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AUTOMATIZAÇÃO DO DIMENSIONAMENTO DE VIGAS EM SEÇÃO “T” EM

CONCRETO ARMADO SUBMETIDAS À FLEXÃO SIMPLES

Gisele Carvalho RODRIGUES1


Renan Cesar de Oliveira DIAS2
Cleiton João MENDES3

RESUMO

A concepção do tema e o desenvolvimento deste trabalho deu-se por meio de conteúdos


estudados na graduação do curso de Engenharia Civil, sendo, então, fruto de conhecimento
prévio referente a matérias específicas, bem como da ABNT NBR 6118, Projeto de estruturas
de concreto – Procedimento (2014). O trabalho consiste no desenvolvimento de um aplicativo
com o intuito de agilizar o dimensionamento e verificações de armaduras em vigas de seção
“T” em concreto armado submetidas à flexão simples. Neste contexto, foi desenvolvido um
aplicativo com linguagem JAVA tecnologia NetBeans IDE 8.2, por conter uma interface de
fácil entendimento, ser mais organizado estruturalmente, oferecendo, assim, ferramentas úteis
para a configuração da aplicação. Desta forma, são apresentadas as normas utilizadas para o
dimensionamento, conceitos básicos de concreto armado, suas especificações e
nomenclaturas, as definições de vigas em seção “T”, espaçamentos mínimos normatizados,
cobrimentos nominais, classes de agressividade ambiental, dentre outras informações
necessárias para efetuação dos cálculos, permitindo ao usuário a escolha dos arranjos de
armadura e, ainda, verificá-los quanto aos dimensionamentos promovidos, agilizando o
processo, permitindo ao usuário maior confiança e resultados satisfatórios.

Palavras chaves: Otimização. Viga T. Análise de estruturas.

AUTOMATION OF BEAM DIMENSIONING IN SECTION "T" IN ARMED


CONCRETE SUBMITTED TO SIMPLE FLEXION

ABSTRACT

The theme conception was development in this paper work was done through content studied
at undergraduate Civil Engineering course. Then previous reverent knowledge result about
specific subjects, as well as ABNT NBR 6118, Project of concrete structures - Procedure
(2014). At first, his paper work consists in development an app with purpose sizing speeding
up and reinforcement verification in "T" section beams in reinforced concrete subjected to
simple bending. At the same time, an application with JAVA language NetBeans IDE 8.2
technology was developed, because it contains an easy-to-understand interface, being more
structurally organized, and offering useful tools for configuring the application. In this way, at
last, the rules are used for sizing as basic concepts of reinforced concrete, their specifications

1
Graduanda do Curso de Engenharia Civil das Faculdades Integradas de Fernandópolis/Fundação Educacional
de Fernandópolis – SP, FIFE/FEF. gisele_c_rodrigues0812@hotmail.com
2
Docente das Faculdades Integradas de Fernandópolis/Fundação Educacional de Fernandópolis – SP, FIFE/FEF.
rdias07@live.com
3
Docente da Fundação Educacional de Fernandópolis – SP, FEF, Mestrado (2015) pela UNESP.
cleitonjoaomendes@hotmail.com
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and nomenclatures, beams in section "T" definitions, minimum spacing’s standardized,
nominal coverings, environmental classes aggressiveness, among other, allowing the users
choose armor arrangements and also check them on promoted dimensions, streamlining the
process, allowing users greater confidence and satisfactory results.

Keywords: Optimization. Beam T. Structure Analysis.

