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PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO
Orlando Coelho
Luciene Costa
Hugo Rezende
Ana Paula Vizacre
Eliane de Siqueira
Danielle da Silva Pinheiro Wellichan
Claudia Basso
Carolina Thomaz Cordeiro
PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO
2021
PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO
Orlando Coelho
Luciene Costa
Hugo Rezende
Ana Paula Vizacre
Eliane de Siqueira
Danielle da Silva Pinheiro Wellichan
Claudia Basso
Carolina Thomaz Cordeiro
2021
CASA NOSSA SENHORA DA PAZ – AÇÃO SOCIAL FRANCISCANA, PROVÍNCIA
FRANCISCANA DA IMACULADA CONCEIÇÃO DO BRASIL –
ORDEM DOS FRADES MENORES
PRESIDENTE
Frei Thiago Alexandre Hayakawa, OFM
DIRETOR GERAL
Jorge Apóstolos Siarcos
REITOR
Frei Gilberto Gonçalves Garcia, OFM
VICE-REITOR
Frei Thiago Alexandre Hayakawa, OFM
PRÓ-REITOR DE ADMINISTRAÇÃO E PLANEJAMENTO
Adriel de Moura Cabral
PRÓ-REITOR DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO
Dilnei Giseli Lorenzi
COORDENADOR DO NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - NEAD
Renato Adriano Pezenti
GESTOR DO CENTRO DE SOLUÇÕES EDUCACIONAIS - CSE
Fernando Rodrigo Andrian
DESIGNER INSTRUCIONAL
Juliana Diana
PROJETO GRÁFICO
Impulsa Comunicação
DIAGRAMADORES
Andréa Ercília Calegari
CAPA
Andréa Ercília Calegari
CLAUDIA BASSO
É doutora e mestre em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC.
Bacharel e licenciada em Psicologia. Possui formação em Orientação Profi ssional e de
Carreira. Docente em cursos de pós-graduação, graduação e técnicos, em IES públicas e
privadas, na modalidade presencial e EaD. Pesquisadora na área de Educação e Trabalho.
ELIANE DE SIQUEIRA
Doutora em Ciências, cursou magistério pelo CEFAM, graduação em Ciências Biológi-
cas e Pedagogia, atuou por 20 anos como professora da rede estadual de São Paulo.
É professora no ensino superior presencial há 18 anos e EaD há 5 anos. Atua, também,
com formação de professores na modalidade a distância no município de Guarulhos
(SP). Realiza produção de conteúdos EaD, banco de questões, desafios profissionais e
gravação de vídeo-aulas.
HUGO REZENDE
Possui graduação em Psicologia pela Universidade Tuiuti do Paraná (2001), especia-
lização em Dependências Químicas pela Universidade Católica do Paraná (2004), Es-
pecialização em Educação Especial com ênfase em Inclusão pela Universidade Cató-
lica do Paraná (2013) e Mestrado em Psicologia pela Universidade Federal do Paraná
(2015). Atualmente, atua como psicólogo na Divisão de Ensino da Secretaria de Trans-
porte e Trânsito de São José dos Pinhais (PR), é representante no Conselho Regional
de Psicologia do Projeto Vida no Trânsito, de São José dos Pinhais (PR), psicólogo
colaborador do Projeto Justiça e Sobriedade de São José dos Pinhais pela Secretaria
de Transporte e Trânsito, é coordenador da Comissão de Mobilidade Humana e Trânsito
do Conselho Regional de Psicologia, e também docente em turmas de pós-graduação.
LUCIENE COSTA
Possui pós-graduação em Psicopedagogia e Jogos Cooperativos pela UNICESUMAR
(2015) e Pedagogia da Cooperação pela UMAPaz. Tem experiência em Desenvolvi-
mento Humano e processos de aprendizagem, nas áreas de T&D, consultoria empresa-
rial, projetos sociais, mediação de grupos e atendimento individual.
ORLANDO COELHO
Mestre em Psicologia Educacional pelo Centro Universitário Fieo - UNIFIEO (2016),
desenvolve pesquisas e projetos que trabalham na interface entre inclusão sociocultu-
ral, arte, tecnologia, ocupação dos espaços públicos e psicologia. É foco dos trabalhos:
grupos sociais em situação de risco, com especial atenção para adultos em situação de
rua e adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas. Participa, também,
de grupos de pesquisa voltados para a formação de educadores em educação integral.
SUMÁRIO
UNIDADE 01: HISTÓRIA E DIÁLOGOS DA PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMEN-
TO: A PSICOLOGIA NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE EDUCAÇÃO ESPE-
CIAL............................................................................................................................6
4. Família e escola................................................................................................... 64
História e diálogos da psicologia do desenvolvimento: a psicologia na formação de professores de
educação especial
1 UNIDADE 1
Todos os elementos que acompanham o contexto em que vive o indivíduo são con-
dições que constituem o seu desenvolvimento, a diversidade cultural e social, a situ-
ação financeira e econômica, o funcionamento do núcleo familiar e como esses fatores
se articulam entre si para moldar a estrutura da rotina em que aquele indivíduo nasce,
cresce e se desenvolve.
6
Historicamente, durante muito tempo, a infância foi foco de estudos, sendo o desenvol- 1
vimento infantil – intelectual, maturação e crescimento - a área mais antiga da Psicolo-
gia e a que mais possui uma diversidade de estudos e publicações acerca do assunto.
Uma justificativa plausível para isso é que toda experiência que ocorre nesta fase tem
uma importância significativa no entendimento do desenvolvimento normal das habili-
dades de cada fase da vida, bem como na formação da sua identidade na vida adulta.
No ano de 1770, Johann Heinrich Pestalozzi, professor suíço, passou a observar seu
filho pequeno e a fazer anotações em um diário acerca das suas ações e comporta-
mentos. Dietrich Tiedemann, filósofo alemão, publicou no ano de 1787, uma espécie
de relatório sistemático baseado na rotina de seu filho,
Figura 02. Jean-Jacques Ros- desde o nascimento até os três anos de idade.
seau (1712-1778)
Todas essas colaborações foram de extrema importância
Fonte: 123RF
Psicologia da Educação 7
História e diálogos da psicologia do desenvolvimento: a psicologia na formação de professores de
educação especial
Microssistema:
Sistema mais próximo do indivíduo e o que ele tem contato direto, como, por exemplo, o lar,
a escola, o trabalho. Normalmente o microssistema inclui seu núcleo familiar e as relações
estabelecidas são bidirecionais. Para Bronfenbrenne, é o sistema de maior influência no de-
senvolvimento do ser humano para objeto de aprendizagem interativo sem imagem.
Mesossistema:
Exossistema:
Neste ponto, não há envolvimento ativo do sujeito em determinada situação e, mesmo que
não queira, ele segue sendo afetado diretamente. No caso de uma criança, as decisões
tomadas por seus pais em relação a ela (uma troca de escola, por exemplo), irá afetar dire-
tamente seu desenvolvimento e compreensão da situação, porém a criança não tem controle
ativo sobre isso.
Macrossistema:
Envolve o ambiente cultural que a pessoa vive e todos os demais sistemas que o afeta.
Exemplos práticos seriam a cultura local, o sistema político, a economia do local onde se
vive, podendo ter um efeito positivo ou negativo de acordo com o quanto o sujeito é benefi-
ciado ou prejudicado por determinada situação.
Cronossistema:
8
Figura 03. Esquema da Teoria dos sistemas ecológicos humanos
1
` Características pessoais ` Interações recíprocas
` Contexto Cultural entre ambiente e
pessoal
` História Pessoal
` Sequência histórica dos
acontecimentos
Pessoa Processo
Contexto Tempo
` Exossistema
Por exemplo, para avaliar a evolução da motricidade de crianças a partir dos 3 anos de
idade, escolher-se-á uma determinada atividade que deve ser aplicada logo no início
do estudo. Essa mesma atividade deverá ser repetida de 6 em 6 meses até que as
crianças participantes completem 10 anos de idade. Os resultados observados ao final
do estudo longitudinal poderão dar ao pesquisador respostas ou tendências de desen-
volvimento padrão nesta faixa etária.
Psicologia da Educação 9
História e diálogos da psicologia do desenvolvimento: a psicologia na formação de professores de
educação especial
A solução desse impasse é de suma importância para a Educação, visto que um edu-
cador que tendesse à supremacia da hereditariedade poderia abandonar um aluno con-
siderado “atrasado”, enquanto outro, que valorizasse mais a influência do meio, exigiria
que todos os alunos atingissem um desempenho padrão.
O tempo é outro fator de extrema relevância que foi acresentado posteriormente, fazen-
do com que surgissem novos questionamentos: o desenvolvimento é fruto da interação
entre genes e ambiente, mas existe um melhor momento para que isso ocorra?
10
por exemplo, salvo as diferenças individuais. Barros (2008) afirma que é entre o sexto e 1
o oitavo ano de vida que a criança apresenta prontidão e maturidade para essas tarefas
e que só então o treino deve ser iniciado pelo professor.
REFLITA
De que maneira o conhecimento da existência de períodos críticos (ou sensíveis) durante o
desenvolvimento pode contribuir para a prática do professor no dia-a-dia da sala de aula?
O conceito de afetividade diz respeito à capacidade do ser humano de ser afetado (de
forma positiva ou negativa) seja por sensações internas ou externas. A afetividade é um
dos conjuntos funcionais da pessoa e atua, juntamente com a cognição e o ato motor,
no processo de desenvolvimento e construção do conhecimento.
Por ora é o que você deve saber sobre Henri Wallon, mas devido à importância e comple-
xidade de sua obra, a Unidade 6 será destinada a aprofundar a teoria do referido autor.
Psicologia da Educação 11
História e diálogos da psicologia do desenvolvimento: a psicologia na formação de professores de
educação especial
1 na Educação, podemos pensar que em termos de avaliação, por exemplo, não basta
determinar apenas o que um aluno já aprendeu para avaliar o seu desempenho.
ATENÇÃO
Conhecido também por sujeito cognoscente ou do conhecimento, o conceito epistêmico re-
fere-se às estruturas mentais comuns a todos os seres humanos, as quais possibilitam a
aprendizagem a partir de relações entre diferentes informações (classifi cação, comparação,
dedução, entre outras). Tais estruturas desenvolvem-se do início ao fi m da vida a partir da
ação dos indivíduos sobre o meio, em um processo de interação com o objeto de conheci-
mento e com as outras pessoas, o que permite a construção de níveis de saber cada vez
mais complexos.
Para Piaget, conforme Maia (2017), quando interage com o mundo e seus objetos, o
sujeito age sobre ele e sofre em contrapartida a influência de sua ação sobre si, em
um processo constante de adaptação. Dois mecanismos estão presentes na ação do
sujeito sobre os objetos de conhecimento, assimilação e acomodação, que geram a
equilibração. Ainda segundo Maia (2017), assimilação diz respeito ao mecanismo que
o sujeito aplica ao procurar compreender o mundo, trata-se da captação pelo indivíduo
de elementos da realidade externa aos seus esquemas ou estruturas cognitivas. Já
acomodação refere-se ao movimento de ajustamento desses esquemas às resistências
provocadas pelas novas situações e surge em decorrência das perturbações provoca-
das pelas situações enfrentadas pelo sujeito (MAIA, 2017).
Outra definição importante na obra de Piaget são os esquemas de ação, formas pelas
quais o ser humano interage com o mundo. Nesse processo, ele organiza mentalmente
a realidade para entendê-la, desenvolvendo assim sua inteligência. Esses esquemas
evoluem progressivamente conforme a faixa etária e as experiências de cada indivíduo.
12
É importante esclarecer também o termo conhecimento prévio. Trata-se dos saberes 1
que os alunos possuem e que são essenciais para o aprendizado. Na década de 20,
Jean Piaget identificou as estruturas mentais como condições prévias para aprender.
Nos anos 60, David Ausubel (1918-2008) chamou de conhecimento prévio os conte-
údos fundamentais para que se adquira novos conhecimentos. Segundo Ausubel, o
processo ideal ocorre quando uma nova ideia se relaciona aos conhecimentos prévios
do indivíduo. Assim, motivado por uma situação proposta pelo professor, a qual faça
sentido, o aluno amplia, avalia, atualiza e reconfigura uma informação anterior, transfor-
mando-a em uma nova.
ATENÇÃO
O suíço Jean Piaget, ao desenvolver sua teoria acerca do desenvolvimento mental humano,
usou a observação direta, sistemática e cuidadosa de crianças, entre elas seus três filhos:
Jacqueline, Laurent e Lucienne. Pesquise mais a respeito do seu método de investigação!
TEORIAS PSICOGENÉTICAS
Tanto Piaget quanto Vygotsky e Wallon são chamados de interacionistas ou construti-
vistas pelo valor que atribuem à interação e à construção. Todavia a mediação é dife-
rente para cada um deles.
Psicologia da Educação 13
História e diálogos da psicologia do desenvolvimento: a psicologia na formação de professores de
educação especial
Pedagogia:
A palavra Pedagogia tem origem grega e é composta pelos termos paidós, ageain e logos.
Refere-se ao ensino das crianças e compreende um conjunto de princípios e métodos pauta-
dos na Filosofia e em algumas ciências humanas (como a Psicologia).
Psicologia:
O termo Psicologia também tem origem grega e deriva da união das palavras psyché e logos.
Ao dar significado ao estudo da mente ou da alma, também pode ser definida como a ciência
que estuda o comportamento e os processos mentais do ser humano.
Fonte: 123RF
14
Ao debruçar-se sobre o estudo do desenvolvimento humano, bem como sobre
a aconstituição da mente, Freud ampara-se em sua teoria acerca da evolução
1
da Psicossexualidade. Ele defendia que a base de todo comportamento, ou
seja, sua determinação, está na mente, no psiquismo. Acreditava, pois, que a
motivação humana tem uma base biológica, as chamadas pulsões inatas, que
se referem a fontes internas de estimulação corporal. (PILETTI; ROSSATO;
ROSSATO, 2014, p.122).
Fonte: 123RF
REFLITA
Freud desenvolveu um modelo topográfico da mente fazendo analogia com um iceberg. Na
superfície, localiza-se o consciente, onde ocorrem os pensamentos que acessamos de forma
imediata; mais abaixo está o pré-consciente, onde se concentra o que pode ser recuperado
pela memória com alguma facilidade; e, finalmente, o inconsciente, a parte submersa do ice-
berg, mas que ocupa a maior parte da mente e que apesar de não ser acessível a qualquer
momento, influencia sobremaneira nossa personalidade, motivação e comportamento.
Psicologia da Educação 15
História e diálogos da psicologia do desenvolvimento: a psicologia na formação de professores de
educação especial
Fonte: 123RF
Vejamos o desenvolvimento psicossexual segundo Sigmund Freud:
Oral:
Figura 07. Fase oral
Do nascimento até mais ou menos
Fonte:123RF
o segundo ano de vida. O prazer
está localizado na boca. O primeiro
objeto de prazer do bebê é o seio
materno, somando-se a ele os de-
dos, mordedores e chocalhos, entre
outros, em atividades como sugar,
morder e comer. Nesta fase não há
a distinção do eu-outro.
Anal:
Figura 08. Fase anal
Mais ou menos dos dois aos quatro
Fonte:123RF
16
Fálica: 1
Figura 09. Fase Fálica
Aproximadamente dos quatro aos seis
Fonte:123RF
anos de idade. Fase em que ocorre a
descoberta do corpo e órgãos geni-
tais, marcada por toques e estimula-
ção, bem como pela diferenciação dos
sexos. As crianças ainda são imaturas
quanto ao ato e, por isso, trata-se ape-
nas de uma curiosidade com relação
aos órgãos genitais
Latência:
Figura 10. Fase de Latência
Mais ou menos dos seis aos 11 anos
Fonte:123RF
de idade. Período intermediário em
que as pulsões e os interesses são
transferidos para atividades como
brincar, praticar esportes e estudar.
Genital:
Figura 10. Fase genital
Corresponde à adolescência e idade
Fonte:123RF
Psicologia da Educação 17
História e diálogos da psicologia do desenvolvimento: a psicologia na formação de professores de
educação especial
No experimento, havia uma barra de ferro que, ao ser pressionada, oferecia água ou
alimento aos ratos. Num primeiro momento, o acontecimento era por acaso, mas, pos-
teriormente, os ratos associavam que sempre que apertassem a barra receberiam
água ou alimento. De modo semelhante, a caixa também aplicava choques, ao ser
apertada uma barra. Nesse caso, no condicionamento operante, o rato agiu sobre o
meio, trouxe uma resposta/satisfação de uma necessidade e a probabilidade de que o
comportamento se repetisse (receber mais água) ou extinguisse (não mais receber o
choque). As consequências que se seguiram após o recebimento da água ou choque
são chamadas, na teoria, de reforçadores positivos ou negativos.
A teoria comportamental foi utilizada por muito tempo pela Pedagogia e pela Educação,
por elas compreenderem a importância dos condicionamentos e reforços na busca pela
eficácia da aprendizagem na escola. Cabe apontar, ainda, que devemos, nesse contex-
to, levar em consideração que o uso do reforço positivo prevê que um comportamento
possa se repetir, devendo, pois, ser realizado logo após o comportamento adequado
acontecer.
Figura 11. Gestalt Paralelamente ao Behaviorismo, temos a escola
da Gestalt, a qual desenvolveu uma teoria da per-
Fonte:123RF
18
Os principais representantes desta abordagem foram Max Wertheimer (1880-1943), 1
Wolfgang Köhler (1887-1967) e Kurt Koffka (1886-1940), estudantes de Filosofia e
Psicologia na Universidade de Berlim. Seus estudos, baseados na psicofísica, tinham
como principal preocupação a compreensão da percepção e da sensação no movimen-
to, ou seja, identificar os processos psicológicos presentes na ilusão de ótica quando
uma pessoa percebe um estímulo diferente do que está diante de si (forma).
Vejamos alguns exemplos de como o professor pode atuar de modo a facilitar a aprendizagem
para os alunos de uma escola rural, de acordo com a linha teórica que estamos estudando:
` Uma professora utilizará exemplos e atividades que envolvem o plantio e colheita para o
ensino de ciências do meio em que vivem, considerando o solo e as plantações (como
um todo) na explicação das partes e como esta acontece. Cabe, ainda, que a professora
sugira que cada discente explique como funciona em sua casa.
Observe que, nos exemplos trazidos, o professor exerce um papel de grande influência
no andamento do processo de aprendizagem. Ao conhecer seus alunos, seus cotidianos,
suas vivências e acreditar na potencialidade deles para resolver os problemas, precisa
ter a iniciativa tornar a aprendizagem significativa para que o todo possa ser resolvido
por meio da percepção subjetiva. Essa atitude demonstra apoio e confiança de que cada
aluno tem um modo diferenciado de perceber a realidade e um modo de aprender.
Psicologia da Educação 19
História e diálogos da psicologia do desenvolvimento: a psicologia na formação de professores de
educação especial
1
para a educação são uma extensão de sua teoria como psicólogo, na qual opõe-
-se às concepções e práticas dominantes nos consultórios e nas escolas. A tera-
pia rogeriana se define como não diretiva e centrada no cliente, porque, segundo
Rogers, cabe a ele (cliente) a responsabilidade pela condução e pelo sucesso de
seu tratamento. Transpondo suas ideias para a Educação, a tarefa do professor
é facilitar o aprendizado que o aluno conduz a seu modo. Carl Rogers acreditava
que as pessoas só aprendem aquilo de que necessitam ou o que querem aprender.
Sua atenção recaiu sobre a relação aluno- professor, segundo o qual deve ser ba-
seada na confiança e destituída de noções de hierarquia. A pedagogia rogeriana,
entretanto, não significa abandonar os alunos a si mesmos, mas dar apoio para que
caminhem sozinhos.
20
A escola inclusiva necessita de professores qualificados e capazes de plane-
jar e tomar decisões, refletir sobre a sua prática e trabalhar em parceria para
1
oferecer respostas adequadas a todos os sujeitos que convivem numa escola.
(BERGAMO, 2012, p. 59).
Barros (2008) nos ajuda a compreender a importância da Psicologia no que diz respeito
à educação:
Educar uma criança, ensiná-la, evitando perturbações em seu comportamento,
exige do adulto, além de amor e dedicação, o conhecimento das características
infantis em cada fase do desenvolvimento: seus interesses, necessidades, mo-
tivações e possibilidades. Para ensinar uma atividade a uma criança precisa-se
saber como a criança é, se está madura para aquela atividade, como poderá
ser motivada, quais os melhores meios de ensiná-la e de tornar duradoura a
aprendizagem. (BARROS, 2007, p. 10).
CONCLUSÃO
Vamos recapitular o que vimos até aqui? Para Piletti, Rossato e Rossato (2014, p. 22), “a
Psicologia do Desenvolvimento procura responder a uma série de questões suscitadas sobre
o desdobramento de nossas vidas”. Podemos concluir que essa é uma área em constante
mudança e evolução, uma vez que se fundamenta nos processos de movimento do homem,
suas habilidades inatas e adquiridas e o progresso que apresenta durante seu curso vital.
Psicologia da Educação 21
História e diálogos da psicologia do desenvolvimento: a psicologia na formação de professores de
educação especial
1 Ainda nesta unidade, exploramos alguns dos principais conceitos de grandes teóricos
(Wallon, Vygotsky e Piaget) importantes para a compreensão da Psicologia do Desenvol-
vimento como um todo. Com os autores, aprendemos sobre o papel da interação com o
meio e da construção do conhecimento presentes no curso do ciclo de vida do homem.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. BARROS, C. S. G. Pontos de Psicologia do De- 5. MAIA, C. M. Psicologia do Desenvolvimento e da
senvolvimento. São Paulo: Ática, 2008. Aprendizagem. Curitiba: Intersaberes, 2017.
2. BERGAMO, R. B. Educação Especial: pesquisa e 6. MOTA, M. E. da. Psicologia do desenvolvimento:
prática. Curitiba: InterSaberes, 2012. uma perspectiva histórica. Temas psicol., Ribeirão
3. BIASOLI-ALVES, Z. M. M. Contribuições da Preto, v. 13, n. 2, p. 105-111, dez. 2005. Disponível
psicologia ao cotidiano da escola: necessárias em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=s-
e adequadas?. Paidéia.Ribeirão Preto, n. 12- ci_arttext&pid=S1413-389X2 005000200003&lng=p-
13, p. 77- 96, Ago. 1997 . Disponível em: <http:// t&nrm=iso>. Acesso em: 19 jun. 2018.
www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ arttext&pi- 7. NOGUEIRA, M. O. G.; LEAL, D. Teorias da apren-
d=S0103-863X1997000100007&lng=en&nrm=iso>. dizagem: um encontro entre os pensamentos filosófi-
Acesso em: 29 jul. 2018. co, pedagógico e psicológico. Curitiba: InterSaberes,
4. BRASIL. Secretaria de Educação Especial. Políti- 2018.
ca Nacional de Educação Especial na Perspectiva da 8. PILETTI, N.; ROSSATO, S. M.; ROSSATO, G.
Educação Inclusiva. Brasília, DF, jan. 2008. Psicologia do Desenvolvimento. São Paulo: Contex-
to, 2014.
