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Glossário
• Sistema do Ifá.................................................................................1
• Ikofá................................................................................................2
• Ese .................................................................................................3
• Itòn ................................................................................................4
• Odu ...............................................................................................5
• Orìkí .............................................................................................6
• Gbadùrá .......................................................................................7
Conceito Yorùbá
Para cada elemento desta Natureza Divina foi criado um arquétipo, uma
personalidade, um caráter, uma forma humana, simplesmente para que fosse mais
fácil sua compreensão e entendimento. Estes elementos são os Òrìsà. Porém os
Òrìsà nunca existiram na Terra como seres humanos.
Exceção feita à Sòngó, divindade do Trovão e dos Raios, que foi Rei ( Àlàáfin)
em Òyó, Nigéria, aproximadamente em 1450 a C, e posteriormente divinizado pelos
seus feitos.
Portanto nesta visão “o Paraiso, ou o inferno , podem ser vividos aqui e agora.
Quando se cultua as águas, para simbolizá-las, são realizados rituais para Òsun,
Yemoja, Obà e outros. Todas elas divindades que representam as águas em vários
de seus habitat natural. As águas doces dos rios, as águas salgadas do mar, ou as
águas das lagoas respectivamente. São rituais de agradecimento à Deus que nos
permitiu a existência delas, ou para que delas possamos extrair suas forças e
energias em benefício de um objetivo pretendido. Não podemos esquecer que o
corpo humano é, em sua maioria, composto por líquidos, e o globo terrestre é ¾
água. Ninguém é inimigo da água.!!!
Quando são feitos cultos para Ògún, é aos metais que se louva.
Deus concedeu ao homem os metais e hoje eles estão contidos em quase tudo para
facilitar a vida no planeta. Nas construções, nos veículos, nas máquinas operatrizes,
nos instrumentos cirúrgicos, enfim, o que seria do homem sem os metais?
Òòsàálá é o ar, a atmosfera que envolve o Mundo, e que a todo instante o homem
coloca para dentro de si pelos movimentos da respiração.
E por que não citar o mais polêmico dos Òrìsà. Sim, é de Èsù a quem me refiro. Em
nosso País ele é tão mal visto, e divulgado pelos ignorantes, como sendo um
demônio. Devo salientar que a Doutrina dos Òrìsà não possui demônios , pois crê
que tudo o que Deus criou foi para o bem estar do homem, e não para sua
destruição. Èsú é a divindade do movimento, da ação da vida. Nada acontece sem
ele. Para que possamos caminhar, ou seja, dar um passo à diante, esta ação é
permitida por Èsù. O coração bombeia sangue durante toda vida para nosso corpo.
Esta ação é possível pela força de Èsù. O movimento das marés, que não permite a
deterioração das águas dos Oceanos, é um movimento de Èsù. Note que tudo iria
parar se não houvesse o movimento causado por Èsù. Ele foi o primeiro ser criado
por Deus, assim como para os católicos foi criado Adão. Nasceu do sopro Divino
de Olóòrun sobre um monte de barro.
É claro que não posso aqui explicar toda esta bela Religião cheia de metáforas e
dotada de uma mitologia milenar composta de 4096 lendas, mas posso tentar
mostrar que ela é a mais ecológica Doutrina religiosa que o homem já conheceu.
Nela a Natureza é a Divindade Maior que Deus legou ao homem em seu benefício.
Preservar, manter, equilibrar, honrar, cultuar a Natureza é o que a Religião dos
Orisas tem como princípio básico, pois se tomamos estes atos como objetivo de
vida, automaticamente estaremos agradando a Deus.
Além dos rituais para a natureza, a religião dos Yorubás cultua os Ancestrais ( awon
Àgbá – Egúngún) através de uma enorme gama de procedimentos.
Eles sim são seres espirituais que vivem no Órun e que à nós se apresentam como
nossos conselheiros, trazendo-nos suas experiências e conhecimentos como seres
que já passaram por várias reencarnações.
Casa homem que resnasce sobre a terra é regido por um elemento da Natureza
(òrìsà).
Conhecer o Orisa que nos rege tem a finalidade de buscar o auto conhecimento,
saber o que devemos, ou não ser ou fazer. É saber em qual força da natureza
encontra-se nossa fonte de recarga, de equilíbrio e estabilidade.Todas estas
riquezas de conhecimentos estão contidas nas lendas que compõem a religião dos
Orisás, e cada ser humano está enquadrado dentro de uma delas.
A origem do sistema
Em Ifè , Òrúnmìlà mudou –se para Òkè Igètí e lá viveu por muitos anos , teve oito
filhos homens ,mudando –se então para Adó onde se acredita que vive até hoje ,
por isso o dito Adó ni lé Ifá ( Adó é a casa de Ifá )
Enquanto esteve na terra Òrúnmìlà aplicou seus conhecimentos divinos e sua
sabedoria para organizar a vida dos seres humanos de forma ordeira .
Vendo também a necessidade de deixar seus ensinamentos , Órúnmìlà escolheu
alguns discípulos e passou a ensina –los os segredos e mistérios de Ifá .
Mas , assim como aconteceu com todas as divindades Òrúnmìlà retornou ao òrun
(céu) , após ter se desentendido com seu filho caçula , este feito se encontra no itan
– ifá do Iwòrì Méjì .
Vou relatar um trecho deste importante fato:
Um dia , Òrúnmìlà convidou seus oito filhos para realizarem um festival , tudo
conforme cada um deles chegaram, ou seja , respeitando a hierarquia dos mais
velhos aos mais novos.
Sendo assim , quando foram chegando , conforme a educação, foram deitando no
chão e dizendo Àború , Àboyè , Abosise , como sinal de respeito e obediência .
Chegando a vez do caçula , Olówò , ele permaneceu de pé e não disse nada . Então
seu pai o ordenou que fizesse a saudação , mas Olówò recusou – se dizendo que
como ele ,também usava coroa , e sendo filho de Òrúnmìlà era degradante se
abaixar diante de alguém.
