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QUÍMICA

QUÍMICA GERAL

CURSOS DE:
Engenharia Aeronáutica
Engenharia Civil
Engenharia Electromecânica
Engenharia Electrotécnica e de Computadores

Apontamentos das aulas teóricas

J. Albertino Figueiredo

2013/2014
INDICE

Cap. Título Pág.


Bibliografia 02
I Introdução 03
II Átomos, Moléculas e Iões 08
III Relações Mássicas em Reacções Químicas 12
IV Reacções em Solução Aquosa 16

1
BIBLIOGRAFIA

• Raymond Chang, “Química”, (tradução portuguesa) 8ª Ed., McGraw-Hill,


Lisboa, Portugal (2005) (livro básico recomendado)

• R. Petrucci, W. Harwood, G. Herring, “General Chemistry- Principles and


Modern Applications” 8th Ed, Pearson Books,(2003)
• S. Goode, E. Mercer, D. Reger, “Química: Princípios e Aplicações”, Fundação
Calouste Gulbenkian, (1997)
• C. C. Houk, R. Post, “Chemistry: Concepts and Problems”, 2 nd Ed, John Wiley,
(1996)
• B. H. Mahan, “Química, Um Curso Universitário”, Edgar Blucher Ltda, S.
Paulo, Brasil (1972)
• W. J. Moore, “Físico-Química”, Edgar Blucher Ltda, S. Paulo, Brasil (1976)
• G. W. Castellan, “Físico-Química”, Ao Livro Técnico S. A., R. Janeiro, Brasil
(1972)
• P. Ander, A. J. Sonessa, “Principles of Chemistry- An Introduction to
Theoretical Concepts”, 4ª Ed., The Macmillan Company, N. Y., E. U. A. (1972)

2
I. NOÇÕES BÁSICAS DE QUÍMICA (Introdução)

A Química é uma Ciência para o Séc. XXI

Aplicações em Saúde e Medicina


Sistemas sanitários
Cirurgia com anestesia
Vacinas e antibióticos
Aplicações na Energia e Ambiente
Combustíveis fósseis
Energia solar
Energia nuclear
Materiais e Tecnologia
Polímeros, cerâmicas, cristais líquidos
Supercondutores à temperatura ambiente?
Computação molecular?
Alimentação e Agricultura
Colheitas geneticamente modificadas
Pesticidas «naturais»
Fertilizantes especializados

A Química é uma Ciência fundamental para muitas áreas científicas, como por exemplo
para a Física, Biologia, Geologia, etc.

MÉTODO CIENTÍFICO: É uma forma sistemática de investigar e é utilizado nas


ciências exactas.

ESTUDO EXPERIMENTAL: -Análise qualitativa


-Análise quantitativa

Fases de estudo de fenómenos químicos:

OBSERVAÇÃO REPRESENTAÇÃO INTERPRETAÇÃO

(Este processo é repetitivo e pode ser realizado em qualquer desde que as condições
sejam as mesmas).

HIPÓTESE: Tentativa de explicação para o conjunto de observações

LEI: Enunciado verbal ou matemático de uma relação entre fenómenos, sendo estes
sempre os mesmos quando em condições idênticas

TEORIA: Princípio unificador que explica um conjunto de factos bem como as leis
a eles associados

3
CLASSIFICAÇÃO DA MATÉRIA:

A Química é o estudo da matéria e das transformações que ela sofre.

Matéria é tudo aquilo que ocupa espaço e tem massa. A matéria é dividida em:
MATÉRIA

Separação por
MISTURAS SUBSTÂNCIAS
métodos físicos PURAS

MISTURAS MISTURAS
HOMOGÉNIAS HETEROGÉNIAS
separação por
COMPOSTOS ELEMENTOS
métodos
químicos

Substância é uma forma de matéria que tem uma composição definida (constante) e
propriedades distintas.

Mistura é a combinação de duas ou mais substâncias em que estas conservam as suas


identidades distintas.
Mistura homogénea – a composição da mistura é a mesma em toda a sua
extensão (Exemplo: leite).
Mistura heterogénea – a composição da mistura não é uniforme (Exemplo:
ferro misturado com areia).

Através de meios físicos pode-se separar uma mistura nos seus componentes puros. Um
exemplo de um processo físico para separar mistura é a destilação.

