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O Pedagogo Empresarial1

1. A PEDAGOGIA

A Pedagogia é um tema muito rico, e por ser muito extenso requer muito estudo e pesquisa.
Depende não só das gerações passadas, dos desbravadores deste campo, mas também das novas gerações
de profissionais ousarem e produzirem trabalhos e pesquisa com qualidades científicas para dar
continuidade ao trabalho já começado. Atualmente, além da Instituição Escolar, notamos grande interesse
nas áreas hospitalar e empresarial, além da clínica clássica.Surgida no século XVII, pedagogia tende para
um objetivo prático definido, através de meios (processos e técnicas de ensino) eficientes para alcançá-
los.
Komensky, considerado Pai da Pedagogia cujo sobrenome foi latinizado para Comenius, recebeu
esse título pela descoberta de que o estudante merece cuidados especiais para efetivação de uma
aprendizagem mais produtiva e deleitosa.
Os sentidos e à experiência eram de extrema importância para Comenius. Em Janua linguarum
reservata (1631; A porta das línguas reaberta), manual para o ensino de línguas, utilizou desenhos com
fins didáticos. Na Didática magna, propõe um sistema educativo a ser aplicado da infância aos estudos
pós-universitários. A doutrina filosófica de Comenius, a qual ele deu o nome de pansophia, propõe a
universalização do saber e a supressão dos conflitos religiosos e políticos.
As inovações introduzidas por Comenius nos métodos de ensino influenciaram em grande
medida as reformas educativas e as teorias de eminentes pedagogos de séculos posteriores.
Constantemente Comenius era chamado a vários países europeus para pôr em prática suas teorias
pedagógicas e filosóficas. Estabeleceu-se finalmente em Amsterdã, onde morreu em 15 de novembro de
1670.
Desde então, o ensino transformou-se paulatinamente, retro-alimentado por novas propostas
educativas iluminadas, em destaque a do francês Jean Jacques Rousseau no século XVIII, de seus
seguidores e de numerosos educadores, mais próximos de nós, auxiliados pela eclosão da Psicologia que
confirmou os acertos dos mestres pioneiros.
Os métodos de ensino sucederam-se uns aos outros, sempre no intuito de apresentar ao aluno
uma aprendizagem de acordo com a sua faixa etária.
No decorrer do tempo, a Pedagogia, com seus objetivos e currículo pertinentes progredia, sempre
direcionada à eficiência e eficácia do ensino, tomando por fim forma de curso, emancipando-se na Europa
e nos Estados Unidos.
Ao consultar o que diz o Diretor Cientifico do CEFA, Paulo Ghiraldelli Junior, encontramos a
seguinte definição para pedagogia:
Trata-se da pedagogia como o campo de conhecimentos que abriga o chamamos de "saberes da
área da educação" - como a filosofia da educação, a didática, a educação e a própria pedagogia.
A pedagogia está ligada às suas origens na Grécia antiga. Aqueles que os gregos antigos
chamavam de "pedagogo" era o escravo que levava a criança para o local da relação ensino-
aprendizagem; não era exclusivamente um instrutor, ao contrario, era um condutor alguém responsável
pela melhoria da conduta geral do estudante, moral e intelectual. Ou seja, o escravo pedagogo tinha a
norma para a boa educação; se por acaso, precisasse de especialistas para a instrução, conduzia a criança
até lugares específicos, os lugares próprios para o "ensino de idiomas, de gramática e calculo", de um
lado, e para a "educação corporal" de outro.
A concepção que diz que a pedagogia é a parte normativa do conjunto de saberes que precisamos
adquirir e manter se quisermos desenvolver uma boa educação, é mais ou menos consensual entre os
autores que discutem a temática da educação.
O termo "pedagogia" designa a norma em relação à educação. "Que é que devemos fazer, e que
instrumentos didáticos devemos usar, para a nossa educação?" - esta é a pergunta que norteia toda e
qualquer corrente pedagógica, é o que deve estar na mente do pedagogo.

1.1 PAIDÉIA

1
Monografia apresentada para conclusão do Curso de Pedagogia Empresarial da Universidade Veiga
de Almeida.
Myrian Glória Greco, Rio de Janeiro, 2005.
A palavra Paidéia, de início significa apenas criação dos meninos - pais, paidós, criança -, com o
tempo adquire nuances que a tornam intraduzível. Conforme Werner Jaeger diz que não se podem evitar
expressões modernas como civilização, cultura, tradição, literatura ou educação, porém nenhuma delas
coincide com o que os gregos entendiam por Paidéia. Cada um daqueles termos se limita a exprimir um
aspecto daquele conceito global. Para abranger o campo total do conceito grego, teríamos de empregá-los
todos de uma só vez.
Na sua abrangência, o conceito de paidéia não designa unicamente a técnica própria para, desde
cedo, preparar a criança para a vida adulta. A ampliação do conceito fez com que ele passasse também a
designar o resultado do processo educativo que se prolonga por toda vida, muito para além dos anos
escolares.
Os sofistas são os criadores da educação intelectual; ampliam a noção de Paidéia - de educação
da criança à continua formação do adulto; valorizam a figura do professor e ao exigir remuneração, dão
destaque ao aspecto profissional dessa função. Formaram um currículo de estudos composto por
gramática, retórica e dialética. Desenvolveram também a aritmética, geometria, astronomia e música.

1.2 PEDAGOGIA NO BRASIL E SUA IDENTIDADE

É difícil falar sobre o curso de pedagogia no Brasil, sem antes traçar um panorama histórico
sobre a educação no Brasil nos anos que antecederam à sua criação.
No final do período imperial houve uma intensa expansão das escolas elementares. Essa
expansão exigia que o ensino fosse de qualidade e para alcançar a qualidade pretendida, fazia-se
necessário que a formação de professores para esse nível se desse em cursos de nível médio nas ditas
escolas normais. Contudo, a instabilidade no fluxo de escolas normais abertas e fechadas durante esse
período prejudicava a formação para esse fim, visto que as escolas destinadas a esse segmento de
formação ou eram particulares ou estavam agregadas aos Liceus e, por isso, sujeitas aos interesses de seus
donos ou administradores em mantê-las.
Tentando amenizar esse problema, Leôncio de Carvalho sugeriu em 1878 que o exercício do
magistério fosse facultativo a todos que se julgassem habilitados para tal, sem exigir uma formação
mínima.
No entanto, em 1880 é criada, no Município da Corte (Rio de Janeiro), a primeira escola normal destinada
tanto a professoras quanto a professores, sob a direção de Benjamim Constant e cujo funcionamento
incluía o horário noturno.
Por quase meio século a escola normal foi o lócus formal e obrigatório para a formação de
professores que atuariam nas escolas fundamentais, complementares e na própria escola normal. Somente
no século XX é que se instalam nas escolas normais os cursos pós-normais - tidos como gérmen dos
cursos superiores de pedagogia - impulsionados pela expansão das Escolas Normais ocorridas em todo
Brasil por causa da República.
Embora as escolas oficiais fossem consideradas como escolas-modelos, a primeira iniciativa de
transferir a formação pedagógica para o nível superior foi de caráter privado. Em 1901 a Ordem dos
Beneditinos de São Paulo criou a Faculdade de Filosofia Ciências e Letras que tinha como anexo um
Instituto de Educação. Em 1908 é criada a Universidade Católica - a sua Faculdade de Filosofia Ciências
e Letras funcionou por seis anos tendo suas aulas ministradas por professores estrangeiros, até que, por
ocasião da guerra, ela é fechada, devido ao esvaziamento de seu quadro de professores.
A Escola Normal do Distrito Federal (RJ), criada em 1890 para formar professores primários,
viria a se transformar nos anos 30, do século XX, com outra organização, em Centro de Referência
Nacional de Estudos Pedagógicos, tendo como objetivo o aperfeiçoamento no magistério. Essa teria sido
a primeira iniciativa do governo de transferir para as instâncias superiores a formação pedagógica.
A primeira iniciativa de uma instituição pública para o estudo superior em educação, que
realmente se efetivou, foi em São Paulo. Após várias reformulações, a Escola Normal da capital foi
transformada em Instituto Pedagógico de São Paulo no qual era oferecido o curso de aperfeiçoamento e
preparo de técnicos, inspetores, delegados de ensino, diretores e de professores para as escolas normais,
contudo esse instituto mantinha um caráter híbrido de normal e pós-normal. Esse caráter híbrido
permaneceu mesmo quando o instituto foi anexado à USP em 1933. Somente em 1938 quando ele é
reduzido e transformado em uma seção da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras é que essa situação
muda.
A pedagogia só passa a ser um curso superior quando, em 1931, é criada, pelos decretos n.º
19851 e 19852, a Faculdade de Educação Ciências e Letras da Universidade do Rio de Janeiro, que foi
reformulada em 1939 e denominada Faculdade de Filosofia Ciências e Letras (FFCL), passando a ter uma
seção específica para a pedagogia. O curso já foi instituído com a marca que o acompanharia em todo o
seu desenvolvimento: a dificuldade em se definir a função do curso e, conseqüentemente, o destino de
seus egressos.
Comprometendo todo o desenvolvimento do curso no Brasil, tanto em relação ao campo de
trabalho do pedagogo, quanto à organização curricular do curso, questiona-se sempre se o curso de
pedagogia teria um conteúdo próprio e exclusivo que pudesse justificar sua existência.