1 INTRODUÇÃO

O concreto armado surgiu da necessidade de aumentar a resistência à tração do


concreto simples4, por meio da adição de armaduras no seu interior, já que o concreto simples
apresenta baixa resistência à tração, cerca de 10% em relação à compressão, sendo desprezada
na maioria dos casos. Assim, diversos elementos estruturais podem ser construídos com a
utilização de concreto armado, tais como: vigas, pilares, lajes, entre outros.
Atualmente, com os avanços tecnológicos inseridos na sociedade pode-se executar
tarefas rapidamente, tarefas que antes demandavam muito tempo, como o dimensionamento
destes elementos estruturais. Com esses avanços, o mercado de trabalho se tornou mais
exigente, buscando sempre novas soluções para aumentar a velocidade de trabalho. A
elaboração de aplicativos de automação, tecnologias da comunicação e informação na área de
Engenharia Civil é cada dia mais frequente.
Sabendo disso, escolheu-se desenvolver um software, em linguem JAVA, para
calcular e verificar o dimensionamento de vigas de seção T, de concreto armado, submetidas à
flexão simples tornando esse trabalho mais rápido e seguro.
O objetivo do presente trabalho foi desenvolver um projeto de aplicação em JAVA
de modo a auxiliar o usuário no dimensionamento de vigas de seção T, sujeitas à flexão
simples, com um layout facilmente compreensivo, mas que forneça resultados válidos,
respeitando as exigências impostas pela NBR 6118/2014.
Como objetivos específicos buscou-se descrever os principais conceitos para
dimensionamento de vigas T; conhecer a linguagem Java e suas tecnologias; analisar os
resultados obtidos através da comparação entre o dimensionamento manual e por meio do
software desenvolvido; e fornecer aos alunos de graduação, engenheiros civis e demais
interessados, uma ferramenta de fácil compreensão e uso.

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O concreto simples é composto por agregados miúdos, agregados graúdos, aglomerantes, água e aditivos,
quando necessário.
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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Conceito de Concreto Armado

O concreto armado surgiu da necessidade de uso de armaduras para absorverem as


tensões de tração provenientes das cargas atuantes na estrutura. Segundo Araújo (2014), o
concreto armado é um material obtido pela junção entre o concreto simples com armaduras,
adequadamente empregadas em seu interior. Assim, faz-se necessário a aderência dessa união
entre concreto simples e as barras resistentes à tração para que eles possam trabalhar juntos e
resistirem aos esforços solicitantes.
Rocha (1982) afirma que é necessária uma boa aderência entre o concreto e a
armadura, e coeficientes de dilatação próximos, para que eles trabalhem em conjunto.
É importante salientar que, devido ao cobrimento (espaço entre a barra de aço e a
extremidade do concreto) e ao espaçamento entre barras, existe a minimização da corrosão
desse material, favorecendo, desta forma, a durabilidade e qualidade do concreto armado.
Atualmente, a norma brasileira de concreto armado em vigor NBR 6118/2014 - Projeto de
estruturas de concreto – Procedimento.
Conforme Porto e Fernandes (2015), algumas desvantagens do concreto armado são
peso específico elevado (2,5 t/m³), baixo isolamento acústico, fissuração, baixo grau de
proteção térmica. Já as vantagens estão na durabilidade, economia, facilidade de execução e
grande resistência à compressão.
O dimensionamento será feito para atender o estado limite último que, de acordo
com Porto e Fernandes (2015), está relacionado com o colapso da estrutura, levando a
paralização da utilização da mesma devido à falta de segurança.

2.2 Resistência do Concreto

Porto e Fernandes (2015) relatam que o concreto adquire sua resistência


característica à compressão (fck) aos 28 dias, sendo o módulo de elasticidade obtido por ensaio
conforme a NBR 8522/2008 e sendo o peso específico do concreto de 25 kN/m³ (NBR
6118/2014: item 8.2.2). Pode-se classificar o concreto em dois grupos; grupo I com
resistência característica à compressão de 20 MPa a 50 MPa e o grupo II de 55 MPa a 90
MPa.
O ensaio de compressão é feito conforme a NBR 5739/2007 – Concreto – Ensaio de
compressão de corpos de prova cilíndricos, sendo os corpos cilíndricos moldados conforme a
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NBR 5738/2008 – Moldagem e cura de corpos de prova cilíndricos ou prismáticos de
concreto.
A resistência à tração do concreto armado é especificada na NBR 6118/2014 (item
8.2.5) e os ensaios para obtenção das resistências à tração indireta e resistência à tração na
flexão são especificados na NBR 7222/2011 e NBR 12142/2010. Segundo Pinheiro (2007), os
estudos de tração de dividem em três tipos de ensaios normatizados: compressão diametral,
tração na flexão e tração direta.

