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Área de Competência-Chave: Cidadania e Profissionalidade – CP2

UFCD 1: Direitos e Deveres

Resultados de Aprendizagem: RA2/DR2 – Direitos e deveres laborais

Domínio: Profissional

Critérios de Evidência/Competências: Assumir direitos laborais inalienáveis e responsabilidades exigíveis ao


trabalhador.

Verificação de critério(s):

Nome do Formando:_______________________________________________ Entregue em ___/___/20__

Tipos de contrato

Os contratos podem ter uma duração delimitada ou não. No primeiro caso,


estaremos perante contratos a termo, e no segundo, sem termo. Também pode
acontecer que o trabalho não ocupe todo o tempo do trabalhador (a tempo parcial)
ou resulte de uma situação de cedência (temporário). A juntar a estas situações, há
aquelas em que existe uma dissimulação de prestação de serviços e é por essas que
vamos começar.
Falsa prestação de serviços?
A relação entre empregador e trabalhador funda-se num contrato. O seu conteúdo define as obrigações das
partes, independentemente de haver ou não documento escrito. (…) Na maior parte dos casos basta um acordo
verbal para que se delimitem, ainda que de modo informal, as condições do contrato de trabalho.

• Interessa, então, saber quando se está verdadeiramente perante uma relação de trabalho. Isso pode
acontecer mesmo quando um documento assinado pelas partes diga que se trata de outro tipo de contrato. Se, por
exemplo, ficar escrito que as partes celebram um contrato de prestação de serviços, mas na prática se verificar
que as características da relação traduzem um verdadeiro vínculo laboral, está-se perante um contrato de
trabalho. Ou seja, o conteúdo é mais importante do que a designação dada pelas partes.

• Para caracterizar o contrato de trabalho, nada melhor do que distingui-lo da prestação de serviços, O
contrato de trabalho garante uma proteção incomparavelmente maior, no que respeita a questões como a
segurança social, os acidentes de trabalho e a estabilidade da própria relação. A prestação de serviços surge
ligada, sobretudo, aos trabalhadores independentes, que em muitos aspetos estão por sua conta e risco.

• A lei define o contrato de trabalho como aquele em que uma pessoa se obriga, mediante o pagamento de
uma retribuição, a prestar a sua atividade a outrem, sob a sua autoridade e no âmbito da sua organização. O
trabalhador fica sob as ordens, direção e fiscalização da entidade patronal. Quanto mais não seja, esta pode
orientar a atividade no que respeita ao lugar e ao momento da prestação. Vejamos, então, quais são os critérios
que distinguem o contrato de trabalho da prestação de serviço:

1. Subordinação versus autonomia

O prestador de serviços apenas está obrigado a apresentar o resultado da atividade, de acordo com as diretrizes
de quem o contratou, mas com liberdade na escolha dos meios utilizados e na forma de realizar e organizar as
tarefas. Já o trabalhador compromete-se, não só a apresentar um resultado, mas a disponibilizar a própria
atividade, no local e horário definidos pela entidade patronal e sob a sua supervisão: é a distinção entre a
subordinação do contrato de trabalho e a autonomia da prestação de serviços.

2. Instrumentos de trabalho
Outro aspeto distintivo está relacionado com os meios ao dispor do trabalhador: Em regra, os utilizados no
contrato de trabalho são propriedade da entidade patronal e a atividade é desenvolvida nas suas instalações, ao
passo que o prestador de serviços dispõe dos seus próprios meios.

3. Horário e local de trabalho


O tempo e o local onde a prestação acontece também são bons indicadores das diferenças. Por exemplo, se
alguém se apresentar num dado local de segunda a sexta-feira, entre as 9h00 e as I8h00, e receber no final do
mês sempre a mesma quantia, estar-se-á, em princípio, perante um contrato de trabalho. Pelo contrário, se a
tarefa for desenvolvida em casa, no horário que o prestador bem entender; nos dias que quiser, apenas tendo
de ter tudo concluído numa data pré-determinada, já se aponta para uma prestação de serviços.

