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t1 - Ergonomia e A Cor Nos Ambientes de Trabalho
t1 - Ergonomia e A Cor Nos Ambientes de Trabalho
1.1. Introdução
1
Todo este material faz parte da dissertação de mestrado:
FONSECA, Juliane Figueiredo. A contribuição da ergonomia ambiental na composição cromática dos
ambientes construídos de locais de trabalho de escritório. Rio de Janeiro, 2004. 292p. Dissertação de Mestrado -
Departamento de Departamento de Artes e Design, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
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O mundo do homem é em grande parte definido pela luz. A luz é uma condição básica para
que a percepção visual ocorra. Sem luz os olhos não podem observar forma, cor, espaço ou
movimento. A luz exerce, sobre o homem não cientista, verdadeiro fascínio por seus múltiplos
efeitos e complexidade. Para o físico, a luz nada mais é do que uma forma de energia radiante,
medida comumente em comprimentos de onda.
De todo o espectro eletromagnético, apenas os raios luminosos compreendidos na faixa de
400nm a 800nm de comprimento de onda são vistos pelo homem. O estímulo oriundo dessas
ondas provoca a sensação luminosa denominada ‘luz’, responsável pelo fenômeno cromático.
Os raios luminosos de comprimento de onda menores a 400nm (os ultravioletas) e os maiores a
800nm (os infravermelhos) não são visíveis devido à autoproteção natural do aparelho óptico
humano.
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800 nm 400nm
Figura 1 – Espectro eletromagnético
sé é percebido pelo olho humano quando projetado sobre uma superfície branca. Ao fazer passar
o espectro através de um segundo prisma semelhante ao primeiro, mas em posição invertida é
possível recombinar as cores para obter luz branca. Um fenômeno semelhante, à experiência de
Newton, é o arco-íris. Resultado da refração da luz solar ao passar através das gotas de chuva,
que comportam-se como prismas.
Considerando a cor como uma informação visual, Farina (1982)iv coloca que,
sobre o indivíduo que recebe a comunicação visual, a cor exerce uma ação tríplice: a de
impressionar, a de expressar e a de construir. A cor é vista: impressiona a retina. É sentida: provoca
uma emoção. E é construtiva, pois, tendo um significado próprio, tem valor de símbolo e
capacidade, portanto, de construir uma linguagem que comunica uma idéia.
Esta característica pode ser explorada de diversas formas no ambiente. Através do esquema
de cores aplicados no ambiente de trabalho é possível criar uma imagem corporativa a ser
transmitida aos funcionários e clientes. É possível diferenciar, através das cores, os vários
departamentos existentes em uma empresa, não só em termos de localização, mas em termos da
natureza da tarefa realizada. Por exemplo, para atividades monótonas pode-se utilizar uma
composição cromática mais estimulante e para atividades de concentração uma menos
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Quando a sua fonte é formada por luzes coloridas emitidas, naturais ou produzidas pela filtragem ou decomposição
da luz branca, o estímulo recebe o nome de cor-luz; quando é formada por substâncias coloridas ou corantes que
cobrem os corpos, e a luz que age como estímulo é obtida por refração, recebe o nome de cor-pigmento.
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estimulante. Estes são apenas alguns exemplos de como a cor pode ser usada para transmitir
certas mensagens nos locais de trabalho, mais adiante esta questão voltará a ser abordada.
Pedrosa (1982)v considera que há a ocorrência de dois fenômenos distintos: o da percepção
e o da sensação da cor.
O fenômeno da percepção da cor é bastante mais complexo que o da sensação. Se neste entram
apenas os elementos físico (luz) e fisiológico (o olho), naquele entram, além dos elementos citados,
os dados psicológicos que alteram substancialmente a qualidade do que se vê.
A mesma noção é ratificada por Mahnke (1996)vi, que considera que “ver” realmente a cor
é um processo complexo resultado da interação da percepção visual do estímulo com o mundo
interno do indivíduo: suas condições psicológicas.