Um composto é uma substância composta de átomos de dois ou mais elementos


quimicamente unidos em proporções fixas.
Os compostos apenas podem ser separados nos seus componentes puros
(elementos) por processos químicos.

Um elemento é uma substância que não pode ser separada em substâncias mais simples
por processos químicos.

ESTADOS FÍSICOS DA MATÉRIA:


A matéria pode existir no: Estado sólido, Estado líquido, ou Estado gasoso, consoante
as condições de pressão e temperatura.

Propriedade física ou alteração física: pode ser medida ou observada sem que
a composição ou integridade da substância seja alterada (ponto de fusão,
densidade).

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Propriedade química ou alteração química: característica de uma substância
quando ocorre alguma transformação química.

Propriedade intensiva: independente da quantidade de matéria que se analisa


(exemplo: densidade, temperatura).

Propriedade extensiva: depende da quantidade de matéria em análise


(exemplos: massa, comprimento, volume).

Massa – medida da quantidade de matéria.


A unidade de massa do SI é o quilograma (kg)
1 kg = 1000 g = 1 × 103 g

Peso – força que a gravidade exerce num objecto

Unidades básicas do SI

Grandeza base Nome da Unidade Símbolo


Comprimento metro m
Massa quilograma kg
Tempo segundo s
Corrente eléctrica ampere A
Temperatura kelvin K
Quantidade de mole mol
substância
Intensidade luminosa candela cd

Prefixos usados com as unidades SI

Prefixo Símbolo Significado


Tera- T 1 000 000 000 000 ou 1012
Giga- G 1 000 000 000 ou 109
Mega- M 1 000 000 ou 106
Quilo- k 1 000 ou 103
Deci- d 1/10 ou 10-1
Centi- c 1/100 ou 10-2
Mili- m 1/1000 ou 10-3
Micro- 1/1 000 000 ou 10-6
Nano- n 1/1 000 000 000 ou 10-9
Pico- p 1/1 000 000 000 000 ou 10-12

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NOTAÇÃO CIENTÍFICA

Deve sempre escrever-se os algarismos em notação científica, porque nos simplifica a


apresentação de resultados:

N x 10n
Numa adição ou subtracção:
1. Escreva cada quantidade com o mesmo expoente n
2. Combine N1 e N2
3. O expoente, n, mantém-se o mesmo

Numa multiplicação:
1. Multiplique N1 e N2
2. Some os expoentes n1 e n2

Numa divisão:
1. Divida N1 e N2
2. Subtrair os expoentes n1 e n2

ALGARISMOS SIGNIFICATIVOS:

REGRAS DE UTILIZAÇÃO DE ALGARISMOS SIGNIFICATIVOS

Qualquer algarismo diferente de zero é significativo:

353 cm tem 3 algarismos significativos

Os zeros entre algarismos significativos são significativos.

Os zeros à esquerda do primeiro algarismo significativo não nulo não são


significativos:

0,007 tem 1 algarismo significativo (pela notação científica 7 x 10 -3)

Se o número é superior a 1, então todos os algarismos à direita são significativos:

30,0 tem 3 algarismos significativos

Se um número é inferior a 1, então apenas os zeros que estão no fim do número e os


zeros que estão entre dígitos diferentes de zero são significativos:

0,0550 g tem 3 algarismos significativos

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REGRAS PARA OS ALGARISMOS SIGNIFICATIVOS QUE RESULTAM DE
CÁLCULOS ARITMÉTICOS

Na soma e subtracção, o número de algarismos significativos à direita da vírgula do


resultado final é igual ao da parcela que tiver menor número de casas decimais

89,3462 + 1,12 = 90,47

Se for necessário arredonda-se o valor

Na multiplicação e divisão, o número de algarismos significativos do resultado é


igual ao do número de partida que os tiver em menor número

2,9 x 4,4039 = 12, 77131 arredonda-se para 13

Em operações consecutivas só se realiza o arredondamento no resultado final.

NOTA: Deve-se utilizar sempre a notação científica N x 10 n para expressar melhor o


resultado em termos de algarismos significativos.

RIGOR E PRECISÃO
Na leitura e apresentação de resultados deve ter-se em conta o conceito de rigor e
precisão.

Rigor – aproximação da medição efectuada e o verdadeiro valor da grandeza medida.

Precisão – acordo entre duas ou mais medições da mesma grandeza.

bom rigor pouco rigor pouco rigor


e mas e
boa precisão boa precisão pouca precisão

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II. ÁTOMOS, MOLÉCULAS E IÕES

Teoria Atómica de Dalton


1. Os elementos são constituídos por partículas extremamente pequenas chamadas
átomos. Todos os átomos de um dado elemento são idênticos, tendo a mesma
dimensão, massa e propriedades químicas. Os átomos de um elemento são
diferentes dos átomos de todos os outros elementos.
2. Os compostos são constituídos por átomos de mais de um elemento. Em
qualquer composto, a razão entre os números de átomos de quaisquer dois
elementos presentes é um número inteiro ou uma fracção simples.
3. Uma reacção química envolve apenas a separação, combinação ou rearranjo dos
átomos; não resulta na sua criação ou destruição.

Esta teoria apoia as seguintes leis:

Lei das proporções definidas: Amostras diferentes do mesmo composto contêm sempre
a mesma proporção das massas dos seus elementos constituintes.

Lei das proporções múltiplas: Se dois elementos se podem combinar para formar mais
de um composto, as massas de um elemento que se combinam com uma massa do outro
elemento estão na razão de números pequenos e inteiros.

Lei da conservação da massa: A matéria não pode ser criada nem destruída.

ESTRUTURA DO ÁTOMO

O átomo é constituído por electrões que estão à volta de um núcleo onde existem
protões e neutrões.

J. J. Thomson, mediu a relação massa/carga do electrão (e-).

carga e– = –1,60 × 10–19 C


Thomson carga/massa de e– = –1,76 × 108 C/g
e– massa = 9,10 × 10–28 g

No modelo atómico de Thomson, a carga positiva espalhava-se por uma esfera.

Rutherford determinou que:


1. A carga positiva dos átomos concentra-se no núcleo.
2. O protão (p) tem uma carga oposta (+) à do electrão (–).
3. A massa de p é 1840 × massa de e– (1,67 × 10–24 g).

Tabela: Massa e carga dos constituintes dos átomos


Carga
Massa (g) Coulomb Unidades de carga
-28 -19
Electrão 9,109 x 10 -1,602 x 10 -1
Protão 1,673 x 10-24 +1,602 x 10-19 +1
Neutrão 1,675 x 10-24 0 0

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Número atómico (Z): Número de protões que existem num átomo.
Número de protões = número de electrões (para átomos neutros)

Número de massa (A): Número total de protões mais neutrões num átomo.

A = Z + nº de neutrões
A 1 2 3
X H H H
Z 1 1 1
hidrogénio deutério trítio

Isótopos são átomos do mesmo elemento com diferentes número de neutrões.

O deutério e o trítio são isótopos do hidrogénio.

Uma molécula é um agregado de, pelo menos, dois átomos ligados de uma forma
precisa por forças químicas (também chamadas ligações químicas).

Uma molécula diatómica tem apenas dois átomos.


Uma molécula poliatómica tem mais do que dois átomos.

Um ião é uma espécie ou um grupo de espécies que têm carga positiva ou negativa.

catião — ião com carga positiva


Se um átomo perde um ou mais electrões transforma-se num catião.
anião — ião com carga negativa
Se um átomo ganha um ou mais electrões transforma-se num anião.

Uma fórmula molecular indica o número exacto de átomos de cada elemento na


unidade mais pequena de uma substância.

Uma fórmula empírica indica quais os elementos presentes e a razão mais simples em
números inteiros, entre eles.

Exemplo:
Fórmula molecular Fórmula empírica
H2O H2O
C6H12O6 CH2O
O3 O
N2H4 NH2

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Nomenclatura dos compostos inorgânicos

Os compostos inorgânicos podem ser divididos de uma maneira geral em: Compostos
iónicos, compostos moleculares, ácidos e bases e hidratos.

i) Compostos iónicos
Os nomes destes compostos são escritos colocando o sufixo eto ao nome do respectivo
anião, seguido do nome do catião.
NaCl cloreto de sódio

Nos compostos iónicos de metais de transição os numerais romanos indicam cargas


positivas.
FeCl2 Cloreto de ferro (II)
FeCl3 Cloreto de ferro (III)

ii) Compostos moleculares


São compostos não metálicos e a sua nomenclatura é semelhante à anterior.
PCl3 tricloreto de fósforo

Tabela para atribuição de nomes em compostos iónicos e moleculares

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iii) Ácidos e bases

Ácido – substância que liberta iões H+


O nome dos compostos é feito colocando o nome ácido seguido do nome do
anião com o sufixo ídrico.
HCl ácido clorídrico

Ácidos que contêm oxigénio são designados por oxoácidos (ou oxiácidos) e têm uma
nomenclatura diferente.
H2SO4 ácido sulfúrico
HClO3 ácido clórico

Tabela para dar os nomes dos oxoácidos e oxoaniões


Oxoácido Oxoanião

Ácido per- -ico per- -ato


+ [O]
Ácido –ico -ato
(referência)
- [O]
Ácido -oso -ito
- [O]
Ácido hipo- -oso hipo- ito
Exemplo para HClO3
HClO4 ácido perclórico
HClO3 ácido clórico
HClO2 ácido cloroso
HClO ácido hipocloroso

Base – substâncias que em solução aquosa libertam iões OH - (hidróxido).


O nome é dado colocando o termo hidróxido seguido do nome do ião.
NaOH hidróxido de sódio

iv) Hidratos
Compostos que possuem moléculas de água na sua rede cristalina.
O nome destes compostos é igual ao nome sem moléculas de água, acrescentado
do número de moléculas que o composto tem associado.

BaCl2.2H2O cloreto de bário di-hidratado

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III. RELAÇÕES MÁSSICAS EM REACÇÕES

Massa atómica:
Unidade de massa atómica (u.m.a.) é a massa igual a 1/12 da massa de um
átomo de carbono 12.
1 u.m.a. = massa de um átomo de carbono-12
12

Massa atómica média


É a massa atómica determinada a partir de todos os isótopos existentes na
natureza.
Exemplo para o átomo de carbono:
Na natureza a abundância relativa de carbono-12 é 98,89 % e de carbono-13 é 1,11 %.
A massa atómica média é: 12,00 x 98,89/100 + 13,00 x 1,11/100 = 12,01 u.m.a.

Mole (mol):
É a quantidade de matéria que contém tantas unidades elementares (átomos,
moléculas ou partículas) quanto os átomos de carbono existentes em exactamente 12
gramas de carbono-12.

1 mole = 6,022 x 1023 partículas (número de Avogadro)

Massa molar: massa de uma mole de átomos.

Moléculas: conjunto de pelo menos dois átomos com um arranjo bem definido.

Formas alotrópicas ou alótropos: formas diferentes do mesmo elemento.

Relações entre massa, moles e átomos de um elemento

M = massa molar em g/mol


NA = Número de Avogadro

Massa molecular: soma das massas atómicas de todos os átomos de uma molécula.

Composição percentual ou elementar: composição por elemento expressa em


percentagem mássica.

12
Determinação experimental de uma fórmula empírica:

Esquema para a determinação de fórmulas empíricas

A partir de 11,5 g de etanol obteve-se 22 g de CO2 e 13,5 g de H2O.

Nº de moles de carbono: 22 (massa de CO2) / 44 (massa molecular de CO2) = 0,5 mol


1mol de C = 12 g então 0,5 mol = 6 g

Nº de moles de hidrogénio: 13,5 (massa de H2O) / 18 (massa molecular H2O) = 1,5 mol
1mol de H = 1 g então 1,5 mol = 1,5 g
Partiu-se de 11,5 g e só foi obtido 6 g de C e 1,5 g de H. O que falta para 11,5 g
(11,5 – 6 – 1,5 = 4 g) é oxigénio.
1 mol de O = 16g então 4g = 0,25 mol

Fórmula do etanol: C0,5 H1,5 O0,25 (dividindo por 0,25 obtêm-se números inteiros)
Fórmula empírica: C2 H6 O

Para determinar a fórmula molecular é necessário que seja dada a massa molecular do
composto.

Uma reacção química corresponde a uma transformação química que é representada por
uma equação química através de símbolos químicos.

2H2 + O2 2H2O
reagentes produto

As equações podem representar:


- processos físicos H2O (l) H2O (s)

H2O
- processos de dissolução NaCl (s) NaCl (aq)

O estado físico dos reagentes e produtos é muito importante.

