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SLIDE 1:

O Amor e o Prazer: Representações das práticas sexuais nos conselhos amorosos de Ovídio em
sua obra, Ars Amatoria (Séc. I a.C. e Séc. I d.C.).

Luana Grace Guerrieri Araújo


Elizabeth Aparecida Hautz

Alunas do Curso de Especialização História Antiga e Medieval ofertado pelo NEA da


Universidade do Estado do Rio de Janeiro. UERJ.

SLIDE 2:

Resumo: Afim de ensinar a arte de amar, o poeta latino Ovídio destacou-se entre seus pares no
seguimento da poesia elegia, por apresentar em seus conselhos um outro padrão de
comportamento sexual, que invertia a questão moral estabelecida pela sociedade patriarcal
romana no período imperial. Para tanto, o poeta organizou a sua obra Ars Amatoria em três
livros: os dois primeiros foram dedicados ao público masculino e o terceiro ao feminino. Nessa
premissa, nosso objetivo foi identificar como Ovídio representou o comportamento sexual de
homens e mulheres nas relações amorosas descritas em sua obra e como eles mostraram-se
contrários ao projeto de reformas morais do Imperador Octávio Augusto. A partir dessa
reflexão, foi possível compreender porque Ars Amatoria foi considerada uma obra prima da
poesia elegia latina, porquanto ela representou um marco que separava dois mundos: a
prática sexual vivenciada pela elite romana e a revalorização dos costumes ancestrais
atrelados a instituição do casamento impostos pelo Imperador Octavio Augusto.

Palavras-chave: Ovídio. Roma Imperial. Amor. Comportamento sexual.

SLIDE 3:
O amor [...] apresenta-se de forma tão variada nas diversas sociedades e, no interior de uma
mesma sociedade em épocas diferentes, [...]. (FUNARI, 2003, p.99).

Fonte a obra literária latina Ars Amatoria (Segunda metade do séc. I a.C. e primeiro quartel do
séc. I d.C.).

Autor: Publio Ovídio Nasão (43 a.C.-17 d.C.

Roma – Período Imperial (Imperador Octávio Augusto – 27 a.C. – 14 d.C.). revitalizar os


costumes sociais conforme a mos maiorum (valores morais tradicionais), o imperador
implementa um projeto de reforma moral.

O verbo latino amare, é empregado no sentido do amor carnal, conforme salienta Pierre
Grimal (1991, p.157 “[...] significa antes ser amante de alguém. mencionado refere ao sentindo
carnal: verbo latino amare que significa antes ser amante de alguém. (GRIMAl, 1991, p.157).

SLIDE 4:

.” Em Roma, a ética e a prática do amor, exercia uma atração contraditória: era temido pela
loucura da paixão/ ao mesmo tempo era admirado pelo seu poder/ uma virtude divina.
“[...] também o amor, ato sagrado por excelência, exige sigilo e não deve ser profanado pelo
olhar. Como a morte, o amor não é indiferente aos olhos da divindade [...]” (GRIMAL, 1991, p.
320).

SLIDE 5:

POESIA ELEGIA - Poemas metrificados em dísticos/ A elegia era usada em lamentações nos
rituais fúnebres.

Conforme salienta Cardoso (2011, p. 69,70) esse estilo literário foi se transformando entre os
séculos VII e VI a.C. incluindo entre seus temas caráter moral, patriótico, sentimental e de “[..]
lendas mitológicas, sobretudo das que continham elementos eróticos.”

Em Roma, é apresentada como poesia erótico-mitológica, evocando o tema do amor subjetivo


(eu-elegíaco) /jovens poetas Tíbulo, Propércio e na geração seguinte Ovídio. Nasce a elegia
erótica romana, “[...] uma montagem de citações e gritos do fundo do coração; [...]” (VEYNE,
2015, p.12).

SLIDE 6:

Publio Ovídio Nasão foi considerado um último dos poetas elegíacos:

“[...] um gênero poético que surgiu em Roma e que servia exatamente para celebrar o amor”.
Grimal (1991, p.155).

Considera que o amor deve ser vivido em sua plenitude e ser partilhado entre o homem e a
mulher, desfazendo-se da oposição entre o papel ativo e passivo nas relações sexuais,
colocando ambos os sexos em posição de igualdade no campo sexual:

Nasce o prazer naturalmente e não


Duma artificial provocação.
Para que jorre a fonte do prazer
É necessário que o homem e a mulher
Igualmente o partilhem. (OVÍDIO, Ars Am. II, 683-687).

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O amor está presente em todas as suas obras, explorado de diversas formas, seja por vezes
representado por figuras mitológicas como em Metamorfoses ou por conselhos amorosos
descritos em Ars Amatoria.
Grimal (1991, p.157) salienta ainda que para Ovídio o amor é sobretudo desejar, e a “[...] Arte
de amar é a coletânea onde se encontram os conselhos mais eficazes para obter os favores de
uma mulher”.
Para Ovídio: amor: sem o peso da obrigação, o amor demonstra sua própria verdade e é nessa
liberdade absoluta do prazer que ele “[...] encontra as condições de uma experiência amorosa
no “estado puro”.

SLIDE 8
contexto social romano falocrático e hierarquizado: delimitação de papéis sociais de forma
diferenciada para homens e mulheres;
Ars Amatoria apresentou-se como uma ofensa aos projetos de reforma moral empreendidos
por Octávio;
Exaltava o amor atrelado ao prazer sexual, negando a obrigação do ser ativo ou passivo em
relação aos homens e mulheres nas relações sexuais.

SLIDE 9:
Despoja-te ao orgulho
Se queres ser amado longo tempo
Se um caminho mais fácil e seguro
Aos teus anseios é negado,
Se uma porta te mostra um cadeado
Deixa-te escorregar pela abertura do teto
Ou que à tua ousadia uma alta janela
Ofereça a solução de um caminho furtivo.
Ficará radiante a tua amante
quando souber que foi por causa dela
que correste esse perigo. (OVÍDIO, Ars Am. II, 245-255).

SLIDE 10:

Do adultério não é culpada Helena


E não é criminoso o seu amante.
Não fez ele o que tu também farias?
Tu próprio os arrastas para a traição
Proporcionando o tempo e o lugar.
Que o Atrida pense o que quiser:
Eu absolvo a mulher. Declaro-a inocente
E culpo a ingenuidade do esposo complacente. (OVÍDIO, Ars Am. II 365-369/374-376).

SLIDE 11:

Odeio o coito quando não é mútua


A desvairada entrega dos amantes [...].
Abomino a mulher que se entregou
Apenas porque tem de se entregar
E que nenhum prazer experimentando
Frigidamente faz amor pensando no novelo de lã.
Aborrece-me os frutos recolher
das volúpias que me oferecem por dever.
O dever não me agrada na mulher.
Quero ouvir as palavras que traduzem
A alegria que sente a minha amante
Quando me pede para ir mais devagar
E o ímpeto suster.
Quero ver a mulher que desfalece
E que por muito tempo não consente
Que lhe toquem no corpo dorido de prazer. (OVÍDIO, Ars Am. II 688-689/685-694/690-695).

SLIDE 12

Ao escrever sobre essas modificações, sua obra ganhou receptividade entre os romanos de sua
época, pois apresentava um outro padrão de comportamento sexual que invertia a questão
sexual estabelecida pela sociedade patriarcal romana. Consideramos que a obra não tenha
provocado mudanças, mas indicou as mudanças já existentes no comportamento sexual de
homens e mulheres romanos no período do Principado.

SLIDE 13

Referências Bibliograficas.

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