i d a n d
disturbing situations, s m a l l n o i s e s i n u r b a n e n t r o p y, d i s l o c a t i n g , e v e n

texto | MARISA FLÓRIDO |


momentarily, practice s a n d c u l t u r a l h a b i t s o f d i ff e r e n t s o c i a l g r o u p s
that dominate or mo v e i n a g i v e n t e r r i t o r y. U n d e r t h e n a m e s o f u r b a n
intervention, particip a t o r y a r t , c o l l a b o r a t i o n , a r t c ol l e c t i v e s , a m o n g
others, relational and c o n t e x t u a l p r a c t i c e s a r e t h e f o c us o f a t h e o r e t i c a l
debate that celebrate s a s w e l l a s s t r o n g l y c r i t i c i z e s t h es e p r a c t i c e s 1 .
Vacant Lots, a pr o j e c t i d e a l i z e d b y L o u i s e G a n z a n d B r e n o S i l v a , i s
par t of that type of ar t i s t i c p r a c t i c e i n w h i c h t h e n e g o t i a t i o n h a s b e c o m e a
key element, but whic h a l s o , f a r f r o m s h a p i n g s o c i a l r e l a t i o n s h i p s , s u b t l y
interferes in the rela t i o n s o f o w n e r s h i p a n d u s e : “ r e t ur n i n g t o c o m m o n
usage that, which wa s u n a v a i l a b l e t h r o u g h p r o p e r t y. ” I t r e a l i z e s - o r a t
least tries, even if br i e f l y - w h a t G i o r g i o A g a m b e n c a l l e d “ p r o f a n a t i o n o f
the unprofanable,” th e p r o f a n a t i o n o f c a p i t a l i s m .

G od isn’t dead, but was incorporated into T H E D E S T I N Y O F


MANKIND
In an interesting te x t , A g a m b e n t e l l s u s t h a t R e l e g e r e i s t h e e t y m o l o g y
of the word religion, a n d n o t r e l i g a r e , a s i t i s c o m m o n l y s t a t e d . R e l i g i o
therefore presumes a n a c t o f r e r e a d i n g : i t i s n o t t h a t w h i c h j o i n s , b u t
rather something “wh i c h h i d e s t o s t a y s e p a r a t e ” , r e s p e c t a n d c a r e w i t h
the separation of the s a c r e d a n d t h e p r o f a n e . L i k e t h i s , r e l i g i o n i s a n
idea “which subtracts t h i n g s , p l a c e s a n d p e o p l e , t r a n s f e r r i n g t h e m t o t h e
sphere of the sacred. ” 2
The Roman juri s t s , s a y s A g a m b e n , q u e s t i o n e d p r o f a n a t i o n i n t h i s
way: if sanctifying an d d e v o t i n g w o u l d s u p p o s e e n t e r i n g t h e d i v i n e s p h e r e
- because what belo n g e d t o a g o d , w o u l d b e i n a c c e s s i b l e - w h a t c o u l d
pro faning mean? “In i t s r i g h t m e a n i n g , ” r e p l i e d t h e j u r i s t Tr e b a t i u s , “ i t i s
the profane, separate d f r o m t h e s a c r e d a n d r e l i g i o u s , w h i c h i s r e t u r n e d
to the usage and ow n e r s h i p o f m a n k i n d . 3 ” B e t w e e n t h e t w o s p h e r e s ,
the sacred and the p r o f a n e , t h e r e a r e d e v i c e s t h a t p er m i t t h e p a s s a g e
and communication a n d a l s o o p e r a t e a n d r e g u l a t e t h e s e p a r a t i o n t o
ensure their distance , l i k e i n t h e c a s e o f t h e r i t e s a n d s a c r i f i c e s . T h e r e
is no religion withou t s e p a r a t i o n a n d a l l s e p a r a t i o n c o n t a i n s o r r e t a i n s
something religious.
89

90
“God is not d e a d , b u t w a s i n c o r p o r a t e d i n t o t h e d e s t i n y o f m a n k i n d .
4
” Agamben has t a k e n t h i s q u o t a t i o n f r o m o n e o f Wa l t e r B e n j a m i n ’s
91 posthumous frag m e n t s : C a p i t a l i s m a s r e l i g i o n . F o r B e n j a m i n , c a p i t a l i s m
92
is a religious p h e n o m e n o n t h a t h a s d e v e l o p e d f r o m C h r i s t i a n i t y a s
religion of worsh i p , n o t f r o m a s e c u l a r i z a t i o n o f t h e P r o t e s t a n t f a i t h a s
93 claimed by Web e r. A s c e l e b r a t i o n o f a p e r m a n e n t w o r s h i p , c a p i t a l i s m i s
not directed tow a r d t h e r e d e m p t i o n o f g u i l t , b u t i t i s t h e g u i l t i t s e l f t h a t
94 makes it univer s a l a n d c a p t u r e s G o d i n t h e g u i l t y c o n s c i e n t i o u s n e s s .
Guilt without re d e m p t i o n o r e x p i a t i o n , a s a “ m o n s t r o u s c o n s c i e n c e . ”
texto | MARISA FLÓRIDO |

Capitalism does n ’ t s e e k t h e t r a n s f o r m a t i o n o f t h e w o r l d , b u t i t s d e s p a i r :
capitalism is the “ r e l i g i o n o f d e s p a i r. ”
According to B e n j a m i n ’s r e f l e c t i o n s , A g a m b e n c o nc l u d e s t h a t c a p i t a l i s m
generalizes and c o m p l e t e s t h e s t r u c t u r e o f s e p a r a t i o n t h a t c h a r a c t e r i z e s
religion. There i s a s i n g l e , p e r m a n e n t a n d t i r e l e s s p r o c e s s o f w o r s h i p :
capitalism is the p u r e f o r m o f s e p a r a t i o n , w i t h o u t a n y t h i n g t o s e p a r a t e ,
an empty and tot a l c o n s e c r a t i o n . I f t h e s e p a r a t i o n i n m e r c h a n d i s e i s p a r t
of the form of th e o b j e c t t h a t i s s e p a r a t e d i n u s e a n d e x c h a n g e v a l u e s
to become an in a p p r e h e n s i v e f e t i s h ; i n t h e s a m e w a y, “ e v e r y t h i n g t h a t i s
done, produced o r l i v e d f r o m n o w o n ( t h e h u m a n b o d y, s e x u a l i t y a n d a l s o
language) is sep a r a t e d f r o m i t s e l f a n d t r a n s f e r r e d t o a d i s t i n c t s p h e r e
that doesn’t defi n e a n y m o r e a n y s u b s t a n t i a l d i v i s i o n a n d w h e r e a n y u s e
becomes imposs i b l e . T h i s i s t h e s p h e r e o f c o n s u m p t i o n . �5 ”
Like the au t h o r p e r c e i v e s , a l m o s t p r o p h e t i c a ll y, J o h n X X I I d e f i n e d
in 13th century t h a t u s e a n d o w n e r s h i p a r e d i ff e r e n t b e c a u s e p r o p e r t y
engenders the a c t o f c o n s u m p t i o n o f g o o d s , t h a s i s , t h e i r d e s t r u c t i o n ,
their non-use ( a b u s u s ) . U s a g e , i n t u r n , r e q u i r e s t h a t “ t h e s u b s t a n c e o f
the object remai n s i n t a c t , ” w h i l e “ c o n s u m p t i o n , i n th e a c t o f i t s e x e r c i s e ,
is already past o r f u t u r e a n d o n e c o u l d n ’ t s a y w h e t h e r i t e x i s t s i n n a t u r e ,
but only in mem o r y a n d e x p e c t a n c y. I t i s b e c a u se i t w o u l d o n l y k n o w
to be owned at t h e t i m e o f i t s d i s a p p e a r a n c e ” 6 . T h i s t h e o l o g i c a l c a n o n
would end up be i n g t h e p a r a d i g m o f t h e c o n s u m e r s o c i e t y t h a t w o u l d b e
established cent u r i e s l a t e r.
If the extrem e s t a g e o f c a p i t a l i s m , s t i l l a c c o r d i n g t o t h e p h i l o s o p h e r,
is the spectacle , w h e r e e v e r y t h i n g i s d i s p l a y e d a s s e p a r a t e f r o m i t s e l f ,
spectacle and c o n s u m p t i o n a r e t w o s i d e s o f t h e s a m e i m p o s s i b i l i t y o f
use.
However, t h e d i v i n e d i s t a n c e t r a n s f o r m e d i n t o s e p a r a t i o n o f
consumption sou n d s q u i t e s i m i l a r t o w h a t i s e x p r e s s e d i n G u y D e b o r d ’s
aphorism 167: “ t h e s o c i e t y, w h i c h r e m o v e s t h e g e o g r a p h i c d i s t a n c e ,
retreats inside t h e d i s t a n c e a s s p e c t a c u l a r s e p ar a t i o n . 7 ” G u y D e b o r d
conceived what h e c a l l e d t h e s o c i e t y o f s p e c t a c l e , a f t e r s h o w i n g t h a t t h e
capital, reaching s u c h a d e g r e e o f a c c u m u l a t i o n , w o u l d b e c o m e i m a g e 8 ,
occupying and in v a d i n g t h e s o c i a l l i f e . T h e p u b l i c s p h e r e t h u s b e c o m e s
the domain of t h e o p e r a t i o n s o f t h e c a p i t a l . “ T h e s p e c t a c l e i s n o t t h e
set of images, b u t a s o c i a l r e l a t i o n s h i p b e t w e e n p e o p l e , m e d i a t e d b y
images. �9 “
89
Agamben deduce s t h a t , i n p r e s e n t t i m e , t h e w h o l e w o r l d t r a n s f o r m s 90
into a huge museum. B u t t h e m u s e u m , t o h i m , i s n ’ t e x a ct l y a p l a c e ; i t i s a
dimension that accum u l a t e s t h e i m p o s s i b i l i t y o f u s e . T h e s p i r i t u a l p o w e r s 91
that define the exist e n c e o f m a n k i n d : a r t , r e l i g i o n , p o l i t i c s , p h i l o s o p h y 92
and nature were withd r a w n f o r t h i s s e p a r a t e d i m e n s i o n . I t i s t h e e x h i b i t i o n
of the impossibility o f u s e , o f h a b i t a t a n d o f e x p e r i e n c e : t h e m u s e u m 93
corresponds to the t e m p l e a s a p l a c e o f s a c r i f i c e . T h a t ’s w h y t o u r i s m
today is the cult an d t h e c e n t r a l a l t a r o f t h e c a p i t a l i s t r e l i g i o n , s a y s 94

the author. If former l y f o l l o w e r s a n d p i l g r i m s p a r t i c i p a t e d i n a s a c r i f i c e


that separated the vic t i m f r o m t h e s a c r e d s p h e r e a n d t h u s r e - e s t a b l i s h e d 95
the relationship betw e e n t h e d i v i n e a n d h u m a n , p r e s e n t l y t h e “ t o u r i s t s

texto | MARISA FLÓRIDO |


celebrate a sacrifici a l a c t c o n c e r n i n g t h e i r o w n p e r s o n : a d i s t r e s s i n g
experience of the des t r u c t i o n o f a n y p o s s i b l e u s e ” 10 .
How does one f a c e t h i s s i t u a t i o n ? “ P r o f a n i n g t h e u n p r o f a n a b l e , ”
concludes the author, p r a c t i c i n g t h e d i ff i c u l t t a s k ( p o l i t i c s ! ) o f r e t u r n i n g
what was separated i n t h e s p h e r e o f c o n s u m p t i o n a n d s p e c t a c l e t o i t s
common use.