22
1
Psicologia da Educação 23
Psicologia do desenvolvimento humano e a educação especial na infância, adolescência, vida
adulta e velhice
UNIDADE 2
2
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO
HUMANO E A EDUCAÇÃO ESPECIAL NA
INFÂNCIA, ADOLESCÊNCIA, VIDA ADULTA E
VELHICE
Além disso, o objetivo desta área é também o entendimento e descrição das capaci-
dades humanas – perceptual, motora, intelectual, social e afetiva –, bem como sua
evolução. Nesse ponto, podemos indicar que essas capacidades e evolução estão dire-
tamente relacionadas ao aprendizado. Mas de que maneira o “link” entre o desenvolvi-
mento e a aprendizagem ocorre?
A dimensão social do desenvolvimento, por sua vez, afeta decisivamente o modo como
aprendemos e enxergamos o mundo, por meio do aprendizado das convenções sociais,
valores, comportamentos, conceitos e conhecimentos importantes para o nosso desen-
volvimento como seres sociais, em um momento histórico e social específico.
Diante disso, perceba que há uma estreita relação entre o desenvolvimento e a apren-
dizagem. Muito mais do que um aparato biológico, importante para as mudanças e
evolução do ciclo vital humano, a relação com outras pessoas favorece não somente o
desenvolvimento humano, mas a aprendizagem.
24
Dito de outra forma, a dimensão biológica permite o desenvolvimento do raciocínio por
intermédio dos estímulos do meio social que modelam comportamentos e propiciam a
aquisição/aprendizagem de habilidades e conhecimentos para adaptação do ser humano 2
em sociedade e “consciente do seu potencial de crescimento”. (COELHO, 2014, p. 54).
Dificuldades de aprendizagem:
Distúrbios de aprendizagem:
Transtornos de aprendizagem:
Síndromes:
Psicologia da educação 25
Psicologia do desenvolvimento humano e a educação especial na infância, adolescência, vida
adulta e velhice
Deficiências:
2 Compreendem pessoas que têm impedimentos de natureza física, intelectual ou
sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua par-
ticipação plena e efetiva na sociedade com as demais pessoas. (Brasil, 2008). O
fato de apresentar uma deficiência não significa que a pessoa tenha comprometi-
mento em termos de aprendizagem. Por exemplo, deficiência auditiva, física, visual.
Muitas vezes, um deficiente visual pode apresentar dificuldades de aprendizagem,
em razão de fatores pedagógicos, por não ter um intérprete de Libras, materiais e
métodos de ensino adaptados a sua condição.
Nesse sentido, a Educação Especial entra em ação. Mas você sabe o que é Educação Es-
pecial? Você sabia que ela tem como premissa a promoção da educação inclusiva? É isso
que vamos abordar agora, passando brevemente pelo histórico e alguns aspectos legais.
PESQUISE
Esse olhar sobre as diferenças que fazem parte do ambiente escolar foi sempre assim?
Todos os aprendentes sempre foram incluídos? A resposta é não. Por muito tempo, a
escola discriminou a segregou aqueles que eram diferentes. Podemos dizer que, hoje,
mesmo com todos os avanços, leis e debates, ainda encontramos pessoas com dificulda-
des quanto ao acesso à escolarização e aos processos de ensino que atendam às reais
necessidades de aprendizagem, levando em consideração o período de desenvolvimento
em que a pessoa se encontra. Avançamos, mas ainda temos muito o que melhorar.
REFLITA
Olhando para o seu período de escolarização e das pessoas ao seu redor, quanto que os
processos de ensino, de fato, proporcionaram com eficiência, eficácia e efetividade a apren-
dizagem dos diferentes e diversos aprendentes?
Entendendo que o ambiente escolar é múltiplo e diverso, como e onde fica a educação
especial? Quando ela surge e com qual finalidade? A instituição escolar é secular, e,
com ela, os aprendentes com dificuldades, distúrbios, transtornos e deficiências, por
muito tempo, foram excluídos e/ou segregados dos bancos escolares.
26
No século XX, com a expansão e obrigatoriedade de escolarização básica, começa
a se notar crianças com alguma dificuldade para aprender. Isso fez com que surgisse
uma educação especial institucionalizada, sendo considerada um subsistema do ensino 2
regular. As chamadas escolas especiais contribuíram para a implementação de uma es-
colarização voltada às pessoas com necessidades educativas especiais, com currículo
próprio. Essa concepção de ensino fez com que houvesse uma proliferação de institui-
ções especializadas, vistas como excludentes e segregacionistas, por não incluírem as
pessoas com deficiências na educação básica. (BERGAMO, 2012).
Em meados dos anos 1970, no Brasil, começaram os debates sobre esse modelo, fa-
zendo surgir um movimento chamado “integração”, com a criação da Declaração dos
Direitos das Pessoas Deficientes, em 9 de dezembro de 1975, no intuito de pôr fim
ao processo excludente. No entanto, o conceito de integração no sistema educativo
voltava-se à pessoa com deficiência, sendo esta quem deveria se adaptar à escola e à
sociedade. (BERGAMO, 2012).
Integração Separação
Psicologia da educação 27
Psicologia do desenvolvimento humano e a educação especial na infância, adolescência, vida
adulta e velhice
sões ganham força e entre os anos 1980 e início dos anos 1990, internacionalmente
ocorre um movimento de luta contra a ideia da educação especial para o conceito de
2 “educação inclusiva”, reconhecida na Declaração de Salamanca, em 1994. (BER-
GAMO, 2012).
No Brasil, o debate sobre a educação inclusiva acentuou-se nos anos 1990, com a pro-
mulgação da Constituição Federal de 1988 e com as reformas educacionais, efetivadas
com a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de 1996. Em 2008, foi
divulgado o Plano Nacional da Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclu-
siva e, no mesmo ano, ocorreu a Convenção dos Direitos da Pessoa com Deficiência.
(BERGAMO, 2012). Sendo assim, os sistemas educativos precisam atender às multipli-
cidades e necessidades especiais dos aprendentes.
O conceito de Escola Inclusiva é amplo, não envolvendo apenas os alunos com necessi-
dades educativas especiais, mas também uma política e ações inclusivas de valorização
às diversidades. A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação
Inclusiva indica a necessidade de que junto ao ensino regular seja oferecido o atendi-
mento educacional especializado (AEE) para suporte ao desenvolvimento das atividades
pedagógicas dos estudantes com necessidades educacionais especiais nas classes co-
muns, de acordo com a proposta pedagógica da escola. Seu objetivo primordial é:
[...] assegurar a inclusão escolar de alunos com deficiência, transtornos globais
do desenvolvimento e altas habilidades/ superdotação, orientando os sistemas de
ensino para garantir: acesso ao ensino regular, com participação, aprendizagem
e continuidade nos níveis mais elevados do ensino; transversalidade da modali-
dade de educação especial desde a educação infantil até a educação superior;
oferta do atendimento educacional especializado; formação de professores para o
atendimento educacional especializado e demais profissionais da educação para
a inclusão; participação da família e da comunidade; acessibilidade arquitetônica,
nos transportes, nos mobiliários, nas comunicações e informação; e articulação
intersetorial na implementação das políticas públicas. (BRASIL, 2008, p.14).
28
O direito à inclusão é um direito social, portanto é necessário que todas as pessoas envol-
vidas se interessem e se envolvam nas causas ligadas à inclusão igualitária para que seu 2
desenvolvimento se dê de forma coerente e positiva a todos. Mesmo com os avanços, a edu-
cação inclusiva só terá mudanças efetivas se for realmente desenvolvida e praticada dentro
do cenário educacional.
Primórdios ou
Segunda Infância: Terceira Infância:
Primeira Infância:
ATENÇÃO
Atente para o fato de que, ao estipularmos idades que correspondam às fases do desenvol-
vimento humano, geralmente os autores indicam a palavra “aproximada-mente” por levar em
consideração as questões culturais, biológicas e a subjetividade da criança.
Psicologia da educação 29
Psicologia do desenvolvimento humano e a educação especial na infância, adolescência, vida
adulta e velhice
Inicialmente, devemos lembrar que, ao nascer, uma criança está em fase de adaptação
ao “novo mundo”, não é verdade? Por exemplo, a coordenação motora necessita de um
tempo para que possa ser desenvolvida. Além disso, os aspectos emocionais e afetivos
na interação social são fundamentais para que a aprendizagem ocorra. Bem como o
meio social e cultural contribui para o desenvolvimento das funções psicológicas supe-
riores: linguagem, memória, criatividade e imaginação.
Quando esses aspectos físicos neuronais apresentam dificuldades para serem realiza-
dos, já são indícios para uma investigação dos problemas de aprendizagem e desenvol-
vimento das ações de melhorias por parte da escola, família e profissionais adequados.
30
PESQUISE
De que maneira os professores podem estimular os alunos, seja na primeira, segunda ou 2
terceira infância, a desenvolverem suas habilidades motoras?
Vejamos um exemplo. Pense no modo como uma mãe fala com seu filho quando ele
está com medo de dormir no escuro: ela poderá deitar-se ao seu lado e lhe dizer que
não há nada a temer, pois ela está ali. Com isso, a criança aprenderá a controlar o medo
(emoção) diante de situações inesperadas.
IMPORTANTE
Você percebeu o quanto as emoções e a afetividade são importantes no desenvol-vimento
da criança. Nesse aspecto afetivo e emocional na infância, você percebe a infl uência que os
professores exerceram no seu processo de aprendizagem.
Psicologia da educação 31
Psicologia do desenvolvimento humano e a educação especial na infância, adolescência, vida
adulta e velhice
A educação especial tem sido uma área de muitas propostas, teorias e soluções, mas
principalmente de interesse de todas os campos
Figura 04. A inclusão do “diferente” de estudo, pesquisas e participações, pois a inclu-
são já se tornou algo obrigatório e inovador dentro
Fonte: 123RF
32
Sendo assim, o conceito de inclusão escolar na infância implica repensar todo o fun-
cionamento operacional e esquematizado do nosso sistema de ensino, abrindo espaço
para que cada aluno e profissional envolvido no processo de aprendizagem possa “co- 2
criar” uma nova forma de construção do conhecimento.
GLOSSÁRIO
Aberastury e Knobel (2000, apud PILLETI; ROSSATO; ROSSATO, 2014), usando a expres-
são Síndrome da Adolescência Normal, referem-se à adolescência como um período de cri-
se, no qual, em busca da identidade adulta, os adolescentes apresentam comportamentos
que em outra fase do desenvolvimento seriam con-siderados patológicos. Segundo os au-
tores, “a consequência final da adolescência seria um conhecimento de si mesmo como
entidade biológica no mundo, o todo biopsicosocial de cada ser nesse momento de vida”.
(ABERASTURY; KNOBEL, 2000, apud PILLETI; ROSSATO; ROSSATO, 2014, p.177-178).
O adolescente precisa lidar também com alguns lutos como o do corpo infantil e dos
pais. Outra característica é a tendência grupal, ocorre uma identificação em massa, e,
aparentemente, de uma hora para outra, o adolescente identifica- se mais com o grupo
de amigos do que com o grupo familiar. Nas palavras de Aberastury e Knobel (2000,
Psicologia da educação 33
Psicologia do desenvolvimento humano e a educação especial na infância, adolescência, vida
adulta e velhice
apud PILLETI; ROSSATO; ROSSATO, 2014 p. 176), “o grupo constitui, assim, a transi-
ção necessária no mundo externo para alcançar a individualidade adulta”.
2
Nesse contexto, Piaget (apud PILLETI; ROSSATO; ROSSATO, 2014) trouxe importantes
contribuições para compreender a adolescência do ponto de vista cognitivo. Para ele, a ado-
lescência corresponde a um nível elevado de maturidade cognitiva (operações formais), na
qual é possível pensar abstratamente, ou seja:
` Conseguem imaginar e/ou projetar o futuro, pensando no que poderia ser, não somente o
que é (fixo e estável);
Segundo Piaget e Inhelder (1976, apud PILLETI; ROSSATO; ROSSATO, 2014, p. 180),
com o amadurecimento das faculdades intelectuais, o adolescente passa por diversas
alterações que provocam um desequilíbrio, o qual conduz a um equilíbrio superior. São
as estruturas formais, estabelecidas aos poucos na interação com os outros e com o
meio, que possibilitam esse equilíbrio. A compreensão dos educadores acerca desse
processo é essencial, especialmente no que tange ao adolescente com necessidades
educacionais especiais que enfrentam essa fase com riscos e desafios.
