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5 - ELETRICIDADE BÁSICA

Nesse capítulo, faremos uma breve introdução sobre atomística, conheceremos os


principais princípios, grandezas e unidades de medida em eletricidade e principalmente sua
aplicação em circuitos elétricos.

ATOMÍSTICA
Os cientistas chamam todas as coisas que constituem o universo, e das quais o
homem pode tomar conhecimento através dos seus órgãos de sentido, de matéria. A matéria
toda é constituída na qualidade de partículas mínimas de átomos. Se colocássemos 100
milhões de átomos, um ao lado do outro numa fila obteríamos um segmento de cerca
de 10 mm de comprimento.

Elementos químicos são substâncias que não podem ser decompostas em outras
substânci- as, nem por meios químicos nem mecânicos, e que não podem ser obtidos por
composição de outras substâncias. Entretanto, a física nuclear conseguiu transformar um
número relativamente pequeno de elementos em outros, ou produzir novos elementos.

A ciência determinou que todas as substâncias do universo podem ser obtidas a partir
dos 104 elementos conhecidos até agora, por mais diferentes que sejam suas
propriedades.

Todos os átomos de um determinado elemento ou substância simples são iguais


entre si e apresentam a mesma estrutura, assim como o próprio elemento. Entretanto, as
suas massas e as suas propriedades são diferentes daquelas apresentadas pelos outros
elementos. Portanto, exis- tem muitos tipos de átomos, tantos quantos são os elementos
existentes. Logo, a substância simples cobre é constituída apenas de átomos iguais
de cobre.

MOLÉCULAS E LIGAÇÕES QUÍMICAS


Os átomos de muitos elementos combinam-se entre si. Quando se combinam átomos do
mesmo tipo ou átomos de tipos diferentes, à combinação de átomos damos o nome de molécula.
Moléculas são combinações de átomos. As moléculas de substâncias simples são formadas por
átomos do mesmo tipo.

Quando se combinam átomos de tipos diferentes, resultam moléculas de substâncias


simples a partir das quais elas foram obtidas.
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ESTRUTURA DOS ÁTOMOS
Até o início do século XX admitia-se que os átomos eram as menores partículas do
universo e que não mais poderiam se subdividir. Hoje, sabe-se que o próprio átomo é
constituído por um núcleo e pelos elétrons. Segundo o modelo, muito evidente, do átomo
proposto pelo físico dinamar- quês Niels Bohr (1885-1962), os elétrons circundam o núcleo com
grandes velocidades e a distân- cias variáveis do mesmo. Entretanto, as órbitas não pertencem
a um só plano, mas formam super- fícies esféricas concêntricas que envolvem o núcleo.

Os elétrons que circundam o núcleo formam a eletrosfera, em forma de invólucro. O


átomo de hidrogênio é aquele de estrutura mais simples. O seu núcleo é envolvido por
apenas um elétron.

fig. 1

ELÉTRONS, PRÓTONS, NÊUTRONS, CARGAS ELÉTRICAS

Nem o núcleo do átomo é ainda a menor partícula constituinte da matéria. Ele é


constituído de prótons, de carga elétrica positiva, e de nêutrons, eletricamente neutros (sem
carga elétrica). As duas partículas constituintes do núcleo são chamadas, pelos físicos,
de núcleos.

Os prótons são portadores da menor carga elétrica positiva, chamada carga


elementar, e portadores de carga elementar negativa são os elétrons que envolvem o
núcleo. Normalmente o átomo é neutro, se visto como um todo. Portanto, o número de
seus elétrons negativos deve ser igual ao número de prótons positivos. Logo, as suas
cargas elétricas se anulam. Portanto, aos 29 elétrons de um átomo neutro de cobre, além
dos neutros, contrapõem-se 29 prótons do núcleo.

Um corpo eletricamente neutro (condutor ou isolante) possui um mesmo número de


cargas negativas e positivas. A carga positiva do núcleo está relacionada com a massa. Os
elétrons negativos não têm massa. Uma partícula nuclear pesa, aproximadamente, duas mil vezes
mais do que um elétron.
Friccionando um bastão de resina com um pano de lã, ou um bastão de vidro com
um pano de seda (seda pura), os bastões passarão a atrair papel picado, pequenos flocos de
algodão, etc. As cargas elétricas são a causa da ação de forças. Durante a fricção do
bastão de resina, os portadores de carga negativa (elétrons) passam do pano de lã para
o bastão, isso é, a carga negativa do bastão passa a ter predominância e passar a atuar
externamente. Pelo contrário, no pano de lã passa a predominar a carga positiva.
Durante a fricção do bastão de vidro com o pano de seda, a seda retira elétrons do
vidro; no bastão, a carga positiva ganha predominância e passa a agir externamente.
Conseqüentemente o pano de seda carregou-se negativamente. Existem cargas elétricas
positivas e negativas.

Um corpo com excesso de elétrons é carregado negativamente, e um com falta de


elétrons é carregado positivamente. Para determinar as cargas livres é necessário separar as
cargas elétri- cas positivas das negativas. Nessa separação é necessário consumir
trabalho (nesse caso, por exemplo: através de fricção dos isolantes).

ESTABILIDADE DOS ÁTOMOS


Os cientistas determinaram que as cargas positivas e negativas exercem forças umas
sobre as outras. Eles enunciaram a seguinte lei:

“CARGAS ELÉTRICAS DE MESMO SINAL REPELEM-SE. CARGAS ELÉTRICAS DE SINAIS


CON- TRÁRIOS ATRAEM-SE.”

De acordo com essa lei, entre o núcleo carregado positivamente e os elétrons de


carga negativa deve haver ação de forças. Uma força eletrostática procura atrair os
elétrons para o núcleo. Entretanto, os elétrons não podem se aproximar do núcleo, pois
a força centrífuga, que aparece por causa do movimento de translação dos elétrons, procura
afastar os elétrons do núcleo. A força centrífuga, ou força de escape, é uma força dirigida do
centro para fora; ela equilibra a força de atração do núcleo. Os prótons, carregados
positivamente e comprimidos num espaço reduzido, repelem-se mutuamente. As partículas
neutras, os nêutrons, incumbem-se de anular essas forças de repulsão. Elas aumentam a
massa do núcleo, mas não a sua carga. Os nêutrons impedem a dilatação do núcleo
atômico.

ELÉTRONS DE VALÊNCIA, ÍONS

Por meio do fornecimento de energia (por exemplo: calor) os átomos podem


carregar os seus elétrons de valência da camada externa, ou receber para sua camada
externa os elétrons de valência estranhos. Nesse caso, o número de elétrons não coincide
mais com o número de prótons, isso é, obtêm-se átomos com cargas elétricas positivas ou
negativas, cujas ações se manifestam externamente.

Os átomos com cargas elétricas positivas ou negativas denominam-se íons. Os átomos


que apresentam falta de elétrons chamam-se íons positivos ou cátions. Em tubos
preenchidos com
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gases condutores de eletricidade e nos líquidos condutores (eletrólitos), os íons assumem a
respon- sabilidade do transporte das cargas elétricas.

LIGAÇÃO IÔNICA
Como já é conhecido, os átomos de gases nobres não reagem quimicamente. Eles
são está- veis, isso é, apresentam 8 elétrons de valência nas suas camadas externas. O hélio
constitui uma exceção. Ele possui apenas a camada K completa, com 2 elétrons de
valência. Os átomos de outros elementos possuem a tendência de formar, a partir de
suas camadas externas, camadas iguais àquelas dos gases nobres, onde recebem ou
perdem elétrons.

Os dois átomos podem atingir o assim chamado caráter de gás nobre, onde a camada
M do átomo de sódio entrega o seu elétron para a camada M do átomo de cloro. Agora,
a camada L de sódio e a camada M de cloro possuem 8 elétrons. Nisso, obtém-se dois
átomos carregados eletri- camente, ou seja, um átomo com carga positiva de sódio (Na+)
e um átomo com carga negativa de cloro (Cl -). Os íons positivos e negativos atraem-se e
formam um composto químico. No exemplo: Na+ e Cl - = NaCl (sal de cozinha). A molécula é
eletricamente neutra, apesar dos átomos não o serem.

