/ David Livingstone Villar Rodrigues
(david .rodrigues@fluxosolutions.com.br),
Gerente de Produto - Válvulas da Fluxo Serviços
de Petróleo Ltda.
Se você trabalha no ramo relacionado
com válvula de controle há muito tempo
deve lembrar dos inúmeros modelos
de Folhas de Especificação ou Folhas
de Dados de válvulas de controle que
foi obrigado a manipular. Sem exage-
ro, praticamente todas as empresas de
engenharia possuem (ou possuíam)
seus próprios padrões de Folhas de
Especificação. Estes documentos são
diferentes entre si, mesmo que apenas
em pequenos detalhes.
Cada empresa insere informações que
julga necessárias para aplicações diver-
Figura 1 - Válvula de Controle. sas, incluindo o dimensionamento, a
16 INTECH NÚMERO 89 WWW.ISADISTRIT04.0RG.BR
seleção, elaboração de propostas e infor-
mações úteis para a manutenção e ope-
ração da unidade.
Esta diversidade de padrões termina
confundindo os fabricantes e usuários
que são obrigados a usar folhas de diver-
sas origens e formatos.
Contribuindo para a solução deste pro-
blema, a ISAlançou uma publicação vol-
tada para a padronização de formulários
dos equipamentos usados na automação
de processos. Trata-se da norma ISA-20
(1981) "Specification Forms for Process
Measurement and Controllnstruments,
Primary Elements and Control Valves".

