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O MINISTÉRIO DE ANCIÃO

  O ANCIÃO NO ANTIGO TESTAMENTO

O vocábulo hebraico para ancião é “zaqen”, de acordo com Emílio Conde tal termo ocorre 174 vezes nas
Escrituras hebraicas, significando “velho, idoso.” Segundo o mesmo pesquisador, este vocábulo é usado
para escravo mais velho na casa (Gênesis 24.2), uma classe social específica (Êxodo 19.7), a totalidade
dos homens maduros, com competência legal em uma comunidade (1Samuel 16.4).

Sabemos que no Antigo Pacto, a idade avançada não era requisito para se fazer parte do grupo de
anciãos, com efeito: 

“No antigo Testamento, por exemplo, ancião não significava apenas uma pessoa idosa, de cabelos
brancos, no caso da vida. Além do significado comum, era-lhe atribuída a característica de pessoa
respeitável, chefe natural da comunidade ou tribo; conselheiro ou juiz do povo.” (Conde, Emílio. Tesouro
de Conhecimentos Bíblicos – História, Geografia e Usos e costumes do Povo de Israel, 10ª Impressão
2011, pág. 49. CPAD, Rio de Janeiro – RJ – Brasil).

Portanto, no Antigo Testamento o vocábulo “ancião” nem sempre está relacionado ao significado de
homem velho, mas a um grupo social ou classe de pessoas respeitadas pela sociedade. Estes eram os
chefes das tribos, os conselheiros do povo:

“Mesmo que a maioria dos conselheiros fosse de idade avançada, essa não era uma norma ou condição
para fazer parte do grupo de anciãos.” (Conde, Emílio. Tesouro de Conhecimentos Bíblicos – História,
Geografia e Usos e Costumes do Povo de Israel, 10ª Impressão 2011, pág. 49. CPAD, Rio de Janeiro – RJ
– Brasil).

Quando Moisés achou pesado o seu cargo, reclamou ao Senhor e Este lhe designou setenta anciãos para
ajudá-lo a levar a carga do povo:

“Eu só não posso levar todo este povo, porque muito pesado é para mim. E se assim fazes comigo, mata-
me, peço-te, se tenho achado graça aos teus olhos, e não me deixes ver o meu mal. E disse o Senhor a
Moisés: Ajunta-me setenta homens dos anciãos de Israel, que sabes serem anciãos do povo e seus
oficiais; e os trarás perante a tenda da congregação, e ali estejam contigo. Então eu descerei e ali falarei
contigo, e tirarei do espírito que está sobre ti, e o porei sobre eles; e contigo levarão a carga do povo, para
que tu não a leves sozinho.” (Números 11.14,15,16,17).

Baseado no número de setenta anciãos (+1) é que, segundo o judaísmo, foi formado o tribunal judaico, o
Sinédrio. Dentre os muitos seguidores, Jesus designou setenta discípulos, e mandou-os adiante da sua
face, de dois em dois, a todas as cidades e lugares aonde ele havia de ir (Lucas 10.1).

Pelo Sinédrio (heb. sanhedrîn) nosso Senhor Jesus Cristo foi injustamente condenado (Mateus 26.57...) e
levado a Pôncio Pilatos para ser crucificado (Mateus 27.26).  Na cruz, com a morte do testador de um
melhor Concerto (Hebreus 9.15,16,17), foi implantado e ratificado a Nova Aliança, o Novo Testamento de
nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

                                        O MINISTÉRIO DE ANCIÃO NA NOVA ALIANÇA

O ancionato foi ratificado por Deus em todas as igrejas cristãs, tanto nas igrejas dos hebreus quanto nas
igrejas dos gentios:

“A influência e o prestígio dos anciãos também penetraram na igreja primitiva, pois eles ocupavam os
cargos mais destacados, isto é, a posição de dirigentes. O apóstolo Paulo, conforme se lê em Atos,
estando na cidade de Mileto “mandou a Éfeso, a chamar os anciãos da igreja” (At 20.17).” (Conde, Emílio.
Tesouro de Conhecimentos Bíblicos – História, Geografia e Usos e Costumes do Povo de Israel, 10ª
Impressão 2011, pág. 52. CPAD, Rio de Janeiro – RJ – Brasil).