1.5.Qualidades da cor
As qualidades da cor estão relacionadas com a forma como a mesma pode ser percebida
pelo indivíduo. Pretende-se apresentar neste item, algumas formas de percepção da cor e as
reações geradas, quando aplicadas em espaços internos e nos objetos. A partir daí pode-se ter o
conhecimento de que tipos de reações se podem extrair das cores.
Segundo Pilotto (1980)vii as cores podem ser classificadas em dois grupos em função das
reações que provocam nos indivíduos. As cores pertencentes ao primeiro grupo são as cores
quentes, enquanto as do segundo grupo são as cores frias. Esses dois grupos são facilmente
identificados traçando-se uma linha reta passando pelo centro do círculo cromático (Figura 4).
Cores quentes
Legenda (em sentido horário):
VM – vermelho
LR – laranja
AM – amarelo
VdAm – verde-amarelo
VD – verde
VdAz – verde-azulado
CY – cyan
AN – anil
AZ – azul
VI – violeta
MG – magenta
VmAz – vermelho- azulado
As cores quentes parecem sair de seus planos, aproximam-se dos nossos olhos, são
salientes e agressivas. Devem ser usadas em ambientes que não recebem muita luz natural, pois
aquecem e iluminam o espaço. Em ambientes que recebem muita luz natural devem ser evitadas,
pois transmitem, neste caso, sensação de abafamento e diminuem o espaço, acabando por se
tornarem cansativas e pesadas.
Em relação ao emprego de cada uma das cores quentes, pode-se afirmar, que:
• vermelho: deve aparecer na arquitetura de interiores em pequenas áreas, excluindo-se aqueles
ambientes em que haja interesse em criar um clima de excitação, como, por exemplo, em teatros.
Quando usado em paredes, faz com que elas avancem, diminuindo, aparentemente, o espaço
interno. Por suas características de excitação e movimento, não beneficia a atividade mental.
Tem maior poder de atração, poré, cansa facilmente. Aumenta, aparentemente, os objetos.
• amarelo: como o vermelho, reduz, aparentemente, o espaço interno, pois também é uma cor
que avança. É a cor mais visível. Por irradiar muita luz, não deve ser usado em superfícies muito
extensas, mas sim deve partir de pontos. Em paredes estimula, mas é, ao mesmo tempo, irritante.
É indicado para sala de aula de crianças com deficiência intelectual, por ser considerada a cor
que mais estimula a atividade cerebral. É contra-indicado em pisos, pois, com sua extraordinária
claridade transmite forte impressão de estar avançando.
• alaranjado: assim como o vermelho e o amarelo, quando usado amplamente diminui
aparentemente, o ambiente. Por ser facilmente distinguido é fartamente utilizado como símbolo
de ‘alerta’ nas sinalizações de indústrias, identificando peças perigosas.
As cores frias transmitem a sensação de frescor e amplitude. Criam ilusões de
profundidade, transformando pequenos espaços em ambientes mais espaçosos. Não são
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adequadas para ambientes com pouca luz natural, pois, neste caso, transmitem sensação de frio e
solidão.
Em relação à utilização de cada uma das cores frias, tem-se que:
• verde: é a cor que menos cansa a vista e, por isso, é amplamente utilizado em mesas de jogos e
quadros escolares. É muito empregado em arquitetura de interiores, por não causar fadiga e
sugerir frescor, natureza e tranqüilidade. Aumenta, aparentemente, as dimensões internas do
ambiente.
• azul: assim como o verde, pode ser usado em grandes superfícies sem se tornar cansativo e
aumenta, aparentemente, as dimensões internas do ambiente. Conduz ao relaxamento e é
adequado em ambientes de descanso. Quartos azuis transmitem sensação de espaço e
serenidade. O azul claro torna o teto, aparentemente, mais alto, leve e celestial. O azul deve ser
equilibrado harmoniosamente com outras cores nos ambientes para não criar um clima de
tristeza.
