Você está na página 1de 19

Accelerat ing t he world's research.

BARRAGENS DE REJEITOS DA
MINERAÇÃO: O PRINCÍPIO DA
PREVENÇÃO E A
IMPLEMENTAÇÃO DE NOVAS
ALTERNATIVAS
Romeu Thomé

Related papers Download a PDF Pack of t he best relat ed papers 

A descaract erização de barragens de rejeit o e o plano de fechament o de mina como inst rum…
Romeu T homé

Fundament os t eóricos para met odologias de gest ão e manejo de rejeit os da mineração: Uma aborda…
Breno Oliveira Perdigão

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS CLASSIFICAÇÃO DAS BARRAGENS DE CONT ENÇÃO DE REJ…
Warley Ribeiro
Barragens de rejeitos da mineração: o princípio da
prevenção e a implementação de novas alternativas

BARRAGENS DE REJEITOS DA MINERAÇÃO: O PRINCÍPIO DA PREVENÇÃO


E A IMPLEMENTAÇÃO DE NOVAS ALTERNATIVAS
Barrages miniers: le principe de précaution et la mise en œuvre des alternatives
Revista de Direito Ambiental | vol. 85/2017 | p. 17 - 39 | Jan - Mar / 2017
DTR\2017\526

Romeu Thomé
Doutor em Direito Público com ênfase em Direito Ambiental pela PUC-MG. Mestre em
Direito Econômico com ênfase em Direito Ambiental pela UFMG. Professor de Direito
Ambiental da Escola Superior Dom Helder Câmara (BH/MG) e da Faculdade de Direito do
UNIFEMM (Sete Lagoas/MG). Advogado. romeuprof@hotmail.com

Talita Martins Oliveira Lago


Especialista em Avaliação de Impacto Ambiental e Licenciamento Ambiental de Grandes
Empreendimentos e Mineração pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
(PUC/MG). Mestranda em Direito Ambiental pela Escola Superior Dom Helder Câmara
(ESDHC). Professora de Fiscalização e Licenciamento Ambiental do Centro Universitário
UNA. Engenheira Ambiental. talitamlago@gmail.com

Área do Direito: Ambiental


Resumo: Os acidentes com barragens de rejeitos da mineração ocorridos nos últimos
anos indicam a necessidade de aperfeiçoamento das ações do poder público e da
iniciativa privada no sentido de evitar ou, ao menos, minimizar os riscos socioambientais
decorrentes do procedimento de disposição final dos resíduos sólidos da atividade
minerária. O objetivo do presente trabalho é, a partir de uma análise transdisciplinar,
investigar se existe fundamentação jurídica suficiente e possibilidades técnicas viáveis
para a adoção gradual de mecanismos e tecnologias que possam substituir as barragens
convencionais de rejeito por formas alternativas de disposição desses resíduos da
mineração, ou reduzir a quantidade gerada. Para tanto, foi utilizado o método de
investigação jurídico-descritivo, apresentando a regulamentação da matéria pelas
normas ambientais vigentes, as técnicas atualmente adotadas para o alteamento das
barragens e para a disposição final dos resíduos. Utilizando-se o método
jurídico-propositivo, foram apresentadas alternativas técnicas para a disposição final de
rejeitos decorrentes da mineração, além de medidas a serem adotadas pelos
empreendimentos minerários e pelo poder público em suas três esferas, todas elas
calcadas no princípio da prevenção, já consolidado no ordenamento jurídico brasileiro.

Palavras-chave: Barragens - Mineração - Alteamento - Disposição de rejeitos -


Prevenção - Alternativas.
Résumé: Les accidents impliquant des structures de confinement des déchets miniers
indiquent la nécessité d'une amélioration de l'action gouvernementale et de l'entreprise
privée afin d'éviter ou, au moins, minimiser les risques environnementaux découlant de
la procédure d'élimination des déchets solides de l'activité minière. Le but de ce travail
est, à partir d'une analyse transdisciplinaire, vérifier la base juridique et les possibilités
techniques pour l'adoption progressive de technologies qui peuvent remplacer les
structures de confinement des déchets minéraux, ou réduire la quantité des déchets
produite. Nous avons utilisé la méthode de recherche juridique descriptif, en mettant
l'accent sur le règlement de la question par les normes environnementales, les
techniques actuellement adoptées pour la surélévation des barrages et l'élimination des
déchets. En utilisant la méthode juridique-propositionnelle, ont suggéré de nouvelles
techniques pour l'élimination finale des déchets miniers, et les mesures à adopter par les
entreprises minières et le gouvernement dans ses trois domaines, tous basés sur le
principe de précaution, déjà mis en place dans le système juridique brésilien.

Mots-clés: Barrage - L'activité minière - Surélévation - Élimination des déchets


minéraux - Prévention - Alternatives.
Página 1
Barragens de rejeitos da mineração: o princípio da
prevenção e a implementação de novas alternativas

Sumário:

1Introdução - 2Estéreis e rejeitos da mineração e a política nacional de resíduos sólidos -


3O método de disposição de rejeitos mais utilizado atualmente na mineração: barragens
por meio de aterros hidráulicos - 4A falibilidade do modelo de barragens por meio de
aterro hidráulico na mineração - 5A prevenção como princípio norteador da
implementação de medidas mais protetivas e da substituição gradual dos aterros
hidráulicos - 6A substituição gradual dos aterros hidráulicos por novas alternativas para
a disposição dos rejeitos da mineração - 7Não geração, redução, reutilização, reciclagem
e tratamento dos resíduos da mineração - 8Das medidas a serem adotadas pelo poder
público - 9Considerações finais - 10Referências

1 Introdução

Ocorrências recentes envolvendo barragens de contenção de rejeitos de mineração e


seus consequentes impactos ambientais vêm despertando a atenção da sociedade para a
necessidade de se reavaliar práticas de gestão, segurança, planejamento e inovação
tecnológica para estas estruturas.

Esses acontecimentos evidenciam também que mecanismos jurídicos direcionados à


recuperação e indenização dos danos causados, apesar de sua imprescindibilidade, têm
se apresentado insuficientes para a reparação integral do meio ambiente degradado.
Quaisquer que sejam as medidas e valores envolvidos, eles podem não alcançar, a curto
e médio prazo, o objetivo de restabelecer o status quo ante do meio ambiente afetado.
Uma vez atingida, a complexa cadeia da vida necessitará de alguns anos para se
reequilibrar, independentemente das iniciativas reparatórias adotadas pelo ser humano.

Nesse sentido, assumem ainda mais relevância no ordenamento jurídico pátrio os


institutos direcionados a evitar a concretização de danos ambientais, em observância aos
princípios da prevenção, da precaução e do poluidor-pagador. Em matéria ambiental, é
cediço que prevenir é muito melhor que (tentar) remediar.

O presente trabalho, em esforço transdisciplinar de aproximação de conhecimentos do


direito e da engenharia, pretende analisar se existe fundamentação jurídica suficiente e
possibilidades técnicas viáveis para a adoção gradual de mecanismos e tecnologias que
possam substituir as barragens convencionais de rejeito (aterros hidráulicos) por novas
formas alternativas de disposição desses resíduos da mineração, ou reduzir a quantidade
gerada.

Esta pesquisa se justifica, portanto, pela atualidade e relevância do tema face à tímida
abordagem do assunto pela doutrina jurídica pátria.

Procurou-se seguir com rigor acadêmico o método de investigação jurídico-descritivo,


apresentando a regulamentação da matéria pelas normas ambientais vigentes.
Buscou-se identificar as ações de gerenciamento de barragens, e as iniciativas relativas
ao aproveitamento de rejeitos atualmente utilizadas nos processos produtivos da
mineração para, em seguida, utilizando-se o método jurídico-propositivo, apresentar
novas alternativas para a disposição final de rejeitos decorrentes da mineração.
2 Estéreis e rejeitos da mineração e a política nacional de resíduos sólidos

Na atividade de mineração, massas e volumes significativos de materiais são extraídos e


movimentados. A quantidade de resíduos decorrentes da atividade guarda intrínseca
relação com o processo utilizado para extração do minério, com a concentração da
substância mineral estocada na rocha matriz e com a localização da jazida em relação à
superfície.