2.3 Características do Aço

O módulo de elasticidade do aço (Es) é de 210000 MPa, sendo sua massa específica
7.850 kg/m³, podendo ser observado no item 8.3 da NBR 6118/2014. Conforme Carvalho
(2009), o aço para concreto armado é classificado de acordo com sua resistência de
escoamento.
Atualmente as barras de aço possuem três categorias, CA25, CA50 E CA60. As
siglas CA que vêm antes dos valores das resistências referenciam C – concreto e A – armado,
logo, trata-se de aços para concreto armado. Os numerais que sequenciam a classificação
referem-se à resistência ao escoamento característico (fyk) aferido em kN/cm².

2.4 Cobrimento Nominal

A espessura da camada de concreto entre a barra de aço e a extremidade da viga é


chamada de cobrimento da armadura, conforme mostra a Figura 1. Quando usado uma
espessura inadequada de concreto em relação à classe de agressividade ambiental, pode com o
tempo tornar-se visível alguns defeitos na estrutura, como aparecimento de fissuras e de
armaduras, influenciando até mesmo ruptura à deformação.
O cobrimento nominal está diretamente ligado à classe de agressividade ambiental,
esta por sua vez está relacionada com as ações físicas e químicas atuantes nas estruturas de
concreto e especificadas na NBR 6118/2014 (item 6.4).
Segundo Porto e Fernandes (2015), os cobrimentos nominais referem-se ao
cobrimento mínimo acrescido da tolerância de execução (maior ou igual a 10mm, quando não
houver controle de qualidade rígido).

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Figura 1: Cobrimento Nominal.

Fonte: Notas de aula de Concreto Armado I das Faculdades Integradas de Fernandópolis/Fundação Educacional
de Fernandópolis (FIFE/FEF).

2.5 Vigas em Seção T

Um elemento estrutural de concreto armado comum, seja ele em construções de


pequeno ou grande porte é a viga. Sendo definida, segundo Pinheiro (2007), como barras
horizontais que suportam cargas das paredes e ações das lajes ou de outras vigas, transmitindo
essas cargas para os apoios, as mais comuns ocorrem em seções retangulares, T, I e T duplo.
Trataremos nesse trabalho exclusivamente de vigas em seção T, composta pela nervura e pela
mesa, podendo a mesa estar parcial ou totalmente comprimida, sendo vigas de seção T
“falsa” e vigas de seção T “verdadeira”, respectivamente.
Vigas com armadura simples são aquelas que as armaduras longitudinais estão
arranjadas na borda tracionada, contrapondo essa tensão, e não se fazendo necessário o uso de
armação na seção comprimida da viga. Armaduras duplas em seção T não são recomendadas,
por ser antieconômico.
De acordo com Bastos (2015), as cargas verticais atuantes nas vigas devem ser
analisadas e calculadas em cada trecho de vão de viga, tais como peso próprio da viga, peso
das paredes apoiadas sobre elas, reações de lajes, reações de outras vigas ou pilares.

2.6 Domínios de Estado Limites Últimos

Através da análise de diversos gráficos obtidos por meio de ensaio de deformação,


Porto e Fernandes (2015) definiram os domínios dos ELU como:

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✓ Domínio 1: A ruptura ocorre devido à deformação plástica excessiva da
armadura, linha neutra fora da seção transversal.
✓ Domínio 2: A ruptura ocorre devido à deformação plástica excessiva da
armadura, a linha neutra corta a seção transversal.
✓ Domínio 3: Ocorre o escoamento do aço e a ruptura do concreto, a linha neutra
corta a seção transversal.
✓ Domínio 4: Não ocorre escoamento do aço, somente ruptura do concreto.
✓ Domínio 4a: A armadura é muito mal aproveitada, e a sua deformação é muito
pequena.
✓ Domínio 5: A seção encontra-se toda comprimida.
É aconselhado fazer o dimensionamento das vigas de concreto armado submetidas à
flexão simples, em que a relação entre a posição do LN (linha neutra) e a altura útil β x=x/d,
esteja nos domínios 2 ou 3, já que no domínio 4 haverá ruptura sem aviso prévio, pois não
atendem as condições de ductilidade, no entanto, no domínio 2 e 3 aparecerá fissurações
visíveis e deslocamentos da estrutura (ruptura com aviso prévio). Dimensionamentos no
domínio 3 são geralmente mais econômicos, já que, tanto o concreto quanto o aço estão sendo
aproveitados ao máximo, resultando também em vigas de menor altura.

