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Poder Judiciário

Justiça do Trabalho
Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região

Recurso Ordinário Trabalhista


0103138-36.2017.5.01.0421
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Processo Judicial Eletrônico

Data da Autuação: 11/09/2018


Valor da causa: R$ 38.000,00

Partes:
RECORRENTE: ALAN DA SILVA RIBEIRO
ADVOGADO: THIAGO LUIZ ARAUJO VIVAS
RECORRENTE: COMPANHIA ESTADUAL DE AGUAS E ESGOTOS CEDAE
ADVOGADO: ANA LUIZA LOPES SELLOS CORREA
ADVOGADO: FRANCIS HELEN BRAGA
ADVOGADO: HENRIQUE CLAUDIO MAUES
RECORRIDO: ALAN DA SILVA RIBEIRO
ADVOGADO: THIAGO LUIZ ARAUJO VIVAS
RECORRIDO: COMPANHIA ESTADUAL DE AGUAS E ESGOTOS CEDAE
ADVOGADO: ANA LUIZA LOPES SELLOS CORREA
ADVOGADO: MARCUS VINICIUS CORDEIRO
ADVOGADO: HENRIQUE CLAUDIO MAUES
PAGINA_CAPA_PROCESSO_PJE
PODER JUDICIÁRIO FEDERAL
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO 1ª REGIÃO
1ª Vara do Trabalho de Barra do Piraí
RUA SENADOR ARLINDO RODRIGUES, 05, CENTRO, BARRA DO PIRAI - RJ - CEP: 27135-340
tel: (24) 24420440 - e.mail: vt01.bp@trt1.jus.br

PROCESSO: 0103138-36.2017.5.01.0421
CLASSE: AÇÃO TRABALHISTA - RITO ORDINÁRIO (985)
RECLAMANTE: ALAN DA SILVA RIBEIRO
RECLAMADO: COMPANHIA ESTADUAL DE AGUAS E ESGOTOS CEDAE

DECISÃO PJe
Reconheço a dependência em face da conexão com o processo 0100420-66.2017.5.01.0421, mantendo-se
contudo a tramitação individualizada dos processos.

Inclua-se em pauta, notificando-se as partes.

BARRA DO PIRAI , 9 de Novembro de 2017

GLENER PIMENTA STROPPA


Juiz(a) do Trabalho

Assinado eletronicamente por: GLENER PIMENTA STROPPA - 09/11/2017 15:54:40 - f12b431


https://pje.trt1.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=17110911304355200000028180239
Número do processo: 0103138-36.2017.5.01.0421
Número do documento: 17110911304355200000028180239
1ª VARA DO TRABALHO DE BARRA DO PIRAÍ

TERMO DE AUDIÊNCIA RELATIVO AO PROCESSO 0103138-36.2017.5.01.0421

Em 30 de maio de 2018, na sala de sessões da 1ª VARA DO TRABALHO DE BARRA DO


PIRAÍ/RJ, sob a direção da Exmo(a). Juíza PRISCILA CRISTIANE MORGAN, realizou-se audiência
relativa a AÇÃO TRABALHISTA - RITO ORDINÁRIO número 0103138-36.2017.5.01.0421 ajuizada por
ALAN DA SILVA RIBEIRO em face de COMPANHIA ESTADUAL DE AGUAS E ESGOTOS CEDAE.

Às 10h03min, aberta a audiência, foram, de ordem da Exmo(a). Juíza do Trabalho,


apregoadas as partes.

Presente o reclamante, acompanhado do(a) advogado(a), Dr(a). THIAGO LUIZ ARAUJO


VIVAS, OAB nº 162152/RJ.

Presente o preposto do reclamado, Sr(a). Emmanoel Moreira de Souza, acompanhado(a) do


(a) advogado(a), Dr(a). TAINA GUELPELI COELHO DA SILVA, OAB nº 152819/RJ.

CONCILIAÇÃO REJEITADA.

Defesa escrita, com documentos. Vista ao reclamante, em audiência, reportou-se à inicial.

Depoimento pessoal do(a) reclamante: "Que desde 2006 tinha por atribuições ligar e
desligar o motor bomba, fazer monitoração e elaborar relatório de paradas, abertura e fechamento de
válvulas para a manutenção; que desempenhou essas atividades até setembro de 2016, quando foi
transferido para o setor de eletromecânica".

Depoimento pessoal do preposto do(s) reclamado(s)(s): "Que o autor até setembro de 2016
trabalhava na estação Bicame como operador de elevatória; que desempenhava todas as funções relativas
a esse cargo".

As partes não têm outras provas a produzir. Fica encerrada a instrução processual.

Razões finais orais remissivas.

Conciliação final rejeitada.

Adiado sine die para JULGAMENTO.

A(s) parte(s) acompanhou(aram) a digitação da presente ata sem qualquer objeção.

Audiência encerrada às 10h08min.

Assinado eletronicamente por: PRISCILA CRISTIANE MORGAN - 30/05/2018 12:12:24 - 5eefdd1


https://pje.trt1.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=18053010175142300000028180257
Número do processo: 0103138-36.2017.5.01.0421
Número do documento: 18053010175142300000028180257
PRISCILA CRISTIANE MORGAN

Juíza do Trabalho

Ata redigida por Daniele Ferreira Machado Teixeira, Secretário(a) de Audiência.