Tarefas

1. Diga o que entende por contrato de trabalho.


2. O contrato de trabalho pode ser considerado existente mesmo que não tenha sido celebrado por escrito.
Esclareça em que situações isto se verifica.
3. Quais são os critérios que distinguem o contrato de trabalho da prestação de serviço

O JUIZ DECIDIU... UM AUTÊNTICO CONTRATO DE TRABALHO *


“Um banco chegou a acordo com um indivíduo para, na qualidade de estafeta, proceder à recolha de valores e
entrega de sacos em estabelecimentos de clientes seus. Para tal, pagava-lhe mensalmente uma quantia fixa, entre os
dias 20 e 23, doze meses por ano, embora tivesse acordado que o estafeta apenas prestaria serviços durante onze
meses. Em contrapartida, este estava sujeito ao horário de trabalho fixado pelo banco, de segunda a sexta-feira,
entre as 9h00 e as 17h00 / 17h30. Recebia instruções do banco sobre os locais onde devia deslocar-se para fazer
entregas, recolhas e outros serviços. No exercício destas funções, deslocava-se na mota que lhe pertencia, recebendo
do banco a quantia mensal de 150 euros, em senhas de combustível. Em caso de avaria da mota, comunicava o facto
ao banco, que suportava o custo da reparação. O banco tinha um contrato de seguro para cobrir o risco de roubo ou
furto dos valores transportados pelo estafeta. Não lhe pagava subsídio de férias ou de Natal, nem subsídio de
alimentação. O estafeta passava recibos verdes. Discutida a natureza desta relação em tribunal, os juízes
consideraram tratar-se de um verdadeiro contrato de trabalho.”
* Supremo Tribunal de Justiça, 28 de Janeiro de 2004

Tarefas

4. Comente a situação apresentada no texto.


5. Descreva uma outra situação que represente um caso similar.

O que diz a lei


O Código do Trabalho apresenta características que indiciam a existência de um vínculo laboral:
1 - a atividade ser realizada nas instalações de quem 3 - quem presta a atividade cumprir um horário
dela beneficia ou em local por si determinado; determinado pelo beneficiário da mesma;
2 - os equipamentos e instrumentos de trabalho 4 - o prestador de trabalho receber como
pertencerem ao beneficiário da atividade; contrapartida, com determinada periodicidade, sempre
a mesma quantia.

Verificando-se algumas destas situações, parte-se do princípio de que existe um autêntico contrato de trabalho.
Caso queira defender o contrário, a entidade que recebe o serviço terá de provar a inexistência de vínculo
laboral. Neste aspeto, o código em vigor desde Fevereiro de 2009 é menos exigente do que o anterior permitindo
detetar mais casos de falsos "recibos verdes".

Trabalhar" a "recibos verdes" e a falta de proteção

Em primeiro lugar; não estando inscrito nem fazendo descontos


para a segurança social, o trabalhador está impedido de
beneficiar das prestações sociais previstas na lei: se adoecer
não receberá subsídio de doença; se tiver um filho, não terá
direito a licença parental e ao respetivo subsídio; se for
dispensado, não terá acesso ao subsídio de desemprego. Outra
questão importante respeita aos acidentes de trabalho. Ao não
estar protegido por um seguro obrigatório, contratado pela
entidade patronal, o trabalhador pode ficar numa situação particularmente grave se sofrer um acidente que
implique despesas avultadas ou o incapacite para o trabalho. Resultando do acidente a morte do trabalhador será a
família a ficar desprotegida. Finalmente, não beneficia das garantias que a lei dá ao trabalhador. A estabilidade da
relação laboral protege-o, já que a entidade patronal só pode pôr termo ao contrato em condições muito restritas.
Pelo contrário, na prestação de serviços não existem normas nesse sentido, dispondo as partes de maior liberdade
no que respeita à manutenção ou não do contrato. Ainda que se trate de uma colaboração prolongada, que dure há
vários anos, a entidade que recebe o serviço pode prescindir da outra parte a qualquer momento, sem grandes
obrigações.

Tarefas

6. Identifique quais são os principais problemas que os “falsos recibos verdes” provocam nos trabalhadores.
7. Descreva uma situação em que se aplique um efetivo “recibo verde”.
8. Elabore um texto pessoal e crítico sobre a precariedade e flexibilidade no trabalho na contemporaneidade.

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