PROFANing the unprofanable


If capitalism ge n e r a l i z e s a n d r e a l i z e s t h e p u r e f o r m o f s e p a r a t i o n
that characterizes re l i g i o n , w i t h o u t h a v i n g a n y t h i n g to s e p a r a t e . . . I f
consumerism is the p u r e d i s t a n c e o f t h i s a b s o l u t e i m p os s i b i l i t y o f u s a g e
... If the spectacle is t h e e x h i b i t i o n o f t h e o b j e c t w i t ho u t s e p a r a t e u s e
... If property differ s f r o m u s a g e b e c a u s e i t r e s u l t s f r o m t h e a c t o f
consumption of objec t s a n d , t h e r e f o r e , i n i t s d e s t r u c t i o n . . . I f c a p i t a l i s m
doesn’t seek the tra n s f o r m a t i o n o f t h e w o r l d , b u t i t s d e s t r u c t i o n . . . I f
pro faning the unprof a n a b l e p r e s u m e s t h a t o n e d i s a b l e s p o w e r d e v i c e s
so as to restore the s p a c e s t h a t w e r e c o n f i s c a t e d t o t h e c o m m o n u s e . . .
How can one do this, i f n o t b y i n v e n t i n g n e w d i m e n s i o n s f o r u s a g e , w h i c h
go hand in hand wit h t h e d e v i c e s a n d t h e i r e n d l e s s g a m e s o f p o w e r,
as Agamben would s a y ? P e r h a p s i t i s a n i m p o s s i b l e t a s k . A f t e r a l l , t h e
capital is chameleoni a n a n d i n f i l t r a t i n g , e ff i c i e n t i n c a p t u r i n g t h e o p p o s i n g
behaviors, turning the m i n t o c o m m o d i t y a n d s p e c t a c l e . W h a t i s t h e p o w e r
of art to avoid instrum e n t a l i z a t i o n , i n c l u s i o n a n d c o n t r ol ?
The proposition o f Va c a n t L o t s : “ u n - p r i v a t i z e t e m p o r a r i l y t o r e s t o r e
to common usage wh a t w a s u n a v a i l a b l e b e f o r e d u e t o p r o p e r t y ” 11 . T h e
pro ject opens private l o t s , w h i c h a r e v a c a n t t o d a y, t o c o m m o n u s a g e f o r
a s hort period. Thus , v a r i o u s t y p e s o f o c c u p a t i o n a r e p r o p o s e d , w h i c h
admit the use by the p o p u l a t i o n , a s l o n g a s t h e o w n e r s a l l o w.

“One could i m a g i n e a c i t y t h a t h a s i t s v a c a n t l o t s b e i n g u s e d
as tempora r y p u b l i c s p a c e s , c r e a t i n g a n u r b a n d y n a m i c ; t o d a y
these, tomo r r o w t h o s e a n d s o o n . T h i s i s t h e i m a g e o f a c i t y
89

90 full of t e m p o r a r i l y u s e d s p a c e s , a c i t y t h a t i s c h a n g i n g a s i n a
cyclica l , s e a s o n a l p r o c e s s . T h e r e c o u l d b e l o t s w i t h c o w s , w i t h
91 swimm i n g p o o l s , w i t h l i v i n g r o o m s , w i t h c l o t h e s h a n g i n g o u t ,
92 with fl o w e r s , a l t a r s f o r w e d d i n g s , s m a l l f o r e s t s f o r p i c n i c s , e t c ,
etc” 12 . ( G a n z , L o u i s e )
93
There are no i n v a s i o n s , b u t t h e r e i s a c o m p l e x n e g o t i a t i o n i n v o l v i n g
94 various instance s , f r o m c i t y h a l l s , w h e r e Va c a n t L o t s w a s p u t i n t o t r i a l ,
95
to the landlords , t h e o w n e r s o f t h e l o t s . T h u s , e a c h a r t i s t o r g r o u p o f
artists negotiate s t h e p r o j e c t w i t h t h e o w n e r s o f t h e r e s p e c t i v e l o t , t r y i n g
to rethink, as Lo u i s e a n d B r e n o s a y, t h e d a i l y r e l a t i o n s o f t h e s p a c e i n
96 the city, the act i o n s , t h e a t t i t u d e s , t h e g e s t u r e s , t h e m e a n i n g a n d t h e
new public and p r i v a t e i n s t a n c e s o f o w n e r s h i p a n d u s a g e . T h u s , Va c a n t
texto | MARISA FLÓRIDO |

Lots introduces a s t r a n g e e l e m e n t . I t i n s e r t s i t s e l f i n t h e m o d e s o f
organization and t h e h i e r a r c h i e s o f e x i s t i n g p o w e r, i n t h e s e c t o r i z a t i o n
of everyday life b y t h e t r i a d o f w o r k / l e i s u r e / h o u s i n g ; i t c h a n g e s , e v e n
so temporarily, i t s f u n c t i o n i n g .
There are ca r t o g r a p h i e s o f d a i l y t r a j e c t o r i e s i n a l o t t h a t h a s b e c o m e
an informal pass a g e , d r a w n w i t h w h i t e w a s h b y a r t i st s a n d v o l u n t e e r s w h o
follow the peopl e w h o c r o s s t h e l o t l i k e s h a d o w s ( p r o p o s e d b y F a b í o l a
Tasca, Ines Link e a n d R o d r i g o B o r g e s ) ; t h e r e a r e c e l e s t i a l c a r t o g r a p h i e s
projected onto t h e g r o u n d , r e c o n s t r u c t i n g t h e b al l e t o f s t a r s w i t h t h e
movement of sto n e s , p r e s a g i n g a f u t u r e o f t h e s t a r s i n w h i c h a n i m a g i n a r y
building will bloc k t h e v i s i o n o f t h e s k y ( p r o p o s e d b y C a r o l i n a J u n q u e i r a ,
Lais Myrrha and M e l i s s a M e n d e s ; t h e r e a r e k i t s o f s t r u c t u r e s d e s i g n e d
by architects an d a r t i s t s i n a b e l v e d e r e , i n v i t i n g e v e r y o n e w h o w a n t s t o
propose his or h e r o w n t e m p o r a r y u s a g e ( p r o p o s a l o f t h e g r o u p M O M ) .
Then there is 1 0 0 m ² p r o p o s e d b y L o u i s e G a n z : i n a l o t o f 5 0 0 m ² ( w h e r e
an abandoned a n d v i s i b l e f o u n d a t i o n c o n v e y s t h e v e s t i g e s o f a n
interrupted hist o r y ) , t h e a r t i s t a n d h e r p a r t n e r s p l a n t 1 0 0 m ² o f g r a s s
between concret e b e a m s . T h e y d o n ’ t c o n v o k e a n d d o n ’ t i n v i t e a n y b o d y,
they just “activa t e t h e 1 0 0 m ² , w i t h o u t n e c e s s a r i l y h i r i n g , a s k i n g , b u t
just by starting t o p l a n t a n d w a i t i n g f o r w h a t e v e r a n d w h o e v e r t o c o m e ,
problematizing t h e p o s s i b i l i t y o f t h e event” 13 .
Leaving the o t h e r a r e a o f 4 0 0 m ² , “ p o t e n t i a l l y t e n s i o n e d ” , w a i t i n g f o r
a spontaneous a d h e r e n c e o f t h e p e o p l e t o i n c o r p o r a t e t h e l o t i n t o t h e i r
daily lives. Little b y l i t t l e , d u r i n g t h e f o l l o w i n g d a y s a f t e r t h e s t a r t o f t h e
plantation, the n e a r b y d a y c a r e c e n t e r a n d i t s c h i l d r e n b e g a n t o r e l a t e w i t h
the lot, the next - d o o r n e i g h b o r b r o u g h t w a t e r a n d s a n d w i c h e s , a n o t h e r
one installed a s m a l l p l a s t i c p o o l f o r t h e c h i l d r e n , a p a s s e r b y s t o p p e d b y
to talk and know w h a t w a s g o i n g o n . . . A n d l i k e t h i s t h e 1 0 0 m ² “ e x c e e d e d
the limits of the l o t , b e c a u s e i t i s a r e a l a c t i v a t i o n o f a n e t w o r k t h a t i s
installed in the s i t e ( b e t w e e n n e i g h b o r s a n d p a s s er s b y )
89
and also in the city. ” P e r h a p s b e c a u s e i t w a s t h e o n l y w o r k i n B e l o 90
Horizonte that “prop o s e d t o h a v e a c o n t i n u i t y a n d w h i c h i n v o l v e d a n
uncontrolled process “ , i t r a i s e d i n t h e t h r e a t e n e d o w n e r “ t h e d e s i r e t o 91
put an end to the pro c e s s b y f e n c i n g t h e l o t ” 14 . 92
The gesture of l e a v i n g t h i n g s o p e n , n o t f o r c i n g a n a g r e e m e n t o r
a contract (the non-c o n t r a c t i n g a s i t i s c a l l e d b y t h e a r t i s t ) , p u t s i n t o 93
evidence how potent a n d d a n g e r o u s a r e c e p t i v i t y f o r t h e u n e x p e c t e d , a n 94
opening to the “event ” , c a n b e . A d i r e c t i o n t h a t n e i t h e r f o r c e s n o r g u i d e s
the participation of th e o t h e r ( a s o n e c a n s e e i n t h e i l l u s i o n a r y d e m o c r a c y 95
of reality shows). A r e c e p t i v i t y o f t h e b o d y t h a t i s t h e e x p e r i e n c e o f a 96
feeling, but which ex p a n d s t o t h e e x p e r i e n c e o f a c t i n g a n d o f t h i n k i n g ,
at t he same time as i t q u e s t i o n s a n d r e c o n f i g u r e s t h e re l a t i o n s b e t w e e n
these experiences. Th i s o p e n a n d f l u i d d i r e c t i o n m a k e s u s r e f l e c t o n w h a t
97
takes place and how t o p r o v i d e s u c h t r a n s m i s s i o n a n d r e c e p t i o n . W h a t

texto | MARISA FLÓRIDO |


are the conditions of i t s r e c e p t i o n ? H o w d o e s i t o p e r a t e a n d i n t e r f e r e
in social convention s ? I t l e a d s u s , f i n a l l y, t o c a r e f u l l y e v a l u a t e t h e
par ticipatory and con t e x t u a l p r a c t i c e s o f t h i s k i n d o f a r t .
Our challenge i s t o r e t h i n k a r t i n t h e c o n t e x t o f t h i s e n l a r g e d
receptivity. Receptiv i t y a s o p e n n e s s t o t h e o t h e r, t h e u n e x p e c t e d , t h e
unthinkable, the impo s s i b l e : t h e c o m i n g e v e n t . O p e n i n g t o t h e o t h e r, n o t
exactly like minorities o r t h e a n t h r o p o l o g i c a l o f d i s t a n t c u l t u r e s e x p o s e d
as cabinets of curio s i t y. A r t a s d i r e c t i o n t o w h a t e v e r o t h e r. W h a t e v e r,
from the Latin, quo d l i b e t , s a y s A g a m b e n , s h o u l d n o t b e t r a n s l a t e d ,
as it generally is do n e , a s “ n o m a t t e r w h a t , r e g a r d l e s s , ” b u t a s “ t h e
being aggregating an y f o r m . 15 ” “ W h a t i s c o m i n g i s a b e i n g w h a t e v e r 16 ” ,
says the philosopher. N e i t h e r i d e n t i t y, n o r c o n c e p t , b u t t o t a l i t y o f a l l
possibilities: the “eve r y t h i n g i n t e r e s t s ” o f w h a t e v e r, n o t i t s i n d i ff e r e n c e .
This whatever, which i m p l i e s e v e r y t h i n g , r e n o u n c e s t h e f a l s e d i l e m m a
between the individua l a n d t h e u n i v e r s a l . T h e c o m m o n n e s s i s t h e a r e a o f
indetermination betw e e n t h e p r o p e r s e l f a n d t h e i m p r o p e r. O r, r a t h e r, i t
is the integrated impr o p r i e t y.
89

90
1- These
���������������������������������������������������������������������������
tendenc i e s w i l l b e d e f i n e d a s “ r e l a t i o n a l a e s t h e t i c s ” , f o l l o w i n g t h e
91 example of Nico l a s B o u r r i a u d [ E s t h é t i q u e r e l a t i o n n e l l e . F r a n c e : L e s p r e s s e s d u
réel, 1998]; “re l a t i o n a l s p e c i f i c i t i e s ” a c c o r d i n g t o M i w o n K w o n [ O n e p l a c e a f t e r
92
another: site-sp e c i f i c a r t a n d l o c a t i o n a l i d e n t i t y. C a m b r i d g e / M a s s a c h u s e t t s ,
93 London/ Englan d : T h e M I T P r e s s , 2 0 0 4 ] ; “ s i t u a t e d a r t ” a f t e r C l a i r e D o h e r t y
[Contemporary a r t : F r o m S t u d i o t o s i t u a t i o n . B l a c k D o g P u b l i s h i n g , 2 0 0 4 ] .
94
Others, like Jac q u e s R a n c i è r e [ P o l í t i c a d a a r t e C o n f e r ê n c i a e m a b r i l d e 2 0 0 5 .
95 São Paulo: Ses c B e l e n z i n h o . w w w. s e s c s p . o r g . b r / s e s c / c o n f e r e n c i a s / ] a n d C l a i r e
Bishop [Antagon i s m a n d r e l a t i o n a l a e s t h e t i c s . I���� n : Oc t o b e r 11 0 . 2 0 0 4 ; T h e S o c i a l
96
Turn: collabora t i o n a n d i t s d i s c o n t e n t s . I���� N: Artforum February 2006] publish
97 provocative que s t i o n s o n i s s u e s i n v o l v i n g s u c h p r a c t i c e s a s : t h e c o m m u n i t y
discourses that e m e r g e i n t h e m i d - n i n e t i e s s u s t a i n e d b y a d e s i r e t o p r o m o t e a
homogeneous a n d c o n s e n s u a l l o o k o f s o c i e t y - c o m m u n i t y e t h i c s , i n w h i c h t h e
98
political dissen t i s d i s s o l v e d - a n d t h e d i s c o u r s e s t h a t n e g l e c t t h e a e s t h e t i c
impact of the wo r k , r e s t r i c t i n g t h e a n a l y s i s t o s h o w i n g t h e w o r k a s a g o o d o r b a d
texto | MARISA FLÓRIDO |

model of sociab i l i t y.
2- ��������������������������������������������
AGAMBEN, Gio r g i o . É l o g e d e l a p r o f a n a t i o n . I n : P r o f an a t i o n s . Tr a n s l a t e d f r o m
Italian by Martin R u e ff . ����������������������������������
Bibliothèque Rivages, 2005. p. 93.
3- �����������������������������������������������������
Cited by AGAM B E N , G i o r g i o . �������������������������
Éloge de la profanation. In: Profanations.op.cit.
p.91
4- �����������������������������������������������������
Cited by AGAM B E N , G i o r g i o . �������������������������
Éloge de la profanation. In: Profanations.op.cit.
p101.
5- ��������������������������������������������
AGAMBEN, Gi o r g i o . É l o g e d e l a p r o f a n a t i o n . I n : P r o f a n a t i o n s . o p . c i t . p p . 1 0 2 -
103.
6- �����������������������������������������������������
Cited by AGAM B E N , G i o r g i o . �������������������������
Éloge de la profanation. In: Profanations.op.cit.
p.104. The cano n w a s f i x e d i n t h e 1 3 t h c e n t u r y b y t h e R o m a n c u r i a d u r i n g t h e
conflict with the F r a n c i s c a n o r d e r a n d i t s c l a i m t o t h e s u p e r i o r i t y o f p o v e r t y, i n
which the Franc i s c a n s d e f e n d e d t h e p o s s i b i l i t y o f a u s a g e w i t h d r a w n f r o m t h e
sphere of law. S e e A g a m b e n , o p . c i t . p . 1 0 3 .
7- DEBORD, Guy. A s o c i e d a d e d o e s p e t á c u l o . R i o d e J a ne i r o : C o n t r a p o n t o , 1 9 9 7 .
Aforismo 167, p . 11 2 .
8- Idem. ibidem A f o r i s m o 3 4 , p . 2 5 . “ T h e s p e c t a c l e i s t h e c a p i t a l i n s u c h a d e g r e e
of accumulation t h a t i t b e c o m e s a n i m a g e . ”
9- Idem ibidem. A f o r i s m o 4 , p . 1 4 .
10- AGAMBEN, Gi o r g i o . �������������������������
Éloge de la profanation. In: Profanations.op.cit. p.104.
11- Text
��������������������������������������
sent by e- m a i l f r o m L o u i s e G a n z .
12- Idem ibidem .
13- Idem ibidem .
14- Idem ibidem.
15- AGAMBEN,
��������������������������������������������������������������������
Giorgio La communauté qui vient. Théorie de la singularité
quelconque.Par i s : É d i t i o n s d u S e u i l , 1 9 9 0 .
16 -�������������
������������
Idem ibidem.
96

O f politi cal and poetic coin c iden c es in va c a n t lots 97

What is about to b e r e a d , d o e s n ’ t p r o p e r l y c o n f i g u re a t h e o r y, o r a n 98
overview of concepts w h i c h s e e k t o e l u c i d a t e s o m e p u r p o s e o f Va c a n t
Lots and neither is it a d e s c r i p t i o n o r a n a l y s i s o f i t s p r a c t i c e s , b u t j u s t 99
a situation of coinci d e n c e i n w r i t i n g : i n v o l u n t a r y c o l l i s i o n s o f d e s i r e d

texto | BRENO SILVA |


movements which int e r s e c t a n d a p p e a r a s p o l i t i c a l a s s u m p t i o n s , s u c h
as alternative forms o f m i c r o - s c a l e s o c i a l o r g a n i z a t i o n , o r a s p o e t i c
assumptions, such as a d i s t e n s i o n o f t h e a r t s t h r o u g h t h e i r p r o x i m i t y t o
architecture. Such mo v e m e n t s , e x p a n d e d i n t o t h e f i e l d o f d a i l y l i f e p r o v i d e
momentary experienc e s o f n o n - a r t i s t i c r e a l i t i e s . T h e y a r e o p p o s e d t o t h e
established order of a r t a n d d e s t a b i l i z e t h e d a i l y l i f e a n d i t s r e p e t i t i v e
fate (family, school, w o r k , p l a n n e d l e i s u r e , p r o p e r t y, a n d c o n s u m p t i o n ) .
They produce unpret e n t i o u s i n s t a n c e s o f h e d o n i s m , f u n , p l e a s u r e , a n d
rest that may or may n o t g e n e r a t e o t h e r w a y s o f t h o u g h t a n d a c t i o n i n
the routine in cities. A s w e w i l l s e e , t h e s e c o i n c i d e n c e s f e e d t h e d e s i r e d
pro duction itself, w h i c h i s u p d a t e d a s a u t h e n t i c e x p r e s s i o n s , e v e n
very brief and insign i f i c a n t l y, t h r o u g h p e o p l e i n a c t i o n c o r r e l a t i n g i n a
specific medium whic h t u r n a v a c a n t s p a c e i n t o a k i n d o f n o n - e s t a b l i s h e d
festival. This already c r e a t e s a d i s t a n c e f r o m t h e u n u s u a l o n t o l o g i c a l
studies that dogmatiz e a n “ i n c r e a s e d a w a r e n e s s ” a n d b r i n g s u s c l o s e r t o
the field of experienc e , w h e r e t h e c o i n c i d e n c e p o s s e s w e i g h t , m e a s u r e
and place. Thus this i n v e s t i g a t i o n a v o i d s a p o l i t i c i z a t i o n o f a r t a s m u c h
as an aestheticizatio n o f p o l i t i c s . We d e c i d e t o a p p r o a c h t h e p r o c e s s
of Vacant Lots using o t h e r u n p r i v i l e g e d v o i c e s , w h i c h d o n ’ t g o b e y o n d
the experienced evid e n c e . S u r e l y, t h e r e w o u l d n ’ t b e c o l l i s i o n o f o n l y
one voice. This is a v e r s i o n o f t h e r a m i f i c a t i o n s o f c o i n c i d e n c e s a b o u t
relations on a scale o f a c t i o n , w h e r e p e o p l e e n h a n c e t h e i r d a i l y l i f e w i t h
pra ctices that destab i l i z e t h e m s e l v e s t o a n e x t e n t i n w h i c h i t i s s t i l l
tolerable.
Defining
��������� Vacant L o t s , u s e d h e r e a s a p r o p e r n a m e , e s c a p e s o u r
expectations. Neither i s i t o f o u r i n t e r e s t t o g i v e a m e a n i n g t o t h i s n a m e ,
but we attempt to w r i t e i n a c c o r d a n c e t o w h a t i t i s w h i l e c r o s s i n g i t .
This alliance of cross i n g p r o m o t e s t h e e r a s u r e o f i t s f i r s t n a m e b o r r o w e d
from the art world as w e l l a s f r o m a r c h i t e c t u r e , a n o u t d a t e d m o d e l : t h e
pro ject. One makes a p r o j e c t w o r k i n g o n a n o u t l i n e , o n p r e c o n c e p t i o n s ,
surrounding circumst a n c e s a n d s e e k i n g a s u c c e s s f u l m a t e r i a l i z a t i o n i n
accordance to the ass i g n m e n t . I n t h i s s e n s e o n e i d e n t i f i e s t h e p r o j e c t w i t h
a given determinism t h a t g u i d e s t h e w o r k a n d o f t e n d e f i n e s i t s p r o d u c t i o n .
Initially, Vacant Lots w a s c o n f i g u r e d a s a p r o j e c t . We d e l i n e a t e d o u r
pre tensions, which c o u l d b e s u m m a r i z e d i n t o t u r n i n g p r i v a t e l y o w n e d
land temporarily pub l i c . B u t t h e s e t e m p o r a r y s p a c e s a r e n o t d e f i n e d i n
advance. It is neces s a r y t o n e g o t i a t e w i t h t h e o w n e r s a n d w i t h o t h e r
96

97 people some p o s s i b i l i t i e s o f u s e ; a n d w h e n t h i s h a p p e n s , c e r t a i n l y
other uses occu r, a n d t h e t e m p o r a r y c h a r a c t e r d o e s n o t g u a r a n t e e a n y
98 permanence. Th e s e m a t e r i a l i z a t i o n s e s c a p e p l a nn i n g ; s e v e r a l f a c t o r s
99 come into play t h a t a r e m o r e c h a r a c t e r i s t i c o f d y n a m i c p o l i t i c s g o v e r n e d
by chance than o f t h e i n s t i t u t i o n a l l i m i t a t i o n s , m a y t h e y b e f r o m t h e a r t
world, urbanism o r t h e g o v e r n m e n t . T h e y d e a l m a i n l y w i t h m i c r o - p o l i t i c s ,
100
instances of neg o t i a t i o n s t h a t t u r n i n t o e v e n t s . Va c a n t l o t s , i f s o m e t h i n g ,
is a project witho u t h o p e , o r w h e r e t i m e i s d e f i n e d t h r o u g h t h e e v e n t n e s s
of negotiations a n d p r a c t i c e s w h i c h d o n ’ t r e f l e c t a n y m o r a l o r a e s t h e t i c
texto | BRENO SILVA |

predetermination s s i n c e i t s a g e n t s a r e f a c i n g v a r i o u s f o r c e s , w h i c h a r e
often antagonist i c a n d r e f l e c t a m i x t u r e o f i n t e r e s t s o n v a c a n t s p a c e . A n d
the lending of th e l o t i s c r u c i a l o f t h i s d e s p a i r, b e c a u s e i t h i g h l i g h t s t h e
possibility of cri s i s , w h e r e t h e l o t c a n b e r e c l a i m e d a s p r i v a t e p r o p e r t y
at any time. Aga i n s t t h e p a i r a e s t h e t i c a n d e t h i c s , w e p u t t h e p r i n c i p l e o f
insufficiency giv e n t h r o u g h t h e e v e n t a n d t h e c o n s t r u c t i v e p o s s i b i l i t i e s
of latent space s . A b o l i s h i n g t h e i d e a o f t h e p r o j e c t a s g u i d i n g p l a n
determining wha t w i l l o c c u r i n t h e b o r r o w e d l o t s , w e b e g a n t o i d e n t i f y t h e
Vacant Lots as a n o p e n s e t o f p r o p o s i t i o n s , a s g r o u n d f o r i n t e r s e c t i o n s
and for collision o f d i ff e r e n c e s . T h e s e p r o p o s i t i o n s a r e f u l l o f h o l e s ,
poetic and politi c a l i n v i t a t i o n s , c a l l s f o r n e g o t i a t i o n a n d t r a n s g r e s s i o n o f
usage in meetin g s b e t w e e n p e o p l e . T h e s e a r e t h e f o u n d i n g c o i n c i d e n c e s
of the proposal.
When conside r i n g t h e a c t i o n s o r p o l i c i e s i n Va c a n t L o t s s i m u l t a n e o u s l y
as proposals or b e t s , o n e c a n p e r c e i v e t h e a c t i v a t i o n o f w h a t w e c a l l
daily insurrectio n s . W i t h o u t b e i n g n e c e s s a r i l y t a k e n a s s u c h , t h e s e
insurrections are s m a l l u p r i s i n g s , v i a p r o d u c t i o n o f s i t u a t i o n s a n d e v e n t s
that destabilize t h e h i e r a r c h i e s o f r e p e t i t i o n , w h i c h s h a p e p e o p l e ’s
daily lives. Som e e x a m p l e s , l i k e g o i n g t o s l e e p i n a v a c a n t l o t , s e w i n g ,
having a party o r s p e n d i n g t i m e d o i n g a l m o s t n o t h i n g , a r e a c t i v i t i e s o f
temporary displa c e m e n t o f e v e r y d a y r e p e t i t i o n s . I n Va c a n t L o t s o c c u r
activities that do n ’ t c l a i m f o r p e r m a n e n c e , b u t w h i c h a r e a l s o n o t e n d l e s s
activities linked t o t h e m o d e l o f p l a n n e d e n t e r t a i n m e n t , b u t i n c o m p l e t e
activities that pr o v i d e a g a p , a v a g u e n e s s f o r a n e v e r y d a y e q u i v a l e n t t o
this model. Duri n g m y l u n c h h o u r I w i l l r e s t i n a h a m m o c k . . . Wa g g l i n g t h e
control system u n p r e t e n t i o u s l y, b u t l u l l i n g t h e r e v o l u t i o n a r y d r e a m b a c k
to sleep when I’m b a c k a t w o r k . T h e p e o p l e i n v o l v e d w i t h Va c a n t L o t s a r e
not necessarily c o m m i t t e d t o a s p i r i t o f s o c i a l c h a n g e , o r r a t h e r, i n t h e
context of non-a r t i s t i c r e a l i t y, t h e p e o p l e w h o p a r t ic i p a t e a c t p u n c t u a l l y.
There is no pro s p e c t o f i n c o r p o r a t i n g t h e p r o c e s s o f o c c u p a t i o n i n t o
their daily lives a n d , a c c o r d i n g l y, t h e p a r t i c i p a t i o n i s t e m p o r a r y. T h i s
incompleteness o r i n a d e q u a c y, g e n e r a t e d b y t h e d e m o b i l i z a t i o n o f
people and an e x p l i c i t r e s t r a i n e d d e s i r e , a n d t h a t i n c l u d e s u s a s
proposers, remo v e s t h e p r o p o s i t i o n s o f a r e v o l u t i o n a r y c h a r a c t e r, m o v e s
away from inves t i n g i n t h e t r a n s f o r m a t i o n s o f p e o p l e s ’ e v e r y d a y l i f e , b u t
96

leaves gaps for trans f o r m a t i o n s t o o c c u r t h r o u g h i n d i v i d u a l m o t i v a t i o n s . 97


For tunately. Thus, th e p u b l i c i n t e r e s t o f Va c a n t L o t s d o e s n ’ t r e l y o n
the dogmatic and re d e m p t i v e c h a r a c t e r o f t h e p r o j e c t . A c c o r d i n g l y, a 98

suitable answer to t h e q u e s t i o n t h a t w e o f t e n r e c e i v e a b o u t a u t o p i a 99
identified in Vacant L o t s b e c o m e s e x p l i c i t . I f u t o p i a e x i s t s , i t i s d e v o i d o f
a passive conception , a s s o m e t h i n g n o t f e a s i b l e , a n d a s s u m e s a n a c t i v e 100
per spective, as a po t e n c y t o b e u p d a t e d i n w a y s , w h i c h h a v e n ’ t b e e n
imagined yet. Thinkin g a b o u t t h e r e p e r c u s s i o n s o f Va c a n t L o t s , p e r h a p s 101
it is not about promo t i n g s i m i l a r u s e s i n o t h e r s i t u a t i o n s a n d n o t e v e n
about spreading the p u b l i c u s e o f p r i v a t e p r o p e r t i e s . M a y b e i t s e r v e s i n

texto | BRENO SILVA |


sphere of thought, to p r o m o t e c r i t i c i s m o f o u r u s e o f c i ti e s a n d p r o v o k e s
some rumors in the r e a l m o f d a i l y d e e d s , s o m e t r i f l e s , s m a l l d i v e r s i o n s ,
littl e nothings, or no i s e s a b o u t o u r p r e s c r i b e d e v e r y d a y l i f e . T h u s , t h e
negativity of revolutio n d o e s n ’ t i n h i b i t i n s u r r e c t i o n s .
The processes o f n e g o t i a t i o n a n d i m p l e m e n t a t i o n o f t h e p r o p o s a l s
in the lots suggest m i c r o - p o l i t i c a l a c t i o n s . T h e s e a c t i o n s g o b e y o n d t h e
sys tems of art and a r c h i t e c t u r e ( u r b a n i s m b e i n g i n c l u d e d i n t h e l a t t e r ) .
They happen though f r i c t i o n s a n d g r o u p i n g s : i t i s n e c e ss a r y t o n e g o t i a t e
with owners and peop l e w i l l i n g t o a c t i v a t e t h e l o t s i n i t i a l l y, i t i s n e c e s s a r y
to plan the occupati o n s w i t h m i n i m u m i n s e r t i o n s , s i n c e t h e y c o u l d b e
reu sed and adjusted t o a n y o n e ’s d e s i r e s . I n t h i s s e n s e , t a k e n a s a
pro ject, one lays out a g e n e r a l w a y t h a t w i l l r e s u l t i n a s m a n y w a y s a s
one might conceive. We a r e i n t h e f i e l d o f m e n t a l t h i n g s : c o n v e r s a t i o n s
and more conversat i o n s , n e g o t i a t i n g , j u s t i f y i n g , s e d u c i n g , i n f o r m i n g ,
transgressing, discus s i n g s o a s t o p r e p a r e t h e f i e l d f o r t h e p r o p o s a l s .
It is a game of man y i n t e r e s t s , i n w h i c h h e g e m o n i c p o l a r i t i e s d o n o t
fit in. Like this occu r c o i n c i d e n c e s : o u r i n t e r e s t s , t h e b i g c o n s t r u c t i o n
companies and peopl e w h o l e n d t h e l a n d , t h e g o v e r n m e nt a l i n s t a n c e s t h a t
speculate on the pub l i c b e n e f i t s o f t h i s p r o j e c t ( h e r e t h e t e r m p r o j e c t a s
dogmatic prescription a p p l i e s w e l l ) ; t h e a r t w o r l d i n i t s s t i l l u n e x p l a i n e d
faction and, followin g t h e s p o n s o r i n g c o m p a n i e s i n t h e i r m a r k e t i n g o f
social responsibility, t h e a r t i s t s , w h i c h g e n e r a l l y s h o w s y m p a t h y t o t h e
pro posals, and a cer t a i n p u b l i c w i l l i n g t o s p e n d s o m e t i m e i n a v a c a n t
space. Each of thes e s e g m e n t s ( a s w e l l a s t h e s e g m e n t s o f t h e s e
segments) is governe d b y i t s i n t e r e s t s , s o m e t i m e s m o r e , s o m e t i m e s l e s s
explicitly and in confl i c t .
We can advance in t h e d i s c u s s i o n a b o u t t h e a c t o f m a ki n g t h e p r o p o s a l s
in the field of micro- p o l i t i c a l c o i n c i d e n c e s , l a p s e s i n t h e a l i e n a t i o n o f
everyday life, where t h e r e i s n o i n t e r e s t o f t h e p a r t i c i p a n t s , w h i c h a r e
not artists or support e r s o f a r t i s t i c m e a n s , t o w h e t h e r t h i s h a s t o d o w i t h
art or not. Here, this i s a n o b s o l e t e q u e s t i o n . W h a t i s i m p o r t a n t o r s t a r t s
to play an important p a r t - a n d t h e c l o s e s t w o r d f o r t h e s i g n i f i c a t i o n o f
action as accident an d c o n f l i c t i s “ p l a y ” o r “ g a m e ” - a r e t h e i n s t a n c e s o f
negotiation. Two of th e n e g o t i a t i o n s a p p e a r m o r e e x p l i c i t l y, t h e o n e w i t h
98

99 the owners of lot s a n d t h e o t h e r w i t h t h e p e o p l e w h o a g r e e t o p a r t i c i p a t e .


But between the t w o o c c u r m a n y o t h e r s i n c i r c u i t s o f d i ff e r e n t i n t e r e s t s .
100 For example, the n e g o t i a t i o n w i t h t h e g o v e r n m e n t a l a d m i n i s t r a t i o n , l i k e
101 the one that oc c u r r e d d u r i n g t h e p r o p o s i t i o n o f 1 0 0 m ² . A l t h o u g h w e
didn’t obtain the t a x r e d u c t i o n f o r t h e p e r s o n w h o d e c i d e d t o l e n d a l o t ,
we had the supp o r t o f t h e c i t y h a l l a n d n e g o t i a t e d t h e w e e d i n g a n d t h e
102
removal of rubb i s h f r o m t h e l o t w i t h t h e D e p a r t m e n t o f U r b a n C l e a n i n g
of Belo Horizont e ( S L U ) . I n t h e p r o c e s s o f n e g o t i a t i n g w e u s e d v a r i o u s
tactics, adapted t o v a r i o u s f o r c e s , a n d f o c u s e d o n t h e r e a l i z a t i o n o f
texto | BRENO SILVA |

the proposals. We c a l l t h e s e t a c t i c s “ i n f i l t r a t i o n s ” , p e r f o r m a n c e s i n t h e
interstices that p u t t h e f o r c e s i n t o m o t i o n o f c o l l i s i o n i n l o t o f t h e e v e n t .
Above, we have a l r e a d y o u t l i n e d s o m e g e n e r a l p r i n c i p l e s o f i n t e r e s t s
and to explain t h e m m i n u t e l y h e r e w o u l d d i s p l a y m a n y v i c i s s i t u d e s t h a t
don’t converge. T h a t i s , t h e r e a r e s p e c i f i c i n t e r e s t s a n d a m o n g t h e m
even a lack of i n t e r e s t i n Va c a n t L o t s , a s o n e c o u l d o b s e r v e i n s o m e
cases in which t h e l o t s w e r e b o r r o w e d f r o m l a r g e c o m p a n i e s ( t h a t i s
clearly due to a n a s s o c i a t i o n w i t h a h a r m l e s s c h a r a c t e r o f t h e p r o p o s a l
for future real es t a t e u n d e r t a k i n g s a n d d u e t o t h e c o n s t r u c t e d f a m i l i a r i t y
that ensures, at l e a s t a p p a r e n t l y, t h a t c h a r a c t e r ) o r i n t h e c a s e o f p e o p l e
who temporarily m a k e u s e o f t h e l o t s b y c h a n c e , b e c a u s e t h e y p a s s e d b y
there and opted f o r a n s p o r a d i c e x p e r i e n c e . A n d a m o n g t h e p r o p o s a l s ,
there were no m a j o r p r o d u c t i o n s t o a d v e r t i s e t h e b o r r o w e d l o t s - t h e
propositions wer e m a d e b y s m a l l g r o u p s a n d u s e d b y p e o p l e w h o w e r e
passing nearby. A n o t h e r m i c r o - p o l i t i c a l t h e m e a r e t h e f o r m e d n e t w o r k s
of relationships , w h i c h f a c i l i t a t e t h e b o r r o w i n g o f l o t s , “ b e c a u s e t h e
lot is my neigh b o r, ” a n d t h e m a i n t e n a n c e o f t h e p r o p o s a l s , a s i n t h e
case of the syn d i c w h o o r g a n i z e d m e e t i n g s o f y o u n g r e s i d e n t s o f h e r
building during t h e p r o p o s a l o f t h e l o t 1 0 0 m ² . We a l s o d e t e c t e d t h e
way of making t h e o c c u p a t i o n o f t h e l o t s w i t h a l r e a d y a v a i l a b l e m a t e r i a l
as micro-politic a l r e v e r b e r a t i o n s . T h e p r o p o s a l s a r e r e a l i z e d w i t h a
minimum of ma t e r i a l r e s o u r c e s a n d w i t h t e c h n o l o g i c a l i n v e n t i v e n e s s ,
not duplicating m o d e l s o f s u s t a i n a b i l i t y, b u t a s d i s s e m i n a t o r s f o r a n y
determined actio n . T h e i n s t r u m e n t a t i o n p e r m i t s t h e i n g e n i o u s w a y s o f
making, or the i n v e n t i v e t e c h n o l o g i e s , l i n k e d t o c o n t e x t s a n d s p e c i f i c
experimentation a n d s p r e a d i n g a s e n s e o f v i a b i l i t y f o r f u t u r e a c t i o n s .
What we hav e e x p r e s s e d h e r e s o f a r a r e t h e v a r i o u s m i c r o - p o l i t i c a l
nuances of whic h t h e p r o p o s a l Va c a n t L o t s c o n s i s t s a n d w e h a v e s h o w n
that the various i n t e r e s t s i n v o l v e d i n i t d e f i n e t h e c o n f l i c t i n g a u t o n o m o u s
relations and do n ’ t m a r k t h e p r o j e c t i o n o f a b e t t e r o u t c o m e o f Va c a n t
Lots so as to me e t t h e i n s t i t u t i o n a l e x p e c t a t i o n s .
Up to the ed i t i o n o f Va c a n t L o t s h e l d i n F o r t a l e z a i n M a r c h 2 0 0 8 , w e
have been spon s o r e d b y v i s u a l a r t s p r o g r a m s ( g o v e r n m e n t a l f u n d i n g ,
FUNARTE) and s u p p o r t e d b y b i g c o m p a n i e s . A s w e s a i d b e f o r e , w e d e a l
98

with various interest s a n d f o r c e s . T h i s e n c o u r a g e s u s t o c o n s i d e r w h a t 99


kind of interests and f o r c e s a r e a t s t a k e ( b u t n o t a l w a ys i n e v i d e n c e ) i n
the context of Vacant L o t s a n d i n t h e s c h e m e o f t h e a r t s f u n d e d b y l a r g e 100

companies through g o v e r n m e n t a l t a x r e d u c t i o n . 101


Before discussi n g t h e e ff e c t s o f t h e e n t r e p r e n e u r i a l m a r k e t i n g o f
social responsibility f o r e s e e n b y t h e a r t w o r l d , w e s h o w a l i t t l e a b o u t 102

what this world invo l v e s . We c h a r a c t e r i z e t h i s w o r l d a s a s y s t e m , a s


a market that is sha p e d b y i n s t i t u t i o n s a n d r e a ff i r m e d b y s p o k e s m e n . 103
A system, which focu s e s o n a k i n d o f h e r m e n e u t i c s o f t h e a r t s , r o o t e d
in theoretical demarc a t i o n s t h a t a r e a c a d e m i c a l l y l e g i ti m i z e d b y a r t i s t s

texto | BRENO SILVA |


seeking an insertion a n d m a i n t e n a n c e o f t h i s i n s e r t i o n t o s u c h a d e g r e e
that they subject the m s e l v e s , m o r e o r l e s s c o n s c i o u s l y, t o t h e m a r k e t
trends. Among thes e t r e n d s i s t h e s o c i a l r e s p o n s i b i l i t y o f a r t , w h i c h
interests us here.
Entering the spec i f i c i t y o f s o c i a l r e s p o n s i b i l i t y, w e c o n s i d e r t h a t t h i s
aspect of the art ma r k e t o c c u r s t h r o u g h i t s a p p r o x i m a t i o n t o e v e r y d a y
rea lities. The imprec i s i o n g e n e r a t e d b y t h e a p p r o x i ma t i o n o f a r t a n d
daily life enables th e f o r m a t i o n o f p e r m e a b i l i t i e s b et w e e n t h e m a n d
consequently some di s p l a c e m e n t s . I n t h e a r t s , t h e d i s p l a c e m e n t i s v i s i b l e ,
for example, in expo s i t i o n s a b o u t p r o c e s s e s i n v o l v i n g c o m m u n i t i e s . I n
everyday life occurs a c e r t a i n , e v e n j u s t b r i e f , b r o a d e n i n g o f e x p e r i e n c e ,
and sometimes some i n s t i t u t i o n a l o r e c o n o m i c r e t u r n f o r t h e c o m m u n i t i e s
involved in certain ar t i s t i c p r o p o s a l s .
In this context o f i m p r e c i s e l i m i t s a n d r e s t r i c t i o ns , w e w o u l d l i k e
to follow some move m e n t s t h a t o c c u r i n t h e o v e r l a p p i n g f i e l d s o f t h e
arts and everyday lif e . D e f i n i n g t h i s a r e a a s o n e o f c o i n c i d e n c e , o p e n s
possibilities for chanc e , w h i c h i s c o n s t i t u e n t o f t h e e v e n t t h a t i n a u g u r a t e s
a meeting, but also n e c e s s a r y f o r a d e f i n i t i o n o f s o m e t h i n g i n c o m m o n ,
another area that do e s n ’ t c l e a r l y b e l o n g t o e i t h e r o n e o f t h e s e f i e l d s .
This commonness is a l s o a n i m p o s s i b l e p o s i t i o n , wh i c h e s t a b l i s h e s
itself as a happening t h a t c o m e s f r o m t h e m o v e m e n t t h a t c o n v e r t s t h e
arts to an ontic minim u m a n d t h e e v e r y d a y l i f e t o i t s m a x i m u m t o l e r a b l e
transvaluation. To co n v e r g e t h e a r t s t o t h e i r o n t i c mi n i m u m i s t o t r y
leading them toward s t h e l i m i t s o f t h e i r s t a b i l i t y, o f t h e r e c o g n i t i o n o f
their belonging to the a r t s . Tr a n s v a l u i n g e v e r y d a y l i f e i s p u t t i n g i t i n t o
movement adverse to s t a g n a t i o n , g e n e r a t i n g a n i n t e r n a l d y n a m i c c a p a b l e
of promoting the rein v e n t i o n o f t h e e v e r y d a y l i f e w h i l e d i s l o c a t i n g t h e
rep etition. Thus, bot h , t h e e v e r y d a y l i f e , a s w e l l a s t h e a r t s , d e f i n e a
place in which they p a r t i a l l y c o i n c i d e i n t h e m o v e m e n t o f t h e i r e x p a n s i o n
and dilution, and lea v e i t p r e v i o u s t o a t e r r i b l e c o i n c i d e n c e t h a t w o u l d
annihilate them as se p a r a t e f i e l d s .
Before disturbing t h e l i m i t s t h a t p r o d u c e s t a b i l i t y i n t h e a r t s , w e w o u l d
think of them in their r e s i s t a n c e s . T h e m o s t e v i d e n t r es i s t a n c e t h a t t h e
art world promotes w i t h i n i t s l i m i t s i s t h e o n e t h a t q u e s t i o n s t h e c u r r e n t
98

