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ARRANJOS ATÔMICOS

Química Aplicada
Sólidos
Sólidos
1. Arranjo Periódico de Átomos
SÓLIDO:

– Constituído por átomos (ou grupo de átomos) que se distribuem de


acordo com um ordenamento bem definido;
– Esta regularidade: determina uma periodicidade espacial da distribuição
atômica, isto é, depois de um certo intervalo espacial, a disposição dos
átomos se repete;
– Um sólido que satisfaz estas condições é chamado cristalino. Um sólido
amorfo é aquele onde aparentemente os átomos não possuem um
ordenamento.
1. Arranjo periódico de átomos
Principais diferenças entre estados cristalinos e amorfos:
Cristalinos: Compostos por átomos, moléculas ou íons arranjados de
uma forma periódica em três dimensões. As posições ocupadas seguem
uma ordenação que se repete para grandes distâncias atômicas (de longo
alcance).

Amorfos: compostos por átomos, moléculas ou íons que não apresentam


uma ordenação de longo alcance. Podem apresentar ordenação de curto
alcance.
2. Tipos de Arranjos Atômicos
Desconsiderando as imperfeições que um material
possui, existem três tipos de arranjos atômicos:

1° Sem ordem:

Os átomos não possuem ordem, eles preenchem


aleatoriamente o espaço no qual o material está confinado. Este
tipo de estado é denominado estado gasoso.

Ex: Ar, He, O, N, H, ...


2. Tipos de Arranjos Atômicos
2° Ordenamento de curto-alcance:

Um material exibe ordenamento de curto alcance, se o


ordenamento dos átomos se estende até os vizinhos mais
próximos.

Outros exemplo:
– Vidros;
– Polímeros;
Os materiais que exibem ordenamento de curto alcance são
denominados amorfos.
3. Tipos de Arranjos Atômicos
3° Ordenamento de longo-alcance:

– o arranjo atômico se estende através de todo o material;

– os átomos formam um padrão regular, repetitivo, como grades


ou redes.

Exemplos:

Metais, semicondutores, muitas cerâmicas


e em alguns casos, polímeros.
3. Classes estruturais dos arranjos
Os arranjos atômicos, que propiciam a formação dos
materiais, podem ser de três tipos básicos, gerando,
então, três classes estruturais principais:

– Estruturas moleculares = materiais moleculares

– Estruturas cristalinas = materiais cristalinos

– Estruturas amorfas = materiais amorfos


3. Classes estruturais dos arranjos
ESTRUTURA MOLECULAR

Característica principal dos materiais de estrutura


molecular:

“Apresentam forças de atração intramoleculares (ligações


químicas interatômicas – na grande maioria covalentes)
muito fracas, ao passo que as ligações intermoleculares
são do tipo forças de van der Waals (muito fracas).”
3. Classes estruturais dos arranjos
ESTRUTURA CRISTALINA

A estrutura cristalina é caracterizada quando


existe uma organização na disposição espacial
dos átomos que constituem determinado
arranjo atômico.

Há uma regularidade estrutural, com a


repetição, nas três dimensões, de uma unidade
básica, chamada de célula unitária.
3. Classes estruturais dos arranjos
CÉLULA UNITÁRIA
– Consiste num pequeno grupos de átomos que formam um modelo
repetitivo ao longo da estrutura tridimensional (analogia com elos da
corrente);
– A célula unitária é escolhida para representar a simetria da estrutura
cristalina.
Exemplo:
Na figura abaixo é apresentada uma disposição bidimensional de
bolinhas brancas e cinzas formando um “cristal”. Assinale a opção
que apresenta a reprodução CORRETA para a célula unitária (caixa
em destaque) do “cristal” em questão.

c)
a) b)

d) e)
3. Empacotamento em sólidos
Dois tipos de ligação: Direcionais e Não direcionais

 Direcionais: Covalentes e Dipolo-Dipolo


 Arranjo deve satisfazer os ângulos das ligações direcionais
Sólidos Covalentes

 Não direcionais: Metálica, Iônica, van der Walls


Arranjo depende de aspectos geométricos e da garantia de
neutralidade elétrica
 Sólidos Metálicos
 Sólido Iônicos Iônicos Covalentes/Moleculares
Ex.: NaCℓ Ex.: Diamante, Gelo
Metálicos
Ex.: Pb, Ni
3. Sistemas cristalinos
Existem 7 sistemas cristalinos básicos que englobam todas as
substâncias cristalinas conhecidas:
4. Célula unitárias de bravais
Classificação das 14 Células Unitárias de Bravais, baseada no 7
Sistemas Cristalinos:

Cúbico
(a=b=c e α=β=γ=90o) Triclínico Tetragonal
(a≠b≠c e α≠β ≠ γ ≠ 90o) (a=b≠c e α=β=γ=90o)

Monoclínico
(a≠b≠c e α=β=90oe γ ≠ 90o)
Romboédrico
(a=b=c e α=β=γ ≠ 90o) Hexagonal
(a1=a2=a3≠c e
α=β=90o e γ =120o )

Ortorrômbico
(a≠b≠c e α=β=γ=90o)
5. Principais Estruturas Cristalinas
Maioria dos elementos metálicos (90%) cristaliza-se com
estruturas altamente densas:

 Cúbica de Corpo Centrado (CCC)


 Cúbica de Face Centrada (CFC)
 Hexagonal Compacta (HC)

Dimensões das células cristalinas metálicas são


pequenas:

Aresta de uma célula unitária de Fe à temperatura ambiente é igual a


0,287 nm

Sólidos Cristalinos de 1 único elemento:

 52% - estrutura cúbica


 28% - estrutura hexagonal
 20% - outros 5 tipos estruturais
6. Cristais Compactos
 Cristais Cúbicos
Cúbico simples (CS) Cúbico de corpo centrado (CCC)

Cúbico de face centrada (CFC)

 Cristais Hexagonais
Hexagonal simples (HS) Hexagonal compacto (HC)
7. Fator de Empacotamento
Como forma de classificar o nível de ocupação por átomos em uma
estrutura cristalina, define-se o fator de empacotamento (F.E.), que
é dado por:
Exemplo 1:
Calcule o fator de empacotamento de uma estrutura cúbica simples.

Ou seja, apenas 52% desta célula unitária são preenchidos por átomos. Devido ao
baixo índice de ocupação desta célula, os metais não apresentam este tipo de
arranjo. Uma única exceção é o polônio (Po).
Exemplo 2:
Determine o fator de empacotamento da estrutura cúbica de face
centrada.
Exemplo 3:
Determine o fator de empacotamento da estrutura cúbica de corpo
centrado.

Ou seja, apenas 68% desta


célula unitária são
efetivamente preenchidos por
átomos.
Exemplo 4:
Determine o fator de empacotamento de cristais hexagonais

No de átomos dentro da célula unitária:

1/6 de átomo nos vértices e 1/2 nas faces:


12x1/6+1=3 átomo

Volume da célula :
8. Número de Coordenação:

– É o número de átomos que tocam um determinado átomo;


– É o número de vizinhos mais próximos;

Cúbica Simples
Cúbica Corpo Centrado
TABELA RESUMO PARA O
SISTEMA CÚBICO
9. Alotropia ou Polimorfismo

Polimorfismo: fenômeno no qual um sólido (metálico ou não metálico)


pode apresentar mais de uma estrutura cristalina, dependendo da
temperatura e da pressão.
Exemplo: a sílica (SiO2) como quartzo, cristobalita e tridimita.

Quartzo (a) Cristobalita e (b) Tridimita


9. Alotropia ou Polimorfismo
Alotropia: polimorfismo em elementos puros.

Exemplos: o diamante e o grafite são constituídos por átomos de


carbono arranjados em diferentes estruturas cristalinas; o ferro com
as variações de sua estrutura entre o sistema cúbico de corpo
centrado (ccc) e cúbico de faces centradas (cfc).

(a) Diamante (b) Grafite


9. Alotropia ou Polimorfismo

– Fenômeno onde uma substância apresenta variações de arranjos


cristalinos em diferentes condições
– Dos elementos químicos conhecidos, 40 % apresentam variações
alotrópicas
10. Transformações Alotrópicas ou Polimórficas

Sólidos que possuem mais de uma estrutura cristalina:


– Alotrópicos ou polimórficos

Alotropia:
– Elementos puros;

Polimorfismo:
– Geral.
Uma alteração no volume deve acompanhar a
transformação durante o aquecimento.

