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ELTRI

Electricidade

Paulo Coelho de Oliveira

Fevereiro de 2015
CAPÍTULO I 2

Grandezas Elétricas Fundamentais


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Alguns Factos Históricos 3

• O primeiro fenómeno elétrico de que há registo é o da atração de


partículas de cereais por uma barra de âmbar previamente
friccionada (Tales de Mileto, 600 A.C.). Por isso mesmo, a palavra
eletricidade deriva da palavra grega elektron, que significa âmbar.
• Em meados de 1745, surgiram o primeiro circuito elétrico e o
primeiro condensador, este chamado garrafa de Leiden. É,
também, desse período a primeira notícia da morte causada por
descarga elétrica.
• Em 1752, Benjamin Franklin iniciou os primeiros estudos sobre
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relâmpagos. Verificou que existiam dois grupos de corpos


eletrizados, e que os corpos do mesmo grupo repeliam-se e os de
grupos diferentes atraíam-se. Assim, atribuiu os sinais negativo (-)
e positivo (+) para os distinguir.
Alguns Factos Históricos 4

• Em 1820, o francês André-Marie Ampère realizou as primeiras


experiências sobre a influência do movimento das cargas
elétricas (corrente elétrica). Em 1827, publicou o resultado de
várias pesquisas sobre a teoria dos circuitos elétricos. No mesmo
ano, o físico alemão George Simon Ohm apresentou suas leis
sobre a resistência elétrica dos condutores.
• Em 1850, Gustav Robert Kirchhoff divulgou seus estudos sobre
correntes e tensões em circuitos elétricos. Esses trabalhos
formam a base da teoria de circuitos elétricos, utilizada nas áreas
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de eletricidade, eletrônica, telecomunicações, máquinas elétricas,


sistemas de potência etc…
Alguns Fenómenos Elétricos 5

Num dia seco, se passarmos uma escova pelo cabelo podemos


usá-la para apanhar pequenos bocados de papel, desviar o fio de
água de uma torneira ou mesmo para pormos os cabelos em pé!

Podem ser vistos pequenos pontos de luz quando separamos um


cobertor de um lençol de fibra.

Ao abrir a porta do carro apanhamos choques frequentemente.


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Carga Elétrica 6

O que é que está na origem destes fenómenos?

• Forças de natureza elétrica associadas a cargas elétricas.

• Métodos experimentais demonstraram a existência de forças de


atração e de repulsão, que se justificavam com a existência de
dois tipos de carga: carga elétrica positiva e carga elétrica
negativa.

• Cargas de sinal contrário atraem-se (exercem entre si forças de


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atração)

• Cargas de sinal igual repelem-se (exercem entre si forças de


repulsão)

• A unidade de carga elétrica é o coulomb (C)


Estrutura da Matéria 7

• Toda a matéria é constituída por um conjunto de blocos


fundamentais, os átomos, que por sua vez são divisíveis em
partículas elementares.
• As partículas a considerar neste estudo são:
• Neutrão: eletricamente neutro
• Protão: com carga elétrica positiva
• Eletrão: com carga elétrica negativa
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Estrutura da Matéria 8

• Enquanto partes constituintes do átomo, os protões e os


neutrões formam o núcleo, à volta do qual se movimentam os
eletrões num movimento orbital.

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Estrutura da Matéria 9

• Para o átomo eletricamente neutro (situação de equilíbrio), o


número de eletrões que “giram” em volta do núcleo é igual ao
número de protões do núcleo.

• No entanto, é possível que um ou mais eletrões libertem-se da


estrutura atómica – eletrões livres.

• Os eletrões livres encontram-se em maior ou menor quantidade


nos materiais, conferindo-lhes propriedades diferentes.
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Tipos de Materiais Elétricos 10

• Condutores
• existência de eletrões livres no material. Materiais nos quais os eletrões livres
movem-se, no seu interior, contínua e ordenadamente por ação de uma força
exterior (Campo Elétrico). Ex: soluções iónicas, cobre, alumínio, prata, ouro,
...
• Isoladores
• materiais cujo o número de eletrões livres é reduzido e a existência de outras
forças de ligação entre as partículas sobrepõem-se à força causada pelo
campo elétrico e que dificultam o seu deslocamento. O movimento de cargas
é diminuto quando lhe é aplicado um Campo Elétrico. Ex: madeira, borracha,
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vidro, ...
• Semicondutores
• no estado puro comportam-se como isolantes. No entanto, a adição de certas
impurezas permite controlar a sua capacidade de condução. Ex: silício,
germânio, ...
Eletrões em Movimento! 11

Os eletrões livres movimentam-se de uma forma aleatória mas, se


sujeitos a forças externas, esse movimento pode tornar-se ordenado,
dando origem à intensidade de corrente elétrica, ou corrente elétrica.