1.3 NECESSIDADE DE MUDANÇA

A revolução pós-industrial e a globalização trouxeram grandes benefícios à humanidade, mas


com eles vieram também grandes problemas sociais. As inovações tecnológicas e as novas formas de
organização trouxeram mudanças radicais no mundo do trabalho, na estrutura da produção de bens e
serviços e nos mecanismos de mercado: uma progressiva desregulamentação da atividade econômica.
É necessário um aumento dos níveis de produtividade, qualidade e competitividade para a
sobrevivência, a expansão das empresas e o ingresso competitivo do Brasil na economia internacional.
Todas essas transformações estão nos levando a um novo modelo, a um novo paradigma de
organização da economia e da sociedade: uma economia do saber. Estamos diante da famosa e
complicada sociedade do conhecimento, na qual o recurso controlador não é mais o capital, a terra ou a
mão-de-obra, mas, sim, a capacidade e experiência dos indivíduos.
Isso significa que, se quisermos uma nação competitiva, teremos que mudar nosso modo de
entender e de agir em relação à educação. É preciso modificar profundamente a nossa postura em relação
à educação.

1.4 EDUCAÇÃO NO TRABALHO - IMPORTÂNCIA

A educação é uma prática social humana. Ou seja, característica dos seres humanos, e realizada
por todo e qualquer cidadão, em todas as instituições sociais. A educação tem por finalidade possibilitar o
crescimento das pessoas como seres humanos; é processo de humanização. Tornar-se humano significa
tornar-se partícipe do processo civilizatório, dos bens que historicamente foram produzidos pelos homens
em sociedade e dos problemas gerados por esse mesmo processo.
Nesse sentido, a educação tem uma dimensão de continuidade que se traduz na transmissão dos
conhecimentos, da cultura e dos valores, e, ao mesmo tempo, de ruptura, ou seja, de produzir-se novos
conhecimentos, novas culturas, novos valores, a partir não apenas do avanço do conhecimento, mas da
análise crítica dos resultados desse processo civilizatório, produto de grupos de interesses dominantes nas
sociedades. Nesse sentido, a educação é, ao mesmo tempo, permanência e transformação, em busca de
condições para o desenvolvimento humano de todas os sujeitos que nascem, garantido-lhes o usufruto dos
bens da civilização e dotando-os de uma perspectiva analítica e crítica a fim de que se coloquem como
construtores de novos modos de se processar a civilização.
Uma civilização que garanta as condições humanas de vida a todos, que assegure os direitos
humanos para todos, de sobrevivência, de alimentação, de trabalho, de participação social, de elaboração
da lei, de construção da democracia etc. A educação é inerente ao processo de humanização que ocorre na
sociedade em geral. Por isso, afirmamos que a educação é uma prática social, histórica e situada em
determinados contextos. Nesse sentido, é que podemos afirmar que a educação é uma práxis social.
Estudá-la, analisá-la, compreendê-la, interpretá-la em sua complexidade, e propor outros modos e
processos de ser realizada com vistas à construção de sociedade justa e igualitária, supõe a contribuição
de vários campos disciplinares, dentre os quais o da pedagogia.
A pedagogia é um campo de conhecimento específico da práxis educativa que ocorre na
sociedade.
Diferente dos demais que não têm a educação como objeto específico de análise, mas que a ela
podem se voltar. A sociologia, por exemplo, na sua raiz não tem a educação como objeto de estudo, mas
há sociólogos que se voltam a ela, se valendo dos aportes da ciência sociológica para estudar dimensões
da práxis educativa. O mesmo ocorre com a filosofia, a psicologia, a história e outras ciências que se
voltam à educação. Essas disciplinas quando voltadas ao campo da educação, constituem nos cursos de
pedagogia os fundamentos da educação.
Curiosamente não há dentre eles uma disciplina denominada pedagogia que se voltaria ao estudo
do campo do pedagógico. Essa perspectiva, em geral, é coberta pela didática e por estudos do campo
curricular, quando estudam as teorias e as idéias pedagógicas, sintetizando os aportes das disciplinas
anteriores, focando nos resultados do ensino e da educação e dos sistemas escolares. Por sua vez, ciências
como a física, a matemática, a geografia, a história, a biologia, as letras, têm-se constituído também como
campo da pedagogia, por se voltarem aos estudos dos fundamentos dos métodos do ensino, uma das
atividades profissionais do pedagogo.
A natureza dessas áreas de conhecimento de análise crítica dos modos de produção do humano e
o desenvolvimento da pesquisa na própria formação dos pedagogos, em geral, têm possibilitado que o
curso de pedagogia se constitua no único curso de graduação no qual se realiza a análise crítica e
contextualizada da educação e do ensino enquanto práxis social. Talvez por isso, alguns hão de temer a
pedagogia.

1.5 O PEDAGOGO

Segundo Franco (2002), a docência é uma profissão com identidade e estatuto epistemológico
próprios, e que em si, o ensino é uma das manifestações da práxis educativa, definir o pedagogo como
professor (e das séries iniciais) é reduzir a potencialidade de sua inserção na práxis educativa.
Por outro lado, dizer que enquanto pedagogo ele pode também ser docente das séries iniciais
(para o que ele tem que ser formado e preparado, através do conjunto das disciplinas e atividades que
compõem o curso, orientadas por docentes de várias áreas que tenham a educação e o ensino como objeto
de estudo), significa garantir o único espaço adequado na universidade para a formação dos professores e
pesquisadores para esse nível de escolarização (lembrando que o curso normal médio está em extinção e
lembrando que onde se faz pesquisa é na universidade).
Essas considerações apontam caminhos que poderão orientar a elaboração de diretrizes
curriculares nacionais para os cursos de pedagogia que retirem o pedagogo do limbo profissional e
identitário em que se encontra.
Entendendo que o pedagogo é um profissional que domina determinados saberes, que, em
situação, transforma e dá novas configurações a estes saberes e, ao mesmo tempo, assegura a dimensão
ética dos saberes que dão suporte à sua práxis no cotidiano do seu trabalho, e que a Pedagogia se aplica ao
campo teórico-investigativo da educação e ao campo do trabalho pedagógico que se realiza na práxis
social, entendo que, o curso de graduação em Pedagogia forma (deva formar) o Pedagogo com uma
formação integrada para atuar na docência nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, na Educação
Infantil e nas disciplinas pedagógicas dos cursos de formação de professores e na gestão dos processos
educativos escolares e não-escolares, assim como na produção e difusão do conhecimento do campo
educacional (cf. item 2. da proposta de Diretrizes, ForumDir, 2004).
A nossa visão, essa proposta de diretrizes, além de avanços construídos pela Comissão de
Especialistas , enfrenta, estrategicamente, a importância da formação dos professores das séries iniciais
no curso de pedagogia, único espaço em nível superior para se proceder sua formação com a qualidade
desejada, entendendo-a como uma das inserções profissionais possíveis dos pedagogos, e entendendo que
essa formação não se reduz a sala de aula, mas inclui a gestão das políticas e dos espaços de ensino e
aprendizagem, sejam eles escolares ou não. Portanto, implica a formação de um pedagogo da educação
infantil (da criança de 0 a 10 anos).
Considerando a complexidade dessa educação, admite-se áreas de aprofundamento para uma
formação mais voltada para a criança de 0 a 06 anos (Educação Infantil) e para a criança de 07 a 10 anos
(séries iniciais do Ensino Fundamental). Portanto, tendo a pedagogia como base para a formação docente.
Um curso de pedagogia não dá conta de formar pedagogos para se inserirem em inúmeras áreas
de atuação como hoje se constata com as várias modalidades de currículo existente nas universidades e
nas demais instituições de ensino superior. Daí se assumir com tranqüilidade o que seria o essencial da
formação do pedagogo, o que o identifica epistemológica e profissionalmente em todo o território
nacional. Mas vamos também assumir que sua formação se dá com pesquisa que confronta o real e o
produzido sobre o real, que aponta possibilidades e perspectivas de transformação da realidade existente,
que supere a visão fragmentada dos espaços escolares e não-escolares. Mas assumir que as áreas e
demandas específicas, como educação de pessoas com necessidades, educação no campo, de indígenas,
para a inserção nas mídias, etc. se faça fora do curso de pedagogia, como aprofundamentos,
enriquecimento curricular, especialização, etc., e não no curso em que atualmente se apregoa em preparar
o pedagogo em três anos.

2. O PEDAGOGO E A QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL

Geralmente, o pedagogo tem-se caracterizado como profissional responsável pela docência e


especialidades da educação, como: Direção, Supervisão, Coordenação e Orientação Educacional, entre
outras atividades específicas da escola. Podemos dizer que, dificilmente, encontra-se o profissional da
educação desvinculado da escola propriamente dita, e inserido em outras atividades do mundo do
trabalho, como em empresas, ainda que esse trabalho refira-se à educação, mas em uma perspectiva extra-
escolar.
Ao analisar a estrutura de organização das disciplinas do curso de Pedagogia notamos que não há
direcionamento específico para a atuação do pedagogo em empresas, fato esse que dificulta a inserção e
conhecimento das possibilidades de atuação desse profissional nos processos produtivos. Por essa razão e,
também, porque a escola constitui-se um local de trabalho bastante conhecido dos pedagogos, esses
profissionais limitam sua procura a essas instituições.
Nesse momento, em que o curso de pedagogia passa por um processo de reestruturação com
propostas divergentes de diretrizes curriculares e, também, considerando as modificações ocorridas no
processo produtivo, faz-se importante contemplar a possibilidade de atuação desses profissionais em
outros setores do mundo do trabalho.

2.1 AS MODIFICAÇÕES E REFLEXOS NA QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL

Na atual sociedade capitalista, os processos produtivos têm sofrido profundas transformações no