Há dois tipos principais de resíduos sólidos na atividade de mineração: os estéreis e os


rejeitos. Os estéreis, materiais escavados, gerados pelas atividades de extração (ou
Página 2
Barragens de rejeitos da mineração: o princípio da
prevenção e a implementação de novas alternativas

lavra) no decapeamento da mina, geralmente apresentam baixo valor econômico e ficam


dispostos em pilhas. Os rejeitos, por sua vez, são resíduos resultantes dos processos de
beneficiamento a que são submetidas as substâncias minerais. Tais processos têm o
intuito de padronizar o tamanho dos fragmentos, remover minerais associados sem valor
econômico e aumentar a qualidade, pureza ou teor do produto final. (SILVA; VIANA;
CAVALCANTE, 2011).

Os rejeitos e estéreis decorrentes da atividade de mineração são considerados pela Lei


12.305/2010 (Lei de Política Nacional de Resíduos Sólidos-LPNRS) como categorias de
resíduos sólidos. Nos termos do seu art. 13, I, alínea k, os resíduos gerados na atividade
de pesquisa, extração ou beneficiamento de minérios são classificados como resíduos de
mineração.

Os resíduos decorrentes das atividades minerárias enquadram-se, portanto, no conceito


apresentado pela Lei 12.305/2010. O rejeito de lama origina-se do processo de
beneficiamento do recurso mineral, assim como o rejeito arenoso. Já o estéril da jazida
de minério de ferro decorre da atividade de extração do minério. As empresas
mineradoras são consideradas geradoras de resíduos sólidos, submetendo-se, assim, às
disposições da Lei de Política Nacional de Resíduos Sólidos.
3 O método de disposição de rejeitos mais utilizado atualmente na mineração: barragens
por meio de aterros hidráulicos

Barragem pode ser conceituada como qualquer estrutura em um curso permanente ou


temporário de água para fins de contenção ou acumulação de substâncias líquidas ou de
misturas de líquidos e sólidos, compreendendo o barramento e as estruturas associadas.
1

Existem no Brasil barramentos com diversas dimensões e destinados a diferentes usos,


tais como barragens para acumulação de água, barragens para irrigação, barragens para
controle de cheias, barragens para geração de energia, barragens para perenização de
rios, barragens para dessedentação/criação de animais (gado, peixes, aves), barragens
para paisagismo ou prática de esportes, barragens para aprimorar as condições
ambientais (umidificação), barragens para contenção de sedimentos e/ou controle de
erosão, barragens para contenção de rejeitos industriais, açudes, aterros ou diques para
retenção de resíduos industriais e, finalmente, barragens de contenção de rejeitos da
mineração, objeto de análise do presente trabalho.

Os empreendimentos minerários devem traçar planos estratégicos de segurança das


referidas barragens. Esses planos de trabalho visam atender as exigências estabelecidas
pela Lei Federal 12.334, de 20 de setembro de 2010 (que estabelece a Política Nacional
de Segurança de Barragens) e da Portaria DNPM 416, de 03.09.2012 (que cria o
Cadastro Nacional de Barragens de Mineração e dispõe sobre o Plano de Segurança,
Revisão Periódica de Segurança e Inspeções Regulares e Especiais de Segurança das
Barragens de Mineração).

As barragens de contenção de rejeitos da mineração são estruturas de controle


ambiental construídas com o objetivo de conter os materiais resultantes do processo de
beneficiamento do minério e/ou sedimentos oriundos das atividades, garantindo a
qualidade da água e vazão dos corpos hídricos a jusante. Há barragens de contenção de
sedimentos, barragens de contenção de rejeitos e barragens com ambas as funções.

Pinheiro (2011, p. 21) apresenta o conceito de barragens de contenção de rejeitos, além


de suas características e estruturas componentes, da seguinte maneira:

“Obras de barramento destinadas à disposição dos rejeitos gerados no beneficiamento


de minério, geralmente formando um reservatório que permite a clarificação da água
decantada e a posterior recuperação para reuso no processo industrial. Estruturas
hidráulicas componentes: vertedouro, canal de descarga, bacia de dissipação de energia,
Página 3
Barragens de rejeitos da mineração: o princípio da
prevenção e a implementação de novas alternativas

tomada de água, dispositivo de manutenção de fluxo residual. Características especiais


condicionadoras de critérios: localização em cabeceiras de bacias hidrográficas, obras de
grande porte localizadas em áreas de drenagem relativamente pequenas, reservatórios
com grande inércia volumétrica, construção em etapas sucessivas de alteamentos, vida
útil de curta duração, possibilidade de conter resíduos tóxicos. Em determinadas
condições, o reservatório de água formado pela Barragem de Rejeitos pode ser utilizado
também para a regularização de vazões de estiagem do curso de água,
transformando-se a obra em uma Barragem de Uso Múltiplo.”

Por sua vez, as barragens de contenção de sedimentos consistem em:

“Obras de barramento destinadas à contenção dos sedimentos gerados nas áreas das
Unidades Industriais, geralmente implantadas a jusante de pilhas de estéreis ou de
locais com grandes movimentos de terra. Comumente designadas de Barragens de
Contenção de Finos, essas obras podem requerer manutenção permanente de
desassoreamento dos reservatórios, durante o ciclo de operação da Unidade Industrial.
Algumas Barragens de Contenção de Sedimentos podem ser construídas na forma de
diques de enrocamento, com estruturas galgáveis que funcionam como vertedouro. Nos
casos de a barragem ser construída de forma convencional, têm-se as seguintes
estruturas hidráulicas componentes: vertedouro, canal de descarga e bacia de dissipação
de energia. Características especiais condicionadoras de critérios: localização em áreas
com elevado potencial de geração de sedimentos e ausência de dados de
monitoramento, necessidade de manutenção antes do esgotamento total do volume
morto, vida útil de curta duração.” (PINHEIRO, 2011, p. 21).

A título de esclarecimento, no presente trabalho entender-se-á por rejeito todo e


qualquer material descartado durante o processo de beneficiamento de minérios.
Sedimento representa todo e qualquer particulado sólido gerado por erosão e carreado
superficialmente pela água.

Ressalta-se que, no caso da mineração de ferro, tanto o sedimento, quanto o rejeito são
considerados inertes, ou seja, conforme NBR (10.007/2004) aqueles materiais que, ao
serem submetidos aos testes de solubilização, não têm nenhum de seus constituintes
solubilizados em concentrações superiores aos padrões de potabilidade da água. Estes
resíduos não se degradam ou não se decompõem quando dispostos no solo, pois se
deterioram lentamente. Estão nesta classificação, por exemplo, os entulhos de
demolição, pedras e areias retirados de escavações. Já outros tipos de mineração que
apresentam contaminantes na composição do rejeito devem observar para a disposição
final, além da referida norma, a NBR 11.174/1990.

Em função do tipo de minério processado e dos tratamentos adotados, podem ser


encontrados rejeitos com variadas características geotécnicas, físico-químicas e
mineralógicas. Os rejeitos, quando de granulometria fina, são denominados lama, e
quando de granulometria grossa (acima de 0,074 mm), são denominados rejeitos
granulares (ESPÓSITO, 2000).

O grande volume de rejeitos gerados e os altos custos da disposição em barragens faz


com que seja vantajosa a utilização dos rejeitos como material de construção das
próprias barragens de contenção. Para isso, há que se considerar algumas premissas,
tais como separação da fração grossa e fina de acordo com as propriedades geotécnicas,
controle dos processos de separação por meio da granulometria, utilização de sistemas
de drenagens eficientes, compactação dos rejeitos com o aumento da densidade e da
resistência e proteção superficial da barragem, dentre outras.

