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AVALIAÇÃO DE CUSTOS

Avaliação De Custos

Composição De Custos De Serviços: Entenda Como Fazer

Para fazer um orçamento realmente útil, preciso e confiável, é necessário contar com um orçamen-
tista qualificado, desses que não se contentam em se acomodar em sua posição e trabalham continu-
amente para conhecer todas as variáveis do seu setor. Conhecimento, inclusive, que pode impactar
de maneira positiva ou negativa na condução de uma obra, gerando uma série de imprevistos, até
que a conta final seja fechada. Por isso, falaremos hoje sobre um dos principais aspectos que tendem
a desviar um projeto na construção civil do seu valor inicialmente previsto: os custos diretos e indire-
tos.

Como esse conhecimento pode ser fundamental para evitar falhas na confecção de um orçamento?
Confira o que temos para mostrar hoje!

Quais os custos de produção e critérios de custos para rateio?

Em primeiro lugar, vamos à definição básica de custos diretos e indiretos. Temos:

Custos Diretos

Gastos relacionados, de maneira direta, ao produto, à linha de produto e ao centro de custo ou depar-
tamento, sendo incluídos diretamente no cálculo dos produtos. Como exemplo, na construção civil,
podemos apontar como custo direto as matérias-primas empregadas na construção, na mão de obra
e nos serviços contratados.

Custos Indiretos

Por sua vez, os custos indiretos têm mais a ver com tudo aquilo que não pode ser diretamente relaci-
onado ao valor final de um produto ou serviço utilizado. Portanto, são aqueles que operam indireta-
mente à condução da sua obra, como a mão de obra indireta. A mão de obra indireta é aquela que é
rateada por horas/homem e os gastos com energia, baseados nessa mesma proporção de horas/má-
quinas, utilizadas em qualquer etapa de sua produção.

Além disso, podem ser considerados custos indiretos os gastos que não sejam diretamente associa-
dos ao produto, linha de produto, centro de custo ou departamento. Podem ser aqueles custos que
precisam de taxas e outros critérios de rateio para que sejam relacionados aos itens custeados.
Exemplos desse tipo de custo podem ser vistos logo abaixo:

 Valores aplicados à prestação de algum tipo de serviço;

 Depreciação do material de construção e outros elementos relacionados à obra;

 Seguros;

 Manutenção do maquinário.

A seguir, entenda um pouco mais sobre como diferenciar ambos os custos.

Como diferenciar os custos diretos e indiretos?

É importante que a empresa tenha pleno conhecimento de tudo aquilo que entra e sai do seu sistema
de requisições. Isso ajuda a identificar melhor o que diz respeito a um custo direto e indireto durante a
condução da obra.

Entretanto, especificamente para os custos diretos, é bom contar com o auxílio de um sistema de
apontamentos, que facilita analisar quais operários atuaram em cada tipo de serviço ou produto, agili-
zando o gerenciamento da obra. Ordens de serviço também são muito comuns no meio, pois garan-
tem uma verificação facilitada a respeito dos custos. Mas, para calcular especificamente os custos
diretos e indiretos, veremos a seguir um método prático:

Como Calcular Os Custos Diretos

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Por ser um valor relacionado ao conjunto de serviços utilizados para compor a obra — envolvendo
uma série de gastos, como materiais, equipamentos e mão de obra —, o primeiro passo para avaliar
os custos diretos da produção é a listagem desses custos. Depois, é preciso calcular o custo unitário
de cada um desses serviços.

Após feito isso, é importante avaliar o custo unitário, tanto dos serviços — como o salário dos traba-
lhadores — quanto dos materiais utilizados — que pode ser feito por meio de consultas diretas com o
seu fornecedor. Com todos os valores unitários apontados em sua listagem, basta multiplicá-los pelos
respectivos quantitativos. Dessa maneira, obtém-se os custos de cada tipo de serviço e que, em sua
totalidade, revela o subtotal dos custos diretos.

Como Calcular Os Custos Indiretos

Tal qual vimos anteriormente, os custos indiretos podem ser considerados os serviços de apoio que
complementam a execução da sua obra. Isso pode implicar, por exemplo, na construção de instala-
ções provisórias para o canteiro de obras, como escritórios, banheiros, vestiários e refeitórios.

Consequentemente, toda essa contratação envolve outros custos, como a administração local, o con-
sumo de recursos — como energia elétrica e água — e materiais de limpeza. Dessa maneira, isso
tudo deve ser relacionado em sua planilha como custos indiretos, o que, muitas vezes, tende a dar
uma dor de cabeça ao orçamentista, que acabam por não distingui-los dos custos diretos. Assim, é
importante calcular o custo unitário desses serviços complementares para, então, serem multiplicados
também pelos respectivos quantitativos, assim como foi feito para preencher os valores de custos di-
retos.

Com ambos os valores em mãos, para se ter o orçamento total da obra, é preciso calcular o BDI —
Benefício e Despesas Indiretas. Este importante valor é considerado uma margem aplicada para cal-
cular o preço de venda no comércio. Quando pensamos nesse coeficiente aplicado na construção ci-
vil, devemos levar em consideração:

Aspectos Que Compõem O Preço De Venda No Comércio

 Rateio da Administração Central;

 Despesas Financeiras de capital de giro;

 Taxa de Risco do Empreendimento;

 Todos os tributos federais e municipais;

 Despesas comerciais;

 Lucro do empreendedor.

No setor de construção civil, o BDI costuma variar de 30% a 40% do seu custo total. Por fim, vale a
recomendação ao orçamentista de que esse cálculo deve ser constantemente monitorado. Uma vez
que, muitos custos, como a Administração Local, a alimentação, o EPI e a Mobilização e Desmobiliza-
ção, já foram considerados custos indiretos e, por conta de modificações na legislação vigente, tor-
nam-se custos diretos. Até por isso, falamos no início deste texto que um bom orçamentista não se
atém apenas ao seu campo de atuação, devendo ser um profissional completo e em contínua atuali-
zação.

Depois do que vimos por aqui, você acha que ficou com alguma dúvida pendente a respeito dos cus-
tos diretos e indiretos? Para complementar tudo o que vimos por aqui, com uma série de outros co-
nhecimentos e novidades que podem ser aplicados nos seus canteiros de obras, convidamos você a
curtir a curtir a nossa página no Facebook. Assim, você e sua equipe só têm a se beneficiar com o
que há de mais moderno e aplicável ao sucesso de seus projetos na construção civil!

Entenda Os Tipos De Orçamento

Orçamento é a parte de um plano financeiro estratégico que compreende a previsão de receitas


e despesas futuras para a administração de determinado exercício.

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Na engenharia, é o trabalho realizado para se analisar a viabilidade de um empreendimento.

Para a concepção dos orçamentos, utilizam-se tabelas de apoio, fruto de estudos regulamentados
pelos governos federais e estaduais, além de outras instituições.

Conheça abaixo os 4 tipos de orçamentos básicos utilizados nas obras civis.

1. Estimativa De Custos

Trata-se de uma avaliação expedita realizada a partir da comparação com projetos similares. Per-
mite identificar a ordem de grandeza do custo do empreendimento.

A estimativa também pode ser feita a partir de índices genéricos. No caso de edificações, um indi-
cador bastante utilizado nas fases de estudo de viabilidade e anteprojeto é o custo unitário por me-
tro quadrado construído.

Uma das referências mais adotadas para esse tipo de estimativa é o CUB(Custo Unitário Básico de
Construção) – SINDUSCON.

Indicadores genéricos para alguns tipos de construção:

Tipo de Construção Indicador

Edificações R$/m² construído

Instalação de rede de drenagem, água ou esgoto R$/m de tubulação

Urbanização R$/hectare

Pavimentação ou Construção de estradas R$/km construído

O CUB é calculado a partir de diretrizes estabelecidas na Lei Federal nº. 4.591/64 e em conformi-
dade com os critérios definidos pela NBR 12.721:2006, de acordo com padrão da construção.

Custos Unitários Básicos de Construção – Ceará, Outubro de 2014

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É importante ressaltar que no cálculo do CUB não são considerados os seguintes itens: fundações,
submuramentos, paredesdiafragma, tirantes, rebaixamento de lençol freático; elevador(es); equipa-
mentos e instalações, urbanização, recreação (piscinas, campos de esporte), ajardinamento, instala-
ção e regulamentação do condomínio, impostos, taxas, projetos, remuneração do construtor e do in-
corporador, entre outros serviços.

Outros índices:

CUPE (Custo Unitário PINI de Edificações)

Índices PINI de custos de obras de Infraestrutura (SP)

IPCI (Índice PINI de Construção Industrializada)

2. Orçamento Preliminar Estimativo

É mais detalhado que a estimativa de custos e requer levantamento expedito de alguns quanti-
tativos.

Geralmente, é feito após a elaboração do anteprojeto e antes do desenvolvimento dos projetos


básicos.

Por exemplo, para estimar os custos com a superestrutura de uma edificação, vamos inicialmente es-
timar as quantidades referentes aos itens mais onerosos necessários à execução dessa etapa: fôr-
mas, aço e concreto.

O volume de concreto pode ser estimado a partir da espessura média, ou seja, a espessura que
uma camada de concreto teria se o concreto dos pilares, vigas, lajes e escadas do pavimento fosse
distribuído uniformemente pela área do pavimento.

Considerações Espessura média (cm)

Estrutura de edifícios com menos de 10 pavimentos 12-16

Estrutura de edifícios com mais de 10 pavimentos 16-20

Faça o teste! Esboce a estrutura de um pavimento qualquer, calcule a espessura média e verifique se
o valor encontrado se aproxima daqueles apresentados na tabela acima.

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Volume de concreto/Pavimento = Área do pavimento x Espessura média

O peso das armaduras é estimado a partir do consumo de aço por metro cúbico de concreto.

Considerações Consumo de aço (kg/m³)

Estrutura de edifícios com menos de 10 pavimentos 83-88

Estrutura de edifícios com mais de 10 pavimentos 88-100

Peso da armadura = Volume de Concreto x Consumo de Aço

A estimativa da área de fôrma é feita a partir da taxa de fôrma.

Taxa de fôrma (m² de fôrma/m³ de concreto)

6,00 m² – 1,00 m³

Área de Fôrma = Volume de Concreto x Taxa de Fôrma

3. Estimativa De Custos Por Etapa Da Obra

Leva em consideração o percentual de cada etapa da obra sobre o custo total. Geralmente é obtida
a partir de orçamentos de obras similares.

Por exemplo, na construção de uma praça orçada em R$ 247.858,43, o serviço Pisos representou
43,37% do custo total da obra.

Portanto, para uma praça com características semelhantes e valor total de R$100.000,00, estima-
se que R$ 43.370 serão gastos com pavimentação.

4. Orçamento Analítico

É a maneira mais precisa de estimar os custos da obra. É feito a partir de composições de custos
unitários para os serviços de cada etapa da obra, levando em consideração todos os insumos ne-
cessários à execução.

Além dos custos diretos, custos indiretos também são incorporados a esse tipo de orçamento.

A elaboração do orçamento requer que os projetos básicos estejam prontos, pois os quantitativos
adotados na planilha devem ser obtidos a partir desses projetos com a maior precisão possível.

Os preços unitários de cada serviço podem ser retirados de tabelas de referência ou por meio
de pesquisa de mercado.

Nesse último caso, recomenda-se que a pesquisa seja feita com pelo menos três cotações, ado-
tando-se como custo do insumo, o valor mediano obtido na pesquisa.

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Exemplo simplificado de Orçamento Analítico

Orçamento de Obras: Vantagens e tipos de orçamento

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Um bom orçamento de obras é essencial para o sucesso de uma construção. Com o orçamento em
mãos você saberá o quanto vai gastar em cada etapa de sua obra, podendo assim planejá-la com efi-
ciência.

A elaboração de um orçamento varia conforme o tipo de obra. Cada tipo de obra possui detalhes e
características únicas que um profissional capacitado sabe identificar. Alguns tipos de obras têm
maior incidência de equipamentos, outros de mão de obra.

Confira abaixo uma classificação comum dos tipos de obra:

 Obras de edificações;

 Obras de terra;

 Construção pesada;

 Transporte;

 Montagens e Instalações;

 Reformas e decoração.

Além disso, o orçamento de obras pode variar conforme o local onde a obra estará sendo construída,
período do ano que será construída, se no período seco ou chuvoso. Até mesmo a disponibilidade
financeira do construtor interfere em todo o orçamento, conforme a velocidade da construção.

Vantagens De Ter Um Bom Orçamento De Obras

1 – Planejar a Obra:

Com um orçamento executivo em mãos é possível planeja a obra com eficiência e definir a disponibi-
lidade financeira necessária para cada período da obra.

Além disso, é possível planejar a quantidade necessária de mão de obra e equipamentos em cada
fase. Quando não existe um orçamento é impossível que o construtor faça um bom planejamento da
obra.

2 – Reduzir Custos:

Com uma obra bem planejada é possível reduzir custos importantes. Conciliar serviços que depen-
dem dos mesmos equipamentos, dimensionar adequadamente as equipes de trabalho e comprar in-
sumos de forma antecipada são exemplos de medidas que podem reduzir consideravelmente os cus-
tos de uma obra.

3 – Controlar As Etapas Da Obra:

É possível averiguar se o que foi planejado está realmente sendo executado. Como a quantidade de
materiais e serviços e o prazo planejado.

Com este acompanhamento o executor consegue prever novas realidades e evitar imprevistos, como
o adiantamento ou adiamento da compra de determinados insumos ou a necessidade contratação de
mão de obra.

Além disso, com este controle é possível verificar se os recursos financeiros disponíveis serão sufici-
entes ou se haverá necessidade de recorrer a financiamentos ou empréstimos em determinado perí-
odo da obra.

4 – Poder De Negociação:

Com um orçamento bem elaborado o construtor pode realizar pesquisas de preço de forma anteci-
pada, o que cria a possibilidade da negociação.

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Compras urgentes e de última hora sempre são mais caras, então é mais do que necessário para o
construtor ganhar tempo hábil para pesquisar preços e negociar melhores vantagens para sua obra.

