Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
BIOMARCADORES DE PETRÓLEO
São Paulo
2008
7
BIOMARCADORES DE PETRÓLEO
São Paulo
2008
8
RESUMO
ABSTRACT
ÍNDICE DE FIGURAS
SUMÁRIO
RESUMO......................................................................................................................... 2
ABSTRACT..................................................................................................................... 3
ÍNDICE DE FIGURAS................................................................................................... 4
1. INTRODUÇÃO........................................................................................................... 6
2. DERRAMAMENTOS DE PETRÓLEO................................................................... 8
5. CONCLUSÕES........................................................................................................... 37
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................... 38
12
41f.
1. INTRODUÇÃO
A teoria mais aceita entre os geólogos para a origem do petróleo é que este é formado a
partir da compressão e aquecimento de matéria orgânica de origem biológica. O óleo formado
escoa por rochas porosas e se acumula por migração em reservatórios, formando poços de
petróleo. Não existem dois óleos iguais, pois a formação depende das condições apropriadas
às transformações químicas e bioquímicas, bem como da existência de rochas porosas que
facilitem a migração e de estruturas acumuladoras (COIMBRA, 2006, p. 15).
Como grande parte das jazidas está em alto mar, a possibilidade de derramamento, a
perda no transporte e a queima do petróleo são responsáveis pela contaminação dos oceanos,
o que causa danos ambientais de grandes proporções, como a morte de animais e vegetais em
grande escala. Uma vez derramado, o petróleo se espalha pela superfície, seus compostos
mais leves se perdem por evaporação, e os demais podem sofrer biodegradação (PETERS;
WALTERS; MOLDOWAN, 2005).
Para se ter uma idéia de que tipo de óleo foi derramado, qual sua origem e os
responsáveis pelo derrame, a análise dos hidrocarbonetos do pétróleo torna-se muito
importante, em especial dos compostos marcadores de petróleo.
2. DERRAMAMENTOS DE PETRÓLEO
ambiente devido à atividade humana, muitas vezes ocorrendo nos oceanos, já que o transporte
dos produtos é feito por navios. O produto derramado pode ser óleo cru, ou algum produto
O óleo no ambiente marinho pode ter duas origens: natural ou antropogênica. De forma
natural, o óleo pode ser gerado pelo metabolismo de alguns microrganismos marinhos. A
contribuição humana pode ser causada por acidentes com embarcações de transporte
México e no Mar do Norte, onde há grande áreas de produção no mar, acidentes operacionais
e descargas (legais ou ilegais) são reponsáveis por até 30% da poluição por óleo. Em áreas
dos oceanos em que não há produção de petróleo, vazamentos de navios petroleiros, como o
da figura 1, são responsáveis por até 50% da poluição (PETERS; WALTERS; MOLDOWAN,
2005).
dos volumes de óleo que podem ser liberados rapidamente e por que podem afetar costas que
Exxon Valdez, da Exxon Corporation, mostrado na figura 1, que se chocou contra um rochedo
no Alasca. O acidente liberou no mar mais de 10 milhões de galões de óleo cru, afetando toda
Figura 2 Três dias após o acidente, uma tempestade levou grandes quantidades de óleo para a costa.
Fonte: National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA), 1989.
17
Mais recentemente, em agosto de 2008, pelo menos 2000 mil pingüins morreram na
costa de Santa Catarina. Os animais foram encontrados cobertos de óleo, o que retira a
impermeabilidade natural das penas, permitindo que a água gelada entre em contato direto
autoridades ainda não haviam encontrado a mancha de óleo que causou o problema
3.1 OS n-ALCANOS
processos físicos e químicos que atuam sobre o sedimento até sua consolidação), sendo estes
últimos componentes de sedimentos marinhos recentes (SILVA, 2005).
O estudo de n-alcanos tem por finalidade avaliar a principal contribuição, biogênica
(natural) ou petrogênica, de hidrocarbonetos no ambiente marinho. As principais fontes
biológicas destes compostos são: plantas terrestres, fitoplâncton, animais, bactérias,
macroalgas e microalgas (WANG et al., 1999). Entretanto, fontes petrogênicas também
contribuem de forma significativa, muitas vezes até em quantidades superiores às
contribuições biogênicas (BOULOUBASSI; SALIOT, 1993).