que se refere ao modo como está organizada a produção, devido, sobretudo, ao avanço tecnológico, bem
como a própria necessidade de manutenção do capitalismo.
A qualificação profissional inserida nesse contexto de transformação, por um lado, é alterada e
ampliada havendo maior valorização do componente intelectual em detrimento do manual. As exigências
do mercado de trabalho apontam para uma maior qualificação e, para tanto, o pedagogo pode contribuir,
nesse processo, na qualificação do trabalhador.
A qualificação profissional tem sofrido evoluções históricas delineadas pelas diferentes
concepções e modos de organizar a produção. Na denominada Segunda Revolução Industrial, a
implementação do trabalho nos moldes tayloristas tem como objetivo a racionalização e contenção de
desperdícios nos locais de produção, então Taylor desenvolveu técnicas que parcelarizam ao máximo a
produção e as atividades exercidas pelos trabalhadores, controlando e cronometrando até mesmos os
movimentos exigidos para a realização de tarefas específicas, assim como o tempo destinado a essa
realização.
Esses métodos e técnicas intensificaram o ritmo do trabalho e aumentaram a rigidez do produto
(produto - padrão) e da mão - de - obra destinada a realizar tarefas fixas, repetitivas e monótonas, as quais
são controladas por uma rígida supervisão. Nesse modelo o processo de elaboração é realizado por um
quadro de especialistas. Gerência científica enquanto os trabalhadores apenas executam da produção em
massa o que significa consumo em massa, modificando a forma de reprodução da força de trabalho , a
estética do produto e a mercadificação da cultura. (HARVEY, 1992, p.123).
Uma grande aplicação de Ford na indústria automobilística foi a utilização da esteira rolante que
aliada às operações parceladas, as quais existiam desde a manufatura, contribuiu significativamente na
desqualificação do trabalhador, seja por não exigir e inibir qualquer capacidade de pensar, como também
por conceber o trabalhador como extensão da máquina aquele trabalhador, antes necessário no processo
de montagem era eliminado. Em seu lugar surgia um novo homem cuja função era repetir
indefinidamente movimentos padronizados, desprovidos de qualquer conhecimento profissional, que para
Ford nada tem de desagradável. (VARGAS, 1987, p.24).
A rigidez do fordismo diante a crise do Estado de bem-estar-social emperrou sua hegemonia
enquanto sistema de organização do trabalho, apesar de não ter sido excluído da sociedade mundial sua
incapacidade de articulação com a sociedade do trabalho deu margem ao aparecimento de um novo
modelo denominado por Harvey (1992) de acumulação flexível.
Tanto no modelo fordista como no taylorista de produção a falta de autonomia para realizar
tarefas parcelarizadas e a utilização preponderante do componente manual faz com que se aprofunde a
situação na qual o trabalhador encontra-se expropriado do saber na produção e plenamente
desqualificado, executando tarefas possíveis de serem executadas por máquinas.
O fenômeno que Harvey denomina de acumulação flexível tem abrangência mais geral na
sociedade, mas também, no interior das fábricas configurando novas formas de organizar a produção,
geralmente, utilizando maquinários com tecnologia avançada.
O acelerado avanço tecnológico, nas últimas décadas, provém das necessidades competitivas e
das próprias lutas operárias por melhores condições de trabalho. A tecnologia e o avanço informacional
tornam-se condições essenciais para a sobrevivência das empresas, uma vez que ela traz vantagens
significativas à produção integrando as modificações na organização de um trabalho menos hierarquizado
e voltado para a integração tanto da máquina como dos trabalhadores.
Diferentemente do tipo de força de trabalho que se requer na organização taylorista-fordista, os
modelos organizacionais como o Just-in-time/Kamban e o Toyotismo, entre outros, inovam modificando
a disposição dos meios de produção e a utilização da mão-de-obra.
Em ambos os modelos passa-se a requerer do trabalhador um maior potencial intelectual e
comportamental, principalmente no que se refere a capacidade de trabalhar em equipe, conhecer a
totalidade do processo produtivo, criatividade para propor inovações, capacidade para resolução de
problemas, comunicação e expressão, conhecimentos gerais e de idioma, entre outros geralmente não
conta com tecnologias ultramodernas como robôs e controle por central de computadores, pois o fracasso
ao não atingir ganhos de produtividade deve ser atribuído às antiquadas estruturas organizacionais
incapazes de acomodar as novas tecnologias não adianta gastar dinheiro com as novas tecnologias e
utilizá-la de maneira antiga. (RIFIKIN, 1996, p. 99).
O Just-in-time envolve a produção como um todo: trabalhadores, gerência e fornecedores em
uma política de redução de estoques, já que se produz somente o que for solicitado pelo departamento de
vendas. Os maquinários encontram-se dispostos em linhas de produção, de modo a racionalizar a
produção eliminando os estoques e proporcionando linearidade e continuidade sem quebras no processo.
A experiência da indústria automobilística Toyota, embora não se apresente em oposição ao Just-
in-time tem-se caracterizado pela implementação de alta tecnologia, aperfeiçoando a exploração do
trabalhador e a diminuição da hierarquia na fábrica, além de possuir uma elevada tendência de
socialização no trabalho, no qual os engenheiros do chão de fábrica deixam de ter um papel estratégico e
a produção é controlada por grupos de trabalho, a empresa investe muito em treinamento, participação e
sugestão para melhorar a qualidade e produtividade (ANTUNES, 1995, p.29).
Mesmo que a flexibilização do trabalho se refira a um número mínimo de trabalhadores,
geralmente temporários e sub-contratados, controlados por horas extras como demonstra Antunes (1995),
há o investimento em equipes de funcionários, as quais são responsáveis por estudarem melhores
procedimentos e elaborarem programas de execução juntamente com o engenheiro no chão de fábrica,
além de executar a produção respondendo a imprevisibilidades e opinando sobre o produto final.
Podemos perceber que, além da flexibilização nas relações de trabalho, as empresas para garantir
a competitividade no mercado global, como demonstra Market (1999, p.149), têm implementado modelos
de produção que permitem maior flexibilização na produção de bens, baseado na demanda pelos clientes.
Essa tendência de focalizar o cliente ou regular a produção da empresa pelo departamento de vendas
exige uma organização diferenciada da empresa, ou seja, para se atingir uma produção mais flexível e
voltada para a clientela há a exigência de uma estruturação realizada de maneira mais integrada, como
cita Market (1999), estabelecendo comunicações entre o departamento de planejamento da produção,
administrativo e de vendas.
Sendo assim, as necessidades organizacionais da empresa voltam-se para a qualificação dos seus
quadros profissionais , a fim de que eles captem e implementem as modificações rapidamente.
Ao mesmo tempo que a implementação tecnológica altera a prática produtiva tanto na
diminuição da hierarquia, como na necessidade de um profissional mais polivalente, ela também funciona
como divisor de águas.
Entre aqueles profissionais desprovidos do mínimo de escolaridade e aqueles que possuem nível
de formação institucional e técnico, os quais necessitam de maior qualificação para controlar, interferir e
articular essas novas tecnologias dentro das situações concretas de produção.
As relações que se estabelecem no âmbito da sociedade capitalista são marcadas pela
contradição, como ocorre com o fenômeno da reestruturação produtiva. A implementação tecnológica
possui uma dimensão perversa principalmente nos países pobres e a exclusão recai sobre uma
considerável parcela dos trabalhadores, em geral, daquela que possui baixa escolaridade e pouco
conhecimento técnico, obtendo qualificação basicamente nos moldes da organização taylorista/fordista.
Ainda que a qualificação mais ampla dos trabalhadores não ocorra de forma homogênea,
podemos dizer que uma categoria dos profissionais parece ser privilegiada com as modificações
tecnológicas, especialmente no que se refere a aproximação dos técnicos aos quadros como podemos
observar na abordagem de Lojkine (1990) ao dizer que a ruptura brutal existente entre a gerência que
pensa e planeja e o operário que simplesmente executa tarefas, sem poder de interferência, está propensa
a diluir-se.
Nessa diluição, o homem passa a exercer o papel de protagonista do trabalho que realiza, não apenas
alimentando a máquina, contudo a controlando em todo seu percurso, da concepção ao produto final.
Na perspectiva de Lojkine e Shaff (LOJKINE, 1990, p.17; SHAFF, 1990, p.3) há um progressivo
desaparecimento do trabalho manual, fazendo com que o homem cada vez mais incumba-se da realização
de um trabalho com um potencial criativo, deixando de executar tarefas possíveis de serem executadas
por máquinas.
À medida que para trabalhar o trabalhador precisa de mais conhecimento, conseqüentemente ele
se torna capaz de compreender o processo produtivo como um todo, então a secular diferença entre
trabalho manual e intelectual, agora, aproxima-se de um trabalho de certa forma mais cooperativo e
criativo.
No momento em que o componente intelectual do profissional é mais valorizado, esse
profissional adquire maior autonomia na realização do seu trabalho que não se limita à execução, mas a
capacidade de elaboração.
Os profissionais com maior autonomia favorecem a cooperação entre categorias profissionais no
interior da fábrica já que necessitam discutir, trocar idéias sobre o trabalho para estabelecer diretrizes
conjuntas para aplicar na produção. Essa cooperação entendida enquanto troca de conhecimentos teórico
e prático dá-se no estreitamento entre engenheiro e os demais quadros de profissionais (os técnicos) e
ambos têm de dialogar entre si, trocar experiência da prática do trabalho subsidiada de conhecimento
teórico das atividades que realizam.
As novas formas de organização do trabalho parecem requerer o trabalhador com potencial mais
criativo e participativo, já que as equipes de trabalho propõem inovações, soluções aos problemas que
surgem e a tendência é se incumbir cada vez mais de responsabilidades que requerem um certo
desenvolvimento intelectual, sendo assim,
(...) o trabalhador criativo deve nutrir-se contínua e ferozmente de sensações e noções para
implementá-las na produção, para isso deve ler, viajar, ouvir, ou seja, aguçar alimentar e aguçar de todas
as formas possíveis a sua capacidade de conhecer (DE MASI; MENICONI, 1999, p. 200)

