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REFERENCIAL CURRICULAR

NACIONAL PARA A EDUCAÇÃO


INFANTIL
Referencial curricular nacional para a educação infantil, Conhecimentos
de mundo, Identidade e autonomia, Referencial Curricular, Organização
do tempo, Formação do coletivo institucional.
É uma referência para estruturação de currículo, de caráter
nacional, para a Educação Infantil.
O Referencial acabou sendo um marco, em termos de reforçar a
importância da Educação Infantil. É necessário ressaltar que todas
as idéias e propostas contidas no Referencial são tão-somente
sugestões. Não há obrigação de segui-las. As Diretrizes são
obrigatórias. O Referencial foi organizado em três volumes, sendo
que o primeiro livro, denominado de Introdução, apresenta uma
reflexão sobre creches e pré-escolas no Brasil.

Na parte “Algumas considerações sobre creches e pré-escolas”, é


apresentado um breve histórico sobre as creches e pré-escolas.
Reforça-se a idéia da necessidade de integração entre
educar/cuidar.

Na parte denominada A criança, comenta-se sobre as diferentes


concepções de infância. Outra parte é sobre “Educar”, que
significa “propiciar situações de cuidados, brincadeiras e
aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam
contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis”.

Sobre “As aprendizagens em situações orientadas”, o Referencial


apresenta as seguintes condições gerais relativas às
aprendizagens infantis: interação; diversidade e individualidade;
aprendizagem significativa e conhecimentos prévios; resolução de
problemas; proximidade com as práticas sociais reais; educar
crianças com necessidades especiais.
Na parte “O professor de Educação Infantil”, afirma-se que muitos
dos profissionais ainda têm formação adequada, recebem
remuneração baixa e trabalham sob condições bastante precárias.
A estrutura do Referencial Curricular Nacional foi pensada na
intenção de tornar visível esta articulação, relacionando objetivos
gerais e específicos, conteúdos e orientações didáticas, conforme
apresentamos abaixo.

· Organização por idade – 0 a 3 e 4 a 6 anos.

· Organização em âmbitos – de caráter instrumental e didático.

Formação pessoal e social

Identidade e autonomia 0 a 3 anos 4 a 6 anos

Auto-estima

Escolha

Faz-de-conta

Interação

Imagem

Cuidados

Segurança

Cuidados pessoais

Nome

Imagem

Independência e autonomia

Respeito à diversidade

Identidade de gênero
Interação

Jogos e brincadeiras

Conhecimentos de mundo

Motivo
Expressividade

Equilíbrio e coordenação

Música
O fazer musical

Apreciação musical

Artes visuais

O fazer artístico

Apreciação em artes visuais

Linguagem oral e escrita (4 a 6 anos)

Falar e escutar

Práticas de leitura

Práticas de escrita

Natureza e sociedade (4 a 6 anos)


Organização de grupos

Os lugares e suas paisagens

Objetos e processos de transformação

Os seres vivos

Os fenômenos da natureza

Matemática (4 a 6 anos)

Números e sistema de numeração

Grandezas e medidas

Espaço e formas

Componentes curriculares – apresentam-se por meio dos


objetivos, dos conteúdos e das orientações didáticas.

Os objetivos explicitam as intenções educativas e estabelecem


capacidades que as crianças poderão desenvolver como
conseqüência de ações intencionais do professor; auxiliam na
seleção de conteúdos e meios didáticos.

Os conteúdos significam que as diferentes aprendizagens se dão


por meio de sucessivas reorganizações do conhecimento. Nesses
termos, há:

· Conteúdos conceituais – conhecimento de conceitos, fatos e


princípios;

· Conteúdos procedimentais – significa saber fazer;


· Conteúdos atitudinais – valores, atitudes e normas.

Sobre a seleção de conteúdos, é destacado o fato de eles devem


estar ligados ao grau de significado que têm para as crianças e
para o professor. O documento também destaca a integração dos
conteúdos.

Com relação às orientações didáticas, remete-se ao “como fazer”.


Assim, são explicitadas algumas considerações:

· Organização do tempo;

· Organização do espaço e seleção dos materiais;

· Observação, registro e avaliação formativa.