Em relação ao uso do branco, cinza e preto nos ambientes, tem-se que:
• branco: traz claridade e alegria, quando usado como acessório. Realça as cores próximas,
tornando-as mais atrativas. Um ambiente completamente branco torna-se frio e impessoal.
• cinza: é usado como contraste para cores intensas. É de grande harmonia com todos os tipos de
composição de cores. Se usado em demasia, sombreia o ambiente.
• preto: leves toques de preto dão um aspecto requintado ao ambiente, porém, em demasia, cria
um clima de tristeza, até mesmo em ambiente formalmente luxuosos.
Percepção visual:
Percepção temporal:
Percepção tátil:
A sensação tátil é produzida pela diferença no tom das cores, entre os tons quentes e tons
frios. Cores quentes parecem fofas e macias, enquanto cores frias causam a sensação de serem
duras e secas. Algumas cores parecem rugosas e ofendem a vista. Outras, causam impressão de
serem lisas, aveludadas, como por exemplo, o azul-ultramar escuro, o verde-cromo, a laca
vermelha.
Percepção de temperatura:
O calor ou frieza de uma cor demonstra sua tendência geral para o amarelo ou para o azul,
respectivamente. Além da associação por imagens mentais arquivadas, pesquisadores
comprovaram que receptores das palmas das mãos podem perceber a diferença entre a
quantidade de calor refletida por uma superfície vermelha e uma superfície azul de um objeto.
Alguns experimentos constataram a diferença de 4 a 5 graus em sensações subjetivas de calor e
frio, em ambientes pintados de azul e vermelho.
Percepção auditiva:
Pesquisas realizadas por psicólogos da Gestalt chegaram a conclusão de que sons altos e
fortes fazem com que os olhos fiquem mais sensíveis ao verde e menos sensível ao vermelho. Os
sons agudos, de alta intensidade e estridentes, tendem a ser comparados com os matizes quentes,
brilhantes e saturados e, em oposição, sons graves e abafados são comparados com os matizes
frios, menos luminosos e de baixa saturação. Estas associações são úteis para compensar,
visualmente, o problema de ruídos em diversos tipos de ambientes.
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O odor, o paladar e a cor são fortes estimuladores ou supressores do apetite, por trazerem à
tona sensações, emoções e lembranças. Os vermelhos e amarelos quentes, laranjas, amarelos
luminosos e verdes claros são cores aperientes, enquanto púrpuras, amarelo-esverdeado,
mostarda e cinzentos são matizes inaperientes. Alimentos de forte sabor e odor agem sobre a
sensibilidade da vista, assim como os sons fortes e altos, tornando- a mais sensível ao verde e
menos sensível ao vermelho. Mahnke (1996)xi, uma lista da associações entre cor/sabor/odor foi
elaborada pelo Institute of Color Psycology, sendo: o vermelho, doce/forte; o rosa,
adocicado/suave; o laranja, levemente ácido/forte; o marrom, rançoso/assado; amarelo,
ácido/azedo; o amarelo-esverdeado, ácido/picante/azedo penetrante; o verde,
ácido/sumoso/azedo; o azul-esverdeado, de fresco a salgado/inodoro; o violeta, doce/narcótico; o
púrpura claro, aroma/sabor adocicado.
Segundo Pilotto (1980)xii, o uso da cor no ambiente de local de trabalho é um fator muito
importante, por representar um auxiliar eficiente na promoção da saúde, segurança e bem estar
dos trabalhadores.
Para Kwallek (1990)xiii, a cor no local de trabalho pode aumentar o humor e a
produtividade do indivíduo ao gerar sensações de conforto, dinamismo e bem estar.