Quando Òrúnmìlà ouviu isto , ficou muito triste e decidiu voltar para o òrun (céu) .
Assim com a partida de Orúnmìlà ,a terra se tornou em caos e completa confusão ,
o ciclo de fertilidade e regeneração , tanto da natureza quanto humano
desapareceu.
A sociedade humana se tornou uma anarquia e desordem , conforme relata o
seguinte èse (poema).
ABOYÚN Ò BÍ MÓ
ÒKÙNRÙN Ò DÌDÉ
ADIÉ SÀ Á MI.
EWÚRÉ MÚ UM JE .
Tradução
As mulheres não podiam ter filhos
As mulheres continuavam inférteis
Pequenos rios foram cobertos por folhas
Não existia sêmem no testículo do homem
As mulheres não tinham menstruação
O inhame não se desenvolvia
O milho não crescia
Chovia apenas gotas
As galinhas tentavam devorá-las
facas estavam plantadas no chão
E os cabritos tentaram devorá-las.
Quando a terra não tinha mais paz , foi decidido que os filhos de Òrúnmìlà
deveriam ir para o Òrun pedir ao seu pai à voltar para o aiyé (terra) .
Ao chegar no Òrun , os oito filhos de Òrunmìlà tentaram convencê-lo à
retornar ,mas ele não aceitou e em vez disso deu a cada um deles dezesseis
nozes de palmeira e disse:
BÉ E BÁ DÉLÉ
BÉ E BÁ FÓWÓÓ NÍ
BÉ E BÁ DÉLÉ
BÉ E BÁ FÁYAÁ NÍ
BÉ E BÁ DÉLÉ
BÉ E BÁ FÓMOÓ BÍ
Quando os filhos de Òrunmìlà retornaram a terra , eles praticaram o que seu pai os
havia ensinado usando os dezesseis nozes de palmeira para orienta –los e como
instrumento de divinação na comunicação com as divindades , sendo desta forma ,
Òrunmìlà repôs sua presença na terra tornando este método o mais importante
divinação de Ifá.
Outro sistema muito importante de Ifá , esta corrente possui duas terminações na
base , é feita tanto de metal quanto de barbante de algodão. Quatro meias nozes do
fruto òpèlè são presas em cada metade da corrente ,sendo lado direito de esquerdo .
O sacerdote lança o òpèlè para o lado oposto de seu corpo obtendo assim o odù
correspondente para o consulente .
Para compreender este sistema o sacerdote tem de saber décor os èsè – Ifá ,ou seja
os poemas de Ifá que corresponde ao odù determinante .
Essas possibilidades serão abordadas mais a frente no tema Ikofá .
Cada uma dessas possibilidades são denominadas Odù , tendo como um total de
256 possibilidades iniciais.
2 - Ikòfá
Yorùbá – voltamos a insistir nesse assunto de real interesse para aqueles que
desejam conhecer a Cultura Religiosa Yorùbá. São os passos da caminhada ao
sacerdócio na vida de um Babaláwo.
Ele começa, aos seis anos de idade como Omo-awo / o filho do segredo ou Kékeré-
awo /pequeno no segredo. Com a opção pela vida sacerdotal feita, os Pais da
criança vão consultar Ifá para que seja indicado o melhor Mestre para ela.
Identificado o Mestre os Pais levam a criança até ele. Entregam-lhe quatro obí para
que seja feita a nova consulta a Ifá. Sendo aceito o Babaláwo dirá:
A partir daí serão providenciados os ritos de iniciação. O Omo-awo não poderá ser
ensinado, ou aprender e participar de outros ritos sem que tenha sido devidamente
iniciado, tenha recebido seu Ìgbá Odú e seu Òpèlè Kàrágbá que “não tem valor
litúrgico”, este último servindo somente para o estudo e aprendizado.
Na maioria dos casos o Omo-awo passa a residir em uma Ègbé-Babaláwo/
Sociedade dos Babaláwo. Cada cidade Yorùbá tem uma dessas sociedades
comandada por um Sacerdote do maior nível hierárquico que é o Olúwo-Ifá, líder
pleno, Senhor de Todos os Segredos. Imediatamente inferior a ele está o Sacerdote
Balógun, homem poderoso no àse da palavra, deve ser saudável, ter boas condições
econômicas, nesse caso sempre mantém várias esposas. Subordinados aos Balógun
estão os Àsíwájú-Babaláwo que representam a Sociedade perante a Comunidade.
Encontramos também os Àsipa-Babaláwo, os relações públicas; os Akápò-
babaláwo, secretários e tesoureiros; abaixo destes os outros cargos são ocupados
pelos Omo-awo. Às sucessões hierárquicas são feitas pela consulta ao oráculo
e posterior prova de capacidade dentre os escolhidos.
Periodicamente são realizadas reuniões presididas pelo Olúwo e Balógun
recebendo o comparecimento de outros Sacerdotes Lideres Comunitários de
cidades vizinhas. Inicialmente são realizadas oferendas para Ifá e distribuída
farta alimentação aos presentes. São discutidos os problemas e todos sugerem
soluções.
Construções de Templos e Santuários; soluções para problemas de ordem sociais;
destino do dinheiro recebido em doações; realização de Jogos de Òpèlè Ifá ou Jogo
de Ikin. São realizados a pedido dos Qba em busca de orientação; troca de
informações sobre os sistemas de Ifá; Odun Awo o festival anual em homenagem a
Ifá; Òsè Ifá a semana devotada a Ifá são alguns dos motivos das eg / assembléias.
Ao longo de dezesseis anos de aprendizado o Omo-awo poderá vir a ser um
Babaláwo se houver adquirido o conhecimento da natureza humana. Nesse período
o Omo-awo vai aprender a obedecer a uma hierarquia rígida submetida a seu
Mestre.