2.7 Flexão Normal Simples

Para que haja um equilíbrio entre as cargas atuantes na estrutura, os esforços de


cálculo (Sd) devem ser menores ou iguais aos esforços resistentes (Rd), conforme a expressão
a seguir: Sd ≤Rd. (PORTO; FERNANDES, 2015).
Em condições normais, o momento fletor é o esforço mais influente na estrutura para
dimensionamento de lajes e vigas. A flexão normal ocorre quando esse momento atua em um
dos eixos principais da seção, mas se além do momento houver uma força normal N, ocorre a
flexão normal composta, caso essa força não existir, ocorre flexão normal simples, conforme
mostra a figura 2 (PORTO; FERNANDES, 2015).

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Figura 2: Flexão Simples.

Fonte: Porto e Fernandes (2015).

2.8 Java

Java é uma linguagem de computador orientada a objeto, desenvolvida por James


Gosling juntamente com outros colaboradores, que atualmente pertence a empresa Oracle.
Uma porção das suas instruções são disponíveis na internet gratuitamente, tornando seu
acesso fácil e abrangente.
Jandl Junior (2014) diz que a linguagem Java tem diferentes características que se
destacam das outras linguagens de programação, dentre elas: orientada a objetos,
independência de plataforma, sem ponteiros, performance, segurança e multithreaded.

3 METODOLOGIA

Esse trabalho buscou atender a NBR 6118/2014 - Projetos de estruturas de concreto -


Procedimentos, seguindo um roteiro de cálculo para o dimensionamento exclusivamente das
vigas em seção T, submetidas à flexão simples. Sendo assim, o software será incapaz de
calcular qualquer outro tipo de seção a não ser a especificada acima.

3.1 Roteiro de Cálculo para o Dimensionamento

A viga T verdadeira é aquela que a posição da linha neutra (x) ultrapassa o limite da
mesa, já a viga de seção T falsa é dimensionada como uma viga retangular, que ocorre quando
a linha neutra não ultrapassa o limite da mesa. Para determinação da área de aço necessária
para a viga suportar os esforços usou-se o seguinte formulário:

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𝑀𝑑 = 𝑦𝑐𝑀𝐾 Eq. [1]
Em que:
_𝑀𝑑 : Momento de cálculo;
_𝑦𝑐: Coeficiente de ponderação da resistência do concreto;
_𝑀𝐾 : Momento característico.
𝑀𝑑𝑙𝑖𝑚 = 0.2509𝑏𝑓𝑑2 𝑓𝑐𝑑 Eq. [2]
Em que:
_𝑀𝑑𝑙𝑖𝑚 : Limite de ductilidade;
_ 𝑓𝑐𝑑: Resistência à compressão característica do concreto;
_ 𝑏𝑓: Largura da mesa da viga;
_ 𝑑: Altura útil.
Armadura Simples: 𝑀𝑑 ≤ 𝑀𝑑𝑙𝑖𝑚 Eq. [3]
Armadura Dupla: 𝑀𝑑 > 𝑀𝑑𝑙𝑖𝑚 Eq. [4]
Em que:
_𝑀𝑑𝑙𝑖𝑚 : Limite de ductilidade;
_𝑀𝑑 : Momento de cálculo.
Eq. [5]
𝑀𝑑
𝑥 = 1.25𝑑 (1 − (√1 − ( ))) (𝑐𝑚)
0.425𝑏𝑓𝑑 2 𝑓𝑐𝑑

Em que:
_ 𝑓𝑐𝑑: Resistência à compressão característica do concreto;
_ 𝑏𝑓: Largura da mesa da viga;
_𝑀𝑑 : Momento de cálculo;
_ 𝑑: Altura útil.
Em que:
T Falso: 0.8x ≤ hf Eq. [6]
T verdadeiro: 0.8x > hf Eq. [7]
Em que:
_ ℎ𝑓: Altura da mesa da viga;
_ 𝑥: Comprimento da linha neutra.