As vantagens do uso destes padrões
são:
· Permite a elaboração de uma especi-
ficação completa listando e fornecen-
do espaço para incluir as principais
opções;
· Promove o uso de terminologia uni-
forme;
· Facilita a apresentação de proposta,
compra e recebimento;
· Fornece um registro permanente de
informações;
· Melhora a eficiência desde o estagio
inicial de concepção a fase final de
instalação.
Este artigo tem o objetivo principal
de discorrer sobre a especificação de
válvulas de controle de acordo com a
utilização do formulário padrão ISA
S20.50Rev 1.A IECtambém possui for-
mulário próprio para esta finalidade, a
norma IEC60534-7.
A expectativa de vida útil de uma
válvula de controle pode ultrapassar
várias décadas. Para conseguirmos que
a válvula de controle funcione adequa-
damente e com custos compatíveis, é
necessário especificá-Ia corretamente.
Lembramos que a válvula de controle é
um equipamento complexo, fabricado
sob encomenda e que exige o conhe-
cimento integrado de várias especiali-
dades, incluindo mecânica, tubulação,
metalurgia, processo, controle de pro-
cesso e instrumentação.
Asantigas Folhas de Especificação (algu-
mas ainda em uso) incluem diversas
válvulas numa mesma pagina dificul-
tando o detalhamento de informações.
Por este motivo a ISA decidiu dedicar
uma Folha de Especificação para cada
válvula de controle.
Como mostra a Figura 2, abaixo do cabe-
çalho todas as linhas são numeradas, 86
linhas ao todo. A maior parte requer o
preenchimento para possibilitar a cor-
reta especificação da válvula de contro-
le.Algumas estão propositadamente em
branco. Devem ser utilizadas para inse-
rir itens não previstos. Exemplo: tempo
máximo de atuação da válvula, sistema
de gaxetas especiais, etc.
VÁLVULA DE CONTROLE
o Projeto Básicoda Válvula de Controle
Duranteum projeto a válvulade controle
começaa serconcebidanumafaseprelimi-
informaçõessãotranscritasparaa Folhade
Especificaçõesda válvulade controle.
nar chamadode proieto básico.Estafase Infelizmente, para cortar custos, temos
normalmenteé executadapor engenheiros
especialistas
emprocesso.
O resultadodeste
trabalho está resumido num documento
observadocom freqüênciaa remessadas
Folhasde Dadosde Processodiretamente
geralmenteconhecidocomoFolhade Dados
de Processo.
parao fornecedor,comobjetivode compra.
Para possibilitara apresentaçãode uma
proposta,o fabricanteé obrigadoa estimar
As Folhasde Dadosde Processoincluem váriositens necessários
paraelaboraçãoda
informaçõescompletassobreo fluido, suas mesma,comum alto graude incerteza.
característicasprincipais incluindo vazão, Destaformaa responsabilidade técnicaestá
pressãoe temperaturanas condiçõesde sendotransferidaindevidamente parao for-
processomínima,normale máxima. necedor.Estaaçãotambémestáeliminando
Tambémencontramos nestaFolhade Dados, a engenhariade detalhamento,etapaindis-
informações sobreo númerodeidentificação pensáveldo projeto.
da válvula(tag).diâmetroda linha,açãoem O resultadopode ser a aquisiçãode um