O Omo-awo deverá ser Humilde, devoto, paciente, perseverante, incansável,
solidário, cooperativo,ético, seguindo a conduta dos mais velhos, aprendendo
a ser responsável e desenvolvendo a capacidade comunicativa. É impedido à ele a
mentira, o roubo, a ganância, o adultério e o convívio com as esposas do Mestre,
sendo vetado que o Aprendiz sente-se onde a esposa acabou de levantar, deve
sempre trata-la pelo Título de Ìyàwó / Esposa ou eg / Mãe.
Uma das coisas que pode acarretar a “expulsão” do convívio com o Mestre será o
envolvimento, assédio ou o fato do Aprendiz manter relações sexuais com a pessoa
que venham buscar orientação ou o conselho do Babaláwo.
É no contato diário com seu Mestre que ele aprende a trocar informações, a recitar
Ìtòn / /lendas, Oríkì / evocações, Ofò / encantamentos, Àdúrà,
Gbàdúra / suplicas , Ìjalá, Orin / cantigas, Ìyerè /cantigas de dor e júbilo para Ifá, a
conhecer os segredos das ewé e fazer os rituais todos.
Sujeita-se a inúmeros ritos iniciáticos periódicos, inclusive o rito do lde-Odù,
indispensável para que possa iniciar outras pessoas e que o faz adquirir os
conhecimentos de tratar e cuidar ritualisticamente do Ìgbá Odù.
Aperfeiçoa o dom da palavra, o domínio da oralidade, força fundamental para
ativar o poder dos Elementos da Natureza.
O Omo-awo deve ser “solteiro” até ser ordenado Sacerdote, para que não venha a
ser atrapalhado no seu aprendizado pelos afazeres do casamento.
Isso não implica em abstinência sexual ou mesmo que ele não venha a namorar,
mas o casamento só poderá ser celebrado após sua consagração.
Durante o período de dois anos o Omo-awo vai aprender a usar o Òpèlè Kàrágbá, só
depois disso podendo estudar os Ikin. Nesse período ele vai aprender os dezesseis
Odù Principais e, dependendo de sua capacidade de memorização irá aprender de
dois a dezesseis Èsé / contos sobre cada um deles.
Tendo memorizado os Odù Principais e seus Èsé ele deverá iniciar os estudos e
memorização dos Ilé Odù, os menores, na seguinte seqüência:
De Ogbè-Òyèkú a Ogbè-Òfún
De Òyèkú-Ogbè a Òyèkú-Òfún
De Ìwòrì-Ogbè a Ìwòrì-Òfún
De Òdí-Ogbè a Òdí-Òfún
De Ìròsùn-Ogbè a Ìròsùn-Òfún
De Òwòrín-Ogbè a Òwòrín-Òfún
De Òbàrà-Ogbè a Òbàrà-Òfún
De Òkònròn-Ogbè a Òkònròn-Òfún
De Ògúndá-Ogbè a Ògúndá-Òfún
De Òsá-Ogbè a Òsá-Òfún
De Ìká-Ogbè a Ìká-Òfún
De Òtúrúpòn-Ogbè a Òtúrúpòn-Òfún
De Òtura-Ogbè a Òtura-Òfún
De Ìrètè-Ogbè a Ìrètè-Òfún
De Òsé-Ogbè a Òsé-Òfún
De Òfún-Ogbè a Òfún-Òsé
A té o náá.
Hee, a té o náá.
Kí o tún ara e té o.
Awo kì nlé ikún.
Awo kì nlé ejò o.
A té o náá kí o tún ara e té.
Awo kì nsúré gun igi òkókó o
A té o náá kí o tún ara e té.
Kí o má fi ìbá nté ode won ìdì wò.
A té o náá kí o tún ara e té.
Bi odò ba kún kí o má mà wó wò o.
A té o náá kí o tún ara e té.
Bí igbá ba já kí o má mà wó wò o.
A té o náá kí o tún ara e té.
Nós te iniciamos.
Nós te iniciamos.
Que você faça sua própria iniciação.(tenha consciência de seus
próprios limites)
Um iniciado não se atreve a caçar ikún sem armas.
Um iniciado não se atreve a caçar cobra sem armas.
Nós te iniciamos para que você tenha consciência de seus limites.
Um iniciado não se atreve a subir correndo
em uma árvore de Òkókó.
Nós te iniciamos para que vc tenha consciência de seus limites.
Um iniciado não se atreve a caçar sem ser um bom caçador.
Nós te iniciamos para que vc tenha consciência de seus limites.
Quando o rio estiver muito cheio não se atreva a mergulhar sem saber
nadar.
Nós te iniciamos para que vc tenha consciência de seus limites.
Se a corda estiver rompida não suba na árvore.
Nós te iniciamos para que vc tenha consciência de seus limites.
Podemos perceber nesta canção (orin ) , a insistência no conselho que adverte para
os perigos de uma falsa representação de poder , pois como ocorre o noviço pode
ser levado a julgar – se onipotente .
Além da iniciação o noviço deve se submeter ao ritual de ide – odù , onde adquire o
elemento principal e indispensável para que ele possa iniciar outras pessoas .
Neste ritual se obtém a condição para ver o símbolo de Igbá – Odù , sem isso , ao
olhar para o símbolo poderá perder a visão ou mesmo o equilíbrio mental .
As responsabilidades do omo – awo são inúmeras e em sua maioria não
remuneradas, ajudam em todos os ètùtù que os Bàbálawo realizarem , por
indicação de Ifá serão assistentes do mais velho.
Devem , por exemplo , oferecer auxílio para o consulente de que se realizará o
ètùtù, e recitar longos trechos dos esse – ifá (poemas de ifá ) ,junto com seu Bàbá
Tanto para memorizar como para dar ritimo aos iyere ( cânticos de dor e júbilo a
Ifá )
Realizam também a entrega dos ètùtù onde seu Bàbálawo por orientação de Ifá
determinar .
O relacionamento entre mestre e discípulo deve ser de honra e lealdade , devendo
se manter sempre leal ao seu Bàbálawo , uma vez que sua relação com ele é de
extrema cumplicidade , selada sob forte juramento de ambas as partes.