Assinado eletronicamente por: PRISCILA CRISTIANE MORGAN - 30/05/2018 12:12:24 - 5eefdd1


https://pje.trt1.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=18053010175142300000028180257
Número do processo: 0103138-36.2017.5.01.0421
Número do documento: 18053010175142300000028180257
PODER JUDICIÁRIO FEDERAL
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO 1ª REGIÃO
1ª Vara do Trabalho de Barra do Piraí
RUA SENADOR ARLINDO RODRIGUES, 05, CENTRO, BARRA DO PIRAI - RJ - CEP: 27135-340
tel: (24) 24420440 - e.mail: vt01.bp@trt1.jus.br

PROCESSO: 0103138-36.2017.5.01.0421
CLASSE: AÇÃO TRABALHISTA - RITO ORDINÁRIO (985)
RECLAMANTE: ALAN DA SILVA RIBEIRO
RECLAMADO: COMPANHIA ESTADUAL DE AGUAS E ESGOTOS CEDAE

SENTENÇA PJe

RELATÓRIO:

ALAN DA SILVA RIBEIRO propôs ação trabalhista contra COMPANHIA ESTADUAL DE AGUAS E ESGOTOS
CEDAE, ambos devidamente qualificados nos autos, pleiteando o pagamento das parcelas descritas na sua petição
inicial. Juntou documentos e atribuiu à causa o valor de R$ 38.000,00.

Regularmente citada, a ré apresentou defesa escrita sob a modalidade de contestação, com documentos, por meio
da qual suscitou preliminar de carência de ação e prejudicial de prescrição quinquenal e, no mérito propriamente
dito, refutou todas as pretensões formuladas.

Conciliação inicial rejeitada, foi recebida a defesa acompanhada de documentos e oportunizada a manifestação da
parte autora, que se reportou a petição inicial.

Foi produzida prova oral consistente no depoimento pessoal das partes e, sem mais provas, encerrou-se a instrução
processual.

Razões finais orais remissivas.

Renovada, a proposta conciliatória foi recusada.

Adiado sine diepara sentença.

É o breve RELATÓRIO. Decido.

FUNDAMENTAÇÃO:

DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

Assinado eletronicamente por: PRISCILA CRISTIANE MORGAN - 15/07/2018 21:02:12 - 5c97c65


https://pje.trt1.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=18053013403909900000028180298
Número do processo: 0103138-36.2017.5.01.0421
Número do documento: 18053013403909900000028180298
Evidenciado que a parte obreira auferia salário mensal até 40% do limite máximo do RGPS, presume-se a sua
hipossuficiência financeira, nos termos da nova redação introduzida ao §3º do artigo 790/CLT pela Reforma
Trabalhista (Lei nº 13.467/17).

Defiro o benefício da justiça gratuita.

DA CARÊNCIA DE AÇÃO

A reclamada suscita carência da ação. Do cotejo dos autos, afere-se que o meio processual utilizado é útil e
necessário à solução da controvérsia e as partes envolvidas na relação processual jurisdicional, são as mesmas
envolvidas na relação de direito material que se tornou litigiosa. Presentes as condições da ação

No tocante a análise da possibilidade jurídica do pedido, desde a vigência do atual CPC, tal aferição passou a
integrar a questão de mérito, ocasião em que será avaliada a pertinência e legalidade do pedido, ou seja, o direito
material e o mérito.

Rejeito, pois, a preliminar suscitada.

DA PRESCRIÇÃO

No caso dos créditos de natureza trabalhista, o prazo prescricional está previsto no art. 7º, inciso XXIX, da
Constituição da República, sendo de cinco anos até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho.

Considerando que o reclamante foi admitido em 21/11/2006 e a ação ajuizada em 08/11/1017, pronuncio a
inexigibilidade das pretensões relativas a pagamento anteriores a 08/11/1012, julgando-as extintas com resolução de
mérito com fundamento no art. 487, II do CPC.

DO MÉRITO PROPRIAMENTE DITO

Afirma a parte autora que no período compreendido entre dezembro de 2006 a setembro de 2016 exerceu
efetivamente as atribuições do cargo de operador de elevatória, sem, contudo, estar corretamente enquadrado no
cargo e receber a remuneração compatível.

A ré, em sua peça de defesa, nega que o autor tenha exercido a função de operador de elevatória, aduzindo que o
mesmo sempre esteve corretamente enquadrado no seu PCCS, executando as tarefas referentes ao cargo para o
qual se encontra corretamente enquadrado.

Como é sabido, caracteriza-se o desvio de função a partir do cometimento ao empregado de atividades diversas
daquelas que lhe foram atribuídas contratualmente.

A CEDAE se constitui em uma sociedade de economia mista, estando, portanto, sujeita ao regime jurídico das
empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações trabalhistas, nos termos do art. 173, § 1.º, II, da
Constituição Federal/88. Dessa forma, embora não seja cabível o reenquadramento de seus empregados, por força
do art. 37, II, da Constituição Federal, é pacífica a possibilidade de deferimento de diferenças salariais decorrentes
de desvio de função, conforme a OJ nº 125 da SBDI-1, do Colendo TST.

No caso, a própria ré confessou em Juízo, por intermédio do depoimento do seu preposto "Que o autor até setembro
de 2016 trabalhava na estação Bicame como operador de elevatória; que desempenhava todas as funções relativas
a esse cargo".

O desvio de função evidencia a má administração da ré, permitindo que se exima de proceder ao competente
concurso público para contratação de empregados públicos para atuar nos quadros específicos da carreira. Tal
conduta prejudica, ainda, o direito fundamental da sociedade à acessibilidade aos cargos e empregos públicos, ante
a perda da chance de se submeter a certame e concorrer a uma das vagas existentes nos quadros funcionais da
CEDAE, uma vez que um único empregado ocupa o seu cargo originário de carreira e o que exerce na realidade.
Também coloca a sociedade em risco, haja vista que não há como se presumir que a pessoa que se submeteu ao

Assinado eletronicamente por: PRISCILA CRISTIANE MORGAN - 15/07/2018 21:02:12 - 5c97c65


https://pje.trt1.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=18053013403909900000028180298
Número do processo: 0103138-36.2017.5.01.0421
Número do documento: 18053013403909900000028180298
certame e logrou êxito para exercer um cargo específico tenha habilitação profissional para exercer funções de
cargos de maior responsabilidade e habilidade técnica.