2.2 O TRABALHO DO PEDAGOGO

Todos esses aspectos leva-nos a refletir sobre a possibilidade de um novo campo de atuação para
o pedagogo, até agora pouco explorado. Para discutirmos a presença do pedagogo nos processos
produtivos, elegemos três aspectos constitutivos da especificidade do trabalho desse profissional que nos
parece interessantes serem aproveitados nos locais de produção, sendo eles: a interação com o sujeito, a
reflexão sobre a prática do trabalho e a elaboração de programas instrucionais que priorizem a totalidade
do processo de trabalho O trabalho costumeiramente desenvolvido pelo profissional da educação (o
pedagogo) refere-se a oferecer instrumentos para que o sujeito aprenda a desvendar a realidade. Para que
o conhecimento aconteça por parte do sujeito, o educador tem um papel fundamental que é o de oferecer
subsídios de cunho teórico-prático para que a partir da ação o sujeito interfira na realidade.
Nesse sentido, o educador não é um mero transmissor de conhecimento, mesmo porque o
processo pelo qual consolida-se o conhecimento pressupõe a interação entre sujeito estruturante e objeto a
ser estruturado, assim, faz-se imprescindível notar que a função essencial do educador está em oferecer
além dos conteúdos, os instrumentos que possibilitem e estimulem a busca do conhecimento por parte do
sujeito.
Nos processos produtivos o não pretende ensinar a fazer o trabalho, mesmo porque ele não
possui competência técnica para esse tipo de conteúdo específico e, ainda, essa concepção contradiz com
a formação do sujeito criativo e ativo,
Os meios de representação não podem ser ensinados, assim como não se pode ensinar a forma
ensinar e aprender significa ter compreendido e compreender. A afirmação de que a forma pode ser
ensinada só pode parecer verdadeira a um intelecto grosseiro. (CARISTI, 1999, p. 249).
Como mencionamos anteriormente, se há no mundo do trabalho a necessidade de um
conhecimento de caráter mais criativo e ativo, então a interação entre os profissionais responsáveis pela
produção demonstra ser essencial. Essa interação conjuga a troca recíproca de conhecimento, de um lado,
os técnicos, com o saber adquirido pelos anos de experiência na profissão e alguma formação
institucional, de outro, os engenheiros e outros profissionais com formação de nível mais elevado, mas
que muitas vezes se encontram desprovido de condições para socializar esse conhecimento com os
demais. Assim, esses últimos acabam por centralizar em si a escolha dos procedimentos a serem
utilizados na produção, perdendo a contribuição prática dos trabalhadores e emperrando a organização da
empresa de acordo com as novas formas de organização do trabalho.
Pudemos observar que em uma das empresas pesquisadas utiliza como estratégia para a
qualificação de seus quadros profissionais o programa de multiplicadores de treinamento, o qual requer
do profissional maior responsabilidade e conhecimento, já que terá de dominar além de seu trabalho
específico todo o processo de produção.
Esse tipo de programa requer do profissional outras habilidades como capacidade de
compreensão e exposição de idéias, utilização e seleção de materiais didáticos para atingir fins
determinados, capacidade de oratória entre outros.
Tudo parece indicar que a necessidade do mercado não se encontra mais fundamentada na
divisão entre planejar e executar, por isso os treinamentos realizados simplesmente com suporte técnico
não são mais suficientes. Para trabalhar nas novas formas de organização do trabalho, parece ser
necessário o desenvolvimento intelectual e comportamental visando o trabalho conjunto.
Para que se consiga avanço na formação do trabalhador, Therrien julga oportuno,
As interações sociais como processo de socialização e de linguagem, proporcionam a elaboração conjunta
dos significados em situações, desvelando a natureza parcial e completa do saber construído.
(THERRIEN, 1996, p. 67).
Como parte de uma equipe interdisciplinar, o pedagogo por compreender o processo cognoscente
pode contribuir na aprendizagem do profissional aguçando o desenvolvimento das potencialidades
individuais através da interação entre os profissionais na seleção de metodologias adequadas
proporcionando, assim, condições para que ocorra a aprendizagem por meio do trabalho.
Um outro aspecto da formação do pedagogo refere-se à reflexão sobre a prática, aliando teoria e
prática. No âmbito da escola, a práxis é bastante discutida como elemento essencial na prática cotidiana
da sala de aula. Ao falar sobre a valorização do saber produzido nas relações sociais, Therrien menciona
que o pedagogo como profissional que faz das situações concretas que vive o seu instrumento de reflexão
e elabora saber, esse mesmo saber faz com que o docente se relacione mais profundamente com o
conhecimento. (THERRIEN, 1996, p. 67).
Nesse momento da sociedade capitalista tudo indica que seja oportuno para os setores produtivos
estreitarem as relações existentes entre teoria e prática, canalizando essa união em benefício da
qualificação profissional, ainda que, contraditoriamente, o interesse das empresas capitalista com a
formação profissional seja a acumulação de capital.
Como mencionamos, juntamente com a tendência a uma maior proximidade entre categorias
profissionais na produção, parece possível dizer que o diálogo visando a troca de experiência e,
sobretudo, a capacidade de olhar para a produção extraindo dessa mesma realidade as necessidades
práticas para encontrar novos caminhos constitui-se em um elemento importante para a empresa, como
também, para despertar a capacidade criativa e de compreensão profissional.
Encontramos em Carvalho (1993), uma situação proveniente de levantamento de dados
empíricos bastante relevante para compreendermos a importância da reflexão sobre a prática que quanto
maior é a complexidade do processo (planta) maior o período de experiência necessário para adquirir tais
qualificações de operações.
Esse trecho evidencia que o ato de executar encontra-se dissociado do ato de planejar, alienando
o trabalhador da compreensão do processo produtivo. Nesse sentido, é oportuno que as experiências
práticas estejam ligadas a instrumentos educacionais que, além de proporcionarem a participação dos
trabalhadores no planejamento, execução e avaliação, levem o sujeito a perceber as situações
provenientes da prática e as alternativas cabíveis para solucionar os problemas que surgem e propor
inovações.
Para que se preconize inovações na produção, o componente intelectual demonstra ser
indispensável, pois tudo parece indicar que somente com uma articulação de nível intelectual poderemos
avançar no âmbito da qualificação profissional. Essa articulação compreende a interação com a realidade
através do questionamento constante das práticas empregadas na produção, de modo a incorporar ou
rejeitar as experiências que surgem.
Podemos encontrar em estudos como o de Market (1999), a importância de subsidiar as
experiências provenientes da prática de suporte educacional, já que os pedagogos do trabalho nas
indústria metalmecânica na Alemanha têm desenvolvido e aplicado o conceito de qualificação
profissional com base na capacidade e conhecimento para compreender o processo de produção,
aprendizagem direcionada às experiências surgidas no trabalho, objetivos que são orientados no processo
total da produção incluindo planejamento, execução e controle do trabalho em cooperação, em seguida
são desenvolvidas diretrizes didáticas que contemplam esses conceitos. (MARKET, 1999, p.157).
Estudos como o de Market demonstram a necessidade de desenvolver um conceito de
qualificação profissional com base na nova forma e organizar a produção, e também, os novos modelos
organizacionais parecem requerer que as experiências adquiridas na prática do trabalho estejam
subsidiada de suporte educacional a fim de traduzir o momento no qual o trabalhador despende sua força
de trabalho em ganhos individuais e que as equipes de trabalho inovem, troquem experiências e interajam
entre si, não apenas em uma perspectiva de execução, mas de concepção do trabalho.
Um outro aspecto do trabalho que o pedagogo pode vir realizar na empresa se refere à
elaboração de programas instrucionais ou diretrizes didáticas. Nas empresas podemos constatar que todas
elas fazem um planejamento prévio das etapas de treinamento contendo conteúdos, objetivos, técnicas (lê-
se metodologia) e avaliação, porém esse planejamento é realizado sem suporte educacional, ainda que o
objetivo seja a qualificação dos trabalhadores, que por mais restrito que se entenda esse conceito, em
geral, refere-se a aquisição de conhecimentos do processo produtivo e desenvolvimento de capacidades
intelectuais e comportamentais no sujeito que aprende determinado conteúdo.
A organização sistemática das atividades a serem aplicadas no treinamento demanda um tipo de
conhecimento específico da prática educativa, como a elaboração e seleção de materiais didáticos,
instrumentalização didática dos profissionais e, ainda, a seleção de metodologia apropriada para conduzir
a execução do treinamento.
A prática educativa pressupõe a superação dos elementos formais do programa de aprendizagem,
não os excluindo, mas ultrapassando a simples organização formal para uma organização educativa, na
qual o objetivo, o conteúdo, a metodologia e a avaliação são vistos interligados, sofrendo modificação,
seleção e adaptação de modo a interferir na organização intelectual do sujeito.