34
vos; e focar as habilidades e capacidades de aprendizagem do estudante com necessi-
dades educacionais especiais para integrá-lo à turma.
2
EDUCAÇÃO ESPECIAL NA IDADE ADULTA
Cada vez que buscamos material sobre a vida adulta, podemos encontrar diversas
teorias e explicações distintas do que é e como se desenvolve a adultez. Mas o que
podemos reconhecer é que, segundo pesquisas, essa é a fase com maior diversidade
de concepções sobre o que, de fato, é ser adulto.
É quase unânime a ideia de que toda criança desejou ser adulto, tanto quanto todo
adulto um dia desejou voltar a sua infância/adolescência. Mas por que será que algo tão
desejado e esperado por nós, quando ainda éramos crianças, traz consigo a vontade de
fazer parar o tempo e de voltar alguns anos da nossa vida?
A realidade demonstra que se tornar adulto é um fenômeno que vem carregado de gran-
des responsabilidades, desde aquelas que almejamos conquistar, até aquelas que não
gostaríamos de ter que assumir. O processo de maturação do ser humano é sempre
lento, sistemático, diversificado e, de certa forma, subjetivo.
Intimidade x Isolamento
Fase que abrange o início da vida adulta, quando as pessoas estão explorando as relações
pessoais. Erikson (apud BARROS, 2007) acreditava que era vital que as pessoas desenvol-
vessem relações estreitas e comprometidas com outras pessoas. Aquelas que são bem-su-
cedidas nessa etapa irão formar relacionamentos seguros e duradouros. Para o autor, cada
etapa baseia-se em habilidades aprendidas nas anteriores, sendo assim um forte senso de
identidade pessoal foi importante para o desenvolvimento de relações íntimas. Uma resolu-
ção bem-sucedida dessa etapa resulta na força conhecida como amor, marcada pela capaci-
dade de formar relacionamentos significativos.
Psicologia da educação 35
Psicologia do desenvolvimento humano e a educação especial na infância, adolescência, vida
adulta e velhice
Generatividade x Estagnação
2 Fase que ocorre durante a idade adulta, corresponde ao momento em que continuamos a
construir nossas vidas, com foco na carreira e na família. Aqueles que são bem-sucedidos
durante esta fase vão sentir que estão contribuindo para o mundo por serem ativos em suas
casas e para com a sociedade. Aqueles que não conseguem atingir essa habilidade vão sen-
tir-se improdutivos e não envolvidos com o mundo. Cuidado é a virtude alcançada quando
este estágio é concluído com sucesso. Ser orgulhoso de suas realizações, ver os filhos tor-
narem-se adultos e desenvolver um sentido de unidade com o(a) parceiro(a) são realizações
importantes desta fase.
Existem ainda pesquisadores que defendem que o ciclo da vida adulta se desenvolve
em três estágios bem delimitados, a saber:
SUGESTÃO DE LEITURA
Erikson (apud BARROS, 2007), em sua Teoria do Desenvolvimento Psicossocial, descreve
oito fases que ficaram conhecidas como as Oito Idades do Homem:
1. Confiança x Desconfiança
2. Autonomia x Vergonha
3. Iniciativa x Culpa
4. Domínio x Inferioridade
6. Intimidade x Isolamento
8. Generatividade x Estagnação
Maturidade:
Estágio em que o indivíduo se torna mais introspectivo e reflexivo sobre seu futuro. Agora,
sua preocupação tende a centrar-se em “quanto tempo ainda me resta pela frente?”, sendo
uma das fases em queenfrenta maior vulnerabilidade para o desenvolvimento de um pro-
cesso depressivo. Comumente, é o período em que os filhos já saíram de casa, há uma
aproximação maior com seu parceiro(a) em razão de compartilharem agora a vida som ente
um com o outro. Esse período natural de “solidão” nem sempre é sinônimo de tristeza ou
36
depressão, desde que o indivíduo tenha um ego e um sistema emocional bem estruturado, a
sucessão de acontecimentos pode servir como motivação para um maior planejamento sobre 2
os próximos anos e uma preparação para a terceira idade.
Velhice:
Etapa da vida permeada por perdas e aceitação de novas condições. A capacidade física
fica mais limitada, as habilidades motoras e mentais, na maior parte das vezes, sofrem uma
desaceleração, o que afeta diretamente a rotina e as relações do sujeito. É a fase em que
a pessoa mais demonstra preocupação com a saúde daqueles que ama e quando ocorre
uma morte, com frequência se questiona: “quando chegará a minha vez?”. Nesse momento,
o ego se estrutura muito mais em referências do passado, de tudo o que foi feito e de tudo
que conquistou e a sensação é de que agora se tem maior conhecimento sobre as coisas da
vida e do funcionamento de todas as fases que já passou. Apesar de as taxas de depressão
serem altas em idosos, principalmente por conta do abandono, o indivíduo que atinge a ter-
ceira idade tende a sentir orgulho de todos os obstáculos que ultrapassou para chegar até ali.
Visto que o ser humano carrega consigo uma individualidade e que cada pessoa se desenvolve
no seu ritmo, desde os anos 1990, a Psicologia do Desenvolvimento Humano tem ampliado seu
campo de estudo a fim de abranger e compreender melhor todas as intercorrências que são
naturais da vida adulta e que interferem direta ou indiretamente na constituição da personalidade
do sujeito e de como ele reage e se comporta frente às circunstâncias impostas pela vida adulta.
Fonte: 123RF
Apesar de haver uma idade cronológica que delimite a velhice, quando tentamos carac-
terizar os fenômenos que ocorrem naturalmente na terceira idade, seria possível dizer
que todo idoso enfrenta e se comporta da mesma maneira? O fato é que, como em
qualquer outra fase da vida, na velhice também estão presentes os elementos subjeti-
vos do sujeito, entretanto, algumas alterações, em geral as biológicas, obedecem a um
padrão de declínio característico dessa idade.
Psicologia da educação 37
Psicologia do desenvolvimento humano e a educação especial na infância, adolescência, vida
adulta e velhice
Biologicamente, a terceira idade tem um caráter irreversível, ou seja, nós não consegui-
mos retroceder o tempo a fim de nos tornarmos fisicamente jovens novamente, devol-
2 vendo aos órgãos e estruturas vitais sua máxima funcionalidade. Entretanto, é possível
retardar alguns processos graças aos avanços da Medicina atrelados ao cuidado de
outras áreas que promovem maior qualidade de vida, entre elas a Educação.
Graças ao aumento da expectativa de vida ocorrido nos últimos tempos, ocor-
reu um conjunto de transformações significativas no que tange aos estudos re-
lativos à vida adulta e à velhice. Estatisticamente, espera-se que em 2025 haja,
pelo menos, 1,2 bilhão de idosos com mais de 60 anos no mundo. E a projeção
numérica é de que em 2050 a população idosa seja quatro vezes maior do que
a que temos na atualidade.
No ano de 2002, ocorreu em Madri, a Segunda Assembleia Mundial das Nações Unidas
sobre o Envelhecimento, estruturada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), com
o intuito de discutir o fenômeno do crescimento da população idosa no mundo. Eventos
como esse passaram a ser cruciais para o desenvolvimento de novas estratégias que
visem melhorar as condições psicológicas, sociais, econômicas, culturais e que tragam
qualidade de vida ao idoso. O surgimento de leis e cartilhas de orientação à terceira ida-
de, como o Estatuto do Idoso, são documentos oficiais que elucidam algumas questões
específicas que permeiam a velhice de forma geral.
Ainda que os esforços para melhor atender a população idosa estejam tomando cada
vez maiores proporções, algumas questões ainda desafiam esse contexto. É bastante
comum que pessoas na terceira idade vejam os mais jovens evoluindo, realizando outras
coisas que elas já não conseguem ou não possuem mais a oportunidade de fazer, seja
por uma condição de limitação física, social, financeira, psicológica. Junto a esses pensa-
mentos vem a sensação de abandono, carência, isolamento, próprias desde estágio da
vida quando, de certa forma, o idoso sente que “não consegue mais sair do lugar”.
O termo terceira idade surgiu na década de 1970, na França, com a criação das Uni-
versidades de Terceira Idade, que propunham o ajuste entre as atividades acadêmi-
cas, de lazer e convivência, demonstrando que há alguns anos já é possível discutir
38
Figura 07. Inclusão digital na velhice sobre trabalhar as potencialida-
des individuais do idoso, dando-
Fonte: 123RF
-lhe autonomia dentro de suas 2
limitações e independência den-
tro de suas condições.
CONCLUSÃO
No estudo desta unidade você pôde compreender melhor a relação da Psicologia do
Desenvolvimento e a Educação Especial dentro de uma concepção de educação inclu-
siva. Brevemente observou, pelos aspectos históricos e legais, que uma escola inclu-
siva oferece um sistema de ensino que atende às diferenças, oportunizando a apren-
dizagem de todos, com métodos especiais e adequados, levando em consideração a
fase de desenvolvimento do aprendente. A partir desse entendimento, estudamos a
Educação Especial inclusiva na infância, à luz da Psicologia do Desenvolvimento.
Você percebeu, também, que a infância é atravessada por diversos aspectos: intrínse-
cos – biológicos, neurológicos, cognitivos e emocionais; e extrínsecos – socioculturais.
Esses aspectos influenciam direta e indiretamente na aprendizagem motora, cognitiva,
intelectual, afetiva, comportamental, dentro do ambiente escolar e fora dele. Dessa ma-
neira, os educadores precisam levar em consideração esses aspectos nas suas práti-
cas educativas de modo geral, para promover a aprendizagem de todas as crianças.
Psicologia da educação 39
Psicologia do desenvolvimento humano e a educação especial na infância, adolescência, vida
adulta e velhice
SAIBA MAIS
Para saber mais sobre inclusão digital, leia o artigo “Inclusão digital e inclusão social: contri-
buições teóricas e metodológicas”, disponível em: <http://pepsic. bvsalud.org/scielo.php?s-
cript=sci_arttext&pid=S0104-65782010000100010&lng= pt&nrm=iso>.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. BARROS, C. S G. Pontos de Psicologia do De- portal.mec.gov.br/ arquivos/pdf/politicaeducespecial.
senvolvimento. São Paulo: Ática, 2007. pdf>. Acesso em: 27 jun. 2018.
2. BERGAMO, R. B. Educação especial: pesquisa e 5. COELHO, W. Psicologia do desenvolvimento.
prática. Curitiba: InterSaberes, 2012. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014.
3. BRASIL. Estatuto da criança e do adolescente: 6. KORTMANN, G. M. L. A inclusão da criança
Lei federal nº 8069, de 13 de julho de 1990. Rio de especial começa na família. In: STOBAUS, C. D.;
Janeiro: Imprensa Oficial, 2002. MOSQUERA, J. M. (Orgs.). Educação Especial: em
4. BRASIL. Secretaria de Educação Especial. Po- direção à Educação Inclusiva. 2. ed. Porto Alegre:
lítica Nacional de Educação Especial na Perspec- EDIPUC, 2004. p. 221-235.
tiva da Educação Inclusiva. Documento elaborado 7. MAIA, C. M. Psicologia do Desenvolvimento e da
pelo Grupo de Trabalho nomeado pela portaria n. Aprendizagem. Curitiba: Intersaberes, 2017.