A ligação iônica, também chamada ligação polar, acontece por causa da ação de
atração entre dois íons de cargas opostas. Esse tipo de ligação é comum entre metais e
não metais.

LIGAÇÃO ATÔMICA (LIGAÇÃO COVALENTE)


A ligação iônica torna-se impossível quando, por exemplo, dois átomos de hidrogênio ou
dois átomos de cloro formam uma molécula. A ligação é conseguida à custa do fato de que
os elétrons de valência, aos pares, envolvem os átomos vizinhos. Nisso, eles pertencem aos
dois átomos. Cada átomo permanece neutro. A ligação atômica (formação de pares de
elétrons) é comum entre áto- mos de não metais. O mesmo tipo de ligação ocorre também
nos cristais semicondutores de silício e germânio.

LIGAÇÃO METÁLICA
Sobre a superfície de, por exemplo, um pedaço de cobre, e sobre superfícies metálicas
lisas atacadas, pode-se reconhecer que os metais apresentam uma estrutura cristalina.
Portanto, os átomos devem estar ordenados numa grade cristalina. Sendo que os átomos
dos metais apresen- tam poucos elétrons de valência, torna-se impossível numa estrutura
estável por meio de ligações iônicas e atômicas. Um estado estável somente é possível quando
cada átomo perder seus elétrons de valência.

Essa separação é possível através do movimento browniano. Tão logo a temperatura


suba acima do zero absoluto (OK, em escala Kelvin), a grade cristalina passa a mover-se. Os
diversos núcleos atômicos oscilam tanto mais longe do seu lugar, quanto mais a
temperatura subir. Nas temperaturas muito elevadas, os núcleos dos átomos oscilam tão
fortemente que o material passa
a emitir ondas de luz, isso é, torna-se incandescente. No caso de bons condutores elétricos,
já na temperatura ambiente todos os elétrons de valência estão livres. Nos semicondutores, é
necessá- ria uma temperatura mais elevada.

Os íons positivos remanescentes constituem a grade cristalina. Na grade eles estão


fixos aos seus respectivos lugares. Por exemplo: um cristal de cobre é um cubo de cobre
em cujos vértices e centro das faces encontram-se ainda os elétrons de valência, muito
móveis e não mais pertencen- tes a nenhum íon determinado. Eles se movem irregularmente
como uma nuvem de elétrons, ou gás eletrônico, entre os íons. Os elétrons livres são
empurrados para lá e para cá pela grade cristalina oscilante. Eles percorrem trajetórias
irregulares, em ziguezague, com grande velocidade (aproximadamente 100Km/s) e grandes
distâncias. O mesmo pode ser dito para todos os metais.

PADRÕES ELÉTRICOS E CONVENÇÕES


Em eletricidade usa-se o sistema métrico internacional de unidades conhecido
comumente por SI. A abreviação SI, assim usada também em inglês, decorre das palavras
systeme internationale. As sete unidades básicas do SI são: comprimento, massa, tempo,
corrente elétrica, temperatura termodinâmica, intensidade luminosa e quantidade de
matéria (Tabela 1).

Antigamente usava-se o sistema métrico MKS, onde M representava o metro


(comprimen- to), K representava o quilograma (massa) e S representava o segundo
(tempo). As duas unidades suplementares do SI são o ângulo plano e o ângulo sólido
(Tabela 2).

TABELA 1
GRANDEZA UNIDADE SÍMBOLO
FUNDAMENTAL
Comprimento metro m
Massa quilograma Kg
Tempo segundo s
Corrente elétrica ampère A
Temperatura kelvin K
termodinâmica
Intensidade luminosa candela cd
Quantidade de matéria mole mol

TABELA 2
GRANDEZA UNIDADE FUNDAMENTAL SÍMBOLO
ângulo plano radiano rad
ângulo sólido estereorradiano sr
Outras unidades usuais podem ser deduzidas a partir das unidades fundamentais e das
uni- dades suplementares. Por exemplo, a unidade de carga é o Coulomb, símbolo C,
homenagem a Coulomb, físico francês (1736-1806), que é deduzida a partir das unidades
fundamentais segundo e Ampere.

Ampere é a unidade fundamental da corrente elétrica, símbolo A, de Ampêre, físico


francês (1755-1836).

A maioria das unidades utilizadas em eletricidade é do tipo unidade derivada.

TABELA 3
GRANDEZA UNIDADE SÍMBOLO

Energia joule J
Força newton N
Potência watt W
Carga elétrica coulomb C
Potencial elétrico volt V
Resistência elétrica ohm Ω
Condutância elétrica siemens S
Capacitância elétrica farad F
Indutância elétrica henry H
Freqüencia elétrica hertz Hz
Fluxo magnético weber Wb
Densidade de Fluxo tesla T
magnético

PREFIXOS MÉTRICOS
No estudo da eletricidade básica, algumas unidades elétricas são pequenas
de- mais ou grandes demais para serem expressas convenientemente. Por exemplo,
no caso da resistência, freqüentemente utilizamos valores em milhões ou milhares
de ohms (Ω). O prefixo kilo (designado pela letra K) mostrou-se uma forma
conveniente de se repre- sentar mil. Assim, em vez de se dizer que um resistor
tem um valor de 10.000 Ω, nor- malmente nos referimos a ele como um
resistor de 10 Kilohms (10 KΩ ). No caso da corrente, freqüentemente utilizamos
valores de milésimos ou milionésimos de Ampere. Utilizamos então expressões
como miliamperes e microamperes. O prefixo mili é uma forma abreviada de se
escrever milésimos e miero é uma abreviação para milionésimos. Assim, 0,012 A
toma-se 12 miliamperes (mA) e 0,000005 A toma-se 5 microamperes (A). A
tabela 4 relaciona os prefixos métricos usados mais freqüentemente em eletrici-
dade com a sua equivalência numérica.
TABELA 4
PREFIXO SÍMBOLO VALOR

mega M 1.000.000
kilo k 1.000
mili m 0,001
micro  0,0000
01
nano n 0,000000001
pico p 0,000000000001

Exemplo: um resistor tem um valor de 10 M estampado no seu invólucro. Quantos


ohms de resistência têm esse resistor?

A letra M representa mega ou milhões. Logo, o resistor tem um valor de 10


megohms (Mil) ou de 10 milhões de ohms.

C ARGAS ELÉTRICAS

Para obtermos um movimento resultante de sentido definido, embora com o


movimento individual dos elétrons desordenados, é necessária a aplicação de uma tensão
elétrica, grandeza que definiremos adiante.

Coulomb, em seus estudos de física, verificou que entre duas cargas elétricas existia uma
força de atração ou repulsão devido à existência de um Campo Elétrico. Ao colocarmos uma
carga elétrica imersa em um Campo Elétrico, nessa carga aparecerá uma força eletrostática;
demanda-se certo trabalho. O quociente entre o trabalho realizado e o valor da carga
elétrica define a tensão elétrica.

TENSÃO ELÉTRICA - LEI DE COULOMB


Sabendo-se que cargas elétricas exercem forças entre si, Coulomb determinou,
atra- vés de experiências, a intensidade e o alcance dessas forças elétricas. Com
ajuda de uma balança de torção por ele construída, determinou o seguinte: “A
força de atração ou repulsão entre duas cargas elétricas é diretamente
proporcional ao produto das cargas e inversamente proporcional ao
quadrado da distância entre elas”.

Temos a
fórmula:
Q1 x
F= Q2

r2
Para poder calcular a força através dessa lei, foram definidas, posteriormente, as
unidades de medida. Como unidade de carga elétrica Q, foi definido 1 Coulomb (C).

1 C = 1 As;
1 C = carga elétrica de 6,25 x 1018 elétrons.

Obs.: 1 Coulomb é igual à carga elétrica Q que atravessa a seção de um


condutor durante um segundo, em condições de corrente constante de 1
Ampere.