3. O PEDAGOGO EM ESPAÇOS NÃO ESCOLARES

O novo cenário da educação se abre no século XXI com novas perspectivas para o profissional
que se insere no mercado de trabalho, sob diversas abrangências, como nos mostra a própria sociedade,
que vive um momento particular discussões sobre globalização, neoliberalismo, terceiro setor, educação
on-line, enfim, uma nova estrutura se firma na sociedade, a qual exige profissionais cada vez mais
qualificados e preparados para atuarem neste cenário competitivo.
Segundo Maria Edna Sabina de Oliveira a educação em espaços não escolares vem confirmar
esta discussão que vivenciamos, o pedagogo sai então do espaço escolar, que até pouco tempo, era seu
espaço (restrito) de trabalho, para se inserir neste novo espaço de atuação com uma visão redefinida da
atuação deste profissional.
Empresas, hospitais, ONGs, associações, igrejas, eventos, emissoras de transmissão (rádio e Tv),
e outros formam hoje o novo cenário de atuação deste profissional, que transpõe os muros da escola, para
prestar seu serviço nestes locais que são espaços até então restritos a outros profissionais. E esta atual
realidade vem com certeza, quebrando preconceitos e idéias de que o pedagogo está apto para exercer
suas funções na sala de aula. Onde houver uma prática educativa, existe aí uma ação pedagógica.
"Convivemos até bem pouco tempo com a visão de uma pedagogia inserida no ambiente escolar,
na sala de aula, do profissional da educação envolvido com os problemas da educação formal, uma idéia
falsa de que o pedagogo é o profissional capacitado e devidamente treinado para atuar somente em
espaços escolares, é o responsável pela formação intelectual das crianças, sempre se envolvendo no
cotidiano escolar, com os problemas relacionados à educação formal, propriamente dita. A vida escolar, a
educação formal, não deixa de ser um foco importante para o Pedagogo, mas deixa de ser o único."
Diante da atual realidade em que se encontra a sociedade, a educação tem se transformado na
mola mestra, para enfrentar os desafios que se articulam dentro dela e em todos os seus segmentos,
desafios gerados pela globalização e pelo avanço tecnológico na atual era, a tão inovadora e desafiadora
era da informação.
A educação é também a mola mestra para transformar a situação de miséria, tanto intelectual
quanto econômica, política e social do povo, promovendo acesso à sociedade daqueles que são vistos
como os excluídos. Possibilitando assim a transformação da sociedade numa sociedade mais justa e
igualitária.
Os efeitos da crise econômica globalizada e a rapidez das mudanças na era da informação
levaram a questão social para o primeiro plano, e com ela o processo da exclusão social, que já não se
limita à categoria das camadas populares. (GOHN, 2001, p. 09).
Dessa forma a educação sofre mudanças em seu conceito, pois deixa de ser restrita ao processo
ensino-aprendizagem em espaços escolares formais, se transpondo aos muros da escola, para diferentes e
diversos segmentos como: ONGs, família, trabalho, lazer, igreja, sindicatos, clubes etc. Abre-se aqui um
novo espaço para a educação, dando uma estrutura interessante à educação não formal.
Com toda esta nova proposta e possibilidade de atuação, o profissional Pedagogo também se
transforma, se adequando a esta nova realidade, se posicionando como profissional capacitado para
caminhar junto a esta transformação da sociedade. O Pedagogo deixa de ser, neste novo contexto, o
mesmo Pedagogo do século XVIII, XIX e até mesmo século XX. Apresentando-se agora como agente de
transformação para atuar nesta nova realidade. Hoje, o profissional pedagogo está sendo inserido em um
mercado de trabalho mais amplo e diversificado possível, porque a sociedade atual, exige cada vez mais
profissionais capacitados e treinados para atuarem nas diversas áreas. Não sendo comum um profissional
ser qualificado apenas para exercer uma determinada função, e sim para atuar nas diferentes áreas
existentes no mercado de trabalho, seja ele qual for.
As linhas de pensamento relacionadas ao profissional Pedagogo possibilitam uma reflexão mais
aprofundada sobre a sua atuação, pois hoje, se pensa muito mais detalhadamente a dinâmica do
conhecimento e as novas funções do educador como mediador deste processo. Dessa forma, não podemos
mais nos deter somente no universo da educação formal, mas buscar novas fontes de formação e de
informação para adequar este profissional no mundo globalizado e competitivo.
Toda transformação relacionada à atuação do Pedagogo se dá ao fato de que, hoje vivemos o
processo que reflete a transformação de valores e pensamentos de uma sociedade voltada para valores
mais específicos, como a cultura de seu povo, valor diferente daquele que até pouco tempo se primava
pelo valor econômico. Ou seja, a cultura hoje tem o seu papel melhor definido e mais importante para a
sociedade do que situação econômica, propriamente dita.
Nesta perspectiva de mudança e viabilizando uma atuação deste profissional é que abrimos
espaço para esta discussão, pautando nosso estudo na atuação do Pedagogo em espaços não escolares,
suas habilidades e competências para atuação nestes espaços, o leque de possibilidades que hoje se abre
deixando para trás a idéia primária de que este profissional está preparado somente para atuar em espaços
escolares, e que pouco ou quase nada podendo aproveitar de suas habilidades para atuar em outros
espaços.
Assim, este profissional que atravessa séculos, executando o seu papel de preceptor, de
transformador do conhecimento e do comportamento humano, chegando ao século XXI, com uma nova
proposta, sua efetiva atuação em espaços também não escolares, e que, no entanto, visam a aprendizagem
e a transformação do comportamento humano, tanto quanto dentro da educação formal.
Conforme Ribeiro (2003), este assunto tornou-se desafiador a partir do momento em que
verificamos através de discussões realizadas em sala de aula, seminários, mesa redonda, através de
leituras compartilhadas, visualizamos um horizonte se abrindo para esta área do conhecimento, discussões
que estão fundamentadas em teóricos conceituados e pela própria sociedade que chega ao século XXI
com novas perspectivas para a educação formal e também para a educação não formal, discussão que até
bem pouco tempo era desconhecida para a maioria de nossas escolas de formação, e também dos
profissionais.
Em seu trabalho, Maria Edna Sabina de Oliveira, diz ainda que como hoje o Pedagogo está
sendo inserido num mercado de trabalho cada vez mais diversificado e amplo, o nosso estudo se justifica
pela necessidade de compreender a dinâmica, que levou a sociedade a chegar onde estamos hoje, com um
discurso voltado para a inclusão social, para o voluntariado, para projetos de pesquisas, para educação
formal, não formal e informal, observando o processo de ensino-aprendizagem não somente como
processo para dentro da escola, da sala de aula ou do cotidiano escolar, mas um processo que acontece em
todo e qualquer segmento da sociedade, seja ele qual for. E também como o Pedagogo se insere neste
novo contexto social, percebendo a sua relação em diferentes espaços.
Verifica-se hoje, uma ação pedagógica múltipla na sociedade. O pedagógico perpassa toda a
sociedade, extrapolando o âmbito escolar formal, abrangendo esferas mais amplas da educação informal e
não-formal. (LIBÂNEO, 2002, p.28).
É importante ressaltar aqui como a educação formal e a não formal caminham paralelamente e,
portanto, a necessidade de agregar ao ensino formal, ministrado nas escolas, conteúdos da educação não-
formal, como os conhecimentos relativos às motivações, à situação social, à origem cultural, etc. Por isto,
esta nova perspectiva de atuação do Pedagogo, sua qualificação vem filtrando cada vez mais, buscando
uma relação estreita entre as diferentes propostas de educação existentes na sociedade.
Este assunto tornou-se relevante para este projeto, à medida que foi se descortinando as grandes
possibilidades de pesquisas durante as discussões realizadas e também por apresentar um assunto que
vem transformando a idéia de uma educação restrita em uma educação ampla e sem fronteiras. Este tem
se tornado um assunto desafiador para tantos quanto se interam do mesmo.

