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Com base na experiência da CEA, o cálculo do BDI sempre suscitou inúmeras dúvidas e
controvérsias entre os profissionais da construção, que, apesar dos muitos estudos técnicos
existentes, não restam solucionadas: Como ponderar o lucro na taxa de BDI? Quais os custos
com administração local e central? Quais são os riscos? Quais os encargos financeiros
envolvidos e como calculá-los? Quais as conseqüências da redução ou eliminação do BDI?
Por conceito, o BDI é a taxa ou fator que incide sobre os Custos Diretos da obra para a
remuneração dos Custos Indiretos desta, assim formando o Preço de Venda dos serviços
(BDI = PV÷CD), de modo que no enquadramento dos custos como diretos ou indiretos muitas
opiniões são observadas, gerando grande polêmica entre os autores técnicos.
De modo convergente, o Eng. Mozart Bezerra da Silva, na 12a edição do TCPO – Pini
(2003), constata que “com a finalidade de reduzir a taxa de BDI, muitos contratantes consideram
parcial ou totalmente as despesas de administração local como custo direto, discriminando-as nos
itens da planilha até em contratos de empreitada. Apesar de não ser um bom procedimento (...)
trata-se de um procedimento comum. Neste caso, o construtor deverá orçar sua despesa de
administração local, descontando os itens incluídos na planilha do contratante, excluindo-os
assim do cálculo da taxa de BDI”.
Desta verificação, tem-se que quanto mais próximo de 1 for “k”, mais os custos indiretos
ficam desvinculados de variações nos custos diretos, sistemática que tem cada vez mais
aceitação entre os profissionais, pois minimiza possíveis distorções e permite uma melhor
representação da realidade dos custos nos orçamentos.
2. LUCRO
Na prática dos contratos analisados pelo TCE/RJ, verifica-se o uso de taxas menores, em
média de 5%.
Neste tipo de análise, a visão de lucro deixa de se restringir ao valor absoluto e passa a
considerar o tempo de retorno do investimento como um dos fatores da tomada de decisão.
Para fazer frente à redução do fluxo entre receitas e despesas que certamente ocorrerá, na
medida aproximada da perspectiva inflacionária máxima de 8,5% ao ano prevista pelo próprio
governo, ou aproximadamente 0,7% a cada mês, deve-se ponderar essa “quebra” de caixa como
despesa financeira no BDI.
Embora, tal prática não seja correta, do ponto de vista técnico de cálculo do BDI,
observamos, na prática, que é pequena a variabilidade dos componentes do BDI (taxa de lucro,
impostos, seguros, etc.), excetuando os demais custos indiretos que são os componentes mais
sensíveis quanto ao nível de complexidade da obra.
O BDI máximo adotado por estas Prefeituras é de 25%, esta fixação via decreto-lei
estabelece isonomia entre os agentes participantes do processo licitatório, quanto ao BDI.
Esta prática já é adotada pela União através da LDO – Lei de Diretrizes Orçamentárias
em vigor, que estabelece uma variação máxima de 30% sobre os preços referência do SINAPI.
A LDO de 2004 especifica, no seu artigo 101, que os custos de materiais e serviços de
obras executadas com recursos dos orçamentos da União não poderão ser superiores à mediana
daqueles constantes do Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil –
Sinapi, mantido pela Caixa Econômica Federal.
O parágrafo primeiro do mesmo artigo permite que este limite possa ser ultrapassado em
condições especiais que deverá ser devidamente justificada em relatório técnico circunstanciado,
aprovado pela autoridade competente, sem prejuízo dos órgãos de controle interno e externo.
O parágrafo segundo define que caberá a Caixa Econômica Federal a ampliação dos tipos
de empreendimentos atualmente abrangido pelo Sinap, de modo a contemplar os principais tipos
de obras públicas contratadas, em especial as obras rodoviárias, ferroviárias, e de edificações,
saneamento, barragens, irrigação e linhas de transmissão.
5. Comparativos de taxas de BDI de diversas entidades (EMOP, PINI, COOPTEC).
A Eletropaulo tem praticado uma taxa de BDI variável entre 37,15% mínimo a um
máximo de 54,47%, segundo estudo da Coppetec.
Segundo pesquisa nas obras de reformas, contratadas pelo Banco do Brasil, o valor mais
freqüente (moda) da taxa de BDI para obras pequenas é em torno de 20%, percentual que
podemos considerar como taxa mínima de BDI para obras pequenas e médias, não devendo-se
aplicar para obras de vulto.
O spread bancário, nos dias atuais, está situado num patamar de 41% - Impostos
(11,70%), Despesas administrativas (5,80%), Inadimplência (7,10%), lucro (16,40%).
Um estudo realizado pelo Banco Central aponta que o custo médio total dos empréstimos
chegou ao patamar de 83% no período maio-julho/99, sendo que o spread praticado pelas
instituições financeiras representou 62% deste custo, com a seguinte composição:
“Os altos spreads foram um dos motivos básicos para a forte expansão dos lucros do
setor financeiro. O crescimento dos 50 maiores bancos, em 2002, comparado com o ano anterior
foi de 90%”, segundo consultoria especializada (consultoria Austin Asis, OESP, 12/03/2003)
Os bancos cobram taxas de spread (BDI) altíssimas, enquanto que a construção civil tem
que diminuir ou mesmo abolir a inclusão do BDI, na orçamentação de obras públicas o que
fatalmente implicará em obras abandonadas ou paradas ocasionando altos custos sociais.
A perfeita estimação do percentual de BDI, para um tipo específico de obra traz reflexos
positivos na execução contratual cujo resultado é a entrega da obra com garantia de qualidade
pelo contratado.
A taxa percentual derivada dos custos indiretos, se bem dimensionada, vai de encontro as
necessidades do contratante, especificações técnicas de materiais, métodos executivos, qualidade
e segurança e, cumprimento de cronograma físico-financeiro.
O percentual relativo ao lucro, não pode ser neglicenciado pelos contratados, pois é a
meta principal de toda empresa privada a obtenção de lucro pelo exercício da atividade
empresarial.
Por fim a mensuração real da taxa de BDI leva contratante e contratado ao atendimento
de seus objetivos individuais: o executor recebe o preço justo e acordado e o contratante o
serviço como especificado.
A supressão deliberada do BDI nas obras públicas, ou sua redução para taxas inferiores as
justas leva usualmente as seguintes conseqüências:
♦ A obra foi mal orçada no orçamento estimativo inicial e os verdadeiros custos serão
superiores ao estimado.
♦ Os serviços serão executados de forma diferente do projeto Básico e das especificações
previstas no contrato.
♦ A obra poderá ser abandonada.
♦ custo real da obra deverá ser renegociado.
Bibliografia:
TCPO 2003 – Tabelas de Composição de Preços para orçamentos. 12. ed. São Paulo: Pini, 2003.
DIAS, Paulo Roberto Vilela. Engenharia de Custos. 3. ed. Rio de Janeiro: CREA-RJ; IBEC,
2001.
NEVES, Cesar das, coordenador. Análise do BDI na formação do custo de obras de engenharia
sobre empreitada. Fundação Coopetec. Apostila, 2000.