De acordo com o sistema internacional de unidades, a lei de Coulomb diz:

Q1 x Q 2
F = 4 x  x r2
0

A força é obtida em Newton (N), quando as cargas Q forem dadas em Coulomb e a


distância r em metros, e a constante dielétrica

100e 0= 8,854 x 10 -12 As


Vm

LINHAS DE FORÇA DO CAMPO ELÉTRICO E FORMAS DO CAMPO


Com ajuda das linhas de forças imaginárias, é possível visualizar a causa da
atração ou repulsão dos corpos eletricamente carregados, mesmo sem se tocarem. O
fenômeno também é observado no vácuo.

Obs.: O espaço onde atuam as forças elétricas de uma carga denomina-se Campo
Elétrico. Esse campo é preenchido por linhas de força elétrica e nele manifestam-
se forças sobre outras cargas elétricas.

Determinou-se que de uma carga elétrica positiva saem, radialmente e em todas


as dire- ções, as linhas de força. Elas terminam em uma carga elétrica negativa, situada
a uma distância arbitrária. As linhas de força de um Campo Elétrico nunca terminam no
espaço livre. Os campos elétricos são produzidos por duas cargas de um mesmo sinal
(ação de repulsão) e por duas cargas de sinais contrários (ação de atração).

SEPARAÇÃO DAS CARGAS E TENSÃO ELÉTRICA


Introduzindo em um campo homogêneo (constante em todos os pontos) reinante entre
duas placas metálicas carregadas de eletricidade de sinais opostos, um corpo com carga
elétrica negati- va, que apresenta uma quantidade de carga constante Q, percorrerá uma
distância S de um ponto inicial P1 até um ponto final P2 .

Nesse movimento, as forças do campo realizarão um trabalho W = F x S, que é


proporcional à quantidade de carga Q, Portanto, a relação W/Q é uma grandeza independente
de Q e relacionada
com as distâncias entre P1 e P2. Portanto, a tensão elétrica é determinada pelo trabalho W,
liberado no transporte de uma unidade de carga.

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Obs.: A Tensão Elétrica E entre dois pontos é calculada pela razão entre o trabalho
de trans- porte W e a carga transportada Q:

W
E=
Q

Diferença de potencial - tensão elétrica

Se uma carga negativa Q1 for transportada da placa metálica à esquerda até o


ponto P1, o trabalho gasto é armazenado na forma de energia potencial. Dizemos que
entre as duas cargas
separadas existe um potencial elétrico.
Energia potencial W
p1
Potencial Elétrico =
Quantidade CargaQ1

Se uma outra carga negativa Q2 for transportada até o ponto P2 , então o trabalho
armaze- nado com energia potencial é sensivelmente maior do que no caso da carga Q1.
Freqüentemente costuma-se admitir, com a finalidade de comparação, que o potencial da
Terra ou de um ponto
qualquer de referência é zero.

Por exemplo, se um circuito elétrico está em contato com o chassi, então cada um
dos pontos do circuito tem seu próprio potencial em relação ao chassi. Dois pontos que
possuem poten- ciais diferentes apresentam uma diferença de potencial. A diferença de
potencial é denominada tensão elétrica.

Logo, tensão = gasto de energia por unidade de carga.

PRODUÇÃO DE TENSÃO ELÉTRICA


A tensão elétrica se obtém por separação de cargas, isto é, os portadores de cargas
elétricas positivas e negativas dos átomos eletricamente neutros devem ser separados
entre si. Para a separação deve-se consumir trabalho. As tensões podem ser produzidas
de diversas maneiras:

• Por ação química (elemento, acumulador)

• Por ação magnética (gerador)

• Por ação térmica (par termo-elétrico)

• Por ação luminosa (fotoelemento)

• Por ação de pressão sobre cristais (efeito piezo-elétrico)


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TENSÃO NORMALIZADA
Os aparelhos elétricos são constituídos unicamente para tensões normalizadas. De acordo
com a norma DIN 40001, devem ser utilizadas tensões contínuas e alternadas entre 1 e
100 Volts, cujos valores são iguais aos da série principal: 2, 4, 6, 12, 24, 40, 42, 60 e 80
Volts. Campos de aplicação: comunicações, instalações de baixa tensão, aparelhos
eletromedicinais, carrinhos elétricos, etc. De preferência devem ser aplicadas como tensões
industriais para instalações elétricas de alta tensão, tensões contínuas de 110, 220 e 440
Volts. Para estradas de ferro: 600, 750 1200, 1500 e 3000 Volts. Para instalações
monofásicas com 16.1/2 Hz e trifásicas com 60 Hz, devem ser usadas princi- palmente:
127, 220, 380, 440, 6000, 15000, 30000, 60000, 100000 e 200000 Volts.

UNIDADE E SÍMBOLO DA TENSÃO ELÉTRICA


A maioria das unidades usadas na eletrotécnica é denominada pelo nome dos cientistas
que se destacaram nos trabalhos em eletrotécnica. A unidade de tensão no sistema
internacional de unidades é o Volt (símbolo: V).

Veja na tabela abaixo os prefixos para designar múltiplos e submúltiplos das unidades
(válido para todas as unidades):

TABELA 5
T .............................. Tera............................1 0 12

G.............................. Giga.......................10 9
M ............................. Mega......................10 6
K.............................. Quilo.....................10 3
h .............................. hecto....................10 2
d .............................. deci.......................10 - 1
c .............................. centi.....................10 - 2
m ............................. mili.......................10 - 3
 .............................. micro.....................10 - 6
n .............................. nano.....................10 - 9
p .............................. pico............................1 0 -12

f............................... femto..........................1 0 -15

a .............................. atto............................1 0 -18

TIPOS DE TENSÕES ELÉTRICAS


De acordo com a forma de obtenção da tensão elétrica podemos ter tensões invariáveis no
decor- rer do tempo ou tensões que oscilam invertendo seu sinal ou oscilam variando somente sua
amplitude. A tensão contínua normalmente é obtida em baterias, pilhas, estendendo-se também a
denominação de tensão contínua para todo sinal em que não ocorra polaridade, embora
seja um sinal pulsante.
Na tensão alternada existe a inversão da polaridade certo número de vezes em um
determi- nado espaço de tempo, para essa característica define-se a freqüência do
sinal.

1 1 1 1
f= __
= = 60Hz
__________
f = ___
=_____= 1000Hz ou 1khz
T 0,0166 T 0,001

Vmáx = 311 volts Vmáx = 24v


onde: T = período em segundo
f = freqüencia em seg1 ou hertz
V máx = tensão máxima em volts

MEDIDA DE TENSÃO ELÉTRICA


Para a medida de tensões elétricas é utilizado um instrumento chamado “voltímetro”. Ao
ser medida uma tensão, o voltímetro deve ser conectado sempre em paralelo com a fonte
geradora ou então com o consumidor. Ao ser medida uma tensão contínua, é necessário
observar a correta polaridade das ligações do voltímetro.

A CORRENTE ELÉTRICA

O movimento orientado das cargas elétricas denomina-se corrente elétrica. Os


portadores de carga são: elétrons nos condutores elétricos, íons nos líquidos condutores e
gases; elétrons e lacunas nos semicondutores.

Ligando por um fio metálico os fios A e B, nos quais existe uma diferença de
número de elétrons, isto é, entre os quais existe uma tensão, os elétrons passam a fluir,
ao longo do eixo do fio, da região com excesso de elétrons (-) para a região com falta de
elétrons (+), até que se estabe- leça o equilíbrio. Nesse instante a diferença de
potencial é zero. Se os elétrons devem fluir ininterruptamente através do fio, então, a
diferença de potencial entre A e B deve ser produzida continuamente por um gerador
de tensão.

Sob ação de uma tensão, os elétrons são animados, além dos movimentos irregulares
em ziguezague provocados pelo calor, por um movimento orientado num determinado sentido,
na dire- ção do eixo longitudinal do fio.

Enquanto os elétrons percorrem aproximadamente 100 km/s no seu movimento de


zigueza- gue, no sentido longitudinal do fio eles percorrem apenas frações de
milímetro.