99 mode of precep t o f a e s t h e t i c e x p e r i e n c e s o f a n y p u b l i c . E v e r y d a y l i f e
as a whole defin e s t h e p u b l i c c h a r a c t e r i z e d b y a l a c k o f s p e c i f i c a t i o n s .
100 The arts are lau n c h e d a t w h a t e v e r p u b l i c , b u t a r e r e s t r i c t e d t o s p e c i f i c
101 individuals. Var i o u s s t a n d i n g s o f t h e a r t s r e f l e c t t h i s o r i e n t a t i o n a n d
promote several a c t i o n s t o c o m b a t t h e d a i l y d o m es t i c i t y. B u t t h e y f i g h t
102 from within thei r f i e l d i n a k i n d o f c o e r c i o n o f l i b e r a t i o n a i m e d a t t h e
103 public. Due to t h i s m o v e m e n t o c c u r s a r e t u r n t o th e o w n c e n t e r o f t h e
fields as a seizu r e o f p r o c e s s e s o r, o c c a s i o n a l l y, t r a n s l a t i o n s o f e v e n t s
for the art instit u t i o n s . S o t h e r e i s a n o t h e r r e s i s t a n c e d u r i n g t h e r e t u r n
104
of an artwork, m a d e i n t h e p u b l i c s p h e r e , t o t h e a r t w o r l d . T h e w o r k i s
perceived in eve r y d a y l i f e t o r e v e r b e r a t e t h r o u g h i t s r e t u r n t o t h e a r t
texto | BRENO SILVA |

institutions. The r e , i n t h a t p l a c e , r e s i d e s t h e d i s cr e p a n c y b e t w e e n t h e
process and the r e g i s t e r o r e v e n t h e t r a n s l i t e r a t i o n i n a r e f e r e n c e d w o r k ,
in the resistance t o d o m e s t i c i t y i n t h e p u b l i c s p h e r e . P o l i t i c a l a n d p o e t i c
data are being c o n f u s e d t h r o u g h t h i s m o d e o f m a k i n g a r t . To w h i c h p o i n t
could that retur n n o t c o r r e s p o n d t o d o m e s t i c i t y i n t h e p u b l i c s p h e r e i n
the way in which i t b i n d s t o t h e f o r g e d l i m i t s o f a r t w i t h i n a c o m m e r c i a l
framework that i s o r i e n t e d b y s o c i a l a n d e n v i r o n m e n t a l r e s p o n s i b i l i t y.
So, let’s expla i n w h a t w e h a v e a n n o u n c e d a b o u t t h e p r o x i m i t y b e t w e e n
the entrepreneu r i a l m a r k e t i n g o f s o c i a l r e s p o n s i b i l i t y a n d t h e a r t s y s t e m
that has been ex p a n d e d t o t h e a c t i o n o f t h e a r t i s t . F o r n o w, a c r i t i c i s m
directed to our f i t t i n g i n t o t h i s s y s t e m g o e s b a ck t o t h e i n s t i t u t i o n a l
paradigms of s o c i a l r e s p o n s i b i l i t y a s “ n a t u r a l ” pr e m i s e s o f g u i l t a n d
consumption. We a r e i n t h e a g e o f c u l p r i t s . We s p e a k o f a c o n d i t i o n
that, if it isn’t e x p l i c i t t o u s , i s a t l e a s t e x p o s e d b y t h e n e w s , w h i c h
ranges from the a s s i s t a n c e t o p e r i p h e r a l c o u n t r i e s t o s a v i n g t h e w h a l e s .
The interest of i n s t i t u t i o n s i n t h e e x c l u d e d o f t h e b ig e c o n o m i c a l c e n t e r s
is not insignific a n t ; i t i s a n e x t e n s i o n o f t h e m a r k e t . T h e i n s t i t u t i o n a l
business machi n e i s n o u r i s h e d b y p r o c e d u r e s o f e n d l e s s c l a i m s t h a t
are maintained b y c o n s u m p t i o n . T h u s , t h r o u g h e s t a b l i s h e d g u i l t , a
strategy of conq u e s t o f t h e m a r k e t t a k e s p l a c e ; f r o m t h e m o v e m e n t o f
appearances to t h e p r o m o t i o n o f b r a n d s a s s o c i a t e d w i t h a n i m p o s i t i o n o f
cultural standard s s e r v i n g t h e f o r m a t i o n o f c o n s u m e r s . 1
Just that the s o c i a l r e s p o n s i b i l i t y o f t h e a r t i s t , w ho i s a l r e a d y s a t u r a t e d
by it as an “enl i g h t e n e d ” r e s i d e n t a n d c u l t u r a l c o n s u m e r i n t h e s o c i a l
organizations, b e c o m e s a s t r a t e g y o f i n t e g r a t i o n w h i c h i s w h i s p e r e d t o
him and which h e p e r p e t u a t e s t o p u t h i s e l u c i d a t io n i n t o p r a x i s a n d t o
survive economi c a l l y. A m o n g t h e s e o r i e n t a t i o n s w e a l s o f i n d t h e w e i g h t
of the remains o f h u m a n i s t i c t h o u g h t , t h e o n e t h a t i s f u l l o f g o o d w i l l
and wishes to “ b r i n g p e a c e f o r a l l ” a n d b u t d o e s n ’ t e x p l a i n a b o u t t h e
costs and under w h a t c o n d i t i o n s . . . A n d t h e a r t i s t a s a c o r r e s p o n d e n t ,
sometimes ideal i s t i c , s o m e t i m e s r e s i s t a n t , t r i e s t o p u t s u c h p r e m i s e s i n t o
98

pra xis, even if in a m e d i o c r e w a y. H e t r a n s f o r m s h i m s e l f i n t o a s o c i a l l y 99


responsible artist atte n d i n g t h e g i v e n e n t r e p r e n e u r i a l d e m a n d s , e n f o r c i n g
100
the work field in co n t e m p o r a r y a r t s , a n d , i f n e c e s s a r y, c o n s e r v i n g i t .
So he submits himse l f t o v a r i o u s w o r k s a n d t e n d e n c i e s : s c h o l a r s h i p s , 101
artistic residencies, p u b l i c a r t , s i t e s , c o n t e x t u a l i s m s , p a r t i c i p a t o r y a r t ,
102
and the non-transpar e n c y o f t h i s p r o c e s s l o o k s l i k e a r t i s t i c m a t u r a t i o n .
Here we find the resi s t a n c e o f r e s i s t a n c e . 103
From the contex t u a l c o n v e r s a t i o n s a n d p a r t i c i p a t o r y i n c e n t i v e s t o
104
the production of th e w o r k s , a n d m a n y o f t h e m a s r e g i s t r a t i o n o f t h e
pro cesses, the artis t e m e r g e s a s r e s i s t a n t . H e r e s i s t s a s p o l i t i c i z e d
105
subject via institution a l r e v e r b e r a t i o n , a s w e l l a s h e r e s i s t s t o e x t r a p o l a t e
his field of professi o n a l i n s e r t i o n . I f o n o n e h a n d t h e w o r k s o f t h i s

texto | BRENO SILVA |


kind of art show cha r a c t e r i s t i c s o f r e s i s t a n c e t o t h e pr e s c r i b e d w a y o f
consumerist existenc e , h a v i n g a s t h e i r m a i n f o c u s t h e re s t r i c t i o n s o f t h e
worldwide integrated c a p i t a l i s m , o n t h e o t h e r h a n d , t h e y b e g i n t o r e s i s t
the extrapolation of t h e a r t w o r l d w h e r e a d i s t a n c i n g w o u l d d i s r u p t t h e i r
own inclusion into the s y s t e m . A n d e v e n u n i n t e n t i o n a l l y, t h e a r t i s t m a k e s
a p act with the entre p r e n e u r i a l m a r k e t i n g . I t i s n o t w i t h o u t p u r p o s e t h a t
advertising shows an i n t e r e s t i n c o n t e m p o r a r y a r t s . T h i s i s a n o v e r v i e w
of political action tha t c a n b e p a s s e d o n t o a n y o f t h e a g e n t s o f Va c a n t
Lots.
Up to which point a r e t h e a r t i s t s a c t i v e w h e n t h e r e s i s t a n c e t h a t t h e y
pro mote sustains the r e s i s t a n c e o f t h e t r a n s v a l u a t i o n o f e v e r y d a y l i f e ?
The affirmation of tr a n s v a l u a t i o n w o u l d m a r k t h e t r a n s g r e s s i o n o f t h e
art fields and their d i l u t i o n i n t h e p u b l i c s p h e r e . T h u s t h e r e s i s t a n c e o f
the arts would perish i n p u r p o s e . L i k e t h i s , n o m o r e m o d e l s o f a c t i o n ,
whi ch define resistan c e , w o u l d b e p r e s c r i b e d , b u t t y p es o f p r o p o s i t i o n s
that didn’t engage s o m u c h w i t h t h e r e t u r n t o t h e a r t w o r l d b u t w i t h
its convergence to e v e r y d a y l i f e . T h u s t h e a r t s w o u l d g o t o t h e i r o n t i c
minimum, that is, to a m i n i m u m b a l l a s t t h a t i s n ’ t c o m m i t t e d t o t h e
definitions of the limit s o f a r t s , w h i l e t h e d a i l y l i f e w o u l d r e a c h a m a x i m u m
transvaluation still be a r a b l e a c c o r d i n g t o t h e i n d i v i d u a l e x p e r i e n c e s . T h e
movement of “beyond ” w o u l d i n d i c a t e t h e b e a r a b l e t r a n s g r e s s i o n i n t h e
arts and in daily life.
This movement a l s o r e v e r b e r a t e s i n t h e a r t i s t , w h o ( d i s ) a p p e a r s a s
the agent of particip a t i o n b e c o m i n g a p r o p o s e r f o r t h e t r a n s v a l u a t i o n
of the prescribed ev e r y d a y l i v e s . H e g i v e s u p t h e pr e t e n s e t h a t t h e
par ticipation would t a m e t h e f l u x u s , a s p r e s c r i p t i o n o f t h e p u b l i c s ’
liberation, or as retur n t o t h e l i m i t s o f a r t s . I n t h i s s e n s e , t h e m o d e r n a n d
humanist inheritance o f a l l k n o w l e d g e o f t h e s o v e r e i g n s u b j e c t l o s e s i t s
strength. The artist/p r o p o s e r d i r e c t s h i m s e l f t o t h e p u b l i c , a l s o b e c o m i n g
public, this somebod y, w i t h o u t p a r t i c u l a r i t i e s , a n d m o v e s m o r e t h r o u g h
affection than creativ e i m p o s i t i o n . T h e c o i n c i d e n c e o c c u r s b e t w e e n a r t
98

99 and everyday li f e . H e i s a p r o p o s e r i n v a r i o u s a ff e c t i v e l a y e r s . T h e
possibility of tra n s v a l u a t i o n o f o n e s e v e r y d a y l i f e o p e n s u p t o t h e p u b l i c /
100
artist in a singul a r p e r s p e c t i v e , t h a t i s , w i t h i n t h e i n d i v i d u a l c a p a b i l i t i e s
101 of enduring the m a n i f e s t a t i o n s o f t r a n s v a l u a t i o n .
On this sub j e c t , d e v i a n t , b u t n e c e s s a r y t o s i t u a t e o u r a c t i o n s , t h e
102
propositions of Va c a n t L o t s c o n t r i b u t e t o c o n v e r g e t h e a r t s t o i t s o n t i c
103 minimum and ev e r y d a y l i f e t o i t s t r a n s v a l u a t i o n . O t h e r f o r m s o f r e l a t i o n s
and emotional, p o l i t i c a l a n d e v e n e c o n o m i c a l t i e s ta k e p l a c e t h a t h i n d e r
104
the aggregation o f t h i s “ w o r k ” i n i t s e n t i r e t y t o t h e a r t s y s t e m . S o m e
105 proposals prom o t e a n d d e r i v e f r o m r e l a t i o n s ; i t i s t h a t w h a t w e c a l l
political and po e t i c c o i n c i d e n c e s , w h i c h e s c a p e f r o m t h e i n s t i t u t i o n a l
106 limits and the l e g i t i m a c y o f t h e a r t s . T h e r e i s a n e n l a r g e m e n t , a n
extrapolation or t r a n s g r e s s i o n , s e e n h e r e a s g o in g b e y o n d a c e r t a i n
art system, whic h b y t h e w a y i s n o t t h e s t a r t i n g p o i n t o f Va c a n t L o t s ,
texto | BRENO SILVA |

but rather a find i n g , b a s e d o n o u r e x p e r i e n c e o f t h e c i t y. I n t h e a m b i t


of action happe n s s o m e t h i n g t h a t e s c a p e s t h e f i x e d e v e r y d a y l i f e .
These splits occ u r w i t h t h e c o r r e s p o n d e n c e o f w h a t e v e r a u d i e n c e t h a t
is frictioned with t h e p r o p o s a l s , s o a s t o b e s i n g u l a r i z e d , e m b o d i e d i n
this or that spe c i f i c i t y. A n d t h i s o r t h a t d o e s n ’ t n e c e s s a r i l y h a v e s o m e
sort of previous b e l o n g i n g t o t h e a r t s y s t e m a n d d e s i r e f o r c h a n g e o f t h e
everyday life. N o r d o e s i t h a v e t o c o n f i r m t h e p o si t i o n s o f t h i s s y s t e m ,
and even less c h a n g e d a i l y l i f e d u e t o t h e s e n s i t i v e p r e m i s e s t h a t t h e
work offers. One s h o u l d h a v e f u n . We s t a r t t o s e e i n s u r r e c t i o n s . . .
The Situatio n i s t b a l l a s t , w h i c h w e u s e t o t u r n a s i d e a l e g i t i m a t i n g
historiography, i s g i v e n i n t h e m o v e m e n t t h a t r e a c h e s f r o m t h e c r i t i c i s m
of the commerc i a l c o l l a b o r a t i o n s o f t h e a r t s y s te m , t o t h e r e v i s i o n s
of urbanism. Th i s s o m e t i m e s e n d s u p i n u t o p i a n p r o p o s i t i o n s l i k e i n
Constant’s, and a l s o a r r i v e s a t r e v o l u t i o n a r y p r e p o s i t i o n s . B u t t h e s e a r e
revolutionary pr o p o s i t i o n f r o m t h e c r e a t i o n o f w h a t e v e r l i t t l e s i t u a t i o n s ,
that is, acting on a r e d u c e d s c a l e , i n p r o x i m i t y t o i n d i v i d u a l a c t i o n i n t h e
surrounding wor l d , i n w h i c h o n e l i v e s a n d i n t e r a c t s s o c i a l l y. T h a t s m a l l
change in every d a y l i f e i s w h a t w e c a l l t r a n s v a l u a t i o n , t h e m o v e m e n t o f
values that we a s s u m e i n t h e m o r a l f r a m e w o r k , p o i n t i n g a t t h e t h i n g s
we still don’t kn o w, o r a t a l o n g e d f o r p r o d u c t i o n t h a t w i l l b e e x p r e s s e d
in the work.
One can ask o n e s e l f w h y w e c h a n g e o u r e v e r y d a y l i f e u s i n g v a c a n t
lots as temporar y p u b l i c s p a c e s ? We h a v e a l r e a d y e x p l a i n e d i t , b u t w i l l
repeat, so that t h e r e w o n ’ t b e a n y d o u b t s a b o u t i t : i t i s n o t a b o u t a
redemptive prop o s a l a n d i t m a k e s u s e o f i t s o w n i n s u ff i c i e n c y, a p p a r e n t
in the dominant c o m p o n e n t o f c o i n c i d e n c e t h a t p e r m e a t e s t h e p r o c e s s o f
realization of Vac a n t L o t s . I n t h i s w a y, o n e e x p a n d s t h e f i e l d o f e x p e r i e n c e
to the productio n o f o t h e r s p a c e s , w h i c h a r e n ’ t t r y i n g t o b e b e t t e r, w o r s e
or equal, but wh i c h e m e r g e a s d i ff e r e n t a n d u n s t a b l e s p a c e s t h a t c o n t a i n
98

cracks in their micro s y s t e m s t h a t c a n p r o p i t i a t e f r a c t u r e d a f t e r m a t h s . 99


To ask why one cha n g e s c a r r i e s i n i t s e l f a n o n t o l o g i c a l a s s u m p t i o n ,
100
where the being is no l o n g e r a f i x e d c o n d i t i o n , b u t a n e p h e m e r a l p o s i t i o n
through which we re f e r e n c e t h e b e c o m i n g . I n t h i s s e n s e , t h e p o s i t i o n 101
cooperates with the m o v e m e n t o f t r a n s f o r m a t i o n , b e c a u s e i t d e t e c t s t h e
102
transition to the tran s f o r m a t i o n o f a s y s t e m , i t s e n l a r g e m e n t o r r u p t u r e .
It indicates when an e m p t y l o t e n t e r i n t o c r i s i s a n d b e c o m e s a v a c a n t l o t 103
for temporary public u s e . A s t o t h e r e s u l t s o f t h i s a p p a r en t l y p a r t i c i p a t o r y
104
pro posal, based on t h e t r a n s v a l u a t i o n o f e v e r y d a y l i f e , t h e y a r e v a g u e .
Vague, since they are s u i t a b l e f o r t r a n s f o r m a t i o n o f e v e r y d a y l i f e t h r o u g h 105
imprecision. Vague, b e c a u s e t h e y d e p e n d o n b e a r a b l e t r a n s g r e s s i o n o f
106
bodies, this is, the lim i t s o f e a c h p e r s o n a l c i r c u m s t a n c e c a n b e c h a n g e d
into duration. As pro p o s e r s , w e d o n ’ t t h r o w a n y d i r e ct d o c t r i n e a t t h e
people involved and d o n ’ t b e l i e v e i n s o c i a l c h a n g e , o r e v e n i n a e s t h e t i c 107
revolutions that does n ’ t d e p a r t f r o m i n d i v i d u a l a c t i o n s . P e o p l e a r e s e l f -

texto | BRENO SILVA |


responsible for the t y p e o f i n v o l v e m e n t i n t h e o p e n p r o p o s a l o f Va c a n t
Lots. Therefore, thos e i n v o l v e d i n l o t s , i n c l u d i n g u s , d o n ’ t n e c e s s a r i l y g e t
rid of the daily repetit i o n s ( f a m i l y, p r o p e r t y, s c h o o l , w o r k , p l a n n e d l e i s u r e ,
and consumption). T h e r e p e t i t i o n i s a n o t h e r o n t o l o g i c a l r e p e r c u s s i o n ;
as proposers, we fo r e s e e g a p s t o t r a n s v a l u e e v e r y d a y l i f e , d e v i a t i n g
imperceptibly from i t s d o m i n a n t d e s t i n y a n d b e g i n n i n g t o p r o d u c e a
number of desires tha t a r e s t i l l u n i m a g i n a b l e . T h u s t h e m o t i v e s c o n v e r g e
though coincidence t o a v a g u e , f u n d a m e n t a l l y f u n a n d e n j o y a b l e g a m e
fecundated with repe r c u s s i o n s t h a t w e c a n n o t p r e d i c t .

1- ������������������������������������������
The abstract voice s o f t h e c o m p a n i e s s a y : “( . . . ) s o c i a l r e s p o n s i b i l i t y
is a form of integrate d a d m i n i s t r a t i o n , e t h i c s a n d a t r an s p a r e n t f o r m o f
business and activiti e s . I t s r e l a t i o n t o a l l p u b l i c o f i n t e r e s t s p r o m o t e s
human rights and citiz e n s h i p , r e s p e c t i n g t h e h u m a n a n d c u l t u r a l d i v e r s i t y,
(...).”
Av ailable from: < htt p : / / w w w 2 . p e t r o b r a s . c o m . b r / p o r t a l / re s p o n s a b i l i d a d e .
ht m >. ���������������������������������������������������������������������
Cited: Septemb e r 11 , 2 0 0 8 . ������������������������������������������
And further: “In short, valid business is
the one that deserves t h e p r o f i t m a d e , t h a t g e n e r a t e s s o c i a l l y s a n c t i o n e d
wealth, that projec t s i t s r e l a t i o n s w i t h s o c i e t y o n t r a n s p a r e n c y,
responsibility before f u t u r e g e n e r a t i o n s , o n c o m p r e h e n s i o n o f t h e s o c i a l
dimensions of basic e c o n o m i c a c t i o n s a n d o n t h e s e le c t i o n o f a g e n t s
and partners committ e d t o t h e s a m e c o n c e p t s . I t i s a c o m p a n y i n w h i c h
business and ethics a r e i n s e p a r a b l e e l e m e n t s . ”���������������
��������������
Av a i l a b l e f r o m : < h t t p : / /
www.usiminas.com.br / S e c a o / 0 , 3 3 8 1 , 1 - 1 9 , 0 0 . h t m l ? c at> . C i t e d : S e p t e m b e r
11, 2008.
98

99
Cro nologia
100

101
A p r i m e i r a e d i ç ã o L o t e s Va g o s – A ç ã o C o l e t i v a d e O c u p a ç ã o U r b a n a
102 Experimental foi realizada em 2004/ 2005 em Belo Horizonte, com o
a p o i o d a L e i E s ta d u a l d e I n c e n t i v o à C u l t u r a d e M i n a s G e r a i s e p a t r o c í n i o
103
da USIMINAS.
104 E m 2 0 0 6 f o i b a s e p a r a o d o c u m e n t á r i o M 2 ( M e t r os Q u a d r a d o s ) – D O C
TV 3, dirigido por Ines Linke e Louise Ganz, produzido pela Arquipélago
105
Audiovisual, com o apoio da Fundação Padre Anchieta, TV Cultura, Rede
106 Minas e MINC, em Belo Horizonte.
Em 2007 foi apresentado no Holcim Fórum for Sustainable Construction
107
– U r b a n Tr a n s f o r m a t i o n , e m S h a n g a i , C h i n a .
E m 2 0 0 8 f o i r e al i z a d a a t e r c e i r a e d i ç ã o d o p r o j e t o e m F o r t a l e z a d u r a n t e
108 o m ê s d e m a r ç o , c o m o p r ê m i o C o n e x ã o A r t e s Vi s u a i s / F u n a r t e / M i n c /
Petrobrás.
Em 2009 realizaremos um novo trabalho de ocupação de lotes vagos
em São Paulo, com o apoio da Sociedad Estatal para la Acción Cultural
Exterior (SEACEX) e o Centre de Cultura Contemporània de Barcelona
( C C C B ) , p a r a a e x p o s i ç ã o “ P o s t - i t C i t y. C
�����������������������
iudades Ocasionales”.
E , d a n d o c o n t in u i d a d e a o t r a b a l h o d e F o r t a l e z a , t a m b é m e m 2 0 0 9
faremos exposição no BNB – Centro Cultural de Fortaleza.
Desse modo, pretendemos disseminar essa experiência para outros
locais do Brasil e do mundo. Contamos sempre com a colaboração
de diversos artistas, arquitetos e grupos da população para propor e
implantar projetos de uso de lotes vagos.

A gradecemos

a todos os artistas e arquitetos que participaram realizando projetos de


o c u p a ç ã o d e l o t e s v a g o s e m B e l o H o r i z o n t e e m 2 0 0 5 : A n a P a u l a B a l t a z a r,
C a r o l i n a J u n q u e i r a , C í n t h i a M a r c e l l e , F a b í o l a Ta s c a , G r u p o M O M ( m o r a r
de outras maneiras), Hélio Passos Rezende, Ines Linke, Lais Myrrha,
M a r i l á D a r d o t , M e l i s s a M e n d e s , M i l e n e M i g l i a n o , R i t a Ve l l o s o , R o d r i g o
Borges, Ronaldo Macedo Brandão, Sara Ramo, Silke Kapp.

a todos aqueles que concederam entrevistas ao documentário M2 (Metros


Quadrados) em 2006: Ana Fernandes, Antônia de Pádua, Flávio Agostini,
Geraldo Magela Costa, Heloísa Soares Costa, Jamil Rahme, João Antônio
d e P a u l a , J o s é To r r e s , N e u s a C a r d o s o , M a d a l e n a P e n i t e n t e d e J e s u s ,
P a o l a B e r e n s t e i n J a c q u e s , P a s q u a l i n o M a g n a v i t a , R o b e r t o M o n t e - M o r,
106

S i l k e K a p p , We l l i n g t o n C a n ç a d o , e t o d o s a q u e l e s q u e c o l a b o r a r a m d e v á r i a s 107
maneiras emprestando mobiliário, oferecendo serviços de cabeleireiro,
manicure, massagem, frutas, pneus para confeccionar poltronas, piscinas 108
plásticas, sorvetes, cocos, sushis, cozinhando os pratos para o banquete,
e diversas outras gentilezas. 109

a todos os artistas, colaboradores, empresas e instituições que participaram


em 2008 do projeto de Fortaleza: Alpendre, Blokus Engenharia, Dragão
d o M a r, B a r d o E s p e l h o , F a c u l d a d e d e A r q u i t e t u r a d a U N I F O R , F ó r u m
P e rm a n e n t e , F U N A RT E , J o r n a l D i á r i o d o N o r d e s t e , P r e f e i t u r a d e
F o rt a l e z a , P r o j e t o A r t e e E s f e r a P ú b l i c a , R á d i o A M , T V o P o v o , A l e x a n d r e
Ve ra s , A r i s t i d e s , S r. A s s i s , B a n d a M i r e l l a H i p s t e r ( E d u a r d o , L u í s , R i c a r d o
e Uirá), Careca, Constance Pinheiro, Cris Queiroz, D. Alice Flórido, Daniel
Carneiro, Deusimar Evangelista, Edílson Rocha, Enrico Rocha, Euzébio
Zloccowick, Eveline, Frederico Ganz, Glauco, Graziela Kunsch, Jared
Domício, Joana Carmo e Ana da Funarte, José Guedes, Júlia Lopes, Júnior
Pimenta, Lia, Lúcia Braga, Luiz Márcio Caetano, Mariana Smith, Milena
Tr av a s s o s , R e n a t a , R i c a r d o , R o d r i g o C o s t a L i m a , R o s e l y d e A l m e i d a ,
R ú b i a , S i m o n e B a r r e t o , S o l o n R i b e i r o , Ta í s M o n t e i r o , T h e m i s M e m ó r i a ,
Ti c i a n o M o n t e i r o , U i r á , Vi t o r C é s a r. E m e s p e c i a l , Wa l é r i a A m é r i c o .

A g ra d e c e m o s t a m b é m a o s p a l e s t r a n t e s d o S e m i n á r i o L o t e s Va g o s
r e al i z a d o e m j u n h o d e 2 0 0 8 n o a u d i t ó r i o d a F u n a r t e - R i o d e J a n e i r o :
Augusto Ivan Pinheiro (arquiteto urbanista e secretário de planejamento
da cidade do Rio de Janeiro), Marisa Flórido (curadora e crítica de arte)
e P a u l o H e r k e n h o ff ( c u r a d o r e c r í t i c o d e a r t e ) , e a o a p o i o d o p r o g r a m a
C o n e x ã o A r t e s Vi s u a i s / F u n a r t e / P e t r o b r á s / M I N C .

L o te s Va g o s é u m p r o j e t o d e B r e n o S i l v a e L o u i s e G a n z
O r g a n i z a d o r e s d o l i v r o e d i t o r i a l c o o r d i n a t i o n B r e no S i l v a e L o u i s e
Ganz
Projeto Gráfico graphic design Simone Cortezão
F o to g r a f i a s p h o t o g r a p h y B r e n o S i l v a , F a b í o l a Ta s c a , I n e s L i n k e ,
L o u i s e G a n z , M a u r i ci o L e o n a r d , P a u l a H u v e n , R o d r i g o B o r g e s e Wa l é r i a
Américo.
Tr a d u ç ã o t r a n s l a t i o n I n e s L i n k e
Te x t o s t e x t s B r e n o S i l v a , L o u i s e G a n z e M a r i s a F l ó r i d o C é s a r.
A p o i o s p o n s o r s C o n e x ã o A r t e s Vi s u a i s
106

107 C U R R ÍC U L O S
108

109

110 B r e n o S i l v a A r t i s t a , a r q u i t e t o e p r o f e s s o r. M e s t r e e m A r q u i t e t u r a E A -
UFMG. Professor na Escola de Arquitetura Unileste / MG e EAUFMG.
Desenvolve projetos coletivos de arte e arquitetura como Perpendicular
H o t e l B r a g a n ç a ( 2 0 0 2 ) , L o t e s Va g o s : A ç ã o C o l e t i v a d e O c u p a ç ã o
E x p e r i m e n t a l ( 2 0 0 5 - B H ) , L o t e s Va g o s E x p a n s õ e s ( 2 0 0 8 - F o r t a l e z a ) .
Diretor do Vídeo Banquetes. Editor da Revista de arte e arquitetura ER
- BH. Participa de palestras e debates de arte e arquitetura como A �����
rte
e Esfera Pública (2008 - SP) e P ��������������������������������������
r o j e t o L o t e s Va g o s – E x p a n s õ e s ( 2 0 0 8
– R J ) . Vi v e e t r a b a l h a e m B H .

L o u i s e G a n z A r t i s t a , a r q u i t e t a e p r o f e s s o r a . M e st r e e m A r t e s Vi s u a i s ,
E B A - U F M G . P r of e s s o r a n a E s c o l a d e A r q u i t e t u r a U n i l e s t e / M G . Tr a b a l h a
com arte, paisagem e vídeo. Desenvolve projetos coletivos de intervenção
urbana, em áreas residuais, lotes vagos e edificações. Criou o projeto
L o t e s Va g o s : A ç ã o C o l e t i v a d e O c u p a ç ã o U r b a n a E x p e r i m e n t a l e H o t e l
B r a g a n ç a . R e c e b e u d i v e r s o s p r ê m i o s , n o B r a s i l e n o e x t e r i o r, c o m o : E 2 :
Exploring the Urban Condition, França/2003, DOC TV3/ 2006, Programa
P e t r o b r á s C u l t u r a l 2 0 0 5 / 2 0 0 6 ( v í d e o B a n q u e t e s ) , Tr a j e t ó r i a s - F U N D A J
R e c i f e / 2 0 0 7 ; Co n e x ã o A r t e s Vi s u a i s – F u n a r t e / Mi n c / P e t r o b r á s / 2 0 0 7 .
P a r t i c i p a d e e x p o s i ç õ e s c o l e t i v a s , c o m o : 9 a. B i e n a l I n t e r n a c i o n a l d e
A r q u i t e t u r a d e Ve n e z a ( p a r c e r i a C a r l o s Te i x e i r a ) / 2 0 0 5 ; Q u a s e L í q u i d o
– Itaú Cultural SP/ 2008. Participa de festivais de cinema e vídeo (de
2 0 0 5 a 2 0 0 8 ) c o m o o 1 5 o e 1 6 º F e s t i v a l d e A r t e E l e t r ô n i c a Vi d e o b r a s i l .
P u b l i c a t e x t o s s o b r e a r t e s v i s u a i s e m l i v r o s e r e v i s ta s c o m o : C o n c i n n i t a s
no.13 – UERJ / 2008, Revista ARS – ECA/USP – dossiê Muntadas / 2008;
R e v i s t a U r b â n i a n o . 3 A r t e e E s f e r a P ú b l i c a / 2 0 0 8 ; U r b a n Tr a n s f o r m a t i o n
– Ruby Press / 2008 e outros. Participa de congressos e encontros de
a r t e e a r q u i t e t u r a c o m o���������������������������������������������
Holcim Fórum for Sustainable Construction –
Shangai, 2007, Arte e Esfera Pública (SP) e organiza seminários como
P r o j e t o L o t e s Va g o s – E x p a n s õ e s , R J / 2 0 0 8 / p a l e st r a n t e s : A u g u s t o I v a n
P i n h e i r o , M a r i s a F l ó r i d o e P a u l o H e r k e n h o ff - C o n e x ã o A r t e s Vi s u a i s .
Vi v e e t r a b a l h a e m B H .
106

Marisa Flórido César Historiadora, crítica de arte e curadora 107


i n d e p e n d e n t e . D o u t o r a p e l o P r o g r a m a d e P ó s - G r a d u a ç ã o e m A r t e s Vi s u a i s
108
pela EBA-UFRJ, na área de concentração de história e crítica de arte.
G r a d u a d a e m A r q u i t e t u r a e U r b a n i s m o p e l a FA U / U F R J . P u b l i c a t e x t o s 109
sobre artes visuais em livros, revistas de arte, catálogos e periódicos, 110
entre os quais: “Como se existisse a humanidade” in Arte & Ensaio –
R e v i s t a d o P r o g r a m a d e P ó s - G r a d u a ç ã o e m A r t e s Vi s u a i s E B A / U F R J 
111
[Rio de Janeiro: EBA/UFRJ, 2007] “Fronteiras móveis”  In: Crítica de Arte
n o B r a s i l : Te m á t i c a s C o n t e m p o r â n e a s  [ o r g a n i z a ç ã o d e G l ó r i a F e r r e i r a /
C o le ç ã o p e n s a m e n t o c r í t i c o . R i o d e J a n e i r o : F u n a r t e , 20 0 6 . p p . 5 4 2 - 5 4 7 ] ;
I n s i t e 0 5 : i n t e r v e n t i o n s , s c e n a r i o s [ C e n t r o C u l t u r a l Ti j u a n a / S a n D i e g o
M u s e u m o f A r t , 2 0 0 6 ] ; “ O f a s c í n i o d a p e d r a e s p e c u l a r ”   i n  S o n i a A n d r a d e :
v í d e o s 2 0 0 / 1 9 7 4   [R i o d e J a n e i r o : Ti s a r a A r t e , 2 0 0 5 ] . .  A t u a c o m o c u r a d o r a
independente, participando como membro de júri e comissões de seleção,
e n t r e o s q u a i s d o C o n s e l h o c u r a t o r i a l d o C e n t r o C u l t u r a l O d u v a l d o Vi a n n a
Filho, Castelinho do Flamengo, entre 2003 e 2004, e como co-curadora no
P r og r a m a R u m o s I t a ú C u l t u r a l A r t e s Vi s u a i s 2 0 0 1 / 2 0 0 3 e d a s e x p o s i ç õ e s
A r t e e M ú s i c a [ C a i xa C u l t u r a l , D F e S P 2 0 0 8 ] ; c u r a d o r a d a e x p o s i ç ã o
S o b r e ( A) s s a l t o s , B H - 2 0 0 2 , e n t r e o u t r a s . A t u o u c o m o c r í t i c a d e a r t e , n a
c o l u n a E x p o s i ç ã o Co l e t i v a , n o J o r n a l d o B r a s i l , R i o d e J a n e i r o , e n t r e
n o v e m b r o d e 2 0 0 4 e m a r ç o d e 2 0 0 5 . Vi v e e t r a b a l h a n o R i o d e J a n e i r o ,
o n d e n a s c e u . 
jardins de bolso
coleção

http://lotevago.blogspot.com
jardinsdebolso@gmail.com
Belo Horizonte, Brasil – 2009
apoio support

Você também pode gostar