CH3
H3C
decano
CH3
H3C
octano
C25 + C27 + C29 + C31 + C33 C25 + C27 + C29 + C31 + C33
CPI = 1/2 x (1)
C24 + C26 + C28 + C30 + C32 C24 + C26 + C28 + C30 + C32
A identificação dos alcanos isoprenóides, assim como a dos n-alcanos, tem sido
intensamente utilizada em estudos de combustíveis fósseis com vários propósitos, como a
caracterização do óleo e o grau de biodegradação e origem da contribuição de hidrocarbonetos
em ambientes marinhos.
Estes compostos constituem-se de cadeias carbônicas alquiladas, caracterizadas por uma
estrutura molecular derivada do isopreno (FIGUEIREDO, 1999).
O fitol, molécula formada por múltiplos da estrutura do isopreno, é um álcool
constituinte da clorofila. Sua degradação dá origem uma série de alcanos isoprenóides
acíclicos, desde C11 dimetilados até pristano (2,6,10,14-tetrametilpentadecano) e o fitano
(2,6,10,14-tetrametilhexadecano). A figura 2 mostra as estruturas do isopreno e do fitol.
21
H2C
CH2 H3C OH
Isopreno Fitol
H3C CH3
Pristano
Fitano
Focus GC-Channel 1
ACG00034 0,01029g/ml
9000 Name 9000
8000 8000
7000 7000
C20-d42
6000 6000
Millivolts
Millivolts
C24-d50
5000 5000
4000 4000
3000 3000
2000 2000
1000 1000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32
Minutes
Dibenzo(a,h)antraceno Benzo(g,h,i)perileno
Figura 8 Fórmulas estruturais dos CPAs cujo monitoramento é recomendado pela USEPA.
Fonte: SILVA, 2005.
26
Os terpanos tricíclicos estão presentes em óleo bruto através de séries homólogas que
podem variar entre 19 e 45 átomos de carbono, e desempenham um importante papel nos
estudos geoquímicos de petróleo (PHILP, 1985).
Estes compostos têm como característica gerar como fragmento principal o íon m/z 191,
quando analisados por espectrometria de massas.
A origem dos terpanos tricíclicos de cadeias curtas (19 a 30 átomos de carbono) está
associada com reações anaeróbicas de bactérias, sendo que alguns precursores foram
sugeridos, como C30-hexaisoprenóide (seis unidades do isopreno) e ácidos carboxílicos
tricíclicos (PHILP, 1985). A estrutura básica dos Terpanos tricíclicos aparece na figura 6.
CH3
m/z 191 CH3 CH3
R R = H, C19-Terpano Tricíclico
H3C CH3
Aquino Neto et al. (1981), investigou cerca de quarenta óleos diferentes e comprovou
que todos continham terpanos tricíclicos, exceto aqueles derivados de fontes terrestres, o que
sugere a origem destes compostos de algas e bactérias aquáticas. A ocorrência e distribuição
dos homólogos desta série em amostras de sedimento marinho são úteis para identificar a
fonte de petróleo (ABOUL-KASSIM; SIMONEIT, 1996).
CH3
R = H, C24-Terpano Tetracíclico
H3C CH3
R = CH3, C20-Terpano Tetracíclico
Quando analisados por espectrometria de massas, esses compostos também geram como
fragmento principal o íon m/z 191. Podem ser formados a partir da degradação dos triterpanos
pentacíclicos do tipo hopano (PHILP, 1985). Assim como os tricíclicos, os terpanos
tetracíclicos são bons indicadores de fonte do petróleo, através da comparação das suas
concentrações relativas em diferentes áreas.
21
m/z 191 17 R
CH3 CH3 CH3 22
CH3
H3C CH3
21 H 21 H H
H H H 21
22 22 22
17 R 17 R 17 R
CH3 CH3 CH3 CH3 CH3 CH3 CH3 CH3 CH3
3.5.4 Esteranos
no espectro de massas e, dependendo das variações estereoquímicas nas posições C13 e C17,
pode ocorrer o íon m/z 218 como o principal.
R R
CH3 m/z 217 CH3
m/z 217
24
24 H3C 17
14 17 14 CH3
CH3 20
13 20
13
CH3 CH CH3
3 5
5 10
10
CH3 CH3
3 1
3 1
Figura 13 Fórmulas estruturais dos esteranos regulares (esquerda) e dos diasteranos (direita).
Fonte: SILVA, 2005.