Sob outro viés, prejudica os seus próprios empregados, que, embora contratados para cargos específicos, são
obrigados a se submeter a outras funções, às vezes com maior responsabilidade e aptidão técnica, sem a devida
contraprestação, como ocorre nos presentes autos.

Registre-se que o pedido autoral diz respeito a diferenças salariais em virtude de desvio de função, nada sendo
aventado no presente feito a respeito da nulidade da contratação.

Ademais, embora a Resolução de Diretoria n.305, de 2005, tenha proibido o desvio de função, percebe-se que a
Administração foi omissa na fiscalização, bem como foi conivente ao permitir que empregados sem a devida
qualificação para o cargo e sem se submeter a novo concurso público o exerça. Referida normativa não pode ser
apresentada em Juízo como óbice à pretensão do autor, pois apenas revela a necessidade de apuração das
responsabilidades dos gestores que a descumpriram.

Diante do exposto, reconheço que o reclamante foi desviado da função para o qual foi contratado e julgo procedente
o pedido de pagamento das diferenças salariais em relação ao cargo de operador de elevatória, de acordo com a
tabela salarial deste cargo, na forma como expressa nas Disposições gerais, item "26" do Manual de Normas de
Recursos Humanos da CEDAE, do período imprescrito até setembro de 2016, ressaltando que não haverá anotação
de reenquadramento funcional, ante a vedação do art. 37, II da Constituição Federal.

As diferenças devidas devem ser compreendidas como as diferenças salariais que faz referência a OJ 125, sem
qualquer integração à exceção do FGTS, uma vez que atribuir reflexos destas nas demais verbas contratuais seria
dar legitimidade ou legalidade aparente a uma grave ilegalidade praticada pelo ente público.

Aplica-se à hipótese, analogicamente, a súmula 363 do C.TST, uma vez que o desvio perpetrado corresponderia a
uma investidura derivada em emprego público. Portanto, são devidas ao autor as diferenças salariais, acrescidas das
diferenças de FGTS.

Considerando que o contrato de trabalho se encontra vigente, os valores apurados a título de FGTS deverão ser
depositados na conta vinculada do autor e comprovados nos autos.

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

Em razão da natureza híbrida das normas que regem honorários advocatícios (material e processual), a condenação
à verba sucumbencial recíproca só poderá ser imposta nos processos iniciados após a entrada em vigor da Lei
13.467/2017, tendo em vista a garantia da não surpresa, bem como em razão do princípio da causalidade, uma vez
que a expectativa de custos e riscos é aferida no momento da propositura da ação.

Ademais, é certo que antes da vigência da nova lei, no processo do trabalho, para o recebimento de honorários era
exigida, além da gratuidade de justiça, a assistência pelo sindicato de classe (art. 14, Lei 5.584/70 e Súmulas 219 e
329 do TST), requisitos não presentes concomitantemente na hipótese dos autos.

CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS MORATÓRIOS

Correção monetária a partir do descumprimento de cada obrigação (Lei 8177/91, art. 39). Época própria conforme
Súmula 381 do TST e art. 459, "caput" e §1º, da CLT. Juros de mora a partir do ajuizamento da ação (CLT, art. 883).
Juros incidem sobre a importância já corrigida (TST, Súmula 200).

Na esteira da decisão do TST no ArgInc-479-60.2011.5.04.0231, que declarou a inconstitucionalidade por


arrastamento do caput do art. 39 da Lei 8.177/91 e, como tal, da TR como fator de correção dos débitos trabalhistas,
e adotando a mesma interpretação conforme a Constituição, determino a aplicação do IPCA-E como fator de
correção, como forma de assegurar o direito à recomposição integral do crédito reconhecido pela sentença.

Note-se que o §7º do art. 879 da CLT, introduzido pela Lei 13.467/2017, apenas traz para a CLT a norma já existente
na Lei 8.177/91, que padece de igual vício de inconstitucionalidade material.

Assinado eletronicamente por: PRISCILA CRISTIANE MORGAN - 15/07/2018 21:02:12 - 5c97c65


https://pje.trt1.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=18053013403909900000028180298
Número do processo: 0103138-36.2017.5.01.0421
Número do documento: 18053013403909900000028180298
CONTRIBUIÇÕES FISCAIS E PREVIDENCIÁRIAS

Determino a incidência de contribuições fiscais e previdenciárias sobre as verbas deferidas, nos moldes do art. 28 da
Lei 8212/91 e da Súmula 368 do Colendo TST. A responsabilidade pelo recolhimento é do reclamado, sendo
autorizado o desconto das parcelas a cargo do reclamante (OJ 363 da SDI-1 do TST).

O imposto de renda será retido na fonte de acordo com o artigo 12-A da lei nº 7713/88, disciplinado pela Instrução
Normativa RFB 1500/14, alterada pela IN 1558/2015.

