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1ª TEMPORADA
Dizem que, num jogo, uma pessoa tem ou não tem o dom para jogar. Minha mãe
era uma das melhores. Eu, por outro lado...meio que sou uma porcaria."[...]". Não consigo
pensar em um motivo sequer do porquê que eu deveria ser uma cirurgiã, mas eu consigo
pensar em uns mil motivos para desistir. Eles dificultam tudo de propósito. Há vidas em
nossas mãos. Chega um momento que é mais do que um jogo e aí ou você dá um passo
pra frente, ou dá as costas e vai embora. Eu poderia desistir, mas aí é que tá: eu adoro o
campo onde eu jogo.
"É tudo uma questão de "linhas". A linha de chegada no fim da residência, a fila de
espera por uma chance na mesa de operações e, então, a linha mais importante: aquela
que separa você das pessoas com quem trabalha. O fato de ser conhecida não ajuda a
fazer amizades. Você precisa de fronteiras entre você e o resto do mundo. As outras
pessoas são muito confusas. É tudo uma questão de linhas. Desenhar linhas na areia e
rezar pra diabo que ninguém as cruzem."[...]".
Uma hora você têm que tomar uma decisão. As fronteiras não mantêm as pessoas
para fora; elas te prendem dentro de si. A vida é confusa mesmo, é assim que fomos
feitos. Então você pode desperdiçar sua vida desenhando linhas ou então você pode viver
cruzando-as. Mas há algumas que são perigosas demais para serem cruzadas. E aí vai o
que eu sei: se você estiver disposto a jogar a preocupação pela janela e se arriscar, a vista
do outro lado é espetacular."
“Nós passamos a viver na unidade cirúrgica. Sete dias por semana, 14 horas por
dia... Ficamos mais juntos do que separados. Depois de um tempo, as regras de uma
residência se tornam as regras da vida. Número um: sempre preste atenção ao placar.
Número dois: faça o possível para se sobressair ao cara ao lado. Número três: não faça
BY JÉSS AMORIM
amizade com o inimigo. E, claro, número quatro: Tudo, tudo mesmo, é uma competição.
Quem quer que tenha dito que ganhar não é tudo... Nunca segurou um bisturi na vida.”
“Se lembra de quando era pequeno e sua maior preocupação era, tipo, se você ia
ganhar uma bicicleta de aniversário ou se ia ter biscoito no café da manhã? Ser adulto?
Total superestimado! É sério, não se engane por aqueles lindos sapatos, ótimo sexo e a
falta dos seus pais te dizendo o que fazer. Ser adulto significa ser responsável.
Responsabilidade é realmente uma merda. De verdade mesmo. Adultos têm que estar em
certos locais e têm que ganhar a vida para pagar o aluguel. E se você estiver treinando
para ser cirurgião, pra segurar um coração humano nas mãos, hein? Isso que é
responsabilidade. Meio que faz bicicletas e biscoitos parecerem bom demais, né? A parte
mais assustadora da responsabilidade? Quando você fode tudo e a deixa escorrer por
entre seus dedos..."[...]"
Responsabilidade é realmente uma merda. Infelizmente, uma vez que você passa
da fase dos aparelhos e do primeiro sutiã, a responsabilidade não vai embora. Ou alguém
nos força a encará–la ou então sofremos com as conseqüências. E, ainda assim, ser
adulto tem seus pontos altos. E eu falei dos sapatos, do sexo e da falta dos seus pais te
dizendo o que fazer. Isso é muito, muito bom!."
BY JÉSS AMORIM
“Há uns duzentos anos atrás, Benjamin Franklin compartilhou o segredo de seu
sucesso com o mundo. Ele disse "nunca deixe para amanhã o que você pode fazer hoje".
Esse é o cara que descobriu a eletricidade. Então é normal achar que a maioria de nós iria
ouvir o que ele fala... Eu não tenho idéia porque a gente fica adiando as coisas, mas se eu
tivesse que chutar, diria que tem muito a ver com o medo. Medo do fracasso. Medo da dor.
Medo da rejeição. Às vezes, o medo é de apenas tomar uma decisão, porque e se você
estiver errado? E se você fizer um erro que não dá pra desfazer? Seja lá do que a gente
tem medo, uma coisa é sempre verdade: com o tempo, a dor de não ter tomado uma
atitude fica pior do que o medo de agir. Acaba parecendo que a gente está carregando um
tumor gigante. E, não, eu não estou falando metaforicamente. [...]
"Deus ajuda a quem cedo madruga"; "é melhor prevenir do que remediar". "Bobeou,
dançou". Não podemos fingir que nunca escutamos essas. Todos nós já ouvimos os
provérbios, os filósofos, os nossos avôs nos falando para não perdermos tempo, aqueles
poetas chatos clamando para gente "aproveitar o dia". Ainda assim, às vezes a gente tem
que pagar para ver. Temos que cometer nossos próprios erros. Temos que aprender
nossas próprias lições. Temos que varrer as possibilidades do hoje pra baixo do tapete do
amanhã até não podermos mais, até a gente compreenda por si só o que Benjamin
Franklin quis dizer. Que o saber é melhor que o ponderar, que o despertar é melhor que o
sonhar. E que mesmo a maior falha, mesmo o pior erro possível, é melhor do que nunca
tentar nada.”
“A todos aqueles que dizem que vão deixar para dormir mais quando morrerem:
venham falar comigo depois de uns meses como um residente. Claro, não é apenas o
trabalho que faz a gente varar a noite. Quer dizer, se a vida já é tão difícil, por que a gente
fica arranjando mais problemas pra gente? Que necessidade é essa de apertar o botão de
autodestruição? [...]
Talvez a gente goste da dor... Talvez sejamos feitos assim... Porque sem ela, sei
lá... talvez não a gente não se sentisse real... Como é aquele ditado? "Por que eu continuo
a me bater com um martelo?. É porque me sinto bem quando eu paro."
BY JÉSS AMORIM
“Sabe quando você era uma garotinha e acreditava em contos de fadas? Aquela
fantasia de como sua vida seria - o vestidinho branco, o Príncipe Encantado que iria te
carregar até o castelo. Você se deitava na cama à noite, fechava os olhos e acreditava
piamente em tudo. No Papai Noel, na Fada dos Dentes, no Príncipe Encantado - eles
estavam tão perto de você que dava para sentir o gostinho deles. Mas aí você cresce e um
dia você abre os olhos e o conto de fadas desaparece. A maioria das pessoas acabam
então se dedicando às coisas e às pessoas em que confiam. Mas o lance é que é difícil se
desprender totalmente de um conto de fadas porque quase todo mundo tem um tiquinho
de fé e esperança que uma dia eles vão abrir os olhos e tudo aquilo vai se tornar realidade.
[...]
Ao final de um dia, a fé se torna uma coisa engraçada. Ela aparece quando você
menos espera. É como se, um dia qualquer, você percebesse que o conto de fadas é um
pouco diferente do seu sonho. O castelo pode não ser bem um castelo. E que não é tão
importante ter um "felizes para sempre" e sim um "felizes nesse exato momento". E, uma
vez ou outra, as pessoas podem até de deixar sem fôlego..."
Segredos não podem ser escondidos na ciência. A medicina tem toda uma maneira
de expor mentiras. Dentro das paredes de um hospital, a verdade é sempre revelada. A
maneira que mantemos nossos segredos do lado de fora do hospital... bem, isso é um
pouco diferente. Uma coisa é certa: seja lá o que tentemos esconder, nós nunca estamos
prontos para o momento que a verdade é desnudada. Esse é o problema com os segredos
– assim como as tragédias, eles sempre vêm aos montes. Eles vão se empilhando até
tomar conta de tudo, até você não ter espaço para mais nada, até você estar tão cheia de
segredos que parece que você vai explodir. [...]
O que as pessoas se esquecem é o quanto é bom quando a gente se livra desses
segredos. Sejam bons ou maus, pelo menos eles foram liberados – quer gostemos ou não.
E uma vez que seus segredos foram escancarados, você não tem mais que se esconder
atrás deles. O problema com os segredos é que mesmo que você pense que está no
controle... você não está...
BY JÉSS AMORIM
2ª TEMPORADA
Para ser um bom cirurgião é preciso pensa como um cirurgião. Emoções são
complicada. Dobre-as, guarde-as e entre num aposento limpo e esterilizado, onde o
procedimento é simples: cortar, suturar e fechar. Mas às vezes, você se depara com um
corte que se recusa a sarar. Um corte que estoura os pontos e se abre todo.
Dizem que a prática faz o mestre. A teoria diz que, quando mais você pensa como um
cirurgião, mais você se torna um deles. Quanto mais conseguir permanecer neutra, clínico;
cortar, suturar, fechar é mais difícil se tornar não ser assim...parar de pensar como um
cirurgião...e lembrar o que é ser um ser humano.