H H CH3
CH3
H H 24
24
20 14 17 20
14 17 CH3 CH3
13 H 13 H
H H CH3 CH
CH3 CH 5 3
5 3
10 10
CH3 CH3
3 1 3 1
Tanto amostras de sedimentos quanto amostras de petróleo devem passar por processo
de extração. Uma massa conhecida da amostra é extraída em soxhlet com um volume
conhecido de solvente orgânico para extração (n-hexano, diclorometano, etc).
Antes da extração, adicionam-se às amostras concentrações conhecidas de compostos
denominados surrogates. A finalidade dos surrogates é monitorar a perda dos compostos
presentes nas amostras e avaliar a interferência da matriz na análise; daí a necessidade de se
conhecer a concentração que foi adicionada, pois junto com a concentração obtida ao final do
processo, têm-se os seus percentuais de recuperação. Logo, presume-se que estes compostos
sejam parecidos com os analisados e que cada análise possua ao menos um deles, pois
somente assim terão um comportamento parecido quando extraídos.
Como exemplo, para a análise de CPAs, utiliza-se o 2-fluorbifenil e o Terfenil-d14
como surrogates (USEPA, método 8270D, 2008). A recuperação dos padrões deve estar entre
50% e 120% para pelo menos 80 % dos analitos (DENOUX; GARDINALI; WADE, 1998).
O extrato obtido é então concentrado para 1 mL, e segue para análise. ale lembrar que a
análise das amostras deve ser feita junto com a análise de branco do método, para evitar que
possíveis contaminações prejudiquem o resultado final, e uma amostra fortificada com os
padrões utilizados, para avaliar a recuperação do método.
O detector de ionização de chama (mais conhecido como FID, de sua sigla em inglês Flame
Ionization Detector) consiste de uma chama formada por hidrogênio e ar. As moléculas que saem
da coluna cromatográfica passam pela chama e são quebradas, formando íons que são coletados
por um eletrodo e convertidos em sinal elétrico e, posteriormente, eletrônico, gerando os picos do
cromatograma.
O FID é sensível a praticamente qualquer molécula, porém não é tão sensível quanto outros
detectores que são específicos. E ao contrário dos outros detectores, o FID destrói a amostra na
chama.
35
Focus GC-Channel 1
PADRAO
Nam e
6000 6000
5000 5000
P r is t a n o
C 2 4 -d 5 0
C 2 0C 2 0 -d 4 2
C22
C26
C28
C23
FCit1a8n o
C27
C25
4000 4000
C24
C21
C19
C29
M illiv o lt s
M illiv o lt s
C16
C17
C15
C30
C14
C31
C13
C12
3000 3000
C32
C33
C11
C34
C35
2000 2000
C36
C10
C37
C38
C39
C9
1000 1000
C8
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32
Minutes
A interpretação dos resultados segue as indicações colocadas nos itens 2.1, 2.2 e 2.3 (se
há n-alcanos, quais são e em que concentração estão presentes; as relações entre pristano,
fitano , C17 e C18, para definir grau de degradação e origem; MCNR, etc).
90
7.50
85
80
75
70
65
8.39
60 4.94
55
10.13 12.42
12.83
50
45 6.39
40 10.21
35
30 19.47
15.27
25 17.23
19.79
20 13.25
15
10
5
4.58 10.71 20.20 24.16
0
0 5 10 15 20
Time (min)
S U_ C2 4
S U_ C3 6
NC3 1
NC2 9
NC3 3
NC2 7
NC2 8
NC3 0
NC2 0
NC2 6
NC3 2
NC2 2
NC2 3
P NH CY 1 8
NC1 9
NC1 3
NC1 4
P NR CI 1 7
NC3 5
NC1 5
NC1 6
T R 2 1
T R 1 9
D I A 2 7 S
DI A2 7 S T R 2 2 T R 2 0
D I A 2 7 R
DI A2 7 R T R 2 1
T R 2 3
D I A 2 7 S 2
DI A2 7 S 2 T R 2 2
T R 2 4
D I A 2 7 R 2
T R 2 3
DI A2 7 R2
T R 2 5 BA T R 2 4
T T R R 2 T 2 6 E 6 BT A 2 4 T R 2 5 BA
C 2 7 S
C2 7 S
BB_ D2 9 S B B _ D 2 9 S T E T 2 4