DISPOSITIVO:

Pelo exposto, esta 1ª Vara do Trabalho de Barra do Piraí, na Reclamação Trabalhista movida por ALAN DA SILVA
RIBEIRO contra COMPANHIA ESTADUAL DE AGUAS E ESGOTOS CEDAE., decide:

a) declarar a inexigibilidade das pretensões relativas a pagamentos anteriores a 08/11/1012, ante a ocorrência da
prescrição quinquenal - art. 487, II do CPC; e

b) julgar PROCEDENTES EM PARTE os pedidos para condenar a reclamada ao pagamento de diferenças salariais
decorrentes de desvio de função, com reflexos em FGTS, observados os parâmetros e limites constantes da
fundamentação supra, parte integrante do presente decisum.

Liquidação de sentença por cálculos.

Correção monetária, juros de mora, contribuições previdenciárias e fiscais nos termos da fundamentação.

Defiro a gratuidade de justiça à parte reclamante.

Custas no importe de R$ 400,00 pela reclamada, calculadas sobre R$ 20.000,00, valor atribuído à condenação para
tal fim.

Intimem-se as partes.

Nada mais.

BARRA DO PIRAI, 15 de Julho de 2018


PRISCILA CRISTIANE MORGAN
Juiz do Trabalho Substituto

Assinado eletronicamente por: PRISCILA CRISTIANE MORGAN - 15/07/2018 21:02:12 - 5c97c65


https://pje.trt1.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=18053013403909900000028180298
Número do processo: 0103138-36.2017.5.01.0421
Número do documento: 18053013403909900000028180298
PODER JUDICIÁRIO FEDERAL
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

1ª Vara do Trabalho de Barra do Piraí


RUA SENADOR ARLINDO RODRIGUES, 05, CENTRO, BARRA DO PIRAI - RJ - CEP: 27135-340
tel: (24) 24420440 - e.mail: vt01.bp@trt1.jus.br

PROCESSO: 0103138-36.2017.5.01.0421
CLASSE: AÇÃO TRABALHISTA - RITO ORDINÁRIO (985)
RECLAMANTE: ALAN DA SILVA RIBEIRO
RECLAMADO: COMPANHIA ESTADUAL DE AGUAS E ESGOTOS CEDAE

DECISÃO PJe

Tendo em vista o teor da certidão ID7f8c60d recebo os


RecursosOrdináriosinterpostospelo reclamante e pelo
reclamado , por preenchidos os pressupostos legais de
admissibilidade.

Aos recorridos para contrarrazoes , em 08 dias.

Após o decurso do prazo para contrarrazoes, ao Eg. TRT,


com nossas homenagens.

BARRA DO PIRAI , 17 de Agosto de 2018

GLENER PIMENTA STROPPA

Juiz(a) Titular de Vara do Trabalho

Assinado eletronicamente por: GLENER PIMENTA STROPPA - 20/08/2018 08:50:42 - 8297825


https://pje.trt1.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=18081711334314800000028180309
Número do processo: 0103138-36.2017.5.01.0421
Número do documento: 18081711334314800000028180309
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

PROCESSO nº 0103138-36.2017.5.01.0421
RECURSO ORDINÁRIO
PROCESSO JUDICIAL ELETRÔNICO - PJe

ACÓRDÃO
9ª TURMA

RECURSO ORDINÁRIO. CEDAE. DESVIO DE FUNÇÃO E


PROGRESSÃO FUNCIONAL. QUADRO DE CARGOS,
CARREIRAS E SALÁRIOS. ÓBICE CONSTITUCIONAL AO
REENQUADRAMENTO. DIFERENÇAS SALARIAIS DEVIDAS.
1) Devidas ao empregado diferenças salariais decorrentes de desvio
de função imposto pela ré, mantém-se a r. sentença recorrida, eis que
em consonância com o entendimento contido na Orientação
Jurisprudencial nº 125 da E. SDI-1 do C. TST.
2) Recurso ordinário da ré ao qual se nega provimento.

Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de RECURSO


ORDINÁRIO em que são partes ALAN DA SILVA RIBEIRO e COMPANHIA ESTADUAL DE
AGUAS E ESGOTOS - CEDAE como recorrentes e OS MESMOS como recorridos.

Inconformados com a r. sentença recorrida (ID 5c97c65) proferida pela


Exma. Juíza Dra. Priscila Cristiane Morgane da MMª 1ª Vara do Trabalho de Barra do Piraí, que julgou
parcialmente procedentes os pedidos, interpõem recursos ordinários o autor (ID e9550ec) e a acionada
(ID 5ea432d).

O autor pretende a extensão dos reflexos das diferenças salariais


concedidas nas férias, 13ºs salários, repouso semanal remunerado, triênio, horas extras, gratificação de
férias e licença prêmio.

A ré argui, por seu turno, preliminar de ausência de interesse de agir, por


falta de condição de procedibilidade da ação, por se tratar de pretensão impossível.

Assinado eletronicamente por: JOSE DA FONSECA MARTINS JUNIOR - 05/02/2019 16:47:08 - 3003ab4
https://pje.trt1.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=18110716255970800000029716237
Número do processo: 0103138-36.2017.5.01.0421
Número do documento: 18110716255970800000029716237
No mérito, sustenta que improcede sua condenação no pagamento de
diferenças salariais por desvio de função, ante a não comprovação de que o autor de fato exerce as
funções de Operador de Tratamento de Água, conforme descritas no documento de ID. E54af64.

Destaca que o recorrido sequer comprovou preencher os requisitos


mínimos necessários para o exercício do cargo almejado.

Informa que a concessão de diferenças salariais decorrentes de desvio


funcional encontra óbice no inciso II do artigo 37 da Constituição Federal, uma vez que se trata de
sociedade de economia mista, sujeitando-se a realização de concurso público para todas as investiduras e
também porque a Resolução nº 305, de 17 de março de 1995, proíbe que qualquer Supervisor ou Gerente
promova ou permita desvio de função.

