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Funções de Varias Variáveis
Funções de Varias Variáveis
FUNÇÕES DE VÁRIAS
VARIÁVEIS
2.1 Introdução
Como no Cálculo de uma variável, neste capítulo estudaremos uma das noções cen-
trais da Matemática, o conceito de função. Uma função de várias variáveis reais é
uma regra que descreve como uma quantidade é determinada por outras quantida-
des, de maneira única. Através das funções de várias variáveis poderemos modelar
uma grande quantidade de fenômenos dos mais diversos ramos da Ciência.
f : A ⊂ Rn −→ R.
w = f (x, y, z).
z = f (x, y).
Exemplo 2.1.
47
48 CAPÍTULO 2. FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS
Q possivelmente não tem uma formulação matemática explícita, mas é uma função
bem definida: Q = Q(N, H, T, L)
[2] O volume V de um cilindro é função do raio r de sua base e de sua altura h:
V (r, h) = π r 2 h.
Logo, um cilindro de altura h = 10 cm e raio r = 2 cm tem volume: V (2, 10) =
40 π cm3 , aproximadamente, 125.663 cm3
[3] Um tanque para estocagem de oxigênio líquido num hospital deve ter a forma
de um cilindro circular reto de raio r e de altura l m (m =metros), com um hemis-
fério em cada extremidade. O volume do tanque é descrito em função da altura l e
do raio r.
r
l
4 π r3
O volume do cilindro é π l r 2 m3 e o dos dois hemisférios é 3 m3 ; logo, o volume
total é: 3
4r
V (l, r) = π 2
+ l r m3 .
3
28 π
Por exemplo, se a altura for 8 m e o raio r = 1 m, o volume é V (8, 1) = 3 m3 .
[4] O índice de massa corporal humano (IMC) é expresso por:
P
IM C(P, A) = ,
A2
onde P é o peso em quilos e A a altura em m. O IMC indica se uma pessoa está
acima ou abaixo do peso ideal, segundo a seguinte tabela da OMS (Organização
Mundial da Saude):
Condição IM C
Abaixo do peso < 18.5
Peso normal 18.5 ≤ IM C ≤ 25
Acima do peso 25 ≤ IM C ≤ 30
Obeso > 30
2.1. INTRODUÇÃO 49
Por exemplo, uma pessoa que mede 1.65 m e pesa 98 quilos, tem IM C(98, 1.65) =
35.9; logo segundo a tabela está obeso. Agora uma pessoa que mede 1.80 m e pesa
75 kg, tem
IM C(98, 1.65) = 23.1;
logo, segundo a tabela tem peso normal.
[5] Da lei gravitacional universal de Newton segue que dada uma partícula de
massa m0 na origem de um sistema de coordenadas x y z, o módulo da força F
exercida sobre outra partícula de massa m situada no ponto (x, y, z) é dado por
uma função de 5 variáveis independentes:
g m0 m
F (m0 , m, x, y, z) = ,
x2 + y 2 + z 2
onde g é a constante de gravitação universal.
[6] A lei de um gás ideal confinado (lei de Gay - Lussac) é P V = k T , onde P é
a pressão em N/u3 (N =Newton, u=unidades de medida), V é o volume em u3 , T
é a temperatura em graus e k > 0 uma constante que depende do gás. Podemos
expressar o volume do gás em função da pressão e da temperatura; a pressão do
gás em função do volume e da temperatura ou a temperatura do gás em função da
pressão e do volume:
kT kT PV
V (P, T ) = , P (V, T ) = e T (P, V ) = .
P V k
[7] Quando um poluente é emitido por uma chaminé de h metros de altura, a con-
centração do poluente, a x quilômetros da origem da emissão e a y metros do chão
pode ser aproximada por:
a
P (x, y) = 2 eh(x,y) + ek(x,y) ,
x
b 2 b 2
onde h(x, y) = − 2 y − h e k(x, y) = − 2 y + h .
x x
O poluente P é medido em µg/m (µg=microgramas), onde a e b são constantes que
dependem das condições atmosféricas e da taxa de emissão do poluente. Sejam
50 CAPÍTULO 2. FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS
P (R2 − d2 )
v(P, R, l, d) = ,
4lη
onde η é a viscocidade do sangue e P a diferença entre a pressão da entrada e a da
saída do sangue no vaso, medida em dina/cm2 . Experimentalmente, para o sangue
humano numa veia: η = 0.0027. Por exemplo, se l = 1.675, R = 0.0075, P = 4 × 103
e d = 0.004, tem-se:
R1 R2 R3
R4
E
I(R1 , R2 , R3 , R4 , E) = .