Assim, a cor pode melhorar e transformar os aspectos funcionais (físicos) e os aspectos
formais (estéticos) do ambiente de trabalho. Por tal capacidade Birren (in Déribéré, 1968)xiv
afirma que a cor tem sido reconhecida como um significativo componente de adaptação ao
trabalho, ao proporcionar uma melhor interação entre o homem, a tarefa realizada e o espaço no
qual está inserido.
Estudos de diversos autores sugerem que a cor pode ser usada para auxiliar os indivíduos a
se sentirem fisicamente e emocionalmente mais confortáveis nos ambientes de trabalho (Cassell,
1993)xv. Tais estudos sustentam a noção de que a cor é capaz de propiciar, ao induzir
sentimentos de conforto, bem estar, dinamismo e contentamento:
- reações psicológicas positivas, reações estas relacionadas ao humor, satisfação e
motivação;
- aumento no desempenho do trabalhador, resultando em maior produtividade;
- melhoria no padrão de qualidade do trabalho desempenhado;
- menor fadiga visual, através da adaptação dos contrastes;
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A seguir serão apresentados alguns aspectos funcionais das cores e a forma como eles
podem ser explorados para a obtenção de ambientes de trabalho mais agradáveis e adequados às
características das tarefas e de seus usuários.
O conforto visual
Para Mahnke (1996)xix no design de ambientes de trabalho, o conforto visual deve ser um
dos principais aspectos a ser considerado. Para isso é preciso controlar a reflexão da luz nas
paredes, móveis, mesas de trabalho e no piso. As recomendações de reflexão para superfícies
são:
Local Índice de reflexão (%)
Piso 20%
Mobiliário 25- 40%
Paredes (dependendo das condições de 40 – 60%
luminosidade pode ser de 70%);
Teto 80 – 90%
Tabela 1 – Reflexão para superfícies
A propriedade de reflexão luminosa das cores é um aspecto muito importante na escolha
das cores para o local de trabalho. Segundo Pilotto (1980)xx o emprego das cores com um
coeficiente de reflexão elevado proporciona uma melhoria considerável na utilização da luz. Em
alguns casos, torna-se possível a obtenção do dobro do nível de iluminação, sem nenhuma
modificação das luminárias e sem aumentar a potência das lâmpadas. A seguir, na tabela 2, são
apresentadas os índices de reflexão de algumas cores.
luminâncias em grandes superfícies é uma das mais importantes premissas para a garantia de
uma acuidade visual sem perturbações. Em grandes superfícies ou grandes objetos, além disso,
não devem ser usadas cores luminosas (cores puras) ou tinta fluorescente, já que estas superfícies
coloridas impressionam muito a retina, originando a formação de “fantasmas”, ou efeito da pós-
imagem. Este efeito está relacionado ao conceito de complementariedade das cores. O cérebro
(lobo-occipital) ao longo da evolução adaptou-se a perceber as três cores primárias juntas,
contidas essencialmente nos comprimentos de onda de luz branca. Por esse motivo, quando é
apresentada isoladamente uma só cor (primária) ou apenas duas delas (secundária), ocorre o
fenômeno da pós-imagem, ou seja, surgem reflexos correspondentes às cores complementares
(aquelas que faltam para completar a tríade das primárias). Assim, quando está presente somente
uma primária, o reflexo ou pós-imagem é o de uma secundária, onde estão incluídas as outras
duas partes que faltam.
Como aplicação prática deste conceito no ambiente construído, tem-se o exemplo dado por
Verdussen (1978):
se a tarefa obrigar o operador a fitar demoradamente algum objeto de determinada cor, como seria
o caso de inspeção visual de um produto pintado, principalmente se de tonalidade viva, a parede
fronteira ao posto de trabalho deverá ser pintada de cor complementar daquela predominante, a fim
de descansar a visão e evitar o aparecimento da “post-imagem” ou “imagem fantasiosa”, cuja
repetição continuada aumenta a fadiga visual. Desta forma, por exemplo, supondo que seja
vermelho o objeto em caso, o operador ao levantar os olhos, a certos intervalos, veria a imagem
deste objeto em verde, no caso de fitar uma parede de cor neutra. Assim, para anular o efeito, o
painel ou parede, teria que ser verde.