Importante: Não devemos confundir os anciãos cristãos com os anciãos do judaísmo, não se deve
confundir os anciãos que viveram debaixo da Nova Aliança com os que viveram debaixo do Antigo Pacto.
Os anciãos que governavam as igrejas cristãs eram seguidores de Cristo, em contraste, os anciãos que
viveram sob a Lei combateram nosso Mestre e o condenaram como digno de morte.
No início de Seu ministério, o Senhor Jesus chamou os discípulos e escolheu doze deles, a quem também
deu o nome de “apóstolos” (Mateus 6.13), originando assim, o ofício apostólico. Com a morte de Judas
Iscariotes (Mateus 27.3,4,5) o ministério que este havia recebido junto aos demais apóstolos ficara vago,
sendo tal ministério um “encargo, bispado ou ofício”, do grego “episkopê” (Atos 1.20):

“Porque está escrito no livro de Salmos: Fique deserta a sua morada; e não haja quem nela habite; e:
Tome outro o seu encargo.”

Tal passagem se refere a Salmos 109.8, na Bíblia Hebraica: “Îhiu-yamaiv me‘atîmpequdato îqah ‘asher”.

Na Septuaginta para “encargo, bispado” ocorre o termo “episkopê,” no original hebraico corresponde
a “pequdah”, isto é, nomeação, serviço, ofício. Em nossas Bíblias, o Salmo 109 corresponde ao 108 da
Septuaginta. O vocábulo grego “episkopê” em nossa versão ARC (Salmos 109.8) é traduzido por “ofício”, a
própria Bíblia desmente alguns pastores assembleianos, estes afirmam que o termo ancião ou bispo não
corresponde aos oficiais da igreja. Portanto, todos os apóstolos eram bispos ou anciãos da igreja de Cristo,
foi para o ofício de ancião que Matias foi escolhido para ocupar junto aos doze o “bispado” outrora vago
(Atos 1.24,25,26).

Pelo ministério de ancião as igrejas primitivas eram pastoreadas ou apascentadas (Atos 20.17,28), em
cada igreja havia anciãos (Atos 14.23). No tocante a Atos 14.23, é dito que os anciãos, presbíteros foram
constituídos pelos apóstolos e não pela igreja:

“Diz F. W. Grant: No caso das assembléias aqui, os apóstolos escolheram anciãos para elas; por isso
entendemos que elas mesmas não tinham condições espirituais para fazê-lo.” (S. E. McNair. A Bíblia
Explicada, 8ª Edição 1992, pág. 397. CPAD, Rio de Janeiro – Brasil).

O apóstolo Paulo disse ser um “embaixador” (Efésios 6.20) em cadeias, para o termo “embaixador” o
original grego usa a palavra “presbeuõ”, derivado de “presbys” (ancião), isto é, um ancião, mensageiro de
uma autoridade dominante, embaixador de Cristo!

Para tratar e deliberar assuntos doutrinários da igreja reuniu-se os apóstolos e anciãos (Atos 15.4,5,6).
Não havia nenhum ofício de “pastor” (gr. poimên) entre eles, o termo pastor é um “DOM” (Efésio 4.8,11),
do grego “doma”. Lemos nas Escrituras que o jovem Timóteo fora ordenado para o ofício de “presbítero,
ancião”, tendo Paulo rogado a Timóteo que o dom espiritual não fosse desprezado:

“Não desprezes o dom que há em ti, o qual te foi dado por profecia, com a imposição das mãos do
presbitério.” (1Timóteo 4.14).

Segundo o CACP, o presbitério (corpo de anciãos) não poderiam por profecia dar nenhum ‘dom de pastor’
a Timóteo com a imposição das mãos, sendo a profecia um "dom" ministerial (Ef 4.8,11), afinal, o
suposto ofício ainda não tinha sido formado naquele tempo. Tratarei disto um pouco mais à frente.

“noli neglegere gratiam quae in te est quae data est tibi per prophetiam cum inpositione manuum
presbyterii”. (Bíblia Sacra Vulgata, 1Timóteo 4.14). Ênfase minha.