A disposição final dos rejeitos da mineração pode ser realizada de diversas formas. O
método de barragens por meio de aterro hidráulico é o mais convencional e utilizado
pelas empresas. Essas barragens podem ser de solo natural ou podem ser implantadas
e/ou alteadas com os próprios rejeitos. Existem três métodos mais comuns de
alteamento de barragens de rejeitos: o método de montante, o método de jusante e o
Página 4
Barragens de rejeitos da mineração: o princípio da
prevenção e a implementação de novas alternativas

método da linha de centro, sendo que uma barragem pode ser alteada com mais de um
método. Com o intuito de esclarecer melhor alguns termos técnicos e os três métodos
citados, vejamos a figura abaixo:

Métodos de alteamento em barragens. Fonte: ESPÓSITO, 2000.

Os alteamentos são necessários para aumentar a capacidade de armazenamento de


rejeito dos reservatórios. O rejeito é levado até a barragem por meio de dutos
denominados rejeitodutos. Tanto o local de disposição do rejeito (praia de rejeito) e de
água livre acumulada é influenciado pelo método de alteamento a ser escolhido. Os três
alteamentos são iniciados com a construção do dique de partida. A sedimentação das
partículas acontece em função do seu tamanho e densidade e a diferença entre estes
métodos basicamente está, entre outras técnicas, na direção do alteamento em relação
ao dique inicial.

Segundo Robertson et al (1987), as propriedades de engenharia de relevância crítica na


definição da escolha do método de construção estão relacionadas à porcentagem do
material granular presente no rejeito, densidade relativa dos grãos, estudo do potencial
de liquefação e grau de consolidação do rejeito, além de suas características de
permeabilidade e solubilização.

De acordo com Espósito (2000, p. 8):

“Quanto aos métodos construtivos de barragens de rejeitos, construídas por alteamentos


sucessivos, os três tipos clássicos podem ser citados: Método de Montante, Método de
Jusante e Método de Linha de Centro, sendo que o Método de Montante é considerado o
mais econômico e de maior facilidade executiva. O método de montante é considerado o
mais comum e economicamente mais vantajoso para as empresas. Os diversos degraus
Página 5
Barragens de rejeitos da mineração: o princípio da
prevenção e a implementação de novas alternativas

da barragem, erguidos à medida que a quantidade de rejeitos aumenta, são construídos


contra o barranco ou a parede que dá sustentação à estrutura. (GERAQUE, 2015). Por
outro lado, as barragens construídas a montante exigem maiores cuidados de
manutenção. Alerta Espósito (2000, p. 8) que:

“neste caso, apesar das vantagens apresentadas e da necessidade de menores áreas


para disposição, estas estruturas, principalmente quando alteadas com o próprio rejeito
do processo, merecem maior controle no acompanhamento durante a etapa construtiva,
uma vez que apresentam algumas desvantagens relacionadas à dificuldade de controle
da superfície freática, susceptibilidade ao piping, superfícies erodíveis e probabilidade de
liquefação.”

No método de jusante, mais dispendioso para as mineradoras em relação ao anterior, os


degraus da barragem se apoiam sobre eles mesmos, sustentando melhor toda a massa
de resíduos armazenada. O método de linha de centro, por sua vez, é uma mescla dos
modelos de montante e de jusante. (GERAQUE, 2015).
3.1 Requisitos legais para segurança de barragens convencionais

Além da necessidade de observância das normas supracitadas, como a Lei Federal


12.334/2010 (que estabelece a Política Nacional de Segurança de Barragens) impõe-se a
inspeção por Auditorias Técnicas de Segurança de Barragem, realizada por equipe
especializada com periodicidade que varia de acordo com a classificação da barragem. É
exigido pelo órgão ambiental, anualmente, o protocolo relativo à auditoria, de acordo
com a classificação da estrutura, sendo que as barragens de classe III necessitam de
auditoria a cada 1 ano, as barragens classe II a cada 2 anos e as barragens classe I a
cada 3 anos.

Além disso, são exigidas, também anualmente, as declarações de estabilidade e sua


respectiva Anotação de Responsabilidade Técnica no órgão ambiental estadual e no
DNPM. Todos os documentos referentes às barragens são exigências da Política Nacional
de Segurança de Barragens e devem ser organizados em cinco volumes.

O volume I deve contemplar Informações Gerais, Estrutura Organizacional, Classificação


da Barragem e Controle de Revisões, Documentação Técnica, Documentação Legal e
Controle de Revisões. Já o volume II, os Planos e Procedimentos e Controle de Revisões.
O Volume III deve apresentar os Registros e Controles e Controle de Revisões, e o
Volume IV a Revisão Periódica de Segurança, Relatório de Revisão Periódica de
Segurança e Controle de Revisões; Resumo Executivo da Revisão Periódica de
Segurança e Controle de Revisões. O Volume V, por sua vez, deve apresentar o Plano de
Ação Emergencial e Controle de Revisões.

Os estudos consistentes de dimensionamentos hidrológicos e geotécnicos realizados para


as barragens de classe III geralmente seguem como premissas e critérios a utilização de
base topográfica obtida do perfilamento a laser aero levantado, com curvas de nível de
1,0 m em 1,0 m, a Crista da barragem limitada à cota referente à barragem, ficando o
tempo de deposição de rejeitos condicionada à capacidade do reservatório na soleira do
sistema extravasor na cota de referência.

O dimensionamento de uma barragem pode adotar como padrões os requisitos


estabelecidos na norma ABNT/NBR 13.028/2006 (Mineração – Elaboração e
apresentação de projeto de barragens para disposição de rejeitos, contenção de
sedimentos e reservação de água) e “Critérios para Cálculo de Cheia de Projeto de
Vertedouros”, constante na bibliografia “Diretrizes para Elaboração de Estudos
Hidrológicos e Dimensionamentos Hidráulicos em Obras de Mineração” (PINHEIRO,
2011). Leva-se em consideração a manutenção da vazão residual durante a fase de
construção e operação da barragem, mesmo que seja necessária a utilização de bombas.

Já nos projetos detalhados devem ser elaborados cenários (semestrais) de disposição de


Página 6
Barragens de rejeitos da mineração: o princípio da
prevenção e a implementação de novas alternativas

rejeitos com o objetivo de contextualizar e prever a ocupação do reservatório ao longo


da vida útil do empreendimento. Esse estudo pode ser desenvolvido em conjunto com o
balanço hídrico do reservatório.

Essa profusão de estudos de análise de estabilidade e hidrológico, do ponto de vista


geotécnico e hidráulico, tem como intuito a aferição da estabilidade da barragem em
relação à geometria proposta, conforme condições de contorno adotadas. Os acidentes
ocorridos nos últimos anos atestam, todavia, a necessidade de revisão de normas,
procedimentos e técnicas atualmente consolidadas no que se tange à disposição final dos
rejeitos da mineração.
4 A falibilidade do modelo de barragens por meio de aterro hidráulico na mineração

Conquanto a legislação nacional tenha avançado em relação às normas de segurança


direcionadas às barragens convencionais de rejeitos da mineração, acidentes envolvendo
essas estruturas continuam a ocorrer.

Constata-se, a partir da análise de acidentes com barragens de resíduos de mineração


no século XX e início do século XXI em diversos países do mundo, que 40 % deles
ocorreram com aquelas construídas utilizando-se do método a montante. Trata-se do
modelo mais econômico e menos dispendioso para os empreendedores. Afirma David
Chambers, geólogo que analisa os impactos da atividade minerária, que o investimento
das empresas para aumentar seus processos de extração e sua produtividade deve
passar a ser proporcional à adoção de medidas para evitar os possíveis impactos
socioambientais inerentes à mineração. (Apud GERAQUE, 2015).

Os impactos negativos decorrentes da mineração não podem mais ser considerados


como meros efeitos colaterais inerentes à atividade. Os riscos relacionados à exploração
mineral devem ser incluídos nos custos da atividade, com o objetivo de evitar a
concretização de danos. E isso inclui a adoção de novas tecnologias e métodos que
possam, gradualmente, diminuir a quantidade de rejeitos gerada ou até mesmo
substituir, futuramente, os aterros hidráulicos.

