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Awo-Ifá

Glossário

• Sistema do Ifá.................................................................................1

• Ikofá................................................................................................2

• Ese .................................................................................................3

• Itòn ................................................................................................4

• Odu ...............................................................................................5

• Orìkí .............................................................................................6

• Gbadùrá .......................................................................................7

• Iyàmi Eleye .................................................................................8

• Igba – odù ....................................................................................9


Introdução

Conceito Yorùbá

A religião dos Òrìsà é um culto tradicionalista, vindo da República da Nigéria e


República de Benin, países vizinhos no Oeste Africano.

É uma doutrina monoteísta ( possui somente um Deus Supremo – Olóòrun) e


várias outras divindades, que auxiliam o Supremo Criador em sua obra.

É um culto direcionado para as forças da Natureza, representada pelos Òrìsà, cada


um deles como elementos de um todo, o Òrun ( Universo).

Para cada elemento desta Natureza Divina foi criado um arquétipo, uma
personalidade, um caráter, uma forma humana, simplesmente para que fosse mais
fácil sua compreensão e entendimento. Estes elementos são os Òrìsà. Porém os
Òrìsà nunca existiram na Terra como seres humanos.

Exceção feita à Sòngó, divindade do Trovão e dos Raios, que foi Rei ( Àlàáfin)
em Òyó, Nigéria, aproximadamente em 1450 a C, e posteriormente divinizado pelos
seus feitos.

O homem faz parte de uma totalidade (Òrun – Universo), onde coexistem o


humano e o divino. Ao contrário do paraíso cristão, que está situado em uma esfera
somente acessível após a morte. Na religião dos Òrìsà o homem e as divindades
estão integrados e se complementam. Os Òrìsà são os intermediários, como elo da
ligação entre os dois estágios de vibração, o visível e o invisível.

Portanto nesta visão “o Paraiso, ou o inferno , podem ser vividos aqui e agora.

Um provérbio Yorubá diz: bi o s´enia, imolè o si , se a humanidade não existisse,


as divindades não existiriam.

Quando se cultua as águas, para simbolizá-las, são realizados rituais para Òsun,
Yemoja, Obà e outros. Todas elas divindades que representam as águas em vários
de seus habitat natural. As águas doces dos rios, as águas salgadas do mar, ou as
águas das lagoas respectivamente. São rituais de agradecimento à Deus que nos
permitiu a existência delas, ou para que delas possamos extrair suas forças e
energias em benefício de um objetivo pretendido. Não podemos esquecer que o
corpo humano é, em sua maioria, composto por líquidos, e o globo terrestre é ¾
água. Ninguém é inimigo da água.!!!

Quando são feitos cultos para Ògún, é aos metais que se louva.
Deus concedeu ao homem os metais e hoje eles estão contidos em quase tudo para
facilitar a vida no planeta. Nas construções, nos veículos, nas máquinas operatrizes,
nos instrumentos cirúrgicos, enfim, o que seria do homem sem os metais?

Òòsàálá é o ar, a atmosfera que envolve o Mundo, e que a todo instante o homem
coloca para dentro de si pelos movimentos da respiração.

E por que não citar o mais polêmico dos Òrìsà. Sim, é de Èsù a quem me refiro. Em
nosso País ele é tão mal visto, e divulgado pelos ignorantes, como sendo um
demônio. Devo salientar que a Doutrina dos Òrìsà não possui demônios , pois crê
que tudo o que Deus criou foi para o bem estar do homem, e não para sua
destruição. Èsú é a divindade do movimento, da ação da vida. Nada acontece sem
ele. Para que possamos caminhar, ou seja, dar um passo à diante, esta ação é
permitida por Èsù. O coração bombeia sangue durante toda vida para nosso corpo.
Esta ação é possível pela força de Èsù. O movimento das marés, que não permite a
deterioração das águas dos Oceanos, é um movimento de Èsù. Note que tudo iria
parar se não houvesse o movimento causado por Èsù. Ele foi o primeiro ser criado
por Deus, assim como para os católicos foi criado Adão. Nasceu do sopro Divino
de Olóòrun sobre um monte de barro.

Qualquer outra interpretação dada para esta divindade é criação de ignorantes, ou


daqueles que pretendem deturpar a verdadeira Religião dos Òrìsà.

É claro que não posso aqui explicar toda esta bela Religião cheia de metáforas e
dotada de uma mitologia milenar composta de 4096 lendas, mas posso tentar
mostrar que ela é a mais ecológica Doutrina religiosa que o homem já conheceu.
Nela a Natureza é a Divindade Maior que Deus legou ao homem em seu benefício.
Preservar, manter, equilibrar, honrar, cultuar a Natureza é o que a Religião dos
Orisas tem como princípio básico, pois se tomamos estes atos como objetivo de
vida, automaticamente estaremos agradando a Deus.

Cultuar a natureza é preservar a Vida.

Além dos rituais para a natureza, a religião dos Yorubás cultua os Ancestrais ( awon
Àgbá – Egúngún) através de uma enorme gama de procedimentos.

Eles sim são seres espirituais que vivem no Órun e que à nós se apresentam como
nossos conselheiros, trazendo-nos suas experiências e conhecimentos como seres
que já passaram por várias reencarnações.

Casa homem que resnasce sobre a terra é regido por um elemento da Natureza
(òrìsà).

Aqueles que pertencem às águas são pessoas dóceis, carinhosas, perseverantes,


constantes, lutadoras, que tem objetivos certos e sabem muito bem o que querem,
mas escondem sobre esta aparência tranquila uma enormidade de sentimentos,
turbilhões e revoltas, portanto, irados são extremamente perigosos.

Conhecer o Orisa que nos rege tem a finalidade de buscar o auto conhecimento,
saber o que devemos, ou não ser ou fazer. É saber em qual força da natureza
encontra-se nossa fonte de recarga, de equilíbrio e estabilidade.Todas estas
riquezas de conhecimentos estão contidas nas lendas que compõem a religião dos
Orisás, e cada ser humano está enquadrado dentro de uma delas.

Quando se fala em Candomblé e Umbanda não se está referindo à Religião dos


Orisás. Ambas são adaptações da Religião Africana para uma sociedade brasileira.
Infelizmente esta adaptação foi feita por escravos oprimidos pelos Senhores de
Engenho e Padres Jesuitas. O que levou a Religião ao sincretismo católico,
caminhando para um patamar ridículo, sem origem ou base sólida,chegando aonde
se encontram atualmente e não posso negar que a maioria daqueles que se
intitulam “ Sacerdotes” destes cultos afro-brasileiros ,mal sabem ler ou escrever,
somados a outros deturpados em sua sexualidade, que encontram nos Orisà
amparo para fazer deles meio de vida.

Já afirmei: Os Orisà são os elementos da Natureza. Portanto ir para as matas,


florestas, cachoeiras e praias e crivá-las de velas acesas, garrafas, copos, taças,
alguidares e um sem número de lixo, não é preservação, mas sim destruição.
Portanto, tais atitudes são totalmente contrárias à Religião dos Orisà.

Um verdadeiro Sacerdote da Religião do Orisa, tem muito a estudar, e


sua formação requer vinte e um anos de preparo, no convívio com outros
Sacerdotes também formados assim.

Se você é um daqueles que respeita, e preserva a Natureza ao seu redor.Você já é


um dos praticantes da Religião do Orisa. Preservar a Natureza não é só se
preocupar com o ar que se respira, com os desmatamentos, com a poluição das
águas, com a extinção animal, mas é, principalmente,respeitar e amar o homem seu
semelhante , entendendo-o como a maior obra da Natureza e da Criação de Deus.

Bàbálòrìsà kekere Awo Ifágbòàlà Èsú


1 - Sistema do Ifá
De acordo com as crenças Yorùbá , Ifá – Òrúnmìlà , faz parte das quatrocentos e
uma divindades que vieram do céu ( òrun ) para a terra (ayé ) .Olódùmare, o Deus
supremo, encarregou cada uma destas divindades com uma missão particular a ser
realizada na terra
Por exemplo:
- Ògún foi encarregado de todas as coisas relacionadas com a guerra e a caça com o
implemento do uso do aço.
- Òòsàálá foi encarregado de ser o responsável de moldar o corpo humano com
argila.
- Esu é o policial do universo e o curador do àse, o poder divino com o qual
Olódùmaré criou o universo e mantém suas leis.
- Ifá ficou encarregado pela orientação ,por sua grande sabedoria,resultado da sua
presença ao lado de Olódùmare, quando criou o universo Ifá sempre esteve ao seu
lado. Portanto sabe os segredos que no universo foram embutidos.
Òrúnmìlà é também conhecido como Akéréfinúsogbón que quer dizer o Pequeno
Sábio.
Os Yorùbá crêem que , Ilè Ifè foi a primeira parte do mundo a ser habitada por
seres humanos.
Os filhos de Odùdúwa tornaram-se os mais importantes politicamente e eles
formaram a parte principal da dinastia de governantes do mais poderoso Império
Yorùbá.
O marco da História de poder desses governantes divinos se deu na organização
imperial do antigo império de Oyo.

A origem do sistema

Em Ifè , Òrúnmìlà mudou –se para Òkè Igètí e lá viveu por muitos anos , teve oito
filhos homens ,mudando –se então para Adó onde se acredita que vive até hoje ,
por isso o dito Adó ni lé Ifá ( Adó é a casa de Ifá )
Enquanto esteve na terra Òrúnmìlà aplicou seus conhecimentos divinos e sua
sabedoria para organizar a vida dos seres humanos de forma ordeira .
Vendo também a necessidade de deixar seus ensinamentos , Órúnmìlà escolheu
alguns discípulos e passou a ensina –los os segredos e mistérios de Ifá .
Mas , assim como aconteceu com todas as divindades Òrúnmìlà retornou ao òrun
(céu) , após ter se desentendido com seu filho caçula , este feito se encontra no itan
– ifá do Iwòrì Méjì .
Vou relatar um trecho deste importante fato:
Um dia , Òrúnmìlà convidou seus oito filhos para realizarem um festival , tudo
conforme cada um deles chegaram, ou seja , respeitando a hierarquia dos mais
velhos aos mais novos.
Sendo assim , quando foram chegando , conforme a educação, foram deitando no
chão e dizendo Àború , Àboyè , Abosise , como sinal de respeito e obediência .
Chegando a vez do caçula , Olówò , ele permaneceu de pé e não disse nada . Então
seu pai o ordenou que fizesse a saudação , mas Olówò recusou – se dizendo que
como ele ,também usava coroa , e sendo filho de Òrúnmìlà era degradante se
abaixar diante de alguém.
Quando Òrúnmìlà ouviu isto , ficou muito triste e decidiu voltar para o òrun (céu) .
Assim com a partida de Orúnmìlà ,a terra se tornou em caos e completa confusão ,
o ciclo de fertilidade e regeneração , tanto da natureza quanto humano
desapareceu.
A sociedade humana se tornou uma anarquia e desordem , conforme relata o
seguinte èse (poema).

ABOYÚN Ò BÍ MÓ

ÀGÀN Ò TOWÓ ÀLÀ BOSÙN

ÒKÙNRÙN Ò DÌDÉ

AKEREMODÓÒ WÈWÙ ÌRÀWÉ

ÀTÒ GBE MÓ OMOKÙNRIN NÍ ÌDÍ

OBÌNRIN Ò RÍ ÀSÉE RÈ MÓ.

ISÚ PEYIN Ò TA;

ÀGBÀDÓ TÀPÉ Ò GBÓ

ERÈÉ YOJÚ ÒPÒLÓ.

ÒJÒ PÁÁPÁÁPÁÁ KÁN SÍLÈ,

ADIÉ SÀ Á MI.

APÓN ÒBE SÍLÈ

EWÚRÉ MÚ UM JE .
Tradução
As mulheres não podiam ter filhos
As mulheres continuavam inférteis
Pequenos rios foram cobertos por folhas
Não existia sêmem no testículo do homem
As mulheres não tinham menstruação
O inhame não se desenvolvia
O milho não crescia
Chovia apenas gotas
As galinhas tentavam devorá-las
facas estavam plantadas no chão
E os cabritos tentaram devorá-las.

Quando a terra não tinha mais paz , foi decidido que os filhos de Òrúnmìlà
deveriam ir para o Òrun pedir ao seu pai à voltar para o aiyé (terra) .
Ao chegar no Òrun , os oito filhos de Òrunmìlà tentaram convencê-lo à
retornar ,mas ele não aceitou e em vez disso deu a cada um deles dezesseis
nozes de palmeira e disse:

BÉ E BÁ DÉLÉ

BÉ E BÁ FÓWÓÓ NÍ

ENI TÉÉ MOO BI NÙ UN

BÉ E BÁ DÉLÉ

BÉ E BÁ FÁYAÁ NÍ

ENI TÉÉ MOO BI NÙ UN

BÉ E BÁ DÉLÉ

BÉ E BÁ FÓMOÓ BÍ

ENI TÉÉ MOO BI NÙ UN


Tradução
Quando chegarem em casa . se quiserem dinheiro ,

AÍ ESTA QUEM DEVE SER CONSULTADO

quando chegarem em casa , se quiserem ter esposas ,

AÍ ESTA QUEM DEVE SER CONSULTADO.

Quando chegarem em casa , se quiserem ter filhos ,

AÍ ESTA QUEM DEVE SER CONSULTADO .

Qualquer coisa que vocês desejarem ter na terra ,

É a mim que vocês devem consultar.

Quando os filhos de Òrunmìlà retornaram a terra , eles praticaram o que seu pai os
havia ensinado usando os dezesseis nozes de palmeira para orienta –los e como
instrumento de divinação na comunicação com as divindades , sendo desta forma ,
Òrunmìlà repôs sua presença na terra tornando este método o mais importante
divinação de Ifá.

Ikin é considerado o mais antigo e o mais importante instrumento de Ifá.


Ele consiste em dezesseis nozes de palmeira , conhecida como òpè – Ifá (palmeira
de Ifá)
Cada fruto possui quatro olhos , o Yorùbá acredita que este tipo de noz de palmeira
é sagrada para Ifá e por isso não pode ser usada para fabricar o dendê (epó ) .
Os ikin são guardados em uma tijela de louça ou madeira e fica em um lugar
específico da casa denominado Ilè – Ifá ,raramente são retiradas deste local , exceto
para serem lavadas ou para purificação , o que ocorre ocasionalmente tanto para
limpeza quanto para potencializar seu àsé . Mas , quando o sacerdote falece , o ikin
pode ser removido do seu local e transferido para um parente , a transferência
sempre envolve um ètùtù e outras cerimônias de purificação .
Algumas pessoas , preferem enterrar os ikin com o sacerdote para livrarem –se de
ter que fazer as cerimônias , muitas vezes por conta de se tornar um rito muito
caro.
Outro instrumento de muita importância para Ifá é o yèròsùn ,um pó amarelo
retirado de um cupinzeiro. O pó divinatório é mantido dentro do opón ( um
tabuleiro de madeira ), fixado a frente do sacerdote que mantém as dezesseis nozes
dentro de uma mão e sempre tenta remove-las de uma mão para outra.
Se duas restarem em sua mão uma quantidade par , ele faz um traço, se for uma
quantidade impar ,ele faz dois traços.
Se ele por ventura conseguir tirar todas de uma mão para outra ,ele não faz
nenhuma marcação.
Essa combinação será repetida por oito vezes ,ou seja ,quatro vezes da direita e
quatro vezes da esquerda.
Tendo em vista assim o odù correspondente ao consulente.

Òpèlè – Ifá ( corrente de Ifá ).

Outro sistema muito importante de Ifá , esta corrente possui duas terminações na
base , é feita tanto de metal quanto de barbante de algodão. Quatro meias nozes do
fruto òpèlè são presas em cada metade da corrente ,sendo lado direito de esquerdo .
O sacerdote lança o òpèlè para o lado oposto de seu corpo obtendo assim o odù
correspondente para o consulente .
Para compreender este sistema o sacerdote tem de saber décor os èsè – Ifá ,ou seja
os poemas de Ifá que corresponde ao odù determinante .
Essas possibilidades serão abordadas mais a frente no tema Ikofá .
Cada uma dessas possibilidades são denominadas Odù , tendo como um total de
256 possibilidades iniciais.

2 - Ikòfá

Yorùbá – voltamos a insistir nesse assunto de real interesse para aqueles que
desejam conhecer a Cultura Religiosa Yorùbá. São os passos da caminhada ao
sacerdócio na vida de um Babaláwo.
Ele começa, aos seis anos de idade como Omo-awo / o filho do segredo ou Kékeré-
awo /pequeno no segredo. Com a opção pela vida sacerdotal feita, os Pais da
criança vão consultar Ifá para que seja indicado o melhor Mestre para ela.
Identificado o Mestre os Pais levam a criança até ele. Entregam-lhe quatro obí para
que seja feita a nova consulta a Ifá. Sendo aceito o Babaláwo dirá:

"Láti àsìkò yí lo ìwo (......)


omo (.....) àti (.......) dúró ní iwájú mi láti kó Ifá
dídá. Èmi nfé, gégébi Olùkó re, kí ìwo gba ìmò àti,
wipé léhìn èkó re, ki ìwo lè lo ìmò isé yìí bi ó ti
tó àti bí ó tiye."
Tradução

A partir desse momento (nome) filho de (nome do Pai)


e (nome da Mãe) está diante de mim para aprender
o Jogo de Ifá. Desejo, como seu Mestre, que ele
absorva os conhecimentos e, ao terminar seus
estudos, possa fazer bom proveito do aprendizado.”

A partir daí serão providenciados os ritos de iniciação. O Omo-awo não poderá ser
ensinado, ou aprender e participar de outros ritos sem que tenha sido devidamente
iniciado, tenha recebido seu Ìgbá Odú e seu Òpèlè Kàrágbá que “não tem valor
litúrgico”, este último servindo somente para o estudo e aprendizado.
Na maioria dos casos o Omo-awo passa a residir em uma Ègbé-Babaláwo/
Sociedade dos Babaláwo. Cada cidade Yorùbá tem uma dessas sociedades
comandada por um Sacerdote do maior nível hierárquico que é o Olúwo-Ifá, líder
pleno, Senhor de Todos os Segredos. Imediatamente inferior a ele está o Sacerdote
Balógun, homem poderoso no àse da palavra, deve ser saudável, ter boas condições
econômicas, nesse caso sempre mantém várias esposas. Subordinados aos Balógun
estão os Àsíwájú-Babaláwo que representam a Sociedade perante a Comunidade.
Encontramos também os Àsipa-Babaláwo, os relações públicas; os Akápò-
babaláwo, secretários e tesoureiros; abaixo destes os outros cargos são ocupados
pelos Omo-awo. Às sucessões hierárquicas são feitas pela consulta ao oráculo
e posterior prova de capacidade dentre os escolhidos.
Periodicamente são realizadas reuniões presididas pelo Olúwo e Balógun
recebendo o comparecimento de outros Sacerdotes Lideres Comunitários de
cidades vizinhas. Inicialmente são realizadas oferendas para Ifá e distribuída
farta alimentação aos presentes. São discutidos os problemas e todos sugerem
soluções.
Construções de Templos e Santuários; soluções para problemas de ordem sociais;
destino do dinheiro recebido em doações; realização de Jogos de Òpèlè Ifá ou Jogo
de Ikin. São realizados a pedido dos Qba em busca de orientação; troca de
informações sobre os sistemas de Ifá; Odun Awo o festival anual em homenagem a
Ifá; Òsè Ifá a semana devotada a Ifá são alguns dos motivos das eg / assembléias.
Ao longo de dezesseis anos de aprendizado o Omo-awo poderá vir a ser um
Babaláwo se houver adquirido o conhecimento da natureza humana. Nesse período
o Omo-awo vai aprender a obedecer a uma hierarquia rígida submetida a seu
Mestre.
O Omo-awo deverá ser Humilde, devoto, paciente, perseverante, incansável,
solidário, cooperativo,ético, seguindo a conduta dos mais velhos, aprendendo
a ser responsável e desenvolvendo a capacidade comunicativa. É impedido à ele a
mentira, o roubo, a ganância, o adultério e o convívio com as esposas do Mestre,
sendo vetado que o Aprendiz sente-se onde a esposa acabou de levantar, deve
sempre trata-la pelo Título de Ìyàwó / Esposa ou eg / Mãe.
Uma das coisas que pode acarretar a “expulsão” do convívio com o Mestre será o
envolvimento, assédio ou o fato do Aprendiz manter relações sexuais com a pessoa
que venham buscar orientação ou o conselho do Babaláwo.
É no contato diário com seu Mestre que ele aprende a trocar informações, a recitar
Ìtòn / /lendas, Oríkì / evocações, Ofò / encantamentos, Àdúrà,
Gbàdúra / suplicas , Ìjalá, Orin / cantigas, Ìyerè /cantigas de dor e júbilo para Ifá, a
conhecer os segredos das ewé e fazer os rituais todos.
Sujeita-se a inúmeros ritos iniciáticos periódicos, inclusive o rito do lde-Odù,
indispensável para que possa iniciar outras pessoas e que o faz adquirir os
conhecimentos de tratar e cuidar ritualisticamente do Ìgbá Odù.
Aperfeiçoa o dom da palavra, o domínio da oralidade, força fundamental para
ativar o poder dos Elementos da Natureza.
O Omo-awo deve ser “solteiro” até ser ordenado Sacerdote, para que não venha a
ser atrapalhado no seu aprendizado pelos afazeres do casamento.
Isso não implica em abstinência sexual ou mesmo que ele não venha a namorar,
mas o casamento só poderá ser celebrado após sua consagração.
Durante o período de dois anos o Omo-awo vai aprender a usar o Òpèlè Kàrágbá, só
depois disso podendo estudar os Ikin. Nesse período ele vai aprender os dezesseis
Odù Principais e, dependendo de sua capacidade de memorização irá aprender de
dois a dezesseis Èsé / contos sobre cada um deles.
Tendo memorizado os Odù Principais e seus Èsé ele deverá iniciar os estudos e
memorização dos Ilé Odù, os menores, na seguinte seqüência:

De Ogbè-Òyèkú a Ogbè-Òfún
De Òyèkú-Ogbè a Òyèkú-Òfún
De Ìwòrì-Ogbè a Ìwòrì-Òfún
De Òdí-Ogbè a Òdí-Òfún
De Ìròsùn-Ogbè a Ìròsùn-Òfún
De Òwòrín-Ogbè a Òwòrín-Òfún
De Òbàrà-Ogbè a Òbàrà-Òfún
De Òkònròn-Ogbè a Òkònròn-Òfún
De Ògúndá-Ogbè a Ògúndá-Òfún
De Òsá-Ogbè a Òsá-Òfún
De Ìká-Ogbè a Ìká-Òfún
De Òtúrúpòn-Ogbè a Òtúrúpòn-Òfún
De Òtura-Ogbè a Òtura-Òfún
De Ìrètè-Ogbè a Ìrètè-Òfún
De Òsé-Ogbè a Òsé-Òfún
De Òfún-Ogbè a Òfún-Òsé

Devendo memorizar no mínimo dois Èsé de cada um destes acima citados


formando um total mínimo de 512 Èsé, além de seus sinais gráficos, os conselhos e
Etùtù relativo a cada um dos versos. Para tão grande memorização o Aprendiz
passará pelo ritual do Ìsòyè a fim de ter aumentado sua capacidade de memória.
Em posse dos conhecimentos sinteticamente relatados acima será possível
proceder ao ritual Ìkó-Àte, demonstração pública de domínio dos Odù, consentida
pelo Mestre que da independência ao Babaláwo recém-formado, tornando-o
Sacerdote.
Desejamos que o estudante CECY se intere muito bem quanto aos Rituais de
Iniciação nos Cultos de Òrúnmìlà. Para isso mostraremos uma das rezas principais
do Ritual de Iniciação:

A té o náá.
Hee, a té o náá.
Kí o tún ara e té o.
Awo kì nlé ikún.
Awo kì nlé ejò o.
A té o náá kí o tún ara e té.
Awo kì nsúré gun igi òkókó o
A té o náá kí o tún ara e té.
Kí o má fi ìbá nté ode won ìdì wò.
A té o náá kí o tún ara e té.
Bi odò ba kún kí o má mà wó wò o.
A té o náá kí o tún ara e té.
Bí igbá ba já kí o má mà wó wò o.
A té o náá kí o tún ara e té.

Nós te iniciamos.
Nós te iniciamos.
Que você faça sua própria iniciação.(tenha consciência de seus
próprios limites)
Um iniciado não se atreve a caçar ikún sem armas.
Um iniciado não se atreve a caçar cobra sem armas.
Nós te iniciamos para que você tenha consciência de seus limites.
Um iniciado não se atreve a subir correndo
em uma árvore de Òkókó.
Nós te iniciamos para que vc tenha consciência de seus limites.
Um iniciado não se atreve a caçar sem ser um bom caçador.
Nós te iniciamos para que vc tenha consciência de seus limites.
Quando o rio estiver muito cheio não se atreva a mergulhar sem saber
nadar.
Nós te iniciamos para que vc tenha consciência de seus limites.
Se a corda estiver rompida não suba na árvore.
Nós te iniciamos para que vc tenha consciência de seus limites.
Podemos perceber nesta canção (orin ) , a insistência no conselho que adverte para
os perigos de uma falsa representação de poder , pois como ocorre o noviço pode
ser levado a julgar – se onipotente .
Além da iniciação o noviço deve se submeter ao ritual de ide – odù , onde adquire o
elemento principal e indispensável para que ele possa iniciar outras pessoas .
Neste ritual se obtém a condição para ver o símbolo de Igbá – Odù , sem isso , ao
olhar para o símbolo poderá perder a visão ou mesmo o equilíbrio mental .
As responsabilidades do omo – awo são inúmeras e em sua maioria não
remuneradas, ajudam em todos os ètùtù que os Bàbálawo realizarem , por
indicação de Ifá serão assistentes do mais velho.
Devem , por exemplo , oferecer auxílio para o consulente de que se realizará o
ètùtù, e recitar longos trechos dos esse – ifá (poemas de ifá ) ,junto com seu Bàbá
Tanto para memorizar como para dar ritimo aos iyere ( cânticos de dor e júbilo a
Ifá )
Realizam também a entrega dos ètùtù onde seu Bàbálawo por orientação de Ifá
determinar .
O relacionamento entre mestre e discípulo deve ser de honra e lealdade , devendo
se manter sempre leal ao seu Bàbálawo , uma vez que sua relação com ele é de
extrema cumplicidade , selada sob forte juramento de ambas as partes.
O noviço é instruído a não ser ganancioso e a não roubar .
Ao acordar o noviço louva a Ifá tocando o solo com sua cabeça diante do ojugbò
mefá ( assentamento de ifá ) e comprimenta seu Bàbá da seguinte forma :

ÒRUNMÌLÀ IBORU

ÒRUNMÌLÀ IBOYE

ÒRUNMÌLÀ IBOSISE

Tradução

Orunmila bom dia , tudo que eu faça se concretize!


Orunmila , tudo o que eu faça , faça por inteiro !
Orunmila , tudo o que eu faça tenha àse esse realize como desejo!

No qual o Bàbálawo responde :

O gbo o to !

Que significa longevidade para você , que sua vida se mantenha prospera .

Nesta saudação , podemos observar a importância da disciplina para consecução de


objetivos que inclui obediência às regras prescritas para os discípulos Yorùbá.
De muitas regras quero destacar o que mais causa conflito as pessoas ,no que se diz
respeito à Iyawo (esposa) do sacerdote .
As relações dos aprendizes com ela tende ser limitadas para evitar problemas e o
respeito devido ao sacerdote deve –se estender a ela. Não podendo chama – la pelo
nome mas somente de Ìyá ou seja mãe. A desobediência de quaisquer regras
compete a expulsão do indivíduo.
As esposas dos sacerdotes são responsáveis em fazer toda comida do àsé quando o
Bàbá estiver recluso em suas obrigações ( osè ). São delas também a
responsabilidade de entoar os iyere, sendo consideradas sagradas guardiãs desses
orin ( canções).
Quanto às relações com os colegas de aprendizado é instruído a jamais usar seus
conhecimentos para prejudicar um companheiro.
Nas relações com clientes , é proibido assediar qualquer pessoa que busca
orientação ou manter um relacionamento amorosos com elas.
Durante o aprendizado a alegria e o bom ânimo constituem sinais de reverencia a
Ifá e de respeito pelo Bàbá .
O noviço só poderá passar algum conhecimento, quando for considera adulto, ou
seja , quando ele realmente obter todo o conhecimento ou boa parte dele
transmitidos pelo seu Bàbá.
Daí a necessidade de passar por todos os estágios de aprendizado, sendo qualquer
omissão ofensiva.
O culto Yorùbá é determinante de responsabilidade, pois se tem conhecimento que,
quando um Bàbá ou Iyá esta entoando em um ètùtù para alguém, todo mal que esta
sendo retirado da vida dessa pessoa recairá sobre o sacerdote no momento que
forem invocadas as divindades a quem se solícita proteção contra inimigos e
adversários.
Embora cada bàbá desenvolva seu próprio, a estrutura básica não se altera.

O processo de iniciação

O processo de iniciação em Ifá ocorre diferentemente dos processos de iniciação


em outros òrìsà ( orixá) . Essa diferença consiste em que as evocações,
acompanhadas dos sons dos ilù (atabaques), não induzem ao transe e nem a
incorporação, assim bem vista na situação com os òrìsà.
É fundamental notar que a iniciação em Ifá, se da única e exclusivamente pelo
processo de busca de conhecimento no que se diz respeito as condições físicas e
espirituais, isto significa a tomada de consciência a respeito da própria
responsabilidade pelo curso existencial,sem estimular comportamentos de ilusões e
fantasias ,nem ao fanatismo, como ocorre com freqüência em outras religiões.
O processo ocorre; ritos sagrados de conhecimento exclusivo dos Bàbálawo e dos
awo – ifá que possuam Igba – odù.
Sendo assim, descrevo apenas o que estou autorizado a descrever.
Sua primeira parte tem o nome de igbadù, a floresta do odù.
O espaço físico para sua realização é um quarto da casa do bàbá ou uma mata
considerada sagrada pelos bàbálawo.
Sua entrada é revestida de màrìwò, roupa usada por Òrúnmìlà, assim como palmas
de dendezeiro, os ikin são símbolos de Ifá.
O bàbá ao preparar o igbadu, grava sobre o oko, tábua ritualística para Ifá, os 16
odu principais, o odu Osetura, será o responsável pela indicação e condução do
ètùtù.
Essa marcação obedece a sua ordem de chegada, tendo como inicio Eji – ogbe e
encerrando –se com Osetura. Bem, terminada essa marcação, o Bàbá distribui
sobre o oko os ikin que farão parte do ojugbò do iniciado.
Tudo isso acompanhado de orin , oriki e gbadura a Ifá, sobre a orientação do bàbá,
são colocados sobre o oko, obí, orogbó, atare, isù, eja entre outros .
Segue assim o atos secretos.......
Logo, são energizado o igbadu e os ikin , podemos nesta fase, fazermos duas
observações:

A primeira, referente aos segredos (awo), em que se faz um


juramento, onde em hipótese alguma se pode revelar o que foi visto e
oferecido aos awo –ifá.
Assim, o que constitui em mistério aos ogberi (leigos) permanecera
em segredo.