KBr (aq) + AgNO3 (aq) KNO3 (aq) + AgBr (s)

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REGRAS DE ACERTO DE EQUAÇÕES QUÍMICAS:

Escrever os reagentes e produtos de reacção, com as suas fórmulas correctas no


lado esquerdo e direito da seta, respectivamente.
Verificar se o número de átomos iguais é o mesmo de cada lado da equação.
Colocar coeficientes para que o número de átomos fique igual.
Acertar primeiro os átomos que estão uma vez em cada lado da equação. Em
seguida acertar os átomos que estão mais que uma vez do mesmo lado da
equação.
Verificar a equação acertada para se certificar que o número total de átomos do
mesmo tipo em ambos os lados da seta é o mesmo.

Exemplo
KClO3 KCl + O2

Equação acertada:
2KClO3 2KCl + 3O2

Alterações de Massa em Reacções Químicas

A tabela abaixo mostra a relação entre o conceito de massa e o de mole nos reagentes e
nos produtos de um reacção.

1. Escreva a equação química acertada.


2. Converta as quantidades de substâncias conhecidas em moles.
3. Utilize os coeficientes das equações acertadas para calcular o número de
moles da quantidade procurada.
Converta as moles de quantidade procurada nas unidades desejadas.

14
Reagente limitante:

Antes do início da reacção Depois da reacção estar completa

Reagente limitante 6 verdes são consumidos


Reagente em excesso
6 vermelhos não são consumidos

O reagente limitante é o que limita a reacção por se encontrar em menor quantidade


antes do inicio da reacção.

RENDIMENTO

O rendimento serve para determinar se o processo reaccional é eficaz ou não. Podemos


´realizar o cálculo do rendimento utilizando os termos abaixo:

Rendimento teórico é a quantidade de produto que se forma se todo o reagente limitante


for consumido durante a reacção.

Rendimento real é a quantidade de produto obtido na reacção química.

Rendimento real
% rendimento = × 100
Rendimento teórico
Ou de um modo mais geral dizemos que o rendimento é:

15
IV. REACÇÕES EM SOLUÇÃO AQUOSA

Uma solução é uma mistura homogénea de duas ou mais substâncias.

Soluto – substância em menor quantidade

Solvente – substância em maior quantidade

Soluções aquosas: soluto pode ser líquido, sólido ou gás e o solvente é a água.

Os solutos em solução aquosa podem ser divididos em:

Electrólitos – solutos que quando dissolvidos em água produzem uma solução


capaz de conduzir electricidade.

Não-electrólitos – solutos que não conduzem electricidade quando dissolvidos


em água.

Hidratação – Processo em que um ião em solução aquosa é rodeado por moléculas de


água.

Os ácidos e as bases são electrólitos.

H2O
HCl (g) H+ (aq) + Cl- (aq)

No entanto há electrólitos fortes (decompõem-se completamente) e electrólitos fracos


(decompõem-se parcialmente)

Exemplo de um electrólito fraco:

H2O
CH3COOH (aq) CH3COO- (aq) + H+ (aq)

CH3COOH é um electrólito fraco porque a ionização é incompleta.

Hidratação é o processo no qual um ião é rodeado por moléculas de água dispostas de


uma determinada maneira.

Um não-electrólito não conduz electricidade, porque:


Não há catiões (+) e aniões (–) em solução

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Grupo de Reacções Inorgânicas mais importantes:

1. Reacções de precipitação (formação de um precipitado)


2. Reacções ácido-base (transferências de protões)
3. Reacções de oxidação-redução (redox) (transferência de electrões)

1. Reacções de precipitação:

Precipitado — sólido insolúvel que se separa da solução

Solubilidade – Quantidade máxima de soluto que pode ser dissolvida numa certa
quantidade de solvente a uma dada temperatura.