A cor organiza os espaços e os classifica, seja pela harmonia que cria, pelas associações
que desperta, pela facilidade de leitura do espaço... ela tem o poder de unificar um conjunto
desagregado, como de fragmentar um conjunto coerente. Imensos galpões podem ser
visualmente segmentados pela cor, cada zona colorida constituiria um setor da empresa.
Se não existir uma preocupação com os estímulos sensoriais nos ambientes de trabalho,
eles podem configurar espaços inóspitos e gerar comportamentos que comprometam o
desempenho do trabalho.
Nesse sentido, alguns estudos têm tentado trazer para o planejamento de locais de trabalho
algumas teorias utilizadas no urbanismo. Uma delas é a desenvolvida nos anos sessenta, por
Kevin Linch, que destaca a importância de pontos de referência para que os trabalhadores se
localizem no espaço e portanto, se sintam seguros.
De acordo com estes estudos, no ambiente de trabalho, esta função poderia ser
desempenhada pela cor. Esta seria utilizada de forma a identificar setores da empresa em grandes
ambientes abertos, descaracterizando a uniformidade do espaço e servindo de referencial para os
usuários (trabalhadores e visitantes).
Mahnke (1996)xxi, considera que este referencial também pode ser obtido através do uso de
materiais naturais. Por exemplo, algumas paredes poderiam ser revestidas com pedra naturais,
uso de plantas e fontes (água). Dessa forma, se estaria tentando trazer para os ambientes
desenvolvidos pelo homem a diversidade característica na natureza.
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a. Fatores de conforto
O sistema deve ser estimulante para o operador em seu trabalho.
1. Tem que estimular a limpeza e a ordem através do uso de cores claras;
2. Tem que proporcionar maiores níveis de iluminação ao equipamento;
3. As cores tem que satisfazer de certo modo ao gosto do trabalhador;
4. A variedade de cores tem que se comportar como estimulantes;
5. A iluminação das áreas destinadas ao repouso e alimentação deve ser mais fraca que
às destinadas ao trabalho;
6. As diferenças de iluminação devem ser limitadas;
7. As cores das áreas de descanso devem oferecer uma troca de clima com as áreas de
trabalho;
8. O ambiente tem que ser natural.
b. Fatores de produtividade/desempenho
O sistema deve aumentar o desempenho do trabalhador ao melhorar as condições visuais.
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c. Fatores de fadiga
O sistema deve ajudar a reduzir a fadiga visual e a fadiga física resultante. Deve-se:
1. evitar os níveis de iluminação inadequados;
2. evitar o brilho direto ou por reflexo;
3. evitar as imagens sucessivas da cor;
4. evitar a monotonia;
5. evitar os contrastes extremos de cores nos espaços próximos à tarefa visual.
d. Fatores de segurança:
O sistema de aplicação de cores funcionais deve reduzir os riscos de acidentes e acelerar
o uso de dispositivos de socorro.
1. tem de ser padronizado e reconhecido universalmente;
2. tem que utilizar certas cores para chamar a atenção;
3. tem que utilizar certas cores como identificação;
4. tem que empregar as associações de cores reconhecidas;
5. tem que empregar signos simbólicos/pictogramas em combinação com as cores;
l. Qual a coisa mais importante que as coisas precisam realizar (acalmar, revigorar,
convidar a caminhar, induzir a concentração)?
