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Jeam Piaget (1896-1980)

Para este psicólogo, nos seus estudos concluiu que a moralidade se dá principalmente
através da actividade de cooperação, do contacto com iguais, da relação com
companheiros e do desenvolvimento da inteligência humana.

Toda a moral é formada por um sistema de regras e a moralidade consiste no respeito


que o indivíduo nutre por estas regras. Três questões fundamentais para a moralidade:

 Conhecimento da lei
 Origem ou fundamento da lei
 Mutabilidade ou não da lei

Este psicólogo, encontrou níveis diferentes tanto de consciência das regras como sobre
sua prática, nomeadamente:

1º Estágio(0-2 anos) – nesse estágio as crianças simplesmente jogam, não há nenhuma


regra ou lei, é puramente uma actividademotora, sem consciência de regras.

2º Estágio (2-6) – estágio caracterizado pela moralidade de obrigações, a criança


percebe que existem regras que regulam a actividade, considerando sagradas e
invioláveis, fase de respeito absoluto para com os mais velhos, e as normas sao
totalmente exteriores entre si.

3º Estágio (7-11)–verifica-se a moral da solidariedade entre iguais (adolescentes), o


respeito unilateral é substituído pelo respeito mútuo e começa a desenvolver a noção de
igualdade entre todas as normas de conduta humana, sao aplicadas de uma forma
rigorosa.

4º Estágio (12 – mais anos) – nos jovens e adultos a moralidade é de igualdade e


autonomia, com mais destaque para o interesse pelo outro e a compaixao, e a moral
torna-se autonoma. Existe um elevado crescimento de raciocínio abstracto e as regras
são bem assimiladas, discutem muitas vezes quais as regras que vão ser estabelecidas
para uma actividade.
Teoria de Kohlberg

Este psicólogo revolucionou a compreensão sobre o desenvolvimento moral, e


descobriu ainda que o carácter moral se desenvolve com o crescimento moral. Depois
de ter conduzido uma longa série de estudos, com crianças e adultos, Kohlberg
descobriu que o desenvolvimento moral ocorre de acordo com uma sequência específica
de estádios, independentemente da sua cultura, sub cultura, continente ou país.

A sua teoria propõe três níveis de moralidade, sendo:

Nível Pré Convencional, (egocentrismo), Convencional (social) e Pós Convencional


(autónoma).

Portanto, em vez de se definir a moral com os traços fixos, o carácter moral evolui
segundo uma série de estádios do desenvolvimento, ou seja, enquanto Piaget
identificava os estádios de desenvolvimento cognitivo, Erickson sugeriu estádios de
desenvolvimento psicossocial, e Kohlberg, descreu o estádio de desenvolvimento moral.

Níveis e estádios de Kohlberg

Nível pré-convencional (criança)

É típico de raciocínio moral utilizado pela criança entre os quatros aos dez anos de
idade. As decisões são egocêntricas, o que significa que as decisões são baseadas nos
interesses pessoais. O raciocínio moral da criança difere do adulto porque as crianças
têm menos experiências e maturidade.

Este nível engloba comportamento para evitar punições ou para obter recompensas. A
criança começa a desenvolver a moralidade onde aprende a distinguir entre o bem e o
mal, e também começa a formar o carácter através das escolhas que faz.

O nível pré-convencional consiste apenas do primeiro e o segundo estádios de


desenvolvimento moral, e está preocupado apenas com o próprio ser de uma maneira
egocêntrica. Alguém com uma moral pré-convencional ainda não adoptou ou
internalizou as convenções da sociedade sobre o que é certo ou errado, mas, em vez
disso foca-se grandemente em consequências externas que certas acções possam ter.

O primeiro estádio: Orientação para o castigo e obediência

Neste estádio a moralidade para a criança consiste em observar literalmente as regras,


obedecer à autoridade e evitar o castigo. Por exemplo, uma acção é vista como errada
apenas porque aquele que cometeu foi punido.

As crianças avaliam-se as elas próprias como boas ou más com base nas recompensas e
nos castigos administrados pelos adultos. As regras são percebidas como sendo
absolutas e devem ser cumpridas independentemente das circunstâncias.

As pessoas são percebidas como sendo importantes com base na utilidade que elas têm
para a criança.
O segundo estádio: Orientação instrumental-relativista

É aquele em que a pessoa é movida pelos seus próprios interesses.

No ponto de vista da criança é certo o que faz feliz;

A criança inibe-se de ser injusta se os outros não forem injustos com ela.

Nível Convencional (adolescentes e adultos)

O raciocínio das crianças maiores e adultas trata-se de agradar aos outros ou cumprir
obrigações sociais. Ou seja: concordância interpessoal e conformidade, concordância
social e manutenção dos sistemas.