4. O PEDAGOGO EMPRESARIAL

O desenfreado desenvolvimento científico e tecnológico das últimas décadas tem marcado a


sociedade contemporânea com profundas mudanças nas organizações, no modo de produção e nas
relações humanas.
Verdades e conceitos têm sido questionados, mitos e comportamentos derrubados e o
conhecimento tem ultrapassado os limites geográficos, sociais e educacionais com uma vertiginosa
velocidade.
As novas tendências sociais e os novos rumos impostos pela Era da Informação influenciam
diretamente a educação e o conhecimento. Administrar a quantidade de informações veiculadas e estar
atualizado, atualmente, é uma tarefa extremamente difícil e especializada.
Segundo Marta Teixeira do Amaral, docente da Universidade Estácio de Sá em Pedagogia e
Mestre em Educação e consultora em T&D, o velho esquema escolar da memorização, da erudição pela
erudição oriundos da ação pedagógica da Companhia de Jesus na implantação do sistema educacional
brasileiro, já não se enquadra nos moldes da nova construção sócio-econômica e educacional do país.
O mundo transforma-se a cada momento e o resultado mais visível desse processo é a
obsolescência do conhecimento que impele-nos à atualização constante e contínua. O MEC evidenciou a
intensidade do impacto desse novo formato social ao publicar os Referenciais para Formação de
Professores. (GENTILI; BENCINI, 2000).
O documento descreve as novas competências do educador e as novas características das suas
aulas, que devem priorizar a formação do aluno cidadão, capaz de estabelecer relações com o mundo que
o cerca, analisar, pesquisar, estar atualizado e, sobretudo, aprender a aprender.
Os reflexos mutatórios na escola explicitam a exigência urgente do mercado de trabalho que não
abriga mais o trabalhador mecanizado, mero executor de tarefas, personificado na figura robotizada do
personagem do filme Tempos Modernos de Charles Chaplin. O ambiente organizacional contemporâneo
requer o trabalhador pensante, criativo, pró-ativo, analítico, com habilidade para resolução de problemas e
tomada de decisões, capacidade de trabalho em equipe e em total contato com a rapidez de transformação
e a flexibilização dos tempos atuais.
Mas como conseguir isso? Como conseguir desenvolver competências nos alunos de nossas
escolas atuais? Como contribuir para a construção de colaboradores autônomos, e com espírito de
aprendizes? Como manter as organizações atualizadas no mundo que vive a transformação num ritmo
frenético? Como transformar o ambiente de trabalho em um ambiente de aprendizagem permanente?
Diante dessas indagações surge a figura do Pedagogo Empresarial. Cada vez mais as empresas descobrem
a importância da educação no trabalho e desvendam a influência da ação educativa do Pedagogo na
empresa. O Pedagogo não é mais só o profissional que atua no ambiente escolar. Ao contrário, dispõe de
uma imensa área de atuação, tais como: empresas de diversos setores, ONGS, editoras, sites, consultorias
especializadas em T&D e em todas as áreas que requeiram um trabalho educativo.
A tarefa do Pedagogo Empresarial é, entre outras, a de ser o mediador e o articulador de ações
educacionais na administração de informações dentro do processo contínuo de mudanças e de gestão do
conhecimento. Gerenciar processos de mudança exige novas posturas e novos valores organizacionais,
características fundamentais para empresas que pretendem manter-se ativas e competitivas no mercado.
Dessa forma, o profissional da educação atua na área de Recursos Humanos direcionando seus
conhecimentos para os colaboradores da empresa com o objetivo da melhoria de resultados coletivos,
desenvolve projetos educacionais, seleciona e planeja cursos de aperfeiçoamento e capacitação,
representa a empresa em negociações, convenções, simpósios, realiza palestras, aporta novas tecnologias,
pesquisa a utilização e a implantação de novos processos, avalia desempenho e desenvolve projetos para
o treinamento dos funcionários.
Outra modalidade para a capacitação e treinamento dos recursos humanos no mercado
empresarial é a Universidade Corporativa. Essas Universidades desenvolvem um sistema de aprendizado
contínuo voltado para as necessidades específicas das empresas e de seus colaboradores. Contribuem para
a aquisição dos conhecimentos dos novos processos de produção e valores organizacionais consoantes
com a missão da empresa. Esse novo nicho educacional tem crescido e tende a intensificar-se nos
próximos anos gerando uma demanda social de Pedagogos Empresariais. Hoje, algumas empresas que
possuem Universidades Corporativas podem ser citadas: Embratel, Accor, Motorola, McDonald´s, Algar,
Brahma.
A mais nova inauguração é de responsabilidade do SERPRO - empresa pública da área de Tecnologia da
Informação e Comunicações. (Revista Tema, 2004).
As organizações são formadas por pessoas: são elas que atendem ao público, despacham
documentos, recebem recados, fazem pagamentos, tomam decisões... Há uma mútua simbiose entre
pessoas e organizações: pessoas dependem das organizações e organizações dependem das pessoas.
Dentro dessa interdependência e do novo paradigma de competitividade em mercados globais, o
treinamento e o aprendizado são imprescindíveis para o aproveitamento das oportunidades pessoais e
organizacionais e para a neutralização das ameaças ambientais. Os indicadores propulsores da
aprendizagem organizacional são a criatividade e a inovação.
Segundo Peter Senge (1999, p. 320), autor do livro A Quinta Disciplina, os gerentes devem
estimular e conduzir a mudança para criar organizações que aprendam. (SENGE apud CHIAVENATO,
1999).
A aprendizagem e o treinamento nas empresas são os diferenciais de competitividade, qualidade
e lucratividade. Por esse motivo o investimento no conhecimento contínuo e coletivo do capital
intelectual das empresas tende ao crescimento progressivo.
Esse conceito administrativo assemelha-se, integralmente, ao novo conceito educacional de
escola e da sua função social: formar cidadãos autônomos. Segundo a Pedagoga Maria Inês Fini
coordenadora do Enem, a escola não é mais o lugar de simples transmissão do conhecimento, é:
(...) o espaço das relações humanas moldadas, deve ser usada para aprimorar valores e atitudes,
além de capacitar o indivíduo na busca de informações, onde quer que elas estejam, para usá-las no seu
cotidiano. (Revista Nova Escola, 2000).
Torna-se evidente que a palavra de ordem hoje é Gestão do Conhecimento. Escolas e empresas
que não repensarem seus modelos e agarrarem-se aos velhos paradigmas do aprendizado e das relações
humanas, estarão, certamente, fadadas ao fracasso ou ao desaparecimento. A inexorabilidade da
reestruturação sócio-econômica obriga que as escolas desenvolvam competências nos alunos para atender
às exigências do mercado de trabalho e que as organizações reestruturem-se e transforme o ambiente de
trabalho num ambiente de aprendizagem, contribuindo para a construção de pessoas que se antecipem aos
acontecimentos, sejam atualizadas e saibam aprender a aprender.