casode falha e classede vazamento.Estas produtoinadequadoparao uso.
As informações solicitadas nestas dos são preliminares ou definitivos.
linhas têm origem em várias especiali- Exigir que as informações essenciais
dades. Vejamos: de processo como pressão de entrada,
- linhas 1 a 8: informações da área de pressão de saída, temperatura, sejam
processo. fornecidas para cada condição de vazão:
-linhas 13 a 15:informações da área de mínima, normal e máxima. Estes valo-
tubulação. res são importantes para determinar o
A ISA inseriu uma nota no rodapé da Cvmáximo, o Cvmínimo e o Cvnormal.
Folha de Especificação sugerindo que O Cv normal define região em que a
as linhas marcadas com um asterisco válvula deverá trabalhar em condição
(*) devem ser fornecidas pelo fabri- normal. O Cv máximo e o Cv mínimo
cante. definem os limites de atuação da vál-
Alguns clientes preferem remeter a vula. Amaior parte da literatura técnica
Folha de Especificação com alguns des- recomenda uma faixa de atuação entre
tes espaços preenchidos. Geralmente 10%e 80% de abertura. Alguns autores
são empresas que possuem tecnolo- chegam a 90%de abertura.
gia de aplicação própria adquirida e Examine com cuidado com os dados
registrada ao longo de anos. Esta é fornecidos. Por exemplo, algumas
uma condição ideal para elaborar uma Folhas de Especificação associam
especificação: nada substitui a expe- vazão máxima com pressão diferen-
riência do cliente quando se refere ao cial máxima. Em condições normais, a
conhecimento do seu processo. vazão máxima ocorre na presença do
Comentaremos a seguir alguns itens que menor diferencial de pressão.
integram esta Folha de Especificação e Em casos de líquidos é comum verifi-
que julgamos importantes para uma car que a pressão de vapor fornecida é
especificação adequada. superior á pressão de entrada. Solicitar
ao engenheiro de processo a revisão
Informações referentes ao processo deste dado.
Estas informações são de responsabi- É bom lembrar que a pressão de vapor
lidade da engenharia de processo. Em do fluído, diferentemente da pressão
primeiro lugar confirmar com o enge- crítica, é função da sua temperatura,
nheiro de processo se os dados forneci- portanto um mesmo fluído poderá ter
INTECHNÚMERO89 17
 ---
~------

ARTIGO

mo de 85 dBAe já é freqüente exigên-

CONTROl VAlVE DATA SHEET
Project DataSheet cia de 80 dBAou menos.
Unit Spec I
PO Tag Recentemente tive acesso a uma Folha
Item Dwg
Contract Service de Especificação com um ruído máxi-
MfrSerial.
1 Fluid Crit Press Pc mo requerido de 55 dBA,valor inferior
Units MaxFlow Nonn Flow MinFlow Shut-QfI GasPhase
2 FIowRate tJh a ruído típico numa área comercial,
3
'"
z Inlet Pressure kalcm<o
4
O
;: DuDet Pressure kalcm'a
que é de 60 dBA.
5 ã Inlet TemnArature .C
z
6 O Densilv/Soec GravlMoI Wt kalm
7 (,) Viscosilv/Soec Heat Ratio cP
w
8 (,) Vapor Pressure kalcm'a
9
w
. Reauined Cv Cv
10 '" ... Travei %
11 AllowableIPnedicted SPL dBA\
12 FIow Condition