3.1.1 Dimensionamento das Áreas de Aço de Vigas Com Seção T Verdadeira

Cálculos para obtenção das áreas de aço:


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0.85𝑓𝑐𝑑(𝑏𝑓 − 𝑏𝑤)ℎ𝑓 Eq. [8]
𝐴𝑠1 = (𝑐𝑚2 )
𝑓𝑦𝑑

Em que:
_𝐴𝑠1 : Armadura da mesa comprimida;
_ 𝑓𝑐𝑑: Resistência à compressão característica do concreto;
_ 𝑏𝑓: Largura da mesa da viga;
_ 𝑏𝑤: Largura da alma da viga;
_ ℎ𝑓: Altura da mesa da viga;
_ 𝑓𝑦𝑑: Resistência à escoamento característica do aço.
ℎ𝑓 Eq. [ 9]
𝑀1𝑑 = 0.85𝑓𝑐𝑑(𝑏𝑓 − 𝑏𝑤)ℎ𝑓 (𝑑 − ) (𝐾𝑁𝑐𝑚)
2

Em que:
_𝑀1𝑑 : Momento fletor resistente proporcionado pela parcela As1 da armadura da mesa
comprimida (1º Ordem de cálculo);
_ 𝑓𝑐𝑑: Resistência à compressão característica do concreto;
_ 𝑏𝑓: Largura da mesa da viga;
_ 𝑏𝑤: Largura da alma da viga;
_ ℎ𝑓: Altura da mesa da viga;
_ 𝑑: Altura útil.
𝑀2𝑑 = 𝑀𝑑 − 𝑀1𝑑 (𝐾𝑁𝑐𝑚) Eq. [10]
Em que:
_𝑀2𝑑 : Momento fletor resistente proporcionado pela parcela As2 da armadura da alma
comprimida (2º Ordem de cálculo);
_𝑀1𝑑 : Momento fletor resistente proporcionado pela parcela As1 da armadura da mesa
comprimida (1º Ordem de cálculo);
_𝑀𝑑 : Momento de cálculo.

𝑀
Eq. [11]
2𝑑
𝑥𝑟𝑒𝑎𝑙 = 1.25𝑑 (1 − (√1 − (0.425𝑏𝑤𝑑 2 𝑓𝑐𝑑 ))) (𝑐𝑚)

Em que:
_ 𝑥𝑟𝑒𝑎𝑙 : Comprimento da linha neutra;
_ 𝑓𝑐𝑑: Resistência à compressão característica do concreto;
_ 𝑏𝑓: Largura da mesa da viga;
_ 𝑏𝑤: Largura da alma da viga;
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_ 𝑑: Altura útil.
Verificação do Domínio:
𝑥
𝑏𝑥 = 𝑑 ≤ 0.45 e ≥ 0.259; Eq. [12]

Em que:
_ 𝑥: Comprimento da linha neutra;
_ 𝑑: Altura útil.
(0.68𝑏𝑤𝑥𝑟𝑒𝑎𝑙 𝑓𝑐𝑑) Eq. [13]
𝐴𝑠2 = (𝑐𝑚²)
𝑓𝑦𝑑
Em que:
_𝐴𝑠2 : Armadura da alma comprimida;
_ 𝑥𝑟𝑒𝑎𝑙 : Comprimento da linha neutra;
_ 𝑓𝑐𝑑: Resistência à compressão característica do concreto;
_ 𝑏𝑤: Largura da mesa da viga;
_ 𝑓𝑦𝑑: Resistência à escoamento característica do aço.
𝐴𝑠 = 𝐴𝑠1 + 𝐴𝑠2 (𝑐𝑚²); Eq.[14]
Em que:
_ 𝐴𝑠: área da seção transversal da armadura longitudinal de tração;
_𝐴𝑠2 : Armadura da alma comprimida;
_𝐴𝑠1 : Armadura da mesa comprimida.