Eu tinha uma tia que sempre que ia te servir alguma coisa para beber, dizia: ''Diz
quando.'' E nós, claro, nunca dizíamos. Não dizíamos ''chega'' porque há algo atraente nas
possibilidades de mais. Mais tequila. Mais amor. Mais qualquer coisa. Mais é melhor.
Há algo a ser dito sobre um copo cheio só pela metade. Sobre saber quando dizer ''basta''.
Acho que é um limite controlável. Um balômetro de necessidade e do desejo, isso compete
a cada um...e depende do que esteja sendo servido. Às vezes tudo que queremos é um
gole. Outras vezes, nada é suficiente. O copo não tem fundo...e tudo que queremos é
mais...
Cirurgiões são obcecados pelo controle, com um bisturi em suas mãos, você se
sente imbatível. Não há medo, não há dor. Você fica com 3 metros e à prova de bala. Mas
aí você sai da sala de operação, e toda aquela perfeição, todo aquele maravilhoso controle
vai por água abaixo. Ninguém gosta de perder o controle, mas para um cirurgião, não há
nada pior. É um sinal de fraqueza, de nao se estar à altura do cargo. Ainda assim, há
momentos em que tudo escapa ao seu controle. Quando o mundo para de girar e você se
dá conta de que o seu bisturi brilhante não irá salvá-lo. Não importa o quanto tente evitar,
você termina caindo. E é apavorante, exceto, se é que existe alguma coisa boa em cair,
pela chance que você dá aos seus amigos de te segurarem...
BY JÉSS AMORIM
A dor vem de várias formas, pode ser uma pontadinha meio dolorosa, dores
esparsas. As dores normais que tivemos no dia-dia e tem um tipo de dor que não se pode
ignorar, um nivel de dor tão alto que bloqueia todo resto e faz do mundo empodrecer até
que a gente só pode pensar no quanto doe, como lidamos com a dor é problema nosso.
Nós anestesiamos, superamos, abraçamos, ignoramos ou pra alguns o melhor jeito de
lidar com a dor é simplesmente ir levando...
Dor, só nos resta deixar lá, espera que ela passe sozinha, espera que a ferida que a
causou cicatrize, não existe soluções nem respostas fáceis.A gente só respira fundo e
espera que ela passe. Na maioria das vezes, a dor pode ser muito ruim, mas ás vezes, a
dor nos pega onde menos esperamos; muito abaixo da cintura e não para mais. Dor, só
nos resta suportar, porque a verdade é que não dá pra contornar e a vida doe cada vez
mais.
de surpresas porque nos cirugiões gostamos de saber de tudo, nós temos porque quando
não sabemos pessoas morrem e somos procesados.Então, o que eu estava querendo
dizer e eu queria dizer alguma coisa não tem nada a ver com surpresas, mortes, processos
e nem com cirurgiões.Eu quero dizer o seguinte: quem disse que o que os olhos não vêem,
o coração não sente era um verdadeiro bossal porque pra maioria das pessoas que eu
conheço, não saber é a pior situação do mundo.Esta bem, eu me rendo, talvez seja a
segunda pior.
Como cirurgiões, temos que saber tantas coisas, temos que dar conta de tudo,
temos que saber tratar os pacientes, temos que saber cuidar uns dos outros, com o tempo,
temos até que descobrir como cuidar de nós mesmos.Como cirurgiões, temos sempre que
saber, mas como seres humanos ás vezes é melhor ficarmos no escuro, porque no escuro
pode haver o medo, mas também há esperança.
A fim de ganhar créditos extras, a Sra. Snyder nos fez participar de todas as peças
teatrais. Sal Scafarillo era Romeu. E, como o destino assim quis, eu era a Julieta... A
BY JÉSS AMORIM
maioria das meninas ficaram verde de inveja. E eu nem aí. Eu falei pra Sra. Snyder que a
Julieta era uma idiota. Porque ela se apaixona por aquele cara que ela sabe que não pode
ter... Todo mundo acha isso tão romântico: Romeu e Julieta, amor verdadeiro... que triste.
Se Julieta foi burra o bastante para se apaixonar pelo inimigo, beber uma garrafa de
veneno e ir repousar num mausoléu, então ela teve o que merecia.
Talvez Romeu e Julieta estivessem destinados a ficarem juntos, mas só um
pouquinho, e então o tempo deles passou. Se eles soubessem disso antes, talvez tudo
tivesse terminado bem. Eu falei pra Sra. Snyder que quando eu crescesse, eu controlaria
meu próprio destino. Eu não ia deixar nenhum cara me arrastar com ele. A Sra. Snyder
então me disse que eu seria uma sortuda se eu tivesse esse tipo de paixão com alguém e
que, se eu tivesse, a gente ficaria junto pra sempre. E até hoje, eu acredito que na maior
parte do tempo, o amor é uma questão de escolhas. É questão de tirar os venenos e as
adagas da frente e criar o seu próprio final feliz... na maior parte do tempo. E às vezes,
apesar de todas suas melhores escolhas e intenções... o destino vence de qualquer forma.
Gratidão, apreciação, dar um "obrigado". Não interessa que palavras você use, elas
significam a mesma coisa. Felicidade. A gente deveria ser feliz. Gratos pelos amigos, pela
família. Feliz apenas de estarmos vivos. Quer gostemos disso ou não.
Talvez a gente não devesse ser feliz. Talvez gratidão não tenha nada a ver com
alegria. Talvez ser grato signifique reconhecer o que você tem pelo que é. Apreciar
pequenas vitórias. Admirar a luta que é para simplesmente ser humano. Talvez a gente
seja agradecido pelas coisas mais familiares que conhecemos. E talvez sejamos
agradecidos pelas coisas que nunca conheceremos. No final das contas, o fato de termos
coragem pra continuarmos firmes de pé é razão suficiente para celebrar.
Quando você era criança, era com os doces do Dia das Bruxas. Você escondia tudo
dos pais e comia até passar mal. Na faculdade, era o combo pesadíssimo da juventude:
tequila e... bem, você sabe. Como cirurgião, você aproveita o quanto puder das fases
boas, porque elas não aparecem o quanto elas deveriam. Porque as boas coisas não são
sempre o que aparentam. Muito de qualquer coisa, mesmo amor, nunca é uma coisa boa.
BY JÉSS AMORIM
E como você sabe que demais é demais? Cedo demais. Informação demais. Diversão
demais. Amor demais. Pedir demais... E quando tudo passa a ser coisa demais para se
aguentar?
A quarenta anos atrás, os Beatles fizeram uma simples pergunta pro mundo: eles
queriam saber de onde vinham as pessoas solitárias. Minha mais recente teoria é que a
maior parte das pessoas solitárias vem de um hospital. Mais precisamente, da ala cirúrgica
dos hospitais. Como cirurgiões, ignoramos nossas próprias necessidades, para que
possamos satisfazer a dos nossos pacientes. Ignoramos amigos famílias para que
possamos salvar os amigos e a família de outras pessoas. O que significa que, no final das
contas, você só pode contar consegue mesmo. E nada no mundo faz te sentir mais
solitário do que isso.
A quatrocentos anos atrás, outro bem-conhecido senhor britânico tinha uma opinião
sobre estar só. John Donne. Ele pensava que a gente nunca estava sozinho. Claro, que
essa afirmação é meio capciosa. Nenhum homem é inteiramente uma ilha. Tirando esse
papo de ilha, ele só quis dizer que tudo que qualquer um precisa é de alguém que dê um
passo a frente, fazendo a gente perceber que não estamos sozinhos. E quem disse que
esse alguém não pode ter quatro pernas? Alguém para brincar, correr por aí ou apenas
curtir juntos.
Graças ao calendário, temos novos começos todos os anos - apenas aguarde por
janeiro, nossa recompensa por sobrevivermos às festas de fim de ano é um Ano Novo.
Traga a grande tradição das resoluções de ano novo, deixe seu passado para trás e
comece de novo. É difícil de resistir à oportunidade de um novo começo, uma chance de
enterrar os problemas do ano passado.
Quem determina quando o velho acaba e o novo começa? Não é o calendário, não
é um aniversário, nem um ano novo - é um evento. Grande ou pequeno, mas algo que nos
mude, que de preferência nos dê esperanças, uma nova maneira de viver e de olhar para o
mundo, se desfazendo de velhos hábitos e memórias. O importante é nunca deixar de
acreditar que possamos ter um novo começo, mas também é importante lembrar que entre
toda a merda há algumas poucas coisas que valem a pena guardar com a gente.
Como doutores, somos treinados para ser céticos porque nossos pacientes mentem
o tempo todo para nós. A regra é que todo paciente é um mentiroso até se provar honesto.
Mentir é feio. Ou como aprendemos desde pequenos - a honestidade é a melhor política, a
verdade te libertará, eu cortei a cerejeira*, que seja. O fato é que mentir é uma
necessidade. A gente mente para si mesmo porque a verdade... a verdade doi pra
caramba.