13
14
w
z
Pipa Une Slze
& Schedule
In
Out
53
54
.. Type
Mfr & Model
:; 55 .5ize EfI Area
15 Pipa Une Insulation
56 OnlOfl Modulating
16
17
.. Type
Size ANSI Class
57
58 a: . Spring Action OpenlClose
Max Allowable Pressure
O
18
19
20
ti
z
.. Max PressITemp
Mfr & Model
Body/Bonnet MaU
59
60
61
=>
....
... MinRequiredPressure
Available Instr. Air
Supply Pressure
Max
Min
21 z
O
11I
. Unef MatlllD 62
63
(,)
00( . Bench Range (see iten 49)
Act Orientation
22
23 > Connectioo Iln
End Out 64 Handwl1eel Type
24 Q 65 Air Fails Valve Setat
O FIg Face Finish
25
26
27
11I
w
> .. End ExIIMaU
FIow Direction
Type of Bonnet
67 - Input signal
a:
28
29
30
.. Lub& Iso Valve
PackingMaterial
PackingType
Lube 68
69
70
w
z
O
. Type
Mfr& Model
On Inaeasing Signal Output IncrlDecr
Figura 3 - Gaiola especial para abatimento de ruído.

E
31 71 O '" Gauges Bypass
72 ... CamCharacteristic
32
33
.. Type
Size Rated Trave
73 Algumas considerações deverão ser
. Charaderistic feitas pelos usuários antes de definir o
34
35
36 ::li
.. BalancedlUnbalanced
Rated Cv FL
74
75
76
'"
w
:z:
(,)
....
Type
Mfr& Model
ContactslRating
Quantity
limite máximo de ruído numa válvula
37 .. PluglBalllDisk Material 77
'"
Actuation Points de controle:
38
39
40
41
.. Seat Material
CageJGuide
Stem Material
Material
78

79
80 ti
Mfr& Model
Set Pressure
· A diminuição de ruído tem custo
elevado. Na maioria das vezes o ruído
42 81 ::! Firter Gauges
82 :c
43 NECCIass Group Div.
pode ser tratado dentro do corpo da
fi!
44 NOTES: 83 Hydrostatic Pressure válvula com uso de gaiolas especiais.

i
45 84 ANSIIFCILeakageClass
46 85 w Nos casos mais graves pode até ser
....
47 86
48 Rev Date Bv Chk'd Ann. necessária a instalação de dispositivos
49
50 externos (silenciadores). Thdo isto sig-
51
I nifica custo extra.
.52
Infonnatian suODlied bv manufacturer unless alreadv soecified.

Figura 2 - Folha de Especificação padrão ISA.

Accofding to ISA
pressões de vapores diferentes em dife- necer Pressão Crítica (Pc) eTemperatura
rentes temperaturas. Não raro encon- Crítica (Tc).
tramos um único valor de pressão de
vapor para diferentes temperaturas. Ruído Máximo Permitido/Calculado
Um alerta especial para os dados de O ruído máximo permitido é definido
processo deixados em branco. Muitas pelo cliente, e o ruído máximo cal-
vezes por razões diversas informações culado informado pelo fabricante. Há
como a Pressão Crítica (Pc) e a Pressão 35 anos, o ruído era considerado um
de Vapor (Pv)não são fornecidas ou são item sem importância e não constava
fornecidas incorretamente. Os valores da Folha de Especificação. Ao longo
dos anos a preocupação com o meio
de Pv e de Pc são indispensáveis para
a análise da ocorrência de jlashing e ambiente e com a saúde das pessoas
cavitação nos líquidos. que trabalham nas unidades de pro-
No caso de gases e vapores, caso seja cesso tem exigido equipamentos cada
fornecido o Fator de Compressibilidade vez mais silenciosos. Uma boa parte
do fluído, não há a necessidade de for- das empresas estabelece o limite máxi-
Form 820.50, Rev. 1 · Cada fabricante tem seu próprio pro-
grama de computador para cálculo de
ruído. Em algumas ocasiões os resul-
tados apresentados por fornecedores
distintos em suas folhas de calculo
podem ser bastante diferentes entre si,
para uma mesma aplicação. Em caso
de dúvida recomendamos que o clien-
te verifique estes resultados utilizando
um programa com o método de calculo
de ruído com base na norma ISO/IEC
60534-8-3.Lembramos que cálculos de
ruído podem ser manipulados.
·OK, então você adquiriu uma válvula
de controle com gaiola normal para
vapor superaquecido e o fabricante
informou na folha de cálculo um ruído
dentro do valor máximo requerido.