A velocidade dos elétrons, por exemplo, num condutor de cobre, é igual a 0,3
mm/s. Para percorrer a distância entre São Paulo e Santos, um elétron levaria
aproximadamente 6 anos. Apesar disso, uma lâmpada incandescente, mesmo depois de
apagada por longo tempo, acende imediatamente ao se ligar o interruptor.
Explicação: nos fios, nos componentes condutores do interruptor e no
filamento incandescente da lâmpada, existem inúmeros elétrons. Todos eles se
põem imedi- atamente em movimento quando o interruptor é fechado. Os
elétrons que pene- tram na ligação colidem com os elétrons imediatamente
vizinhos. O choque propa- ga-se com grande velocidade até o último elétron,
apesar dos primeiros elétrons terem se deslocado de uma distância muito
pequena.

LEIS BÁSICAS DA CORRENTE ELÉTRICA CONTÍNUA


Para um circuito elétrico fechado são necessários uma fonte de tensão, um consumidor
que opõe uma resistência à corrente elétrica e condutores elétricos para ligar o consumidor à
fonte de alimentação. O circuito elétrico pode ser fechado, assim como interrompido por
meio de um inter- ruptor (chave). Os pontos de ligação de fonte de tensão denominam-se
pólos. Como no pólo nega- tivo existe excesso de elétrons, e no pólo positivo falta de
elétrons, então os elétrons fluem do pólo negativo, através do condutor, do consumidor e do
interruptor fechado, seguindo pelo condutor de retorno, para o pólo positivo da fonte. Dentro
da fonte de tensão, os elétrons fluem do pólo positivo para o pólo negativo. O valor da
corrente é o mesmo no circuito inteiro. Por isso, um medidor de corrente pode ser
intercalado em qualquer ponto de circuito.

Um caminho da corrente elétrica que se fecha entre si mesmo é definido como


circuito elétrico, pois o círculo é o melhor exemplo para um caminho fechado em si
mesmo. As partes de um circuito elétrico são denominadas ramos de um circuito.

Os portadores de carga negativa (elétrons) movimentam-se quando o interruptor é


fechado, do pólo negativo para o pólo positivo. Esse é o sentido de fluxo dos elétrons. Além
dos portadores de carga negativa, existem também os portadores de carga positiva, cujo
sentido de movimento, por exemplo, num acumulador, é do pólo positivo para o negativo.
Antes que a física descobrisse a existência dos elétrons, a direção da corrente estava
baseada nos portadores de carga positiva.

À corrente elétrica, opõem-se, num circuito, resistências de diversas magnitudes


(resistên- cia do condutor, do consumidor, etc). A grandeza da corrente elétrica é portanto
influenciada pela grandeza da resistência e pela tensão elétrica.

UNIDADE E SÍMBOLO DA CORRENTE ELÉTRICA


A intensidade da corrente elétrica é dada pelo número de elétrons que fluem, por
segundo, através de um condutor. A unidade fundamental da corrente é o Ampere
(símbolo A). Para a corren- te de intensidade de 1A, através da seção transversal de um
condutor, fluem aproximadamente 6,25 trilhões de elétrons por segundo.

Definição oficial: a unidade fundamental de 1A é a intensidade da corrente elétrica


constante com o tempo, que fluindo através de dois condutores retilíneos e paralelos, de
comprimento infinito
e seção circular infinitamente pequena, distanciados de 1 metro, produz entre esses
condutores, em cada metro de comprimento, uma força eletrodinâmica de 2 x 10-7
Newton (N). O símbolo da corrente é a letra latina I. Os valores instantâneos da corrente
são representados pela letra minús- cula (i).

TIPOS DE CORRENTE ELÉTRICA


• Corrente contínua: é uma corrente que, ao longo do tempo, não
sofre variações de intensidade nem inversão de polaridade.

• Corrente alternada: é uma corrente que, ao longo do tempo,


varia de intensidade e sofre constantes inversões de polaridade.

• Corrente pulsante: ao longo do tempo, somente sofre variações de


inten- sidade, porém conserva a mesma polaridade.

PERIGOS DA CORRENTE ELÉTRICA


CORRENTES ACIMA DE 50 mA (0,05 A) SÃO PERIGOSAS PARA O
HOMEM, SE O PERCURSO DA MESMA PASSAR ATRAVÉS DO
CORAÇÃO.

O corpo humano e o corpo dos animais são condutores elétricos. A corrente pode
produzir queimaduras e espasmo musculares. Se a corrente flui através do coração se produz a
denominada “fibrilação dos ventrículos do coração”. As conseqüências disso são a paralisação
do coração e da respiração. Portanto, na prática é necessário observar as medidas de
proteção a fim de evitar acidentes.

AÇÃO DA CORRENTE NO HOMEM:


0,3 mA limite da sensibilidade
1 mA susto
10 mA espasmo muscular
30 mA o homem fica inconsciente
50 mA fibrilação dos ventrículos do coração

Para a medição de correntes elétricas, é utilizado um instrumento chamado

“amperímetro”. Outra característica importantíssima da tensão alternada é a freqüência f.

A freqüência é defi-
nida como o número de ciclos realizados em um segundo. Como a duração de cada ciclo é T, temos:

f.T =1 ou f =1/T

A unidade de freqüência é o Hz (Hertz) e assim, em termos de unidade, temos:

Hz = 1/S

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O valor máximo da tensão (Emx) é também conhecido como valor de pico (Ep). A
amplitude total do valor máximo negativo da tensão ao seu máximo positivo é conhecida
como valor de pico a pico da tensão (Epp) e temos:

Epp = 2. Ep = 2. Emx

Para especificar a magnitude de uma tensão alternada, não se usa o valor de pico Ep, mas
sim um valor que tem o mesmo efeito que uma tensão contínua de mesmo valor nominal.
Esse valor é chamado de valor eficaz ou valor r.m.s. (root medium square) da tensão
alternada. É representa- do por E e f, sendo dado por:

Eef = Emx /2

Por exemplo, uma tensão “e” alternada cujo valor eficaz é 110V causa a mesma
dissipação numa resistência ôhmica que uma tensão contínua de 110V. Inclusive os aparelhos
de medida de tensão (e corrente) alternada fornecem a leitura em valores eficazes. A tensão
alternada “e”, sendo senoidal, pode ser expressa por:

e = Emx.sen

Onde “e” representa o valor instantâneo da tensão alternada e alfa o ângulo de


fase ou simplesmente fase. O ângulo de fase alfa pode ser dado em função da
velocidade angular w (ou pulsação) com que a bobina gira no campo magnético:

 = .t
e = Emx sent

A velocidade angular w é dada em radianos por segundo (rd/s), podendo ser dada
em função da freqüência:

 = 2.f = 2/T
e = Emx sen2.f.t

e = (Emx sen2/T).t

CONDUTORES E ISOLANTES ELÉTRICOS


• Condutores elétricos: são substâncias nas quais os elétrons livres
encon- tram pouca resistência no sentido de seu movimento ordenado.
Essas subs- tâncias “conduzem” a corrente elétrica. A essas pertencem:
prata, cobre, alumínio e aço. Nas ligas metálicas, os elétrons
conseguem mover-se ape- nas com dificuldade, pois os átomos dos
diferentes metais intercalam-se.

147
• Isolantes elétricos: são substâncias que possuem poucos elétrons
livres. Esses elétrons são tão poucos que o seu movimento pode ser
constatado apenas com grande dificuldade. Aos isolantes pertencem:
borracha, PVC, porcelana, etc. Por meio dos isolantes, os condutores
elétricos podem ser separados do meio no qual se encontram, ou
como diz o técnico, podem ser “isolados”. Eles cuidam para que a
corrente elétrica não saia do caminho pré-estabelecido. Nos
condutores nus, essa tarefa é desempenhada pelo ar.

Isolantes ideais não possuem elétrons livres (p.ex: hélio ou hidrogênio em zero
absoluto). Também o espaço vazio (vácuo) é um isolante absoluto, pois ele não contém
elétrons. Entretanto, pode ser percorrido por elétrons que nele são injetados (válvulas
eletrônicas, tubos de televisão, etc.).

Entre os condutores e os isolantes situam-se os semicondutores.