O noviço é instruído a não ser ganancioso e a não roubar .
Ao acordar o noviço louva a Ifá tocando o solo com sua cabeça diante do ojugbò
mefá ( assentamento de ifá ) e comprimenta seu Bàbá da seguinte forma :
ÒRUNMÌLÀ IBORU
ÒRUNMÌLÀ IBOYE
ÒRUNMÌLÀ IBOSISE
Tradução
O gbo o to !
Que significa longevidade para você , que sua vida se mantenha prospera .
O processo de iniciação
Depois de tudo preparado o noviço segue em direção ao osù, bastão sagrado, onde
o bàbá faz os oriki á Òrúnmìlà, Iyàmì agbá e aos Ègùngùn. Pedindo que tanto a
morte quanto as doenças, assim também quanto ao fracasso não mais acompanhe
a vida desse awo (iniciado).
Neste momento apenas os iniciados devem se fazer presentes, por conta da forte
carga negativa ali evocada.
Tudo isso, devidamente acompanhado de orin (canção) como se segui em
exemplo:
Tradução
A cantiga que acompanha esse processo refere-se ao fato de estar sendo retirados
todo o mal que vinha atrapalhando o noviço.
O rito agora se segue lavando os ikin que serão colocados no ojugbó-mefá .
É neste momento que se realiza a consulta à Ifá para se obter o Odu de
nascimento, para que o iniciado possa então receber as orientações de seu ewo, ou
seja, proibições de Ifá.
O bàbá então começa à recitação e evocação do odù, acompanhado dos awo – ifá,
começa as instruções sobre o rito de sacrifício à Ifá.
Os òrìsà em que o noviço também foi iniciado receberão suas oferendas, a fim de
apaziguar todo o ritual.
Entre as recomendações, pede-se para colocar um facão atrás da porta de entrada
à frente da casa, pendurar anzóis, colocar o Irukere-Ifá dentro de casa, por um
preá na parte da frente e um peixe na parte de traz.
Após tudo pronto o noviço irá descansar para que se torne os rituais ao
amanhecer.
Logo pela manhã o noviço é banhado, são entoadas novas orin (canções) cujo
conteúdo enfatiza, entre outros conselhos, que se respeite os ewo e se permaneça
consciente dos seus limites:
Ou seja, não se pode orgulhar-se daquilo que não se domina.
Ao retornar do osu, o bàbá enrola o oko em uma eni (esteira), permanecendo o
noviço de costas, para que os acontecimentos ruins e as forças negativas fiquem
para trás. O bàbá entoa uma orin (canção) ordenando que tudo de ruim fique para
traz, e se torne passado.
O oko permanece no centro do quarto e os iniciados postam-se em frente a ele, em
pé, um ao lado do outro.
Cada um dos iniciados, dirige-se para junto do oko e, andam em volta dele, os
homens darão nove voltas em torno do tronco, e as mulheres sete.
Depois aproximam-se do bàbá, onde ele os toca com os ikin, os demais elementos
ofertados à Ifá serão colocados em cima do oko que será conduzido pelos
iniciados, apoiados em sua cabeça ao som de uma orin entoada pelo bàbá.
Assim se encerra o rito de Ikofá.
Temos o conhecimento de que, cada Odù contém sua própria história, conhecida
entre os Yorùbá de ese, poema, alguns destes poemas são longos enquanto que
outros bem curtos, mas, sendo longos ou curtos eles seguem uma lógica no seu
raciocínio em cada poema de Ifá.
Essa seqüência lógica dos elementos é o que chamamos de domínio de estrutura.
Cada poema de Ifá tem um máximo de oito e um mínimo de quatro partes
estruturais.
Os poemas que tem quatro partes são geralmente curtos, são chamados pelos
Bàbá de Ifá kéékèèkéé, ou seja, pequenos poemas, que na verdade trata-se
de resumo de poemas mais longos.
Sendo a maioria dos poemas, retentores de mais de quatro partes, em uma outra
categoria, podemos encontrar em alguns casos, nas partes quatro e cinco um
certo alongamento em certas pronúncias, sendo neste caso conhecidas como Ifá
nláálá ( poemas alongados de Ifá).
Todo verso de ifá tem inicio o nome do sacerdote que no passado consultou Ifá,
como forma de base para o poema.
Geralmente são nomes de louvor dos sacerdotes de Ifá, na primeira parte (I) da
estrutura do verso é muito observado pelo Bàbá, pois se não evocar os nomes
corretamente destas autoridades espirituais, o poema fica destituído de sua
importância mística, esta parte do verso por, tanto, dá a legitimidade a cada
poema em um fato histórico autentico e real que ocorreu no passado.
Os nomes variam de acordo com os fatos, podendo ser nomes de plantas, animais
ou mesmo de um ser humano comum, enfatizando desta forma que os acertos e os
erros se repetem desde do inicio dos tempos.
Então quando o bàbá entoa o nome de um sacerdote do passado nesta parte do
poema, podemos compreender seu louvor como verdadeiro, mas só no sentido
espiritual e simbólico.
Já na segunda parte (II) do poema se menciona os nomes dos consulentes de Ifá,
para quem os sacerdotes da (I) primeira parte efetuou a consulta à Ifá.
O consulente neste caso pode ser apenas um como também toda um comunidade,
Igual o ocorrido na primeira parte, estes nomes são reais e também místicos, tanto
de pessoas como de lugares.
Nesta parte do poema aclamada pelo bàbá, tem como resultado o fortalecimento
para o seu propósito.
A terceira parte (III) do poema, trata da razão ou situação do passado. Esta parte
da aclamação do bàbá trata do motivo que trouxe o consulente até Ifá.
A quarta parte (IV), aponta o que se deve fazer para a solução de todos os
problemas anteriormente mencionados, detalhes como qual sacrifício de ser feito,
ewo, clareza no que se diz respeito ao erro cometido e a orientação para que se não
cometa o mesmo erro novamente.