18 INTECH NÚMERO 89 WWW.lSADISTRIT04.0RG.BR

 VÁLVULADE CONTROLE

Como conferir o núdo provocado iso-

ladamente pela válvula instalada numa Limitações da Equipe de Proc.es~.ó;Qá$j~o,"
unidade de processoindustrialjuntamen-
A equipede processotambémdependede mendamos o usodeinformações preliminares
te com diversos equipamentos em fun-
informações dosfabricantesdebombas,com- paraa compradasválvulas.As revisõesfutu-
cionamento que também são geradores
pressorese de outrosequipamentos de pro- ras com valoresdefinitivospodemprovocar
de núdo como compressores, bombas,
cesso.Estasinformaçõesserão disponíveis resultados diferentesnoscálculosdo Cve do
motores, reatores e caldeiras?Impossível!
em definitivoapósa comprae aprovaçãoda atuador.Comoimplicaçãoimediata,a válvula
Uma vez que os cálculos foram apresen-
documentaçãotécnica.Antes de cumprida propostainicialmentepoderásofrermodifica-
tados e aprovados só resta acreditar no
estaetapa,estasinformações serãoprelimi- çãodasdimensões, do modeloselecionado e
que está escrito.
narese sujeitasa modificações. Não reco- até dosmateriaisdosinternos.
Recomendação: reduzir o vendar list da
empresa incluindo fabricantes seleciona-
dos a partir de critériosrigorososde quali- ler com atenção o que está escrito pico no interior da válvula. A segunda
dade e com tradição de fornecimento. na norma IEC 60534-8-3, pagina 9 - fonte de núdo é causada pela velocidade
· Verifique o local onde a válvula será Introdução: "Embora o método
instalada. Válvulas próximas a salas de dição não possa garantir resultados
de pre- na saída da válvula. Devemos lembrar
que a queda de pressão no interior de
controle ou locais onde existe a possi- reais no campo, produz predições cal- uma válvula causa aumento do volume
bilidade de permanência de pessoal por culadas dentro de 5 dBApara a maior especifico do fluído,elevando assim sua
períodos longos devem ter os limites parte das informações de ruído obtidas vazão volumétrica e conseqüentemente
de ruídos estabelecidos pelas normas em teste sob condições de laboratório". a velocidade na saída da válvula.Elevada
legais. Válvulas instaladas em lugares Refletir nesta afirmativa antes de esta- velocidade na saída da válvula é fonte
remotos, com baixa movimentação de belecer o próximo limite de núdo. adicional de núdo.
pessoal podem ter os limites de ruídos Éimportante verificar que tratar o ruído Portanto, de nada adianta tratarmos o
mais altos. Antes de definir o nível de somente com os internos da válvula núdo no interior da válvula e deixar de
ruído a ser exigido recomendamos con- pode não ser suficiente. Existem duas controlar a velocidadena saída.Devemos
versar sobre este assunto com o respon- fontes de ruído em um fluxo passando analisar cuidadosamente às especifica-
sável pela política de meio ambiente através de uma válvula. A primeira é ções e dimensionamentos fornecidos
da empresa. Por razoes estruturais em originada nos internos da válvula e pelos fabricantes. Podemos ser facilmen-
hipótese nenhuma o ruído deve ultra- é causada pela turbulência do fluído te confundidos com ofertas de válvulasde
passar o limite de 110dBA. após atingir o ponto de Vena Contracta diâmetros menores e conseqüentemente
· Digamos que você estabeleceu na
sua especificação um ruído máximo
(ponto de mais baixa pressão dentro da preços mais atraentes.
válvula). Este ruído pode ser controla-
solicitado de 85 dBA. Antes de repro- do com a utilização de gaiolas espe- Schedule da tubulação
var o calculo de ruído apresentado ciais, tipo baixo ruído especialmente Exigir da equipe de tubulação esta
pelo fabricante estimado em 85.7 dBA, projetadas para alterar as freqüências de informação. É um dos dados indispen-

~
,~~ - '

8 Transmissoresde Umidade Relativae Temperatura VaisalaHUMICApe ~...'

\ .