A segunda observação consiste em não se falar sobre sacrifícios para


assim não atrair Arikú para si.

Depois de tudo preparado o noviço segue em direção ao osù, bastão sagrado, onde
o bàbá faz os oriki á Òrúnmìlà, Iyàmì agbá e aos Ègùngùn. Pedindo que tanto a
morte quanto as doenças, assim também quanto ao fracasso não mais acompanhe
a vida desse awo (iniciado).
Neste momento apenas os iniciados devem se fazer presentes, por conta da forte
carga negativa ali evocada.
Tudo isso, devidamente acompanhado de orin (canção) como se segui em
exemplo:

Ogege igi agunla


Ogege igi agunla
Eni gún Ogege
Igi olá lo gún o
Ogege igi agunla
Eni te Ifá,
Ifá olá lo te o
Ogege igi agunla

Tradução

Ogege é a arvore da sobrevivência


Ogege é a arvore da sobrevivência
Quem sobe na arvore Ogege
Sobe na arvore da prosperidade
Ogege é a arvore da sobrevivência
Ifá vê com alegria
Ifá da prosperidade
Ogege é a arvore da sobrevivência.

A cantiga que acompanha esse processo refere-se ao fato de estar sendo retirados
todo o mal que vinha atrapalhando o noviço.
O rito agora se segue lavando os ikin que serão colocados no ojugbó-mefá .
É neste momento que se realiza a consulta à Ifá para se obter o Odu de
nascimento, para que o iniciado possa então receber as orientações de seu ewo, ou
seja, proibições de Ifá.
O bàbá então começa à recitação e evocação do odù, acompanhado dos awo – ifá,
começa as instruções sobre o rito de sacrifício à Ifá.
Os òrìsà em que o noviço também foi iniciado receberão suas oferendas, a fim de
apaziguar todo o ritual.
Entre as recomendações, pede-se para colocar um facão atrás da porta de entrada
à frente da casa, pendurar anzóis, colocar o Irukere-Ifá dentro de casa, por um
preá na parte da frente e um peixe na parte de traz.
Após tudo pronto o noviço irá descansar para que se torne os rituais ao
amanhecer.
Logo pela manhã o noviço é banhado, são entoadas novas orin (canções) cujo
conteúdo enfatiza, entre outros conselhos, que se respeite os ewo e se permaneça
consciente dos seus limites:
Ou seja, não se pode orgulhar-se daquilo que não se domina.
Ao retornar do osu, o bàbá enrola o oko em uma eni (esteira), permanecendo o
noviço de costas, para que os acontecimentos ruins e as forças negativas fiquem
para trás. O bàbá entoa uma orin (canção) ordenando que tudo de ruim fique para
traz, e se torne passado.
O oko permanece no centro do quarto e os iniciados postam-se em frente a ele, em
pé, um ao lado do outro.
Cada um dos iniciados, dirige-se para junto do oko e, andam em volta dele, os
homens darão nove voltas em torno do tronco, e as mulheres sete.
Depois aproximam-se do bàbá, onde ele os toca com os ikin, os demais elementos
ofertados à Ifá serão colocados em cima do oko que será conduzido pelos
iniciados, apoiados em sua cabeça ao som de uma orin entoada pelo bàbá.
Assim se encerra o rito de Ikofá.

3- Ese-Ifá (poema de Ifá)

Temos o conhecimento de que, cada Odù contém sua própria história, conhecida
entre os Yorùbá de ese, poema, alguns destes poemas são longos enquanto que
outros bem curtos, mas, sendo longos ou curtos eles seguem uma lógica no seu
raciocínio em cada poema de Ifá.
Essa seqüência lógica dos elementos é o que chamamos de domínio de estrutura.
Cada poema de Ifá tem um máximo de oito e um mínimo de quatro partes
estruturais.
Os poemas que tem quatro partes são geralmente curtos, são chamados pelos
Bàbá de Ifá kéékèèkéé, ou seja, pequenos poemas, que na verdade trata-se
de resumo de poemas mais longos.
Sendo a maioria dos poemas, retentores de mais de quatro partes, em uma outra
categoria, podemos encontrar em alguns casos, nas partes quatro e cinco um
certo alongamento em certas pronúncias, sendo neste caso conhecidas como Ifá
nláálá ( poemas alongados de Ifá).
Todo verso de ifá tem inicio o nome do sacerdote que no passado consultou Ifá,
como forma de base para o poema.
Geralmente são nomes de louvor dos sacerdotes de Ifá, na primeira parte (I) da
estrutura do verso é muito observado pelo Bàbá, pois se não evocar os nomes
corretamente destas autoridades espirituais, o poema fica destituído de sua
importância mística, esta parte do verso por, tanto, dá a legitimidade a cada
poema em um fato histórico autentico e real que ocorreu no passado.
Os nomes variam de acordo com os fatos, podendo ser nomes de plantas, animais
ou mesmo de um ser humano comum, enfatizando desta forma que os acertos e os
erros se repetem desde do inicio dos tempos.
Então quando o bàbá entoa o nome de um sacerdote do passado nesta parte do
poema, podemos compreender seu louvor como verdadeiro, mas só no sentido
espiritual e simbólico.
Já na segunda parte (II) do poema se menciona os nomes dos consulentes de Ifá,
para quem os sacerdotes da (I) primeira parte efetuou a consulta à Ifá.
O consulente neste caso pode ser apenas um como também toda um comunidade,
Igual o ocorrido na primeira parte, estes nomes são reais e também místicos, tanto
de pessoas como de lugares.
Nesta parte do poema aclamada pelo bàbá, tem como resultado o fortalecimento
para o seu propósito.
A terceira parte (III) do poema, trata da razão ou situação do passado. Esta parte
da aclamação do bàbá trata do motivo que trouxe o consulente até Ifá.
A quarta parte (IV), aponta o que se deve fazer para a solução de todos os
problemas anteriormente mencionados, detalhes como qual sacrifício de ser feito,
ewo, clareza no que se diz respeito ao erro cometido e a orientação para que se não
cometa o mesmo erro novamente.
Além disso, ele deve prescrever para seu consulente tudo o que lhe foi
aconselhado por Ifá.
Esta parte justifica também, quando se dá lista para o consulente, demonstrando
assim, que a pessoa tem de passar por este teste de compromisso para realização
do ètùtù.
A quinta parte (V), esclarece ao bàbá se o consulente seguiu as determinações de
Ifá ou não, tratando do tipo de pessoa com quem se esta lidando.
Já na sexta parte (VI), indica o que aconteceu com o consulente após ele ter se
submetido a todas as orientações de Ifá. Os resultados e conseqüências, caso o
consulente não obteve êxito e tenha cometido mais erros.
A sétima parte (VII), nos mostra a reação do bàbá ao desfecho da consulta,
obtendo um bom resultado com o consulente o bàbá demonstrará feliz, mas se for
negativa ele ira reagir com arrependimento e tristeza.
Esta parte do poema é muito importante, pois nos revela se o consulente é digno
de se efetuar o ètùtù e de permanecer como filho ou apenas consulente.
O pacto de confiança se da na responsabilidade com que o consulente trata toda
situação.
A oitava parte (VIII), se trata da conclusão, não só de resultados mas de todo o
histórico, esta parte pode ressaltar o tamanho da importância de um ato de
sacrifício.
Esta parte também serve de avaliação para o bàbá, no que ele possa considerar de
suma importância diante dos fatos.
Quero deixar bem claro que, os poemas de Ifá são de caractere histórico, toda
poesia tem por objetivo orientar os seres humanos à não terem mau
comportamento, e que todo malefício que, por ventura ocorra em sua vida, é em
virtude de seus próprios erros.
Ao narrar esses poemas o consulente se identifica com seus próprios problemas,
vinculando-se ao personagem da narrativa.
Oriento aos estudiosos desta forma de culto a Ifá, que, tem de saber o que é mais
importante de se observar no ese- ifá.
Por tanto o que posso lhes orientar em relação a isso, é que as parte I , III e VIII,
são de muita importância para o êxito da acertação do problema. Sendo essas
partes também consideradas obrigatórias por muitos sacerdotes.
Enquanto as partes IV e VI são opcionais.
Vou descrever um poema em caráter de exemplo, para melhor compreensão de
todos:

(I) Gbónkólóyo;

(II) A dia fún ode

(III) Ti nregbé ‘je, Èlùjù’je.

(IV) Wón ní kó rúbo àlo, kó rúbo àbò .


Wón ní pípò ni iségún fún n.

(V) Ó si rúbo

(VI) Ìgbá to rúbo tan, ó ségún si òtún,


ó ségún si òsì.
Ó kó erú, ó si kó erù.

(VII) Ó ní béè gégé, ni àwo òún nsenu rereé pe ‘Fá.

(VIII) E se ode ni hiin, ode hiin, hàà hin o.


Tradução

(I) O bàbálàwo chamado Gbónkólóyo;


(II) Consultou Ifá para o caçador.
(III) Que Estava indo caçar nas sete florestas e desertos.
(IV) Foi aconselhado ètùtù para proteção da expedição.
(V) Ele fez o ètùtù
(VI) Após ter realizado
(VII) Ele relata que ocorreu exatamente o que se Bàbá havia orientado
através da voz de Ifá .
(VIII) Bem vindo caçador aclamado.
bem vindo caçador de louvor,
Caçador,nós te saudamos,
Nós te damos boas vindas e te aceitamos.

A poesia de Ifá é muito rica em linguagem e formas de estilos.


Uma relação detalhada de todas as características de estilos,rica em gêneros.
Existem cinco maneiras de repetição encontradas nas poesias de Ifá,a saber:

Estruturais.
Temática.
Linear.
Silábica.
Aliteração e assonância.

Para maior compreensão explicaremos separadamente cada caso citado a cima:

Estrutural

Uma das formas mais comuns é a de repetição das partes da estrutura dos
poemas.
A repetição estrutural envolve as partes I,II e III ,e em alguns casos podendo
envolver as partes IV e V.
Sendo assim entende-se que essa estrutura envolve a repetição de algumas ou de
todas as seis primeiras partes.
Por isso, se é aconselhado a não tentar se utilizar desta pratica sem total e não
parcial do conhecimento ,para não causar danos na vida do sacerdote ou do
consulente.

