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O Pastor de ovelhas nos tempos

bíblicos

O Pastor de ovelhas era a mais antiga de todas as vocações


campesinas em Israel nos tempos bíblicos. Isso incluía a de
criador de ovelhas ou gado.

Muito antes de se estabelecerem como fazendeiros, o Povo Escolhido


vagara de lugar em lugar, vivendo em tendas e levando seus animais
de um pasto para outro.

Esta continuava sendo uma ocupação importante nos dias de Cristo.

E particularmente na Judéia havia manadas imensas.

Seja nos morros ocidentais, de onde podiam descer no outono para os


vales que ainda permaneciam verdes, ou no midbar, as terras incultas
ou “deserto” da Judéia.
Ou no vale do Jordão onde precisavam pagar direitos de pastagem,
ou, finalmente, no darom, ao sul, em direção a Iduméia, onde o jovem
Davi fizera pastar suas ovelhas.

Na Samaria e Galiléia existiam também rebanhos, assim como do


outro lado do Jordão, em Moabe e Peréia.

O CUIDADO DAS OVELHAS

O cuidado das ovelhas poderia ser como um trabalho fácil e pacífico.

E quando eram poucas, as ovelhas podiam ser até mesmo confiadas a


uma criança.

Mas, fica claro através de muitas declarações na Bíblia que alguns


rebanhos consistiam em milhares e até dezenas de milhares desses
animais.

E esses exércitos com seus balidos incessantes só podiam ser


confiados a homens altamente capacitados.

COMO ERAM VISTOS O PASTOR DE OVELHAS


NOS TEMPOS BÍBLICOS

Os pastores não eram olhados com grande confiança. Havendo até


mesmo um ditado popular que incluía o seu mister entre as profissões
que o judeu não devia ensinar a seu filho.

Mas, por outro lado, havia quem louvava a excelência do pastor,


sozinho lá fora nos vastos espaços abertos sob o céu, apoiado em
seu bordão e, como Amós, meditando profecias, ou como Davi,
poemas.

As mentes perversas poderiam sugerir que muitos pastores


“repousavam tranquilos junto ao rebanho” em lugar de cuidar de sua
responsabilidade.

Mas o Livro de Provérbios dá excelentes conselhos aos pastores e


louva a felicidade da vida pastoral bem conduzida.

O TRABALHO DO PASTOR DE OVELHAS

De fato, a profissão não era absolutamente fácil.

Os rebanhos necessitavam passar a maior parte do ano ao ar livre.

Eles eram levados uma semana antes da Páscoa e não voltavam


senão em meados de novembro, nas primeiras chuvas de Hesvan.

Passavam o inverno protegidos, e só por isto podemos deduzir que a


data tradicional para o Natal, no inverno, está provavelmente errada,
pois o evangelho diz que os pastores se encontravam nos campos.

A lã tosqueada no final do verão era superior à da primavera, porque


enquanto mantidas no redil seu pelo ficava sujo e emaranhado.

A PROTEÇÃO DO PASTOR PELAS OVELHAS

O cuidado desses rebanhos imensos exigia o máximo de atenção,


embora
as ovelhas no geral tivessem uma das pernas presa a cauda, a fim de
evitar que se afastassem.

Mas sempre havia algumas que se afastavam tanto a ponto de os cães


não poderem levá-las de volta, e então o pastor tinha de fazer ele
mesmo esse serviço.

Hienas, chacais, lobos e até ursos surgiam com frequência, não sendo
incomum a luta entre o pastor e uma fera selvagem.

Por esta razão todos se armavam com um bordão sólido, revestido de


ferro e uma faca grande.

O “bom pastor que dá a vida pelas suas ovelhas” não era um mito.

Há dois mil anos atrás ele era uma realidade da vida palestina.

Tinham uma vida dura. “De dia consumido pelo calor, de noite,
pela geada” disse Jacó, o pastor de Labão.

Nos meses de março e abril, outubro e novembro, as noites eram


extremamente frias nos planaltos elevados, apesar do manto de lã
pesada
dos pastores.

Não podiam dormir muito, embora algumas vezes os pastores fizeram


um acordo entre eles, levando os rebanhos para o mesmo lugar a
noite, a fim de vigiarem por turnos e cada um pudesse então dormir um
pouco na tenda.

Para facilitar a vigilância, eles construíram apriscos bem grandes com


paredes de pedra de altura suficiente para que os animais não
pudessem
saltar sobre elas.

Alguns pastos possuíam torres como as construídas nas vinhas.


Elas existem ainda hoje e do alto os vigias podiam manter-se alertas
quanto à aproximação de ladrões, quer tivessem quatro ou duas
pernas.

AS OVELHAS CONHECEM A VOZ DO PASTOR

Ao levar os animais para beber pela manhã, os pastores gritavam no


tom agudíssimo (como fazem até hoje) que as ovelhas conheciam tão
bem.

E, como afirmam os evangelhos, elas nunca se enganavam ao ouvir a


voz do seu pastor.

Os pastores também tocavam gaita ou flauta enquanto caminhavam


com as ovelhas.

Fica evidente que este trabalho não era nenhum cargo bem pago e
pouco trabalhoso.

AS ATIVIDADES DO PASTOR DE OVELHAS NOS TEMPOS


BÍBLICOS

• O pastor precisava cuidar também das ovelhas doentes e das que


se feriam;
• Tratar daquelas que se achavam prenhes e dos cordeirinhos
recém nascidos;
• Castrar os carneiros que não deviam procriar.

Além disso, devia dar o dízimo do rebanho segundo a Lei.


Sendo isto levado a efeito fazendo passar os animais por um portão
estreite, e em cada dez um era posto de lado para os sacerdotes.

O RELACIONAMENTO ENTRE O PASTOR E A


OVELHA NOS TEMPOS BÍBLICOS

As ovelhas e o pastor viviam em proximidade contínua e isto criava


uma afeição real entre eles, como vemos hoje entre os rebanhos
dos Alpes.

As famosas parábolas em que Cristo usou imagens da vida pastoril


eram muito reais para os palestinos de seus dias, pois eles conheciam
intimamente esse tipo de vida.

Havia ovelhas domesticadas que atendiam pelo nome.

Os pastores amavam suas ovelhas, e estas correspondiam ao seu


amor.

O pastor sentia tanto a perda de uma ovelha como Cristo ao ver uma
alma em perigo de perder-se.

Ele ficava ansioso por causa dela, apressava-se em procurá-la, e ao


achá-la, levava-a de volta nos ombros.

Esta profissão deixou-nos a figura inesquecível do Bom Pastor, e não


podemos falar dela sem cordialidade e amor.

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