.. Saídas analógicas e registro de dados com

:t1%HRdeexatidãodeumidaderelativa(certificadoNISTincluído)
'" . .
'-' ~. ;J
~
~
~~..
~ capacidade de downloading
Medidor de Dloxldo de Carbono Valsala CARBOCApe
..Ampla faixa de medições de 0...2000ppm até 20%CO2
~
.
. _~ "

.~' . At Baixa manutenção. e sondas intercambiáveis

- Transmissores de ponto
Barômetros Vaisala BAROCApe r~ - ~
de Orvalho Vaisala DRYCApe
..Ampla
Exatidão de :t 0.15 milibars
faixa de medições de 500...1100 mb
~ /S:'t r .. Varias faixas de medições de ponto de orvalho
.
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Reliable.
ARTIGO
sáveis para o cálculo de ruído quando
lidamos com gases.
Diâmetro da linha x diâmetro do
corpo
A ISA recomenda que o fabricante
preencha este campo, mas o usuá-
rio também pode preencher. Alguns
autores sugerem começar definindo
o diâmetro do corpo com o mesmo
valor do diâmetro nominal da linha,
outros recomendam começar com
um diâmetro comercial inferior ao
da linha. Creio que a possibilidade de
aumento de capacidade deve deter-
minar a preferência pelo diâmetro a
ser adotado na fase inicial de especi-
ficação. Com referência ao diâmetro
mínimo, nunca utilizar uma válvula
com diâmetro inferior a metade do
diâmetro nominal da linha.
O diâmetro definitivo deve ser infor-
mado pelo fabricante após a con-
clusão do cálculo do Cv e seleção do
corpo.
Tipo de castelo
Siga a recomendação da ISA:deixar a
seleção do tipo de castelo por conta
do fabricante. Cada um tem seu
próprio método de selecionar o tipo
de castelo considerando o projeto
construtivo e a temperatura máxima
ou mínima de processo. Evitar nota
exigindo castelo com aletas em caso
de altas temperaturas.
Esse tipo de construção passou a
ser desconsiderado após o advento
das gaxetas de grafite, que podem
resistir a temperaturas de até 500°C.
Está provado há muito tempo que as
aletas servem apenas para tornar a
válvula mais atraente... e mais cara.
Em casos de temperaturas muito ele-
vadas as torres dos atuadores podem
ser de aço carbono, que resistem a
temperaturas bem mais elevadas que
as de ferro fundido, utilizadas nor-
malmente.
Material das gaxetas
A ISA recomenda que o fabricante
20 INTECH NÚMERO 89 WWW.lSADISTRIT04.0RG.8R
preencha este campo. Concordo, ape-
sar de reconhecer que alguns usuá-
rios possuem conhecimento tecnoló-
gico para tal. Lembrar que as gaxetas
fabricadas em teflon têm uma vida
útil mais longa, requerem atuado-
res menores e provocam redução na
variabilidade de processo. O limite de
aplicação deste material é de 232°C.
Alguns usuários limitam o uso do
teflon a 200°C. Esta redução é justifi-
cável se não forem disponíveis infor-
mações seguras sobre a incerteza na
medição de temperatura de processo
desta aplicação.
As gaxetas de grafite normalmente
utilizadas para altas temperaturas
têm atrito bem mais elevado que as
gaxetas de teflon, e isso deve ser
levado em consideração pelo fabri-
cante no momento de dimensionar
o atuador.
Alguns fabricantes oferecem gaxetas
de grafite de baixa fricção, as chama-
das Ultra Low Priction; esses devem
ser preferidos, pois podem suportar
a altas temperaturas sem prejudicar
o desempenho da válvula. Devemos
lembrar que alto atrito na válvula de
controle causa aumento de banda
morta e redução da variabilidade do
processo.
Tipo de gaxetas
A ISA recomenda que o fabricante
preencha este campo. Neste caso dis-
cordamos. O usuário conhece melhor
o processo e as exigências ambientais
locais. Hoje em dia a poluição é um
dos fatores mais controlados na área
industrial. Com exceção dos fluidos
limpos entre eles o ar, a água e o vapor
de água, todos os demais fluidos de
uma maneira ou de outra podem
provocar poluição, riscos de explosão
ou colocar em perigo a saúde das pes-
soas que circulam nas proximidades
da válvula. Lembrar que não existe
sistema de gaxetas com vazamento
zero. Aproveite a oportunidade para
adotar uma especificação rígida para
os sistemas de gaxetas especiais com
o objetivo de limitar estes vazamen-
tos. A Environment Protection Agency
(EPA) estabelece para a maior parte
destas aplicações o valor máximo de
500 ppm. Em caso de produtos alta-
mente tóxicos, recomendamos o uso
de castelo com fole de vedação (bel-
lows seal).
Tipo de Atuador
No livro "Advanced Control
Unleashed", Capítulo 2, os autores
recomendam a utilização dos atua-
dores tipo diafragma. Para pequenas
variações de posição da válvula os
atuadores tipo diafragma são mais
sensíveis e mais rápidos, requerem
também menos manutenção. Os atu-
adores de pistão são utilizados em
aplicações quando os atuadores tipo
diafragma não possuírem força sufi-
ciente para movimentar a válvula e
garantir a vedação especificada.
Pressão diferencial máxima
Infelizmente a Folha de Especificação
padrão ISAnão traz um campo espe-
cifico para inserir esta informação.
A pressão diferencial máxima é um
dado essencial e indispensável para
o dimensionamento do atuador.
Também é usado o termo "dP shut-
off".
Verificar que entre as linhas 1 e 12 da
Folha de Especificação padrão ISA
existe uma coluna com o título" Shut-
Ofi". Alguns clientes colocam o valor
do dP shutoff na mesma linha da
pressão de entrada. Algumas empre-
sas calculam a pressão diferencial
máxima considerando o diferencial
entre a máxima pressão de entra-
da do processo e uma pressão de
saída igual a pressão atmosférica.
Considerar que em alguns casos de
partida de unidade, emergência ou
distúrbios operacionais a pressão na
entrada da válvula pode ser superior
à pressão de entrada máxima de pro-
cesso. Recomendo utilizar o espaço
em branco na linha 66 para inserir
esta informação.