Pontua que o deferimento de diferenças salariais por desvio de função


também contraria o disposto no artigo 169, parágrafo único, da Carta Política vigente e o entendimento
consolidado na Súmula 363 do C. TST.

Sustenta que na hipótese de ser mantida sua condenação devem serem


excluídas as parcelas vincendas e de todos os reflexos contidos no rol de pedidos.

Finalmente requer que não seja aplicada na correção monetária o índice


de correção pelo IPCA-E, mas a TR, de acordo com o ponto de vista definido no artigo 39 da Lei nº 8177
/91.

Contrarrazões do autor (ID ad4e895).

Sem manifestação do douto Ministério Público do Trabalho, nos termos


do Ofício PRT/1ª Região n° 472/18-GAB, de 29 de junho de 2018.

É o relatório.

ADMISSIBILIDADE

Assinado eletronicamente por: JOSE DA FONSECA MARTINS JUNIOR - 05/02/2019 16:47:08 - 3003ab4
https://pje.trt1.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=18110716255970800000029716237
Número do processo: 0103138-36.2017.5.01.0421
Número do documento: 18110716255970800000029716237
Não conheço do recurso da ré quanto ao pedido de exclusão das parcelas
vincendas e de todos os reflexos contidos no rol de pedidos, por falta de interesse em recorrer, pois a
condenação está limitada pela r. sentença a setembro de 2016, marco anterior ao ajuizamento da demanda
e só há determinação de reflexos no FGTS.

Conheço de ambos os recursos ordinários quanto aos demais temas


recorridos, por preenchidos os pressupostos intrínsecos e extrínsecos de admissibilidade, eis que
interpostos por patronos com representação regular e aviados de forma tempestiva, estando comprovado
o recolhimentos do depósito recursal e das custas processuais, pela ré.

PRELIMINAR DE AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR

Alega a recorrente não há interesse de agir, não preenchendo o autor uma


das suas condições, devendo o processo ser extinto, sem resolução do mérito, conforme disciplina o art.
267, inciso VI, do CPC.

Sem razão.

Com efeito, o interesse de agir identifica-se pelo binômio interesse e


utilidade, estando presente quando há necessidade da intervenção do Poder Judiciário para dirimir a
controvérsia, porque o titular do direito material não teve sua pretensão atendida por outros meios,
utilizando-se do meio adequado, sendo para ele útil o provimento postulado.

Assim, o pedido de diferenças salariais por desvio de função, formulado


pelo autor, é juridicamente possível e não defeso em lei, em face do conflito de interesses existente entre
as partes, restando demonstrado o interesse de agir do recorrido que possui, assim, a qualidade de titular
do direito que pleiteia.

Rejeito a preliminar.

Assinado eletronicamente por: JOSE DA FONSECA MARTINS JUNIOR - 05/02/2019 16:47:08 - 3003ab4
https://pje.trt1.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=18110716255970800000029716237
Número do processo: 0103138-36.2017.5.01.0421
Número do documento: 18110716255970800000029716237
MÉRITO

RECURSO DA RÉ

Em razão da prejudicialidade, o recurso da ré será apreciado antes do


recurso do autor.

CEDAE - DESVIO DE FUNÇÃO E PROGRESSÃO FUNCIONAL - QUADRO DE


CARGOS, CARREIRAS E SALÁRIOS - ÓBICE CONSTITUCIONAL AO
REENQUADRAMENTO - DIFERENÇAS SALARIAIS DEVIDAS

Sustenta a recorrente que improcede sua condenação no pagamento de


diferenças salariais por desvio de função, ante a não comprovação de que o autor de fato exerce as
funções de Operador de Tratamento de Água, conforme descritas no documento de ID. E54af64.

Destaca que o recorrido sequer comprovou preencher os requisitos


mínimos necessários para o exercício do cargo almejado.

Informa que a concessão de diferenças salariais decorrentes de desvio


funcional encontra óbice no inciso II do artigo 37 da Constituição Federal, uma vez que se trata de
sociedade de economia mista, sujeitando-se a realização de concurso público para todas as investiduras e
também porque a Resolução nº 305 de 17 de março de 1995 proíbe que qualquer Supervisor ou Gerente
promova ou permita desvio de função.

Finalmente, pontua que o deferimento de diferenças salariais por desvio


de função também contraria o disposto no artigo 169, parágrafo único, da Carta Política vigente e o
entendimento consolidado na Súmula 363 do C. TST.

Não lhe assiste razão.

Com efeito, consoante fundamentado na r. sentença o preposto da ré


confessou que o autor exercia todas as funções de Operador de Elevatória há mais de cinco anos.

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Número do processo: 0103138-36.2017.5.01.0421
Número do documento: 18110716255970800000029716237
Do mesmo modo resta documentalmente comprovado nos autos, que a
escolaridade exigida para os dois cargos é a mesma, conforme consta na descrição dos cargos, contida
nos ID's 89b129c e 2cacb11.

Assim, não se desincumbiu a ré do ônus da prova de que o autor não


preencheria os requisitos para exercer as funções de Operador de Elevatória.

Por essa razão o juízo a quo concluiu, com supedâneo na confissão do


preposto a ré, que apesar de o autor ocupar o cargo de Auxiliar de Apoio Profissional, efetivamente
exerce as funções de Operador de Elevatória, razão pela qual não há se falar em violação ao inciso II do
artigo 37 da Carta Política vigente, sendo devido o pagamento das diferenças salariais pleiteadas,
decorrentes do comprovado desvio de função e seus consectários, uma vez que não se está promovendo
seu enquadramento em novo cargo, mas evitando-se o locupletamento ilícito por parte da Administração
Pública, conforme dispõe a Orientação Jurisprudencial nº 125 da E. SDI-I do C. TST e a Súmula 378 do
C. STJ, verbis:

"125. Desvio de função. Quadro de carreira. O simples desvio funcional do


empregado não gera direito a novo enquadramento, mas apenas às diferenças salariais
respectivas, mesmo que o desvio de função haja iniciado antes da vigência da CF/88."