 Conheça as principais vantagens e desvantagens das casas de madeira.

Tipos De Orçamento

Existem também diversos tipos de orçamento de obras, que variam conforme a fase do empreendi-
mento.

1 – Avaliações:

A avaliação é o primeiro serviço realizado para verificar a viabilidade de um empreendimento. É acei-


tável para a avaliação uma margem de erro que varia de 20 a 30%.

Para a elaboração de uma avaliação são necessários:

 Área de construção;

 Padrão de acabamento;

 Custo Unitário Básico.

2 – Estimativa:

A estimativa é o próximo passo. É realizada quando já se tem ideia de como será a obra. É aceitável
para a estimativa de preço de uma obra uma margem de erro que varia de 15 a 20%.

Para a elaboração de uma estimativa são necessários:

 Anteprojeto;

 Preços unitários de serviços de referência;

 Índices físicos e financeiros de obras semelhantes.

3 – Orçamento Expedito:

O orçamento expedito é realizado quando já existe um projeto arquitetônico executivo da edificação e


boa parte dos serviços já estão especificados. É aceitável para a avaliação uma margem de erro que
varia de 10 a 15%.

Para a elaboração de um orçamento expedito são necessários:

 Projeto Executivo;

 Especificações definidas;

 Composições de preços de serviços genéricos;

 Preços de insumos de referência.

4 – Orçamento Detalhado:

O orçamento detalhado é elaborado quanto todos os projetos executivos estão finalizados, além disso
todas as especificações e serviços também estão definidas. É aceitável para um orçamento deta-
lhado uma margem de erro que varia de 5 a 10%.

Para a elaboração de um orçamento detalhado são necessários:

 Projeto Executivo;

 Projetos complementares;

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 Especificações precisas;

 Composições de preços e serviços específicos;

 Preços de insumos de acordo com cada serviço.

5 – Orçamento Analítico:

O orçamento analítico só é possível de ser realizado quando o planejamento da obra está definido, é
o orçamento mais rigoroso e próximo da realidade. É aceitável para um orçamento analítico uma mar-
gem de erro que varia de 1 a 5%.

Para a elaboração de um orçamento analítico são necessários:

 Projeto Executivo;

 Projetos complementares;

 Especificações precisas;

 Composições de preços e serviços específicos;

 Preços de insumos de acordo com cada serviço;

 Planejamento da obra.

Considerações Finais

Antes de começar seu empreendimento faça um bom orçamento de obras. Entre em contato com um
profissional de engenharia e verifique as condições para elaborar este tipo de serviço. Uma obra bem
feita começa com um bom planejamento e isso só é possível com um orçamento adequado.

Ainda ficou com alguma dúvida ou quer colaborar com o conteúdo, deixe um comentário. Compartilhe
com seus amigos este conteúdo, você pode ajudar alguém que está precisando.

Como Fazer Um Orçamento De Obras: O Passo A Passo Completo

Confira o passo a passo como fazer orçamento de obras para qualquer edificação. Conheça as defini-
ções de custos diretos, indiretos e composição de custos.

O orçamento de obra é um dos processos mais importantes de toda a etapa de construção. Este do-
cumento define o quanto será gasto na execução de uma edificação e ajuda tanto o proprietário da
obra quanto o construtor a manter um controle de gastos mais eficiente.

Quando um orçamento é mal feito, pode causar problemas futuros como a falta de dinheiro para ter-
minar os serviços planejados e o prolongamento dos prazos de execução.

Neste artigo, iremos descrever todo o processo de como fazer um orçamento de obras de edifica-
ções, explicando os principais conceitos e definições.

O Que É Orçamento De Obra?

Um orçamento de obra é a determinação dos gastos para a execução de um projeto, desde a sua
concepção até a assistência técnica após a entrega do empreendimento, conforme um plano previa-
mente estabelecido.

Não se deve confundir orçamento com orçamentação. Orçamentação é o processo de elaboração do


resultado final de custos de uma obra. O orçamento é justamente esse resultado, ou seja, é o produto
final da orçamentação.

Uma das principais razoes de sucesso de uma obra é a finalização de suas atividades dentro do
prazo e com o custo dentro do planejado.

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Porém, é muito comum de se encontrar obras não finalizadas ou mal acabadas devido a não previsão
de alguns gastos significativos no orçamento.

Em geral, um orçamento é estipulado somando-se os custos diretos, custos indiretos, impostos e o


lucro esperado pelo construtor.

No decorrer deste artigo, iremos descrever o que cada um desses termos significam.

Classificações Do Orçamento

De acordo com as fases do projeto, pode-se alterar o orçamento conforme a definição de seu escopo
e detalhamento.

Geralmente, dependendo em que fase se encontra o projeto, o orçamento pode ser classificado
em estimativa de custo, orçamento preliminar e orçamento analítico ou detalhado.

Estimativa de Custos

A estimativa de custos é, como o próprio nome já diz, uma avaliação aproximada do custo do pro-
jeto baseando-se em projetos anteriores realizados na mesma região da edificação ou em tabelas de-
senvolvidas por empresas privadas ou públicas.

Este tipo de orçamento serve apenas como base para ter uma ideia de quanto será gasto. O grau de
certeza é muito baixo nesse caso.

Para obras de edificações, o indicador mais utilizado é o CUB (Custo Unitário Básico) resultante de
uma pesquisa mensal pelo SINDUSCON de cada estado. Ele representa o valor médio por metro
quadrado de cada estado obtido por meio de coleta dos valores praticados pelas construtoras.

Os custos no CUB estão divididos em:

 Tipo de construção: Residencial, comercial, galpão industrial ou casa popular

 Número de pavimentos: 1, 4, 8, 12 ou 16 pavimentos

 Número de quartos: 2 ou 3 quartos

 Padrão de acabamento: Baixo, normal ou alto

É importante ressaltar que o CUB não é uma ferramenta precisa para a realização de um orçamento.
Ele não contempla custos com projetos, fundações, valor do terreno, paisagismo, elevadores, ar-con-
dicionado, impostos, lucro, dentre outros.

Orçamento Preliminar

No orçamento preliminar o grau de detalhamento já um pouco maior do que na estimativa de custo.


Nessa fase do orçamento já são estimados as quantidades e os custos de pequenos pacotes de tra-
balho.

Dessa forma, já pode-se estimar as espessuras das lajes de concreto, da quantidade de aço e de
forma por m3 de concreto, dentre outros.

Por exemplo: fazendo-se um orçamento analítico de um prédio de 10 pavimentos, pode-se ter uma
noção aproximada de quantidades de concreto, madeira, tijolos, blocos, etc, que serão utilizados na
construção e assim estimar os custos para a compra de material e mão de obra que serão precisas
para a execução dos serviços.

Orçamento Analítico

O orçamento analítico é a maneira mais detalhada e precisa de se conhecer os custos envolvidos


na construção de uma edificação.

Neste tipo de orçamento, faz-se o uso de composições de custos de cada serviço que será utilizado

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na obra discriminando as quantidades de materiais, equipamentos e mão de obra por meio dos proje-
tos detalhados.