Corrente elétrica
 resultado do movimento ordenado e orientado de cargas elétricas, sob o efeito
de um campo elétrico.
 convencionou-se que o sentido da corrente elétrica (sentido positivo) é o sentido
contrário ao movimento dos eletrões (do + para o -). Ou seja, tem o sentido do
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movimento da carga elétrica positiva.


 iremos ver que o sentido da corrente elétrica corresponde ao sentido dos
potenciais elétricos decrescentes.
Intensidade da Corrente Elétrica 12

• Quantidade de carga elétrica que atravessa a secção reta de um


condutor por unidade de tempo:

Q
I
t

• Unidade de medida: ampere (A)


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Intensidade da Corrente Elétrica 13

• Suponha que n eletrões atravessam a secção reta de um


condutor, de área S, no intervalo de tempo t.
• Sendo a carga de cada eletrão q0, a carga total que atravessa a
secção reta S do condutor no intervalo de tempo t, será:

Q  n  q0

• onde q0 = 1,602 x 10-19 C


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• A intensidade de corrente elétrica será I = Q / t


Exercício de Aplicação 14

Exercício 2.3., página 437, do livro “Circuitos eléctricos”, Vítor


Meireles, LIDEL.

• Numa determinada secção de um condutor passam eletrões à


razão de 5x1021 por minuto. Qual é o valor da corrente em
amperes?

Solução: Aproximadamente 13,3 A


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Resistência 15

• No seu movimento, ainda que ordenado, os eletrões chocam


entre si ou com outras partículas.

• Essas colisões causam resistência à passagem da corrente


elétrica.

• As colisões são, ainda, responsáveis pela libertação de calor,


aumentando a temperatura do material condutor.
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• O aumento da temperatura aumenta a agitação térmica dos


eletrões, provocando um aumento do número de colisões entre os
mesmos. Em consequência, a resistência do condutor também
aumenta.
Resistência 16

• A resistência de um condutor elétrico depende de vários fatores,


podendo ser quantificada em função do tipo de material, da
secção e do comprimento do condutor.

• Podemos fazer a analogia com o caudal de água numa


conduta. O caudal de água não é determinado só em função da
pressão da bomba. É também afetado pelo comprimento e
diâmetro da conduta.
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Resistência 17

• Para um condutor de comprimento l (m), secção reta S (m2) e


resistividade  (.m), a resistência R é dada por:

l
R
S
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• onde  denomina-se por resistividade e caracteriza o material


usado.

• Unidade de resistência elétrica: ohm ()


Variação da Resistência com a Temperatura 18

• Consideremos um condutor de resistividade  e resistência R.


Para variações relativamente pequenas de temperatura, as leis
de variação da resistividade e da resistência são, respetivamente:

  0  1   T  T0 
 – coeficiente de temperatura (ºC-1)
T0 – temperatura de referência
0 – resistividade à temperatura T0
R0 – resistência à temperatura T0
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T – temperatura para a qual se quer


calcular a resistividade/resistência
R  R0  1   T  T0   – resistividade à temperatura T
R – resistência à temperatura T
Resistência 19

Valores da resistividade de alguns materiais:

Material ·
Prata 1,6 10 4,0 10
Cobre 1,7 10 3,9 10
Ouro 2,3 10 3,0 10
Alumínio 2,8 10 3,2 10
Tungstênio 4,9 10 4,5 10
Platina 10,8 10 3,0 10
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Ferro 11 10 5,0 10
Nicromo 110 10 0,2 10
Exercício de Aplicação 20

A resistividade do cobre a 0 oC é 1,56 10 Ω.m e o coeficiente de


o
temperatura 3,9 10 C-1. Sabendo que um dado condutor de
cobre tem diâmetro de 0,5 mm e comprimento de 50 m:

a) Qual é a resistência e a condutância do condutor a 0 ºC?

b) Qual a resistência e a condutância a 100 ºC?

c) Qual o aumento percentual da resistência quando a


temperatura passou de 0 ºC a 100 ºC?
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Nota: A condutância (G) é o inverso da resistência e a sua unidade no SI é o


siemens (S). Muitas vezes usa-se a unidade equivalente Ω-1 (designada
ohm-1).
Solução: a) 0 3,97 Ω; 0 0,25 ; b) 100 5,52 Ω; 100 0,18 ; c) 39%
Transferência de Energia 21

• Já sabemos que a passagem de corrente elétrica num condutor


transforma a energia elétrica em energia calorífica por aumento
da agitação térmica da rede cristalina.

• É o chamado Efeito de Joule

• Mas, para“obrigar” a que haja uma corrente elétrica (movimento


ordenado de eletrões) no condutor é necessário que haja (que se
crie) uma diferença de potencial aos seus terminais.
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Fonte de energia
Fontes de Energia versus Cargas 22

• Fonte de energia: sistema capaz de transformar outras formas de


energia (química, mecânica, solar, etc) em energia elétrica.

• O que distingue uma fonte de energia de uma carga elétrica,


como, por exemplo, uma resistência?

• No primeiro caso há conversão de outras formas de energia em


energia elétrica (a fonte de energia também se pode chamar
elemento ativo).
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• Nas cargas há conversão de energia elétrica noutras formas de


energia (calorífica, luminosa, mecânica, etc.). Uma carga também
pode chamar-se “recetor” ou “componente passivo”.
Tensão Elétrica 23

• A passagem de corrente elétrica num componente elétrico


provoca uma troca de energia entre esse componente e o resto
do circuito.
• A grandeza tensão elétrica quantifica esta troca energética.

• “A tensão elétrica, U, entre os terminais de qualquer elemento


(bipolo) é a razão entre a energia elétrica, W, trocada entre o
elemento e o exterior durante um certo intervalo de tempo e a
carga, Q, que durante esse intervalo de tempo atravessa a
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secção reta desse componente.”

• Ou dito de outra forma: “A tensão elétrica num componente é a


energia necessária para deslocar uma carga unitária ao longo
desse componente.”
Tensão Elétrica 24

Weléctrica transferida
U
Q

Unidade de medida no SI – volt (V)

• 1 volt é a tensão entre os terminais de um elemento quando ele


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troca com o seu exterior a energia elétrica de 1 joule durante o


tempo necessário para que a sua secção reta seja atravessada
pela carga de 1 coulomb (1 V = 1 J/1 C).
Tensão Elétrica 25

• Outras designações para “tensão elétrica”:


• diferença de potencial (ddp)
• queda de tensão
• diferença de tensão
• força electromotriz (f.e.m., no caso de ser gerada por uma fonte)

• Sentido: do potencial maior para o menor

• Se o componente for uma carga (e.g. resistência), os sentidos da


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tensão e da corrente são iguais.

• Se o componente for uma fonte (e.g. pilha), os sentidos da tensão e


da corrente são opostos.
Força electromotriz (f.e.m.) 26

• Uma fonte de tensão é caracterizada pela sua f.e.m. do mesmo


modo que um condutor é caracterizado pela sua resistência.

• A f.e.m. de uma fonte, E, é a razão entre a energia elétrica, W,


produzida no seu interior durante um certo intervalo de tempo e a
carga, Q, que durante esse intervalo de tempo atravessa a sua
secção reta:
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Weléctrica produzida
E
Q
Exercício de Aplicação 27

Exercício do livro “Fundamentals of Electric Circuits”, Charles K.


Alexander e Matthew N. O Sadiku, McGraw Hill.

Uma fonte de energia fornece uma corrente constante de 2 A a uma


lâmpada, durante 10 s. Se forem libertados 2,3 kJ na forma de
energia luminosa e calorífica, calcule a queda de tensão na
lâmpada.
Solução: 115 V
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Resumo 28

Grandezas Elétricas Fundamentais

Intensidade Resistência Tensão Elétrica


[A] [] [V]

• Movimento • Choque dos • Energia necessária


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orientado de portadores de carga fornecer, por unidade


cargas elétricas. entre si e entre a de carga, para
∆ rede atómica.
• deslocar uma carga

• ∆ • unitária ao longo de
• Geralmente, um componente
aumenta com a elétrico
temperatura. •
• 1 )]
Referências 29

• Adaptado de Apontamentos de FEELE, Ana Viana, Mário Alves


e Francisco Pereira.

• Charles Alexander, Matthew Sadiku; Fundamentos de Circuitos


Eléctricos, 3.ª Edição, McGraw Hill, ISBN 978-85-86804-97-7

• Vítor Meireles; Circuitos Eléctricos, Edições LIDEL.


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