Além disso, ele deve prescrever para seu consulente tudo o que lhe foi
aconselhado por Ifá.
Esta parte justifica também, quando se dá lista para o consulente, demonstrando
assim, que a pessoa tem de passar por este teste de compromisso para realização
do ètùtù.
A quinta parte (V), esclarece ao bàbá se o consulente seguiu as determinações de
Ifá ou não, tratando do tipo de pessoa com quem se esta lidando.
Já na sexta parte (VI), indica o que aconteceu com o consulente após ele ter se
submetido a todas as orientações de Ifá. Os resultados e conseqüências, caso o
consulente não obteve êxito e tenha cometido mais erros.
A sétima parte (VII), nos mostra a reação do bàbá ao desfecho da consulta,
obtendo um bom resultado com o consulente o bàbá demonstrará feliz, mas se for
negativa ele ira reagir com arrependimento e tristeza.
Esta parte do poema é muito importante, pois nos revela se o consulente é digno
de se efetuar o ètùtù e de permanecer como filho ou apenas consulente.
O pacto de confiança se da na responsabilidade com que o consulente trata toda
situação.
A oitava parte (VIII), se trata da conclusão, não só de resultados mas de todo o
histórico, esta parte pode ressaltar o tamanho da importância de um ato de
sacrifício.
Esta parte também serve de avaliação para o bàbá, no que ele possa considerar de
suma importância diante dos fatos.
Quero deixar bem claro que, os poemas de Ifá são de caractere histórico, toda
poesia tem por objetivo orientar os seres humanos à não terem mau
comportamento, e que todo malefício que, por ventura ocorra em sua vida, é em
virtude de seus próprios erros.
Ao narrar esses poemas o consulente se identifica com seus próprios problemas,
vinculando-se ao personagem da narrativa.
Oriento aos estudiosos desta forma de culto a Ifá, que, tem de saber o que é mais
importante de se observar no ese- ifá.
Por tanto o que posso lhes orientar em relação a isso, é que as parte I , III e VIII,
são de muita importância para o êxito da acertação do problema. Sendo essas
partes também consideradas obrigatórias por muitos sacerdotes.
Enquanto as partes IV e VI são opcionais.
Vou descrever um poema em caráter de exemplo, para melhor compreensão de
todos:
(I) Gbónkólóyo;
(V) Ó si rúbo
Estruturais.
Temática.
Linear.
Silábica.
Aliteração e assonância.
Estrutural
Uma das formas mais comuns é a de repetição das partes da estrutura dos
poemas.
A repetição estrutural envolve as partes I,II e III ,e em alguns casos podendo
envolver as partes IV e V.
Sendo assim entende-se que essa estrutura envolve a repetição de algumas ou de
todas as seis primeiras partes.
Por isso, se é aconselhado a não tentar se utilizar desta pratica sem total e não
parcial do conhecimento ,para não causar danos na vida do sacerdote ou do
consulente.
Temática:
Nesta prática a repetição se concentra no assunto propriamente dito.
Vista de forma expressiva no poema Ifá nlánlá,onde são de forma longa e
separada tanto em partes quanto em todo seu conteúdo.
O valor da temática consiste na repetição constante, de forma que , tanto o
Bàbálawo , quanto o consulente ficam sem sombra de dúvidas o que se diz a
mensagem de Ifá e qual ètùtù a ser realizado pelo seu consulente.
Esta repetição ocorre nos termos (IV) e (VI) do Ese (poema) por se tratar das
partes dinâmicas e criativas do cada poema.
Linear
A linear parcial:
Usada tanto para a ênfase quanto para investigar o que se esta revelando no
mundo espiritual em caráter afirmativo da descrença do consulente no que se diz
respeito as coisas espirituais.
4 – Itòn
Assim como descrito acima, um Itòn também retrata o histórico dos Imole
(divindades),cada uma delas tem seu próprio itòn.
O que se faz diferente é que os Itòn são História e os ese são poemas.
Muitas pessoas do culto aos òrìsà confundem as duas citações, que , embora
parecidas são completamente distintas umas das outras.
Airá, que não é qualidade de Sàngó; Ògunte, que não é qualidade de Yemonja;
Òpàrà, que não é qualidade de Òsún; Erìnle, que não é qualidade de Òsóòsì;
Sòrókè, que não é qualidade de Ògún; Gbálè e Oníra, que não são qualidades de
Oya; etc.........
Alguns desses òrìsà tinham cultos semelhantes aos destes outros, então, o
brasileiro os inseriu como iguais e assim ficou. Ou que ainda é simplesmente um
oríkì pelo qual o òrìsà é chamado, e pelo desconhecimento da língua Yorùbá,
acabaram virando mais “qualidades”.
Poderíamos citar inúmeros exemplos, mas, citaremos os mais comuns dentre nós,
como “Qualidades”, falando de Èsù.
Èsù Elégbára:
Significa literalmente, Èsù Senhor da força ou do poder, o qual ele detém
incontestavelmente, de quem todos os demais òrìsà necessitam para executarem
seus feitos. Não é qualidade, é um oríkì pelo qual ele é chamado.
Èsù L’ònòn:
Èsù no caminho, local onde ele mora, na orítà (encruzilhada).
Èsù Elébo:
O Senhor das oferendas, função em que ele é o dono das oferendas recebidas ou
que as transporta aos demais òrìsà, com os nossos pedidos de bênçãos e beneces.
Èsù Òdára:
A função exercida quando ele nos traz tudo de bom, bem como as respostas dos
òrìsà aos nossos rogos, sempre é mensageiro de coisas e notícias boas.
Èsù Òjíse:
O Mensageiro, função em que ele faz a comunicação entre o ayé e o òrun, entre
os seres humanos e os ara-òrun. Também levando os nossos pedidos e retornando
com as respostas dos òrìsà. É também chamado de Òjíse Ebo (O Mensageiro
das Oferendas).
Èsù Elérù:
O Senhor do carrego, quando ele despacha tudo aquilo que não queremos, para
que vá para longe de nós, os males diversos como: morte, ruína, doenças, perdas,
negatividades, etc.