•Semicondutores: são substâncias que no estado puro e em zero


absoluto de temperatura (-273,15ºC) são isolantes ideais; no estado
puro e a 20ºC são maus condutores. Aumentam a sua condutividade ao
serem misturados com outras substâncias, e com aumento de
temperatura. A esse grupo per- tencem: selênio, germânio e silício. Com
eles fabricam-se retificadores, tran- sistores, tirístores, etc.

C ARGA ELÉTRICA

A grandeza elétrica mais elementar é a carga elétrica. Um dos primeiros fatos ao


estudar- mos os efeitos das cargas elétricas é que essas cargas são de dois tipos
diferentes. Esses tipos são arbitrariamente chamados positivos (+) e negativos (-). O
elétron, por exemplo, é uma partícula carregada negativamente. Um corpo descarregado
possui o mesmo número de cargas positivas e negativas. Um corpo está carregado
positivamente quando existe uma deficiência de elétrons e lima carga negativa significa
um excesso de elétrons.

A carga elétrica é representada pela letra Q e medida em Coulombs (abreviado C). A carga
de um elétron é -1,6 x 10-19 C, ou seja, um Coulomb equivale à carga aproximada de 6,25
x 1018 elétrons.

Um dos efeitos mais significativos de uma carga elétrica é que ela pode produzir uma
força. Especificamente, uma carga repelirá outras cargas de mesmo sinal e atrairá cargas
de sinal contrá- rio como apresenta a figura abaixo. Deve-se notar que a força de atração ou
de repulsão é sentida de modo igual pelos dois corpos ou partículas carregados.

fig. 15 - Força entre cargas


148
Existe uma região de influência em tomo de uma carga elétrica tal que uma força
se tornará tanto menor quanto mais afastada estiver a carga. Uma região de influência
como essa é chamada “campo”. O campo estabelecido pela presença de cargas elétricas é
chamado de Campo Elétrico E. Quando as cargas elétricas estão em repouso, esse campo
será chamado de Campo Eletrostático.

O Campo Elétrico pode ser representado por linhas de campo radiais orientadas e
a sua unidade é o Newton/Coulomb (N/C). Se a carga for positiva, o campo é divergente,
isto é, as linhas de campo saem da carga e,) se a carga for negativa, o campo é
convergente, isto é, as linhas de campo chegam à carga conforme mostra a figura
16.

fig. 16 - Linhas de campo.

Quando duas cargas de sinais contrários estão próximas, as linhas de campos convergem
da carga positiva para a carga negativa, conforme a figura 17. Em cargas próximas de
mesmo sinal as linhas de campo se repelem, figuras 18 e 19.

fig. 17 - Linhas de campo entre cargas de sinais contrários.

fig. 18 - Linhas de campo entre cargas positivas.


fig. 19 - Linhas de Campo entre cargas negativas.

Quando duas placas paralelas são eletrizadas com cargas de sinais contrários, surge
entre elas um Campo Elétrico uniforme, caracterizado por linhas de campo paralelas.

Fig, 20 - Linhas de campo entre duas placas paralelas eletrizadas com cargas

contrárias. A expressão matemática do Campo Elétrico é dada por:

E=K.Q / d2

onde:
K = 9x109 N.m2 /C2 (no vácuo e no ar)

Q = módulo da carga elétrica, em Coulomb

[C] d = distância, em metro [m]

Uma carga Q colocada em um Campo Elétrico uniforme ficará sujeita a uma força F, cuja
unidade de medida é Newton (N) e cujo módulo é:

F = Q.E

150
onde: Q = módulo da carga elétrica em Coulomb ( C )

E = módulo do Campo Elétrico em Newton/Coulomb (N/C)

A amplitude da força entre duas partículas carregadas é proporcional ao produto


cargas e inversamente proporcional ao quadrado da distância entre elas. Isto é, a força F
entre duas partí- culas carregadas com cargas Q I e Q2 é dada por:

Q1..Q2
F=K _________

d2
onde: d é a distância entre as cargas e k é uma constante que depende das
unidades usadas e do meio que envolve as cargas. Essa equação é conhecida como Lei
de Coulomb ou Lei do Inverso do Quadrado.

Força entre cargas de sinais contrários:

fig. 22

Força entre cargas de sinais iguais:

fig. 23

POTENCIAL ELÉTRICO
Dizer que uma carga elétrica fica sujeita a uma força quando está numa região
submetida a um Campo Elétrico, significa dizer que, em cada ponto dessa região, existe
um potencial para a realização de trabalho. O Potencial Elétrico (V) é expresso em Volts
e é dado pela expressão:
k .Q
V=
________
d

O potencial elétrico é uma grandeza escalar, podendo ser positivo ou negativo,


dependendo do sinal da carga elétrica. Pela expressão acima, podemos verificar que o
potencial em uma super- fície onde todos os pontos estão a uma mesma distância da
carga geradora, possui sempre o mesmo valor. Essas superfícies são denominadas de
superfícies equipotenciais.

fig. 25 - Superfícies equipotenciais.

CORRENTE ELÉTRICA
Usualmente estamos mais interessados em cargas em movimento do que cargas em
repou- so, devido à transferência de energia que pode estar associada às cargas móveis.
Estamos particu- larmente interessados nos casos em que o movimento de cargas esteja
confinado a um caminho definido formado de materiais como cobre, alumínio, etc.,
devido a serem bons condutores de eletricidade. Em contraste, podemos utilizar materiais
mal condutores de eletricidade chamados de isoladores, para confinar a eletricidade a
caminhos específicos formando barreiras que evitam a fuga das cargas elétrica. Os
caminhos por onde circulam as cargas elétricas são chamados de circuitos.

Aplicando uma diferença de potencial num condutor metálico, os seus elétrons livres
movi- mentam-se de forma ordenada no sentido contrário ao do Campo Elétrico. O
movimento da carga elétrica é chamado de corrente elétrica. A intensidade I da corrente
elétrica é a medida da quanti- dade de carga elétrica Q (em Coulombs) que atravessa a
seção transversal de um condutor por unidade de tempo t (em segundos). A corrente
tem um valor constante dado pela expressão:
152
carga em coulombs
QI
= =
tempo t

A unidade de corrente é o A (Ampere). Existe 1 Ampere de corrente quando as


cargas fluem na razão de 1 Coulomb por segundo. Devemos especificar tanto a
intensidade quanto o sentido da corrente.

Exemplo: Se a carga que passa pela lâmpada do circuito da figura 21 é de 14


Coulombs por segundo, qual será a corrente:

Q 14 coulombs
I= =___________= 14A
____

t 1 segundo

Em uma corrente contínua, o fluxo de cargas é unidirecional para o período de


tempo em consideração. A figura 18, por exemplo, mostra o gráfico de uma corrente
contínua em função do tempo; mais especificamente, mostra uma corrente contínua
constante, pois sua intensidade é constante, de valor I.

Em uma corrente alternada as cargas fluem ora num sentido, ora noutro, repetindo esse
ciclo com uma freqüência definida, como mostra a figura 19.

fig. 18 - Corrente contínua fig. 19 - Corrente alternada

A utilidade prática de uma corrente contínua ou alternada é o resultado dos efeitos


por ela causados. Os principais fenômenos que apresentam uma grande importância prática e
econômica são:

1- Efeito Térmico (Joule): quando flui corrente através de um condutor, há produção de


calor. Esse fenômeno será estudado na Lei de Ohm. - Aplicações: chuveiro elétrico,
ferro elétrico.

2- Efeito Magnético (Oersted): nas vizinhanças de um condutor que carrega uma


corrente elétrica, forma-se um segundo tipo de campo de força, que fará as forças
serem exercidas sobre outros elementos condutores de corrente ou sobre peças de ferro.
Esse campo chama-
do de Campo Magnético coexiste com o Campo Elétrico causado pelas cargas. Esse
fenôme- no é o mesmo que ocorre na vizinhança de um imã permanente. - Aplicações:
telégrafo, relé, disjuntor.

3 - Efeito Químico: quando a corrente elétrica passa por soluções


eletrolíticas, ela pode separar os íons. - Aplicações: Galvanoplastia
(banhos metálicos).

4- Efeito Fisiológico: efeito produzido pela corrente elétrica ao passar por


organismos vivos.