555/2007, prorrogada pela portaria n. 948/2007, en- 8. PILETTI, N.; ROSSATO, S. M.; ROSSATO, G.
tregue ao ministro da Educação em 7 de janeiro de Psicologia do desenvolvimento. São Paulo: Contex-
2008. Brasília, DF, jan. 2008. Disponível em: <http:// to, 2014.
40
2
Psicologia da educação 41
Teorias da psicologia da aprendizagem e sua ênfase na educação especial: comportamentalismo,
psicanálise e socioconstrutivismo
UNIDADE 3
TEORIAS DA PSICOLOGIA DA
3
APRENDIZAGEM E SUA ÊNFASE
NA EDUCAÇÃO ESPECIAL:
COMPORTAMENTALISMO, PSICANÁLISE E
SOCIOCONSTRUTIVISMO
3. TEORIAS DA PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM E
EDUCAÇÃO ESPECIAL
A Psicologia tem contribuído, por meio de seus estudos e pesquisas, nas diversas áreas
em que a reflexão sobre o ser humano está presente. A relação da Psicologia com a
Educação, por sua vez, influenciou pesquisas e experimentos dos quais surgiram tes-
tes e avaliações que permitem compreender não somente o desenvolvimento humano,
mas também a aprendizagem.
Globalização:
Com o advento da globalização, a sociedade está vivendo tempos de incertezas e de profun-
das mudanças. A tecnologia adiantou e mudou o acesso às comunicações de forma que
os conteúdos são distribuídos em um volume muito grande, o que dificulta cada vez mais a
sua assimilação. Os alunos, acima de tudo, precisam aprender a aprender, e a compreensão
e criatividade precisam ser estimuladas para que o conhecimento seja transferido para as
questões práticas do dia a dia.
42
Ensino por competências:
O ensino pautado em competências é imprescindível para que os alunos possam agir com
autonomia, fazendo escolhas de acordo com suas aspirações e seus valores individuais para 3
se tornarem indivíduos capazes de contribuir com o mundo ao invés de serem apenas espec-
tadores da sociedade.
REFLITA
Atualmente, os métodos de ensino aplicados nos cotidianos escolares têm sido relevantes à
aprendizagem dos alunos?
Agora, vamos compreender melhor o que dizem essas teorias da aprendizagem? Pros-
siga com a leitura.
COMPORTAMENTALISMO
Quando abordamos o tema aprendizagem, muitas pessoas logo apontam que o meio
no qual o indivíduo (con)vive exerce uma importante influência sobre o que e como será
aprendido e suas razões. É comum ouvirmos que as crianças são influenciadas pelo
comportamento dos pais, não é mesmo? De fato, o meio pode influenciar significativa-
mente o quê e como uma criança/jovem/adulto aprenderá.
O primeiro teórico a utilizar o termo Behaviorismo foi John Broadus Watson (1878-
1958). Sua pesquisa salientou a forte influência do meio sobre o comportamento
dos indivíduos e para comprovar tal abordagem, utilizou experimentos científicos. Ele
afirmava que poderia treinar qualquer criança saudável para transformá-la no que ele
desejasse – médico, advogado e até ladrão, por exemplo. (GOULART, 2003; PILETTI;
ROSSATO, 2015).
Psicologia da educação 43
Teorias da psicologia da aprendizagem e sua ênfase na educação especial: comportamentalismo,
psicanálise e socioconstrutivismo
3 Auto-falante
Armazenador Luzes
de grãos sinalizadoras
Pedal
Tubo do
armazenador
Fio até o
gerador de
choques
Copo para comida Grade eletrificada
No experimento, havia uma barra de ferro que, ao ser pressionada, oferecia água ou
alimento aos ratos. Em um primeiro momento, o acontecimento era por acaso, mas,
posteriormente, os ratos associavam que sempre que apertassem a barra recebe-
riam água ou alimento. De modo semelhante, ao ser apertada uma barra, a caixa tam-
bém aplicava choques. Nesse caso, no condicionamento operante, o rato agiu sobre o
meio, trouxe uma resposta/satisfação de uma necessidade e a probabilidade de que o
comportamento se repetisse (receber mais água) ou extinguisse (não mais receber o
choque). As consequências que se seguiram após o recebimento da água ou choque
são chamadas, na teoria, de reforçadores positivos ou negativos. Atente para o quadro
abaixo e compreenda a diferença entre eles.
Tabela 01. Diferença entre reforçadores positivos e negativos do condicionamento operante
44
REFORÇADORES DEFINIÇÃO EXEMPLOS
Negativos Objetivam diminuir a ocorrência Uma professora não gosta que os
de uma resposta, podendo ser alunos falem durante a aula em
utilizadas punições para que um nenhum momento, assim, grita e 3
comportamento não se repita. informa-lhes que, caso continuem
a conversar, serão retirados pon-
tos de cada um. A atitude (gritar
e tirar pontos) tem por objetivo re-
forçar que não devem falar duran-
te a aula em nenhum momento e
que serão punidos por isso.
Ao indicar o reforço positivo como prática de maior eficácia para que um comporta-
mento desejado seja reproduzido, os autores lembram, ainda, que aprovação, sorrisos
e feição são reforçadores observáveis pelos alunos. Além da abordagem feita pelos
behavioristas, existem outros modos de perceber como o processo de aprendizagem
acontece. Prossiga a leitura e descubra quais são eles.
Vejamos um exemplo de como o meio em que Aline vive tornou-se um reforçador posi-
tivo para a aprendizagem.
Aline tem 7 anos e seus pais gostam muito de ler. Assim, eles decidiram montar uma bibliote-
ca com uma infinidade de temas e autores para se inteirarem sobre diversas teorias e assun-
tos que aprimorassem o conhecimento. Por conta disso, Aline percebeu que com tantos livros
em casa, deveria saber o que seus pais tanto folheavam ,e a partir daquele dia, começou a
pedir livros para ler. Seus pais entenderam que precisavam comprar livros que correspon-
dessem à faixa etária da filha para lerem juntos até que ela aprendesse a ler sozinha. A cada
livro lido, ela ganhava um novo e a parabenizavam. Na escola, Aline não teve dificuldade em
ler os livros solicitados pela professora, pelo contrário, pedia que ela indicasse nomes para
seus pais comprarem.
Comentário 1:
Observe no exemplo que, o meio em que Aline vivia, possuía não somente uma biblioteca,
mas pais que ensinavam pelo exemplo que a leitura era prazerosa. Além disso, estimulavam
a leitura comprando novos livros, liam com ela e parabenizavam-na pelo término de cada livro
– um reforço positivo para que o comportamento continuasse a se repetir.
Psicologia da educação 45
Teorias da psicologia da aprendizagem e sua ênfase na educação especial: comportamentalismo,
psicanálise e socioconstrutivismo
Comentário 2:
Com isso, na escola, Aline não encontrou dificuldades na leitura apresentada pela professo-
ra, pelo contrário: continuou com o mesmo comportamento – seu meio reforçou sua relação
3 com os livros. Mas nem todos os alunos possuem um ambiente reforçador, não é verdade?
Sem dúvidas, não podemos esquecer que o ambiente escolar também serve como um
parâmetro de influência na aprendizagem dos alunos, não concorda? Desse modo, a
atitude do professor ao ensinar os conteúdos, a maneira como responde a cada acerto
ou erro, o modo como oferece o feedback das atividades avaliativas acarretará em uma
resposta do aluno que poderá ser positiva (comportamento repetirá) ou negativo (com-
portamento diminuirá).
Quanto a isso, podemos pensar que em uma aula de matemática, na qual os alunos
aprenderam que a disciplina sempre foi difícil, um docente poderá utilizar de métodos
e estratégias que sejam facilmente assimiladas pelos estudantes (objetos, frutas, brin-
quedos etc.), facilitando, assim, a aprendizagem.
REFLITA
Pensando no meio como influência na aprendizagem: de que maneira você pode estabe-
lecer um ambiente no qual seus alunos possam aprender com prazer e significativamente?
PSICANÁLISE
A Psicanálise surgiu com Sigmund Schlomo Freud (1856-1939) com a publicação de
duas importantes obras: “Estudos das Histerias” (1985) e A “Interpretação dos Sonhos”
(1900). Na primeira obra, Freud e Breuer (importante estudioso da histeria na época)
explicaram que a origem dos sintomas neuróticos estava ligada a um desvio de emo-
ções que não puderam ser normalmente compreendidas e/ou vividas. Essa energia
retida (pulsão) seria dirigida para o corpo, causando uma catarse – descarga emocional
(cegueira temporária, desmaios etc,). Houve, contudo, uma discordância entre os teóri-
cos quando Freud indicou que os sintomas neuróticos tinham relação com os impulsos
sexuais na infância.
46
No livro “A Interpretação dos Sonhos”, Freud apresenta a primeira concepção de es-
truturação e funcionamento da personalidade em três instâncias: consciente, pré-cons-
ciente e inconsciente, sendo este último o determinante das nossas ações. Posterior-
mente, ele reformulou sua teoria, afirmando a coexistência de três estruturas psíquicas: 3
id, ego e superego.
Você sabe o que são cada uma dessas três estruturas psíquicas? Vejamos a seguir, de
acordo com Piletti e Rossato (2015), cada uma delas.
Id:
Conduzido pelo princípio do prazer (busca sem freios), que não leva em conta a realidade e
as impossibilidades externas. Busca a satisfação imediata e o alívio das tensões. Traz consi-
go as lembranças da infância. Como exemplo, uma criança que deseja ter um brinquedo que
viu em uma loja, mesmo que os pais lhe digam que não podem pagar, tem uma satisfação
imediata, sem levar em conta a realidade externa.
Ego:
Realiza o equilíbrio entre o id, o superego e o mundo externo/realidade. Além disso, busca o
prazer evitando o desprazer.
Superego:
Desenvolve-se a partir do conhecimento das normas, leis, interdições, cultura etc., para que
a realidade seja compreendida como necessária, em contraposição ao id. Deseja a perfei-
ção, limita as satisfações e está ligado ao controle. É criado a partir do ego, mas, após isso,
adquire sua própria função.
Figura 02. Aparelho psíquico freudiano: Podemos, então, entender que, no apare-
primeira e segunda tópicas lho psíquico, os sistemas exercem algumas
funções específicas que guiarão o com-
Fonte: Plataforma Deduca (2018).
Psicologia da educação 47
Teorias da psicologia da aprendizagem e sua ênfase na educação especial: comportamentalismo,
psicanálise e socioconstrutivismo
sexual, mas às diferentes formas de prazer reconhecidas pela criança em áreas dife-
rentes do corpo, chamada de libido. Essa libido é a energia psíquica que mobiliza o or-
ganismo em busca dos objetivos e atua sobre o prazer e a satisfação das necessidades
3 biológicas e sensações agradáveis ou não. Bom, agora, vamos conhecer essas cinco
fases do desenvolvimento psicossexual. (PILETTI; ROSSATO, 2015).
VÍDEOS
O filme “Freud – além da alma” (1962), dirigido por John Huston e produzido por Wolfgang
Reinhardt, é um clássico sobre a biografia e a história do pai da Psicanálise. Ele retrata al-
guns dos casos de Freud, como o da utilização da técnica de associação livre e os resultados
e, apesar de antigo, é um dos melhores filmes para aprender a respeito da Psicanálise como
teoria e técnica.
Oral (0 a 1 ano de idade): O prazer está localizado na boca. O primeiro objeto de prazer é o
seio materno (mamar – pulsão de vida, Eros), tendo por função a de alimentação. Somam-se
a ele chocalhos, pés, dedos etc. em atividades como morder e mastigar (pulsão de morte –
Tanatos). A criança ainda não distingue a mãe de si mesma.