Temática:
Nesta prática a repetição se concentra no assunto propriamente dito.
Vista de forma expressiva no poema Ifá nlánlá,onde são de forma longa e
separada tanto em partes quanto em todo seu conteúdo.
O valor da temática consiste na repetição constante, de forma que , tanto o
Bàbálawo , quanto o consulente ficam sem sombra de dúvidas o que se diz a
mensagem de Ifá e qual ètùtù a ser realizado pelo seu consulente.
Esta repetição ocorre nos termos (IV) e (VI) do Ese (poema) por se tratar das
partes dinâmicas e criativas do cada poema.

Linear

Sem sombra de dúvida a mais importante repetição encontrada.


Podemos encontrar dois tipos distintos de repetição linear:
A linear completa :
Que trata em repetir uma ou mais linhas estruturais

A linear parcial:
Usada tanto para a ênfase quanto para investigar o que se esta revelando no
mundo espiritual em caráter afirmativo da descrença do consulente no que se diz
respeito as coisas espirituais.

A explicação completa deste vasto assunto será posta na próxima edição.

4 – Itòn

Assim como descrito acima, um Itòn também retrata o histórico dos Imole
(divindades),cada uma delas tem seu próprio itòn.
O que se faz diferente é que os Itòn são História e os ese são poemas.
Muitas pessoas do culto aos òrìsà confundem as duas citações, que , embora
parecidas são completamente distintas umas das outras.

Por se tratar do idioma Yorubá , se faz necessário a interpretação adequada para o


idioma traduzido, sendo assim se explica tantas heresias e difamações descritas
por diversos autores de livros deste assunto.
Cito como exemplo, e para maior compreensão, o fato de alguns pesquisadores
afirmarem erroneamente o histórico de Dòn ( òsòmàre) ,que declaram sua dupla
sexualidade. (seis meses são homens e seis meses se tornam mulheres)
Assim também acontece com Inlè e Osòyin.
Para nós Yorùbá não passa de heresia e blasfêmia ,pois se trata de uma grande
ofensa aos Irúnmole.
É assim que nos ensina Ifá, os seres humanos aos olhos de Olodúnmàré nascem
Okorin e assim sempre serão vistos ,igualmente com quem nasce Obirin.
Pois Òrúnmìlà nos ensina que, filho de peixe não nasce pato.
Outro fato, que corre com freqüência , é no que se diz qualidades de òrìsà , outra
maneira de justificar um grave erro de alguns religiosos, que com certeza são
desprovidos de conhecimento.
Como todo filho de Òsóòsí, sou contestador e também, bem teimoso com relação às
minhas idéias, mesmo que contrariando tudo ou a todos. Se, é positivo ou negativo,
não sei. Deixo para que as outras pessoas decidam.
Não desejo afrontar ninguém, quero tão somente colocar aqui o meu pensamento
particular a respeito das tão faladas “Qualidades de òrìsà”, que eu friso , para
ressaltar minhas dúvidas sobre isso, no bom sentido, para dar motivos para que
outras pessoas pensem a respeito.
Segundo os conceitos Yorùbá, o Òrìsà é uno, para eles não existem as tão
chamadas “qualidades” que temos aqui no Brasil.
Se tem conhecimento que, o Bàbálòrìsà Altair t’ogun segue com o mesmo propósito
e conhecimento assim ele descreve o que pensa das chamadas qualidades.

Vamos dar alguns exemplos:

Airá, que não é qualidade de Sàngó; Ògunte, que não é qualidade de Yemonja;
Òpàrà, que não é qualidade de Òsún; Erìnle, que não é qualidade de Òsóòsì;
Sòrókè, que não é qualidade de Ògún; Gbálè e Oníra, que não são qualidades de
Oya; etc.........
Alguns desses òrìsà tinham cultos semelhantes aos destes outros, então, o
brasileiro os inseriu como iguais e assim ficou. Ou que ainda é simplesmente um
oríkì pelo qual o òrìsà é chamado, e pelo desconhecimento da língua Yorùbá,
acabaram virando mais “qualidades”.

Poderíamos citar inúmeros exemplos, mas, citaremos os mais comuns dentre nós,
como “Qualidades”, falando de Èsù.

Èsù é um òrìsà quiçá, o mais importante no panteão Yorùbá. Tudo e todos


necessitam da intervenção de Èsù, para executarem “n” tarefas. É aí que entram
com as tais qualidades, mas, que não passam apenas de funções diversas exercidas
por Èsù. Temos algumas como:

Èsù Elégbára:
Significa literalmente, Èsù Senhor da força ou do poder, o qual ele detém
incontestavelmente, de quem todos os demais òrìsà necessitam para executarem
seus feitos. Não é qualidade, é um oríkì pelo qual ele é chamado.

Èsù L’ònòn:
Èsù no caminho, local onde ele mora, na orítà (encruzilhada).

Èsù Ònòn ou Olóònòn


Èsù do caminho, Senhor dos caminhos, o Senhor das estradas, função em que ele
abre ou fecha os caminhos; a quem pedimos licença para transitar tudo o que
desejamos, inclusive a nós mesmos. Ele é o Oníbodè (O Porteiro), Oníbodè-
òrun (O Porteiro do Céu); ou Olútójú (O guardião, o Vigia), que revista a
todos que transitam por aquela porta onde ele está de guarda.

Èsù Elébo:
O Senhor das oferendas, função em que ele é o dono das oferendas recebidas ou
que as transporta aos demais òrìsà, com os nossos pedidos de bênçãos e beneces.

Èsù Òdára:
A função exercida quando ele nos traz tudo de bom, bem como as respostas dos
òrìsà aos nossos rogos, sempre é mensageiro de coisas e notícias boas.

Èsù Òjíse:
O Mensageiro, função em que ele faz a comunicação entre o ayé e o òrun, entre
os seres humanos e os ara-òrun. Também levando os nossos pedidos e retornando
com as respostas dos òrìsà. É também chamado de Òjíse Ebo (O Mensageiro
das Oferendas).

Èsù Elérù:
O Senhor do carrego, quando ele despacha tudo aquilo que não queremos, para
que vá para longe de nós, os males diversos como: morte, ruína, doenças, perdas,
negatividades, etc.
Estas e muitas outras denominações de Èsù são apenas para especificar qual a
função que ele exerce naquele momento, ou em definitivo.

Admite-se até que existe o Èsù Bára (Èsu do Corpo), o Èsù


individual que mora dentro de cada pessoa. Neste caso, no fundo é o mesmo Èsù,
que de acordo com a lenda do nascimento de Èsù, parido por Yèmòwò esposa de
Òòsààlà, e que logo ao nascer come todos os seres vivos do ayé, e quando tudo se
acaba, ele ainda continua com fome e tanto faz, que termina por comer sua própria
mãe, que se deixa devorar apenas para alimentar o filho.

Òòsààlà, seu pai neste ìtàn, ao vê-lo comer a própria mãe,


enfurecido puxa de sua espada e persegue-o para matá-lo. Ao alcançá-lo, Òòsààlà
desfere um golpe e parte Èsù ao meio. Ao invés de morrer, ele se transforma de
dois. Então, Òòsààlà desfere outro golpe cortando os dois; que se transformam em
quatro, e assim sucessivamente, até serem tantos que ocuparam quase todo o
espaço do ayé. Então, para que aquilo terminasse, Èsù fez acordo em que
prometeu a Òòsààlà, que restituiria tudo o que fora comido. Tudo aquilo que ele
recebera como oferenda, seria restituído em forma de retribuição a estas oferendas
por ele recebidas. Nesse ìtàn ele comeu todas as criaturas vivas, todas as frutas,
todas as sementes, todos os vegetais e bebeu toda a água, otí, emu; daí lhe ser
atribuido o termo: " boca que tudo come", e é por isso também, que ele recebe
qualquer coisa como oferenda.
E, como Èsù se dividira tanto, tanto; ficou também com a
incumbência de cada uma de suas “cópias” ficar como protetora do corpo de cada
ser humano que fosse moldado por Òòsààlà. Portanto, o nosso Bára é ao mesmo
tempo o nosso Èsù individual, porque vive dentro de nós. Mas, ele também é
apenas uma parte do todo de Èsù que foi dividido; sendo assim, o primogênito que
se dividiu “n” vezes, mas que, cada subdivisão é apenas uma pequena parte de um
todo, que é o próprio Èsù.

. 5 – Odù
A palavra de idioma Yorùbá e que esta ligada ao destino de todo ser, não se trata de
um signo assim como tentam afirmar alguns pesquisadores. Pois ao meu ver nossa
cultura não tem nada haver com o zodíaco , não somos cópias e sim copiados por
outras religiões.
Não existe tradução para nomes próprios ,por isso , afirmo que, Odù esta ligado ao
destino , mas isso não se faz entender que sua tradução seja essa.
Existem como já sabemos 256 Odù – Ifá, cada Odù , traz a interpretação dos fatos e
ocorrências obtidas dos consulentes.
Os Odù –Ifá fazem parte da crença Yorùbá em que Odù se trata como uma
divindade e igualmente aos Irúnmòle vieram do Òrun ( céu) para cidade de Ifè .
Enviado por Olódùmaré (Deus onipotente) para substitui Òrúnmìlà na terra após
retornar para o Òrun.
Cada Odù possui (600) seiscentos ese (poemas) que caracteriza o destino de cada
um, demonstrando ao Bàbálawo o motivo do sofrimento do seu consulente.
Esta sabedoria faz parte do aprendizado do sacerdote de Ifá, sendo assim, se faz ,
de suma importância o aprendiz se aprofundar nos estudos literários para que
realmente possa dar suporte aos que necessitam de ajuda e orientação espiritual.
Cada Odù estabelece uma hierarquia por ordem de chegado do Òrun para o Ayé.
A leitura se faz da direita para esquerda , assim também se faz a marcação no opon.
Darei a seguir alguns exemplos ,respeitando sua ordem Hierárquica.

1 - OGBÈ

I
I
I
I

2 – ÒYÈKÚ

II
II
II
II
3- ÌWÒRÌ

II
I
I
II

4 – ÒDÍ

I
II
II
I

5 – ÌRÒSÙN

I
I
II
II

6- ÒWÓRÍN

II
II
I
I

7 – ÒBÀRÀ

I
II
II
II

8 – ÒKÀNRÀN

II
II
II
I
9 – ÒGÚNDA

I
I
I
II

10 – ÒSÁ

II
I
I
I

11 – ÌKÁ

II
I
II
II

12 – ÒTÚRÚPÒN

II
II
I
II

13 – ÒTÚA

I
II
I
I

14 – ÌRETÈ

I
I
II
I
15 – ÒSÉ

I
II
I
II

16 – ÒFÚN

II
I
II
I

Os 256 Odù derivam dos 16 principais , se organizam em dois grupos distintos.