Corrente Elétrica Convencional: nos condutores metálicos, a corrente elétrica é


formada apenas por cargas negativas (elétrons) que se deslocam do potencial menor para o
maior. Assim, para evitar o uso freqüente de valor negativo para corrente, utiliza-se um
sentido convencional para ela, isto é, considera-se que a corrente elétrica num condutor
metálico seja formada por cargas positivas, indo porém do potencial maior para o
menor.

Em um circuito, indica-se a corrente convencional por uma seta, no sentido do


potencial maior para o menor como mostra a figura, em que a corrente sai do pólo
positivo da fonte (maior potencial) e retoma ao seu pólo negativo (menor potencial).

fig. 20 - Sentido da corrente convencional.

Exemplos:

1 - Qual a intensidade da corrente elétrica que passa pela seção transversal


de um fio condutor, sabendo-se que uma carga de 3600mC leva 12 segundos
para atravessá- la?

Q
3600 . 10 -6C
I= =___________= 300A
__

t 12s

2 - Pela seção transversal de um fio condutor passou uma corrente de 2mA


durante 4,5 segundos. Quantos elétrons atravessaram essa seção nesse
intervalo de tempo?
POTÊNCIA E ENERGIA ELÉTRICA
A expressão W = E.Q exprime o trabalho realizado ou a energia transferida num
circuito ou numa parte de um circuito elétrico, pelo produto da tensão pela carga.

Se o trabalho é realizado a uma velocidade constante e a carga total Q sofre uma


variação de potencial de E Volts, em t segundos, então a potência ou o trabalho por
unidade de tempo é:

w E.Q
P= ___
=____watts ou joule/segundo
t t
Do ponto de vista prático, interessa-nos mais a corrente do que a carga.

Utilizando a equação I= Q/T, obtém-se uma forma mais útil para a equação P = (E.Q)/T, que é:

Q
Como I = ___
,  P= E.I watts
T

Se E e I são constantes num intervalo de tempo de t segundos, a energia total


eliminada ou absorvida é:

W= E.I.t watt-segundo ou Joules

Até agora já foram introduzidas as grandezas elétricas principais com as quais estaremos
tratan- do. Um resumo delas está apresentado na tabela 6, juntamente com suas unidades
de medida e abreviaturas mais usadas. Para alguns propósitos, essas unidades são
inconvenientemente pequenas ou grandes. Para expressar unidades maiores ou menores, usa-se
uma série de prefixos juntamente com o nome da unidade básica, evitando-se assim uma
aglomeração de zeros antes ou depois da vírgula decimal. Esses prefixos, com suas
abreviaturas, foram apresentados anteriormente na tabela 4.

TABELA 6 - RESUMO DAS PRINCIPAIS GRANDEZAS ELÉTRICAS


GRAN SIMBO UNIDADES EQUAÇÃO ANÁL ANÁLO
DEZA LO (SISTEMA DE OGO GO
ELÉTR MKS) DEFINIÇÃO MECÂ HIDRÁU
ICA NICO LICO
Carga Q Coulomb (C) .... Posição Volume
Corrente I Ampère (A) I=Q/T Velocidade Fluxo
Tensão E ou V Volt (V) E=W/Q Força Altura ou Pressão
Potência P Watt (W) P=E.I Potência Potência
Energia W Joule(J) ou W=P.t Energia ou Energia ou
ou Watt-segundo trabalho trabalho
Trabalho (W.s)

RESISTORES E CÓDIGOS DE CORES


Os resistores são componentes que têm por finalidade oferecer uma oposição
(resistência) à passagem de corrente elétrica, através de seu material. A essa oposição
damos o nome de resis- tência elétrica, que possui como unidade o ohm (Ω).

A resistência de um condutor qualquer depende da resistividade do material, do seu


compri- mento e da sua área da seção transversal, de acordo com a fórmula:
R = p. (I/A)

onde: R = resistência do condutor, ohm [Ω]

I = comprimento do condutor, metro [m]

A = área da seção transversal,

CM p = resistividade, CM.Ω/m

Outro fator que influencia na resistência de um material é a temperatura. Quanto


maior a temperatura do material, maior é a sua agitação molecular. Devido a essa maior
agitação molecular os elétrons terão mais dificuldade para passar pelo condutor.

Os resistores são classificamos em dois tipos: fixos e variáreis. Os resistores fixos


são aque- les cujo valor da resistência não pode ser alterada, enquanto que os variáveis
podem ter sua resistência modificada dentro de uma faixa de valores, através de um
curso r móvel.

Os resistores fixos são especificados por três

parâmetros: 1 - O valor nominal da

resistência elétrica.

2 - A tolerância, ou seja, a máxima variação em porcentagem do valor

nominal. 3 - A sua máxima potência elétrica dissipada.

A sua tensão nominal é de 100 Ω

A sua tolerância é de 5%, isso é, o seu valor nominal pode ter uma diferença de
até 5% para mais ou para menos do seu valor nominal. Como 5% de 100Ω é igual a 5Ω,
o menor valor que esse resistor pode ter é 95Ω, e o maior valor é 105Ω.

Esse componente pode dissipar uma potência de até 0,33 watts.

Dentre os tipos de resistores fixos, destacamos os de fio, de filme de carbono e o de filme metálico.

• Resistor de fio: consiste basicamente em um tubo cerâmico, que servirá de suporte


para enrolarmos um determinado comprimento de fio, de liga especial, para obter-se o
valor de resistência desejado. Os terminais desse fio são conectados às braçadeiras
presas ao tubo. Além desse, existem outros tipos construtivos, conforme
mostra a figura 26.
fig. 26 - Resistores de fio.

Os resistores de fio são encontrados com valores de resistência de alguns ohms até
alguns kilo-ohms, e são aplicados onde se exige altos valores de potência, acima de
5 W, sendo suas especificações impressas no próprio corpo.

• Resistor de filme de carbono (de carvão): consiste de um cilindro de porcelana


recoberto por um filme (película) de carbono. O valor da resistência é obtido mediante
a formação de um sulco, transformando a película em uma fita helicoidal, sobre a
qual é depositada uma resina protetora que funciona como revestimento externo.
Geralmente esses resistores são pequenos, não havendo espaço para impressão das suas
especificações, por isso são impres- sas faixas coloridas sobre o revestimento para a
identificação do seu valor nominal e da sua tolerância. A sua dimensão física
identifica a máxima potência dissipada.

fig. 27 - Resistor de filme de carbono.

•Resistor de filme metálico: sua estrutura é idêntica ao de filme de carbono. A


diferença é que esse utiliza liga metálica (níquel-cromo) para formar a película,
obtendo valores mais precisos de resistência, com tolerâncias de 1 % a 2%.
O custo dos resistores está associado a sua tolerância, sendo que resistores com
menores tolerâncias têm custo mais elevado. Um bom projeto eletrônico deve considerar
a tolerância dos resistores a fim de diminuir o seu custo final.

O código de cores utilizado nos resistores de película é visto na tabela 7.

cor 1ª faixa 2ª faixa 3ª faixa 4ª faixa


1º 2º fator Tolerância
Algarismo Algarismo Multiplicador
preto 0 0 x100 ---
marron 1 1 x101 ±1
%
vermelh 2 2 x102 ±2
o %
laranja 3 3 x103 ---
amarelo 4 4 x104 ---
verde 5 5 x105 5
azul 6 6 x106 ---
violeta 7 7 --- ---
cinza 8 8 --- ---
branco 9 9 --- ---
ouro --- --- x10-1 ±5
%
prata --- --- x10-2 ±10
%
Tabela 7 - Código de cores

Sendo:

fig. 28

Observações:

1 - A ausência da faixa de tolerância indica que essa é de ± 20%

2 - Para os resistores de precisão, encontramos cinco faixas, onde as


repre- sentam o primeiro, segundo e terceiro algarismo significativos
respectiva- mente, e as demais fator multiplicativo e tolerância.