Fálica (3 aos 5 anos de idade): Fase em que há uma descoberta do corpo e seus órgãos
genitais, da diferenciação dos sexos e toques e estimulação. Contudo, devemos lembrar que
as crianças ainda são imaturas quanto ao ato e, por isso, trata-se de uma curiosidade. De-
vemos lembrar que se trata de um corpo que sente prazer ao ser tocado. Nesta fase, Freud
identificou a resolução do Complexo de Édipo e em torno dele a estruturação da perso-
nalidade. Ocorre o desejo pelo progenitor do sexo oposto e ambivalência de afetos (amor e
ódio) pelo progenitor do mesmo sexo. É um período em que o superego se desenvolve com
a proibição ou castração do desejo (complexo de castração), a realidade e a proibição de
condutas consideradas inadequadas.
Você pode observar que, conforme apontou Freud, as fases estão ligadas ao desenvol-
vimento por meio da busca do prazer, tendo o corpo como base nessa procura. Todavia
a realidade ou o princípio da realidade impede-nos de alcançar essa satisfação imediata
48
quando a desejamos, não é mesmo? Por exemplo, quando imaginamos uma roupa,
nem sempre podemos comprá-la no mesmo momento, seja pelo local em que estamos,
pela distância da loja, ou a falta de dinheiro.
3
ATENÇÃO
As fases do desenvolvimento psicossexual freudiano auxiliam os professores no entendimen-
to do modo como as crianças lidam com o corpo e os processos pelos quais a aprendizagem
pode ocorrer.
Mas de que maneira essas informações podem ser colocadas em prática? O professor
deverá conhecer seus alunos (história de vida, comportamentos, reações diante do
próprio saber etc.) para isso, tendo de estabelecer atividades, brincadeiras e avaliações
que ultrapassem a questão cognitiva e favoreçam o aprendizado nas relações afeti-
vas, mesmo as inconscientes (edipianas). A aprendizagem deve ter como foco, além da
cognição, a afetividade, presente no relacionamento em sala de aula, na observação e
atividades que respeitem a individualidade dos alunos.
Figura 03. Para a Psicanálise, a afetividade é fator importante na educação
Fonte: 123RF
SUGESTÃO DE LEITURA
O livro “Influências da Psicanálise na Educação: uma Prática Psicopedagógica” (2013), de
Arbila Luiza Armindo Assis, aponta a importância dos conhecimentos teóricos da Psicanálise e
Psicologia da educação 49
Teorias da psicologia da aprendizagem e sua ênfase na educação especial: comportamentalismo,
psicanálise e socioconstrutivismo
sua influência nas práticas pedagógicas de modo geral. É uma ótima referência para aprofun-
dar seus conhecimentos nos princípios psicanalí-ticos e na sua aplicação prática na educação.
3
CONSTRUTIVISMO
A Teoria Construtivista entende que o ser humano explora e interpreta o ambiente. A
aprendizagem resulta da interação entre as estruturas cognitivas e o meio, sendo me-
diada por outras pessoas, como professores e pais.
Na sua teoria, Piaget traz dois conceitos fundamentais para o desenvolvimento cogniti-
vo: a assimilação e a acomodação no processo de adaptação. Vamos entender esses
conceitos a seguir (PILETTI; ROSSATO, 2015).
Assimilação:
Processo pelo qual uma criança/pessoa incorpora objetos, pessoas, experiências novas às
estruturas e/ou conhecimentos que já possui, sem alterá-las. Ex.: uma criança que sabe o
que é um cachorro como “auau”, ao lhe ser apresentado um gato (como animal), fará uma
assimilação/ aproximação deste animal com o cachorro, chamando-o de “auau” – por ser
pequeno e emitir som. Observe que não houve alteração no esquema/ conhecimento prévio.
Acomodação:
50
Assim, ao usar os mecanismos de assimilação e acomodação, será possível ao sujeito
realizar uma adaptação/equilibração diante das exigências do meio e as inúmeras pos-
sibilidades de aprender algo novo que desequilibre o estado de repouso.
3
Vamos entender melhor por meio de um exemplo. O aluno está em sala de aula e vai
estudar álgebra, já têm em sua estrutura mental informações básicas da matemática.
Ao estudar, o aluno interioriza as informações sobre álgebra (com uso de técnicas e do
professor), que gera um desequilíbrio cognitivo pela constante interação com a infor-
mação até que haja o entendimento do conteúdo, sendo então acomodado na estrutura
cognitiva, pois houve a modificação do esquema mental anterior, adaptando-se a nova
realidade advinda da assimilação, gerando a equilibração cognitiva.
Para melhor esclarecer esse processo, Piaget dividiu-o em quatro estágios bem definidos
e sucessivos, indicando que no desenvolvimento há um avanço, ao serem incorporadas
novas estruturas (a partir da anterior), e uma visível mudança de comportamento frente às
exigências ambientais, reconhecendo nova fase. (PILETTI; ROSSATO; ROSSATO, 2014).
A princípio são utilizados reflexos neurológicos básicos. O bebê age construindo esquemas de ação
assimilando mentalmente o meio e demonstra noções de espaço e tempo que são construídas pela
ação. Por exemplo, o bebê pega algo na mão e leva até a boca olhando para o objeto. Depois da
ação, ele é capaz de pegar novamente o objeto e levá-lo até a boca construindo a ação.
Pode ser chamado também de inteligência simbólica, pois se constitui pela interiorização de
esquemas de ação construídos no estágio sensório-motor. Tomemos por exemplo uma situ-
ação em que são mostrados dois pedaços de massa de modelar para uma criança, uma em
formato de bola e a outra em formato de dois triângulos. A criança nega que a quantidade de
massinha seja igual, não conseguindo fazer relações.
A criança já consegue relacionar noções de tempo e espaço, mas se limita ao mundo con-
creto anulando a transformação, ainda não conseguindo reverter situações. Por exemplo,
ao se colocar água em dois copos de formatos diferentes, pergunta-se para a criança se as
quantidades são iguais. Ela já diferencia se consegue refazer a ação.
A criança agora já consegue representar com abstração completa. Ela não se limita mais aos
modelos e cria suas próprias hipóteses lógicas, buscando a solução dos problemas utilizando
a observação e o raciocínio. Se lhe pedem, por exemplo, para analisar o ditado “a vaca foi
para o brejo”, ela trabalhará de forma lógica, pensando no fato não mais com a imagem da
vaca indo, literalmente, para o brejo.
Psicologia da educação 51
Teorias da psicologia da aprendizagem e sua ênfase na educação especial: comportamentalismo,
psicanálise e socioconstrutivismo
VÍDEOS
O filme “Escritores da Liberdade” (2007), dirigido por Richard La Gravenese, narra a relação
de uma jovem professora da cidade de Los Angeles com seus alunos, que fazem parte de
uma turma com dificuldades de aprendizagem e separada em grupos. Diante disso, ela os
envolve em inúmeros trabalhos a fim de incentivá-los/reforçá-los em suas capacidades e
aptidões. Por meio disso, eles desenvolvem suas habilidades e reconhecem a importância
de valores e do ensino. Trata-se de um ótimo filme para aprender sobre técnicas de ensino
direcionadas às necessidades dos alunos. Leia a resenha do filme em: no link <https://www.
portaleducacao.com. br/conteudo/artigos/idiomas/resenha-do-filme-escritores-da-liberda-
de/13704>.. Vale a pena ler e assistir.
TRANSTORNOS DE APRENDIZAGEM
O transtorno ou distúrbio de aprendizagem, diferentemente da dificuldade de aprendi-
zagem, é inato, tem caráter permanente e pode ser hereditário. Vamos abordar alguns
dos principais transtornos de aprendizagem.
52
Dislexia
Segundo Barros (2007), o termo dislexia refere-se à dificuldade para aprender a ler
encontrada em indivíduos saudáveis, de inteligência normal ou superior e sem defici- 3
ências sensoriais. É um distúrbio neurobiológico caracterizado pela dificuldade no reco-
nhecimento preciso ou fluente das palavras, com obstáculo à soletração e recodificação
dos sinais gráficos em sons.
A aquisição da leitura difere de uma criança para outra e, muitas vezes, aquelas com
algum atraso podem recuperar-se a partir de ajuda adequada. Entretanto, crianças com
dislexia permanecem com dificuldades de leitura mesmo depois de esforço e treino.
Além disso, podem ter sintomas associados, como um déficit de atenção ou na coorde-
nação motora, que não são a causa da dificuldade de leitura, apesar de contribuírem.
Discalculia
Problema que parece resultar de uma deficiência do senso numérico (noção de
quantidade e suas relações), que surge apesar de ambiente oportuno, bom nível de
Psicologia da educação 53
Teorias da psicologia da aprendizagem e sua ênfase na educação especial: comportamentalismo,
psicanálise e socioconstrutivismo
Para crianças com discalculia, a matemática e seus conceitos podem ser comparadas a uma
língua estrangeira que elas não conhecem. Além disso, as dificuldades podem trazer medo e
insegurança, que acabam interferindo no funcionamento de outras áreas cognitivas, que até
então estariam preservadas. Em se tratando das causas da discalculia, parece haver uma
alteração dos circuitos do lobo parietal, causada por lesão precoce ou por defeito genético no
momento de sua formação.
O senso numérico:
Pode ser aperfeiçoado por meio de jogos e outras atividades promovidas pela interação so-
cial. Tais intervenções parecem aumentar a habilidade de utilizar a fileira mental de números.
A noção de quantidade (que está associada ao uso da fileira mental de números), entretanto,
não está ligada diretamente à habilidade de contar e realizar cálculos simples. Ou seja, a
criança pode saber contar e ainda não identificar qual número é o maior ou o menor.
A exatidão e eficiência nas estratégias de contar são objetivos importantes nas intervenções
para o aprendizado da matemática. A contagem deve ser substituída, assim que possível,
pela memória verbal nos cálculos simples, o que significa passar do concreto (uso dos dedos
ou material de contagem) para o mental.
SAIBA MAIS
54
Formas de apresentação do TDAH:
Existem diferentes formas de manifestação do TDAH, são elas:
3
TDAH com predomínio de desatenção: Falta de atenção para detalhes, comete erros por
omissão, as tarefas são realizadas sem o devido cuidado e meticulosidade, dificuldade para
manter a atenção, dificuldade para persistir e terminar as tarefas, parece estar com a cabeça
“em outro lugar” ou ainda “no mundo da lua”.
` autismo;
` condutas típicas;
` deficiência auditiva;
` deficiência física;
` deficiência mental;
` deficiência múltipla;
` deficiência visual;
` síndrome de Down.
Autismo
É um transtorno neurobiológico do desenvolvimento cuja origem é genética e pode
afetar inúmeros órgãos, com predomínio da alteração do funcionamento do sistema
nervoso central. O autismo é caracterizado por anormalidades no comportamento en-
volvendo a interação social, a linguagem e a cognição. Pelas formas variadas como se
apresenta, o autismo e as síndromes associadas a ele passaram a ser denominados
transtornos do espectro autista (TEA).
Psicologia da educação 55
Teorias da psicologia da aprendizagem e sua ênfase na educação especial: comportamentalismo,
psicanálise e socioconstrutivismo
Características:
Sintomas:
Os sintomas aparecem gradativamente e são mais perceptíveis por volta dos dois anos de ida-
de. O diagnóstico acompanhado de intervenção precoce e intensa propicia uma qualidade de
vida melhor, tanto para o paciente quanto para a família. Ainda que não exista cura para o autis-
mo, os sintomas podem se modificar conforme o desenvolvimento. Intervenções educacionais
são imprescindíveis e visam ao desenvolvimento social e cognitivo, às comunicações verbal e
não verbal, à capacidade de adaptação e à prevenção de comportamentos indesejáveis.
Deficiência Auditiva
O nosso aparelho auditivo é dividido em três partes, com suas próprias funções.
Ouvido interno: Converte estes movimentos em excitações dos nervos auditivos que en-
viam sinais elétricos para o cérebro.
Quando há uma perda parcial da audição, define-se como deficiência auditiva, porém
se houver perda total da capacidade de assimilar os sons, ela e denominada de surdez,
que pode ter sua origem hereditária, física (doenças ou acidentes) ou emocional.