É necessário conhecer os custos diretos (materiais, equipamentos e mão de obra) e também


os custos indiretos (custos com o escritório central, salários administrativos, impostos, lucros, etc).

O orçamento analítico é o mais preciso desses três tipos de orçamento e é o mais utilizado quando se
tem um escopo bem desenvolvido e aprovado pelos interessados na obra.

Custos Diretos E Custos Indiretos

Custos Diretos

Os custos diretos de uma obra se referem aos custos que estão diretamente relacionados com o
serviço a ser executado. São custos diretos os gastos com os materiais, equipamentos e mão de
obra.

Para a determinação dos custos diretos é realizado uma composição de custos em que é mostrado
todas as quantidades e índices de insumos e mão de obra.

Existem algumas tabelas de composição de custos prontas, realizadas por empresas públicas e pri-
vadas para estabelecer um padrão dos serviços levantados em obras.

DICA: Os encargos de profissionais que trabalham diretamente na execução são considerados como
custos diretos.

Custos Indiretos

Os custos indiretos são aqueles que não estão necessariamente relacionados com os serviços exe-
cutados em campo.

Por exemplo, o presidente da empresa não está diretamente ligado aos serviços de obra. Porém, ele
recebe o seu salário e este deve ser previsto em orçamento.

Os custos indiretos são os gastos com a administração central da empresa ou escritório central, cus-
tos com despesas administrativas, com taxas de seguro e riscos.

Composição De Custos

Como dito anteriormente, a composição de custos é uma ferramenta que contém todos os levanta-
mentos de insumos e mão de obra que será gasto para um determinado serviço na obra.

Devem ser abordados os insumos que incidem sobre algum serviço com suas quantidades, índices,
custos unitários e custos totais.

Dessa forma, fica mais fácil a obtenção de um valor mais exato para a realização de alguma etapa da
obra.

Exemplo De Composição De Custos

A seguir iremos mostrar como fazer uma composição de custos de 1 m2 de execução de alvenaria
de vedação com bloco cerâmico de 14 x 19 x 39 cm com furos na vertical. Logo, a espessura da pa-
rede será de 14 cm e as juntas de argamassa mista de 10mm com traço 1:2:9 (cimento, cal hidratada
e areia).

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Composição de custo de alvenaria de bloco cerâmico

Passo 1: Calcular a quantidade de tijolos por metro quadrado

Deve-se calcular a quantidade de blocos por metro quadrado de parede executada. Para isso, deve-
mos considerar a área de cada bloco e a espessura das juntas de argamassa.

Veja aqui como calcular a quantidade de tijolos.

Pode-se utilizar a equação abaixo para determinar esse número de blocos por m2:

Fórmula para cálculo de tijolo

Portanto, para esse caso teremos:

n = 1/[(0,39 + 0,010)x(0,19 + 0,010)] = 12,5 unidades de tijolos por metro quadrado. Usaremos 13 uni-
dades.

Passo 2: Calcular o volume de argamassa por metro quadrado que será utilizada

Agora, deve-se calcular o volume de argamassa por meio da espessura que será realizada. Neste
caso, de 10mm.

Fórmula para cálculo de argamassa em uma alvenaria

Logo, tem-se:

v = [1 – 12,5 x (0,39 x 0,19)] x 0,14 = 0,01032 m3 de argamassa por m2 de alvenaria

Como a argamassa do exemplo será de cimento, cal hidratada e areia média, deve-se obter a quanti-
dade de cada um desses insumos.

Para a fabricação de 1m3 de argamassa, tem-se:

 Cimento: 130 kg

 Cal hidratada: 282 kg

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 Areia média: 1,22 m3

 Servente: 10 horas

Portanto, para a execucao de 1 m2 de alvenaria, precisa-se de:

 Cimento: 130 kg/m3 x 0,01032 m3 = 1,34 kg

 Cal hidratada: 282 kg/m3 x 0,01032 m3 = 2,91 kg

 Areia média: 1,22 m3/m3 x 0,01032 m3 = 0,0126 m3

 Servente: 10 horas/m3 x 0,01032 m3 = 0,10325 h

Passo 3: Calcular as produtividades da mão de obra

Para este passo, o ideal é você ter um índice real coletado junto à sua própria equipe.

A produtividade da mão de obra é a quantidade de serviço executado em um determinado intervalo


de tempo. Normalmente, é expresso em horas.

Quanto maior a produtividade, maior será a quantidade executada por algum profissional.

No caso desse exemplo, iremos utilizar uma equipe de 1 pedreiro e 1 servente que consome 0,80 h
cada um para a execução de 1 m2 de alvenaria.

Portanto:

 Pedreiro: 0,80 h

 Servente: 0,80 h

Passo 4: Montar a planilha de composição de custo

Com todos os dados previamente calculados e conferidos, pode-se prosseguir para a montagem da
tabela e a definição do custo do metro quadrado do serviço.

Para isso, irei utilizar valores de custo que servirão para ilustrar o exemplo.

Insumo Unidade Índice (unid/m2) Custo Unitário (R$) Custo Total (R$)

Bloco cerâmico unid 13 2,80 36,40

Cimento Kg 1,34 0,40 0,54

Cal hidratada Kg 2,91 0,45 1,31

Areia média m3 0,0126 80,00 1,01

Pedreiro h 0,80 13,25 10,60

Servente h 0,9032 9,95 8,99

Valor Total 58,85

Obs: Não foram considerados perdas e desperdícios de materiais durante o levantamento.

Passo 5: Calcular O Custo Para A Execução De Um Serviço

Após montar a composição de custo para um determinado tipo de serviço, estamos aptos a saber
quanto iremos gastar para executar qualquer quantidade dessa mesma atividade.

Se quisermos saber quanto custa para executar 50 m2 de alvenaria de bloco de cerâmico com furos

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na vertical, dimensões de 14 x 19 x 39cm e argamassa de cimento, cal hidratada e areia, traço 1:2:9,
basta multiplicar a quantidade de metros quadrados pelo custo total por metro quadrado.

Cronograma Físico-Financeiro

Planilha mostra evolução da obra e o quanto será gasto ao longo do tempo

Quando se inicia uma obra, o ideal é saber exatamente quanto tempo os trabalhos vão durar e, con-
sequentemente, quando vão acabar. Por isso, antes de colocar a mão na massa, é importante plane-
jar com detalhes os serviços que serão executados em todas as fases de execução do projeto.

O resultado desse planejamento é o cronograma da obra. Esse registro expressa visualmente a pro-
gramação das atividades que serão realizadas durante a construção. Ele pode ser mais ou menos de-
talhado, contemplando a duração de serviços específicos (por exemplo, a instalação das esquadrias
de um edifício) ou apenas as fases mais gerais da obra (fundações, estrutura, alvenaria, etc.).
Quando ele mostra, também, os valores que serão gastos, ao longo do tempo e em cada uma dessas
atividades, ele recebe o nome de cronograma físico-financeiro.

Essa programação organizada permite que o construtor compre ou contrate materiais, mão de obra e
equipamentos na hora certa. Se ele fizer isso depois do momento ideal, a obra atrasa. Se fizer antes
do tempo, pode perder materiais no estoque ou pagar mão de obra e equipamentos que acabam fi-
cando parados, sem trabalho.