"378. Reconhecido o desvio de função, o servidor faz jus às diferenças salariais


decorrentes. (Súmula 378, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 22/04/2009, DJe 05/05
/2009)".

Nego provimento.

DA CORREÇÃO MONETÁRIA PELO IPCA-E

Requer a recorrente que não seja aplicada na correção monetária o índice


de correção pelo IPCA-E, mas a TR, de acordo com o ponto de vista definido no artigo 39 da Lei nº 8177
/91.

Não lhe assiste razão.

Com efeito, em 5 de janeiro de 2018 a Egrégia 2ª Turma do Excelso


Supremo Tribunal Federal, por maioria, em voto conduzido pelo Exmo. Ministro Ricardo Lewandowski
(vencidos os Exmos. Ministros Dias Toffoli - Relator do sorteio regimental e Gilmar Mendes), sob a
Presidência do Exmo. Ministro Edson Fachin, julgou improcedente a Reclamação (Rcl) nº 22012/RS,

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Número do documento: 18110716255970800000029716237
revogando a liminar anteriormente deferida, firmando seu entendimento acerca do critério de correção
monetária pelo índice do IPCA-E, razão pela qual não há mais como se utilizar a TR - Taxa Referencial -
, para atualização monetária dos créditos reconhecidos na presente ação.

Pari passu, na mesma trilha do entendimento fixado pela Corte


Constitucional e dos julgamentos proferidos nos autos das Ações Diretas de Inconstitucionalidade
(ADI's) nºs 4357, 4372, 4400 e 4425, o Pleno do C. TST, em voto conduzido pelo Exmo. Ministro
Cláudio Brandão, declarou nos autos do processo Arguição de Inconstitucionalidade (ArgInc) nº 479-
60.2011.5.04.023 a inconstitucionalidade por arrastamento da expressão - equivalentes à TR - Taxa
Referencial -, contida no caputdo artigo 39 da Lei n° 8.177/91, com modulação de efeitos a partir de 30
de junho de 2009, também determinando que a atualização monetária dos créditos trabalhistas seja
realizada pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E), improcedendo o
inconformismo da recorrente.

Nego provimento.

RECURSO DO AUTOR

DOS REFLEXOS DAS DIFERENÇAS SALARIAIS

Sustenta o recorrente, que as diferenças eventualmente devidas não


repercutem apenas nos depósitos do FGTS, mas também nas férias, 13º salário, repouso semanal
remunerado, triênio, horas extras, gratificação de férias e licença prêmio, conforme postulado na exordial.

Com parcial razão.

Na hipótese dos autos, uma vez reconhecido o desvio de função, não se


aplica os efeitos de um contrato nulo, conforme entendimento da Súmula 363 do C. TST, sob pena de
enriquecimento ilícito da empresa que se beneficiou do serviço prestado pelo empregado.

Assim, tendo sido julgado procedente o pedido principal - pagamento de


diferenças salariais decorrentes de inobservância de desvio de função -, sendo devidas as diferenças
postuladas a título de integrações, inclusive em relação aos triênios, uma vez que a própria recorrente
reconhece, que nos termos do seu PCCS, estes são calculados cumulativamente sobre o salário base da
mesma classe e nível em que o empregado está posicionado.

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Número do processo: 0103138-36.2017.5.01.0421
Número do documento: 18110716255970800000029716237
Em relação ao reflexo no repouso semanal remunerado não há pedido
neste sentido no item II do rol de pedidos da exordial.

Dou parcial provimento para deferir ao autor a repercussão das diferenças


salariais nas férias com 1/3, 13º salários, horas extras, triênio, licença prêmio e gratificação de férias.

DO PREQUESTIONAMENTO

Tendo este Relator adotado tese explícita sobre os diversos themas


decidendum suscitados nos recursos examinados e sabendo-se que o juiz não está obrigado a refutar
todos os argumentos das partes, desde que fundamente o julgado, nos termos do que dispõem os artigos
371, 489 e 1025 do novo CPC, 832 da CLT e 93, inciso IX, da Constituição Federal, tem-se por
prequestionados os dispositivos legais invocados, como preconizado no inciso III da Súmula nº 297 do C.
TST.

Isto posto, não conheço do recurso da ré quanto ao pedido de exclusão


das parcelas vincendas e de todos os reflexos contidos no rol de pedidos, por falta de interesse em
recorrer, conheço de ambos os recursos quanto aos demais temas recorridos e, no mérito, nego
provimento ao da ré e dou parcial provimento ao do autor, para determinar a repercussão das diferenças
salariais nas férias com 1/3, 13º salários, horas extras, triênio, licença prêmio e gratificação de férias, nos
termos da fundamentação supra.

As partes ficam expressamente advertidas de que eventual recurso de


embargos declaratórios opostos que não aponte, expressamente, para a caracterização de contradição
(entre os termos da própria decisão, e não entre a decisão e a prova dos autos), obscuridade (condição
específica que impeça que o acórdão seja inteligível) ou omissão (em relação aos pedidos formulados
pelas partes, e não argumento das peças processuais que hajam sido rechaçados, de forma implícita, pelos
fundamentos do acórdão), caracterizará intuito procrastinatório e sujeitará a parte ao pagamento de
MULTA.