CARACTERÍSTICAS DE SOLUBILIDADE DE COMPOSTOS IÓNICOS EM ÁGUA A 25 ºC:

1. Os metais alcalinos são todos solúveis.


2. Os compostos de amónio são solúveis.
3. Os compostos contendo iões nitrato (NO3-) , clorato (ClO3 -) e perclorato (ClO4 -)
são solúveis.
4. Os hidróxidos dos metais alcalinos são solúveis. O hidróxido de bário é solúvel.
O Ca(OH)2 é pouco solúvel. Os restantes hidróxidos são insolúveis.
5. Os compostos contendo iões halogéneo são normalmente solúveis. Se estiverem
ligados a iões Ag+, Hg22+ e Pb2+.
6. Os compostos com o grupo carbonato (CO32-), com o grupo fosfato (PO43-) ou
sulfito (S2-) são insolúveis, excepto quando ligados a metais alcalinos ou a
compostos de amónio.
7. Os sulfatos são solúveis, mas o CaSO4 e Ag2SO4 são pouco solúveis e BaSO4,
HgSO4 e PbSO4 são insolúveis.

ESCRITA DAS EQUAÇÕES IÓNICAS E IÓNICAS EFECTIVAS:

Escrever a equação molecular acertada.


Reescrever a equação indicando que substâncias se encontram na forma iónica
em solução. Electrólitos fortes em solução aquosa encontram-se completamente
dissociados.
Identificar e eliminar todos os iões espectadores.

Exemplo:
Equação molecular:

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2K3PO4 (aq) + 3Ca(NO3)2 (aq) 6KNO3 (aq) + Ca3(PO4)2 (s)

Equação iónica (separação dos componentes das moléculas nos seus respectivos iões):

3Ca2+ (aq) + 6NO3- (aq) + 6K+ (aq) + 2PO43- (aq)


Ca3(PO4)2 (s) + + 6K+ (aq) + 6NO3- (aq)

(K+ e NO3- iões espectadores porque não participam na formação do sólido)


Equação iónica efectiva (equação que mostra a formação do produto):

3Ca2+ (aq) + 2PO43- (aq) Ca3(PO4)2 (s)

2. Reacções ácido-base:

Propriedades gerais dos ácidos:


- Têm sabor azedo
- Causam mudança de cor nos corantes vegetais
- Reagem com certos metais produzindo hidrogénio
- Reagem com carbonatos e bicarbonatos
- Conduzem electricidade em solução aquosa.

Propriedades gerais das bases:


- Têm sabor amargo
- São escorregadias ao tacto
- Causam mudança de cor nos corantes vegetais
- Conduzem electricidade em solução aquosa.

Definições de ácidos e bases:


Um ácido de Arrhenius é uma substância que produz H+ (H3O+) em água.
HCl + H2O → H3O+ + Cl-
Uma base de Arrhenius é uma substância que produz OH– em água.
NH3 + H2O → NH4+ + OH-

Um ácido de Brønsted é um dador de protões (H+)


Uma base de Brønsted é um aceitador de protões.

NH3 + H2O NH4+ + OH-


Base ácido ácido base

Os ácidos podem ser monopróticos (HCl), dipróticos (H2SO4) ou tripróticos (H3PO4)

A reacção de neutralização corresponde a uma reacção entre um ácido e uma base


formando um sal mais água:

ácido + base sal + água


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O sal formado é um composto iónico que fica dissolvido em solução aquosa

3. Reacção de oxidação-redução (redox):

Enquanto a reacção ácido-base é uma reacção de transferência de protões, a reacção de


oxidação-redução é considerada uma reacção de transferência de electrões.

2Ca (s) + O2 (g) 2CaO (s)

Podemos dividir esta reacção em duas semi-reacções, em que uma será a semi-reacção
de oxidação e a outra será a semi-reacção de redução:

2Ca 2Ca2+ + 4e-

O2 + 4e- 2 O2-

2Ca + O2 2Ca2+ + 2 O2-

2CaO

Reacção de oxidação – semi-reacção que envolve perda de electrões


Reacção de redução – semi-reacção que envolve ganho de electrões

No exemplo anterior: Ca é o agente redutor e O é o agente oxidante.

Número de oxidação (ou estado de oxidação) – número de cargas que um átomo teria
numa molécula (ou num composto iónico) se houvesse transferência completa de
electrões.
0 0 +1 -1
H2 (g) + Cl2 (g) 2H Cl (g)

Se um composto for oxidado há aumento do número de oxidação (H)


Se um composto for reduzido há diminuição do número de oxidação (Cl).