O primeiro grupo e com certeza o mais importante é o Ojú Odù.
Baseando-se na duplicação de cada um,sendo assim, a palavra èjì ou no mais
popular méjì que significa dois acompanha cada um.
E assim temos então o Èjì – Ogbè.
Eles se tornam méjì por possuírem dois lados iguais , lembrando que isso só ocorre
nos 16 principais ou seja Ojú – Odù.
O segundo grupo denomina-se de Omo – Odù ou Àmúlù , ou seja, aquilo que sofreu
uma mistura.
Ou seja, se misturado entre si ,dando origem a outros Odù.
Igualmente já descrito todos seguem sua ordem cronológica , sendo assim
descreverei abaixo a ordem dos 30 Odù mais velhos.

Cada Odù tem sua prescrição específica , por exemplo , no Odù Èjì – ogbè que é o
primeiro e o mais importante , que se trata do Bàbá Odù gbogbo e olo’orí ( pai de
todos Odù e senhor das cabeças),esta relacionado a boa sorte .
Já o 14 (décimo quarto) Odù Ìrettè Méjì esta relacionado com a morte.
É de conhecimento dos Bàbálawo que , cada um dos 256 Odù tem uma relação
direta e indireta com os Irúnmòle ( divindades).
De forma que muitos ese – Odù contenha nomes ou trate de um trecho da vida de
um Imole ou seja divindade.

Exemplo:

Quando ocorrer essa situação, o Bàbálawo orienta seu consulente a realizar o ètùtù
para este ou aquele òrìsà .
Dando um melhor exemplo , quando sair no Ifá de um consulente Ògúndá – méjì ,
acredita-se que, este Odù trata do histórico de Ògún , sendo assim o consulente
deve ofertar reverencias a este òrìsà , pois trata – se de guerras e conflitos onde só
um general pode nos encaminhar para vitória.

Além disso, ligando cada Odù a uma divindade Irúnmòle , a estrutura religiosa
Yorùbá torna-se complexa de modo que , cada Irúnmòle do panteão da mitologia
Yorùbá pode orientar consulente através do Odù que lhe pertence.
Tornando assim Ifá a voz dos Imole.

Reflexão:

Obtendo esta informação se conclui que:

Odù não se obtém através de um calculo matemático e sim através da consulta com
Ifá.
Datas de nascimento de nada nos servem a não ser para marcar nosso tempo de
vida neste ou naquele mundo.

6. - Oríkì

A tradição oral faz parte da cultura africana de forma intensa e significativa. Dessa
maneira grande parte das histórias, mitos, contos e cantos são transmitidos
oralmente de geração para geração. Desde a Antigüidade, o conto sempre teve um
lugar especial dentro do universo africano. Ele é concebido pelo grupo e para o
grupo, sendo o veículo por excelência da sabedoria tradicional.

Oriki significa observação, conhecimento e sabedoria sobre nossos ancestrais, e


condensa informações de toda uma linhagem. A tradição do oriki surge para
manter as informações sobre algum evento, repassada oralmente através de poesias
rítmicas que falam sobre a origem de determinada pessoa ou família, bem como
suas realizações mais importantes.

O oriki mistura harmonicamente as informações com o ritmo da fala, como a


maneira de se expressar para atingir intimamente e diretamente aos ouvintes.
Estes entram em contato com seus sentimentos mais profundos, sensibilizando-se
e refletindo sobre o atual momento.

Na cultura yorubá, o conhecimento é uma herança transmitida pelos ancestrais e


latentes em cada indivíduo como uma potência viva e criadora. Esta noção de
tradição oral se distingue da noção ocidental, que se limita a estórias, lendas ou
relatos mitológicos.

É a grande escola da vida, relacionando, recuperando e revelando a cultura vivida a


cada momento nos mais diferentes campos das atividades humanas como a
religião, a ciência, as artes, o trabalho, a família e o lazer, dentre outros.
Cada detalhe é importante, pois permite remontar a linhagem à qual pertence o
homem.

Esta tradição busca a todo momento propiciar uma reflexão mais profunda sobre a
filosofia da sociedade yorubá. Desta forma, o conhecimento profundo do oriki é
indispensável. Para este povo africano, é de vital importância apreender o máximo
de informações mais relevantes sobre cada situação, bem como repassá-las aos
seus descendentes.

No Brasil atualmente todos aqueles que se identificam com a cultura afro-brasileira


utilizam-se tanto da língua quanto práticas yorubás. Isto inclui a tradição oral do
oriki, usado para louvar e evocar as divindades.

É importante que esta evocação seja feita da maneira correta, incluindo a


pronúncia rítmica das palavras, pois, para os Yorubás a palavra é considerada sete
vezes mais poderosa que qualquer rito ou preparo. Uma vez pronunciada,
desencadeia resultados por vezes imprevisíveis. Grande importância é atribuída aos
nomes de pessoas, objetos, cidades e seres. Nada existe até ser nomeado, e os
nomes não são apenas termos abstratos, escolhidos ao acaso, e sim palavras
carregadas de significado.

A importância de se estudar o oriki relaciona-se diretamente com a identificação


das diferentes línguas e culturas africanas que participaram da formação da
sociedade brasileira. Neste sentido, definir o que é, como é, e o porquê desta
cultura contribuirá para o fortalecimento da identidade afro-brasileira.

Temos dois tipos de louvor aos òrìsà :


Oríkì ou Pipè , podendo usar ambas pois pipè quer dizer chamar.

Exemplo :

Oríkì SÒNGÓ ou SÒNGÓ PIPÈ .

Em alguns casos somente o Oríkì deve ser ultilizado ,como no caso de Yemowó ,
Òsùn , Oba .

É claro que se trata de apenas alguns exemplos , pois temos várias maneiras de
recitar um Oríkì ou seja, um para cada tipo de cerimônia .
Outro exemplo de Oríkì é o oríkì – oríle , que trata –se a denominação de linhagem,
Tanto podem pertencer a uma família como a um de seus descendentes , com a
finalidade de louvar seus ancestrais .
Muitas vezes , a homenagem se completa recitando este tipo de Oríkì
Da mesma fora e função temos o Oríkì – Amutorunwa , muito usado em louvores
de recém nascidos ; sendo que para gêmeos se utiliza mais o orile seguido do
Amutorunwa .
Oríkì Odùdúwa

Odùdúwa ibá
Bàbá mi a dá ìwa
Odúà , a n ìwa gun
Olóotu ife
Jagun Jagun , a fí wò oju ojo
bàbá mi jí lòwúrò kùtùkùtù
O be e , yeri yerí
Lòde Ife
Odúà
A jagun ségun
O gbo gbaa ibon lójú ogun , kó saa
Odùdúwa o furu bi oyé lóke
O Jagun kó erú
Òrìsà eni nwa ire
Alásé , a wi be se be
A ro be rí be
Ológun gbege
Odùdúwa gbéra nle ko dide
ki o dide owo
Ki o tún dide olá fún mi o!!!!

Tradução

Oduduwa sadações!!
Meu pai , que cria o comportamento
Odua, que faz as pessoas term boa conduta
O harmonizador da cidade de Ife
O guerreiro que, ao acordar pela manhã anda ativamente por toda cidade de Ife
O benfeitor que não deixa as pessoas passarem fome
O próspero que semeia a prosperidade na vida dos outros
O bom juiz que julga a favor e contra
O senhor do àsé da cidade de Ife
Odua , ovitorioso que guerreia e vence
Ele ouviu o som da espingarda na guerra e não fugiu
Oduduwa que aparece no ar com uma nuvem
Ele guerreou e trouxe muitos escravos
Òrìsà dos que procuram sorte
Tudo que ele fala acontece. O senhor do àsé
Tudo que ele pensa acontece
Aquele que possuiu magia ativa
Oduduwa , levante da terra
Que você levante com dinheiro e que também com prosperidade para mim.

7. – Gbadùrá

Este tipo de louvação é o mais apreciado entre os Yorùbá, por se tratar de uma
excelente veículo de transmissão do àsé, que traz o poder de realização.
Equivalente ao Oríkì, visam propiciar as graças enviadas pelos òrìsà por se
direcionar aos elementos que cada um deles dominam.
Sua diferença é que todo gbadùrá é cantado ou seja, recitado como uma canção
poética, é através deste tipo de louvor, que se consegue obter, prosperidade, saúde,
proteção, paz, perdão, ou seja, tudo o que se desejar obter em sua jornada.
Enquanto o bàbá vai recitando, os demais vão acompanhando e falando àsé!!!
Para que seja realmente consagrado tudo que se pede por todos.
Outro tipo de louvor muito conhecido é denominado Ibá, que significa, saudação.
Esta categoria é uma forma fantástica de saudar, de uma maneira bem especial os
òrìsà, Bàbálawo, ìdìlè, ègùngùn entre todos os Irùnmolè.
Sendo assim, antes de se realizar os ètùtù – oferendas, aos Irùnmolè tem de se
pronunciar um Ibá.
O que se espera com este gesto, é favorecer o acesso à força vital.
Quando direcionado aos agbá, constituem um sinal de respeito, quamdo são
direcionados aos Esa, estamos na verdade pedindo permissão para se dar inicio ao
culto.
Assim como se descreve o exemplo abaixo:

GBADÚRÀ TI EGÚNGÚN

Ilè mo pè o

Terra, eu vos chamo!

Gbogbo mònríwo

Todos os espírito do mònriwo

Ilè mo pè o

Terra, eu vos chamo!


Egúngún o

Ó Egúngún!

Ilè mo pè o

Terra, eu vos chamo!

Gbogbo mònríwo

Todos os espírito do mònriwo

Ilè mo pè o

Terra, eu vos chamo!

Egúngún o

Ó Egúngún!

Egúngún a yè, kíì sé bo òrun

Egúngún para nós sobrevive, a ele saudamos e cultuamos

Mo júbà rè Egúngún mònríwo

Apresento-vos meus respeitos, ó espírito do maríwo

Ilè mo pè o

Terra, eu vos chamo!

Gbogbo mònríwo

Todos os espírito do m ò nriwo

Ilè mo pè o

Terra, eu vos chamo!

Egúngún o

Ó Egúngún!

A kíì dé wa ó, a kíì é Egúngún

Nós vos saudamos quando chegais até nós, vos saudamos Egúngún
Won gbogbo ará asíwájú awo

A todos os ancestrais do culto

Won gbogbo aráalé asíwájú mi

A todos os ancestrais da minha família

Ilè mo pè o

Terra, eu vos chamo!