Afirma David Chambers (2015) que não há dúvida de que os estragos causados pela
ruptura de barragens da mineração teriam sido muito menores se os resíduos das minas
fossem menos fluídos. Tal afirmação atesta a necessidade de aperfeiçoamento e
utilização de novas formas de disposição final dos rejeitos da atividade minerária.
5 A prevenção como princípio norteador da implementação de medidas mais protetivas e
da substituição gradual dos aterros hidráulicos

Verifica-se que, apesar da criação de normas jurídicas que pretendem regulamentar o


funcionamento e a segurança dos aterros hidráulicos na mineração, como a Lei
12.334/2010, que estabelece a Política Nacional de Segurança de Barragens, acidentes
continuam a ocorrer. Por maior que seja a diligência, o zelo e o cumprimento da
legislação em vigor pelas empresas mineradoras em relação à segurança de suas
barragens, algumas medidas e ações podem ser aprimoradas para evitar que acidentes
aconteçam.

A partir dessa premissa, sugerimos, no presente trabalho, algumas novas alternativas


que podem diminuir a geração dos rejeitos gerados ou até mesmo substituir
gradualmente as barragens convencionais. A ideia é que, a médio e longo prazos, os
empreendimentos minerários adotem soluções que eliminem, na origem, qualquer
possibilidade de dano ambiental e/ou social.

Há embasamento legal suficientemente sólido para fundamentar a busca de novas


alternativas de disposição dos resíduos da mineração.

O princípio da prevenção é o alicerce para a adoção de medidas tendentes a evitar a


concretização de danos socioambientais. Como os impactos negativos decorrentes de
Página 7
Barragens de rejeitos da mineração: o princípio da
prevenção e a implementação de novas alternativas

acidentes com aterros hidráulicos já são amplamente conhecidos, medidas preventivas


devem ser tomadas, nas três esferas de poder, para impedir que danos semelhantes
venham a se repetir.

A exigência de adoção de medidas preventivas é uma tendência internacional,


constatada a partir da análise de instrumentos jurídicos diversos. De acordo com o
Preâmbulo da Convenção da Basileia sobre o Controle de Movimentos Transfronteiriços
de Resíduos Perigosos e seu Depósito, de 1989, “As Partes da presente Convenção (...),
atentas também ao fato de que a maneira mais eficaz de proteger a saúde humana e o
meio ambiente dos perigos que esses resíduos representam é a redução ao mínimo de
sua geração em termos de quantidade e/ou potencial de seus riscos.” A mesma
Convenção prevê que as Partes devem agir “determinadas a proteger, por meio de um
controle rigoroso, a saúde humana e o meio ambiente contra os efeitos adversos que
podem resultar da geração e administração de resíduos perigosos e outros resíduos
(...)”.

Já o Tratado de Maastricht sobre a União Europeia prevê a implementação do princípio


“da ação preventiva, baseada na correção prioritariamente na origem”.

Paulo Affonso Leme Machado (2015, p. 118) lembra, ainda, que a Corte Internacional de
2
Justiça, no processo Gabcíkovo-Nagymaros (Hungria/Eslováquia), sentenciou que “A
Corte não perde de vista que, no domínio da proteção do meio ambiente, a vigilância e a
prevenção impõem-se em razão do caráter frequentemente irreversível dos prejuízos
causados ao meio ambiente e dos limites inerentes aos mecanismos de reparação deste
tipo de dano”.

O Princípio 8 da Declaração do Rio de Janeiro de 1992, por sua vez, dispõe que, “ a fim
de conseguir-se um desenvolvimento sustentado e uma qualidade de vida mais elevada
para todos os povos, os Estados devem reduzir e eliminar os modos de produção e de
consumo não viáveis e promover políticas demográficas apropriadas”.

As normas jurídicas nacionais também preveem a aplicação do princípio da prevenção. O


art. 2º da Lei 6.938/1981 apresenta como princípio da política nacional do meio
ambiente “a proteção de áreas ameaçadas de degradação”, indicando, assim, onde deve
ser aplicado o referido princípio no caso da mineração. As áreas localizadas a jusante de
aterros hidráulicos, ou seja, no caminho do curso da água e da lama em caso de
eventual rompimento dessas estruturas, talvez sejam as mais ameaçadas de degradação
ambiental, devendo ser protegidas a partir de decisões e atos preventivos das três
esferas de poder (Legislativo, Executivo e Judiciário).

Já a Lei 12.305/2012, aplicável aos resíduos da atividade minerária, está repleta de


determinações que têm como intuito evitar a concretização de danos, além de apontar,
taxativamente, a prevenção, como princípio da Política Nacional de Resíduos Sólidos
(art. 6º, I).

Um dos objetivos da Política Nacional de Resíduos Sólidos é estimular a adoção de


padrões sustentáveis de produção e consumo de bens e serviços (art. 7º, III). Assim, a
produção mineral deve ser realizada de forma a atender as necessidades das atuais
gerações e permitir melhores condições de vida, sem comprometer a qualidade
ambiental e o atendimento das necessidades das gerações futuras (art. 3º, XIII).

Também são objetivos da LPNRS a não geração, redução, reutilização, reciclagem e


tratamento dos resíduos sólidos, bem como disposição final ambientalmente adequada
dos rejeitos (art. 7º, II). A lei estabelece que, caso os resíduos tenham que ser
produzidos, como no caso da mineração, que seja na menor escala possível, e que haja
disposição final ambientalmente adequada dos mesmos. Os danos decorrentes de
rompimentos de aterros hidráulicos atestam a necessidade de maior investimento em
tecnologias e métodos ambientalmente mais adequados de disposição dos resíduos.

Página 8
Barragens de rejeitos da mineração: o princípio da
prevenção e a implementação de novas alternativas

A adoção, desenvolvimento e aprimoramento de tecnologias limpas como forma de


minimizar impactos ambientais (art. 7º, IV) é princípio da Política Nacional de Resíduos
Sólidos, e também pode fundamentar medidas executivas, legislativas ou judiciais no
sentido de reduzir a geração dos rejeitos ou até mesmo substituir os aterros hidráulicos
por novas alternativas de disposição.

Vale destacar, ainda, que os planos de resíduos sólidos e os planos de gerenciamento de


resíduos sólidos estão previstos na Lei 12.305/2012 e constituem relevantes
instrumentos de implementação de política pública ambiental, pois têm como objetivo
aplicar efetivamente o princípio da prevenção no gerenciamento de resíduos. Ensina
Paulo Affonso Leme Machado (2015, p. 118) que:

“a aceitação do princípio da prevenção não para somente no posicionamento mental a


favor de medidas ambientais acauteladoras. O princípio de prevenção deve levar à
criação e à prática de política pública ambiental, através de planos obrigatórios. (...) A
legislação brasileira prevê a realização de planos em diversos setores ambientais, tais
como: (...) resíduos sólidos (Lei. 12.305/2010).”

Os geradores de resíduos estão sujeitos à elaboração de plano de gerenciamento de


resíduos sólidos, que é parte integrante do processo de licenciamento ambiental do
empreendimento ou atividade pelo órgão competente do SISNAMA (art. 20, I, c/c art. 24
da Lei 12.305/2010).

Compete, portanto, à iniciativa privada e ao poder público, em todas as suas esferas,


implementar medidas voltadas à prevenção de danos socioambientais relacionados à
disposição final de resíduos, especialmente aqueles relacionados à ruptura de aterros
hidráulicos da mineração.
6 A substituição gradual dos aterros hidráulicos por novas alternativas para a disposição
dos rejeitos da mineração

Importante esclarecer que não se propõe, no presente trabalho, a substituição imediata


dos aterros hidráulicos por novas alternativas de disposição de rejeitos da mineração. Há
uma série de fatores que devem ser considerados para que seja viabilizada a utilização
de novos métodos e tecnologias de disposição de resíduos.