TT RR 22 66 AB
C 2 7 B B S
C2 7 BBS
C2 7 R C 2 7 R
TT RR 22 88 BA
T R 2 8 A
T R 2 8 B
T R 2 9 A
T R 2 9 B T R 2 9 A
C 2 8 S T S T S
C2 8 S
C2 8 BBR C 2 8 B B R T M T M
T R 3 0 A
C2 8 R N O R 2 5 H H 2 9
C 2 8 R C 2 9 T S
D H 3 0
C 2 9 T S H 2 9
H 3 0
C 2 9 S M 2 9
C2 9 S M 3 0
N O R 3 0 H H 3 0
C2 9 BBR C 2 9 B B R M 3 0 H 3 1 S
H 3 1 R
C2 9 BBS C 2 9 B B S G A M
H 3 2 S
H 3 2 R
H H3 31 1S R
G A M
C2 9 R
C 2 9 R H 3 3 S
H 3 2 S H 3 3 R
H 3 2 R
H 3 4 S
H 3 3 S H 3 4 R
H 3 3 R
Figura 23 Cromatograma de m/z 217 (esteranos). Acima, amostra de óleo, e abaixo, uma
H 3 5 S
H 3 5 R
Figura 22 Cromatograma de m/z 191 (terpanos e hopanos). Acima, amostra de óleo, e abaixo,
H 3 4 S
H 3 4 R
43
H 3 5 S
H 3 5 R
44
5. CONCLUSÃO
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AQUINO NETO, F.R.; TRENDEL, J.M.; RESTLE, A.; CONNAN, J.; ALBRECHT, P.A.
Occurence and formation of tricyclic and tetracyclic terpanes in sediments and petroleum. In:
BJOROY, M. et al Adv. In organic chemistry. Londres: Wiley and Sons, 1981. p 659-667.
BRUICE, P.Y. Química Orgânica. 4 ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006. 1 v.
Denoux, G.; GARDINALI, P.; WADE, T.L. Quantitative determination of nuclear aromatic
hydrocarbons by gas chromatography/mass spectrometry (GC/MS) – Selected ion Monitoring
(SIM) Mode. NOAA, US Doc, 129-139, 1998
HARTMANN, P.C. et al. Intercalibration of LABs in marine sediment SRM1941a and their
application as a molecular marker in Narragansett Bay sediments. Environ. Sci. Tech., 34,
900-906, 2000.
HAUSER, A.; DASHTI, H.; KHAN, Z.H. Identification of biomarker compounds in selected
Kuwait crude oils. Fuel, 78, 1483-1488, 1999.
HONG, H. et al. Environmental fate and chemistry of organic pollutants in the sediment os
Xiamen and Victoria Harbours. Mar. Pollut. Bull., 31, 229-236, 1995.
JAQUOT, F.; LE DRÉAU, Y.; DOUMENQ, P.; MUNOZ, D.; GUILIANO, M.;IMBERT,
G.; MILLE, G. The origins of hydrocarbons trapped in the lake of Berre sediments.
Chemosphere. 39, 1407-1419, 1999.
LAW, R.J.; BISCAYA, J.L. Policyclic aromatic hydrocarbons (PAH) – Problems and
progress in sampling, analysis and interpretation. Mar. Pollut. Bull., 29, 235-241, 1994.
MUNOZ, D. et al. New approach to study of spilled crude oils using high resolution GC/MS
(SIM) and metastable reaction monitoring GC/MS/MS. Talanta, 45, 1-12, 1997.
PETERS, K.E.; WALTERS, C.C.; MOLDOWAN, J.M. The Biomarker Guide. 2. ed.
Inglaterra: Cambridge University Press, 2005. v 1.
PHILP, R.P. Fossil fuel biomarkers application and spectra. Methods in geochemistry and
Geophysics. New York: Elsevier, 1985. 294 p.
47
SILVA, D.A.M. Avaliação da contaminação por petróleo no Canal de São Sebastião, São
Paulo: Marcadores geoquímicos e metabólitos de compostos aromáticos. 2005. 139 f. Tese
(Doutorado em Ciências, área de Oceanografia Química e Geológica) – Instituto
Oceanográfico da Universidade de São Paulo, São Paulo.
STEINHAUER, M.S.; BOEHM, P.D. The composition and distribution of saturated and
aromatic hydrocarbons in neaarshore sediments, river sediments, and coastal peat of Alaskan
Beaufort Sea: implications for detecting anthropogenic hydrocarbon inputs. Mar. Environ.
Res., 33, 223-253, 1992.
WAKEHAM, S.G. Aliphatic and polycyclic aromatic hydrocarbons in Black Sea sediment.
Mar. Chem., 53, 187-205, 1996.