3.1.2 Dimensionamento das Áreas de Aço de Vigas Com Seção T Falsa

(0.68𝑏𝑓x𝑓𝑐𝑑) Eq. [15]


𝐴𝑠 = (𝑐𝑚²)
𝑓𝑦𝑑
Em que:
_ 𝐴𝑠: área da seção transversal da armadura longitudinal de tração;
_ x: Comprimento da linha neutra;
_ 𝑓𝑐𝑑: Resistência à compressão característica do concreto;
_ 𝑏𝑓: Largura da alma da viga;
_ 𝑓𝑦𝑑: Resistência a escoamento característica do aço.

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3.1.3 Armaduras Mínimas e Máximas

Verificações imprescindíveis de cálculo: “As” dimensionada anteriormente tem que


estar entre as 𝐴𝑠𝑚𝑖𝑛 e 𝐴𝑠𝑚á𝑥 sendo identificado no item 17.3.5.2.1 e item 17.3.5.2.4,
respectivamente, na NBR 6118/2014.
𝐴𝑠𝑚𝑖𝑛= 𝜌𝑚𝑖𝑛 𝐴𝐶 Eq. [16]

Em que:
_𝜌𝑚𝑖𝑛 : Taxas mínimas de armadura;
_𝐴𝑠𝑚𝑖𝑛 : Armadura mínima;
_𝐴𝐶 : Área de concreto.
𝐴𝑠𝑚á𝑥 = 4%𝐴𝑐 Eq. [17]

Em que:
_𝐴𝑠𝑚á𝑥 : Armadura máxima;
_𝐴𝐶 : Área de concreto.

3.1.4 Escolha dos Arranjos

Após o término dos cálculos, é preciso escolher o arranjo das armaduras através da
área de aço do diâmetro da barra de aço. A norma fixa que a área de aço de uma barra é a área
do diâmetro da mesma.

𝜋𝐷 2 Eq.[18]
𝐴= .
4

Em que:
_A: Área do diâmetro da bitola;
_D: Diâmetro da bitola.

3.1.5 Disposições das Armaduras

Espaçamentos horizontais e verticais entre barras devem atender aos seguintes


requisitos, detalhados na NBR 6118/2014 (item 18.3.2.2):
2𝑐𝑚 Eq.[19]
𝑎ℎ ≥ { ∅𝑙
1,2𝑑𝑚á𝑥,𝑎𝑔

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2𝑐𝑚 Eq.[20]
𝑎𝑣 ≥ { ∅𝑙
0,5𝑑𝑚á𝑥,𝑎𝑔

Em que:
_𝑑𝑚á𝑥,𝑎𝑔 : Diâmetro do agregado;
_𝑎ℎ : Espaçamento horizontal;
_𝑎𝑣 : Espaçamento vertical.

3.2 Desenvolvimento e Apresentação do Software em Java

Feito os roteiros de cálculos, foi desenvolvido o código utilizando linguagem Java


interface gráfica NetBeans, juntamente com a elaboração dos Jframe (janelas), de forma
simples, para melhor entendimento do usuário.

3.2.1 Apresentação do Software

No menu principal do software (CalcT) ilustrado na Figura 3, é onde o usuário da


aplicação informará os dados básicos (DADOS GERAIS) para o dimensionamento da viga.
Para efetuar o cálculo basta clicar em “CALCULAR” que todas as informações no layout
“PARÂMETRO DE CÁLCULO” e “ARMADURAS” ficarão visíveis.

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Figura 3: Menu principal.

Fonte: Próprios autores.

Estará disponível para o usuário as legendas das siglas contidas no menu e o desenho
da viga especificando a localização das dimensões.
Após essa etapa o usuário estará livre para verificar seu arranjo através do botão
“ARRANJO DAS ARMADURAS”, que quando selecionado abrirá a janela de
Dimensionamento e Verificações dos Arranjos observado na Figura 4. É nessa janela que o
usuário informará os dados necessários para fazer as verificações.