Não importa o quanto a gente tente ignorar ou negar, mas mais cedo ou mais tarde
a mentira cai terra abaixo, gostemos ou não. Mas aqui vai a verdade sobre a verdade: ela
machuca. Então, a gente mente.
Em geral, as linhas estão lá por alguma razão: por segurança, para te dar clareza.
Se você escolher cruzar a linha, você sabe que o faz por sua própria conta e risco. Então o
que acontece? Quanto maior a linha, maior a tentação em cruzá-la?
A gente não consegue evitar. A gente Vê a linha, a gente quer cruzá-la. Talvez seja
a excitação em trocar o conhecido pelo desconhecido. Um tipo de ousadia pessoal. O
único problema é que uma vez que você a cruzou, é impossível voltar atrás. Mas se você
BY JÉSS AMORIM
por acaso conseguir voltar atrás daquela linha, você vai encontrar segurança nos
números*.
Após cuidadosa consideração e muitas noites insones, aí vai o que eu decidi: não
existe essa de "crescer". Nós continuamos em frente, nós caímos fora, nos distanciamos
de nossas famílias e formamos as nossas próprias. Mas as inseguranças básicas, os
medos básico e todos aqueles velhos machucados apenas crescem com a gente. E bem
quando pensamos que a vida e as circunstâncias nos forçaram a nos tornamos
verdadeiros adultos, sua mãe diz algo do tipo:
- Vou te dizer que aquele homem me faz ronrar como uma gatinha. Isso quando ele
não me faz rugir como uma tigresa. E meu marido me pergunta porque eu não ando mais
interessada nele.
Ou pior. Algo do tipo:
- Se ele tivesse colhões, ele pularia fora. Mas não, ele se faz de idiota. Ele tá
esperando que eu dê um pé na bunda dele. Eu chego em casa com uma chupada no meu
ombro. Uma chupada! Deus do Céu, é como se eu fosse uma adolescente louca por sexo.
BY JÉSS AMORIM
O que, verdade seja dita, é como eu tenho agido. E o que o Thatcher faz? Finge que não
vê nada.
A gente cresce, fica alto, mais velho... Mas, na maioria dos casos, a gente ainda é
um bando de crianças correndo no parquinho desesperados para entrar num grupo.
Ouvi falar que é possível crescer - eu só nunca conheci ninguém que realmente
tenha crescido. Sem pais para desafiar, a gente quebra as regras que estabelecemos pra
gente mesmo. Temos nossos chiliques quando as coisas não saem como planejamos. A
gente sussurra segredos com nossos amigos no escuro. A gente procura conforto onde
consegue achar. E esperamos, indo contra toda nossa lógica e experiência, como se
fôssemos crianças, que nós nunca desistimos da esperança.
OK, então, às vezes, até mesmo o melhor de nós toma decisões precipitadas. Más
decisões. Decisões que bem sabemos que vamos nos arrepender no momento, num
minuto e especialmente na manhã seguinte. Digo, talvez não se arrepender, arrepender
porque, pelo menos (você sabe) a gente deu a cara ao tapa. Mas... ainda assim... Alguma
coisa dentro da gente decide fazer uma coisa louca. Uma coisa que a gente sabe que
provavelmente vai se voltar contra nós e nos pegar desprevinidos. E a gente faz mesmo
assim. O que eu tô falando é... nós colhemos o que plantamos. Aqui se faz, aqui se paga.
É carma e, mesmo se você tentar amenizar... carma é um saco!
De uma maneira ou de outra, nosso carma nos faz encararmos a nós mesmos. Nós
podemos encarar nosso carma nos olhos ou a gente pode esperar que ele venha
sorrateiramente e nos pegue de surpresa. De uma maneira ou de outra, nosso carma
sempre vai nos achar. E a verdade é que, como cirurgiões, temos mais chance que a
maioria para fazer a balança pesar em nosso favor. Não adianta tentar, que não
escaparemos de nosso carma. Segue a gente até em casa. Eu acho que a gente não pode
ficar reclamando do nosso carma. Não é que não seja justo. Nem é inesperado. Apenas...
balanceia as coisas. E mesmo quando a gente tá pra fazer algo que sabemos que vai
tentar o carma a nos pegar de surpresa... bem, nem preciso dizer... a gente faz mesmo
assim.
Como médicos, os pacientes sempre estão nos falando como eles fariam os nossos
trabalhos. Apenas dê um pontinho, cola um band-aid aí e me manda pra casa. É fácil
sugerir uma solução rápida quando você não sabe muito do problema ou quando você não
entende a causa ou o quão fundo o machucado é. O primeiro passo para uma cura real é
saber exatamente que doença é pra começar. Mas isso não é o que as pessoas querem
ouvir. A gente tem que esquecer o passado que nos trouxe até aqui, ignorar as futuras
complicações que possam aparecer e fazer apenas o conserto rápido.
Como doutores, como amigos, como seres humanos, todos tentamos fazer o melhor
possível. Mas o mundo é cheio de reviravoltas inesperadas. E bem quando você acha que
sabe onde está pisando, o chão sob você muda. Se você for sortudo, você vai terminar
com nada mais do que um machucadinho superficial, algo que um band-aid dá conta. Mas
algumas feridas são mais profundas do que aparentam e precisam mais do que um
conserto rápido. Com algumas feridas, você tem que arrancar o band-aid, deixá-las
respirarem e dar tempo para que elas sarem.
O campus da minha faculdade tem uma estátua mágica. É uma tradição antiga que
os estudantes esfreguem o nariz dela para terem sorte. Minha companheira de quarto
novata do primeiro ano acreditava no poder da estátua e insistia em visitá-la, para esfregar
o nariz dela antes de todas as provas. Estudar teria sido uma idéia melhor - ela bombou no
segundo ano. O fato é que todos temos nossas superstições, nossas coisinhas que
fazemos. Se não é acreditar em estátuas mágicas, é evitar pisar nas rachaduras das
calçadas ou evitar calçar o pé esquerdo primeiro. Bata na madeira. Pise na rachadura e
sua mãe quebra as costas [*]. A última coisa que queremos fazer é ofender os deuses.
A superstição fica naquele ponto entre o que conseguimos e o que não
conseguimos controlar. Encontre uma moedinha, pegue-a e você terá sorte o dia inteiro.
Ninguém quer deixar passar uma chance de ter boa sorte. Mas será que pedir sorte 33
vezes realmente ajuda? Tem alguém ouvindo? E se ninguém tá ouvindo, por que a gente
se incomoda em fazer essas coisas estranhas? Nós nos apoiamos em superstições porque
somos espertos o suficiente para saber que não temos todas as respostas. E que a vida
funciona de maneiras misteriosas. Não negue o juju, não importa de onde ele vier [**].
A chave pra ser um residente de sucesso é aquilo que abrimos mão: dormir, amigos,
uma vida normal. Nós sacrificamos tudo por um momento espetacular: aquele momento
quando você pode legalmente se denominar um cirurgião. Há dias que fazem esses
sacrifícios valerem a pena. Mas há dias em que tudo parece um sacrifício. E então há os
sacrifícios que você sequer consegue entender porque os faz.
"Um homem sábio uma vez disse: "você pode ter tudo na vida se estiver disposto a
sacrificar todo o restante para isso". O que ele quis dizer é que tudo tem seu preço. Então
antes de entrar numa batalha, é melhor você decidir o quanto você está disposto a perder.
Muitas vezes, ir atrás daquilo que faz a gente se sentir bem significa abrir mão do que você
sabe que é certo. E deixar uma pessoa entrar significa abandonar a muralha que você
passou uma vida inteira erguendo. É claro que os sacrifícios mais pesados são aqueles
que aparecem de repente. Quando não temos tempo de pensar em uma estratégia para
escolher lados… ou para avaliarmos a perda em potencial. Quando isto acontece, quando
a batalha nos escolhe, e não o contrário, é quando o sacrifício pode acabar sendo maior do
que conseguimos aguentar."
"Todos nós vivemos a vida como touros soltos em uma loja de porcelana... Uma
lasca aqui, uma rachadura ali. Causando dano a nós mesmos, aos outros. O problema é
tentar descobrir como controlar o dano que causamos ou aquele que foi causado a nós. Às
vezes, ele nos pega de surpresa. Às vezes, pensamos poder consertá-lo. E as vezes, o
dano é algo que sequer conseguimos ver.
Estamos todos danificados, ao que parece. Alguns de nós, mais que outros.
Carregamos o dano desde a infância e então, já adultos, causamos tanto quanto
recebemos. Definitivamente, tudo que fazemos é causar dano. Aí então, começamos o
negócio de consertar tudo o que pudermos..."