A questão deve ser debatida sob a perspectiva multidisciplinar, não apenas por envolver
aspectos jurídicos e técnicos, mas também sociais, econômicos e políticos. Uma
determinação dessa envergadura acarretaria desemprego e crise social, além de
degradação do meio ambiente com a utilização de técnicas ainda pouco pesquisadas.

A própria Lei 12.305/2015, nesse sentido, dispõe como princípio da Política Nacional de
Resíduos Sólidos “a visão sistêmica, na gestão dos resíduos sólidos, que considere as
variáveis ambiental, social, cultural, econômica, tecnológica e de saúde pública” (art. 6º,
III).

Antes da adoção pelo poder público de qualquer medida tendente a vedar a disposição
final de resíduos da mineração em aterros hidráulicos, necessário sopesar se o impacto
positivo de tal vedação seria mais relevante que os impactos socioeconômicos
decorrentes da mesma. Além do meio ambiente ecologicamente equilibrado, outros
princípios também estão constitucionalmente protegidos, como aqueles relativos às
garantias sociais e à ordem econômica.

Assim, mesmo que os acidentes com as barragens por aterro hidráulico demonstrem a
necessidade de substituí-las por outros métodos de disposição de rejeitos, parece-nos
mais harmônico com a disciplina constitucional que essa transição se dê de maneira
planejada e gradual.

Juridicamente, apresenta-se inequívoca a orientação da Lei 12.305/2010 no sentido de


que o aperfeiçoamento dos métodos de produção e de disposição final dos resíduos seja
Página 9
Barragens de rejeitos da mineração: o princípio da
prevenção e a implementação de novas alternativas

realizado gradualmente.

De acordo com seu art. 7º, é objetivo da Política Nacional de Resíduos Sólidos o
“incentivo ao desenvolvimento de sistemas de gestão ambiental e empresarial voltados
para a melhoria dos processos produtivos”. O aperfeiçoamento das formas de disposição
de resíduos, parte integrante dos sistemas de gestão ambiental e da melhoria dos
processos produtivos, depende de tempo hábil para o aprofundamento das pesquisas e
para a realização de testes de campo.

Ao regulamentar a elaboração, pela União, do Plano Nacional de Resíduos Sólidos, a Lei


12.305/2010 determina, como conteúdo mínimo, além do diagnóstico da situação atual
dos resíduos sólidos, também a “proposição de cenários, incluindo tendências
internacionais e macroeconômicas” e “metas de redução, reutilização, reciclagem, entre
outras, com vistas a reduzir a quantidade de resíduos e rejeitos encaminhados para
disposição final ambientalmente adequada” (art. 15). A proposição de novos cenários
depende da evolução das pesquisas sobre métodos mais seguros de disposição de
rejeitos da mineração. As metas de redução de resíduos também devem ser alcançadas
gradativamente, na medida em que novas técnicas sejam testadas e tenham
comprovadas sua efetividade e segurança.

No que tange aos aspectos técnicos, relacionados à estrutura e aos métodos de


construção das barragens, algumas alternativas vêm sendo desenvolvidas, mas
nitidamente ainda carecem de investimentos e incentivos governamentais para que
sejam definitivamente implementadas.

Não remanescem dúvidas de que o atual cenário envolvendo ocorrências com barragens
de contenção de rejeitos e seus consequentes impactos ambientais vêm despertando
uma mudança de paradigma, propiciando o incentivo pela busca de novas alternativas
para essas estruturas.

Ensina Fornasier (2012, p. 2.254) que:

“Teoricamente têm sido notados novos conceitos, pesquisas científicas e mudanças


políticas e legislativas relevantes acerca da matéria desde as últimas décadas do século
XX – e, por que não dizer relevantes mudanças de postura de sociedades e indivíduos no
mundo todo no que tange às questões da importância do ambiente, sua conservação e
preservação. Acadêmicos dos mais variados campos do conhecimento têm abordado a
questão da importância de se considerar o indivíduo parte do ambiente e a influência do
ambiente como parte fundamental do indivíduo, bem como em evitar (ou retroceder) o
processo de retificação pura e simples do entorno ou ainda (conforme diriam
economistas) a importância em se deixar de considerar o ambiente mera externalidade
do processo produtivo. Quando analisamos o histórico de um sistema produtivo de maior
escala, vimos que ele indica diferentes fases quanto à forma organizacional das
empresas, da produção e do trabalho, bem como nas relações com o mercado. Neste
sentido, é importante aliar as tecnologias de produto e de processo de produção
utilizadas, a diversificação de atividades sustentáveis e as relações com o meio
ambiente, pensando na disponibilidade dos recursos, na parcela de consumidores de
uma população, bem como no componente social das futuras políticas públicas.”

De acordo com Marcelo Marques Figueiredo (2007), necessita-se de maior detalhamento


dos estudos do processo construtivo de estruturas formadas por aterro hidráulico,
principalmente os relacionados à previsão e estimativa de densidades, considerando a
importância da definição deste parâmetro e que a sua estimativa encontra-se restrita à
determinação de ângulos de deposição da praia e às propriedades físicas do aterro em
função dos parâmetros de descarga.

Não se pode olvidar que a metodologia de disposição dos rejeitos está atrelada à
qualidade do minério e do seu processo de beneficiamento. Assim, nem todas as
alternativas propostas tornam-se viáveis para qualquer tipo de exploração do minério de
Página 10
Barragens de rejeitos da mineração: o princípio da
prevenção e a implementação de novas alternativas

ferro. As características da planta de beneficiamento influenciam diretamente na


definição da metodologia adequada e todas devem ser amplamente estudadas para que
os riscos e impactos ambientais se tornem de fato menores quando se comparado aos
métodos convencionais. Para isso, muitas variáveis e profissionais multidisciplinares
precisam estar envolvidos.

Para as proposições de novas tecnologias, a alteração do estado do rejeito para


atendimento à determinada metodologia de disposição compreende, única e
exclusivamente, mudança no seu estado de concentração e não de suas características
intrínsecas físico-químicas e mineralógicas.

É cediço que as diversas metodologias existentes e os procedimentos de disposição de


rejeitos resultam em depósitos com propriedades de engenharia substancialmente
diferentes e devem ser analisados caso a caso, levando em consideração a estabilidade
da estrutura a ser formada e/ou a resistência do material, quando utilizado como
agregado.

Nesse sentido, têm sido avaliadas, além das formas geotécnicas mais convencionais de
disposição do rejeito, como o lançamento em aterro hidráulico, empilhamento de rejeito
grosso e rejeito ciclonado, outras alternativas como o empilhamento após secagem da
lama, o espessamento do rejeito em forma de pasta, a filtragem e o desaguamento.
Estas alternativas, apesar de menos tradicionais e de pouca utilização pela indústria
minerária nacional, deveriam ser mais fomentadas, tendo em vista apresentarem
grandes vantagens ambientais, como otimização de áreas e elevado potencial de
recuperação da água, além de reduzirem significativamente os custos operacionais do
empreendimento ao longo do tempo se considerada a necessidade ad eternum de
monitoramento de uma barragem convencional, seu custo com o descomissionamento e
as possíveis reparações ambientais e sociais no caso de ocorrência de dano ambiental.

Além dessas alternativas, destaca-se a disposição concomitante dos rejeitos com estéril,
que pode ocorrer em forma de pasta, pode ser confinada, espessada ou misturada, por
meio do rejeito em qualquer granulometria e estéril (homogeneizado ou em camadas).
Muitos experimentos vêm sendo realizados com o intuito de verificar a viabilidade destes
procedimentos, também denominados ‘empilhamento drenado’. Estas estruturas podem
apresentar vantagens ambientais quando comparadas a uma barragem convencional,
pois otimizam o uso de áreas e possibilitam a utilização de dois tipos de resíduos do
processo de mineração, o estéril e o rejeito, sendo o impacto maior desta estrutura
verificado na paisagem local.

Outras alternativas para a diminuição do volume de rejeito depositado nas barragens


convencionais devem ser fomentadas, como a utilização de cavas exauridas para a
disposição dos rejeitos e a recuperação dos finos das barragens existentes. A
recuperação dos finos das barragens consiste em aumentar a eficiência das usinas,
permitindo o aproveitamento desse material descartado, até então sem valor econômico.
Essa técnica favorece o descomissionamento/fechamento futuro da barragem e já vem
sendo utilizada em algumas minas. O aumento da eficiência das usinas no tratamento do
minério conjugado com o alto teor de ferro proveniente da jazida em que se encontra o
recurso mineral pode culminar em tratamento a seco, tornando desnecessária a
barragem.

É razoável considerar, sob o ponto de vista econômico, que a substituição dos aterros
hidráulicos por novas alternativas de disposição final de resíduos se dê de maneira
gradual. Os altos custos de investimento para a implantação de novas tecnologias e
métodos, associados ao cenário econômico nacional desfavorável, poderia inviabilizar
inúmeros empreendimentos minerários. Não se pode ignorar que a mineração constitui a
base da economia nacional.

Os produtos minerários representam, reconhecidamente, relevante fonte de divisas


geradas através das exportações, podendo-se afirmar que a mineração, ao lado da
Página 11
Barragens de rejeitos da mineração: o princípio da
prevenção e a implementação de novas alternativas

agricultura, é um dos pilares da sustentação econômica do país. Segundo dados do


Ministério de Desenvolvimento Indústria e Comércio – MDIC (2015), a balança comercial
brasileira de 2013 encerrou o ano apresentando um saldo positivo de US$ 2,56 bilhões.
A produção e a exportação mineral foi, em grande parte, responsável pelo superavit
comercial brasileiro naquele ano, o que denota a importância dessa atividade para a
economia nacional. Destaca ainda o IBRAM (2014, p. 29) que, no ano de 2013, a
atividade minerária foi responsável por cerca de dois milhões de empregos (diretos e
indiretos) no Brasil. (RAMOS; THOMÉ, 2015). Parece-nos evidente que a adoção de
medidas que possam afetar repentinamente, e de forma negativa, a atividade, agravaria
a crise econômica no setor, desencadeando impactos sociais, como o desemprego.
7 Não geração, redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos da
mineração

Como já demonstrado no presente trabalho, a gradual substituição dos aterros


hidráulicos por novas alternativas de disposição de rejeitos é tema que deve constar na
agenda oficial de debates entre empreendedores do setor minerário, a sociedade civil e o
poder público. Enquanto não houver viabilidade técnica e econômica, e não forem
editadas normas que assegurem essa definitiva substituição de método, deve haver
consenso, no mínimo, em relação à necessidade de aprimoramento das etapas do ciclo
produtivo da mineração, especialmente no que tange a não geração, redução,
reutilização e reciclagem dos resíduos decorrentes da atividade.

A Lei 12.305/2010 (LPNRS), por exemplo, apresenta em seu art. 21 o conteúdo mínimo
necessário para a elaboração do plano de gerenciamento de resíduos sólidos, que deve
conter, dentre outros dados e informações, metas e procedimentos relacionados à
minimização da geração dos mesmos (art. 21, VI). A implementação de novas
tecnologias durante o processo produtivo da mineração, mesmo para aqueles
empreendimentos que ainda se utilizarem de barragens por meio de aterros hidráulicos,
é uma das medidas possíveis e indicadas aos empreendimentos no sentido de
proporcionar a redução gradual da geração de resíduos da mineração.

A LPNRS estabelece, em seus objetivos, uma espécie de hierarquia na gestão de


resíduos sólidos. A prioridade está na sua não geração. Na sequência, a determinação
legal é no sentido da redução, reutilização, reciclagem, tratamento e, por último, da sua
disposição final ambientalmente adequada (art. 7º, II).

Nesse sentido, importante sublinhar que existe a possibilidade de aproveitamento dos


rejeitos como agregado na construção civil, na criação de blocos intertravados, tijolos,
pisos e como material alternativo em obras geotécnicas, garantindo seu aproveitamento
em ampla escala, contrariando uma fragilidade difundida de que certas alternativas não
possuem solução para grandes quantidades de rejeito. O Plano Nacional de Mineração
2030 alerta que:

“o setor mineral deve estabelecer uma clara diretriz quanto à reciclagem de metais e
outros minérios, considerando-se a entrega em vigor da Lei 12.305 de 12 de agosto de
2010, que institui o a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Essa lei responsabiliza todos
os elos das cadeias produtivas de grandes, médias e pequenas empresas sobre o
processo de coleta, destino, reciclagem e restituição dos descartes sólidos (...)”.

Há notícias da criação de impressoras 3D com capacidade de usar o rejeito como matéria


prima para a construção de casas. As aplicações da tecnologia vão desde ações
emergenciais em áreas afetadas por desastres naturais à criação de residências baratas
em comunidades de baixo poder aquisitivo.

Ao analisar as alternativas tecnológicas e modelagem de negócios para aplicação de


rejeito da mineração de ferro, Bontempo, Peixoto e Resende (2013) apresentam
diversas iniciativas de desenvolvimento de produtos que têm o rejeito como matéria
prima, tais como utilização como argamassa, pavimentação, cerâmica, blocos de
Página 12
Barragens de rejeitos da mineração: o princípio da
prevenção e a implementação de novas alternativas

pavimentação e blocos de alvenaria. Todavia, lembram que ainda há necessidade de


análises técnicas e mercadológicas para a utilização dos rejeitos em atividades e
produtos diversos em escala comercial.

Segundo Marcelo Marques Figueiredo (2007), faz-se necessária a implantação de


estruturas experimentais, compreendendo as diferentes técnicas alternativas estudadas,
visando estabelecer as concepções mais pertinentes a cada uma delas, bem como a
determinação dos parâmetros geotécnicos e tecnológicos mais adequados a cada tipo de
rejeito e a cada método de disposição estudado.

As alternativas mencionadas contribuem para o novo cenário que se configura e


apresentam vantagens ambientais, como restrição do uso de novas áreas,
sustentabilidade, diminuição dos conflitos sociais e possibilidade de uma reconformação
da paisagem, criando, ainda, condições para o fechamento das estruturas de barragens.

Compete ao empreendedor internalizar as externalidades negativas socioambientais no


seu próprio custo de produção, investindo em métodos e tecnologias mais modernas e
seguras para evitar a concretização de danos, seja substituindo os aterros hidráulicos
por alternativas viáveis, ou aperfeiçoando as etapas do ciclo produtivo com a redução,
reutilização, reciclagem e tratamento de resíduos. Coadunamos com o posicionamento
de Aragão (1997, p. 139) no sentido de que deve pagar para evitar a concretização dos
danos o poluidor “que tem o poder de controle (inclusive poder tecnológico e econômico)
sobre as condições que levam à ocorrência da poluição, podendo, portanto, preveni-las
ou tomar precauções para evitar que ocorram”.
8 Das medidas a serem adotadas pelo poder público

Ao poder público, em todas as suas esferas, cabe implementar medidas voltadas à


prevenção de danos socioambientais relacionados à ruptura dos aterros hidráulicos da
mineração e, gradualmente, buscar a substituição desse método de disposição de
rejeitos.

Ao Poder Executivo cabe diagnosticar, analisar e propor alterações nas normas que
regulamentam a disposição de resíduos da mineração, com o intuito de aumentar os
3
níveis de segurança, além de, por meio dos seus respectivos órgãos ambientais, exigir
dos empreendimentos a utilização de técnicas mais modernas de disposição de resíduos,
sempre em consonância com os princípios da razoabilidade e proporcionalidade, que
orientam a atuação da Administração Pública. Pode o Executivo, dentre outras medidas,
vedar a utilização do método a montante clássico para o alteamento de barragens de
rejeitos. Vale lembrar que, nos termos do art. 24 da Lei 12.305/2012, o plano de
gerenciamento de resíduos sólidos é parte integrante do processo de licenciamento
ambiental do empreendimento. Pode o poder público, ainda, instituir medidas indutoras
e linhas de financiamento para atender, prioritariamente, às iniciativas de prevenção e
redução da geração de resíduos sólidos no processo produtivo e o desenvolvimento de
pesquisas voltadas para tecnologias limpas aplicáveis aos resíduos sólidos (art. 42, I e
VII da Lei 12.305/2010).