Regras de atribuição do número de oxidação:

a) Elementos livres: nº de oxidação = 0


b) Iões monoatómicos: nº de oxidação = carga do ião
c) Oxigénio tem nº de oxidação = -2, excepto nos peróxidos (-1)
d) Hidrogénio tem nº de oxidação +1, excepto nos hidretos (-1)
e) Os halogéneos têm nº de oxidação –1, excepto quando como oxoácidos
f) Molécula neutra o somatório do nº de oxidação = 0; em iões
poliatómicos o somatório do nº de oxidação = à carga do ião

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Tipos de reacções redox

Reacções de combinação: A + B C

Reacções de decomposição: C A+B

Reacções de deslocamento: A + BC AC + B
Deslocamento do hidrogénio
Deslocamento do metal
Deslocamento do halogéneo
Reacções de disproporcionação (ou dismutação): Um elemento num dado nº de
oxidação é simultaneamente oxidado e reduzido

Regras de acerto das equações redox


(Método ião-electrão)

1. Escrever a equação não acertada na forma iónica

Fe2+ + Cr2O72- Fe3+ + Cr3+

2. Separar a equação nas duas semi-reacções

Oxidação Fe2+ Fe3+


Redução Cr2O72- Cr3+

3. Acertar todos os átomos separadamente em cada semi-reacção, à excepção de O e H

Cr2O72- 2Cr3+

4. Para as reacções em meio ácido, acrescentar H2O para acertar os átomos de O e


acrescentar H+ para os H

14H+ + Cr2O72- 2Cr3+ + 7H2O

Em meio básico acrescenta-se OH- dos dois lados da equação para compensar os
H+

5. Adicionar electrões a um dos lados de cada semi-reacção para acertar as cargas. Se


necessário igualar o número de electrões nas duas semi-reacções multiplicando uma
ou ambas reacções pelos coeficientes apropriados

Fe2+ Fe3+ + e-

14H+ + Cr2O72- + 6e- 2Cr3+ + 7H2O

Multiplica-se a primeira reacção por 6 para se obter o mesmo número de


electrões nas duas semi-reacções

20
6. Somar as duas semi-reacções

6Fe2+ 6Fe3+ + 6e-

14H+ + Cr2O72- + 6e- 2Cr3+ + 7H2O


_________________________________________________

14H+ + Cr2O72- + 6Fe2+ 2Cr3+ + 6Fe3+ + 7H2O

QUANTIFICAÇÃO DAS REACÇÕES QUÍMICAS

Para se determinar as quantidades que estão envolvidas numa reacção química é


necessário ter em conta os conceitos abaixo apresentados.

Estequiometria de uma reacção:


Representação das relações mássicas entre reagentes e produtos
Os coeficientes estequiométricos correspondem ao número de moles de uma
substância.

Método da mole (para determinar a quantidade de produto formado numa reacção


química):
1. Escrever a equação da reacção acertada.
2. Converter as quantidades conhecidas em moles.
3. Através da equação determinar o número de moles do produto desconhecido.
4. Converter o número de moles em gramas.
5. Verificar o significado físico.

Reagente limitante:
É o reagente que é consumido em primeiro lugar numa determinada reacção.

Concentração de uma solução:


Quantidade de soluto numa dada quantidade de solução.

Molaridade:
Moles de soluto por litro de solução.

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A diluição é um processo de preparação de uma solução menos concentrada a partir de
uma solução mais concentrada.

Ci Vi = Cf Vf

(C = concentração; V = volume; i = inicial, f = final)

Determinação quantitativa de reacções em solução aquosa:

1. Análise gravimétrica:
Permite quantificar o precipitado formado numa reacção de precipitação.
(Misturam-se duas soluções que formem um precipitado. Separa-se o
precipitado por filtração. Seca-se o precipitado e calcula-se a sua massa)

2. Titulação ácido-base:

Permite quantificar a quantidade de base ou de ácido numa reacção ácido-base.


(Ponto de equivalência: ponto no qual o ácido reagiu completamente com a
base)
Indicador – substância que apresenta cores diferentes em meio ácido e em meio
básico.

3. Titulação redox:

Permite quantificar a quantidade oxidada ou a quantidade reduzida numa


reacção redox.
(Ponto de equivalência: ponto no qual o agente redutor foi completamente
oxidado pelo agente oxidante)
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