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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE

JANEIRO
ESCOLA DE COMUNICAÇÃO
Disciplina: Marketing e Gestão para Jornalismo
Professor: Eduardo Refkalefsky — eduardo.ref@eco.ufrj.br
Período: 2021/1 (aula remota assíncrona)

AULA 6 – O JORNAL-PRODUTO
Conteúdo e atividades
Leia e assista o conteúdo da aula (links no final) e responda às questões dentro de cada
quadro. Você pode aumentar o número de linhas, que é livre.
Salve o arquivo e envie para eduardo.ref@eco.ufrj.br na mesma conversa em que você
enviou as outras Atividades. Não envie uma mensagem nova a cada trabalho.

PRAZO FINAL PARA ENVIO: 19/10/2021 (terça-feira)

ALUNO: Camila Sant’Anna

PERÍODO: 5º Período

QUESTÃO 1: Descreva três limitações ou imprecisões conceituais ou


metodológicas da dissertação analisada, ilustrando com trechos do texto.
1. Experiências e trabalho nos Estados Unidos: Ao contrário do que afirma a tese (Jânio
de Freitas, José Ramos Tinhorão, Ferreira Gullar, Armando Nogueira, Thiago de Mello
e Nilson Lage vieram "de experiências e trabalho nos Estados Unidos"), a realidade é
que esses jornalistas vinham de famílias pobres e formações completamente alheias
ao jornalismo (“Jânio tinha, se não me engano, passagem pela Faculdade de
Arquitetura; Tinhorão, filho de um garçom, estudou Jornalismo e Direito; eu, de
família de trabalhadores, vim da Faculdade de Medicina, Ferreira Gullar havia chegado
do Maranhão, onde era poeta. Thiago de Mello, também poeta, não pertence ao
grupo e, se trabalhou no Diário, foi por pouco tempo e sem sentido de carreira). O
único que teve contato com trabalho nos EUA foi Pompeu de Souza, que trabalhou
com rádio durante a Segunda Guerra Mundial já mais velho.
2. Influência Americana como força por trás das reformas editoriais no Diário do Brasil e
no Jornal do Brasil: O Jornal do Brasil se adiantou em relação aos Estados Unidos,
graças ao escultor construtivista Amílcar de Castro e um grupo de intelectuais ligados
à estética concretista. Assim, o jornal conseguiu fazer uma reforma gráfica com fotos
instantâneas sem o uso de flash, com a influência da sofisticada Realitées-Illustration.
Enquanto isso, as mudanças no Diário do Brasil foram sim influenciadas pelo exterior,
mas não exclusivamente pelos EUA. A mudança nos anos 50 ocorreu em um momento
de internacionalização das técnicas de redação, não mais exclusivamente americanas.
O lead do Diário, por exemplo, lembrava mais os jornais ingleses do que os
americanos, com seus períodos mais longos. A “série de inovações que correspondiam
à modernização do idioma escrito” foram incorporadas após a Semana de Arte
Moderna de 1922, onde autores buscaram a aproximação dos texto literário com a
fala brasileira. É importante destacar, porém, que as mudanças do texto jornalístico,
ao contrário das mudanças gráficas, são parte de um “processo cumulativo, que
incorpora experiências de jornais e jornalistas de todo o mundo ao longo de décadas”.
3. A linguagem jornalística é a mais coloquial possível: De acordo com Lage, isso não é
verdade, pois o jornalismo tem um “compromisso com as instâncias sociais que
sustentam a linguagem formal”. Mesmo jornais mais propensos a esse tipo de
linguagem, como o “Vozes da Favela” seguem certas regras para não sair da
formalidade. A linguagem jornalística é, então “a intercessão dos conjuntos léxicos e
gramaticais formais e coloquiais”.

QUESTÃO 2-a: Qual a importância do curso de Jornalismo da Faculdade de


Filosofia, Ciências e Letras da Universidade do Brasil (hoje ECO) na difusão de
técnicas jornalísticas?
Tendo em vista o corpo docente do mais alto nível presente na ECO, é justo dizer que o
curso de Jornalismo da UFRJ é o mais qualificado para disseminar, questionar e pesquisar
novas técnicas jornalísticas. Isso não é para dizer que outras faculdades ou pessoas sem
educação formal no jornalismo não são qualificadas ou não tem local de fala na questão
das técnicas, mas em um ambiente fértil para o pensamento e o questionamento, é
normal que seja lá a disseminação maior de técnicas jornalísticas.