Então o que torna a ira diferente dos outros seis pecados capitais? É bem simples
na verdade: se entregue a um pecado como inveja ou orgulho e você só machuca a si
mesmo. Experimente luxúria ou ganância e você machuca a si mesmo e mais uma ou
duas pessoas. Mas a ira... Ira é a pior. A mãe de todos os pecados. A ira pode levar não
somente você até o limite, mas também um número terrível de pessoas junto consigo.
3ª TEMPORADA
"Primeiro: não cause mal(*). Como doutores, temos que viver segundo esse
juramento. Mas então o mal acontece e, então, a culpa acontece. Não há juramento sobre
como lidar com isso. E a culpa nunca anda desacompanhada - ela sempre traz suas
amigas dúvida e insegurança junto. [...]
Primeiro: não cause mal. Mais fácil falar do que fazer. Nós podemos fazer todos os
juramentos do mundo mas a real é que a maioria de nós causa mal o tempo todo. Às
vezes, mesmo quando tentamos ajudar, nós causamos mais mal do que bem. E então a
culpa mostra sua cara feia. Não nos sobra muita escolha: ou você deixa a culpa te jogar de
volta ao comportamento que justamente te encrencou ou então você aprende com ela e
faz o melhor para seguir em frente. "
BY JÉSS AMORIM
"Pra ter sucesso - real sucesso - como um cirurgião, a gente tem que ter um
comprometimento de corpo-e-alma. A gente tem que ter a vontade de pegar aquele bisturi
e fazer um corte que pode ou não fazer mais mal do que bem. É uma questão de
comprometimento porque, se não o tivermos, não temos nem que pegar no bisturi pra
início de conversa. [...]
Tem vezes que até mesmo o melhor entre nós tem problemas com compromissos.
E a gente pode até ficar surpreso com os compromissos que a gente tem vontade de fugir.
Compromissos são complicados. Podemos até nos surpreender com os compromissos que
queremos. O verdadeiro compromisso requer esforço e sacrifício. O que, às vezes, é a
razão da gente ter que aprender da pior maneira a ter cuidado na hora de escolhê-los."
Como cirurgiões, somos treinados para procurar por doenças. As vezes, o problema
é facilmente detectado, e na maioria das vezes, temos que dar um passo de cada vez.
Primeiro, explorando a superficie, procurando por algum sinal de encrenca. Na maioria das
vezes, não podemos dizer o que há de errado com uma pessoa somente olhando para ela.
Porque, elas podem parecer perfeitamente bem exteriormente, ao passo que seu interior
mostram uma história totalmente diferente.
Nem todas as feridas são superficiais. A maioria delas corre mais profundamente do
que você imagina. Você não pode vê-las a olho nu. E então há asa feridas que nos pegam
de surpresa. O truque com qualquer tipo de ferida ou doença é cavar fundo, e procurar
pela verdadeira fonte de dor - e uma vez que você a encontrou... tente infernalmente curar
a desgraçada!
"Muitas pessoas não sabem que o olho humano tem um ponto cego em seu campo
de visão. Há uma parte do mundo a qual somos literalmente cegos. O problema é que às
vezes os nossos pontos cegos nos protege de coisas que realmente não deveriam ser
ignoradas. Às vezes nossos pontos cegos mantêm nossas vidas claras e brilhantes. [...]
Pensando sobre os pontos cegos, talvez os nossos cérebros não estejam
compensando... Talvez eles estejam nos protegendo."
BY JÉSS AMORIM
"Ao final do dia, quando tudo termina, tudo que a gente mais quer é estar perto de
alguém. Então essa coisa onde a gente mantém distância e finge não importar com os
outros é geralmente besteirada. Então nós escolhemos aqueles que queremos permanecer
próximos e, uma vez que escolhemos tais pessoas, tendemos a manter contato. Não
importa o quanto machuquemos elas - as pessoas que ainda estão contigo ao final do dia,
estas são aquelas que vale a pena manter. E, claro, às vezes próximo pode ser próximo
demais. Mas, às vezes, aquela invasão de espaço pessoal pode ser exatamente aquilo
que você precisa."
Alex: (para Cristina, sobre Burke) Então vocês estão juntos mas não falam um com
o outro. Queria eu achar uma mulher assim.
Izzie: (para Bailey) Eu sou as duas coisas. (pausa) Eu sou uma cirurgiã e eu sou
uma pessoa que se envolve pessoalmente. Eu nunca mais vou cruzar a linha como eu fiz
com Denny. Aprendi minha lição. Mas eu ainda sou as duas coisas e eu não vou desistir
de nenhum pedaço de mim. E eu não vou me desculpar por isso.
Ninguém acredita que sua vida vai se tornar somente "okay". Todos achamos que
seremos grandes. E a partir do dia que decidimos ser cirurgiões, nos enchemos de
expectativas. Expectativas que os caminhos irão se iluminar, as pessoas irão ajudar, a
diferença será feita. Grandes expectativas de quem seremos, onde iremos. E então
chegamos lá.
Todos nós achamos que seremos grandes e nos sentimos um pouco roubados
quando nossas expectativas não são alcançadas. Mas as vezes as nossas expectativas
nos mostram que nos subestimamos. As vezes, o esperado simplesmente parece pálido
em comparação com o inesperado. Você passa a se perguntar porque se apegou a suas
expectativas, porque o esperado é o que nos mantém firmes. De pé. Tranquilos. O
esperado é somente o começo, o inesperado é o que muda nossas vidas.
"Como cirurgiões, vivemos num mundo de piores casos possíveis. Nós nos
podamos de esperar o melhor porque muitas vezes o melhor não acontece. Mas às vezes
algo extraordinário acontece e, de repente, os melhores casos parecem possíveis. E, às
vezes, algo maravilhoso acontece e, contra o nosso mais lúcido juízo, a gente começa a
ter esperança.
Como doutores, somos treinados para dar apenas os fatos a nossos pacientes. Mas
o que nossos pacientes realmente querem saber é: "será que a dor vai embora? Eu vou
me sentir melhor? Eu tô curado?" O que nossos pacientes realmente querem saber é: há
esperança? Mas, inevitavelmente, há vezes que você se encontra no pior caso possível.
BY JÉSS AMORIM
Quando o corpo do paciente o trai e tudo o que a ciência pode oferecer falha. Quando o
pior caso possível se torna realidade, nos dependurar na esperança é tudo que nos resta."
"Cirurgiões sempre têm um plano: onde cortar, onde grampear, onde costurar...
Mas, mesmo com os melhores planos, complicações podem acontecer. E, de repente,
você é pego com as calças na mão.
O lance com os planos é que eles não levam em conta o inesperado. Então, quando
nos arremessam uma bola curva para rebatermos - seja numa sala de operações ou na
vida - nós temos que improvisar. Claro, alguns de nós são melhores que os outros. Já
alguns de nós têm que partir pro plano B e fazê-lo dar certo. E, às vezes, o que queremos
é exatamente que precisamos. Mas às vezes... às vezes, o que precisamos é de um novo
plano."
"A história de um paciente é tão importante quanto os sintomas. Nos ajuda a decidir
se uma queimação no coração é um infarte... se uma dor de cabeça é um tumor. Às vezes
os pacientes tentan re-escrever suas próprias histórias. Eles afirmam que não fumam, ou
esquecem de mencionar certas drogas... o que numa cirurgia pode ser o beijo da morte.
Podemos ignorar tudo isso que queremos, mas nossas histórias sempre voltam para nos
buscar.
"Algumas pessoas acreditam que, sem história, nossas vidas se resumem em nada.
Em algum momento, temos que escolher: regredimos ao conhecido, ou damos um passo a
BY JÉSS AMORIM
frente a algo novo? É difícil não ser caçado pelo nosso passado. Nossa história é o que
nos dá forma... o que nos guia. Ela ressurge de tempo em tempo. Então, temos que
lembrar que às vezes, a história mais importante é a que estamos fazendo hoje."
"Como residentes, a gente sabe o que quer: nos tornarmos cirurgiões. E nós
fazeremos de tudo para chegar lá. Sofrer o cão com provas dificílimas, fazer jornadas
semanais de cem horas, ficar em pé por infinitas horas nas salas de operações... pode
falar qualquer coisa que a gente vai fazer!
Na maior parte das vezes, aquilo que você mais quer é aquela coisa que você não
pode ter. O desejo nos parte o coração, nos esgota. O desejo pode ferrar com tua vida. E
por mais duro que seja querer muito uma coisa, as pessoas que sofrem mais são aquelas
que sequer sabem o que querem."
"O aprendizado de um cirurgião nunca acaba. Todo paciente, todo sintoma, toda
operação... é um teste. Uma chance nossa para demonstrar o quanto aprendemos. E
quanto ainda temos que aprender."