Estas e muitas outras denominações de Èsù são apenas para especificar qual a
função que ele exerce naquele momento, ou em definitivo.
. 5 – Odù
A palavra de idioma Yorùbá e que esta ligada ao destino de todo ser, não se trata de
um signo assim como tentam afirmar alguns pesquisadores. Pois ao meu ver nossa
cultura não tem nada haver com o zodíaco , não somos cópias e sim copiados por
outras religiões.
Não existe tradução para nomes próprios ,por isso , afirmo que, Odù esta ligado ao
destino , mas isso não se faz entender que sua tradução seja essa.
Existem como já sabemos 256 Odù – Ifá, cada Odù , traz a interpretação dos fatos e
ocorrências obtidas dos consulentes.
Os Odù –Ifá fazem parte da crença Yorùbá em que Odù se trata como uma
divindade e igualmente aos Irúnmòle vieram do Òrun ( céu) para cidade de Ifè .
Enviado por Olódùmaré (Deus onipotente) para substitui Òrúnmìlà na terra após
retornar para o Òrun.
Cada Odù possui (600) seiscentos ese (poemas) que caracteriza o destino de cada
um, demonstrando ao Bàbálawo o motivo do sofrimento do seu consulente.
Esta sabedoria faz parte do aprendizado do sacerdote de Ifá, sendo assim, se faz ,
de suma importância o aprendiz se aprofundar nos estudos literários para que
realmente possa dar suporte aos que necessitam de ajuda e orientação espiritual.
Cada Odù estabelece uma hierarquia por ordem de chegado do Òrun para o Ayé.
A leitura se faz da direita para esquerda , assim também se faz a marcação no opon.
Darei a seguir alguns exemplos ,respeitando sua ordem Hierárquica.
1 - OGBÈ
I
I
I
I
2 – ÒYÈKÚ
II
II
II
II
3- ÌWÒRÌ
II
I
I
II
4 – ÒDÍ
I
II
II
I
5 – ÌRÒSÙN
I
I
II
II
6- ÒWÓRÍN
II
II
I
I
7 – ÒBÀRÀ
I
II
II
II
8 – ÒKÀNRÀN
II
II
II
I
9 – ÒGÚNDA
I
I
I
II
10 – ÒSÁ
II
I
I
I
11 – ÌKÁ
II
I
II
II
12 – ÒTÚRÚPÒN
II
II
I
II
13 – ÒTÚA
I
II
I
I
14 – ÌRETÈ
I
I
II
I
15 – ÒSÉ
I
II
I
II
16 – ÒFÚN
II
I
II
I
Cada Odù tem sua prescrição específica , por exemplo , no Odù Èjì – ogbè que é o
primeiro e o mais importante , que se trata do Bàbá Odù gbogbo e olo’orí ( pai de
todos Odù e senhor das cabeças),esta relacionado a boa sorte .
Já o 14 (décimo quarto) Odù Ìrettè Méjì esta relacionado com a morte.
É de conhecimento dos Bàbálawo que , cada um dos 256 Odù tem uma relação
direta e indireta com os Irúnmòle ( divindades).
De forma que muitos ese – Odù contenha nomes ou trate de um trecho da vida de
um Imole ou seja divindade.
Exemplo:
Quando ocorrer essa situação, o Bàbálawo orienta seu consulente a realizar o ètùtù
para este ou aquele òrìsà .
Dando um melhor exemplo , quando sair no Ifá de um consulente Ògúndá – méjì ,
acredita-se que, este Odù trata do histórico de Ògún , sendo assim o consulente
deve ofertar reverencias a este òrìsà , pois trata – se de guerras e conflitos onde só
um general pode nos encaminhar para vitória.
Além disso, ligando cada Odù a uma divindade Irúnmòle , a estrutura religiosa
Yorùbá torna-se complexa de modo que , cada Irúnmòle do panteão da mitologia
Yorùbá pode orientar consulente através do Odù que lhe pertence.
Tornando assim Ifá a voz dos Imole.
Reflexão:
Odù não se obtém através de um calculo matemático e sim através da consulta com
Ifá.
Datas de nascimento de nada nos servem a não ser para marcar nosso tempo de
vida neste ou naquele mundo.
6. - Oríkì
A tradição oral faz parte da cultura africana de forma intensa e significativa. Dessa
maneira grande parte das histórias, mitos, contos e cantos são transmitidos
oralmente de geração para geração. Desde a Antigüidade, o conto sempre teve um
lugar especial dentro do universo africano. Ele é concebido pelo grupo e para o
grupo, sendo o veículo por excelência da sabedoria tradicional.
Esta tradição busca a todo momento propiciar uma reflexão mais profunda sobre a
filosofia da sociedade yorubá. Desta forma, o conhecimento profundo do oriki é
indispensável. Para este povo africano, é de vital importância apreender o máximo
de informações mais relevantes sobre cada situação, bem como repassá-las aos
seus descendentes.
Exemplo :
Em alguns casos somente o Oríkì deve ser ultilizado ,como no caso de Yemowó ,
Òsùn , Oba .
É claro que se trata de apenas alguns exemplos , pois temos várias maneiras de
recitar um Oríkì ou seja, um para cada tipo de cerimônia .
Outro exemplo de Oríkì é o oríkì – oríle , que trata –se a denominação de linhagem,
Tanto podem pertencer a uma família como a um de seus descendentes , com a
finalidade de louvar seus ancestrais .
Muitas vezes , a homenagem se completa recitando este tipo de Oríkì
Da mesma fora e função temos o Oríkì – Amutorunwa , muito usado em louvores
de recém nascidos ; sendo que para gêmeos se utiliza mais o orile seguido do
Amutorunwa .