Em muitos casos, alunos com esse tipo de deficiência, em um grau mais acentuado,
acabam sendo rotulados como “bagunceiros” ou que não prestam atenção na aula,
porém o que realmente acontece é que eles não conseguem ouvir ou entender aquilo
que está sendo dito. Isso acaba gerando um desinteresse em aprender e participar das
atividades propostas.
É de extrema importância que o educador fique atento em relação a alguns sinais que a
criança expressa, como dores de ouvido, colocar a mão constantemente na orelha, ou
não conseguir entender o que estão dizendo, por exemplo, antes de prejulgar que esse
comportamento seja um desrespeito ou falta de interesse.
56
Figura 05. Libras
Deficiência Física
A educação, como uma prática social, dentro de um contexto socioeconômico e político,
não pode ser uma atividade nula e precisa evoluir junto com a sociedade, facilitando
não só o acesso educacional de todos, como também a evolução dos profissionais e do
cenário educacional.
A Secretaria de Educação Especial (SILVA; CASTRO; BRANCO, 2006) também traz que
as deficiências físicas são aquelas que apresentam alterações musculares, ortopédicas,
articulares ou neurológicas que podem comprometer o desenvolvimento educacional.
Psicologia da educação 57
Teorias da psicologia da aprendizagem e sua ênfase na educação especial: comportamentalismo,
psicanálise e socioconstrutivismo
Tanto no processo de adaptação do aluno com deficiência física quanto em qualquer outra
dificuldade/transtorno de aprendizagem, é desejável a atuação de uma equipe multipro-
fissional, composta por educadores, médicos, psicólogos, fisioterapeutas, entre outros.
Por outro lado, a escola deverá se preparar para acolher esses alunos promovendo a
acessibilidade, sem barreiras arquitetônicas, adaptando os móveis e os demais fatores
metodológicos necessários, pois a locomoção é um dos fatores mais prejudicados de-
vido à falta de um ambiente construído para isso. Historicamente, por esse motivo, não
se convivia socialmente com pessoas que possuíam diferenças e limitações, sejam elas
Figura 06. O educador quais fossem, como, por exemplo, o
uso de cadeira de rodas, bengalas
Fonte: 123RF
ou muletas.
Deficiência Mental
A dificuldade em diagnosticar a deficiência mental tem gerado diversas revisões e dis-
cussões sobre seus conceitos e métricas para adaptações escolares, pois ela não se
dá somente de maneira física ou intelectual e sua investigação precisa ser realizada por
diversos profissionais de forma conjunta.
O aluno com essa deficiência tem uma forma particular de aprender, o que significa que
a escola e os profissionais precisam estar preparados para cada individualidade, além
de contar com o apoio da família e amigos que convivem com a criança.
58
Infelizmente, as escolas ainda buscam medidas superficiais, como, por exemplo, ma-
tricular alunos com qualquer tipo de deficiência, sem possuírem uma estrutura mínima
necessária para lidar com todas as limitações que eles possuem, apenas para cumprir
a legislação ou como uma forma de marketing, o que acaba causando mais problemas 3
do que soluções efetivas.
A prática escolar inclusiva gera uma forma de harmonia e união dos alunos, desenvol-
vendo o respeito e a capacidade de cada um em trabalhar em conjunto e observar que
as diferenças são motivos de benefícios e não de tristeza ou exclusões.
O aluno com deficiência mental também deve participar de todos os processos de pla-
nejamento e execução das atividades desenvolvidas tendo seus avanços mais bem
avaliados conforme a adequação das atividades às suas limitações. A aprovação auto-
mática é apenas mais uma maneira de excluir e promover mais problemas e desgastes
ao invés de, literalmente, promover a aprendizagem.
Uma nova visão educacional inclusiva se faz necessária para que possam ser incluídos
todos os alunos, sejam eles deficientes ou não, tendo seu foco maior nos processos
de aprendizagem do que no conteúdo em si, utilizando de objetos comuns para esse
desenvolvimento do conhecimento e, principalmente, realizando o ato de aprender de
forma livre, coletiva e construtiva.
Não podemos deixar que certos enganos ainda continuem no cenário educacional, ge-
neralizando as deficiências ou simplesmente deixando de lado o desenvolvimento do
aprendizado que é um direito de todos apenas direcionado para alunos que possuem
acesso mais fácil.
Deficiência Visual
A linguagem e a comunicação são as formas mais comuns de expressão dentro das es-
colas. A expressão visual é a mais utilizada por ser feita de símbolos, imagens, gráficos
e figuras, portanto, a necessidade de se fazer novas formas de aprendizados e desen-
volvimento de conteúdo é de extrema importância e urgência para diminuir a distância
e o limite entre todos os envolvidos no sistema educacional.
A deficiência visual está ligada à perda ou redução grave da capacidade visual em am-
bos os olhos, com carácter definitivo, não sendo possível sua melhora por tratamentos
por meio de cirurgias ou aparelhos.
As pessoas com esse tipo de deficiência geralmente utilizam seus dedos ou mãos para
exploração de objetos, piscam muito os olhos, andam de forma vacilante, arrastando
os pés ou esbarrando em objetos, possuem olhos vermelhos ou lacrimejantes, chegam
muito perto de um objeto para enxergá-lo, se queixam de dor nos olhos ou na cabeça
e sentem sensibilidade à luz, sendo necessárias adaptações curriculares e materiais
adequados às limitações específicas de cada aluno.
Psicologia da educação 59
Teorias da psicologia da aprendizagem e sua ênfase na educação especial: comportamentalismo,
psicanálise e socioconstrutivismo
material gráfico ou de vídeo ele pode descrever o que está sendo expressado para
esses alunos.
3 Por outro lado, os alunos com deficiência visual também precisam apresentar compor-
tamento condizente com o espaço, como sentar em uma distância adequada e próxima
ao quadro, evitar luzes fortes, ter um colega como apoio para os estudos e mobilidades
em geral, utilizar os materiais adaptados e gravar a aulas.
Figura 07. Braile
Fonte: 123RF
Síndrome de Down
É uma síndrome de origem genética, que decorre de um erro na distribuição dos cromos-
somos durante a formação do embrião. A alteração tem consequências bioquímicas, que
levam à modificação da formação e do funcionamento de sinapses no sistema nervoso.
Genética: Os genes que produzem essas alterações, contudo, podem ter sua atividade mo-
dificada pela interação ambiental. A estimulação precoce, por meio de intervenções psico-
motoras e pedagógicas, pode levar a novos padrões de comportamento decorrentes de mo-
dificações funcionais. As diferenças no desenvolvimento das crianças com Down decorrem,
sobretudo, das características individuais produzidas pela herança genética, da estimulação
ambiental, da educação e dos problemas clínicos associados à síndrome.
60
REFLITA
De acordo com o que estudamos até aqui, você acha que apenas os alunos com necessida-
des educativas especias precisam ser atendidos em suas particularidades para que possam 3
desenvolver plenamente suas potencialidades?
CONCLUSÃO
Nesta unidade, estudamos algumas das Teorias da Psicologia da Aprendizagem, impor-
tantes para compreender melhor o desenvolvimento humano e propor práticas educati-
vas que visem atender as necessidades especiais dos aprendentes.
Para finalizar, vimos a Teoria Construtivista, tendo Piaget como o precursor. Nessa te-
oria, o foco está no desenvolvimento dos processos cognitivos. É uma concepção es-
truturalista da aprendiza¬gem, ou seja, o conhecimento se constrói gradativamente,
à medida que as estruturas mentais e cognitivas se organizam, conforme os estágios
sensório-motor, pré-operatório, operatório concreto e operatório formal.
Todo cérebro que sofreu alterações em seu desenvolvimento, seja por fatores genéti-
cos ou ambientais, durante o período pré-natal ou depois, exigirá técnicas de ensino
diferentes durante a aprendizagem, constituindo um desafio ao educador. A multifatorie-
dade, presente muitas vezes, seja nas dificuldades ou (ainda mais) nos transtornos de
aprendizagem, requer cuidados múltiplos e complementares de diversos profissionais,
como o professor, o psicólogo e o fonoaudiólogo, entre outros.
O apoio familiar, assim como o envolvimento da escola, orientado por profissionais ca-
pacitados, otimizará todo esforço realizado, no intuito de promover a aprendizagem. O
papel do professor é fundamental, uma vez que, na grande maioria das vezes, é quem
está mais próximo do aluno, capaz de perceber que alguma coisa não vai bem.
Por outro lado, quando o aluno já chega com um diagnóstico, quanto maior for o co-
nhecimento do professor acerca do desenvolvimento humano, mais chances terão de
Psicologia da educação 61
Teorias da psicologia da aprendizagem e sua ênfase na educação especial: comportamentalismo,
psicanálise e socioconstrutivismo
3 SAIBA MAIS
Para saber mais sobre Dislexia e Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperativi-da-
de, leia o artigo disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ arttext&pi-
d=S2317-17822016000200123&lng=pt&nrm=iso>.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. ALVES, D. C; CASELLA, E. B.; FERRARO, A. A. mentos teóricos e aplicações à prática pedagógica.
Desempenho ortográfico de escolares com dislexia 10. ed. Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 2003.
do desenvolvimento e com dislexia do desenvolvi- 6. MAIA, C. M. Psicologia do Desenvolvimento e da
mento associado ao transtorno do déficit de aten- Aprendizagem. Curitiba: Intersaberes, 2017.
ção e hiperatividade. CoDAS, São Paulo , v. 28, n.
2, p. 123-131, abr. 2016 . Disponível em: <http:// 7. PILETTI, N.; ROSSATO, S. M.; ROSSATO, G.
www.scielo. br/scielo.php?script=sci_arttext&pi- Psicologia do desenvolvimento. São Paulo: Contex-
d=S2317-17822016000200123&lng=pt&nr m=iso>. to, 2014.
Acesso em: 2 jul. 2018. 8. PILETTI, N.; ROSSATO, S. M. Psicologia da
2. ASSIS, A. L. A. Influências da psicanálise na edu- aprendizagem: da teoria do condicionamento ao
cação: uma prática psicopedagógica. Curitiba: Inter- construtivismo. São Paulo: Contexto, 2015.
Saberes, 2013. 9. SILVA, A. F. da; CASTRO, A. de L. B de.; BRAN-
3. BARROS, C. S. G . Pontos de Psicologia Escolar. CO, M. C. M. C. A inclusão escolar de alunos com
São Paulo: Ática, 2007. necessidades educacionais especiais: Deficiência
física. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria
4. JOSÉ, E. da A.; COELHO, M. T. Problemas de de Educação Especial , 2006. 67p. Disponível em:
Aprendizagem. São Paulo: Ática, 2009. <http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/deffisi-
5. GOULART, I. B. Psicologia da educação: funda- ca. pdf>. Acesso em: 18 fev. 2018.
62
3
Psicologia da educação 63
Relação entre família, aluno e escola
UNIDADE 4
4. FAMÍLIA E ESCOLA
A Organização Mundial de Saúde (OMS, 1946) define saúde como “um estado de com-
pleto bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de afecções e enfer-
midades”. Dessa forma, a saúde é mais um valor da comunidade do que do indivíduo.
A qualidade de vida e a maneira como se experimenta sua existência também fazem
parte dos critérios para classificar um sujeito como saudável.
No caso das crianças, os maiores responsáveis são os pais (ou quem possui a sua
guarda); entretanto, é também papel da escola e do professor zelar por sua integridade
física e psíquica desde seu ingresso na escola até sua saída. José e Coelho (2009) co-
locam como uma das ferramentas mais importantes, e que deve ser utilizada por toda
escola, uma espécie de ficha que denominam ficha cumulativa de observação.