158
1- SÉRIE: 5%, 10% E 20% DE TOLERÂNCIA
1 1 1 1 2 2 3 3 4 5 5 82
0 2 5 8 2 7 3 9 7 6 8

2- SÉRIE: 2% E 5% DE TOLERÂNCIA
10 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 30
1 2 3 5 6 8 0 2 4 7
33 3 3 4 4 5 5 6 6 7 8 91
6 9 3 7 1 6 2 8 5 2

3- SÉRIE: 1% DE TOLERÂNCIA
100 1 1 1 1 1 1 1 12 12 1 130
0 0 0 1 1 1 1 1 4 2
2 5 7 0 3 5 8 7
133 1 1 1 1 1 1 1 16 16 1 174
3 4 4 4 5 5 5 2 5 6
7 0 3 7 0 4 8 9
178 1 1 1 1 2 2 2 21 22 2 232
8 8 9 9 0 0 1 5 1 2
2 7 1 6 0 5 0 6
237 2 2 2 2 2 2 2 28 29 3 309
4 4 5 6 6 7 8 7 4 0
3 9 5 1 7 4 0 1
316 3 3 3 3 3 3 3 38 39 4 412
2 3 4 4 5 6 7 3 2 0
4 2 0 8 7 5 4 2
422 4 4 4 4 4 4 4 51 52 5 549
3 4 5 6 7 8 9 1 3 3
2 2 3 4 5 7 9 6
562 5 5 6 6 6 6 6 68 69 7 732
7 9 0 1 3 4 6 1 8 1
6 0 4 9 4 9 5 5
750 7 7 8 8 8 8 8 90 93 9 976
6 8 0 2 4 5 8 9 1 5
6 7 6 5 5 6 7 3
Tabela 8 - Valores padronizados para resistores de película.

Simbologia:

Os símbolos de resistência elétrica utilizados em circuitos são mostrados na figura 29.

fig. 29 - Simbologia para resistores fixos.

Resistências Variáveis: a resistência variável é aquela que possui uma haste variável
para o ajuste manual da resistência. Comercialmente, podem ser encontrados diversos tipos de
resistên- cias variáveis, tais como os potenciômetros de fio e de carbono (com controle rotativo
e deslizante), trimpot, potenciômetro multivoltas (de precisão), reostato (para altas correntes) e
a década resistiva (instrumento de laboratório).

Os símbolos usuais para essas resistências variáveis estão mostrados na figura 30:
fig. 30 - Simbologia para resistores variáveis.

As resistências variáveis possuem três terminais. A resistência entre as duas


extremidades é o seu valor nominal (RN) ou resistência máxima, sendo que a resistência
ajustada é obtida entre uma das extremidades e o terminal central, que é acoplado
mecanicamente à haste de ajuste, conforme mostra a figura 31.
fig. 31

A resistência variável, embora possua três terminais, é também um bipolo, pois, após o
ajuste, ele se comporta com um resistor de dois terminais como o valor desejado.

Uma resistência variável pode ser linear, logarítmica, exponencial ou outra, conforme a
variação de seu valor em função da haste de ajuste.

Os gráficos da figura 32 mostram a diferença de comportamento da resistência entre um


potenciômetro rotativo linear e um potenciômetro rotativo logarítmico.

fig. 32 - Curvas de um potenciômetro linear e um logaritmo.

LEIS DE OHM
A primeira Lei de Ohm diz: “A tensão aplicada através de um bipolo ôhmico é igual
ao produto da corrente pela resistência”.

Essa afirmação resulta em três importantes equações que podem ser utilizadas para
calcular qualquer um dos três parâmetros – voltagem, corrente e resistência - a partir de
dois parâmetros. Essa lei é representada pela expressão: V = R.I

ond V = tensão aplicada, Volts (V)


e:

R = resistência elétrica, ohm (Ω)

I = intensidade de corrente, Ampere


(A)

160
Levantando-se experimentalmente a curva da tensão em função da corrente para um
bipolo ôhmico, teremos uma característica linear, conforme a figura 33:

fig. 33 - Curva característica de um bipolo ôhmico.

Dessa curva, temos tg  = ”V / ”I, onde concluímos que a tangente do ângulo


representa a resistência elétrica do bipolo, portanto podemos escrever que: tg  =
R.

Note-se que o bipolo ôhmico é aquele que segue essa característica linear, sendo que
qual- quer outra não linear corresponde a um bipolo não ôhmico.

Para levantar a curva característica de um bipolo,


precisamos medir a intensidade de corrente que o percorre e
a tensão aplicada aos seus terminais, para isso montamos o
circuito da figura 34, onde utilizamos como bipolo um
resistor R.
fig. 34 - Circuito para levantar a
ca- racterística de um bipolo
ôhmico.
O circuito consiste de uma fonte variável, alimentando o resistor R. Para cada
valor de tensão ajustado, teremos um respectivo valor de corrente, que colocamos numa
tabela possibili- tando o levantamento da curva, conforme mostra a figura 35.

fig. 35 - Tabela e curva


carac- terística do bipolo
ôhmico
Da curva temos:

ΔV 10-6
tg = R = =_____________=100Ω
_____

ΔI (100 - 60). 10 -3

POTÊNCIA ELÉTRICA
Aplicando-se uma tensão aos terminais de um resistor, estabelecer-se-á uma corrente,
que é o movimento de cargas elétricas através deste. O trabalho realizado pelas cargas
elétricas em um determinado intervalo de tempo gera uma energia que é transformada em
calor por Efeito Joule e é definida como Potência Elétrica. Numericamente, a potência é
igual ao produto da tensão e da corrente, resultando em uma grandeza cuja unidade é o
Watt (W). Assim sendo, podemos escre- ver: /Δ  P = V.I

ond  = trabalho
e:
Δ = intervalo de tempo
(s)
P = potência elétrica
(W)

Utilizando a definição da potência elétrica juntamente com a Lei de Ohm obtemos


outras relações usuais:

P=V.I V=R.I

Substituindo, temos:

P=R.I.I  P = R.I 2

Analogamente
:
I = V/P  P = V . V/R  P = V 2 /R

O efeito térmico, produzido pela geração de potência, é aproveitado por inúmeros


dispositi- vos, tais como: chuveiro, secador, ferro elétrico, soldador, etc. Esses dispositivos
são construídos basicamente por resistências, que, alimentadas por tensões e
conseqüentemente percorridas por correntes elétricas, transformam energia elétrica
em térmica.

LEI DE K IRCHHOFF
Essas leis são baseadas no Princípio da conservação de energia, no Princípio de
quantidade de carga elétrica e no fato de que o potencial volta sempre ao seu valor
original depois de uma volta completa por uma trajetória fechada.
162
1ª Lei de Kirchhoff das correntes (Kirchhoff Current Law - KCL):

A soma algébrica das correntes que entram num nó é nula em qualquer instante de
tempo t e não se acumula carga no nó.

2ª Lei de Kirchhoff das tensões (Kirchhoff Voltage Law - KVL):

A soma algébrica das quedas de tensão ao longo de qualquer caminho fechado é


nula em qualquer instante de tempo.

fig. 39

CIRCUITOS ELÉTRICOS
É o caminho que a corrente elétrica percorre através de um fio condutor, quando
sai de um potencial mais alto (pólo positivo de uma bateria), passa por um consumidor
(lâmpada, motor, resistor, etc.) e volta para um potencial mais baixo (pólo negativo). A
representação esquemática do circuito elétrico recebe o nome de diafragma elétrico.

No circuito elétrico dos automóveis, a corrente elétrica tem a particularidade de,


após passar pelos consumidores, retomar ao pólo negativo da bateria através do chassi. O pólo
negativo da bateria está ligado ao chassi por intermédio de um cabo condutor. Essa ligação
recebe o nome de terra do circuito.