Portanto, a elaboração de um cronograma físico-financeiro realista exige a participação de várias pes-


soas diretamente envolvidas com a obra - proprietário ou incorporador, engenheiro, mestre de obras,
orçamentistas e compradores, entre outros gestores. Uma vez que o cronograma está pronto, as pos-
sibilidades de alterações são mínimas.

Para Que Serve O Cronograma

Organizar O Caixa

No cronograma físico-financeiro, as despesas com a execução dos serviços são detalhadas semanal
ou mensalmente, dependendo do tipo de construção. Isso permite que os administradores do caixa
da obra saibam exatamente quanto vão gastar e quando isso vai acontecer, evitando despesas e em-
préstimos imprevistos. Da mesma forma, eles podem planejar o investimento do dinheiro que ainda
não foi gasto, que rende juros e reduz as despesas do construtor.

Organizar O Tempo

O cronograma mostra, em uma linha do tempo, o começo e o fim de cada uma das fases ou ativida-
des da obra. A qualquer momento, portanto, é possível verificar com rapidez o andamento das diver-
sas frentes de serviço. Assim é possível definir prioridades e concentrar o foco nas equipes que even-
tualmente estejam mais atrasadas em relação às demais. O cronograma também ajuda a planejar as
compras de produtos e materiais de construção, reduzindo estoques desnecessários no canteiro.

Bancos não gostam de perder dinheiro. Por isso, quando fazem empréstimos para obras, exigem que
o construtor apresente o cronograma físico-financeiro junto com os projetos, a planilha orçamentária e
o memorial descritivo da obra. Juntos, esses documentos servem como garantia de que o dinheiro
emprestado será efetivamente usado na construção ou reforma de um imóvel.

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AVALIAÇÃO DE CUSTOS

Cronograma Físico-Financeiro

O cronograma físico-financeiro, muito utilizado nos projetos de construção (obras), tem características
que podem ser utilizadas em quaisquer projetos. Ele é “físico” porque apresenta o “avanço real” das
entregas do projeto, no caso das obras são as etapas de constrção. Ele é “financeiro” porque apre-
senta os custos relacionados no tempo.

Por Que Usar O Cronograma Físico-Financeiro

Este modelo de cronograma é bastante prático, ele pode ser utilizado para mostrar em um só dia-
grama, o percentual de avanço de todas as entregas do projeto, além dos custos envolvidos.

É bastante útil para justificar o valor da obra, conseguir investidores e sobretudo, monitorá-la. Ele au-
xilia no monitoramento do fluxo de caixa, permitindo que o engenheiro possa antecipar os momentos
de desembolsos. Ajuda ainda, a projetar a obra no tempo, mostrando qual a nova previsão de conclu-
são a cada atualização.

Como Organizar O Cronograma Físico-Financeiro

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AVALIAÇÃO DE CUSTOS

Fundamentalmente o cronograma físico-financeiro deve mostrar: entregas, progresso (%) e custos


incorridos no tempo. Existem diferentes formas possíveis para mostrá-lo, abaixo apresento um for-
mato exemplo, que permite o cálculo automático dos custos menais e acumulados.

Cronograma físico-financeiro – Exemplo 1

Exemplo de outro formato de cronograma físico-financeiro:

Cronograma físico-financeiro – Exemplo 2

4 Dicas Para Fazer Um Cronograma Físico–Financeiro De Obras

O cronograma físico–financeiro de obras é uma ferramenta criada para auxiliar os gestores de obra a
gerenciar os custos e os prazos de suas construções. Portanto, é indicado a todos os responsáveis
pelo fluxo de elaboração, gestão e revisão de obras.

Ele é muito útil para elencar os prazos de cada fase, tarefa e atividade do projeto de construção, as-
sim como seus custos. Então, a partir das informações do cronograma físico–financeiro, você pode
gerar um diagrama de Gantt e fazer um resumo do custo acumulado do projeto. Muito útil, não é
mesmo?

Confira, então, algumas dicas para fazer um cronograma físico–financeiro de obras:

1. Defina Previamente Todas As Atividades Da Obra

O primeiro passo é realizar a Estrutura Analítica do Projeto, uma listagem de todas as atividades que
precisam ser concluídas para que o projeto seja finalizado. Mas, afinal, como definir uma atividade?

Bem, não há um conceito preestabelecido e tudo dependerá da cultura da sua empresa, porém o
ideal é agrupar as tarefas que demandam os mesmos insumos e serviços profissionais. Então, pode
ser mais geral, como uma atividade denominada “fundações”, ou mais detalhado, como “perfuração
de estacas”, “concretagem de estacas”, etc.

2. Otimize O Cronograma

Você pode estar se perguntando por que não colocamos todas as atividades em ordem cronológica
de uma vez. Porém, se fizermos assim, podemos perder a oportunidade de otimizar o cronograma da
obra, pois há diferentes tipos de ligações entre etapas da obra:

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AVALIAÇÃO DE CUSTOS

 ligações finish-to-start, em que uma etapa só pode começar quando outra tiver terminado;

 ligação start-to-start, na qual duas etapas devem necessariamente iniciar simultaneamente;

 ligações finish-to-finish, em que duas etapas devem ser concluídas preferencialmente juntas.

Assim, o gestor da obra pode organizar as tarefas de forma a otimizar os recursos e o tempo, evi-
tando, por exemplo, que atividades necessariamente subsequentes (finish-to-start) sejam feitas muito
tempo após a conclusão outra.

3. Projetar A Duração De Cada Atividade

Estamos chegando cada vez mais perto da conclusão cronograma físico–financeiro de obras. Na
etapa anterior, você aprendeu a sequenciar atividades. Agora, será o momento de estimar a duração
de cada uma delas. Há três formas de se fazer isso:

 estimativas análogas: quando você adota como parâmetro o tempo gasto em uma obra anterior. Por
exemplo, a fundação da obra anterior demorou três meses, como essa obra é semelhante, estipularei
a mesma duração;

 estimativas paramétricas: são simples regras de três. Se a instalação de 16 portas e 48 janelas le-
vou 7 dias, então a instalação de 24 portas e 72 janelas demorará 10,5 dias.

 opinião especializada: ocorre quando você faz uma consulta com um especialista e ele lhe dá uma
estimativa. Por exemplo, você precisa de uma estrutura de concreto armado e ele prevê a duração de
10 dias.

Adapte sempre esse esquema aos imprevistos e riscos que ocorrem nas suas obras, para não ficar
desesperado quando algo ocorrer.

4. Finalmente: Elabore O Cronograma Físico–Financeiro De Obras

Você, nesse caso, poderá tanto fazer o seu próprio modelo cronograma em um programa de plani-
lhas, como o Excel, ou, então, baixá-lo na internet. Caso deseje fazer seu próprio cronograma, reco-
mendamos que você coloque na primeira coluna a descrição da atividade, acrescente o custo na se-
gunda, e, nas demais linhas, a data de início e fim.

Outros dados podem ser acrescentados conforme a demanda da sua obra. Por exemplo, é possível
acrescentar a duração em dias, o andamento da atividade, etc.