Devem os Estados definir as “zonas favoráveis para a localização de unidades de


disposição final de rejeitos”, por meio do Plano Estadual de Resíduos Sólidos (art. 17, XI,
a da Lei 12.305/2010). Além do Plano Estadual, os Estados poderão elaborar planos
microrregionais de resíduos sólidos, bem como planos específicos direcionados às
regiões metropolitanas ou às aglomerações urbanas, com a participação dos Municípios
envolvidos (art. 17, parágrafos 1º e 2º da Lei 12.305/2010).

No âmbito local, devem os Municípios definir ações preventivas e corretivas a serem


praticadas, incluindo programa de monitoramento dos resíduos sólidos (art. 19, XVII da
Lei 12.305/2010).

O Poder Legislativo, a seu turno, tem a responsabilidade de adequar as normas vigentes


Página 13
Barragens de rejeitos da mineração: o princípio da
prevenção e a implementação de novas alternativas

aos mecanismos de prevenção, mais que aos de reparação, considerando os riscos


potenciais do processo produtivo da mineração como inerentes à atividade, e não como
meros efeitos colaterais eventuais. Pode ainda, atendendo aos preceitos do art. 44, I da
Lei de Política Nacional de Resíduos Sólidos, instituir incentivos fiscais, financeiros ou
creditícios às indústrias e entidades dedicadas à reutilização, ao tratamento e à
reciclagem de resíduos sólidos produzidos no território nacional, além de fomentar a
pesquisa e a implantação de modelos de disposição de resíduos que possam vir a
substituir os aterros hidráulicos.

Ao Judiciário cabe, dentre outras medidas, aplicar efetivamente as normas ambientais


em vigor, enfatizando o princípio da prevenção, o que certamente incentivará a
internalização das externalidades negativas por parte dos empreendimentos utilizadores
de recursos naturais e a adoção de novas medidas que evitem a concretização de danos.
9 Considerações finais

Na atividade de mineração, grandes quantidades de materiais são extraídas e


movimentadas. A contenção ou acumulação de substâncias líquidas ou de misturas de
líquidos e sólidos é feita em estruturas construídas em um curso permanente ou
temporário de água denominadas barragens.

O método de barragens por meio de aterro hidráulico é o mais convencional e utilizado


pelas empresas atualmente.

Na medida em que aumenta a quantidade de rejeitos acumulados nas barragens,


torna-se necessária a ampliação de sua capacidade, que normalmente se dá por meio do
seu alteamento, com a utilização dos próprios rejeitos como matéria prima.

Há três métodos mais comuns de alteamento de barragens de rejeitos: o método de


montante, o método de jusante e o método da linha de centro. O método de montante é
considerado o mais comum e economicamente mais vantajoso para as empresas e exige
maiores cuidados de manutenção por parte do empreendedor.

Constata-se, a partir da análise de acidentes com barragens de resíduos de mineração


no século XX e início do século XXI em diversos países do mundo, que 40 % deles
ocorreram com aquelas construídas utilizando-se do método a montante. Em Minas
Gerais, todas as barragens de rejeitos que se romperam desde 2001 utilizavam o
método de alteamento a montante.

Os acidentes com barragens de rejeitos da mineração ocorridos nos últimos anos nos
permite constatar que os mecanismos jurídicos direcionados à recuperação e indenização
dos danos causados têm se apresentado insuficientes para a reparação integral do meio
ambiente degradado.

Assumem ainda mais relevância no ordenamento jurídico pátrio os institutos


direcionados a evitar a concretização de danos ambientais, especialmente aqueles
orientados pelos princípios da prevenção e da precaução.

A iniciativa privada e o poder público devem implementar medidas no sentido da adoção,


pelo setor minerário, de novos métodos, tanto de alteamento, quanto de disposição final
de rejeitos.

A substituição dos aterros hidráulicos por novas alternativas de disposição de rejeitos da


mineração deve ser realizada, todavia, gradualmente. Eventual proibição imediata de
utilização de aterros hidráulicos poderia gerar impactos econômicos e sociais negativos.

Os altos custos de investimento para a implantação de novas tecnologias e métodos,


associados ao cenário econômico nacional desfavorável, inviabilizaria inúmeros
empreendimentos minerários. O agravamento da crise econômica no setor minerário
desencadearia impactos sociais indesejáveis, como o desemprego.
Página 14
Barragens de rejeitos da mineração: o princípio da
prevenção e a implementação de novas alternativas

Todavia, não há dúvida que, a médio e longo prazo, os empreendimentos minerários


devem adotar soluções que eliminem, na origem, qualquer possibilidade de dano
ambiental e/ou social.

Enquanto novos modelos de disposição final de rejeitos não são implementados,


algumas medidas devem ser adotadas pelo poder público, como a vedação da utilização
do método a montante para o alteamento de barragens de rejeitos e a fiscalização e
monitoramento mais intenso dessas estruturas.

Além disso, para possibilitar a transição gradual dos aterros hidráulicos para novas
alternativas de disposição de rejeitos, compete ao poder público, dentre outras medidas:

a) diagnosticar, analisar e propor alterações nas normas que regulamentam a disposição


de resíduos da mineração, com o intuito de aumentar os níveis de segurança;

b) exigir dos empreendimentos a utilização de técnicas mais modernas de disposição de


resíduos, sempre em consonância com os princípios da razoabilidade e
proporcionalidade;

c) instituir medidas indutoras e linhas de financiamento para atender, prioritariamente,


às iniciativas de prevenção e redução da geração de resíduos sólidos no processo
produtivo e o desenvolvimento de pesquisas voltadas para tecnologias limpas aplicáveis
aos resíduos sólidos;

d) definir as “zonas favoráveis para a localização de unidades de disposição final de


rejeitos”;

e) elaborar planos microrregionais de resíduos sólidos;

f) definir programa de monitoramento dos resíduos sólidos;

g) adequar as normas vigentes aos mecanismos de prevenção;

h) instituir incentivos fiscais, financeiros ou creditícios às indústrias e entidades


dedicadas à reutilização, ao tratamento e à reciclagem de resíduos sólidos produzidos no
território nacional;

i) fomentar a pesquisa e a implantação de modelos de disposição de resíduos que


possam vir a substituir os aterros hidráulicos.

Os recorrentes acidentes ocorridos nos últimos anos tiveram o condão de apontar a


necessidade de aperfeiçoamento dos métodos tradicionais de geração e disposição final
dos rejeitos da mineração e de substituição gradual dos aterros hidráulicos por novas
alternativas, para que seja eliminada, por completo, e na origem, qualquer possibilidade
de dano ambiental ou social.
10 Referências

ABNT (2005). NBR 13028 – Elaboração e apresentação de projeto de barragens para


disposição de rejeitos, contenção de sedimentos e/ou reservação de água – Revisão NBR
13028, Associação Brasileira de Normas Técnicas, São Paulo, SP.

ABNT (2004). NBR 10007 – Amostragem de Resíduos Sólidos. Associação Brasileira de


Normas Técnicas. Rio de Janeiro, RJ.

ABNT (2004). NBR 10004 – Resíduos Sólidos – Classificação. Associação Brasileira de


Normas Técnicas. Rio de Janeiro, RJ.

ARISTIMUNHO, P. B., BERTOCINI, S. R. Aplicação de lama de minério de ferro em forma


de pó na presença de cimento portland. Revista Ibracon de Estruturas e Materiais. Vol.
5, p. 153-165, 2012.
Página 15
Barragens de rejeitos da mineração: o princípio da
prevenção e a implementação de novas alternativas

ASSIS, A. P.; ESPÓSITO, T. J. (1995). Construção de Barragens de Rejeitos Sob uma


Visão Geotécnica. III Simpósio sobre Barragens de Rejeitos e Disposição de Resíduos
Industriais e de Mineração, REGEO’95, ABMS/ABGE/CBGB, Ouro Preto-MG.