R1 + R 2 + R 3 + R 4
[11] A produção P ( valor monetário dos bens produzido no ano) de uma fábrica
é determinada pela quantidade de trabalho (expressa em operários/horas traba-
lhadas no ano) e pelo capital investido (dinheiro, compra de maquinarias, matéria
prima, etc.). A função que modela a produção é chamada de Cobb-Douglas e é
dada por:
P (L, K) = A K α L1−α ,
onde L é a quantidade de trabalho, K é o capital investido, A e α são constan-
tes positivas (0 < α < 1). Por exemplo, se o capital investido é de R$ 600.000 e
são empregados 1000 operários/hora, a produção é dada pela seguinte função de
Cobb-Douglas:
3 1
P (L, K) = 1.01 L 4 K 4 ;
então, P (1000, 600.000) = 4998.72. A função de produção de Cobb-Douglas tem
a seguinte propriedade para todo n ∈ N, P (n L, n K) = A n K α L1−α , isto é, para
acréscimos iguais na quantidade de trabalho e de capital investido obtemos o mesmo
acréscimo na produção.
Exemplo 2.2.
e Im(f ) = (0, +∞). No caso de não estar considerando a função como volume,
teríamos que Dom(f ) = Im(f ) = R2 .
52 CAPÍTULO 2. FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS
p
[2] Seja z = f (x, y) = 1 − x2 − y 2 . Note que f é definida se, e somente se:
1 − x2 − y 2 ≥ 0,
ou seja x2 + y 2 ≤ 1; logo:
p
Por outro lado 0 ≤ z = 1 − x2 − y 2 ≤ 1; logo, Im(f ) = [0, 1].
x
[3] Seja z = f (x, y) = . Note que f é definida se o denominador x − y 6= 0;
x−y
então, x 6= y e,
[5] z = f (x, y) = ln(y − x). Note que a função logarítmica ln(u) é definida se u > 0;
logo, y − x > 0 e f é definida em todo o semi-plano definido por {(x, y) ∈ R2 /y >
x}.
[8] Da mesma forma que no caso de uma variável, as funções polinomiais de grau
n, de várias variáveis tem Dom(f ) = Rn e a Im(f ) depende do grau do polinômio.
Por exemplo. Se f (x, y, z) = x5 +y 3 −3 x y z 2 −x2 +x2 y z +z 5 −1, então, Im(f ) = R.
Se g(x, y) = x2 + y 2 − 2 x y, então Im(f ) = [0, +∞).
(
1 se x, y ∈ Q
f (x, y) =
0 se x, y ∈
/ Q,
Em particular:
Se n = 2, o conjunto de nível c é dito curva de nível c de f :
As curvas de nível são obtidas pelas projeções no plano xy, das curvas obtidas pela
interseção do plano z = c com a superfície G(f ). No caso n = 3, G(f ) ⊂ R4 ;
portanto, somente poderemos exibir esboços de suas seções.
-1
-2
-2 -1 0 1 2
0 x
-2
-4
-4 -2 0 2 4
Uma vez dado o valor da "altura"z = c obtemos uma curva plana; elevando cada
curva, sem esticá-la ou incliná-la obtemos o contorno aparente de G(f ); auxiliado
pelas seções (como no caso das quádricas), podemos esboçar G(f ) de forma bas-
tante fiel.
Note que curvas de nível muito espaçadas, significa que o gráfico cresce lenta-
mente; duas curvas de nível muito próximas significa que o gráfico cresce abrupta-
mente.
2.3. GRÁFICO DE FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS 57
0.5
-0.5
-1
-1 -0.5 0 0.5 1
Figura 2.15:
Figura 2.16:
Exemplo 2.3.
[1] Se T (x, y) = x + y 2 − 1 representa a temperatura em cada ponto de uma região
do plano, as curvas de nível ou isotermas são T (x, y) = c, isto é:
x + y 2 − 1 = c, c ∈ R.
c x + y2 − 1 = c
0 x + y2 = 1
1 x + y2 = 2
-1 x + y2 = 0
2 x + y2 = 3
-2 x + y 2 = −1
58 CAPÍTULO 2. FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS
-1
-2
-2 -1 0 1 2
-1
-2
-2 -1 0 1 2
Simetrias: a equação:
z = x + y2
não se altera se substituimos y por −y; logo, tem simetria em relação ao plano xz.
Curvas de nível:
Traços:
-1
-2
-2 -1 0 1 2
[4] Esboce o gráfico de z = f (x, y) = ln(x2 + y 2 ). Note que Dom(f ) = R2 − {(0, 0)}.
Simetrias: a equação:
z = ln(x2 + y 2 )
não se altera se substituimos x e y por −x e −y; logo, tem simetria em relação aos
planos yz e xz.
