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E LINGUAGEM
APRESENTAÇÃO
Nélson Jahr Garcia
Prefácio
1. O problema e a abordagem
II
III
4. As raízes genéticas do
pensamento e da linguagem
II
IV
5. Gênese e estudo
experimental da formação dos
conceitos
II
III
IV
VI
VII
VIII
IX
XI
XII
XIII
XIV
XV
XVI
II
III
IV
Fragmentos terminados em
“porque”
conceitos científicos 79,7% 81,8%
conceitos quotidianos 59,0% 81,3%
Fragmentos terminados em
“embora”
conceitos científicos 81,3% 79,5%
conceitos quotidianos 16,2% 65,5%
7. Pensamento e linguagem
Esqueci a palavra que pretendia
dizer e o meu pensamento,
desencarnado, volta ao reino das sombras
(de um poema de Mandelstham)
II
III
IV
– Faça favor.
Notas
(i) – Por “percepção quase ao mesmo tempo” Koehler entende
situações em que instrumento e objetivo foram vistos juntos pouco
tempo antes, ou quando foram usados conjuntamente tantas vezes
numa situação idêntica que são, para todos os fins, psicologicamente
apreendidos simultaneamente (18)(18, p. 39).
(ii) – Vygotsky não descreve o teste em pormenor. A seguinte
descrição é extraída de Conceptual Thinking in Schizophrenia, de E.
Hanfmann e J. Kasanin (16)(16, pp. 9-10).
O material utilizado nos testes de formação dos conceitos consiste
em 22 blocos de madeira de várias cores, formas, alturas e larguras.
Existem 5 cores diferentes, 6 formas diferentes, 2 alturas (os blocos
altos e os blocos baixos), e 2 larguras da superfície horizontal (larga e
estreita). Na face inferior de cada figura, que não é vista pelo sujeito,
está escrita uma das quatro palavras sem sentido: lag, bik, mur, cev.
Desprezando a cor ou a forma, lag está escrita em todas as figuras
largas e altas, bik em todas as figuras largas e baixas, mur em todas
as altas e estreitas, e cev nas baixas e estreitas. No inicio da
experiência todos os blocos, misturados quer nas cores, tamanhos e
formas, são espalhados numa mesa defronte do sujeito ... O
examinador vira um dos blocos (a “amostra”), mostra e lê o seu
nome ao sujeito, e pede-lhe que retire todos os blocos que pensar
puderem pertencer ao mesmo tipo. Após o sujeito o ter feito ... o
examinador vira um doa blocos “erradamente” selecionado, mostra
que é um bloco de um tipo diferente e encoraja o sujeito a prosseguir
nas tentativas. Após cada nova tentativa, outro bloco erradamente
retirado é virado. À medida que o número de blocos virados aumenta,
o sujeito obtém gradualmente uma base para descobrir a que
características dos blocos se referem as palavras sem sentido. Mal
faça esta descoberta, as ... palavras ... começam a fixar-se em tipos
definidos de objetos (ou seja, lag para blocos largos e altos, bik para
largos e baixos), e novos conceitos, para os quais a linguagem não
fornece nenhum nome, são então formados. O sujeito encontra-se
então preparado para completar a tarefa de separação dos quatro
tipos de blocos indicados pelas palavras sem sentido. Então, o uso
dos conceitos tem um valor funcional definido para o fim requerido
por este teste. Se o sujeito utilizar realmente o pensamento
conceptual na tentativa de resolução do problema ... poder-se-á
inferir da natureza dos grupos que constrói e do seu procedimento na
sua construção que aproximadamente cada etapa do seu raciocínio é
refletida na sua manipulação dos blocos. A primeira abordagem do
problema, o manuseamento da amostra, a resposta à correção, a
descoberta da solução, todos estes estádios da experimentação
podem fornecer dados que podem servir como indicadores do nível de
pensamento do sujeito.
(iii) – A seguinte análise das observações experimentais é tirada
do estudo de E. Hanfmann e J. Kasanin (16)(16, pp. 30-31):
Em muitos casos o grupo, ou grupos, criados pelo sujeito têm
quase o mesmo aspecto que numa classificação coerente, e a
carência de uma verdadeira fundamentação conceptual só
transparece quando o sujeito se vê na contingência de pôr à prova as
idéias que consubstanciam o seu agrupamento. Isto acontece no
momento da correção quando o examinador vira um dos blocos
erradamente selecionados e mostra que a palavra nele escrita é
diferente da do bloco de amostra, por exemplo, que não é mur. Este é
um dos pontos críticos da experiência...
Sujeitos que abordaram a tarefa como um problema de
classificação respondem imediatamente à correção de uma forma
perfeitamente específica. Esta resposta é adequadamente expressa
na afirmação: “Ah! Então não se trata da cor” (ou forma, etc.)... O
sujeito retira todos os blocos que tinha colocado junto à amostra e
começa à procura de outra possível classificação.
Por outro lado, o comportamento exterior do sujeito no início da
experiência pode ter sido o de tentar conseguir uma classificação.
Pode ter colocado todos os blocos vermelhos junto à amostra,
procedendo com bastante segurança... e declarar que pensa que
aqueles blocos vermelhos são os murs. Então o examinador vira um
dos blocos escolhidos e mostra que tem um nome diferente... O
sujeito vê-o retirado, ou mesmo retira-o ele próprio obedientemente,
mas é tudo quanto faz: não faz nenhuma tentativa para retirar os
outros blocos vermelhos de junto da amostra mur. À questão do
examinador se é que ainda pensa que aqueles blocos devem estar
juntos, e são mur, responde peremptoriamente. “Sim, devem manter-
se juntos porque são vermelhos”. Esta réplica demolidora revela uma
atitude totalmente incompatível com uma verdadeira tentativa de
classificação e prova que os grupos que ele tinha formado eram na
realidade pseudo-classes.
(iv) – Deve ficar bem claro neste capítulo que as palavras também
desempenham uma importante, embora diferente, função nos vários
estádios do pensamento por complexos. Contudo, consideramos o
pensamento complexo um estádio no desenvolvimento do
pensamento verbal, à diferença de muitos outros autores (21, 53,55)
que alargam o termo complexo para incluir o pensamento pré-verbal
e mesmo o instinto primitivo dos animais.
(v) – Idênticos desenhos foram mostrados a dois grupos de
crianças em idade pré-escolar de idades e nível de desenvolvimento
semelhantes. Pediu-se a um grupo para representar o desenho – o
que indicaria o grau da imediata apreensão do seu conteúdo; ao outro
grupo pediu-se para o narrar por palavras, tarefa requerendo uma
capacidade de compreensão conceptualmente mediada. Verificou-se
que os “atores” forneceram o significado da situação representada, ao
passo que os narradores enumeraram objetos separados.
(vi) – “A cigarra e a formiga”. Em francês no original.
(vii) – O exemplo dado por Vygotsky perde parte do seu impacto
em português, devido às diferentes relações entre os gêneros na
língua portuguesa e na língua russa.