Gbogbo mònríwo

Todos os espíritos do mònriwo

Ilè mo pè o

Terra, eu vos chamo!

Egúngún o

Ó Egúngún!

Mo pè gbogbo ènyin

Todos os espírito do maríwo

Si fún mi ààbò àti ìrònlówó

Eu chamo a todos vós para virem dar-me proteção e ajuda

Agó, kìì ngbó ekún omo rè

Agó ao ouvir o choro dos filhotes,

Ilè mo pè o

Terra, eu vos chamo!

Gbogbo mònríwo

Todos os espírito do m ò nriwo

Ilè mo pè o

Terra, eu vos chamo!


Egúngún o

Ó Egúngún!

Ki o ma ta etí wéré

Responde rapidamente

Bàbá awa omo re ni a npè o

Ó pai, somos teus filhos e te chamamos

Ilè mo pè o

Terra, eu vos chamo!

Gbogbo mònríwo

Todos os espírito do m ò nriwo

Ilè mo pè o

Terra, eu vos chamo!

Egúngún o

Ó Egúngún!

Ki o sare wá jé wa o

Vem logo nos ouvir

Ki o gbó ìwùre wá

Ouve nossas rezas

Ilè mo pè o

Terra, eu vos chamo!

Gbogbo mònríwo

Todos os espírito do m ò nriwo

Ilè mo pè o

Terra, eu vos chamo!


Egúngún o

Ó Egúngún!

Má jè a ríkú èwe

Livra-nos da mortalidade “infantil”

Má jè a ríjà Èsú

Proteja-nos da ira de È s ú

Má jè a ríjà Ògún

Proteja-nos da ira de Ògún

Má jè a rija omi

Proteja-nos da ira das águas

Má jè a rija Soponná

Proteja-nos da ira de So p o nná

Ilè mo pè o

Terra eu vos chamo!

Gbogbo mònríwo

Todos os espírito do m ò nriwo

Ilè mo pè o

Terra eu vos chamo!

Egúngún o

Ó Egúngún

Mo Jùbá, bàbá Egúngún

Eu vos peço abenção, Pais Espíritos

Asé
8.- Iyàmi Eleye

Por se tratar de um assunto de muito respeito, quero orientar ao leitor que, se


mantenha nele o devido tratamento de um Awo – segredo.

Por se tratar de seres extremamente intolerantes aos seres humanos tudo que se lê
ou se fale sobre elas deve se manter em silêncio absoluto em forma de reverencia e
respeito, para que elas não se volte contra nós.

A posição das Iyà agbá no sistema espiritual esta atribuídas como seres de grande
malevolência, que atuam durante a noite para punir os falsos e mentirosos, todo
mau é ferido com sua própria maldade. Veremos no odù Osa – meji, como elas
vieram fazer parte do nosso universo e entenderemos todo esse processo de poder
se estabeleceu ao ponto de nenhum Irùnmolè conseguir derrotá-las.

Esta nas mãos delas a responsabilidade do mais justo sistema de justiça. Não há
condenação sem um julgamento apropriado e imparcial. Se alguém apresenta uma
acusação contra outra pessoa, elas considerarão todos os lados antes de chegar ao
veredicto final.

Também existe um pacto feito entre Orùnmìlá, Obátàlá e as Iyàmi Eleye, pacto este
que, as impedem de matar, amaldiçoar, aterrorizar ou machucar qualquer
discípulo que age de bom caráter e que tenha bom coração, de acordo com a
proclamação dos direitos recitados por Olodúnmàré (Deus).

Veremos também que, toda ação sofre uma reação, pois foram os seres humanos
que as ofenderam primeiro, matando seu único filho. Acontece que as Iyà agbá de
nome Ogborí veio ao mundo em forma mortal e suas irmãs chegaram ao mesmo
tempo. A mortal Ogborí teve dez filhos enquanto que sua irmã Òsòròngà apenas
um.

Um dia Ogborí necessitava de ir ao único mercado disponível de nome Oka


Ajigbomekon Akota, que se localizava, na fronteira do Òrún com o Àiyé, de modo
que, Ogborí pediu a sua irmã Òsòròngà que cuidasse de seus dez filhos até que ela
retornasse do mercado. Òsòròngà super os protejei de modo não acontecer nada
com as crianças de Ogborí.

Então é chegada a vez de Òsòròngà ir ao mercado e por se tratar de um longo


percurso, também pediu a sua irmã Ogborí que cuidasse de seu único filho,
enquanto Òsòròngà partia para o mercado, os filhos de Ogborí à atormentava
dizendo que estavam com vontade de comer a carne de passarinho. Ogborí então já
irritada com a situação diz aos filhos que buscaria o pássaro para eles comerem,
mas com uma condição, que eles, não deveriam tocar se quer no filho de sua irmã
Osòròngà.

Enquanto Ogborí foi ao mato atrás do pássaro para alimentar seus dez filhos, eles
se juntaram com ira em cima do filho de Òsòròngà, o matarão, assaram sua carne e
a devoraram. A medida que os filhos de Ogborí agrediam o único filho de
Òsòròngà, seus poderes à avisaram, e já pressentindo o pior, ela retorna
rapidamente a casa de sua irmã Ogborí, ao chegar constatou a morte de seu único
filho, ela não conseguia compreender aquela situação, ficou desesperada, Sua
cólera foi imensa, chorou muito e partiu para a floresta para viver com seu irmão
Iókò, irmão este que não gosta de ser incomodado por ninguém e por esse motivo
fez da floresta sua moradia.

Irókò ouviu o choro de sua irmã e quis que ela revelasse o motivo de tanta ira e
tristeza. Então ela o contou como os filhos de Ogborí torturou e matou seu único
filho, sem que Ogborí fosse capaz de impedi-los.

Irókó por sua vez a consolou, e lhe garantiu que partindo dos fatos relatados por
sua irmã Òsòròngà, ele mesmo se alimentaria dos filhos de Ogborí.

É por isso que não se entrega crianças para Irókò, e até os dias de hoje os Yorùbá
recorre a Òrúnmìlà quando a mortalidade infantil se torna fora de controle,
acreditando-se que Irókò e sua irmã Òsòròngà, estariam por traz destas mortes.
Foi Òrúnmìlà que apelou por Irókò e para Òsòròngà, afim de que aceitassem o
ètùtù e parassem com a mortalidade dos filhos dos leigos.

Utilizando-se de eyin, agoro, púpò epó entre outros itens. Da mesma forma que
Èsù, não podemos cultuar essas divindades sem profundo conhecimento, para não
sermos lesados ou acabar lesando a vida de outras pessoas. O sacerdote tem de ter
a exata noção de seus limites e conhecimentos.

Bi a bá perí akoni, á fi owó lalè......

Se falamos de um espírito de caráter violento, fazemos uma marca no solo; as


pessoas sentadas se levantam, por um breve momento em sinal de respeito.

E é assim que devemos agir ao mencionar as ìyàmì Èyèlè.

O relato descrito neste livro, é um resumo da imagem transmitida pelas tradições


Yorùbá.

Seu primeiro aspecto se da, em mencioná-las como mulheres velhas e sábias; tendo
como símbolo o igbá (cabaça) e um èyè (pássaro), usando do profundo
conhecimento mágico e transformando-se elas mesmas em pássaros para
realizarem assembléias noturnas, ou ainda, vigiar suas futuras vítimas.
Seu segundo aspecto, talvez o menos explorado, se da ao fato de Òlódùnmaré a
transformar no Odù lógbóje , aquela que recebe o poder do pássaro.

Recebe também um igbá que simboliza o aiyé, mas por abusar de seus poderes, lhe
foi tirado e transferido ao Obátala, é ele que exercerá seu poder que, embora esteja
com ele ainda é controlado por elas. Existindo feiticeiros homens denominados de
osó, que são menos violentos que as aje. Os dois casos são de extremo poder de
magia, sendo que só as aje os usam contra seus próprios familiares.

Um pode neutralizar o feitiço do outro, tendo em vista que o código de conduta dos
Osó , não os permite à enfrentar uns aos outros, sendo que as aje não respeitam
este código podendo enfrentar uma outra irmã ou filho.

Outra diferença. se da ao fato de, um Osó cultuar apenas ikú e seus discípulos,
quanto as aje, possuem seu próprio culto, independente de se tratar deste ou aquele
clã.

9. – Igbá – Odù

Assim com já descrito, todo iniciado deve passar pelo ide-odù ,para que ele possa
iniciar outras pessoas e ter condições de olhar seu Igba’dù sem ficar cego ou perder
seu equilíbrio .

O babaláwo irá a uma feira para adquirir os matériais necessários ao preparo de


uma mistura na qual ele irá passar em sua orí em defesa de toda energia qual será
evocada.

Todos os elementos serão moídos e separados, juntos formam uma mistura que
somente os iniciados podem vê-la, ou seja, pessoas que já possuam seu Igbá’dù.

Igbá-Odù significa aquele que possui todos os Ifá, esta divindade esta representada
por uma ou várias cabaças, contendo objetos sagrados e de alto custo, seu nome é
raramente pronunciado; por se tratar de espíritos dos babaláwo.

Seus Orùnkó são inúmeros, assim como exemplo abaixo:

Odùlogboje: aquele que é feito de chumbo e não madeira.

Ajerereabojuojo: aquele que seus olhos estão voltados em todas as direções.

Adakinikinikara: juíza suprema distingue o bem e o mau.

Alaburaja: que ama o sangue e dele se alimenta.

Okalekotogowo: aquela que tira o que quer de acordo com sua vontade, ou seja,
a ìyàgbá, Igbá – Iwa a cabaça da existência.
Representada por uma grande cabaça que contem quatro menores contendo vários
objetos sagrados e de alto custo.

Representa o misterioso oculto, aquilo que jamais pode ser revelado.

Odù w ala n pe l’odù!!!!!!

Odù que não conhecemos salva-nos, símbolo do céu e da terra em união fecunda,
detentora suprema de todo conhecimento.

Igba nlá a grande cabaça, simboliza a união do céu e a terra, não sendo permitido
em pretexto algum a remoção de sua tampa.

O igbá nlá diferenciada das outras é confeccionada de 1 cabaça grande e 15


menores, onde cada uma receberá um nome específico.

A primeira cabaça menor é chamada de Adesi, de ordem feminina é aquela que vai
e volta ( opa ra).