BY JÉSS AMORIM
Izzie: Ouça, nós cometemos um erro. Fizemos sexo. Mas foi só isso que foi. Nós
dois queríamos que significasse algo mais porque... você não queria se sentir como aquele
cara que trai a esposa. E eu não queria a sensação de ser essa garota que te coloca
nessa posição. Mas a verdade é que não significou nada. Sei que acha que tenho
sentimentos românticos por você, mas não tenho. Portanto, pode ficar. Você não vai sair
do programa!
4ª TEMPORADA
"Mudança... Nós não gostamos dela. Nós a tememos. Mas não conseguimos evitá-
la. Ou nos adaptamos e mudamos, ou somos deixados para trás. Dói crescer. Qualquer
um que te disser que não, está mentindo. Mas aqui vai a verdade: às vezes, quanto mais
as coisas mudam, mais elas permanecem as mesmas... E às vezes... oh, às vezes a
mudança é boa... Às vezes a mudança... é tudo."
4x02 - Love/Addiction
"No hospital, vemos vícios todos os dias. É chocante perceber quantos tipos de
vícios existem. Seria muito fácil se fossem apenas drogas, bebidas e cigarros. Eu acho que
a parte mais difícil de querer largar o vício é realmente querer largá-lo. Digo isso, porque a
gente se vicia por um motivo, certo? Às vezes (muitas vezes), as coisas começam como
uma parte normal de sua vida até que uma hora cruza a linha e se torna obsessiva,
compulsiva, fora de controle. É o barato que nós procuramos, o barato que faz todo o resto
sumir."
"O lance sobre o vício é que ele nunca termina bem porque, com o tempo, o que
quer que deixava a gente no barato para de fazer nos sentirmos bem e começa a
machucar. Ainda assim, dizem que você não larga o vício até chegar no fundo do poço.
Mas como saber que você tá lá? Porque não importa o quanto algo nos machuca... às
vezes se livrar dela dói mais ainda."
"Doutores dão um monte de coisas a seus pacientes. Nós lhe damos remédios, lhe
damos conselhos e, na maior parte do tempo, lhe damos nossa atenção incondicional.
Mas, de longe, a coisa mais difícil que você pode dar pra um paciente é a verdade. A
verdade é dura. A verdade é desagradável e, muitas vezes, ela machuca. Digo, as
pessoas acham que querem a verdade. Mas será que elas realmente querem?"
"A verdade é dolorosa. Lá no fundo, ninguém quer escutá-la, especialmente quando
ela toca numa ferida. Às vezes, falamos a verdade porque ela é tudo que podemos dar. Às
vezes nós falamos a verdade porque a gente precisa ouví-la em voz alta, para a
escutarmos por nós mesmos. E às vezes falamos a verdade porque simplemente não
conseguimos evitar. Às vezes, nós falamos verdades porque é o mínimo que devemos a
elas."
BY JÉSS AMORIM
“Na vida só há uma coisa certa, além da morte e do imposto de renda: Não importa
o quanto você tente, não importa quão sejam boas suas intenções, você vai cometer erros.
Vai magoar pessoas. E será magoado. E se quiser se recuperar,só há uma coisa a dizer...
Perdoe e esqueça. É o que todos dizem. É um bom conselho, mas não é muito
prático. Quando algué nos magoa, queremos magoá-la devolta, queremos feri-los. Quando
alguém nos engana, queremos ter razão. Sem perdão, velhas rixas nunca serão
resolvidas. Velhas feridas nunca cicatrizam. E o máximo que podemos esperar é que um
dia tenhamos a boa sorte de esquecer"
"Há uma razão pela qual cirurgiões aprendem a manejar bisturis. Gostamos que
fingir que somos durões, frios cientistas. Gostamos de fingir que não temos medo. Mas a
verdade é que nos tornamos cirurgiões porque em algum lugar bem fundo dentro de nós
achamos que podemos cortar o que nos persegue. Fraqueza, fragilidade, morte."
"Não acontece só com cirurgiões. Eu não conheço ninguém que não seja
assombrado por algo... ou alguém. E mesmo se tentarmos cortar a dor com um bisturi ou
enfiá-la no fundo do armário... os nossos esforços costumam ser em vão. Então só
conseguimos limpar nossas teias de aranha virando uma nova página ou colocando uma
história de lado - de lado, de uma vez por todas."
"Tem essa coisa em ser cirurgião. Talvez seja orgulho ou talvez seja apenas sobre
ser durão. Mas um verdadeiro cirurgião nunca admite precisar de ajuda até ser
absolutamente necessário. Cirurgiões não pedem ajuda porque eles são mais durões do
que isso. Eles são cowboys. Rudes e grosseirões. Casca-grossas. Pelo menos é o que
eles querem que vocês pensem.
No fundo, todo mundo quer acreditar que pode ser casca-grossa. Mas ser casca-
grossa não é ser apenas durão - tem a ver com aceitação. Às vezes você tem que se dar o
direito de não ser casca-grossa uma vez na vida. Você não tem que ser durão a cada
minuto de cada dia. Não faz mal baixar a guarda. Na verdade, há momentos que essa é a
BY JÉSS AMORIM
melhor coisa que você pode fazer - contanto que você escolha esses momentos
sabiamente."
"Antes de ser doutores, a gente era estudante de medicina, o que significava que a
gente passava um tempão estudando química. Química orgânica, bio-química... a gente
aprendia de tudo. Mas quando se fala de química humana, só uma coisa importa: ou você
tem ou você não tem.
Química, ou você tem, ou você não tem."
"A gente escolhe medicina porque quer salvar vidas. A gente escolhe medicina
porque quer fazer o bem. A gente escolhe medicina pela correria... pelo barato... pela
viagem. Mas o que a gente se recorda ao final da maioria dos dias são as perdas. O que
nos faz ficarmos acordado a noite, revivendo, é a dor que causamos ou que não
conseguimos curar. As vidas que arruinamos ou não conseguimos salvar. Então a
experiência de praticar medicina raramente alcança seus objetivos. A experiência, muitas
vezes, dá merda e sai toda ao avesso."
"Em alguns dias, o mundo parece estar todo do avesso. E então de alguma
maneira... improvável e quando você menos espera... o mundo se endireita novamente."
BY JÉSS AMORIM
"No início, Deus criou o céu e a terra, pelo menos é o que dizem. Ele criou as aves
do céu, e as criaturas da terra, então Ele olhou para sua criação e viu que aquilo era bom.
E então Deus criou o homem, e as coisas começaram a desandar desde então. A história
fala também que Deus criou o homem à Sua imagem, mas não temos muitas provas disto.
No fim das contas, Deus criou o Sol, a Lua e as estrelas e homem só cria problemas. E
quando o homem se vê em problemas, o que ocorre na maioria do tempo, ele se volta para
algo maior que ele. Amor, fé, ou religião para que tudo faça sentido. Mas para um
cirurgião, a única coisa que faz algum sentido é a medicina.
Como médicos, hoje sabemos mais sobre o corpo humano do que qualquer período
de nossa história. Mas o milagre da vida mesmo - o porquê das pessoas viverem e
morrerem, o porque delas machucarem ou serem machucadas - ainda é um mistério.
Queremos saber a razão, o segredo, a resposta atrás do livro... Porque o pensamento de
nós aqui sozinhos, é demais para suportarmos. Mas no final do dia, o fato de nos
mostrarmos uns aos outros, apesar de nossas diferenças, não importando o que
acreditamos, é razão suficiente para continuar acreditando."
"Grandes cirurgiões não são feitos. Eles são paridos. É necessário gestação,
incubação, sacrifício. Muito sacrifício. Mas depois que aquele tanto de sangue, entranhas e
coisas pegajosas são lavados... o cirurgião que você se tornou? Valeu muito a pena!"
"Dar à luz pode ser intenso, mágico e tal, mas o ato em si não é exatamente
agradável. Mas também é o início de algo incrível, algo novo, algo imprevisível, algo
verdadeiro, algo que vale amar, algo que vale a pena sentir saudades, algo que vai mudar
sua vida... para sempre."
Tem essa pessoa na minha cabeça. Ela é brilhante, capacitada, pode fazer drenos
torácicos e craniotomias, correr pra um código azul sem surtar. Ela é realmente uma boa
cirurgiã, talvez até mesmo uma ótima cirurgiã. Ela sou eu. Só que muito melhor.
Foi um dia bom, talvez até um dia ótimo. Fui uma boa médica mesmo quando foi
difícil. Eu era a eu da minha cabeça. Houve um momento em que pensei "eu não consigo
fazer isso, não consigo fazer isso sozinha". Mas fechei meus olhos e me imaginei fazendo
aquilo. E eu fiz. Bloqueei o medo. E eu fiz. Foi realmente um bom dia.
O problema em ser residente é que... você se sente louco o tempo todo. Como se
não dormisse há anos. Você passa todos os dias cercada por pessoas em crises imensas.
Você perde a habilidade de julgar o que é normal... em você ou em qualquer outra pessoa.