O cronograma físico–financeiro de obras é uma ferramenta valiosíssima para o gestor de obra, pois é
capaz de integrar, em uma única interface, as principais informações a respeito de uma obra.

O Que É O BDI ? E Como Se Calcula ?

O custo total de um empreendimento é constituído por dois grandes grupos de custos ou despesas:
os custos diretos e as despesas indiretas.

Custos diretos, são aqueles que resultam dos insumos (materiais, serviços e tempo de equipamento),
aplicados no empreendimento, acrescidos dos respectivos encargos. No caso dos materiais, esses
encargos são representados pelos fatores de perda e reaproveitamento. No caso da mão-de-obra,
consideram-se os encargos sociais e trabalhistas. No caso do equipamento, consideram-se outros
fatores apropriados, como rendimento, ociosidade etc. O custo direto é obtido com bastante objetivi-
dade pois resulta das quantidades de serviços, definidas pelo projeto e dos respectivos preços unitá-
rios, definidos pela especificação, que também faz parte do projeto.

As despesas indiretas são aquelas que não podem ser atribuídas diretamente aos insumos aplicados.
São conseqüência da realização dos serviços e necessários para a efetivação, e, por essa razão,
parte do custo real do empreendimento. Enquanto os custos diretos podem ser atribuídos diretamente
às unidades ou partes de serviços, os custos indiretos, em geral, são mais facilmente atribuídos a
agrupamentos de serviços, como, por exemplo, uma estrutura de concreto ou, mesmo, uma obra
completa.

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AVALIAÇÃO DE CUSTOS

Todos os custos de um empreendimento se classificam como diretos ou como indiretos, portanto, é


válida a expressão: CD + DI= CT, sendo:
CD= custos diretos,
DI= custos indiretos (despesas indiretas) e,
CT= custo total. Dividindo os dois membros dessa expressão por CD, tem-se
1+ DI/CD = CT/CD. O primeiro membro é o fator que, multiplicado pelo custo direto nos dá o custo
total.

O benefício, ou lucro, é a remuneração do empreendimento, associada ao risco da sua realização.


Não deve ser confundida com a remuneração do capital, pois esta é computada na forma de juros.

O custo direto, acrescido do BDI (despesas indiretas e lucro ou benefício), formam o preço de venda
ou comercialização do empreendimento.
CD + DI + B = CD + BDI = CT + B = P. A incidência das despesas indiretas, pode, às vezes, ser ques-
tionada e considerada subjetiva, mas a observação, cuidadosa e a experiência podem conduzir a va-
lores objetivos e confiáveis.

Os componentes do custo indireto podem ser facilmente identificados e agrupados em:


Custos administrativos locais
Custos administrativos centrais
Custos comerciais
Custos financeiros
Encargos fiscais

Estes custos podem incidir de diferentes formas sobre o custo do empreendimento: sobre os custos
diretos, sobre o preço final, sobre a diferença entre o preço final e o custo total sobre os serviços (ex-
cluídos materiais e equipamentos).

Considerações sobre o cálculo do BDI segundo a jurisprudência do Tribunal de Contas da União

O BDI (taxa de Bonificações e Despesas Indiretas), também denominada LDI (taxa de Lucro e Des-
pesas Indiretas), é conceituado pelo Instituto de Engenharia como “o resultado de uma operação ma-
temática para indicar a margem que é cobrada do cliente incluindo todos os custos indiretos, tributos,
etc. e logicamente sua remuneração pela realização de um empreendimento” [1]. Já o TCU, na Deci-
são nº 255/1999 - Plenário, definiu o BDI “como um percentual aplicado sobre o custo para chegar ao
preço de venda a ser apresentado ao cliente”.

A principal controvérsia relacionada ao BDI reside em definir quais custos podem ser incluídos em
seu cálculo, o que foi objeto de estudos técnicos que subsidiaram os Acórdãos nº 325/2007 e nº
2.369/2011, ambos do Plenário da Corte de Contas.

Em especial, destaca-se, de acordo com deliberações já proferidas pelo TCU [2], a impossibilidade de
comporem o BDI os seguintes tributos: Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e
Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), por incidirem sobre o preço dos materiais, não estando
incluídos, pois, na categoria de despesas indiretas; Contribuição Provisória sobre Movimentação ou
Transmissão de Valores e de Créditos e Direitos de Natureza Financeira (CPMF), que deixou de vigo-
rar a partir de 1º de janeiro de 2008; e Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ) e Contribuição
Social sobre Lucro Líquido (CSLL), por se tratar de tributos de natureza personalística.

A propósito, confira-se o entendimento consolidado na Súmula nº 254/2010 do TCU, verbis:

“SÚMULA Nº 254/2010 - TCU: O IRPJ – Imposto de Renda Pessoa Jurídica – e a CSLL – Contribui-
ção Social sobre o Lucro Líquido – não se consubstanciam em despesa indireta passível de inclusão
na taxa de Bonificações e Despesas Indiretas – BDI do orçamento-base da licitação, haja vista a na-
tureza direta e personalística desses tributos, que oneram pessoalmente o contratado.”

Por outro lado, na Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2012 (Lei nº 12.465, de 12/08/2011), ficou esta-
belecido um norte mínimo para a composição do BDI. Veja-se o teor do § 7º do art. 125 do referido
diploma legal:

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AVALIAÇÃO DE CUSTOS

“Art. 125...

§ 7º O preço de referência das obras e serviços de engenharia será aquele resultante da composição
do custo unitário direto do sistema utilizado, acrescido do percentual de Benefícios e Despesas Indi-
retas - BDI, evidenciando em sua composição, no mínimo:

I - taxa de rateio da administração central;

II - percentuais de tributos incidentes sobre o preço do serviço, excluídos aqueles de natureza direta e
personalística que oneram o contratado;

III - taxa de risco, seguro e garantia do empreendimento; e

IV - taxa de lucro.”

Além da discussão sobre o que pode ou não compor o BDI, há ainda a questão da fórmula matemá-
tica a ser empregada em seu cálculo, a qual deve refletir adequadamente a incidência de cada um de
seus componentes sobre os custos diretos.

No Acórdão TCU nº 2.369/2011 - Plenário (item 9.10 do voto do Relator), propõe-se a adoção de fór-
mula matemática anteriormente trazida pelo Acórdão nº 325/2007, porém com alguns ajustes. Con-
fira-se:

9.10. A fórmula para obtenção da taxa de BDI proposta nestes autos, com alguns ajustes em relação
àquela adotada no âmbito do Acórdão n. 325/2007 – Plenário, é a especificada a seguir, conside-
rando-se que AC é a taxa de rateio da administração central, S é uma taxa representativa de Segu-
ros, R corresponde aos riscos e imprevistos, G é a taxa que representa o ônus das garantias exigidas
em edital, DF é a taxa representativa das despesas financeiras, L corresponde ao lucro bruto e I é a
taxa representativa dos impostos (PIS, COFINS e ISS).