Mahnke (1996)xxvi coloca que todo espaço arquitetural deve ser analisado em termos de sua
situação particular, função e necessidades. A projetação de um ambiente ideal demanda uma
análise cuidadosa. É preciso fazer duas perguntas básicas:
1. Quais são os principais objetivos projetuais para este ambiente?
2. Como ter conhecimento desses objetivos com algum meio de previsão exata?
Qualquer que seja o principal objetivo projetual para um específico ambiente construído,
há algumas considerações que devem ser levadas em consideração. São elas:
a. Devem ser considerados os efeitos psicológicos e fisiológicos que o projeto cromático
acarretará, efeitos estes, responsáveis pela promoção do bem estar do usuário.
b. Deve haver uma harmonia na variedade de cores aplicada nos componentes que
encerram o espaço arquitetônico. Estes componentes são: as paredes, que no que se
refere à cor, determinam a atmosfera geral do ambiente, teto, piso, colunas, vigas e
mobiliário. Esta harmonia depende do valor da informação visual dentro do ambiente,
que é produzido principalmente pelos componentes que encerram o espaço.
c. A ausência de fadiga visual também depende das cores aplicadas nos componentes do
espaço. As recomendações das normas devem ser respeitadas especialmente em
ambientes de trabalho.
d. Uma atmosfera agradável e uma sensação de bem estar depende da especificação das
cores, segundo seu conteúdo psicológico (efeitos, impressões, associações e aspectos
sinestésicos).
O projeto cromático para ser adequado a um propósito determinado deve considerar três
pontos importantes:
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1. Deve estar de acordo com a função do espaço e com as tarefas ali desempenhadas.
2. Deve evitar que o ambiente seja extremamente estimulante ou extremamente depressivo.
3. Não deve criar efeitos fisiológicos e psicológicos negativos.
Em relação à segunda pergunta básica (como ter conhecimento desses objetivos com
algum meio de previsão exata?), considera-se que a aplicação dos métodos de análise
ergonômica, por se ocuparem da análise da situação real de trabalho, apresentam-se eficazes para
este fim.
Afinal, segundo Mahnke (1996)xxvii, um espaço arquitetural não deve simplesmente ter
cores, mas estas devem estar adequadas aos propósitos do mesmo e às características de seus
usuários.
De acordo com Pilotto (1980)xxviii, a elaboração de um projeto cromático para
determinado local de trabalho depende da vários aspectos, entre eles: o tipo de trabalho, o espaço
em que o trabalho é realizado, a iluminação local, as características fisiológica e psicológica dos
trabalhadores. No entanto é importante levar em consideração algumas recomendações quanto às
cores a serem aplicadas nos elementos que constituem o local de trabalho. Tal ação pode
conduzir a um resultado melhor.
• Recomendações cromáticas:
Tetos e forros: os tetos devem ser pintados com cores claras, que se aproximem do
branco, porque a luz difusa refletida é espalhada uniformemente pelo interior, dissipando as
sombras e reduzindo as possibilidades de ofuscamento pelo brilho de reflexões dirigidas. O uso
das cores que se aproximam do branco permite que a claridade da luz do dia penetre
profundamente no interior do recinto, reduzindo consideravelmente a necessidade de luz
artificial.
Paredes e colunas: as paredes determinam, no que se refere à cor, a atmosfera geral do
ambiente, uma vez que são elas que formam o fundo sobre o qual se destaca tudo o que existe no
interior do ambiente. É para elas que a vista se dirige, quando se desvia do trabalho que está
sendo realizado. Uma diferença acentuada entre a cor da bancada de trabalho e das paredes gera
uma necessidade de esforço da vista para adaptação à nova cor. Se esse esforço for feito várias
vezes no dia, o resultado será o cansaço visual. Por esta razão, a cor a ser aplicada nas paredes
deve ter o mesmo tom daquela que o trabalhador vê quando está concentrado em seu trabalho.