Classe de vazamento ANSIIFCI
O conceito sobre classe de vazamento
tem sido um dos menos compreendi-
dos na história das válvulas de contro-
le. Começa por entregarmos ao enge-
nheiro de processo a atribuição de
decidir ainda na fase de projeto básico
a classe de vazamento. Com algumas
exceções, estes profissionais normal-
mente desconhecem o texto da norma
ANSIIFCI 70-2 (2006). Desconhecem
também os desgastes sofridos pelos
internos de uma válvula depois de
alguns anos de campanha.
O profissional das áreas de instrumen-
tação e de auto mação que atua na área
de projeto está mais apto a selecionar
a classe de vazamento adequada.
O sucesso desta seleção depende do
conhecimento detalhado da norma
ANSIIFCI 70-2 (2006) e de outras
informações sobre a aplicação e o
tipo serviço da válvula no proces-
so. Esta norma foi adotada em 1970
como FCI 70-2 e foi revisada diversas
vezes ao longo destes anos pelo Pluid
Contrai lnstitute para ser adaptada
aos avanços da indústria e dos equi-
pamentos.
Em 1998 foi revisada para compati-
bilizar e manter consistência com a
norma IEC 534-4, norma internacio-
nal que trata do mesmo assunto.
Em 2003, sofreu nova revisão para
adicionar a opção que permite o uso
de ar ou de nitrogênio para a deter-
minação de vazamento na classe V.
Segue algumas informações impor-
tantes sobre a utilização da FCI 70-2:
· Esta norma não pode ser usada
como base para prever vazamento em
condições diferentes que as especifi-
cadas. Em outras palavras, não tem o
objetivo de quantificar o vazamento
em condições reais de trabalho.
· Os níveis de vazamento estabele-
cidos por esta norma não podem
ser extrapolados para outros níveis
de pressão, de temperatura ou para
outros fluidos.
· Se a aplicação exigir o bloqueio da
linha e/ou vedação total (tight shut-
Norma ANSI/FCI 70-2 -2006 Testes dê'.:fle
. As (Iasse li, 111, e IV, são testadas
ou água numa temperatura entre 10 e 52°(
com ar
e com a pressão de entrada de 3.5 bar ou a
máxima pressão diferencialde operação, o
que for menor.A pressão de saída é atmos-
férica.
· A (Iasse VI é testada com ar ou nitrogênio
numa temperatura entre 10 e 52°( e com a
pressão de entrada de 3.5 bar ou a máxima
pressão diferencialde operação, o que for
menor.
offi a FCI recomenda o uso da norma
API 598 "Valve Test and lnspection".
· Por razões de segurança nunca con-
fiar ou depender da válvula de con-
trole para vedação total.
· A norma FCI 70-2 é especifica para
válvulas de controle. Não deve ser
utilizada para válvulas liga-desliga
(on-offi com aplicações que reque-
rem vedação estanque (tight shutoffi.
Também não deve ser mais utiliza-
da para válvulas reguladoras de pres-
são. Em 2003 o Fluid Contrai lnstitute
publicou outra norma especifica para
testes de vazamento em válvulas regu-
ladoras de pressão, a FCI 70-3 (2003).
Figura 4 - Posicionador digital.
Tipo de Posicionador
Existem três opções para tipos de
posicionadores no mercado: pneu-
mático, eletropneumático e digital.
Os posicionadores pneumáticos e
eletropneumáticos existem no mer-
cado há décadas e equipam a maior
parte das válvulas em uso.
VALVULA DE CONTROLE
~.'" . -j,'" -~.
.
.A classeV agorapodesertestadade duas
formas:
1) comáguaa umatemperaturaentre 10 e
52°( e coma pressãodiferencialmáximade
operação.
2) comar ou nitrogênioa umatemperatura
entre10 e 52°( e coma pressãode entrada
.
de 3.5 bar.A pressãodesaídaé atmosférica.
Atenção:a tabelareferenteá classeVI,limi-
ta asinformações sobretestesdevazamentos
até o diâmetromáximode 8.0".
Os posicionadores digitais surgiram
no mercado há cerca de 10 anos.
Estima-se que mais de um milhão de
posicionadores digitais tenham sido
vendidos em todo o mundo. Uma boa
parte das empresas no Brasil já defi-
niu o uso destes posicionadores para
os novos projetos.
Antes de decidir adotar o posiciona-
dor digital no próximo projeto res-
·
ponda as seguintes perguntas:
conhece todos os recursos existen-
tes no posicionador digital?
· sabe o que é e qual a importância
da "assinatura" em uma válvula de
controle?
· está disposto a adquirir e aplicar os
softwares de diagnóstico e de geren-
ciamento de ativos?
· tem condição de justificar para o
seu chefe (e os acionistas da empre-
sa) o pagamento de um preço mais
alto em relação aos posicionadores
pneumáticos e eletro pneumáticos?
· sua equipe de manutenção está
convencida que o posicionador digi-
tal não é um inimigo e que não vai
provocar a redução da equipe de tra-
balho?
· você tem na sua equipe técnicos
treinados e motivados para o uso dos
recursos do posicionador digital e do
software de diagnóstico?
· a equipe de manutenção está pre-
parada para o salto tecnológico da
manutenção preventiva para os níveis
superiores da manutenção preditiva
e proativa?
INTECH NÚMERO 89 21
ARTIGO

· Ultrapassagem (overshoot) menor

que 10%.
Prevemos que num futuro próximo,
Muitasempresas,pormedida deeconomia ou tambémpodemocorrerdurantea fase de os usuários que estão preocupados
pordesconhecimento (1) estãoesquecendomontagem e de pré-operação e devemser com a qualidade e a variabilidade de
deincluirnoescopo detrabalhodaprojetista registradasnestedocumento pelaempresa de processo, comecem a exigir nas espe-
umaimportantíssima etapano projetoda engenharia contratada. cificações técnicas das válvulas de
válvuladecontrole:trata-sedaexecução do Umdadopreliminar numapesquisa queesta- controle itens de diferenciação rela-
"asbuilt".A FolhadeEspecificação emitida mosefetuando juntoaosusuáriosdeválvulas cionados com o desempenho dinâ-
"asbuilt"deveincluirinformações indispen- decontroleconstataque,pelomenos, 90%da mico. Os fabricantes devem colabo-
sáveisparadiversas atividades
exercidasno documentação existente
nosarquivos técnicos rar incluindo estas informações nos
diaa dia,entreelasa manutenção, operação dasfábricasestão desatualizadas.
Sem o "as
Boletins Técnicos e Catálogos.
e estudos deampliação daunidadeondea built",estadocumentação ficadesatualizada
válvulaestáinstalada. desdeo iníciodeoperação daunidade. Conclusão
Durante afasedeprojeto,muitasinformaçõesAlémda Folhade Especificação, o usuário
A especificação da válvula de contro-
queconstam naFolhade Dadosaindanão deveexigirdofornecedor documentos com- le é uma tarefa atribuída ao profis-
estãodisponíveis.
Exemplo: númerodesérie, plementares, incluindo
a memória decálculo sional com atuação na área de ins-
Cv nominalda válvulae BenchSet.Estas do corpoe do atuador, desenhos dimensio-
trumentação, controle de processo
informações serãodisponíveisapenasapós nais,manualdeinstrução demanutenção e
e auto mação. Este profissional deve
o fornecimentodaválvula.Outrasalterações relaçãodepeças sobressalentes. estar habilitado para esta função. A
· o chefe da manutenção também está
engajado nesta jornada?
ções que constam neste documento,
todos os fabricantes, competentes ou
ISA é uma fonte importante de infor-
mações sobre este assunto, publica
Se você respondeu não a apenas uma não, são nivelados por baixo na oca- o melhor e mais completo conjunto
das perguntas acima, recomendamos: sião da avaliação técnica. Em outras de normas, livros e revistas sobre
· associar-se a uma Seção ISA para
participar dos Encontros Técnicos
palavras, não existe nas Folhas de
Especificação, atualmente em uso,
este tema. Como sócio de uma das 14
Seções existentes no Brasil, o profis-
juntamente com seu chefe; nenhuma ferramenta que permita sional pode ajudar a organizar pales-
· procurar inscrever-se no curso de
Válvulas de Controle da ISA;
uma diferenciação considerando a
qualidade do produto.
tras, cursos, seminários e exposições
sobre este tema.
· adquirir os livros recomendados no
final deste artigo;
Este é um assunto que não será resol-
vido em curto prazo, requer uma dis-
Considerando como objetivo final o
pleno funcionamento operacional da
· ou, ...especificar o posicionador
pneumático ou eletro-pneumático.
cussão intensa entre os membros da
comunidade, principalmente entre
válvula, a Especificação Técnica é ape-
nas uma etapa, a inicial. Seguida do
Se você respondeu sim a todas as per- os usuários e os fabricantes. dimensionamento, a seleção, o deta-
guntas acima, parabéns, você é um A ISAjá dispõe das seguintes literatu- lhamento, os testes de fabricação, a
profissional que está acompanhando ras sobre este assunto: montagem, a pré-operação, os procedi-
as tendências atuais e está ajudando - StandardANSIIISA-75.25.01 (2000), mentos de manutenção, a documenta-
sua empresa a competir no mercado "Test Procedures for Control Valve ção técnica, a recomendação de peças
mundial. Response Measurement from Step sobressalentes, o plano de manuten-
Inputs" . ção e a monitoração com aplicação dos
O Futuro dJS Especificações de uma Standard ANSIIISA-75.26.0 1- diagnósticos avançados.
Válvula de Controle (2006), "Control Valve Diagnostic
A Folha de Especificação do trans- Data Acquisition and Reporting'. LEITURAS RECOMENDADAS
missor de pressão requer pelo menos Alguns usuários já incluíram em suas - "Controi Vaive", editor Guy Borden Jr.
quatro itens referentes ao desempe- especificações próprias itens relacio- - "Controi Vaive Primer", autor Hans
nho: precisão (incerteza), tempo de nados com o desempenho. A UOP D. Baumann.
resposta, erro provável total (total requer o atendimento aos seguintes - "Advanced Controi Unieashed", auto-
itens de desempenho dinâmico: res: Terence Blevins, Greg McMillan,
performance) e estabilidade.
A Folha de Especificação da válvu- · Banda morta inferior a 0.5% do Willi Wojsznis e Michael Brown.
la de controle não contém nenhu- curso total da válvula Os três livros acima são publicados
ma exigência de desempenho.
Considerando apenas as informa-
· Resolução menor que 0.25% do
curso total da válvula
pela ISAe podem ser adquiridos atra-
vés do site www.isa.org.

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