Vale destacar que as taxas inseridas no numerador da fórmula recaem sobre os custos diretos, ao
passo que as contidas no denominador incidem sobre o preço de venda (faturamento), como apon-
tado no item 31 do citado Acórdão nº 2.369/2011. Tal observação é reforçada no item 39 da mesma
decisão: “a taxa representativa da incidência de impostos constante do denominador da fração da fór-
mula de cálculo do BDI é aplicada sobre o preço da venda da prestação do serviço, enquanto que as
demais taxas que figuram no numerador são aplicadas sobre o custo.”

Especificamente no que tange aos valores referenciais para as taxas de BDI explicitadas no Acórdão
nº 2.369/2011 para cada tipo de obra, importa observar que o intento do TCU, ao instituir valores refe-
renciais, é o de oferecer parâmetros para que tanto o gestor público como os órgãos de controle pos-
sam avaliar os preços das obras, sem que se configurem os mesmos, contudo, como “indicadores ab-
solutos e fixos no tempo”. Nesse ponto, cabe reproduzir esclarecedor trecho da mencionada decisão:

“234.O dever de licitar impõe à Administração Pública o dever de orçar com critério e respeitar as pe-
culiaridades de cada projeto. Não raro a Administração utiliza um mesmo BDI para toda e qualquer
obra. Esta simplificação pode acarretar graves distorções no orçamento, com impacto na contratação
da obra. As peculiaridades de cada tipo de obra são os elementos que melhor ilustram a impossibili-
dade de fixar taxas únicas de BDI.

235. Os percentuais variáveis dos elementos que compõem o BDI, com exceção dos tributos, cujas
alíquotas são definidas em lei, guardam estreita relação com características particulares de cada
obra, mas também com as de cada empresa, em especial, com aquelas consideradas no momento
em que se realiza o orçamento, tais como porte e situação financeira da empresa, número de obras
em execução, representatividade do porte e da natureza da obra para a empresa, logística necessá-
ria, necessidades operacionais, atratividade estratégica do contrato, dentre outros aspectos.

236.Um valor de referência, contudo, não deve ser desconsiderado. Não se trata de intervenção di-
reta do Estado como produtor de bens e serviços, mas de mediação na busca do equilíbrio entre a
Administração Pública, a sociedade e os prestadores de serviço. Uma referência é necessária para
possibilitar que o gestor, por exigência legal, estime o orçamento, já que não possui as características
das empresas e precisa se orientar por um padrão que simule a estrutura de custos das licitantes.
Isso não significa que não haja discrepâncias nas propostas ofertadas. Porém, maiores divergências

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AVALIAÇÃO DE CUSTOS

em relação à referência adotada somente poderão ser justificadas caso identificadas as característi-
cas ou as causas que as originaram.

237.Por outro lado, não cumpre especialmente ao TCU estipular às construtoras percentuais fixos
para cada item que compõe a taxa de BDI, ignorando as peculiaridades da obra e das empresas que
contratam com a Administração pública, e até mesmo da conjuntura econômica do país. Sobre o
tema, de forma muito incisiva no caso concreto de contratos da obra de construção da Ferrovia Norte-
Sul, trata o Acórdão 2.843/2008 - Plenário:

‘Sumário:

(...)

A negação de um limite para a remuneração das empresas em seus BDIs, obtidos de valores comu-
mente praticados em empreendimentos congêneres, não somente pode propiciar um enriquecimento
sem causa do particular, mas violar uma série de princípios primordiais da Administração, mormente
a economicidade, eficiência, moralidade e finalidade, além de viciar a avença em seus basilares de
boa-fé e função social do contrato.

Voto

(...)

21. Adentro, agora, no questionamento do BDI utilizado na composição dos custos de referência. Se-
gundo o agravo, o percentual de 20,25% do SICRO2 seria incompatível com a realidade das empre-
sas e das características da obra em questão. Esta parcela seria a verdadeira causa do sobrepreço
encontrado pela SECOB, a redundar na adoção da medida cautelar.

22. Na alegação da especificidade do BDI para cada empresa e cada empreendimento, assiste razão
às contratadas; realmente, concordo que cada construtora tenha o seu BDI específico, visto a estru-
tura organizacional distinta de cada particular. De igual maneira, é verdade que cada obra exija nuan-
ças administrativas diferentes ou necessidades díspares a impactar diferentemente em seus custos
indiretos.

23. Entretanto, um BDI médio – aceitável – tomado a partir de obras de tipologia semelhante, não é
somente possível, mas indispensável. É bem verdade que cada empresa alveja uma margem de lu-
cro e que possui maior ou menor estrutura, mas a negação de um limite não somente pode propiciar
um enriquecimento sem causa, mas violar uma série de princípios primordiais da Administração, mor-
mente a economicidade, eficiência, moralidade e finalidade. Excessos na remuneração, provindos ou
não do BDI, viciam a avença em seus basilares de boa-fé e função social do contrato.

24. Ao estabelecer um BDI referencial, portanto, não se alvitra, simplesmente, fixar um valor limite
para o contratado. A utilização de um valor médio, em associação a outros custos do empreendi-
mento, propicia a percepção de um preço esperado da obra – aceitável –, harmônico entre os interes-
ses da Administração e do particular.’

238.O objetivo do presente trabalho é oferecer parâmetros para que gestores públicos e órgãos de
controle possam avaliar os preços das obras, com um BDI simplificado e razoável, permitindo maior
concentração na análise dos preços unitários para detectar com segurança possíveis incompatibilida-
des. Esse procedimento facilita o acompanhamento dos serviços executados na obra, evita repercus-
sões indesejadas no seu preço total decorrentes de eventuais aditamentos contratuais, além de mini-
mizar as eventuais distorções decorrentes da vinculação da variação de qualquer custo direto à varia-
ção indiscriminada de todos os custos indiretos.

239.O que importa é estipular faixas de aceitabilidade para esses itens de forma a coibir valores abu-
sivos ou injustificados de preços, melhorar a eficiência dos gestores, promover o uso mais racional
dos recursos públicos, bem como assegurar que o procedimento licitatório permita a seleção da pro-
posta o mais consistente sob o prisma do mercado, e assim, verdadeiramente, a mais vantajosa para
a Administração Pública.

240.A adoção de um BDI a ser observado na composição do preço de uma obra ou serviço de enge-
nharia encontra amparo na LDO. A Lei determina que o preço de referência das obras e serviços será

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AVALIAÇÃO DE CUSTOS

aquele resultante da composição do custo unitário direto do Sinapi e do Sicro, acrescido do percen-
tual de Benefícios e Despesas Indiretas incidente, que deve estar demonstrado analiticamente na
proposta do fornecedor.

241.Observa-se que, assim como se deve determinar o detalhamento dos custos unitários, deve-se
exigir dos licitantes o detalhamento de sua composição de BDI e dos respectivos percentuais pratica-
dos, não só para realização de crítica dos componentes considerados pelos licitantes, mas também
para a formação de uma memória de valores que permita à Administração pública, tendo em vista as
peculiaridades de cada obra e empresa, realizar orçamentos com precisão cada vez maior. Nesse
contexto, é importante considerar que qualquer variável de formação do BDI é passível de ocorrer ou
não, incluindo o lucro e os tributos sobre o lucro.