Exemplo: Fe:
10. Transformações Alotrópicas ou Polimórficas
Exemplo: Transformações Polimórficas do Fe
11. Direções cristalográficas
A posição de um ponto do espaço é descrita fornecendo-se sua
localização relativa a três eixos coordenados perpendiculares entre
si, que se interceptam na origem 0.
11. Direções cristalográficas
Exemplos:
12. Cálculos de densidade
Um conhecimento da estrutura cristalina de um sólido metálico
permite o cálculo de sua densidade verdadeira () pela equação:

Onde: n = número de átomos associados a cada célula unitária.


A = peso atômico.
VC = volume da célula unitária.
NA = número de Avogadro (6,023 x 1023 átomos/mol).

Exemplo: O cobre possui um raio atômico de 0,128 nm, uma estrutura


CFC, e um peso atômico de 63,5 g/mol. Calcule a sua densidade.
Solução:

n = 4 átomos por célula unitária


ACu = 63,5 g/mol (peso atômico do cobre)
r = 0,128 nm (raio atômico do cobre)
NA = número de Avogadro (6,02 x 1023 átomos/mol)
12. Cálculos de densidade
Estrutura do cobre é CFC:
VC = 8 8 r 3
(
VC = 8 8 0,128 x 10 -9 )
3
= 4,7453 x 10 -29 m3

n A cu
 =
VC NA
4 . 63,5 g 1 mol
 = -29 23
átomos
4,7453 x 10 . 6,023 x 10 mol m3 átomos

 = 8887041 g/m 3
1 m = 100 cm ® 1 m3 = 1 x 10 6 cm3
 = 8,89 g / cm3
12. Cálculos de densidade
12. Cálculos de densidade
13. Relação entre o Raio Atômico (r) e o Parâmetro de
Rede (a) para o Sistema Cúbico Simples (CS)

No sistema cúbico simples os átomos se tocam na face:


13. Relação entre o Raio Atômico (r) e o Parâmetro de
Rede (a) para o Sistema CCC

No sistema CCC os átomos se tocam ao longo da diagonal do cubo:

Exemplo :
14. Fases dos Materiais

• Fase : trata-se de uma ou mais partes do material que resguarda


homogeneidade do ponto de vista estrutural, ou seja, que mantém
um arranjo atômico próprio;

• Material unifásico e homogêneo: material que possui como um


todo um mesmo arranjo atômico;

• Material polifásico: caso coexistam em um mesmo material


partes com identidades estruturais próprias, o material será
bifásico, trifásico ou, de modo genérico, polifásico (ou
multifásico), em função do número de partes estruturalmente
homogêneas (fases) existentes nesse material.
15. Fases Impuras

• soluções sólidas ou estruturas de cristais mistos:


• Fases impuras pressupõem a formação de soluções
sólidas (ou estruturas de cristais mistos), na qual
átomos de um soluto (em menor quantidade)
conseguem se “dissolver” em uma estrutura principal,
com átomos de solvente.

• Exemplos de soluções sólidas aplicadas aos metais:


• • solução sólida substitucional;
• • solução sólida intersticial.
15. Fases Impuras
15. Fases Impuras
15. Fases Impuras

• Fases impuras – soluções sólidas ou estruturas de cristais mistos


• Soluções sólidas em metais:
• O aço : é um exemplo de material que desenvolve uma solução
sólida (em uma de suas formas alotrópicas), na qual átomos de
carbono se dissolvem na estrutura do ferro.

• O aço tem maiores resistência, limite de escoamento e dureza que


o ferro puro.

• O latão: é outro exemplo de material “impuro”, em que o zinco é


acrescentado à estrutura do cobre.

• O latão é mais duro, mais resistente e mais dúctil do que o cobre.


16. Imperfeições ou Defeitos

Imperfeições ou defeitos microestruturais:


16. Imperfeições ou Defeitos

Imperfeições ou defeitos microestruturais:


16. Imperfeições ou Defeitos

Imperfeições ou defeitos microestruturais:


DIFRAÇÃO DE RAIOS X - DRX
O espectro eletromagnético

luz visível

raios-x microondas

raios gama UV infravermelho ondas de rádio

Comprimento de onda (nm)


Raios

Absorção, um fóton de energia


é absorvido promovendo
elétrons a níveis superiores ou
fora do átomo

Difração é produzido quando a


direção de propagação de um
fóton é deslocado em um
determinado angulo
DIFRAÇÃO DE RAIOS X