O raciocínio moral é mais concentrado no social-têm em conta os interesses dos outros


numa determinada sociedade. Existe um forte desejo para corresponder às normas
morais, fundamentá-las e justificá-las. A maioria dos adolescentes e adultos opera neste
nível.

Nível convencional de argumentação moral é típico de adolescentes e adulto. Aqueles


que argumentam de uma maneira convencional julgam a moralidade das acções
comparando-as com as visões do mundo e expectativas da sociedade. A moralidade
convencional é caracterizada por uma aceitação das convenções sociais a respeito do
certo e do errado. Nesse nível o indivíduo obedece a regras e segue as normas da
sociedade mesmo quando não há consequências pela obediência ou desobediência. A
aderência a regras e convenções é de algum modo rígido, entretanto, a adequação da
aplicação de uma regra ou a justiça.

Terceiro estádio: Orientação para o bom menino ou boa menina

Neste estádio a uma grande preocupação para a integração da pessoa dentro do grupo,
uma realização notável de certas actividades (boas acções) para promover a sua
aceitação no grupo. É neste estádio que o sujeito começa a ter em conta, as intenções e
juízos e faz das acções em função das regras estabelecidas no grupo. Os afectos ocupam
um relevo na pessoa.

Quarto estádio: A orientação para a ordem e lei

É aquele em que a pessoa se move com base obediência a autoridade e ordem social. O
correcto é cumprir seu dever na sociedade, preservar a ordem social, e manter o bem-
estar da sociedade ou do grupo. O ponto de vista é do sistema ou do grupo social como
um todo, considera os interesses individuais dentre desse quadro de referência. O
indivíduo recorre a leis, regras ou códigos param se orientar nas situações dilemáticas.
A argumentação moral do estádio quatro está além da aprovação individual exibida no
estádio três; a sociedade deve aprender a transcender necessidades individuais. A acção
afectiva da sociedade e das instituições é governada pelos regulamentos e leis para
serem observadas e obedecidas.
Nível pós-convencional (acima de 15 anos)

Trata-se de princípios éticos universais ou a padrões de consciência, ou seja: Contacto


social, utilidade, direitos individuais e princípios éticos universais.

A pessoa que opera este nível nem é egocêntrica nem social, mas autónoma no seu
juízo. As pessoas matem princípios que transcendem as leis existentes e as convenções
aceites e, se for o acaso, entra em conflito com o que é entendido como os direitos
básicos de uma pessoa e o que é considerado ser no melhor interesse das pessoas.

O nível pós-convencional, também conhecido como, “nível principiado”, consiste dos


estádios cinco e seis do desenvolvimento moral. Há pessoas que exibem uma
moralidade pós-convencional vêem as regras como necessárias e como mecanismos
motuaveis-idealmente, são regras que podem ajudar a manter a ordem social geral e a
proteger os direitos humanos.

Quinto estádio: Orientação para o contrato social

Neste estádio é reconhecido que existem situações em que as leis podem ser injustas,
devendo ser alterados. As regras devem envolver acordo mútuo e que devem ter como
objectivo proteger os direitos individuais. As leis são consideradas contratos sociais em
vez de mandamento rígidos. A mudança da lei é compreendida para alterar a
interpretação do que é certo ou errado. Neste estádio nada é considerado absoluto.

A visão do mundo de quem está neste estádio é a de que no mundo existem pessoas de
diferentes opiniões, direitos, e valores. O correcto é apoiar os direitos, valores e
contratos jurídicos de uma sociedade, mesmo quando estão em conflito com as normas
concretas do grupo. Aquelas que não promovem o bem-estar geral devem ser
modificadas quando necessárias para adequar-se ao “bem máximo para o maior número
de pessoas”. Isso é atingido através da decisão da maioria, e do cumprimento inevitável.

As decisões morais baseiam-se num sistema de leis como a constituição, mas, não são
escritas. Significa que não encaramos o problema em termo de uma lei única, mas, em
termos de sistema global.

Sexto estádio: Orientação com os princípios éticos universais

Este é mais elevado do desenvolvimento moral proposto por Kohlberg e são poucas
pessoas que alcançam, os princípios são baseados na vida humana, a justiça é
estabelecida universalmente; quem opera este estádio tem igualdade com entre pessoas,
a vida tem precedência sobre todas as outras convenções humanas; devem examinar
todos os factores envolvidos e tomar uma decisão adequada.

Na nossa óptica, este estádio é o dos princípios universais éticos. As leis e acordos
sociais só são válidos na medida em que derivam de tais princípios, é preciso agir de
acordo com eles. Os princípios em questão são os da igualdade dos seres humanos e o
respeito por sua dignidade como indivíduos.

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