Nesse documento ficam todas as informações do aluno, devendo ser registrada toda
a ocorrência seja dentro ou fora da escola. Essa ficha deve ser utilizada não só pelo
professor, mas por toda a equipe do local, a fim de que haja um registro abrangente
acerca do desenvolvimento e evolução da criança. Anotações importantes de serem
feitas incluem os dados da saúde do aluno, bem como se ele é portador de algum tipo
de doença crônica que possa afetar sua rotina escolar ou até mesmo sua relação com
os colega e/ou professores.
Devem ser anotados todos os aspectos observáveis da criança, desde sua saúde física
até como se relaciona com os outros e interage com o meio – como brinca e se expressa,
se existe alguma deficiência visual ou auditiva, se sua verbalização está adequada para
a idade, como se comporta em sala de aula, dentre tantas outras características que
servem para que se conheça o funcionamento de determinado aluno. Esse documento
deve acompanhar a criança por todo o seu curso escolar, portanto caso haja necessidade
de troca de instituição, os pais devem receber uma cópia dos relatórios e fornecer à nova
escola para que se conheça a caminhada do aluno e siga com o processo de registros.
A observação é a ferramenta mais preciosa que o professor tem para intervir positiva-
mente na vida do aluno e identificar possíveis dificuldades e obstáculos que possam
impedir que ele tenha um desenvolvimento saudável. É importante frisar que não
64
basta apenas uma observação passiva,,a partir do momento em que possíveis com-
plicações surjam na educação da criança, o educador deve adotar uma postura ativa,
buscando conhecer as origens do problema, para então abordá-lo da melhor maneira
em sala de aula, ou providenciar, junto com a equipe escolar, os devidos encaminha-
mentos necessários.
4
José e Coelho (2009) listam algumas razões pelas quais a observação do aluno pelo
professor se faz necessária, a saber:
` Ter êxito na busca de soluções para os problemas encontrados, uma vez que toma conhe-
cimento de aspectos desconhecidos.
` Garantir o não estabelecimento de comparações, já que cada criança tem um ritmo pró-
prio de amadurecimento e suas descobertas são individuais (até mesmo suas limitações
poderão ser superadas, se ela for bem observada e receber tratamento adequado).
Existem aspectos importantes a serem considerados pelos professores para que aten-
dam às necessidades do aluno que enfrenta dificuldades, a maior parte, simples atitu-
des de uma rotina escolar.
Psicologia da educação 65
Relação entre família, aluno e escola
Quando estamos diante de alguma situação difícil, que faz com que nos sintamos des-
confortáveis e deslocados, não gostamos que nos julguem, exponham ou condenem
por qualquer que seja o motivo, correto?
Com a criança não é diferente. Certas ações podem ser determinantes na vida de um aluno.
4
José e Coelho (2009) sugerem que, diante de um aluno que apresenta dificuldades de
qualquer espécie, cabe ao professor evitar as seguintes atitudes:
` Ressaltar as dificuldades do aluno, distinguido-os dos demais. Essa atitude faz surgir ou
agravar sentimentos de inferioridade e frustração.
` Corrigir o aluno com frequência perante a classe. Isso pode fazer com que ele se torne
alvo de risadas dos colegas e fique exposto ao ridículo.
Por outro lado, é essencial que o professor forneça ao aluno segurança, respeito e
consideração.
As autoras afirmam que isso pode ser feito por meio de algumas atitudes que devem
ser sustentadas:
` Não se esquecer de que, embora cada criança seja diferente uma da outra, todas, con-
forme sua faixa etária, têm as mesmas necessidades de amor, compreensão e aceitação.
` Avaliar o desempenho do aluno pela qualidade de seu trabalho, com o mesmo critério que
adotou para os outros. Ele não deve receber nota mais baixa por causa de sua dificuldade
ou mais alta por compaixão.
` Estimulá-lo a enfrentar o problema. Longe dos outros e com muito tato conversar com ele
sobre sua dificuldade, estimulando-o a superá-la.
` Despertar no aluno autoconfiança, demonstrando que não sente desagrado por ele. Enco-
rajá-lo a desenvolver atividades nas quais se distingue, dar-lhe apoio e valorizá-lo sempre
que possível.
Assim como o professor tem um papel essencial na vida do aluno, acima de tudo por
estar em contato direto com ele, a escola, de forma geral, também pode e deve parti-
cipar ativamente desse acompanhamento e ser uma mediadora entre situações mais
complexas que demandem a interferência de outros serviços, como no caso de encami-
nhamentos para outros profissionais ou serviços de saúde (médico, psicólogo, fonoau-
diólogo, Unidade Básica de Saúde, entre outros). Além disso, a escola transmite cultura
66
e transforma as estruturas sociais, adequando seu trabalho às necessidades do aluno,
da família e da comunidade a qual pertence.
É possível dizer que a forma como vemos o mundo está diretamente ligada à maneira como
nos enquadramos no núcleo familiar, à posição que ocupamos, às responsabilidades que
assumimos, às experiências que vivenciamos. A família seria então a primeira escola da
vida, e é nela que aprendemos como aprender. A partir disso, é imprescindível que haja uma
expansão da vida familiar para a vida educacional e vice-versa, buscando integrar as duas
realidades de forma espontânea e adaptada. (STOBÄUS; MOSQUERA, 2013).
Escola
Muitas vezes acaba reportando aos pais apenas questões relativas ao comportamento do
aluno, responsabilizando-os, sem ouvi-los e dar oportunidade para que pensem juntos em
estratégias.
Os professores gostariam que os pais participassem mais, contando com seu apoio nas tare-
fas para casa e/ou atividades na escola.
Família
Sente-se julgada pelo professor e/ou escola, acredita que só são chamados para ouvir queixa
sobre o comportamento dos filhos.
Os pais sentem-se despreparados para ajudar os filhos nas tarefas escolares e alegam que
as atividades e/ou reuniões da escola ocorrem em horários nos quais não estão disponíveis.
A maioria gostaria de participar mais da vida escolar dos filhos, mas não sabe por onde começar.
Psicologia da educação 67
Relação entre família, aluno e escola
Algumas atitudes são importantes para firmar uma parceria efetiva entre família e escola:
` Chamar os pais e/ou responsáveis para que conheçam a estrutura física e humana da
escola;
Fonte: 123RF
` escolher uma escola baseando-se em critérios que lhe assegurem a confiança da forma
como procede em situações importantes.
` conversar sempre com o(s) filho(s) sobre os conteúdos desenvolvidos na escola; estar
presente, quando possível, enquanto fazem as tarefas escolares; cumprir com as regras
estabelecidas pela instituição;
68
` evitar se envolver em conflitos do filho que ocorram dentro da escola, estimulando a auto-
nomia e confiando no posicionamento da escola;
` valorizar o contato com a escola, fazendo o possível para participar das reuniões e ativida-
des propostas, momentos nos quais poderá informar-se da caminhada do filho, bem como
4
das dificuldades apresentadas nesse percurso.
Uma queixa constante dos pais é de que os professores só se reportam a eles para
relatar mau comportamento. Além de comunicar os pais (descrevendo o que acontece,
sem julgamento) sobre atitudes inadequadas do aluno no ambiente escolar, é importan-
te que a escola mostre como age nessas situações e o que espera que os pais façam a
respeito para que juntos possam contornar o problema. É preciso ouvir e orientar esses
pais, afinal é dentro da escola que estão os especialistas em educação.
Figura 04. Educação: construção coletiva
Fonte: 123RF
Apesar dos esforços, a realidade nos mostra que muitas famílias não têm condições
ou mesmo não se mostram dispostas a participar. Nesses casos é fundamental que a
escola se fortaleça e que o professor atue em conjunto com os demais profissionais da
instituição para que o aluno não seja prejudicado. É preciso antes de tudo respeitar o
aluno, garantir sua dignidade e assegurar sua oportunidade de aprender, mesmo que
longe das condições ideais, já que, para muitos estudantes, a escola é o único recurso
de que dispõem.
A atitude do adulto para com a criança, aceitando-a, confiando nela, preocu-
pando-se em ajudá-la, transparecerá em seu estilo de comunicação e a levará
à formação de um autoconceito positivo. (BARROS, 2007, p. 169).
ATENÇÃO
Autoconceito é a avaliação que uma pessoa faz de si a partir de suas experiências e da re-
ação dos outros (principalmente de pessoas signifi cativas como pais e professores) ao seu
comportamento inicial
O próprio tema família e suas múltiplas apresentações pode ser o ponto de partida para
atividades na escola e para casa. Os alunos podem ser estimulados a investigar seus
Psicologia da educação 69
Relação entre família, aluno e escola
Valorizar os pais e familiares pelo esforço e dedicação e pelo conhecimento que pos-
suem também é muito importante. Outra forma de incluí-los é convidá- los a comparti-
4 lhar experiências com as turmas. Gestos simples, mas cheios de significado para todos
os envolvidos.
SAIBA MAIS
Hoje em dia é comum que a antiga prática de contar histórias seja substituída por recursos
audiovisuais, como televisão e computador porém sem desconsi-derar a importância no
contexto atual, essas tecnologias não proporcionam que se desperte os mesmos sentimen-
tos de uma história contada oral e presencialmente. É importante que pais e professores se
unam na “tarefa de promover o contato e a entrada nesse mundo maravilhoso da leitura, do
conhecimento, da fantasia, da imaginação, da criatividade, tão relevante em todas as etapas
da vida”. (PILETTI; ROSSATO; ROSSATO, 2014, p. 141).
70
na urgência de informação e de treinamento em habilidades paternas consti-
tui uma tarefa importante em culturas aonde a tradição de escolarização seja
pouca.
Fonte: 123RF
CONCLUSÃO
É de suma importância que se deixe de lado o conhecido “jogo de empurra” entre pais
e professores acerca de queixas de indisciplina, bullying, violência, falta de motivação,
entre outros. Família e escola têm papéis diferentes e complementares, e os educado-
res são os profissionais que possuem maior conhecimento e podem determinar os limi-
tes e horizontes dessa relação, tendo com o objetivo principal o pleno desenvolvimento
do aluno, incluindo sua aprendizagem.
Muitas vezes é dentro da escola que o aluno, e consequentemente seus pais, tem a
chance de aprender regras sociais e de convivência, uma vez que são exigidos com-
portamentos diferentes dos permitidos em casa. Não é possível cobrar dos pais, por
exemplo, a resolução de conflitos que pressupõem a relação entre pares dentro da sala
de aula. A postura de um filho diante da mãe também é diferente da de um aluno frente
ao professor. Além do mais, é na escola que as crianças aprendem a não reproduzir
preconceitos que podem estar arraigados na cultura da família, sendo o educador res-
ponsável pela aprendizagem da diversidade.
Psicologia da educação 71
Relação entre família, aluno e escola
Como vimos no decorrer da Unidade 7, é importante que os pais não sejam chamados
na escola apenas para ouvir reclamações sobre os filhos. É essencial que sejam ouvidos
e valorizados pelo conhecimento que têm, pelo cuidado e atenção com os filhos, pela
disponibilidade e orientados, quando necessário, em suas condutas no sentido de cami-
nharem na mesma direção que a escola. Para isso é importante conhecer as famílias: o
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que fazem, de onde vêm, de que forma podem contribuir para a aprendizagem da turma.
O que já é intuído pelo senso comum e confirmado por pesquisas e especialistas é que a
participação dos pais melhora o desempenho dos alunos na escola e também no ambiente
familiar. Resta trabalhar para que isso deixe de ser apenas um slogan e torne-se realidade.
SAIBA MAIS
Para saber mais sobre o que estudamos na sétima unidade, assista ao vídeono qual a mestre
em Psicologia Escolar e especialista em Relações Interpessoais Carolina de Aragão Escher
Marques responde a questões de pais e professores sobre a relação entre escola e família:
<https://novaescola.org.br/conteudo/2362/dialogo-sobre-escola-e-familia>.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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