Oríkì Odùdúwa
Odùdúwa ibá
Bàbá mi a dá ìwa
Odúà , a n ìwa gun
Olóotu ife
Jagun Jagun , a fí wò oju ojo
bàbá mi jí lòwúrò kùtùkùtù
O be e , yeri yerí
Lòde Ife
Odúà
A jagun ségun
O gbo gbaa ibon lójú ogun , kó saa
Odùdúwa o furu bi oyé lóke
O Jagun kó erú
Òrìsà eni nwa ire
Alásé , a wi be se be
A ro be rí be
Ológun gbege
Odùdúwa gbéra nle ko dide
ki o dide owo
Ki o tún dide olá fún mi o!!!!
Tradução
Oduduwa sadações!!
Meu pai , que cria o comportamento
Odua, que faz as pessoas term boa conduta
O harmonizador da cidade de Ife
O guerreiro que, ao acordar pela manhã anda ativamente por toda cidade de Ife
O benfeitor que não deixa as pessoas passarem fome
O próspero que semeia a prosperidade na vida dos outros
O bom juiz que julga a favor e contra
O senhor do àsé da cidade de Ife
Odua , ovitorioso que guerreia e vence
Ele ouviu o som da espingarda na guerra e não fugiu
Oduduwa que aparece no ar com uma nuvem
Ele guerreou e trouxe muitos escravos
Òrìsà dos que procuram sorte
Tudo que ele fala acontece. O senhor do àsé
Tudo que ele pensa acontece
Aquele que possuiu magia ativa
Oduduwa , levante da terra
Que você levante com dinheiro e que também com prosperidade para mim.
7. – Gbadùrá
Este tipo de louvação é o mais apreciado entre os Yorùbá, por se tratar de uma
excelente veículo de transmissão do àsé, que traz o poder de realização.
Equivalente ao Oríkì, visam propiciar as graças enviadas pelos òrìsà por se
direcionar aos elementos que cada um deles dominam.
Sua diferença é que todo gbadùrá é cantado ou seja, recitado como uma canção
poética, é através deste tipo de louvor, que se consegue obter, prosperidade, saúde,
proteção, paz, perdão, ou seja, tudo o que se desejar obter em sua jornada.
Enquanto o bàbá vai recitando, os demais vão acompanhando e falando àsé!!!
Para que seja realmente consagrado tudo que se pede por todos.
Outro tipo de louvor muito conhecido é denominado Ibá, que significa, saudação.
Esta categoria é uma forma fantástica de saudar, de uma maneira bem especial os
òrìsà, Bàbálawo, ìdìlè, ègùngùn entre todos os Irùnmolè.
Sendo assim, antes de se realizar os ètùtù – oferendas, aos Irùnmolè tem de se
pronunciar um Ibá.
O que se espera com este gesto, é favorecer o acesso à força vital.
Quando direcionado aos agbá, constituem um sinal de respeito, quamdo são
direcionados aos Esa, estamos na verdade pedindo permissão para se dar inicio ao
culto.
Assim como se descreve o exemplo abaixo:
GBADÚRÀ TI EGÚNGÚN
Ilè mo pè o
Gbogbo mònríwo
Ilè mo pè o
Ó Egúngún!
Ilè mo pè o
Gbogbo mònríwo
Ilè mo pè o
Egúngún o
Ó Egúngún!
Ilè mo pè o
Gbogbo mònríwo
Ilè mo pè o
Egúngún o
Ó Egúngún!
Nós vos saudamos quando chegais até nós, vos saudamos Egúngún
Won gbogbo ará asíwájú awo
Ilè mo pè o
Gbogbo mònríwo
Ilè mo pè o
Egúngún o
Ó Egúngún!
Mo pè gbogbo ènyin
Ilè mo pè o
Gbogbo mònríwo
Ilè mo pè o
Ó Egúngún!
Ki o ma ta etí wéré
Responde rapidamente
Ilè mo pè o
Gbogbo mònríwo
Ilè mo pè o
Egúngún o
Ó Egúngún!
Ki o sare wá jé wa o
Ki o gbó ìwùre wá
Ilè mo pè o
Gbogbo mònríwo
Ilè mo pè o
Ó Egúngún!
Má jè a ríkú èwe
Má jè a ríjà Èsú
Proteja-nos da ira de È s ú
Má jè a ríjà Ògún
Má jè a rija omi
Má jè a rija Soponná
Ilè mo pè o
Gbogbo mònríwo
Ilè mo pè o
Egúngún o
Ó Egúngún
Asé
8.- Iyàmi Eleye
Por se tratar de seres extremamente intolerantes aos seres humanos tudo que se lê
ou se fale sobre elas deve se manter em silêncio absoluto em forma de reverencia e
respeito, para que elas não se volte contra nós.
A posição das Iyà agbá no sistema espiritual esta atribuídas como seres de grande
malevolência, que atuam durante a noite para punir os falsos e mentirosos, todo
mau é ferido com sua própria maldade. Veremos no odù Osa – meji, como elas
vieram fazer parte do nosso universo e entenderemos todo esse processo de poder
se estabeleceu ao ponto de nenhum Irùnmolè conseguir derrotá-las.
Esta nas mãos delas a responsabilidade do mais justo sistema de justiça. Não há
condenação sem um julgamento apropriado e imparcial. Se alguém apresenta uma
acusação contra outra pessoa, elas considerarão todos os lados antes de chegar ao
veredicto final.
Também existe um pacto feito entre Orùnmìlá, Obátàlá e as Iyàmi Eleye, pacto este
que, as impedem de matar, amaldiçoar, aterrorizar ou machucar qualquer
discípulo que age de bom caráter e que tenha bom coração, de acordo com a
proclamação dos direitos recitados por Olodúnmàré (Deus).
Veremos também que, toda ação sofre uma reação, pois foram os seres humanos
que as ofenderam primeiro, matando seu único filho. Acontece que as Iyà agbá de
nome Ogborí veio ao mundo em forma mortal e suas irmãs chegaram ao mesmo
tempo. A mortal Ogborí teve dez filhos enquanto que sua irmã Òsòròngà apenas
um.