Fenômeno de espalhamento da radiação


eletromagnética, provocada pela interação entre o
feixe de raios-X incidente e os elétrons dos átomos
componentes de um material .
Raios X Feixe difratado

Feixe atravessa o cristal


Condiciones básicas
Fenômeno da Difração

O material (objeto
difrator) tem que ser
periódico

O tamanho da
2 periodicidade dos átomos
(espaçamento, d) desse
material tem que ser do
ordem do cumprimento de
onda (λ) da radiação
utilizada
Dois raios que incidem em planos vizinhos, com cumprimento de onda λ

Diferença entre os dois caminhos (cor rosa) = Diferença de caminhos é menor = ½ λ


λ

Fotons saem em fase e Fotons dispersados se


suas ondas são somadas cancelam entre si, ondas
que não estão em fase

Sinal, raio
difratado Não sinal, I = 0
intenso
Lei de Bragg (1913)
λ

θ
d

d
n = 2 d sen()

d senθ d senθ Diferença dos caminhos

Parâmetro experimental:
 - Comprimento de onda da radiação ( 1,54 Å)

Parâmetros da amostra:
d - distância entre planos atômicos
 - orientação desses planos em relação ao feixe, ângulo de Bragg
n - ordem de difração (numero inteiro 1,2,3)
Quem cumpre essas condições?

Material Radiação Incidente

Materiais cristalinos Raios X


(rede cristalina)
d = 5 – 15 Å λ≈1Å

Exemplo

Cristal típico 5 - 15Å

Emissões dos tubos de Mo e Cu Mo (λ=0,7 Å) y Cu (λ =1,5 Å)


Técnica de DRX

A técnica consiste na
incidência da radiação
em uma amostra e na
detecção dos fótons
difratados, que
constituem o feixe
difratado.

Estudar os efeitos causados pelo material sobre


esse feixe de radiação

Determinar experimentalmente a estrutura cristalina do material


CRISTAL

 Estes materiais cristalinos, têm uma estrutura altamente organizada,


em contraposição aos materiais amorfos

2nm

Fronteira entre dois cristais de TiO2. Carbono amorfo.


Amostras Cristalinas

• Monocristais

• Policristais
Monocristais

Os monocristais são compostos sólidos de átomos


organizados num modelo periódico tridimensional que
se estende por todo o material.

Amostra é uma rede única (monocristal),


Difratograma

 = 0.1542 nm (CuK)
Intensidade
(u.a)

Ângulo (2)
Parâmetros de Rede

(410)
(311) (321)

2 I/I1 h k l

(300) (332) 7.193 100 1 0 0


(110) 10.156 69 1 1 0
(111) 12.449 35 1 1 1
16.085 25 2 1 0
(210) 17.632 2 2 1 1
(320) 20.368 6 2 2 0
(420) 21.638 36 3 0 0
(330) 23.960 53 3 1 1
(220) (422) 26.077 16 3 2 0
(211) 27.077 47 3 2 1
29.913 55 4 1 0

Zeólita A
ICDD – 38-0241
Tamanho do cristalito
(Diâmetro médio das partículas)

Equação de
Scherrer
K
Dhkl =
 cos( )
Onde:

D - diâmetro médio das partículas


K - constante que depende da forma das partículas (esfera = 0,94)
λ - comprimento de onda da radiação eletromagnética
θ - ângulo de difração
β (2θ) - largura na metade da altura do pico de difração
k 
TC=
Bg(2) cos()
(140)/(031)

Dados experimentais:
o
 = 1.54
A
2 = 19.25°
1.17°=Bh(2) k = 0.9

Correção instrumental:
Bf=0.59°
Bg2 = Bh2 - Bf2
Bg= 1.01° = 0.0176 rad

o
TC = 80A
k 
TC=
(140)/(031) Bg(2) cos()

Dados experimentais:
o
 = 1.54A
2 = 19.25°
k = 0.9
0.69°=Bh(2)

Correção instrumental:
Bf=0.59°
Bg2 = Bh2 - Bf2
Bg= 0.69° = 0.012 rad

o
TC = 230A
• Ex: Espectro de difração para Al

 = 0.1542 nm (CuK)
Intensidade (u.a)

Ângulo (2)

Uma amostra desconhecida é analisada e seus picos comparados com os


de materiais conhecidos e tabelados, permitindo assim a identificação do
material.

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