CIRCUITOS ELÉTRICOS BÁSICOS


A) CIRCUITO COM RESISTORES LIGADOS EM SÉRIE

Um circuito elétrico que possui resistências ligadas uma em seguida à outra


recebe o nome de circuito em série, no qual a corrente segue apenas um
caminho entre o pólo positivo e o negativo.
fig. 40

Obs.: Todo equipamento que consome energia elétrica e restringe a passagem de


cor- rente é considerado um resistor. O valor da corrente i, em um circuito com
resistores ligados em série, é igual em qualquer ponto do circuito, mesmo que
existam componen- tes de diversas resistências. Se houver rompimento do fio
condutor em qualquer trecho, não haverá passagem de corrente. Por esse
motivo, os fusíveis são instalados em série com o componente a ser protegido,
pois, se houver um aumento na passagem de cor- rente elétrica, o fusível
desconecta a ligação em série, protegendo o componente.

fig. 41 - O circuito está interrompido, devido ao rompimento do condutor no interior do fusível.

Medida da tensão em um circuito em série


Se num circuito em série, alimentado por uma bateria de 12 Volts, for
instalada uma lâmpada de 12 Volts, a lâmpada funcionará plenamente.
Porém, se no mesmo circuito, forem instaladas duas lâmpadas idênticas de
12 Volts, as lâm- padas acenderão com baixa intensidade. Como são
lâmpadas idênticas, cada uma receberá seis Volts.

fig. 42

A queda da intensidade de luz será maior se colocarmos três lâmpadas


de 12 Volts ligadas em série, pois a tensão que cada lâmpada irá
receber será de quatro Volts.

fig. 43
Se em um circuito em série, alimentado por uma bateria de 12 Volts,
forem instaladas doze lâmpadas de 1 Volt cada, a intensidade luminosa de
cada lâm- pada será plena. É o caso da iluminação de uma árvore de
Natal, onde, geral- mente, as lâmpadas estão associadas em série.
Então, em um circuito elétrico de componentes dispostos em série, a soma
das tensões em cada componente do circuito é igual à tensão da fonte
de alimentação (bateria).

Medida da resistência equivalente em um circuito em série


Para medir a resistência em cada componente, deve ser usado o
ohmímetro. A instalação do ohmímetro é idêntica à do voltímetro,
tendo-se o cuidado para que nunca seja ligado em um circuito com
corrente elétrica. A resistência equi- valente, de um circuito em série, é
igual à soma das resistências de cada com- ponente.

fig. 44

A resistência equivalente do circuito também poderia ser encontrada


posicionando-se os terminais do ohmímetro como a seguir:

fig. 45

Cálculo da corrente em um circuito em série (aplicação da lei de Ohm)


Para calcular o valor da corrente total consumida em um circuito
em série, proceda da seguinte maneira:
Se for conhecido o valor da resistência equivalente, substitua na equação
V = R.I, sendo:
V (tensão), R (resistência) e I (corrente), usando o valor de tensão da bateria.

I = V/R = I = 12/15 = O,8A

Um outro modo de calcular a corrente nesse circuito é conhecer a


resistência e a tensão aplicadas em uma das lâmpadas. O valor da
corrente elétrica deve ser o mesmo que o encontrado acima.

I = V/R = I = 4/5 = O,8A

165
O valor da corrente encontrado acima pode ser medido usando-se
o amperímetro. A instalação do amperímetro é feita em série com o
circuito, como demonstrado na figura abaixo.

fig.46

O valor da corrente encontrado pelo amperímetro independe do local


de sua instalação, pois o valor da corrente é a mesma em todo o
circuito.

fig. 47

B)CIRCUITO COM RESISTORES LIGADOS EM PARALELO

Um circuito elétrico que oferece mais de um caminho à passagem da


corrente elétrica é chamado circuito em paralelo. A disposição das
resistências elétricas é mostrada na figura abaixo.

fig. 48

Quando lâmpadas em conjunto estão ligadas em paralelo, recebem a mesma tensão;


portan- to, a intensidade da luz é a mesma em todas as lâmpadas.

TENSÃO EM CIRCUITO PARALELO


No circuito em paralelo, a tensão aplicada sobre cada componente é a mesma. Dessa
forma, quando são instaladas lâmpadas em paralelo, em um circuito alimentado por uma
bateria de 12 Volts, a tensão em cada lâmpada também será de 12 Volts.

166
fig. 49

RESISTÊNCIA ELÉTRICA NO CIRCUITO EM PARALELO


Para medir a resistência elétrica de um componente, ou a resistência equivalente
(resistên- cia de todo circuito), deve-se seguir os mesmos procedimentos do circuito em
série e de acordo com a figura abaixo.

fig. 50

CÁLCULO DA RESISTÊNCIA EQUIVALENTE


A resistência equivalente no circuito em paralelo pode ser calculada através da
equação abaixo, onde são usados os valores das resistências elétricas medidos com o
ohmímetro.

Exemplo dos cálculos:

É interessante observar que, quanto mais associações de resistências em paralelo


houver, menor será a resistência elétrica equivalente.

-1/Req = 1/R1 + 1/R2 + 1/R3 =

1/Req = 1/5 + 1/10 + 1/15 =


1/Req = 150/750 + 75/750 + 50/750 =
1/Req =
275/750 Req =
2,73 Ω
167
VANTAGENS DO CIRCUITO EM PARALELO SOBRE O CIRCUITO EM SÉRIE :
• a tensão recebida pelo equipamento é sempre a mesma da fonte de
energia, independentemente de sua posição no circuito;

• é possível a instalação da chave on-off para cada equipamento, permitindo


seu controle individual;

• é possível a instalação de fusíveis para cada equipamento, permitindo a


proteção individual.

CORRENTE ELÉTRICA NO CIRCUITO EM PARALELO


Ao contrário do que ocorre no circuito em série, a corrente total fornecida pela
“bateria” é igual à soma das correntes em cada ramo do circuito, ou seja, quanto maior o
número de ramos que contenha resistência, maior será a facilidade da passagem da
corrente elétrica. Isso pode ser verificado matematicamente se analisarmos a
equação i = v/r.

fig. 51

fig. 52

CIRCUITO ELÉTRICO MISTO


Um circuito elétrico que possui resistências ligadas em série e em paralelo recebe o
nome de circuito misto.

168
fig. 53

Para analisarmos o comportamento da tensão e da corrente em um circuito misto,


deve-se primeiro identificar os circuitos em paralelo. Então, meça a resistência de cada
componente e calcule a resistência equivalente. Seguindo esse procedimento, o circuito
apresenta-se como um circuito em série.

fig. 54

1/Req = 1/5 + 1/10 + 1/15 =


1/Req = 150/750 + 75/750 + 50/750 =
1/Req =
275/750 Req =
2,73 Ω

Conhecendo-se a resistência equivalente do circuito em série e a tensão da bateria,


pode ser calculada a corrente usando a seguinte equação:

I = V/R = I = 12/15 = 0,8A

Conhecendo-se a corrente fornecida pela bateria, pode ser calculada a queda de


tensão nos resistores R1 e R2. Usando a mesma equação, obtemos:

V = R.I => VI = 2Q . 2,54A => VI = 5,08


Volts V = R.I => V2 = 2,73Q . 2,54 A => V2
= 6,92 Volts

Conhecendo o valor da tensão V2, retoma-se à montagem inicial do circuito misto,


podendo ser calculada a corrente em cada ramo do circuito em paralelo, como
mostrado abaixo:

i1 = V/R = i 1 = 6,92/5 = 1,38


A i2 = V/R = i2 = 6,92/10 =
0,69 A i3 =V/R = i3 = 6,92/15
= 0,46 A
Em um veículo onde o difícil acesso a alguns
componentes do circuito elétrico dificulta a utilização
do multímetro na realização de medidas, é
necessário o uso dos cálculos mostrados acima.
Dessa forma, não podemos desprezar a Matemática,
pois, através do seu uso, pode ser feito um
diagnóstico preciso.

O FUTURO DA ELETRICIDADE

A eletrônica é, hoje, uma das ciências que


mais se desenvolvem e, cada dia que passa, novos
materiais componentes são produzidos, abrindo novas
portas e ditando novos rumos para os sistemas elétricos.
Está muito perto de nós a utilização de materiais
supercondutores. Você sabe o que representa isso?
Significa transportar a eletricidade em materiais que
não apresentam resis- tência elétrica. Isso evita as
perdas causadas pela elevação de temperatura do
condutor e o siste- ma seria 100% eficiente. Eis aí o
futuro da eletricidade.

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