Enquanto Ogborí foi ao mato atrás do pássaro para alimentar seus dez filhos, eles
se juntaram com ira em cima do filho de Òsòròngà, o matarão, assaram sua carne e
a devoraram. A medida que os filhos de Ogborí agrediam o único filho de
Òsòròngà, seus poderes à avisaram, e já pressentindo o pior, ela retorna
rapidamente a casa de sua irmã Ogborí, ao chegar constatou a morte de seu único
filho, ela não conseguia compreender aquela situação, ficou desesperada, Sua
cólera foi imensa, chorou muito e partiu para a floresta para viver com seu irmão
Iókò, irmão este que não gosta de ser incomodado por ninguém e por esse motivo
fez da floresta sua moradia.
Irókò ouviu o choro de sua irmã e quis que ela revelasse o motivo de tanta ira e
tristeza. Então ela o contou como os filhos de Ogborí torturou e matou seu único
filho, sem que Ogborí fosse capaz de impedi-los.
Irókó por sua vez a consolou, e lhe garantiu que partindo dos fatos relatados por
sua irmã Òsòròngà, ele mesmo se alimentaria dos filhos de Ogborí.
É por isso que não se entrega crianças para Irókò, e até os dias de hoje os Yorùbá
recorre a Òrúnmìlà quando a mortalidade infantil se torna fora de controle,
acreditando-se que Irókò e sua irmã Òsòròngà, estariam por traz destas mortes.
Foi Òrúnmìlà que apelou por Irókò e para Òsòròngà, afim de que aceitassem o
ètùtù e parassem com a mortalidade dos filhos dos leigos.
Utilizando-se de eyin, agoro, púpò epó entre outros itens. Da mesma forma que
Èsù, não podemos cultuar essas divindades sem profundo conhecimento, para não
sermos lesados ou acabar lesando a vida de outras pessoas. O sacerdote tem de ter
a exata noção de seus limites e conhecimentos.
Seu primeiro aspecto se da, em mencioná-las como mulheres velhas e sábias; tendo
como símbolo o igbá (cabaça) e um èyè (pássaro), usando do profundo
conhecimento mágico e transformando-se elas mesmas em pássaros para
realizarem assembléias noturnas, ou ainda, vigiar suas futuras vítimas.
Seu segundo aspecto, talvez o menos explorado, se da ao fato de Òlódùnmaré a
transformar no Odù lógbóje , aquela que recebe o poder do pássaro.
Recebe também um igbá que simboliza o aiyé, mas por abusar de seus poderes, lhe
foi tirado e transferido ao Obátala, é ele que exercerá seu poder que, embora esteja
com ele ainda é controlado por elas. Existindo feiticeiros homens denominados de
osó, que são menos violentos que as aje. Os dois casos são de extremo poder de
magia, sendo que só as aje os usam contra seus próprios familiares.
Um pode neutralizar o feitiço do outro, tendo em vista que o código de conduta dos
Osó , não os permite à enfrentar uns aos outros, sendo que as aje não respeitam
este código podendo enfrentar uma outra irmã ou filho.
Outra diferença. se da ao fato de, um Osó cultuar apenas ikú e seus discípulos,
quanto as aje, possuem seu próprio culto, independente de se tratar deste ou aquele
clã.
9. – Igbá – Odù
Assim com já descrito, todo iniciado deve passar pelo ide-odù ,para que ele possa
iniciar outras pessoas e ter condições de olhar seu Igba’dù sem ficar cego ou perder
seu equilíbrio .
Todos os elementos serão moídos e separados, juntos formam uma mistura que
somente os iniciados podem vê-la, ou seja, pessoas que já possuam seu Igbá’dù.
Igbá-Odù significa aquele que possui todos os Ifá, esta divindade esta representada
por uma ou várias cabaças, contendo objetos sagrados e de alto custo, seu nome é
raramente pronunciado; por se tratar de espíritos dos babaláwo.
Okalekotogowo: aquela que tira o que quer de acordo com sua vontade, ou seja,
a ìyàgbá, Igbá – Iwa a cabaça da existência.
Representada por uma grande cabaça que contem quatro menores contendo vários
objetos sagrados e de alto custo.
Odù que não conhecemos salva-nos, símbolo do céu e da terra em união fecunda,
detentora suprema de todo conhecimento.
Igba nlá a grande cabaça, simboliza a união do céu e a terra, não sendo permitido
em pretexto algum a remoção de sua tampa.
A primeira cabaça menor é chamada de Adesi, de ordem feminina é aquela que vai
e volta ( opa ra).
Igbá – Odù, aquela que é grande e mora nos fundos da casa, onde ninguém transita
e cabe exclusivamente aos Bàbálawo cuidar de seus cultos e conservação.
Igbá –nlá, a grande cabaça representa o mundo e tudo que nele habita, sua
composição consiste em ;
Granizo que representa o ar, efún que representa a terra e folhas de fogo e tutu para
representar a água.
Nosso objetivo é de incentivar aos leitores e amantes do culto aos òrìsà, um motivo
para que não se cansem de buscarem e obterem o conhecimento.
10.- Curiosidades:
nigeriana.
Floresta Sagrada de Òsun
Bàbá Òsun.
Saleru agbo
Agbara agbo
L' Òsun fi n wo mo re
Ki "dokita" o to de
A-bi-mo-ma-da-naa-le
Ìwo lá n powe-mo
para se casar.
Cumprimentos
A Cultura Tradicional do Povo Yorùbá é muito rígida no
O dòbálè
dòbálè.
foi mantido nas Ilé Òrìsà porém com o grave erro, o de fazer as
dos mais velhos zelar pelo bem estar daqueles que se submentem
à ele.
Kúnlè é o que as mulheres devem fazer para cumprimentar.
Esse fato não pode justificar que, nos dias atuais, alguns
buscar informações.
Vejamos o fato:
Por se tratar de uma cultura transmitida oralmente este projeto visa proteger e
esclarecer os leitores e amantes do culto Yorùbá a Òrúnmìlà – Ifá.