QUESTÃO 2-b: E qual o papel que pode desempenhar hoje?


Acredito que o papel mais fundamental da Escola de Comunicação da UFRJ pode
desempenhar hoje é o de questionador. Na minha formação até agora, me sinto segura
em dizer que entendo os limites éticos da profissão e sei quando questionar e me
posicionar em situações que não se encaixam nesses limites, pois passamos inúmeras
aulas analisando e debatendo acontecimentos da história midiática (Eloá Pinheiro,
envolvimento da mídia no Golpe de 64,...). Assim, podemos entender o que deu errado e
nos prepararmos para o futuro quando encontremos situações similares. Ainda que a
parte prática tenha sido prejudicada pelo EAD, o curso de Jornalismo da Federal forma
profissionais cientes de seu papel no mundo e da ética jornalística, para além das teorias
e técnicas.

QUESTÃO 3: Do ponto de vista econômico, como os produtos jornalísticos


(impressos, eletrônicos e digitais) podem ser vistos como “produtos”?
“Quem são seus “clientes”? Compare com as várias funções sociais, citadas
na aula 4.
Ao contrário do que pensava Cremilda Medina e a escola de Frankfurt, para Nelson Lage,
a questão central do jornalismo, o seu produto, não é a notícia, mas sim a credibilidade.
Isso porque somente a tiragem não é o bastante para sustentar um meio de
comunicação: a ela é preciso adicionar a publicidade. Tendo isso em vista, a credibilidade
entra em cena, implicando “prestígio ou aceitação da elite, tanto a cultural quanto a
econômica” (sabendo-se que desde o século XIX o jornalismo não tinha mais como função
o publicismo ou a de difundir os pensamentos e orientações da burguesia/aristocracia,
essa aceitação teve que ser conquistada de outra forma, através da “oferta de serviços
confiáveis de informação pública).
E é justamente a credibilidade (junto com espaço e atenção dos leitores) que o jornalismo
tem a oferecer àqueles que realmente tornam os meios financeiramente viáveis, os seus
clientes: os anunciantes. A publicidade começou a financiar os jornais no século XIX,
coincidindo com a função social do jornalista de educador, para organizar o novo caos da
vida na cidade e ensinar o que ver, sentir, usar, ... Papel que cumpre até hoje, de acordo
com a linha editorial e, muitas vezes, os interesses de seus anunciantes.

QUESTÃO 4: A partir do que foi abordado no texto, sobre os diferentes


papéis sociais do Jornalista, qual o papel social que você considera mais
relevante para profissionais e organizações jornalísticas, hoje?
(Professor, acredito que essa questão é a mesma da Aula 4 e 5, tendo em vista que o
tema “papéis sociais do Jornalista” foi tratado naquele texto e não neste, de Nilson Lage.
Assim, vou copiar a minha resposta que dei então, visto que minha opinião não mudou
desde então.)

Acredito que em um momento em que é mais fácil falar do que ser ouvido, ser um
repórter agente é essencial. Estando onde o povo não pode estar, valendo-se de
linguagem simples, com o uso do insight e das vantagens de um agente inteligente
(habilidade social, “feeling” para saber o que interessa ao público, autonomia e iniciativa),
o jornalista aproveita ao máximo a sua “autorização para ser ouvido” e realmente pode
penetrar na vida dos seus leitores. Assim, mesmo em meio a chamada crise de
credibilidade, o jornalismo pode sobreviver.

Quanto as desvantagens, acredito que elas podem ser contornadas. A tendenciosidade é


mais difícil, ainda mais com o mito da objetividade tão arraigado na nossa cultura
jornalística. Mas se o profissional treinar e conseguir se manter maleável, é possível
reaprender conceitos ou simplesmente botá-los de lado (não os éticos, mas os políticos e
pessoais). Quanto à inadaptação dos interesses do leitor, acredito que contratações
direcionadas a grupos mais heterogêneos pode ser a solução. Naturalmente, uma pessoa
preta poderá escrever muito melhor para um público preto do que um branco, e por aí
vai. Não se deve dizer, porém, que pretos só devem escrever para pretos ou ricos só deve
escrever para ricos, mas a sensibilidade e o próprio insight ficam mais apurados quando
estamos em situações que reconhecemos como familiares. Quando se sabe tudo sobre
um assunto, qualquer mudança salta aos olhos, diferentemente de quando se é inserido
em uma realidade desconhecida.

***

Conteúdo da Aula:
 Texto (em anexo): Comentários à dissertação OESP.

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