4.1 EDUCAÇÃO NO TRABALHO - IMPORTÂNCIA

Já passou a época em que o pedagogo ocupava-se somente da educação infantil. A pedagogia


hoje dispõe de uma vasta área de atuação, que inclui, além de instituições de ensino, empresas dos mais
diversos setores. É necessário separar o que é escolar do que é educativo. O pedagogo pode atuar em
todas as áreas que requerem um trabalho educativo, ressalta Neide Noffs, professora da Faculdade de
Educação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
Mas apenas formar-se pedagogo não é suficiente para conquistar um cargo em uma companhia,
afirma Robson Borges que tem formação e certificação internacional em coaching integrado. É necessário
buscar outros conhecimentos relacionados à educação corporativa e à andragogia - educação de adultos -
por meio de cursos de especialização, mestrados e doutorados.
"O curso de pedagogia ainda está muito voltado para a escola, mas isso está mudando. As
faculdades já estão revisando seus currículos, de modo que a formação de profissionais seja melhor
direcionada. Hoje, os alunos freqüentam estágios focados no trabalho em empresas, mas não saem da
faculdade especialistas nesta área. Futuramente, o curso será mais específico e passará a adotar a
nomenclatura de pedagogia com ênfase em empresas, explica a professora da PUC. De acordo com ela,
ainda é preciso analisar quais conhecimentos e habilidades específicas serão exigidas no curso para que
não surjam problemas no exercício da profissão. Este assunto requer muito estudo para evitar que o
trabalho do pedagogo empresarial colida com o de outros profissionais, como assistente social ou
psicólogo organizacional."
Como não poderia deixar de ser, as funções desempenhadas pelo pedagogo dentro de uma
companhia estão em constante movimento, já que são influenciadas por diversos fatores, como o
desenvolvimento tecnológico, a competitividade e as exigências de mercado. Hoje, as palavras-de-ordem
dentro das organizações são: mudança e gestão do conhecimento.
Nesse contexto, o papel do pedagogo é fundamental, pois todo processo de mudança exige uma
ação educacional e gerir o conhecimento é uma tarefa, antes de tudo, de modificação de valores
organizacionais, explica Vera Martins, pedagoga especialista em treinamento e desenvolvimento de
pessoas em empresas.
O pedagogo empresarial pode focar seus conhecimentos em duas direções: no funcionário ou no
produto da empresa. No primeiro caso, trata-se da atuação no departamento de Recursos Humanos (RH),
realizando atividades relacionadas ao treinamento e desenvolvimento do trabalhador. O pedagogo é o
responsável pela criação de projetos educacionais que visam facilitar o aprendizado dos funcionários.
Para tanto, realiza pesquisas para verificar quais as necessidades de aprimoramento de cada um e qual
método pedagógico é mais adequado. A partir daí, trabalha em conjunto com outros profissionais de RH
na aplicação e coordenação desses projetos, explica a pedagoga Leslie dos Santos, consultora de RH do
Bank Boston.
Já no segundo caso, o pedagogo irá atuar em empresas que trabalham com educação, como
editoras, sites e organizações não-governamentais (ONGs). Uma das minhas funções dentro da editora é
apresentar o produto ou serviço da maneira mais atraente possível ao cliente, que em geral são
professores. Para isso, desenvolvo projetos pedagógicos e estratégias de divulgação de livros, CDs,
revistas, vídeos e DVDs, explica Cláudia Onofre, pedagoga responsável pelo departamento de divulgação
da Editora Paulus.

CONCLUSÃO

Em primeiro momento, algumas pessoas ainda acham que a Pedagogia está estritamente
relacionada à área educativa ou docente, contudo, sabe-se que esta graduação habilita o profissional a
atuar também me supervisão, orientação e em projetos de recursos humanos.
Hoje, este conceito amplia-se mais ainda com a noção do pedagogo empresarial. Segundo Neide
Noffs, professora da Faculdade de Educação da PUC-SP o pedagogo pode atuar em todas as áreas que
requerem um trabalho educativo, portanto, está habilitado a militar no campo da andragogia - educação de
adultos.
O curso de Pedagogia ainda não está devidamente voltado a educação empresarial, pois atêm-se
muito à escola, por isso é importante cursar uma pós-graduação mais voltada para a empresa ou para os
recursos humanos.
No ambiente empresarial, o pedagogo pode focar seu trabalho em duas direções: no funcionário
ou no produto/serviço. Atuando com o funcionário, o pedagogo deve iniciar suas atividade conjuntamente
com o departamento de RH, criando projetos educacionais que visem facilitar o aprendizado por parte dos
funcionários. No segundo caso, este profissional atuará em empresas que vendem serviço/produtos
educacionais como editoras, sites, ONGs. Desta forma, o pedagogo irá adequar a linguagem comercial ao
tipo de produto oferecido, para expor de maneira satisfatória.
Nas grandes organizações, o pedagogo é o responsável pela elaboração de projetos de
implantação de universidades corporativas, avaliando a viabilidade de cursos e programas educacionais;
contatando profissionais e confeccionado material didático. Além disso, os pedagogos são os
responsáveis por treinamentos de comportamento para as lideranças. Eles são os mais indicados para
transmitir aos líderes, a maneira correta de como lidar com subordinados e como ensiná-los a realizar
tarefas.
Pode-se ainda, como em qualquer profissão, prestar consultoria ou assessoria para organizações,
em função de uma experiência adquirida em outras instituições. Ë válido salientar que à medida que o
profissional pretende oferecer um serviço mais elaborado, é necessário especializar-se com cursos e pós-
graduações, desta forma, chega um momento em que a graduação inicial foi apenas um ponto de partida.
De acordo com as reflexões acima tudo indica que há nos setores produtivos que implementam
as novas formas de organização do trabalho a possibilidade de atuação do pedagogo. Por outro lado,
pudemos constatar que a maior parte dos dirigentes, sejam eles de recursos humanos ou administrativos,
manifestam desconhecimento do trabalho que o pedagogo possa realizar dentro da indústria.
A maior parte dos diretores e dirigentes demonstra indicar o pedagogo como docente,
restringindo seu trabalho à sala de aula. Embora esses dirigentes alegassem haver possibilidade de
contratação de estagiários do curso de pedagogia, a concepção restrita do trabalho do pedagogo dificulta o
acesso desse profissional à industria, pois dificilmente a empresa contratará um profissional
desconhecendo sua área de atuação, ou seja, sem saber que conhecimento técnico esse profissional possui
e em que ele poderia ser útil na empresa.
No entanto, para que os programas de qualificação profissional não contemplem a separação
entre planejamento e execução, como no modelo taylorista - fordista, o pedagogo deve oferecer
instrumentos que capacitem os demais agentes do processo produtivo a discutir, questionar, pesquisar e
propor objetivos a serem alcançados, bem como auxiliar na escolha das metodologias mais apropriadas e
materiais a serem utilizados.
Assim, podemos dizer que a especificidade do trabalho do pedagogo pode contribuir
significativamente com os processos produtivos e a tendência é ampliar-se à medida que se desenvolvam
as transformações produtivas em curso e se passe a requerer maior potencial intelectual.

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