BONTEMPO, Fabrizio Agostino, PEIXOTO, Alessandra da Cunha e RESENDE, Edsmar


Carvalho. Estudo de alternativas tecnológicas e modelagem de negócios para aplicação
de rejeito da mineração de ferro. Contribuição técnica ao 1º Simpósio Brasileiro de
Aglomeração de Minério de Ferro. Belo Horizonte, setembro/2014. MG, Brasil. Disponível
em:
[http://www.vertiecotecnologias.com.br/arquivos_internos/publicacoes/Alternativas+Residuo+MinerioAB
Acesso em: 20.11.2015.

BRASIL. Deliberação Normativa COPAM 87, de 17.07.2005. Altera e complementa a


Deliberação Normativa COPAM 62, de 17.12.2002, que dispõe sobre critérios de
classificação de barragens de contenção de rejeitos, de resíduos e de reservatório de
água em empreendimentos industriais e de mineração no Estado de Minas Gerais.

BRASIL. Lei 12.334, de 20.09.2010. Estabelece a Política Nacional de Segurança de


Barragens destinadas à acumulação de água para quaisquer usos, à disposição final ou
temporária de rejeitos e à acumulação de resíduos industriais, cria o Sistema Nacional
de Informações sobre Segurança de Barragens e altera a redação do art. 35 da Lei
9.433, de 08.01.1997, e do art. 4º da Lei 9.984, de 17.07.2000.

BRASIL. Portaria DNPM 416, de 03.09.2012. Cria o Cadastro Nacional de Barragens de


Mineração e dispõe sobre o Plano de Segurança, Revisão Periódica de Segurança e
Inspeções Regulares e Especiais de Segurança das Barragens de Mineração conforme a
Lei 12.334, de 20.09.2010, que dispõe sobre a Política Nacional de Segurança de
Barragens.

BRASIL. Portaria DNPM 526, de 09.12.2013. Estabelece a periodicidade de atualização e


revisão, a qualificação do responsável técnico, o conteúdo mínimo e o nível de
detalhamento do Plano de Ação de Emergência das Barragens de Mineração (PAEBM),
conforme art. 8º, 11 e 12 da Lei 12.334, de 20.09.2010, que estabelece a Política
Nacional de Segurança de Barragens (PNSB), e art. 8º da Portaria 416, de 03.09.2012.

CARVALHO de Davi. Barragens: uma Introdução Para Graduandos. 2011. Apostila.


Disponível em:
[http://www.fec.unicamp.br/~persio/Apostila_Barragens_FEAGR_2011.pdf]. Acesso em:
20.11.2015.

CAVALIERI FILHO, Sergio. Programas de Responsabilidade Civil. 9. ed. São Paulo: Atlas,
2010.

CHAMBERS, David. Disponível em:


[https://www.redesul.com.br/noticias/show/noticia/44088-desastre-da-samarco-mostra-os-verdadeiro-
Acesso em: 11.12.2015.

CHAVES, L. F. M., Estudo da adição de resíduo proveniente da extração de minério de


ferro em argilas do Rio Grande do Norte. 2009.

CONSTANT, Benjamin. Princípios Políticos Constitucionais. Ed. Liber Juris.

ESPÓSITO, T. Metodologia Probabilística e Observacional aplicada a Barragens de Rejeito


construídas por Aterro Hidráulico – Tese de Doutorado, Departamento de Engenharia
Civil e Ambiental, Universidade Federal de Brasília, Brasília, DF, 2000.

FIGUEIREDO, Marcelo Marques. Estudo de Metodologias Alternativas de Disposição de


Rejeitos para a Mineração Casa de Pedra – Congonhas/MG. 2007.100f. Dissertação
(Mestrado em Geotecnia aplicado a Mineração) – Universidade Federal de Ouro Preto,
Ouro Preto, 2007.
Página 16
Barragens de rejeitos da mineração: o princípio da
prevenção e a implementação de novas alternativas

FORNASIER, Mateus de O. Consumismo e a nova ética ambiental: uma conflituosa


relação. Revista Veredas, Belo Horizonte, v. 9, n. 18, p.191, 2012.

FUNDAÇÃO ESTADUAL DE MEIO AMBIENTE. “Gestão de barragens de rejeitos e resíduos


em Minas Gerais: histórico, requisitos legais e resultados”. Belo Horizonte, 2008.

GERAQUE, Eduardo. Folha de São Paulo. Disponível em:


[http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2015/12/1716184-samarco-utilizou-modelo-mais-barato-e-ins
Acesso em: 08 dez. 2015.

GOMES, R. C, RIBEIRO, L. F. M, BOTELHO, A. P. D, PEREIRA, E. L. (2002).


Caracterização Tecnológica de Rejeitos de Mineração em Sistemas de Disposição – 10º
Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental, Ouro Preto, MG.

INSTITUTO BRASILEIRO DE MINERAÇÃO – IBRAM. A indústria da mineração: para o


desenvolvimento do Brasil e a promoção da qualidade de vida do brasileiro. Brasília:
IBRAM, 2014.

LI, C.; SUN H.; YI Z.; LI L.; Innovative methodology for comprehensive utilization of iron
ore tailings, Part 2. 2010.

MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. 23ª edição. São Paulo:
Malheiros. 2015.

Ministério de Desenvolvimento Indústria e Comércio – MDIC. Balança comercial brasileira


2013. Disponível em: [http://www.mdic.gov.br/arquivos/dwnl_1388692200.pdf]. Acesso
em: 15.03. 2015.

OSTERWALDER, A.; PIGNEUR, Y. Business Model Generation. Editora Alta Books, 2010.

PEREIRA, O. C, BERNARDIN, A. M. Ceramic colorant from untreated iron ore residue.


2012.

PINHEIRO, Mário Cicareli. Diretrizes para Elaboração de Estudos Hidrológicos e


Dimensionamentos Hidráulicos em Obras de Mineração. Minas Gerais. 2011.

PORTES, Andrea Mírian Costa. Avaliação da disposição de rejeitos de minério de ferro


nas consistências polpa e torta. 2013. 154f. Dissertação (Mestrado em Engenharia) –
Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.

RAMOS, Vinicius Diniz e Almeida; THOMÉ, Romeu. Os contrastes da mineração e a busca


do desenvolvimento sustentável a partir da implementação de medidas mitigadoras,
compensatórias e de práticas voluntárias. In: Direito, planejamento e desenvolvimento
sustentável. XXIV Congresso Nacional do Conpedi. Florianópolis: Conpedi, 2015.

SEHN. Advancing the precautionary agenda. Science & Environmental Health Network,
Feb. 2009.

SILVA, Ana Paula Moreira da; VIANA, João Paulo; CAVALCANTE, André Luís Brasil.
Resíduos sólidos da atividade de mineração, 2011.

SIQUEIRA CASTRO, Carlos Roberto. O Devido Processo Legal e a Razoabilidade das Leis
na Nova Constituição do Brasil. Ed. Forense, Rio de Janeiro, 1989.

VERTI ECOTECNOLOGIAS, Estudo das Alternativas Tecnológicas e Modelagem de


Negócios para Aplicação do Rejeito de Minério de Ferro da MMX. Belo Horizonte, 2013.

VIEIRA Camila. Fechamento de Mina: a evolução das cidades mineradoras. Portal


Techoje. Disponível em:
[http://www.techoje.com.br/site/techoje/categoria/detalhe_artigo/957]. Acesso em:
20.09.2015.
Página 17
Barragens de rejeitos da mineração: o princípio da
prevenção e a implementação de novas alternativas

1 Art. 2º, I da Lei 12.334/2010.

2 Decisão de 25.09.1997, parágrafo 140.

3 É o que prevê o art. 1º do Decreto 46.885, de 12.11.2015, do Estado de Minas Gerais.

Página 18

Você também pode gostar