Exemplo: nas fábricas onde as máquinas são pintada de “verde floresta”, uma boa cor
para as paredes seria um verde claro, com um índice de reflexão de 60% a 75% da luz que sobre
ele incidir. Quando a parede for muito iluminada, um índice de reflexão de 50% torna-se
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Apostila Ergonomia e cor nos ambientes de local de trabalho
i
BINS ELY, V; Ergonomia + Arquitetura: buscando um melhor desempenho do ambiente físico. Anais do 3º
Ergodesign – 3º Congresso Internacional de Ergonomia e Usabilidade de Interfaces Humano-Tecnologia:
Produtos, Programas, Informação, Ambiente Construído. Rio de Janeiro: LEUI/PUC-Rio, 2003.
ii
MAHNKE, F. Color, environment & human response. New York: Van Nostrand Reinhold, 1996.
iii
GUIMARÃES, L. A cor como informação: a construção biofísica, lingüística e cultural da
simbologia das cores. São Paulo: Annablume, 2000.
iv
FARINA, M. Psicodinâmica das cores em comunicação. São Paulo: Edgard Blücher, 1982.
v
PEDROSA, I. Da cor à cor inexistente. Rio de Janeiro: Ed. Léo Christiano, 1982.
vi
MAHNKE, F. Color, environment & human response. New York: Van Nostrand Reinhold, 1996.
vii
PILOTTO, E. N. Cor e iluminação nos ambientes de trabalho. São Paulo: Liv. Ciência e Tecnologia,
1980.
viii
Ibid.
ix
GOMES, M. Luz & Cor: Elementos para o conforto do Ambiente Hospitalar. Hospital Municipal
Lourenço Jorge, um Estudo de Caso. Rio de Janeiro, 1999, 275p. Dissertação (Mestrado em Arquitetura) –
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro,
x
MAHNKE, F. Color, environment & human response. New York: Van Nostrand Reinhold, 1996.
xi
Ibid.
xii
PILOTTO, E. N. Cor e iluminação nos ambientes de trabalho. São Paulo: Liv. Ciência e Tecnologia,
1980.
xiii
KWALLEK, N & LEWIS, C.M. Effects of environmental colour on males and females: A red or
white o green office. Applied Ergonomics, v.21, 1990, pp. 275-278.
xiv
DÉRIBÉRÉ, M. La couleur dans les activités humaines. Paris: Ed. Alternatives, 1968
xv
CASSELL, D. Effects of three colors in an office interior on mood and performance. Perceptual and
motor Skills, v.76, 1993, pp. 235-241.
xvi
STONE, N. J. Designing effective study environments. Journal of Environmental Psychology v. 21,
2001, pp. 179-190.
xvii
HAYTEN, P.J. El color en la industria. Barcelona: Las Ediciones de Arte, 1958.
xviii
COLORINDO com segurança. Revista Proteção. p.20-29, maio. 1996
xix
MAHNKE, F. Color, environment & human response. New York: Van Nostrand Reinhold, 1996.
xx
PILOTTO, E. N. Cor e iluminação nos ambientes de trabalho. São Paulo: Liv. Ciência e Tecnologia,
1980.
xxi
MAHNKE, F. Color, environment & human response. New York: Van Nostrand Reinhold, 1996.
xxii
HAYTEN, P.J. El color en la industria. Barcelona: Las Ediciones de Arte, 1958
xxiii
MAHNKE, F. Color, environment & human response. New York: Van Nostrand Reinhold, 1996.
xxiv
HAYTEN, P.J. El color en la industria. Barcelona: Las Ediciones de Arte, 1958
xxv
CESAR, J.C. Cor e percepção ambiental: relações arquetípicas das cores e seu uso nas áreas de
tratamento de saúde. São Paulo, 2003, 247p. Tese de Doutorado – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo.
xxvi
MAHNKE, F. Color, environment & human response. New York: Van Nostrand Reinhold, 1996.
xxvii
Ibid.
xxviii
PILOTTO, E. N. Cor e iluminação nos ambientes de trabalho. São Paulo: Liv. Ciência e
Tecnologia, 1980.
xxix
Ibid.