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Figura 4: Janela de dimensionamento e verificações dos arranjos.

Fonte: Próprios autores.

Dados como diâmetro do vibrador, diâmetro do estribo, diâmetro da brita,


encontram-se em formato Combobox, pois são dados padrões. Para acessar as tabelas de
Classe de Agressividade e Cobrimento nominal da armadura clica-se nos seus respectivos
botões; essas tabelas estão conforme especificadas na NBR 6118-2014, para que o usuário
possa fazer suas observações antes de especificar os dados gerais. Como o diâmetro do
vibrador só é considerado se a seção T estiver invertida, é necessário informar esse dado
através do CheckBox disponível no menu.
Posteriormente deverá o usuário informar o arranjo escolhido através do layout
“ESCOLHA DO ARRANJO DAS ARMADURAS”. Nesse layout serão coletadas as
quantidades de barras por camadas, para isso o usuário deverá selecionar pelo CheckBox as
camadas que ele utilizará e os diâmetros das barras de aço por meio do ComboBox.
Por fim, se o arranjo desejado passar em todas as verificações de espaçamentos o
CalcT informará no layout “VERIFICAÇÕES” os parâmetros pós dimensionamento. Caso
essas verificações não sejam atendidas, surgirão mensagens de erros e orientações para o
usuário.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Exemplo de Dimensionamento

Para análises do funcionamento e confiabilidade do software, comparou-se os


resultados obtidos através do software com os resultados obtidos pelo Prof. Dr. Jefferson S.
Camacho, docente efetivo do curso de Engenharia Civil da Faculdade de Engenharia de Ilha
Solteira - SP (FEIS/UNESP). Os dados do exemplo podem ser observados na Figura 5 e
Figura 6, assim como os resultados encontrados pelo software.

Figura 5: Exemplo de Dimensionamento.

Fonte: Próprios autores.

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Figura 6: Exemplo de Dimensionamento.

Fonte: Próprios autores.

4.1.1 Comparação de Resultados

Os dados gerais utilizados para efetuar os cálculos das áreas de aço foram iguais para
os dois tipos de dimensionamentos, podendo assim comparar os resultados obtidos.

Quadro 1: Resultados.
s
Resultados Obtidos Pelo Software Resultados Obtidos por Camacho
(2015)
As (cm²) 15.10 As (cm²) 15.10
As efetiva(cm²) 15.71 As efetiva (cm²) 15.75
Asmin (cm²) 1.86 Asmin (cm²) 1.86
Asmáx (cm²) 44.6 Asmáx (cm²) -
d real (cm) 34.4 d real (cm) 34.4
d’ real 5.6cm d’ real 5.6cm
Fonte: Próprios autores.

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Pode-se constatar através do Quadro 1 que os valores encontrados pelo software são
praticamente iguais aos obtidos por Camacho (2015), ou seja, o cálculo por meio do
aplicativo é realmente seguro, verídico e confiável.

5 CONCLUSÃO

Benefícios como otimização, facilidade de manuseio, facilidade de dimensionamento


foram observados utilizando-se o software, podendo este ser usado tanto para fins
acadêmicos, quanto para fins profissionais na área de Engenharia Civil.
Ampliações no software, como dimensionamento de pilares, vigas retangulares e
estribos, podem ser feitas para evitar o dimensionamento manual, que geralmente é demorado
e trabalhoso.
É importante dizer que o programa foi construído para ser usado por pessoas de
conhecimento na área de Engenharia Civil e conhecimento prévio do próprio aplicativo,
devido a algumas restrições que ele contém, não sendo o desenvolvedor responsável por uso
errôneo de pessoas leigas.

REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12142. Concreto –


Determinação da resistência à tração na flexão de corpos de-prova prismáticos. Rio de
Janeiro: ABNT, 2010.

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Recebido em: 16 de março de 2018


Aceito em: 20 de abril de 2018

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