LIVIA BARBBOSA

A Ética e a
Estética na
Alimentação
Contemporânea

SOBRE A AUTORA: LIVIA BARBOSA

Mestre em Ciências Sociais pela

Universidade de Chicago/EUA. Doutora

em Antropologia Social pelo Museu

Nacional/UFRJ. Professora do

Departamento de Antropologia da UFF.

Graduada em Museologia pelo Museu

Histórico Nacional (1969), em Ciências

Sociais pela UERJ (1970).

Foto retirada de Mix palestras

INTRODUÇÃO

TODO E QUALQUER TEMA DE INTERESSE

CONTEMPORÂNEO HOJE NOS REMETE À

ALIMENTAÇÃO.

O PRATO HOJE SE TORNOU UM PONTO

DE CONVERGÊNCIA DE QUESTÕES

POLÍTICAS, IDEOLÓGICAS, IDENTITÁRIAS,

ETC...
O REINO DA ÉTICA: CENTRALIDADE E
PROTAGONISMO
A alimentação sempre teve um papel
fundamental na reprodução social e física da
vida humana
Hoje selecionar o que comer passa por um
processo de seleção complexa, como a
moralidade de se comer ou não carne, as
práticas tradicionais e éticas do agronegócio.
"Partindo do "nosso prato de cada dia" ,
podemos chegar a qualquer tema de relevância
contemporânea.
Os aspectos de sustentabilidade socioambiental
no comer contemporâneo são cheios de
complexidades as quais envolvem tanto a
produção, como a distribuição e no consumo
alimentar.

Trazendo ao comer uma dimensão

macropolítica.

Hoje, o comer relaciona-se também com nosso

estilo de vida e identidade, na medida em que
aquilo que comemos pode ser um alimento de
classificação social.

 "VOCÊ É O QUE VOCÊ

COME"
"Se sou o que eu como - isso engloba tudo acerca de mim mesmo:

minha saúde meu, estado físico, minha identidade e a consciência

que tenho de mim mesmo e do mundo à minha volta.

O termo "mindful eating" foi cunhado no sentido de

prestar atenção significativamente ao comer, pensando

não apenas n o ato de comer, mas também nas pessoas

que produziram e como ela foi produzida.

Mas, se o comer junta, ele também separa. É justamente a possibilidade de

controle de si mesmo e do outro.

Do qual comer é ético e qual não é, transformando a comida, a alimentação e

o comer em fonte de tensão entre indivíduos.

Na prática política cotidiana alguns movimentos se formaram como o Slow

Food em oposição ao fast food e o Fair Trade (comércio justo).

No âmbito institucional, hoje vivemos em um mundo de selos e certificados,

tanto por parte de agentes públicos como privados, que atestam a

"idoneidade ética" tanto do produto, quanto daqueles que os consomem.

O estado age de forma pró-ativa, legisladando,

preventivamente, na posição de "árbrito da boa

alimentação".

Um bom exemplo é o Guia alimentar para a

População Brasileira em 2014.

Políticas Públicas de outros países também

restringem ou proíbem o uso de determinados

ingredientes, como a gordura trans.

Há também exemplos de proibições de

derminados tipos e comida ou descaraterização

da paisagem urbana, como a proibição de redes

fast food na zona histórica da Lucca, na Itália

 Visibilidade e gastronomização da
alimentação contemporânea

A visibilidade da alimentação, da comida e do

comer leva à presença constante de temas

ligados a culinária em suas diversas formas nas

diferentes mídias.

A gastromização por sua vez é o processo de

valorização dos "prazeres da mesa" em sua

extensão.

Hoje é impossível "ler jornais" ou assistir TV sem

que se esbarre em algum show de culinária

 A comida entrou não só na TV, mas
também em livros. Com um novo
gênero literário em que a comida e o
comer se tornam quase seus
personagens principais.

Além do aumento do número de livros

de receitas.

Fotograr comida e o alimento também

se tornou algo comum e como um
novo hobby.

 Hoje ser "chef", não é mais ser

cozinheiro. A profissão se tornou
glamurizada.

A nova visibilidade e
gastronomização da sociedade
trouxe também um novo significado
ao comer fora de casa..
Novos espaços em que a comida
pode ser "experinciada" foram
criados.

A cozinha de casa também não escapou

do processo de gastronomização.

O por a mesa ganhou mais significado

A decoração de pratos transformou-se

em "montagem" como se a mesa fosse
uma passarela de drag queen.

Essas transformações na cultura material

em torno do comer sinalizam que o gosto
não é mais o único sentido mobilizado no
comer do cotidiano.
 AS INTERSEÇÕES ENTRE A
ÉTICA E A ÉSTÉTICA
A ética mais presente sobre a alimentação é sobre a

saudabilidade dos alimentos.

Mesmo que o comer seja um prazer, não se pode

relaxar. Sendo um dilema constante.

Para "eticizar" a comida opções mais "saudáveis"

passaram a serem oferecidas em restaurantes, como

a salada do McDonald.
Outra interseção acontece com os alimentos orgânicos,
da produção local e dos produtos artesanais.
Eles são colocados em gôndolas separadas em
supermercados. “Eles são promovidos por chefs de
cozinhas.

"Uma quarta interseção entre a estética e a ética é o

aparecimento de restaurantes especializados em
ideologias alimentares específicas."

O processo de gastronomização da alimentação implica diferentes processos.

O descobrimento e/ou valorização de um local, prato ou estilo culinário.
A inclusão deste à categoria de "tesouro" ou "patrimônio" por segmentos com capital
social e culinário para conferir esse status.

Grupos com dinheiro e capital social se deslocam para frequentar e comer esses
alimentos. Eles são os árbitros do "bom comer ou do comer correto" e criam um
movimento de pessoas que antes não existia.

Criando processos de criação, crescimento de negócios e circulação de

conhecimentos e ingredientes que não existia.

A diferença do movimento atual para os anteriores é a intencionalidade de se

manterem vivas essas comunidades e tradições sem que se perca o "o sabor local e
tradicional" ao mesmo tempo em que se oferecem novos produtos e serviços a
mercados já constituidos.
 Considerações Finais
A alimentação, a comida e o comer faziam parte da micropolítica da
vida cotidiana e doméstica. Mas hoje eles se tornaram objetos de
políticas públicas , de movimentos sociais e de militâncias as mais
diversas.

Ao lado da ética, desabrochou o lado estético, lúdico e prazeroso da

alimentação.

Os mercados e os pratos dos consumidores tornaram-se os grandes

campos de batalhas em que se trava a luta por mais ou menos
eticização e estetização do comer contemporâneo.
PREZADO ALUNO, CONVIDAMOS
VOCÊ A CONSULTAR A
REFERÊNCIA NA ÍNTEGRA. ESTE
RESUMO NÃO SUBSTITUI A
LEITURA DO TEXTO.
ABRAÇOS

BARBOSA, LÍVIA. A ÉTICA E A ESTÉTICA NA ALIMENTAÇÃO

CONTEMPORÂNEA. IN: CRUZ, THOMÉ DA; MATTE, ALESSANDRA;
SCHNEIDER, SERGIO (ORG.). PRODUÇÃO, CONSUMO E
ABASTECIMENTO DE ALIMENTOS: DESAFIOS E NOVAS
ESTRATÉGIAS. PORTO ALEGRE: EDITORA DA UFRGS, 2016, P. 95-
123.