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Número do processo: 0103138-36.2017.5.01.0421
Número do documento: 18110716255970800000029716237
Finalmente, destaque-se que erros materiais não exigem embargos
declaratórios para serem sanados, conforme art. 897, § 1º, da CLT.

A C O R D A M os Exmos. Desembargadores da 9ª Turma do Egrégio


Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, por unanimidade, nos termos da fundamentação do voto do
Exmo. Sr. Relator, não conhecer do recurso da ré quanto ao pedido de exclusão das parcelas vincendas e
de todos os reflexos contidos no rol de pedidos, por falta de interesse em recorrer, conhecer de ambos os
recursos quanto aos demais temas recorridos e, no mérito, negar provimento ao da ré e dar parcial
provimento ao do autor, para determinar a repercussão das diferenças salariais nas férias com 1/3, 13º
salários, horas extras, triênio, licença prêmio e gratificação de férias.

Rio de Janeiro, 11 de dezembro de 2018.

DESEMBARGADOR JOSÉ DA FONSECA MARTINS JUNIOR


Relator
MR

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Número do processo: 0103138-36.2017.5.01.0421
Número do documento: 18110716255970800000029716237
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

PROCESSO nº 0103138-36.2017.5.01.0421
RECURSO ORDINÁRIO
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
PROCESSO JUDICIAL ELETRÔNICO - PJe

ACÓRDÃO
9ª TURMA

RECURSO ORDINÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO.


MODULAÇÃO DOS EFEITOS DO ÍNDICE IPCA-E. OMISSÃO
NÃO CONFIGURADA.
1) Os embargos declaratórios são o instrumento processual hábil para
a correção de omissões, contradições, obscuridades ou erros
materiais, eventualmente verificados na sentença ou no acórdão, na
exata dicção do que dispõem os incisos I a III, do art. 1.022, do CPC.
2) Embargos de declaração da demandada parcialmente acolhidos,
para remeter a discussão sobre a modulação dos efeitos da aplicação
do índice IPCA-E para a fase de liquidação.

Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de RECURSO


ORDINÁRIO nos quais COMPANHIA ESTADUAL DE ÁGUAS E ESGOTOS - CEDAE opõe
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO ao v. acórdão proferido nos autos do processo em referência em
que são partes ALAN DA SILVA RIBEIRO e COMPANHIA ESTADUAL DE AGUAS E
ESGOTOS - CEDAE como recorrentes e OS MESMOS como recorridos.

Trata-se de embargos de declaração opostos pela ré (ID bdf353b),


sustentando omissões no v. acórdão (ID 3003ab4).

Afirma que o v. acórdão manteve a r. sentença recorrida, que adotara o


índice de correção IPCA-E, porém não limitou sua aplicabilidade de acordo com o julgamento do E.
TST, o qual fixou modulação dos seus efeitos e incidência da Taxa Referencial (TR) até 24 de março de
2015, sendo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E) a partir de 25 de
março de 2015 e até novembro de 2017, com o advento da alteração ocorrida no art. 879, § 7º, da CLT,
que reafirmou ser a TR o índice de correção dos créditos trabalhistas.

Assinado eletronicamente por: JOSE DA FONSECA MARTINS JUNIOR - 03/06/2019 12:32:19 - 42a83b0
https://pje.trt1.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=19031413014548100000032699007
Número do processo: 0103138-36.2017.5.01.0421
Número do documento: 19031413014548100000032699007
É o relatório.

ADMISSIBILIDADE

Conheço dos embargos de declaração opostos pela ré, uma vez que
preenchem os pressupostos intrínsecos e extrínsecos de admissibilidade.

MÉRITO

DA ALEGADA OMISSÃO. MODULAÇÃO DO EFEITOS. IPCA-E

Afirma a embargante que o v. acórdão manteve a r. sentença recorrida,


que adotara o índice de correção IPCA-E, porém não limitou sua aplicabilidade de acordo com o
julgamento do E. TST, o qual fixou modulação dos seus efeitos e incidência da Taxa Referencial (TR)
até 24 de março de 2015, sendo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E) a
partir de 25 de março de 2015 e até novembro de 2017, com o advento da alteração ocorrida no art. 879,
§ 7º, da CLT, que reafirmou ser a TR o índice de correção dos créditos trabalhistas.

Assiste parcial razão à embargante.

Com efeito, pretendeu a ré em seu recurso ordinário a reforma da r.


sentença recorrida, para que não fosse observado o índice de correção IPCA-E, mas a TR, de acordo com
o ponto de vista definido no art. 39 da Lei n. 8.177/91, nada mencionando sobre a modulação dos efeitos
imposta pela decisão do E. STF, quando do julgamento da ADIN 4425 e pelo C. TST na ArgInc-479-
60.2011.5.04.0231.

Contudo, revela-se prematuro impor modulação à aplicação do índice


IPCA-E, de acordo com a r. decisão da ArgInc-479-60.2011.5.04.0231 nesta fase processual, remetendo-
se tal discussão para a fase de liquidação, impondo-se reformar a r. decisão recorrida neste aspecto.

Assinado eletronicamente por: JOSE DA FONSECA MARTINS JUNIOR - 03/06/2019 12:32:19 - 42a83b0
https://pje.trt1.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=19031413014548100000032699007
Número do processo: 0103138-36.2017.5.01.0421
Número do documento: 19031413014548100000032699007
Acolho parcialmente os embargos.

Isto posto, conheço dos embargos de declaração opostos pela ré e, no


mérito, acolho-os parcialmente para remeter a discussão a respeito da modulação dos efeitos do IPCA-E
para a fase de liquidação, nos termos da fundamentação supra.