A segunda é Alesesi, de origem masculina;

A terceira é Alaola, origem feminina;

A quarta é Akalè, origem feminina guardião da casa.

A quinta é Bàbá aja, Osó retentor de todo o mau.

A sexta denomina-se Paya, de origem masculina é quem puni as mulheres


adulteras;

A sétima é Ìyà agbá, de origem feminina mãe de todos filhos do clã;

A oitava é Akama, de origem feminina é a guardiã das crianças;

A nona é Agaganigogodo, de origem masculina domina o mundo animal;

A décima é Folè, de origem masculina é quem destrói os culpados;

A décima primeira é Olorimerin, de origem feminina é guardiã dos pontos


cardeais;

A décima segunda é Elesemafa, de ordem feminina é quem da o destino as


crianças;

A décima terceira Adabidalè, de origem masculina retentor do bem e do mau é o


guardião dos arredores da casa;
Décimo quarto é Olo, de origem desconhecida o qual nada se sabe;

Décimo quinto é Ofun, de origem masculina comanda o desconhecido para que o


sagrado não seja violado.

Igbá – Odù, aquela que é grande e mora nos fundos da casa, onde ninguém transita
e cabe exclusivamente aos Bàbálawo cuidar de seus cultos e conservação.

Igbá –nlá, a grande cabaça representa o mundo e tudo que nele habita, sua
composição consiste em ;

Granizo que representa o ar, efún que representa a terra e folhas de fogo e tutu para
representar a água.

Quem manipula essa energia tem de possuir um profundo conhecimento de cada


propriedade, suas finalidades, saber quais representam cada um dos Irùnmolè, os
feitos de uma sobre as outras para que essa manipulação não se torne destrutiva e
nociva aos seres humanos.

Nosso objetivo é de incentivar aos leitores e amantes do culto aos òrìsà, um motivo
para que não se cansem de buscarem e obterem o conhecimento.

Pois assim se sabe que, é só através de conhecimento , respeito e humildade que se


faz presente no espírito de ÒRÚNMÌLÀ.......

Ifá a gbe wa o!!!!

10.- Curiosidades:

Àwon Àjo Àfiyèsí ti Òsun


Festejos de Oxum
A festa de Òsun Òsogbo é uma festa internacional que

se realiza no mês de agosto.

Nesta festa comemora-se o aniversário da cidade de


Òsogbo na Nigéria e também o "pacto" firmado entre

o Rei Laroye fundador e primeiro rei da cidade e a

divindade do rio Òsun. Todo ano a festa tem seu início

às dezessete horas no momento em que se acende a

lâmpada de Òsónyìn com dezesseis bocas,

a "olójumérìndinlogun", que fica assim até a madrugada.

Diz a lenda que os primeiros moradores de Òsogbo

viéram de uma cidade que hoje é chamada "Ìpolé"

(sul de Ilésà) também na Nigéria. Eles saíram de sua

cidade por causa da seca e depois de muitos dias de

viagem, chegaram à margem de um rio. Felizes, eles

decidiram instalar-se no local e começaram a cortar

árvores para a construção de suas casas. Aconteceu

que uma das árvores caiu sem querer no rio e, de

repente, eles ouviram uma pessoa em voz alta dizendo:

Òsó Igbó (de onde também pode ter vindo o

nome Òsogbo) pèlé o, gbogbo ìkòkò mi lé tí fo tan.

Feiticeiro da Floresta faça devagar,

já quebrou todos os meus vasos.

Nas antigas comunidade dos Yorùbá, os vasos eram

usados para guardar água para beber.


Como sinal de paz, Larooye, sentado em uma rocha,

ofereceu juntamente com seu povo, sacrifício à Divindade.

Esta rocha fica até hoje como uma referência simbólica

e de grande significado na festa de Òsun.

Hoje a cidade de Òsogbo é uma cidade moderna é a

capital do Estado de Òsun na região ocidental da Nigéria,

distante cerca de duzentos e cinqüenta quilômetros de

Lagos, a antiga capital. Além da festa de Òsun, a cidade

é notável pelas suas várias obras e galerias de arte.

Reconhecidos internacionalmente os artistas participam

nas exposições locais e internacionais. Lá estão milhares

de obras de escultura de batik, obras de tintura tradicional,

contas, entalhe, mosaico, pintura, etc. Dentre as galerias

podemos citar a Heritafwe RT Gallery, Nike Centre for Arts

and Culture, Odi Olowo, Dade Estarte e a Casa da Susan

Wenger a Adunni Olórìsà, sacerdotiza austríaca naturalizada

nigeriana.
Floresta Sagrada de Òsun

No dia da festa de Òsun, todo o povo da cidade, os

sacerdotes, adeptos, noviços, espectadores, bem como

os visitantes reúnem-se no Palácio de Atáója (título do rei)

e daí saem em procissão para o "Ojúbo Òsun" (Altar de

Òsun), com a Arugbá Òsun (a menina carregadora da

igbá – a cabaça) à frente. No Ojúbo, o Atáója faz os

sacrifícios necessários junto com a Ìyá Òsun e o

Bàbá Òsun.

A Ìyá Òsun é a sacerdotiza de Òsun. Ela cuida do sacrifício

diário à Òsun e também dos festejos. Cabe a Ìyá Òsun

invocar a divindade para dar a "água santa" que tem


poder de cura aos fiéis. Ela sabe o segredo completo de

Òsun e pode comunicar-se com ela. Ela canta também

os "oríkì" e louvores à divindade:

Saleru agbo

Agbara agbo

L' Òsun fi n wo mo re

Ki "dokita" o to de

A-bi-mo-ma-da-naa-le

Ìwo lá n powe-mo

Ore yèyé Òsun o.

Há também o "Àwòrò Òsun" o Bàbá Òsun (sacerdote de

Òsun ). Ele também participa dos sacrifícios juntamente

com a "Ìyá Osun". Ele pode comunicar-se com a divindade

e canta seus louvores:

Òsogbo orólí àsálà, Onílé obí

Òsogbo refúgio da riqueza, senhora da terra do obí

Òsogbo ìlú àro, àro dèdè bi okùn

Òsogbo cidade dos peixes, peixe grande gerado no


oceano.

Òsogbo oròkí Omo yèyé Òsun


Òsogbo palavra que é riqueza, filha da Mãe Idosa Òsun

Yèyé àtéwogbéja, a ní lábebe

Mãe Idosa a palma da mão que abençõa o peixe na beira


do riacho.

Òsun Òsogbo, rere ni o sun fún mi.

Òsun Òsogbo, faça fluir coisas boas para mim.

A "Arugbá Òsun " é uma mocinha que dedica toda sua

vida ao serviço de Òsun. Ela deve ser solteira, virgem

e assim permanecerá até o dia em que deixar o cargo

para se casar.

No último dia da festa, a Arugbá Òsun carrega a igbá

sagrada que contém as figuras sagradas e outros objetos

do ritual e lidera a procissão de Atáója do Palácio para o

terreiro de Òsun onde ocorrerão os sacrifícios e, em

seguida, a volta ao Palácio.

Cumprimentos
A Cultura Tradicional do Povo Yorùbá é muito rígida no

tocante a educação e respeito.

Os mais jovens são ensinados a manter todo o respeito

pelos mais velhos. Compreendendo que a idade é sinal

de posse de experiência e sabedoria.

O cumprimento dos mais jovens para com os mais velhos

é um sinal de demonstração desse respeito.

O dòbálè

(tradução literal = peito na terra vindo de dùbúlè que é deitar)

é o cumprimento feito "somente pelos homens", não cabendo

a mulher a atitude de deitar em respeito.

Para as mulheres cabe tomar a postura chamada de kúnlè

(literal = joelho na terra) ou seja, simplesmente "ajoelhar" e

pedir a bênção daqueles que são merecedores de respeito.


Apesar de poligâmica, e às vezes extremamente machista,

essa Cultura mantém um extremo cuidado para com as

crianças e mulheres. Nos cumprimentos, as mulheres não

expõem ao perigo seus seios ou ventre, para o caso das

gestantes, deitando-se sobre eles no chão como é o ato do

dòbálè.

Esse costume de cumprimentar deitando-se ou ajoelhando-se

foi mantido nas Ilé Òrìsà porém com o grave erro, o de fazer as

mulheres deitarem-se colocando os seios no chão, que saliento,

não é do costume do Povo Yorùbá.

O cumprimento, não está relacionado com o Òrìsà Olorí

(Dono da Cabeça), mas está diretamente relacionado com a

Boa Educação e com os cuidados com as mulheres. Portanto

que se compreenda que, é dever dos que mantém as Tradições

do Povo Yorùbá exigir o respeito a quem de direito, mas é dever

dos mais velhos zelar pelo bem estar daqueles que se submentem

à ele.
Kúnlè é o que as mulheres devem fazer para cumprimentar.

" Gèlè "

Nós sabemos que o Candomblé é um culto matriarca,

ou seja, as mulheres escravas mantiveram os costumes

religiosos africanos, dada as maiores facilidades que

tinham para esses afazeres em relação aos escravos

homens pois estes labutavam na lavoura.

Esse fato não pode justificar que, nos dias atuais, alguns

"enganos" ainda sejam cometidos e mantidos. Hoje o

Homem é mais ilustrado e encontra ricas fontes onde

buscar informações.

Se continuam errando é porque são preguiçosos e não

desejam evoluir em seus conhecimentos. Mudar, naquilo


que se julga importante mudar, é sinônimo de Evolução!

Vejamos o fato:

Os praticantes das Doutrinas Afro-brasileiras afirmam

que praticam um Culto de Origem Africana e alguns

deles sendo da origem do Povo Yorùbá, mas não adotam

verdadeiramente os costumes desses povos. O fato do

Candomblé ter sido, no passado, mantido pelas


mulheres,

não obriga aos homens usarem trajes femininos. O que

causa larga estranheza irônica para quem chega dos

Territórios Africanos e vê esse tipo de costume


brasileiro.
O gèlè / turbante é "acessório da vestimenta feminina"

para a cabeça, que aqui ficou conhecido como torso ou


oja.

Homem "não usa" gèlè !


Homem usa, na cabeça, fìlà, àketè /tipos de chapéu , ou

ainda elétíajá, fìlà òfì ou aso òkè.


Esta obra é fruto de domínio público não dando direitos especiais ou autorais a quem
quer que seja.

Por se tratar de uma cultura transmitida oralmente este projeto visa proteger e
esclarecer os leitores e amantes do culto Yorùbá a Òrúnmìlà – Ifá.

Bàbálòrìsà kekere Awo Ifágòàlà Èsú Monteiro

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