Mesmo assim, as pessoas constantemente te pedem para contar como você está. Mas
com que diabos você vai saber? Você mesmo não sabe como está!
Não se pergunte o porquê das pessoas enlouquecerem. Se pergunte por que não
enlouquecem. Face a tudo que podemos perder num dia... num instante... se pergunte que
diabos é isso... que nos faz manter a razão.
"Minha mãe costumava dizer que, pra um cirurgião, um dia sem morte é um
presente raro. Todo dia encontramos a morte. Todo dia perdemos vida. E todo dias
BY JÉSS AMORIM
5ª TEMPORADA
"Como cirurgiões, somos treinados para consertar o que está quebrado.O Ponto de
ruptura é nossa linha de partida no trabalho.Mas em nossas vidas o ponto de ruptura é um
sinal de fraqueza.E faremos tudo para evita-lo."
"Ossos se quebram, órgãos se rompem, a pele se rasga.Podemos costurar a pele,
reparar os danos, diminuir a dor. Mas quando a vida sucumbe, quando nós sucumbimos...
Não há ciência, nem regras fortes e rápidas. Apenas temos que superar.E para um
cirurgião, não existe nada pior. E nada melhor."
Daí nasceu a cirurgia. È preciso ser meio maluco para ter a idéia de furar um crânio
humano. Mas cirurgiões sempre foram um povo confiante. Geralmente sabemos o que
estamos fazendo. E quando não sabemos, ainda fingimos que sim. Entramos com
coragem em território inexplorado, fincamos uma bandeira e passamos a dar ordem nas
pessoas. É revigorante e assustador.”
“Gostamos de pensar que somos destemidos. Ansiosos à explorar terras
desconhecidas e ter novas experiências. Mas na verdade, estamos sempre amedrontados.
Talvez o medo seja parte da atração. Algumas pessoas assistem filme de terror, nós
cortamos. Mergulhamos em águas escuras. E no final do dia não é o que você prefere
ouvir? Se você tem uma bebida, um amigo e 45 minutos... Viagens calmas dão histórias
chatas. Um pouco de calamidade, disso vale a pena falar."
"Sou uma pedra... Sou uma ilha... Esse é o mantra de quase todo cirurgião que já
conheci. Gostamos de pensar que somos independentes. Solitários. Dissidentes. Que tudo
que precisamos para fazer nosso trabalho é uma S.O., um bisturi e um corpo. Mas a
verdade é que nem o melhor consegue sozinho. A cirurgia, como a vida, é um esporte de
equipe. Eventualmente, você tem que levantar do banco e decidir: em que time você
joga?"
"O problema de escolher times na vida real é que não tem nada a ver com a escolha
da aula de ginástica. Ser a primeira escolha pode ser aterrorizante. E ser escolhido por
último... não é a pior coisa do mundo. Então assistimos da lateral do campo. Apegados ao
nosso isolamento. Pois sabemos que assim que saímos do banco... Alguém chega e muda
o jogo completamente."
E algumas guerras ... acabam em esperança. Mas todas essas guerras não são
nada comparadas com a guerra mais assustadora de todas aquelas que você ainda tem de
lutar.
''Se você é uma pessoa normal, uma das únicas coisas que pode contar na vida é a
morte. Mas se é um cirurgião... até esse conforto é tirado de você. Cirurgiões enganam a
morte. Prolongamos e negamos. Nos impomos e audaciosamente damos dedo para a
morte.''
''Nascemos, vivemos, morremos. Às vezes, não necessariamente nessa ordem.
Colocamos as coisas para descansar apenas para ressuscitá-las de novo. Então se a
morte não é o fim, no que ainda podemos contar? Porque não dá para contar com nada na
vida. Vida é a coisa mais frágil, instável e imprevisível que existe. Na verdade, só temos
certeza de uma coisa na vida: não está acabado até que seja acabado.''
"É intenso o que acontece na sala de cirurgia. Quando vidas estão em jogo...e você
está enfiando o dedo em cérebros como se eles fossem massa de modelar. Você cria
laços com os cirurgiões que estão próximos...um inquebrável e indescritível laço. É
assustador estar amarrado desse jeito...você goste disso ou não, você goste deles ou não
você se torna família."
"Os laços que nos unem as vezes são impossíveis de explicar. Eles nos conectam
até mesmo quando os laços deveriam ser quebrados. Alguns laços desafiam a distância...e
tempo...e lógica...Porque alguns laços são simplesmente...o que eles são."
sabemos como conseguir. Mas, uma vez que enfretamos os nossos demônios...os nossos
medos. E pedimos ajuda uns aos outros...A noite não é tão assustadora assim
porque...Nós percebemos que não estamos totalmente sozinhos na escuridão."
"Minha mãe costumava dizer que na residência, leva um ano pra aprender a
cortar...e uma vida pra desaprender. De todas as ferramentas na bandeja, o julgamento é o
mais traiçoeiro. E, sem ele, somos crianças correndo com bisturis nas mãos."
"Somos humanos. Cometemos erros. Nos substimamos. Dizemos que está errado.
Mas quando um cirurgião faz uma escolha ruim,não e tão simples. Pessoas se machucam,
sagram...Então nos esforçamos sobre todos os pontos. Agonizamos... sobre cada sutura.
Porque decissões apressadas, aquelas que vem facéis e rápidas, sem hesitação...São as
que nos perseguem para sempre."
Denny: "Acredito no Paraíso...e também no Inferno. Nunca vi nenhum dos dois mas,
acredito que existam. Têm que existir. Porque sem um Paraíso, sem Inferno, estamos
todos destinados ao limbo."
BY JÉSS AMORIM
“A história de cada paciente começa do mesmo jeito... Começa com eles estando
bem. Começa no antes. Eles se apegam a esse momento, a essa lembrança de se sentir
bem, o antes...
Como se falar pudesse traze-lo de volta.
Mas eles não percebem que o fato de estarem falando sobre isso para nós, seus
médicos... significa... que não há volta.
Quando eles vêm até nós... já estão no depois...
E ao passo que a história de cada paciente começa do mesmo jeito...
Como ela termina depende de nós, de como diagnosticamos e tratamos.
Sabemos que a história depende de nós... E todos nós queremos ser heróis.”
BY JÉSS AMORIM
"Acontece uma coisa quando as pessoas descobrem que somos médicos, elas
param de nos ver como uma pessoa e passam a nos ver como algo maior do que somos.
Elas têm de nos ver assim, como deuses, caso contrário seremos como qualquer outra
pessoa. Inseguros, imperfeitos, normais...
Então fingimos ser fortes, permanecemos estóicos, escondendo o fato de que
somos todos humanos demais.
Os pacientes nos veem como deuses, ou nos veem como monstros. Mas a verdade
é que somos apenas gente.
Nós fracassamos...nós perdemos. Até o melhor de nós têm o seu dia ruim. Mesmo
assim seguimos em frente. Não descansamos sobre os louros ou comemoramos as vidas
que salvamos no passado. Sempre haverá outro paciente que precisa de nossa ajuda.
Então nos esforçamos a continuar tentando, continuar aprendendo na esperança de, talvez
um novo jogo. Um dia chegaremos mais pertos de sermos os deuses que os pacientes
precisam que sejamos."
“Talvez por encararmos a morte todo dia, somos forçados a saber que a vida, a
cada minuto, pega tempo emprestado. E cada pessoa que passamos a gostar é apenas
mais uma perda no caminho.”
“Não importa se somos fortes, traumas sempre deixam uma cicatriz. Seguem–nos
até nossas casas, mudam nossas vidas. Traumas derrubam a todos, mas talvez essa seja
a razão. Toda a dor, o medo, as idiotices. Talvez viver isso é que nos faz seguir adiante, é
o que nos impulsiona. Talvez precisamos cair um pouco para levantar novamente.”
“Claro que desculpas nem sempre consertam as coisas. Talvez porque usamos
demais e de diferentes formas, como uma amar, como fuga. Mas quando realmente
estamos arrependidos, quando tentamos consertar, quando realmente queremos e quando
consertamos, desculpar é perfeito. Quando fazemos certo, se desculpar é se redimir.”
“Não dá para saber qual dia será o mais importante da sua vida. Os dias que você
pensa serem importantes nunca atingem a proporção imaginada. São os dias normais, os
que começam normalmente que acabam se tornando os mais importantes.”
“Passamos toda a vida nos preocupando com o futuro. Fazendo planos para o
futuro. Tentando prever o futuro. Como se desvendá–lo fosse aliviar o impacto. Mas o
futuro está sempre mudando. O futuro é o lar dos nossos medos mais profundos e das
nossas maiores esperanças. Mas uma coisa é certa: quando ele finalmente se revela, o
futuro nunca é como imaginamos.”
“Você disse? Eu te amo. Eu não quero viver sem você. Você mudou a minha vida.
