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Bom, isso me levou a outra corrente de pensamento. Mas primeiro, deixa eu tentar
explicar nas melhores de minhas habilidades como funciona os dois hemisférios do
cérebro (provável que há kekões que podem explicar isso melhor): o hemisfério
esquerdo manifesta-se através do raciocínio e se expressa através da linguagem
oral, e o hemisfério direito, o faz através da emoção e se expressa apenas através
da linguagem visual (imagens ou/e desenhos). E ao observar os experimentos eu
comecei a olhar à religião de uma forma mais curiosa. E se a existência de mitos,
crênças, divinações e da própria religião, se dava pela dominância do lado direito
do cérebro sobre o esquerdo? Tal pensamento me veio a cabeça após ver um vídeo
acadêmico de um professor falando sobre sua experiência fazendo perguntas a um
paciente acordado com seu cérebro dividido, onde ao perguntar ao paciente se ele
acredita em Deus o lado direito respondeu que ''Sim'' e o esquerdo que ''Não''.
Curiosamente, nessa madrugada eu encontrei algo bem curioso enquanto eu via coisas
sobre consciência e tals, se chama Bicameralism (Bicameralismo ou Mente Bicameral),
uma ideia radical proposta no livro The Origin of Consciousness in the Breakdown of
the Bicameral Mind [A Origem da Consciência com o Colapso da Mente Bicameral),
escrito pelo psicólogo Julian Jaynes, onde ele argumenta que, antes desse uso oral
da escrita, as pessoas tinham a mente dividida em duas câmaras. Uma câmara dá
ordens e a outra câmara obedece. E isso de cara já me interessou bastante devido ao
uso da lateralização cerebral. Ao pesquisar mais percebi que há semelhanças ao
pensamento que o eu de 17 anos teve com nenhuma base científica e isso me
interessou pra caralho, então vou tentar deixar aqui umas informações sobre já que
pode interessar outros.
A diferença entre nós e pessoas pré-Era Axial é o gap entre as vozes alucinatórias
e a tomada de decisão. Não havia muita reflexão antes de realizar um comportamento.
Não havia introspecção. As pessoas só questionavam essas vozes e suas próprias
ações nos momentos de estresse, quando esse fluxo automático das coisas se rompia.
A capacidade de ouvir essas vozes internas e debater com elas racionalmente não
nasce pronta nos humanos. Pesar prós e contras cuidadosamente e tomar decisões
racionalmente é algo que se aprende. Pode-se dizer que o ser humano não nasce
racional, mas torna-se.
Julian Jaynes argumenta que em obras como Ilíada as pessoas pareciam ter mente
bicamerais. Por exemplo, Aquiles nunca pensava sobre si mesmo, nunca se engajava
num processo de introspecção. Eram sempre os deuses instruindo sobre suas ações. Do
mesmo jeito, no Antigo Testamento bíblico a voz de Javé ordenando coisas se parecia
muito com um processo de tomada de decisão rudimentar. Por exemplo, Javé fala para
Abraão sacrificar seu filho para provar sua fé. No meio do procedimento Javé diz
que o fato de Abraão ter concordado com o sacrifício já era suficiente prova. Isso
poderia muito bem ter sido o patriarca deliberando e tirando conclusões diferentes
sobre o que significariam suas próprias atitudes. Mas essas vozes alucinatórias em
sua cabeça não eram entendidas como pensamentos como as entendemos hoje. Era a voz
divina.
Quando tive a minha ideia não pensava que havia tido pessoas que tinham postado e
compactuado da mesma ideia, mas hoje eu descobri que há estudos já feitos sobre,
por mais que ainda seja apenas uma hipótese radical, pela falta de tecnologia, mas
tal assunto pode ser extremamente importante para o futuro da humanidade como um
todo e nos avanços nos estudos da mente, então, tentarei no futuro contatar a
organização pioneira nessa ideia (Julian Jaynes Society) e tentar dar mais impulso
a isso. Por sinal, deixarei de fora as evidências pq o fio já tá grande como a foda
então deixarei a mercê de quem se interessar a ir olhar, nesse segmento, o modo em
que eu pensei na época de tentar provar essa teoria seria analisar os fósseis que
temos, tentar fazer uma reconstrução virtual de como era um cérebro da época e
comparar com de diversos outros momentos da história, incluindo o momento atual e
comparar aos animais mais pertos de conscientes que temos e ver se há alguma
resposta nisso, não sei exatamente se é válido, mas enfim, concluo esse fio aqui
com uma pergunta a vocês que leram tudo isso.
"We're all hallucinating all the time, including right now. It's just that when we
agree about our hallucinations, we call that reality." - Anil Seth