Curvas de nível.
-1
-2
-2 -1 0 1 2
-1
-2
-2 -1 0 1 2
Superfícies de nível:
Superfícies de nível:
Se c = 0, é um cone circular: x2 − y 2 + z 2 = 0.
150
100
50
0
0 50 100 150 200
2.5
1.5
0.5
25 50 75 100 125 150 175 200
Em geral, toda equação de tres variáveis que represente uma superfície é uma su-
perfície de nível de alguma função de tres variáveis. As superfícies quádricas são
superfícies de algum nível de funções de três variáveis.
Exemplo 2.4.
f (x, y, z) = x2 + y 2 + z 2 − 1,
g(x, y, z) = x2 + y 2 + z 2
[2] Seja z = f (x, y), considere h(x, y, z) = z − f (x, y); então, G(f ) é uma superfície
de nivel zero de h.
2.4 Exercícios
1. Determine o volume em função de h e r.
2. Se f (x, y) = x5 − y 5 − 4 x2 y 3 − 3 x3 y 2 + x y 2 + x2 − y 2 − x + y + 1, calcule:
r
x−y
(a) f (x, y) =
x+y
x2 − y 2
(b) f (x, y) =
x−y
x+y
(c) f (x, y) =
xy
(d) f (x, y) = 16 − x2 − y 2
y
(e) f (x, y) = |x|e x
(f) f (x, y) = |x| − |y|
p
x−y
(g) f (x, y) =
sen(x) − sen(y)
√ √
(h) f (x, y) = y − x + 1 − y
(i) f (x, y, z) = x y z − x4 + x5 − z 7
(j) f (x, y, z) = sen(x2 − y 2 + z 2 )
y
(k) f (x, y, x) =
zx
(l) f (x, y, z) = x2 sec(y) + z
(m) f (x, y, z) = ln(x2 + y 2 + z 2 − 1)
p
(n) f (x, y, z) = 1 − x2 − y 2 − z 2
2 2 2
(o) f (x, y, z) = ex +y +z
p
(p) f (x, y, z) = 3 1 − x2 − y 2 − z 2 .
(a) f (x, y) = 3 x2 + 5 x y + y 2
2
(b) f (x, y) = 2
x + y2
p y
(c) f (x, y) = x2 + y 2 sen( ), x 6= 0
x
x y z
(d) f (x, y, z) = 3 + 3 + 3
y z x
1
(e) f (x, y, z) =
x+y+z
y
(f) f (x, y, z) = x2 e− z
66 CAPÍTULO 2. FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS
p
(a) f (x, y) = 100 − x2 − y 2 , c = 0, 8, 10.
p
(b) f (x, y) = x2 + y 2 , c = 0, 1, 2, 3, 4
(c) f (x, y) = 4 x2 + 9 y 2 , c = 0, 2, 4, 6
(d) f (x, y) = 3x − 7y, c = 0, ±1, ±2
(e) f (x, y) = x2 + xy, c = 0, ±1, ±2, ±3
x2
(f) f (x, y) = 2 , c = 0, ±1, ±2, ±3
y +1
(g) f (x, y) = (x − y)2 , c = 0, ±1, ±2, ±3
(h) f (x, y) = ln(x2 + y 2 − 1), c = 0, ±1
x
(i) f (x, y) = 2 , c = ±1, ±2
x + y2 + 1
2 +y 2
(j) f (x, y) = ex , c = 1, 2
que estabelece uma relação entre a área da superfície S (m2 ) de uma pessoa,
o seu peso P (Kg) e sua altura h (cm).
2.4. EXERCÍCIOS 67
(a) Se uma criança pesa 15 kg e mede 87 cm, qual é sua superfície corporal?
(b) Esboce as curvas de nível da função S.
(c) Esboce o gráfico de S.
f + g (u) = f (u) + g(u).
f g (u) = f (u) g(u);
em particular, λ f (u) = λ f (u), para todo λ ∈ R.
f f (u)
(u) = ,
g g(u)
se g(u) 6= 0.
f
(a) Calcule: f + g, f g, e , se:
g
i. f (x, y) = x3 − x y 2 − x2 y − y 3 + x2 + y 2 e g(x, y) = x2 y + x y 2 − x3 .
p
ii. f (x, y) = x y 2 − x4 y 3 e g(x, y) = x2 + y 2 + x y
f
(b) Calcule: f + g, f g, e , se
g
i. f (x, y, z) = x y z − x2 z 2 e g(x, y, z) = x y z − y 2 z 2 .
p
ii. f (x, y, z) = x y + z − x2 − y 2 e g(x, y, z) = x5 − y 2 z 2 .
68 CAPÍTULO 2. FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS