Você está na página 1de 6

CSIU – MUSOT – FCT/UNL

1º Semestre -- Ano Letivo 2021-22


Contactos: a.zambon@campus.fct.unl.pt
Aluna: 61276 - Anne Caroline Zambon

UNIVERSIDADE NOVA LISBOA


FACULDADE DE CIENCIA E TECNOLOGIA
MESTRADO DE URBANISMO SUSTENTÁVEL E ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO

Anne Caroline Zambon

Políticas e Documentos de Orientação sobre Cidades Sustentáveis e Inovação


Urbana – Economia Circular

Relatório

Almada
2021
CSIU – MUSOT – FCT/UNL
1º Semestre -- Ano Letivo 2021-22
Contactos: a.zambon@campus.fct.unl.pt
Aluna: 61276 - Anne Caroline Zambon

Anne Caroline Zambon

Políticas e Documentos de Orientação sobre Cidades Sustentáveis e Inovação


Urbana – Economia Circular

O relatório apresentado ao professor Dr. João


Farinha, será parte dos requisitos necessários
à avaliação do conteúdo ministrado na
disciplina de Cidades Sustentáveis e Inovação
Urbana.

Almada
2021
CSIU – MUSOT – FCT/UNL
1º Semestre -- Ano Letivo 2021-22
Contactos: a.zambon@campus.fct.unl.pt
Aluna: 61276 - Anne Caroline Zambon

1. INTRODUÇÃO

Este relatório tem por objectivo apresentar políticas sustentáveis inovadoras que visam combater
uma das problemáticas enfrentadas nos espaços urbanos. A economia circular veio como uma tentativa
de melhorar o sistema económico linear com seu impasse no acúmulo de resíduos inutilizados.
Desta forma, este novo conceito circular proporcionou a concepção de resido em recursos, ao
observar que a má gestão deles gerava diversas consequências negativas tanto para a sociedade como
para o meio ambiente. Com esta nova visão cíclica, estes resíduos se tornaram um recurso valioso para
a economia local, deixando de ser um problema, causador de lixos, enchentes e depreciação para um
agente gerador de empregos, economia e sustentabilidade.
Neste intuito, serão apresentadas definições e problemáticas pontuadas na Agenda Urbana da
UE em conjunto com soluções respaldadas por políticas, projectos e orientações documentadas. A
transformação do resíduo em recurso é um dos doze temas prioritários desta Agenda, estabelecida a fim
de garantir um crescimento inteligente, sustentável e inclusivo.

2. METODOLOGIA

Este relatório se trata de uma pesquisa documentada exploratória orientado por fontes
secundárias através dos dados colectados na Agenda Urbana da UE, PAEC, a Carta de Leipzig e
sites do UN-Habitat (https://unhabitat.org/), Eco.nomia (http://eco.nomia.pt/) e UrbAct
(https://urbact.eu/). Tal metodologia embasará as informações apresentadas de forma sintética e
aplicada em situações urbanas quotidianas. Sendo realizado um resumo aplicado das normativas,
programas criados e documentos que visam abordar possíveis soluções para a problemática da má
gestão dos resíduos com a economia circular.

3. ECONOMIA CIRCULAR

Como publicado por Ania Rok no site UrbAct.eu, o entendimento convencional da economia tem
como base um modelo linear, onde os recursos naturais infinitos são extraídos e transformados em
produtos; os produtos são adquiridos, usados e logo descartados. No entanto, este modelo ignora os
elevados custos económicos, ambientais e sociais relacionados com a extracção, transformação e
afectação dos recursos, não sendo, por isso, sustentável no longo prazo.
Desta maneira, alguns optaram por analisar como o planeta lida com seus produtos e observaram
a forma cíclica que existe, onde nada se perde, tudo se transforma. Em detrimento deste pensamento, foi
iniciado diversas acções para se estabelecer e realizar uma economia circular, onde se evita o desperdício,
reutilizando a matéria-prima.
O site eco.nomia afirma que Portugal é um dos estados membros da UE que têm avançado com
estratégias, roteiros e planos de acção para uma Economia Circular, em linha com as ambições da
Comissão Europeia. Essa nova estratégia de consumo e economia, baseada no uso consciente e eficiente
dos recursos, acarreta em benefícios desde a redução da importação de matérias-primas até o
cumprimento efectivo dos objectivos internacionais.

3.1. PLANOS E ACORDOS EM PROL DA ECONOMIA CIRCULAR

O plano de acção para a economia circular (PAEC, 2017) visa demonstrar que se algumas atitudes
CSIU – MUSOT – FCT/UNL
1º Semestre -- Ano Letivo 2021-22
Contactos: a.zambon@campus.fct.unl.pt
Aluna: 61276 - Anne Caroline Zambon
não forem tomadas, em um futuro próximo estaremos enfrentando uma grande crise de recursos. A
estratégia objectiva em reduzir pela metade o descarte de materiais em sectores como na produção de
electroelectrónicos e embalagens, gerando um grande impacto na cadeia produtiva de plásticos.
Explorando as etapas produtivas desses sectores é possível identificar diversas formas de actuar com a
circularidade aproveitando a eficiência dos recursos, a fim de alcançar uma neutralidade de emissões no
bloco até 2050 e cumprir com os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável.
Actualmente existem diversas iniciativas que visam conscientizar, planejar e agir em prol desta
mudança. Dentre elas existe o PAEC, CQNUAC – Acordo de Paris, Nações Unidas – Objectivos de
desenvolvimento sustentável, além de acordos voluntários ambientais, acordos voluntários entre governo
e grupos de interesse, dentre outros.
Esta nova visão para as actividade económicas vão além das alternativas de embalagens, ela esta
presente quando um mercado cria uma secção de retalho, quando uma agencia aérea adere a aviões
movidos a biocombustíveis como a KLM. Como referido por Karmenu Vella, constante no PAEC “Temos
de saber ser mais produtivos com os nossos recursos e avançar para uma economia mais circular. A maioria
das tecnologias de que precisamos já as temos. O desafio está em como acelerar o ritmo da mudança.”
Em Dezembro de 2015 a Comissão europeia apresentou o “Pacote de Economia Circular” que
objectiva difundir o conhecimento e boas práticas para a aplicação desta nova visão da economia na vida
da sociedade europeia. Este Pacote prevê a revisão de algumas propostas legislativas, como a proposta
sobre os resíduos e um Plano de Acção para a Economia Circular, no intuito de efectivamente conseguir
ter uma autoridade maior no que diz respeito este assunto.
Esta revisão permitira que a Comissão actue efectivamente no âmbito da produção, do consumo,
do aprovisionamento responsável de matérias-primas primárias, na gestão de resíduos e na conversão de
resíduos em recursos, nos consumidores na inovação e no investimento. Desta forma, este Pacote prevê
uma melhoria na gestão dos resíduos com o aumento da reciclagem; e a redução da deposição em aterros.
Dentre as propostas legislativas a serem revistas, estão as que versão sobre embalagens e seus
resíduos, aos veículos em fim de vida, as pilhas, equipamentos eléctricos e electrónicos, além da proposta
relativa à deposição destes materiais em aterros. Sendo importante a compreensão que com a correcta
gestão dos resíduos, além de aproveitar melhor os descartes, diversas problemáticas actuais serão
evitadas.
Com a correcta gestão destes insumos anteriormente descartados, os responsáveis poderão retira-
los de leixões, incineração, da rede de esgoto ou aterros a céu aberto. Gases de efeito estufa serão emitidos
em quantidades insignificantes quando comparadas com as actuais. Sendo evitando ainda enchentes
urbanas, poluição de mares e lagos, assim como a acidificação dos solos, pelas águas da chuva que
contactam com o lixo e a contaminação das águas subterrâneas.

3.2. DESPERDICIO SENSATO DAS CIDADES

O ON-Habitat teve a iniciativa da criação do programa “Waste Wise Cities”, para lidar com o deficit
na gestão de resíduos das cidades. O descartado por pessoas, residências, mercados, empresas e
instituições, será transformado e ressignificado no intuito de impulsionar a economia local, melhorando o
turismo e gerando empregos.
A UN-Habitat convida as cidades a promoverem os 12 princípios chaves de sua estratégia de
gestão de resíduos sólidos a fim de aplicarem e colherem os resultados desse investimento, que auxilia
não só a economia local como também a qualidade de vida da população. Seus princípios podem ser
CSIU – MUSOT – FCT/UNL
1º Semestre -- Ano Letivo 2021-22
Contactos: a.zambon@campus.fct.unl.pt
Aluna: 61276 - Anne Caroline Zambon
resumidos em avaliar a quantidade e o tipo do resíduo gerado, assim como a melhor forma de colectar,
transportar e eliminar. Sendo importante capacitar e estabelecer as melhores condições de serviços os
trabalhadores desde os que manejam com o material até as ONG’s, utilizando os 5R’s.
A elaboração de planos e metas que gerem uma urbanização mais consciente em todas as etapas
da vida útil do produto tendo em mente os objectivos do desenvolvimento sustentável, bem como os
objectivos do Acordo de paris e da Nova Agenda Urbana são os preceitos para uma cidade ser considerada
Waste Wise. Com esse interesse por parte das cidades, a UN-Habitat oferece diversas formas de auxílio,
objectivando a estruturação desta nova forma de actividade económica na localidade.
As cidades que almejem se aderir ao Waste Wise, podem contabilizar com o auxílio do
monitoramento de resíduos, feedback sobre os dados colectados disponíveis e suporte na colecta com a
ferramenta que eles desenvolveram. Também é oferecido ajuda compartilhando os conhecimentos e boas
práticas com boletins informativos, parcerias, kits de ferramentas educacionais e materiais de
conscientização, além de financiar projectos e oferecer um suporte de bancabilidade.
A adesão das cidades ao Waste Wise Cities não implica qualquer obrigação legal ou financeira,
servindo apenas como um motivador para cidades que estejam comprometidas com seus princípios e
desejam aplicar as estratégias aceitando o apoio oferecido.

3.3. OUTRAS INICIATIVAS

Essa mudança de percepção tem como repercussão desde de pequenas práticas, como escolhas
particulares conscientes voltadas para o pensamento cíclico, até em atitudes a nível empresarial, como o
exemplo dos EcoParques Industriais. O Parque Ecoindustrial Kalundborg é uma grande rede de simbiose
industrial localizada em kalundborg, Dinamarca, na qual diversas empresas da região colaboram para usar
os subprodutos umas das outras de forma a reduzir custos e compartilhar seus subprodutos e recursos.
Algumas acções vieram de menores escalas, porém com alcances incríveis, como por exemplo o
site Novonovo que tem por objectivo conectar materiais excedentes aos criadores que precisam dele, quem
pode vender a quem quer comprar. Outra iniciativa é a marca “Vintage for a Cause” que produz roupa de
designer ao estilo “vintage” feitas a partir do desperdício têxtil de empresas. Além de salvar estes recursos,
a marca desenvolveu um projecto em expansão que oferece convívio, aprendizagem e oportunidades de
criação para que outras mulheres possam gerar suas rendas criando estas roupas.

3.4. INICIATIVAS EM LISBOA

Essa gestão adequada dos resíduos pode ser realizada de diversas maneiras, em diversas esferas.
A Faculdade de Ciência da Universidade de Lisboa contribui com a disseminação do conhecimento e boas
práticas em seu campus através da Rede Campus Sustentável - RCS, onde organiza eventos e acções
conjuntas sobre sustentabilidade e economia cíclica. Lidando com as dificuldades de triagens incorrectas,
baixas taxas de reciclagem, falta de recursos humanos com formação para operar os diferentes fluxos, a
rede pode auxiliar diversas pessoas a contribuírem de forma mais efectiva com o conhecimento correcto.
Em Lisboa, foi criado o Clube de Economia Circular (CEC) que interage com a população por meio
de suas redes sociais, lançando diversos conteúdos, projectos e desafios. Uma das acções que o clube
promove é a elaboração de um mapeamento interactivo de actividades que promovam a economia circular,
onde a população pode comentar seus projectos, atitudes, escolhas ou negócio que cumpram a actividade
da semana.
Para isso o CEC seleccionou algumas categorias para serem lançadas semanalmente e colectar
CSIU – MUSOT – FCT/UNL
1º Semestre -- Ano Letivo 2021-22
Contactos: a.zambon@campus.fct.unl.pt
Aluna: 61276 - Anne Caroline Zambon
os feedbacks da população. Categorizaram as actividades em estabelecimento de reparação, sítios de
trocas, comércios de segunda mão, lojas a granel, negócios ecológicos, bibliotecas, hortas e compostagem.
Dessa forma, esta sendo possível tanto mapear e quantificar o crescimento dessas práticas com o passar
do tempo, como ver quais nichos atraem mais essa população.
Dentre essas actividades desenvolvidas pela população temos a NÃM, que a partir de borras de
café recolhidas em Lisboa, produz cogumelos e fertilizante natural. Trata-se de um projecto de agricultura
urbana, que reutiliza desperdício gerado localmente. Mensalmente, por cada 3 toneladas de borras, a NÃM
produz até 1 tonelada de cogumelos, gerando ainda 4 toneladas de fertilizante.

4. CONCLUSÃO

Como foi visto, a economia circular é uma alternativa económica consciente que os recursos são
finitos e visa utiliza-los de forma sustentável, transformando os resíduos em recursos. Com este novo
mindset, a população poderá ter suas necessidades atendidas e inovar cada vez mais mantendo a
harmonia necessária com o ambiente em que vivemos.
Como dito a carta de Leipzig em 2007, “a transformação requer investimentos em tecnologias
inovadoras e eficientes, bem como uma mudanças fundamental na produção e no consumo, permitindo o
estabelecimento de uma economia circular que redefina e assegure uma utilização sustentável dos
recursos, ao mesmo tempo que reduz significativamente o desperdício e as emissões de carbono.”
Sendo assim, é possível entender como funciona a economia circular, como a gestão correcta
destes resíduos e a escolha individual de cada membro da sociedade possui um impacto no futuro. Havendo
óptimas práticas em funcionamento e o compromisso das autoridades neste tema, se fazendo necessário
amplificar esse conhecimento para outros países, para que todos possamos fazer a nossa parte, com
exemplos existentes e novas ideias por virem.

Você também pode gostar