No capítulo dos “Objetivos Gerais da Educação Infantil” são


apresentadas oito diferentes capacidades que as crianças devem
desenvolver a partir da prática da Educação Infantil. São elas:

· Desenvolver uma imagem positiva de si (independência e


confiança);

· Descobrir e conhecer progressivamente seu próprio corpo, suas


potencialidades e seus limites (hábitos de cuidado com a saúde e
o bem-estar);

· Estabelecer vínculos afetivos e de troca com adultos e crianças


(comunicação e interação social);

· Estabelecer e ampliar as relações sociais (atitudes de ajuda e


colaboração);

· Observar e explorar o ambiente com atitude de curiosidade


(participante ativo do ambiente);

· Brincar, expressando emoções, sentimentos, pensamentos,


desejos e necessidades;

· Desenvolver e utilizar suas diferentes linguagens (corporal,


musical, plástica, oral e escrita);

· Conhecer manifestações culturais demonstrando interesse,


respeito e participação, valorizando a diversidade.

Em outro capítulo, “A Instituição e o Projeto Educativo” é afirmado


que, para a elaboração do projeto educativo de instituições de
Educação Infantil, é preciso estar atento a duas dimensões
complementares:

· Condições externas – são as características socioculturais da


comunidade e as necessidades e expectativas da população
atendida;

· Condições internas – são a estrutura de funcionamento (horário,


turmas que atende etc.) e a proposta curricular (um dos
elementos do projeto educativo e deve ser realizada
coletivamente). Nas “Condições Internas”, há outros aspectos de
grande relevância para o desenvolvimento do projeto pedagógico,
que são:

1. Ambiente institucional – cooperação e respeito entre


profissionais e entre esses e as famílias;

2. Formação do coletivo institucional;

3. Espaço para formação continuada;

4. Espaço físico e recursos materiais;

5. Versatilidade do espaço;

Critérios para formação de grupos de crianças: no Referencial,


aconselha-se esta relação criança/adulto:

è 0 a 12 meses – 6 crianças para 1 adulto (com ajudante);

è 1 a 2 anos – 8 crianças para 1 adulto (com ajudante);

è 2 a 3 anos – 15 crianças para 1 adulto;

è 3 a 6 anos – 25 crianças para 1 adulto.

6. Organização do tempo;

7. Ambientes de cuidados;

8. Parceria com as famílias;

· Respeito aos vários tipos de estruturas familiares;

· Acolhimento das diferentes culturas, valores e crenças;

· Estabelecimento de canais de comunicação;

· Inclusão do conhecimento familiar no trabalho educativo;


· Acolhimento das famílias e das crianças na instituição;

· Substituição de professor (deve ser pensado como projeto


educacional);

· Acolhimento de famílias com necessidades especiais.

São estas as questões fundamentais apresentadas no importante


documento do MEC, Referencial Curricular Nacional para a
Educação Infantil, que precisam servir de balizamento mínimo à
prática na Educação Infantil no nosso país.