A C O R D A M os Excelentíssimos Senhores Desembargadores que


compõem a 9ª Turma do Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, por unanimidade, nos
termos da fundamentação do voto do Exmº. Sr. Relator, conhecer dos embargos de declaração opostos
pela ré e, no mérito, acolhê-los parcialmente, para remeter a discussão a respeito da modulação dos
efeitos do IPCA-E para a fase de liquidação.

Rio de Janeiro, 28 de maio de 2019.

DESEMBARGADOR JOSÉ DA FONSECA MARTINS JUNIOR


Relator
MR

Assinado eletronicamente por: JOSE DA FONSECA MARTINS JUNIOR - 03/06/2019 12:32:19 - 42a83b0
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Número do processo: 0103138-36.2017.5.01.0421
Número do documento: 19031413014548100000032699007
TRT - ROT - 0103138-36.2017.5.01.0421

RECURSO DE REVISTA

Lei nº 13.015/2014

Recorrente(s): COMPANHIA ESTADUAL DE ÁGUAS E ESGOTOS - CEDAE

Recorrido(a)(s): ALAN DA SILVA RIBEIRO

PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS

Tempestivo o recurso (decisão publicada em 10/06/2019 - ID 5b53b3a; recurso interposto em 24/06/2019


- ID 2ded542).

Regular a representação processual (ID edaab16).

Satisfeito o preparo (ID a7b6169, ID 6dc7952 e ID a9a93dd).

PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS

REMUNERAÇÃO, VERBAS INDENIZATÓRIAS E BENEFÍCIOS / SALÁRIO/DIFERENÇA


SALARIAL

DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / LIQUIDAÇÃO/CUMPRIMENTO/EXECUÇÃO


/ VALOR DA EXECUÇÃO/CÁLCULO/ATUALIZAÇÃO / CORREÇÃO MONETÁRIA

Alegação(ões):

- contrariedade à(s) Súmula(s) nº 363 do Tribunal Superior do Trabalho.

- violação do(s) artigo 5º, inciso II; artigo 5º, inciso LIV; artigo 5º, inciso LV; artigo 37, inciso II; artigo
97; artigo 102, inciso I, da Constituição Federal.

- divergência jurisprudencial.

Nos termos em que prolatada a decisão, não se verificam as violações apontadas. Na verdade, trata-se de
mera interpretação dos mencionados dispositivos, o que não permite o processamento do recurso. Não se
vislumbra, também, nenhuma afronta à jurisprudência sedimentada da C. Corte.

Os arestos transcritos para o confronto de teses não se prestam ao fim colimado, seja por se revelarem
inespecíficos, vez que não se enquadram nos moldes estabelecidos pelas Súmulas 23 e 296 do TST, seja
ainda por se revelarem inservíveis, porquanto não contemplados na alínea "a" do art. 896 da CLT. No
mesmo sentido é o entendimento consubstanciado na Orientação Jurisprudencial 111 da SDI-I do TST.

Assinado eletronicamente por: CESAR MARQUES CARVALHO - 26/09/2019 15:45:52 - 67e6c0d


https://pje.trt1.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=19092517005128800000038867124
Número do processo: 0103138-36.2017.5.01.0421
Número do documento: 19092517005128800000038867124
Podem ser, ainda, enquadrados na categoria de inservíveis os arestos não adequados ao entendimento
consagrado na Súmula 337 do TST.

CONCLUSÃO

NEGO seguimento ao recurso de revista.

Publique-se e intime-se.

Rio de Janeiro, 25 de setembro de 2019.

CESAR MARQUES CARVALHO

Desembargador Vice-Presidente do

Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região

/acaf/9519

Assinado eletronicamente por: CESAR MARQUES CARVALHO - 26/09/2019 15:45:52 - 67e6c0d


https://pje.trt1.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=19092517005128800000038867124
Número do processo: 0103138-36.2017.5.01.0421
Número do documento: 19092517005128800000038867124
TRT - ROT - 0103138-36.2017.5.01.0421

Despacho

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA

Agravante(s): COMPANHIA ESTADUAL DE AGUAS E ESGOTOS CEDAE

Agravado(s): ALAN DA SILVA RIBEIRO

I - Mantenho o despacho.
II - Intime(m)-se o(s) agravado(s) para cumprimento do item VI da IN 16 do Colendo
Tribunal Superior do Trabalho.
III - Remetam-se os autos ao Colendo Tribunal Superior do Trabalho.

Rio de Janeiro, 27 de Abril de 2020.

MERY BUCKER CAMINHA


Desembargadora Corregedora
MDAIRR

Assinado eletronicamente por: MERY BUCKER CAMINHA - 29/04/2020 22:09:13 - 8b49eb9


https://pje.trt1.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=20042710094130300000044742765
Número do processo: 0103138-36.2017.5.01.0421
Número do documento: 20042710094130300000044742765
SUMÁRIO
Documentos

Data da
Id. Documento Tipo
Assinatura

f12b431 09/11/2017 15:54 Decisão de prevenção Decisão

5eefdd1 30/05/2018 12:12 Ata da Audiência Ata da Audiência

5c97c65 15/07/2018 21:02 Sentença Sentença

8297825 20/08/2018 08:50 Controle de prazo recursalMinutar decisão - Decisão


ARminutaEmElaboracao
3003ab4 05/02/2019 16:47 Acórdão Acórdão

42a83b0 03/06/2019 12:32 Acórdão Acórdão

67e6c0d 26/09/2019 15:45 Decisão Decisão

8b49eb9 29/04/2020 22:09 Despacho Despacho

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