Você disse? Faça um plano, tenha um objetivo. Trabalhe para alcançá–los, mas de vez em
quando, olhe ao seu redor e aproveite, porque é isso. Tudo pode acabar amanhã.”
6ª TEMPORADA
De acordo com Elizabeth Kubler Ross, quando sofremos uma perda catastrófica ou
chegamos ao ponto mais fundo do poço, todos nós passamos pelas cinco fases de luto.
Nós entramos em negação porque o tormento é tão inimaginável que não conseguimos
tomá-lo como verdadeiro. Temos raiva de todos, raiva de nós mesmos. Então nós
barganhamos. Nós pleiteamos. Nós oferecemos tudo que temos em troca de mais uma
chance. Quando a barganha falha e fica difícil demais sustentar a raiva, caímos em
depressão, desespero, sentindo-nos desesperançosos. Até que finalmente percebemos
que fizemos tudo que podíamos. Nós desistimos e então passamos à aceitação.
Na faculdade de medicina, temos centenas de aulas que nos ensinam a como combater a
morte...e nenhuma que nos ensine como continuar vivendo.
O dicionário define luto como um sofrimento mental intenso ou estresse por aflição
ou perda; lamento agudo; arrependimento doloroso. Como cirurgiões, como cientistas,
somos ensinados a aprendermos e confiarmos em livros - em definições, em definitivos.
Mas na vida, definições exatas raramente se aplicam. Na vida, o luto pode parecer um
monte de coisas que pouco se assemelham com lamento agudo.
Lexie: Luto pode ser algo que todos nós tenhamos em comum, mas ele aparece
diferente em cada um.
Mark: E não só ficamos de luto por morte. Também pela vida. Pela perda. Pela
mudança.
Alex: E quando refletimos porque é tem que ser tão ruim às vezes, porque tem que
doer tanto... o que temos que manter em mente é que isso pode mudar a qualquer hora.
Izzie: É assim que você se mantém vivo. Quando dói a ponto de não dar pra
respirar, é assim que você sobrevive.
Derek: Ao se lembrar que, de alguma maneira que seria impossível, você não se
sentirá assim. Não vai doer tanto.
Bailey: O luto chega em seu próprio tempo para todos, à sua própria maneira.
Owen: Então o melhor que podemos fazer - o que qualquer de um pode fazer - é
vivenciá-lo honestamente.
Meredith: A parte realmente chata, a pior parte do luto, é que você não consegue
controlá-lo.
Arizona: O melhor que podemos fazer é tentar permitirmos sentí-lo quando chegar.
BY JÉSS AMORIM
pacientes, nossos colegas, com a própria medicina. Então fazemos o que qualquer pessoa
sensata faria. Fugimos desesperadamente de nossas promessas, torcendo para que sejam
esquecidas. Mas mais cedo ou mais tarde, elas nos alcançam. E, às vezes, descobre que
a obrigação que você mais temia, não vale à pena fugir.
Quando você fica doente, começa com apenas uma bactéria. Um único repugnante
intruso. Logo, o intruso se duplica, torna-se dois. E então esses dois tornam-se quatro.
Esses quatro tornam-se oito. E antes que seu corpo perceba, ele está sendo atacado. É
uma invasão. Para um médico, a pergunta é: quando os invasores chegaram, tomaram
conta do seu corpo, como você se livra deles? [...]
O que você faz quando uma infecção pega você, quando te domina? Você faz o que
deve fazer e toma o remédio? Ou aprende a conviver com isso e espera que um dia
desapareça? Ou desiste completamente e deixa te matar?
Arizona fala para o pai da Callie:
Muita gente acha que meu nome é esse por causa do Estado, mas não é verdade.
Meu nome vem de um navio de guerra, o USS Arizona. Meu avô estava servindo em
Arizona quando os japoneses bombardearam Pearl Harbor e ele salvou 19 homens antes
de se afogar. Tudo que meu pai fez a vida toda foi pra honrar aquele sacrificio. Eu fui
criada pra ser um bom homem no meio da tempestade. Eu fui criada pra amar meu país,
pra amar minha família e pra protejer as coisas que eu amo. Quando meu pai, Capitão
Daniel Robbins, da marinha dos Estados Unidos ouviu que era lésbica, ele disse que só
tinha uma pergunta a fazer. Eu estava preparada pra ouvir "Quão rápido você pode sair da
minha casa?", mas ele perguntou "Você ainda é aquela que eu criei pra ser?".
Meu pai acredita em seu país como você acredita em Deus. E meu pai não é um homem
maleável, mas ele foi comigo porque eu sou filha dele. Eu sou um bom homem no meio da
tempestade. Eu amo sua filha e eu protejo as coisas que eu amo. Não que ela precise...
realmente há de errado. Nos pedem segundas opiniões esperando que a gente perceba
algo que outros deixaram passar. Para o paciente, uma nova perspectiva pode significar a
diferença entre a vida e a morte. Para o médico, pode significar que está entrando em uma
luta com todo mundo que chegou lá antes de você. […]
Ao vermos que as conseqüências serão horríveis de enfrentar é que procuramos
uma segunda opinião. E às vezes a resposta que obtemos só confirma nosso pior medo
mas às vezes, iluminam o problema. Faz com que o veja de outra forma. Depois de todas
as opiniões ouvidas e todas as possibilidades consideradas, finalmente se encontra o que
procurava: a verdade. Mas encontrar a verdade não implica no fim. Implica em começar de
novo uma nova rodada de perguntas.
quando eles irão acontecer, para então podermos abraçá-los.Vivê-los. E finalmente deixá-
los ir embora."
"Sempre tem uma saída. Quando aparentemente não tem mais jeito, existe um
caminho.
Para fazer o impossível e sobreviver ao improvável, sempre tem um caminho.
E você? Você e eu temos isso em comum, nós nos inspiramos. Cara-a-cara com o
impossível nós nos inspiramos. Então, se eu posso oferecer um conselho para um
neurocirugião de importância mundial... se você hoje ficar assustado, ao invés disso fique
inspirado"
Médicos vivem em um mundo que está sempre progredindo e andando para frente.
Se ficar um segundo parado, será deixado para trás. Mas por mais que tentemos seguir
em frente, por mais tentador que seja não olhar para trás, o passado sempre volta para
nos infernizar. E como a história nos mostrou inúmeras vezes, quem esquece o passado
está destinado a repeti-lo. [...]
Às vezes o passado é uma coisa que não conseguimos esquecer. E às vezes o
passado é algo que faríamos tudo para esquecer.E, às vezes, descobrimos algo novo
sobre o passado, que muda tudo o que sabemos sobre o presente.
O melhor presente que já ganhei foi no Natal, aos 10 anos - meu primeiríssimo kit de
suturas. Usei até sair sangue dos dedos, depois tentei costurá-los. Aquilo me colocou no
caminho para me tornar cirurgiã. Às vezes, os melhores presentes vêm nas formas mais
inesperadas. [...]
Diariamente, podemos dar o presente da vida, pode ser doloroso, pode ser
assustador, mas no fim, vale a pena. Sempre. Todos temos a oportunidade de dar. Talvez
os presentes não sejam tão dramáticos quanto os que acontecem na sala de operação,
talvez o presente seja tentar e pedir uma simples desculpa, talvez seja entender o ponto de
vista de outra pessoa, talvez seja guardar um segredo para um amigo. A alegria,
supostamente, está no presentear, então quando a alegria acabar, quando o presentear
começa mais a parecer um fardo, é quando você para. Mas se você é como a maioria das
pessoas que conheço, presenteia até doer e então, presenteia um pouco mais.
Supomos que as mudanças sérias das nossas vidas ocorrem lentamente... com o
passar do tempo. Mas não é verdade. As coisas grandes acontecem num instante.
Se tornar adulto, se tornar um pai, se tornar um médico. Num minuto você não é, e
no outro... você é.
Pergunte a qualquer médico e ele dirá o momento exato no qual se tornou um
profissional. Normalmente não é no dia da formatura. Ninguém esquece.
Às vezes, você nem sabe que algo mudou. Acha que você ainda é você, e que a
sua vida ainda é a sua vida, mas você acorda um dia e olha ao seu redor, e não reconhece
nada... nada mesmo.
Nunca se esquece o momento em que viramos médicos. Uma reviravolta... De
repente, não é apenas mais uma roupinha bonita. Você faz por merecer jaleco branco.
O que talvez não perceba é o momento em que ser um médico... muda você.
Temos que continuar nos reinventando. Quase que a cada minuto. Porque o mundo
muda num instante. E não há tempo para olhar para trás. Ás vezes, a mudança nos é
imposta...Ás vezes, acontece por acidente... E fazemos o melhor delas. Temos que
constantemente achar novos modos para nos consertar. Então nós mudamos. Nos
adaptamos. Criamos novas versões de nós mesmos. Só precisamos ter certeza de que é
uma evolução.
desfecho dos eventos que nunca teríamos escolhido. De repente, você se vê num lugar
que nunca esperou estar, ou é legal ou leva um tempo para se acostumar. Mesmo assim,
você sabe que irá gostar dele, em determinado momento. Então, cada noite você dorme
pensando no amanhã, examinando seus planos, preparando as listas, e esperando que
quaisquer acidentes que surjam sejam bons acidentes.
