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INTRODUÇÃO

«Todos sabemos que cada um de nós seria diferente se se tivesse


desenvolvido num outro meio ou se os meios físicos e sociais que
enquadram o nosso desenvolvimento tivessem aparecido em momentos
diferentes da nossa vida» (Portugal, 1992, p. 33).

A educação pré-escolar, ao configurar-se como a primeira etapa da educação


básica no processo de educação ao longo da vida, favorece a formação e o
desenvolvimento equilibrado da criança (Ministério da Educação, 1997).
Consequentemente, torna-se essencial promover uma educação de qualidade, centrada
nos valores e nos direitos da criança, tendo em vista a sua plena integração na
sociedade, como ser autónomo e ativo.
A educação pré-escolar destaca, indubitavelmente, uma área de conteúdo, a área
de Formação Pessoal e Social que foca a temática da identidade pessoal. A importância
dada a esta área decorre do pressuposto de que o ser humano se constrói em constante
interação, sendo influenciado e influenciando o meio que o rodeia, sendo nos contextos
sociais em que vive e na interação com os outros que a criança vai interiormente
construindo referências que lhe permitam, num processo gradual, compreender o que é
certo e errado, o que pode ou não pode fazer, bem como os seus direitos e deveres.
(Ministério da Educação, 1997).
Ao saber que é nos primeiros anos de vida que a criança inicia o seu
desenvolvimento pessoal e social através da interação e da relação com a família e com
o meio sociocultural que a envolve, é essencial que esse contexto se alargue. Para tal, a
educação pré-escolar constitui-se como um contexto mais abrangente que vai permitir à
criança uma interação de diferentes formas com outros adultos e com outras crianças,
em diversas situações, possivelmente diferentes das que experienciou e interiorizou até
então.
Ao possibilitar a interação com diferentes valores, perspetivas, ambientes,
espaços e culturas, a educação pré-escolar assume-se como um contexto favorável para
a tomada de consciência, por parte da criança, da existência não só de si própria, mas
também do outro e das suas particularidades.

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A este respeito o Ministério da Educação (1997, p. 54) salienta a seguinte
premissa:
«o desenvolvimento da identidade passa pelo reconhecimento das
características individuais e pela compreensão das capacidades e
limitações próprias de cada um, quaisquer que estas sejam. O respeito
pela diferença, que valoriza a diversidade de contributos individuais para
o enriquecimento do grupo, favorece a construção da identidade».

Por forma a compreender de que forma a educação pré-escolar contribui para a


construção da identidade da criança, foram-se-nos colocando algumas questões relativas
à prática das educadoras de infância, protagonistas deste estudo, no que às suas
conceções sobre a identidade diz respeito. Tentou compreender-se, por conseguinte,
qual o seu papel neste processo, bem como de que forma a intencionalidade educativa
subjacente à sua prática favorecia o desenvolvimento global da criança, mormente no
que concerne ao desenvolvimento da personalidade e do comportamento social.
Com a concretização do presente estudo e, por meio dos dados que se obtiveram,
foi-me possibilitada a identificação e a compreensão das conceções das educadoras,
imprescindíveis para dar resposta às questões apresentadas.
Considerada a perspetiva descritiva como a que melhor enuncia e caracteriza os
fenómenos e as relações entre eles, este estudo foi desenvolvido segundo esta patente.
Dada a sua natureza e o objeto de estudo, optou-se por uma metodologia de cariz
fenomenológico, por acreditar que além de ser a melhor forma de alcançar os objetivos
propostos, é a que melhor descreve a experiência segundo o significado que assume
para o sujeito.
Enquadrada a estrutura do estudo, organizou-se o trabalho em cinco capítulos. O
primeiro, que procede a introdução, intitulado de “Contextualização do estudo” deixa
antever o contexto em que se desenvolveu a prática de ensino supervisionada (PES),
bem como os aspetos chave na escolha da temática do estudo.
Num segundo capítulo, cujo enfoque recai sobre a evolução da educação pré-
escolar e os fundamentos da identidade pessoal, encontram-se patentes os pressupostos
teóricos que sustentam esta investigação, incidindo a abordagem essencialmente sobre a
origem e a definição de identidade, algumas perspetivas que fundamentam o
desenvolvimento psicológico e a identidade da criança, bem como a abordagem à
identidade no contexto de jardim de infância.

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O terceiro capítulo corresponde à dimensão empírica do estudo, no qual se
apresenta, descreve e explicita o processo metodológico em causa. Assim sendo,
explicitam-se os pressupostos teórico-metodológicos, apresentam-se os objetivos
propostos, as questões de pesquisa orientadoras do estudo, as protagonistas que
colaboraram nesta investigação, assim como se indicam os procedimentos de recolha,
tratamento e análise de dados.
O quarto capítulo incide na apresentação e análise interpretativa dos dados, que
terminará com uma visão conjunta dos mesmos.
Em jeito de síntese, surgem as considerações finais, onde, além de se apresentar
os resultados da investigação realizada, tecem-se alguns comentários acerca da sua
relevância, das limitações que lhe estiveram patentes, dos seus contributos em termos
pessoais e profissionais, que se afiguram como pertinentes, bem como de pistas de
trabalho e de ação.
Por último, terminamos com as referências bibliográficas que constituíram o
suporte teórico na elaboração deste estudo.

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