Como cristãos, sabemos que todo o dom perfeito vem do “alto” (Tiago 1.17), mas o suposto ‘ofício’ de
pastor se origina de seminário (gratuito ou pago?) com direito a diploma. Segundo Gedeon Alencar –
presbítero da Assembléia de Deus - a expressão corriqueira usada ainda hoje nos meios assembleianos é
de que “seminários teológicos” são chamados de... “Fábrica de pastores”. (Alencar, Gedeon. Assembleias
de Deus – Origem, Implantação e Militância (1911 – 1946), pág. 92, Arte Editorial – 2010, São Paulo –
Brasil).

Usando de certa liberdade, posso dizer que em tal “fábrica” a etiqueta seja o diploma. O mais estranho
argumento já visto, é que o CACP possui a ideologia de que no período apostólico, ‘a Igreja ainda estava
no estágio de primeira infância’(?), tendo recebido dons DISFORMES (sem formação)! A contradição
reinante é que todo ensino Bíblico da atualidade deve ser validado e pautado nos mesmos ensinos
ministrados àquela igreja do “estágio de primeira infância”, o que passar disso, é acréscimo à Palavra de
Deus. O CACP argumenta que quando Jesus subiu ao alto (Efésios 4.8) os DONS dados por Cristo à
igreja no ‘estágio de primeira infância’(?) na verdade não foram dados, por não terem sidos formados,
confira o argumento estereotipado do CACP:

“É que enquanto a Igreja ainda estava no estágio de primeira infância – as congregações foram colocadas
sob um corpo de anciãos até que os dons do ministério fossem formados.” (CACP). 
A heresia encoberta contraria o testemunho do Espírito de Cristo contido em Efésios 4.8, tal heresia incute
que Jesus não deu ao “presbitério” (corpo de anciãos/bispos) os dons para apascentarem o rebanho! E
isto – diz o CACP – a igreja estava aos cuidados dos anciãos (...) ‘até que os dons do ministério fossem
formados’(???)! Que Heresia! E isto defendido por um instituto que se diz ‘apologético’. Incutem que o
presbitério que deu posse a Timóteo não tinha dons ministeriais, não poderiam exercer os dons (Ef 4.8) de
apascentar (pastor) profetizar (profeta) ensinar (mestre) e de serem mensageiros (apóstolos) do evangelho
de Jesus Cristo! Alegam que não havia naquele tempo nenhum pastor humano, em razão de os dons não
terem sido formados.

Depois dessa heresia, ainda vem nos acusar da faltarmos com o conhecimento da Palavra de Deus: ‘A
CCB cai na condenação bíblica de errar por não conhecer a Escritura’(?). Assim, depois do disparate
apresentado, o CACP se auto-proclama conhecedora da Escritura.

Com a “imposição das mãos”, Timóteo recebeu autoridade de Deus para exercer o ofício junto aos demais
do presbitério:

“presbiterion, assembléia de anciãos, presbitério. Pode ser a tradução de um termo técnico hebraico que
significava “a pressão dos anciãos,” que, em efeito, denotava “a imposição de mãos sobre alguém, com o
objetivo de torná-lo um ancião ou rabino.” Num contexto cristão significaria “ordenação do presbítero” ou
“ordenação formal ao ofício.” (Kelly). (Rienecker, Fritz; Rogers, Cleon. Chave Linguística do Novo
Testamento Grego, 1ª Edição, pág.465. Vida Nova. São Paulo – Brasil).

Portanto, temos prova bíblica para “ordenação do presbítero” ou “ordenação formal ao ofício” de ancião.
Este é o ofício vigente na Congregação Cristã no Brasil, a mesma não aceita em seu meio – biblicamente
embasada – a invenção do ‘ofício’ de pastor, uma vez que a Escritura diz ser um “DOM” (Efésios 4.8,11) e
não podemos confundir “dons” com “ofícios,” são coisas para lá de distintas. O ofício de presbítero foi
constituído para apascentar, pastorear o rebanho mediante o “dom” recebido. De fato, os anciãos e/ou
presbíteros eram e são os apascentadores do “rebanho” (igreja) descritos na Escritura (Atos 20.17,28). Em
lugar algum do Novo Testamento se fala sobre um suposto ‘ofício’(?) de pastor, mesmo em Hebreus
13.7,17 o termo encontrado no Original Grego não é ‘pastor’ (gr.poimên), mas “líder” (Gr. hegéomai). Ora,
os líderes da igreja primitiva eram os presbíteros:

“PRESBÍTERO Líder da igreja. Os presbíteros se dedicavam à direção das igrejas, ao ensino da doutrina


cristã e à pregação do evangelho. A palavra grega presbíteros quer dizer “ancião”, mas era usada para os
líderes cristãos sem referência à sua idade (Atos 14.23; 20.17; 1Timóteo 4.14; 5.17, 19; Tito 1.5-6; Tiago
5.14). Nos tempos do Novo Testamento os presbíteros também eram chamados de bispos (ver BISPO).”
(Bíblia Sagrada – Letra Grande, Nova Tradução na Linguagem de Hoje, pág. 1754, Sociedade Bíblica do
Brasil, São Paulo – SP).

Volto a repetir, em lugar algum do Novo Testamento há apoio para o suposto ‘ofício’(?) de pastor existente
no meio evangélico atual, não há nenhuma referência Bíblica a um suposto ‘ofício’ de pastor de “igreja,” a
não ser o de Cristo, e isso em todo o Novo Testamento. A única passagem se refere a “DOM” (Efésios
4.8,11) e não OFÍCIO!

Falando de 1Timóteo 3.13, que fala dos cargos de bispos e diáconos, uma própria publicação da CPAD
aponta os termos descritos em Efésio 4.11,16 como sendo DONS para aqueles que detêm o “ministério da
palavra” (Atos 6.4), isto é os bispos ou anciãos:

“Notemos que neste trecho o apóstolo não se ocupa com os dons para o ministério da palavra, detalhados
em Efésios 4.11-16, cujo préstimo não é limitado a uma determinada localidade, mas encara a edificação
de todo o corpo de Cristo.” (S. E. McNair. A Bíblia Explicada, 8ª Edição 1992, pág. 458. CPAD, Rio de
Janeiro – Brasil).

Portanto, os descritos em Efésios 4.8,11 não são ofícios ministeriais, mas diz respeito a “DONS” que foram
dados para o ministério da palavra.

Havendo algum doente, por não haver nenhum ‘ofício’ de pastor para ser chamado, eram chamados os
que detinham o ofício divinamente constituído, o de presbíteros: “Está alguém entre vós doente? Chame
os presbíteros da igreja e orem sobre ele, ungindo-o com azeite em nome do Senhor” (...). (Tiago 5.14).
O apóstolo João se identificou por duas vezes como presbítero ou ancião (2João 1; 3João1), Pedro era um
dos presbíteros, anciãos da igreja (1Pedro 5.1).

O vocábulo presbítero, ancião e bispo se referem à mesma pessoa do ancião (Atos 20.17,28), são termos
sinônimos.
O CACP não tem apoio em nenhuma passagem do Novo Testamento para dar embasamento ao suposto
ofício de pastor, em razão de esta ter afirmado em debate com um membro da CCB de que no período
apostólico – segundo o CACP – “a Igreja ainda estava no estágio de primeira infância” e os dons
ministeriais ainda não haviam sido formados. Sendo assim, eles se baseiam em argumentos extra-bíblicos,
sem nenhuma base Bíblica. A tal ‘formação’, ao que parece, iria vir com a criação de seminários, isto é,
uma espécie de “fábrica de pastores”, sendo esta uma expressão utilizada ainda hoje por assembleianos.
Finalmente, o vocábulo português para ancião, em hebraico é “zaqen”, do grego “presbyteros”, do latim
“epíscopos.” São designações para um mesmo ofício.

Para fechar este texto, toda igreja ou denominação possui o direito para criar o título ou nome que desejar
aos seus líderes - ainda que sem apoio das Escrituras cristãs - tal como “padre, papa, pastor, reverendo,
cardeal, etc., etc.

Deus vos abençoe.

Daniel Kauphan

http://apologiadidacheccb.blogspot.com.br/

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