A morte não é fácil.O corpo foi criado para se manter vivo.Crânios grossos,corações
fortes, sentidos aguçados. Quando o corpo começa a falhar, a medicina assume.
Cirurgiões são arrogantes o suficiente para acharemque não há ninguém que não possam
salvar.Como eu disse:a morte não é fácil.
Viver é melhor do que morrer.Até que deixe de ser. Mas, mesmo que deixar alguém
morrerseja a coisa certa a se fazer,cirurgiões não foram criados para isso.Somos
arrogantes e competitivos.Não gostamos de perder. E a morte parece uma perda,mesmo
quando sabemos que não é.Sabemos que está na hora. Sabemos que é o certo.Sabemos
que fizemos tudo o que podíamos. Mas é difícil não pensar que poderíamos ter feito mais.
toda relação que temos é só uma outra versão daquela primeira relação.. Somos nós
tentando várias vezes acertar.. É o trabalho mais importante do mundo.. Você
provavelmente deve precisar de uma licença para fazê-lo, mas a maioria de nós nem
sequer passa no exame escrito.. Algumas pessoas são naturais.. Eles nasceram para
isso.. Alguns têm outros dons.. Mas a boa notícia é a biologia dita que você não precisa
fazer isso sozinho.. Você pode desperdiçar sua vida inteira se perguntando, mas a única
maneira de descobrir que tipo de pai você seria.. E se finalmente você parar de falar sobre
isso e apenas fazê-lo...”
A pele é o maior órgão do corpo humano. Nos protege, nos mantém juntos.
Literalmente, nos faz saber o que sentimos. A pele pode ser macia e vulnerável. Muito
sensível. Fácil de machucar. A pele não importa para um cirurgião. Nós a cortamos,
entramos e descobrimos os segredos abaixo dela. É preciso delicadeza e sensibilidade.
Não importa quão insensíveis tentamos ser, há milhões de terminações nervosas na
pele. Abertas e expostas e sentindo coisas demais. Fazemos de tudo para não sentir dor.
Às vezes é inevitável. Às vezes, é só isso que nos resta: apenas sentir.
“Acredita–se que pensar positivo leva a uma vida mais feliz e saudável. Quando
crianças nos dizem para sorrirmos, sermos alegres e mostrar um rosto feliz. Quando
adultos nos dizem para olhar pelo lado bom, para fazermos limonada e vermos os copos
como quase cheios. Às vezes, realidade pode tentar nos impedir de ficarmos alegres.
Maridos falham. Namorados podem trair. Amigos podem te deixar na mão. São nesses
BY JÉSS AMORIM
“Para a maioria, hospitais são assustadores. São hostis. Um lugar onde coisas ruins
acontecem. A maioria preferia uma igreja, ou uma escola, ou sua casa. Mas eu cresci aqui.
Enquanto minha mãe fazia as visitas, aprendia a ler na galeria, brinquei no necrotério,
colori com giz de cera velhas fichas da emergência. O hospital era a minha igreja. Minha
escola. Minha casa. O hospital era meu porto–seguro meu santuário. Eu amo esse lugar.
Correção... Amava esse lugar.”
"A vida dos homens e feita de escolhas. sim ou não, entrar ou sair, subir ou descer.
mais também escolhas que fazem a diferença... Amar ou odiar...Ser um herói ou um
covarde...Lutar ou desistir... Viver... Ou morrer. Viver ou Morrer...Herói ou covarde...Lutar
ou desistir...
Falarei de novo para ter certeza que você ouviu... "A vida humana é feita de
escolhas." Viver ou Morrer... Essa é a escolha importante. E nem sempre... "Está em
nossas mãos."
7ª TEMPORADA
"Quando dizemos coisas como 'as pessoas não mudam', deixamos os cientistas
loucos. Porque a mudança é literalmente a única constante da ciência. Energia, matéria...
Estão sempre mudando. Transformando-se... Fundindo-se... Crescendo... Morrendo. O
modo como as pessoas tentam não mudar que não é natural, como queremos que as
coisas voltem em vez de as aceitarmos. Como nos prendemos a velhas memórias, em vez
de criarmos novas. O modo com insistimos em acreditar, apesar de todas as provas
contrárias, de que algo nessa vida é permanente. A mudança é constante, como
BY JÉSS AMORIM
Um raio não cai duas vezes no mesmo lugar. Mas é um mito. Não acontece toda
vez. Raios podem acertar da primeira vez. Quando se é atingido por 30 mil ampéres de
eletricidade, você sente. Pode fazê-lo esquecer de quem você é. Pode queimá-lo, cegá-lo,
parar seu coração.. e causar graves danos internos. Mas para algo que acontece em um
milissegundo.. pode mudar sua vida para sempre.
Os raios não atingem o mesmo lugar. É uma coisa muito rara. Mesmo que o choque
pareça vir sem parar...eventualmente, a dor vai embora. O choque se desgasta. Você
começa a se curar. Para se recuperar de algo imprevisto. Mas algumas vezes, estão a seu
favor. Se estiver no lugar certo e na hora certa...pode fazer uma loucura.. e ainda ter uma
chance de sobreviver.
Narração Cristina Yang: Passamos pela loucura que uma pessoa faz e
sobrevivemos. Agora cada dia é uma benção. E somos abençoados, abençoados por estar
aqui, abençoados por fazermos o que fazemos de melhor, que é salvar vidas todo dia.
Uma vida por segundo. Estamos curados. Então podemos continuar a curar os
outros.
Pergunta: Existe alguma lição que tirou disso tudo?
Cristina responde: Ser herói tem seu preço!
Pergunta: quando foi a ultima vez que um completo estranho tirou as roupas na sua
frente, apontou para uma mancha roxa nas costas e perguntou... "Que diabos é isso?" Se
você for uma pessoa normal, a resposta deve ser nunca. Mas se for um médico a resposta
é provavelmente há cerca de cinco minutos. As pessoas esperam que os médicos tenham
as respostas. A verdade é que amamos pensar que temos todas as respostas.
Basicamente, médicos são sabe-tudo. Até que algo aconteça e nos lembre de que não
somos.
Todos procuraram por respostas na medicina, na vida, em tudo. Às vezes, as
respostas que procuramos estavam escondidas abaixo da superfície. Em outros
momentos, encontramos respostas quando nem sabíamos que estávamos fazendo
pergunta. Às vezes, as respostas podem nos pegar de surpresa. E às vezes, mesmo que
encontremos, a resposta que procurávamos ainda ficamos com uma porção de perguntas.
Nós médicos temos orgulho do fato de podermos dormir acordados. A qualquer hora
e lugar. Mas é um falso orgulho, por que, na verdade, depois de 20 horas sem dormir, é
como se trabalhasse bêbado. Médico ou não. Não é de espantar que erros fatais
aconteçam à noite. Quando os médicos estão... Orgulhosos... Dormindo em pé.
Recentemente nosso orgulho foi abalado. E nossos egos foram feridos por novas leis que
BY JÉSS AMORIM
requerem que durmamos o dia todo, antes do trabalho á noite. Não estamos contentes
com isso. Mas como alguém que um dia possa precisar de médicos devíamos fica. [...]
Sob o manto da escuridão, as pessoas fazem coisas que nunca fariam sob a luz do
dia. As decisões parem sabias. As pessoas se sentem ousadas. Mas quando o sol nasce
deve se responsabilizar pelo que fez na escuridão. E encarar a si mesmo sob a fria luz do
dia.
As primeiras 24 horas depois da cirurgia são críticas. Cada respiração que dá, cada
fluido que expele são meticulosamente gravados e analisados, celebrados ou lamentados.
Mas e depois das 24 horas? O que acontece quando o primeiro dia vira o segundo e as
semanas viram meses? O que acontece quando o perigo imediato passou, quando as
máquinas são desligadas e as equipes de médicos e enfermeiras se foram? Cirurgia é
quando você é salvo, mas pós-operatório, depois da cirurgia é quando você se cura. Mas e
se você não se cura?
O objetivo de qualquer cirurgia é a recuperação. Sair melhor do que estava antes.
Alguns pacientes curam-se rápido e sentem alívio imediato. Para outros a recuperação é
gradual. E passam meses e até anos para você perceber que não dói mais. Então o
desafio depois de qualquer cirurgia é saber esperar. Mas se consegue passar pelas
primeiras semanas e meses... Se você acredita que a cura é possível, você pode retomar a
sua vida. Mas é um grande "se".