RESUMO COMENTADO DO REFERENCIAL CURRICULAR PARA A EDUCAÇÃO


INFANTIL
A partir da compreensão da especificidade do caráter educativo das instituições de
Educação Infantil sabe-se que não se formou naturalmente, mas foi historicamente
construída, uma vez que ocorreu a partir de vários movimentos em torno da mulher,
da criança e do adolescente por parte de diferentes segmentos da sociedade civil
organizada e dos educadores e pesquisadores da área, em razão das grandes
transformações sofridas pela sociedade em geral e pela família em especial, nos
centros urbanos, com a entrada da mulher no Mercado de Trabalho.
De acordo com a LDB, o Ministério da Educação propõe por meio do Referencial
Curricular Nacional uma melhoria e acompanhamento para a Educação Infantil, com
indicação de uma nova concepção do trabalho docente, onde fica para trás a escola
baseada na memorização e surge outra, na qual o aluno aprende a aprender. Este
documento é composto por um conjunto de referências e orientações pedagógicas
que visam a contribuir com a implantação de práticas educativas de qualidade que
possam ajudar a promover e ampliar as condições necessárias para o exercício da
cidadania das crianças brasileiras. Este segue com a função de contribuir com as
políticas e programas da educação infantil, socializando as informações, discussões
e pesquisas ao mesmo tempo em que ajuda o trabalho educativo, apoiando os
sistemas de ensino estaduais e municipais.
A linha de pensamento seguida aqui é a perspectiva construtivista. Onde o
Construtivismo se mostra composto por uma série de princípios explicativos sobre o
desenvolvimento e a aprendizagem que se complementam, integrando um conjunto
orientado a analisar, compreender e explicar os processos de ensino e
aprendizagem. Esta concepção é constituída pelas contribuições da psicologia
genética, da teoria sócio - interacionista e das explicações das atividades
significativas. A sustentação que segue a integração de todas essas contribuições
refere-se ao reconhecimento da importância da atividade mental construtiva nos
processos de construção de conhecimento da criança.
Primeiramente as Instituições Educacionais foram criadas com intuito de atender aos
alunos de baixa renda e de melhorar as condições e vida da população, no entanto
por muito tempo a falta de profissionalização dos professores, a insuficiência de
recursos materiais e a precariedade de instalações foram dadas por este motivo
ilógico, que era a ocupação com o meio escolar. Assim sendo era dado como
justificativa para os problemas a existência desses locais, com a tendência de usar o
espaço de educação infantil para o desenvolvimento de uma pedagogia relacional,
baseada no estabelecimento de relações pessoais intensas entre adultos e crianças.
A Educação atual vem se desenvolvendo a partir de diversos fatores sociais, que
funcionam a partir dela, dando continuação ao desenvolvimento intelectual dos
educandos. É neste momento que veem à tona a necessidade de uma iniciação
desde cedo da compreensão do espaço escolar para a criança. Para que desta
maneira ela possa conhecer e usar o espaço escolar como uma ferramenta
necessário para a sua formação, mesmo que ela ainda não tenha compreensão para
chegar a esse entendimento rápido.
E é considerando as especificidades afetivas, emocionais, sociais e cognitivas das
crianças de zero a seis anos, que a cada dia a profissionalização dos profissionais
da educação veem tratando da qualidade e fazendo exigências das experiências
que devem ser oferecidas aos discentes, podendo contribuir para o exercício da
cidadania. Embora o Referencial não tenha caráter obrigatório, tem como função
orientar a elaboração de políticas públicas de educação infantil visando à melhoria
da qualidade do atendimento. Pois se, por um lado, a diversidade é uma marca
positiva da realidade nacional, por outro a desigualdade de oportunidades oferecidas
às crianças leva à necessidade de ações que busquem a igualdade.
Ainda se faz necessário na Educação Brasileira um espaço para a vida, para a
vivência das emoções e dos afetos, alegrias e tristezas, para as relações entre os
conflitos, confrontos e encontros, para a ampliação do repertório vivencial e cultural
das crianças, a partir de um compromisso dos adultos que se responsabilizam por
organizar o bem estar das crianças em instituições educativas que lhes permitam
construir sentimentos de respeito, troca, compreensão, apoio, dignidade, amor,
confiança, solidariedade, entre tantos outros, e é onde o Referencial oferece
orientações didáticas para que os educadores possam orientar a sua prática,
podendo modificar esta realidade.
Mas a utilização do Referencial Curricular Nacional pelos profissionais somente irá
contribuir para o desenvolvimento afetivo, moral e intelectual das crianças quando
inserido em um projeto educativo da instituição na qual haja constante interação
entre adultos e crianças cujos vínculos afetivos sejam estáveis e estejam baseados
em relações de confiança mútua. Desta maneira poderá ser transformado em
instrumento de ação profissional quando vier corresponder as necessidades
concretas dos profissionais de resolverem problemas relativos aos processos de
ensino – aprendizagem, ou seja, todo esse material funcionará através da vontade e
aplicação dos professores em suas práticas educacionais na sala de aula.
A partir da concepção de desenvolvimento com que foi elaborado, veem se
baseando na ideia de que as crianças são reais e diversas, tem capacidades de agir
sobre o meio em que vivem e aprendem resolvendo problemas juntos e na troca
com seus amigos ou através da mediação de informações pelos adultos. Com este
intuito deixa claro o vínculo existente entre a área e a atividade, destacando como a
criança aprende e quais orientações didáticas são pertinentes a cada conteúdo. Os
conteúdos não se restringem aqueles que a escola tradicional valoriza como os
fatos, conceitos e princípios. O referencial observa os conteúdos ligados ao saber
fazer, aos procedimentos que as crianças precisam desenvolver para que possam
aprender. O desenvolvimento de atitudes sociais também aparece no documento
como conteúdo a ser trabalhado com o Infantil.
A exemplo dessas atividades são citados o jogo e o brinquedo, que são duas
estratégias educacionais que integram as diversas experiências vivenciadas pelas
crianças através da linguagem do brincar. Segundo o Referencial Curricular
Nacional, no brincar as crianças podem explorar, imitar, repetir e simbolizar suas
vivencias, sejam elas reais ou simbólicas, compreendendo-as da maneira mais
simplificada, conseguindo assim fazer elaborações a partir do entendimento.
Conclui-se então que a melhoria da ação educativa não depende somente da
existência destes objetos, mas esta condicionada ao uso que os educadores fazem
deles junto às crianças com as quais trabalham. Os educadores precisam preparar o
ambiente para que as crianças possam aprender de forma ativa na interação com
outras crianças, com adultos, materiais didáticos, juntamente com o seu cotidiano.

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