242.Entende-se, no entanto, que a análise de orçamentos de obras públicas deve ser realizada com
base nos preços dos serviços, isto é, deve ser feita a comparação do preço orçado e/ou contratado
com o preço paradigma de mercado, pois a verificação de apenas um dos componentes do preço –
custos unitários dos serviços ou taxa de BDI – é insuficiente para constatação da adequabilidade da
planilha orçamentária de uma obra, conforme dispôs a ementa do Acórdão n.1.551/2008 – Plenário:

‘9. Não se admite a impugnação da taxa de BDI consagrada em processo licitatório plenamente vá-
lido sem que esteja cabalmente demonstrado que os demais componentes dos preços finais estejam
superestimados, resultando em preços unitários completamente dissociados do padrão de mercado.
Na avaliação financeira de contratos de obras públicas, o controle deve incidir sobre o preço unitário
final e não sobre cada uma de suas parcelas individualmente. (...), (grifo nosso).’

243.Cumpre ressaltar, também, que é dever do gestor zelar pelo Erário e, portanto, cabe a ele garan-
tir que, nos contratos firmados, os preços dos serviços estejam adequados, isto é, sejam iguais ou
inferiores aos preços paradigma de mercado, não exista jogo de planilha no orçamento, o projeto bá-
sico seja bem elaborado, contenha orçamento detalhado do custo global da obra fundamentado em
quantitativos de serviços e fornecimentos propriamente avaliados e em custos unitários de serviços
menores ou iguais à mediana do Sinapi e, no caso de obras e serviços rodoviários, à tabela do Sis-
tema de Custos de Obras Rodoviárias (Sicro) e exista a composição da taxa de BDI adequada à
obra.

244.Por fim, as variáveis envolvidas em cada item que compõe o BDI estão em constante mutação,
imprimem um caráter dinâmico ao processo de parametrização, não se configurando como indicado-
res absolutos e fixos no tempo. Em cada atividade que se lance, haverá variáveis que não encontra-
rão conformidade no todo, mas a construção de um cenário em que o planejamento orgânico e estru-
turado esteja presente deixará a Administração Pública menos vulnerável aos erros, menos sujeita às
contingências da improvisação e, por conseqüência, mais próxima aos êxitos e acertos.” (grifou-se)

Com isso, à exceção dos tributos, que possuem suas alíquotas fixadas em lei, as demais taxas que
compõem o BDI podem apresentar valores distintos daqueles indicados como referência pelo TCU,
desde que devidamente justificadas e comprovadas pela licitante as causas que originaram a diver-
gência de valores.

Particularmente quanto à taxa relacionada ao lucro, esclarece o multicitado Acórdão nº 2.369/2011 o


seguinte:

“177. O lucro é um conceito econômico que pode ser descrito de diversas formas para representar
uma remuneração alcançada em consequência do desenvolvimento de uma determinada atividade
econômica. Complementa a formação do Preço de Venda, sem que possa ser considerado como
item de custo, já que é uma parcela que contempla a remuneração do construtor.

178.Há uma grande indefinição quanto às margens de lucro competitivas. Um procedimento cada vez
mais utilizado para calcular o lucro de um empreendimento toma como base a TIR – Taxa Interna de
Retorno, que é a taxa que iguala o investimento inicial ao fluxo de caixa de todo o período. A TIR
deve acompanhar as taxas de mercado para a remuneração do capital acrescentando-se uma taxa
de risco empresarial. Neste tipo de análise, a visão do lucro deixa de se restringir ao um valor abso-
luto e passa a considerar o tempo de retorno do investimento.

179.No entanto, seja qual for o procedimento de cálculo adotado, deve-se lembrar que o lucro decla-
rado no BDI é apenas uma meta, que, se alcançada, torna possível a justa remuneração da empresa

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AVALIAÇÃO DE CUSTOS

em decorrência da obra. Ainda, como na maioria das vezes, sendo empresa de mercado, detentora
de informações e competências, utilizará de sua vantagem de forma a otimizar os custos para maxi-
mizar seu lucro por meio da diferença entre a receita e o custo de produção. Isto é lícito e aceitável.

180.A Constituição Federal, no seu art. 173, § 4º, condena o abuso do poder econômico, exteriori-
zado pela ‘dominação dos mercados’, pela ‘eliminação da concorrência’ e pelo ‘aumento arbitrário
dos lucros’. Observa-se que não há condenação à prática de lucros ou qualquer definição que consi-
dere o que seja lucro abusivo ou aceitável; o que se condena é o aumento arbitrário, que caracterize
abuso de poder econômico.

181.Também, a Lei 8.666/1993, no seu art. 43, inciso IV, ao estabelecer o critério de julgamento dos
preços praticados na licitação, tem como parâmetro os preços correntes no mercado. Por conse-
guinte, sendo o preço proposto pelo licitante, incluindo o BDI, compatível com o preço de mercado,
não há que se falar em lucro excessivo.

182.Ademais, ao utilizar os conceitos anteriormente mencionados e tendo em vista que o lucro repre-
senta a remuneração de fatores como o custo de oportunidade do capital aplicado, a capacidade ad-
ministrativa, gerencial e tecnológica adquirida ao longo de anos de experiência no ramo, a responsa-
bilidade pela administração do contrato e a condução da obra, a estrutura organizacional da empresa
e os investimentos na formação profissional do seu pessoal, além de criar a capacidade de reinvestir
no próprio negócio, e não somente da atividade econômica da empresa, ficará evidente a árdua ta-
refa de se definir um percentual máximo para a aceitação do lucro. Não há, pela mera análise do per-
centual praticado, como caracterizá-lo como excessivo ou abusivo, também não se pode limitar o lu-
cro praticado pelo empreendedor se não for constatado abuso de poder econômico decorrente de seu
aumento abusivo.

[...]

190. Embora o trabalho procure estabelecer, com base em números indicativos do seguimento da
construção civil, uma faixa de variação considerada aceitável para o percentual de lucro praticado pe-
las empresas em licitações públicas, vale ressaltar que trata-se de uma faixa de referência, não ha-
vendo previsão legal para que essa seja fixada ou limitada.

191. Assim, seguindo o mesmo critério utilizado para o item Administração Central, chega-se para as
obras e serviços de engenharia a seguinte faixa de variação de referência para o item Lucro:

Parcela de Lucro na Composição do BDI

Valores incidentes sobre Custo Direto

Obras e serviços de engenharia Mínimo Máximo Médio

Faixa de variação de referência 5,00% 12,00% 8,50%

Tabela 14 – Parcela de Lucro na composição da taxa de BDI.” (grifou-se)

Como visto do trecho acima transcrito, não há norma legal que limite o lucro das empresas; o que se
coíbe é o seu aumento arbitrário. Nesse diapasão, cabe à Administração solicitar da contratada infor-
mações que justifiquem o percentual adotado para a taxa de lucro, a fim de que consiga o gestor, no
caso concreto, compará-lo com a média do mercado e, em consequência, apurar se há ou não abuso
de poder econômico decorrente do aumento excessivo do lucro.

Em relação aos tributos ISS, PIS e COFINS, insta frisar que suas alíquotas são fixadas por lei, ca-
bendo, no ponto, tecer apenas algumas considerações.

De início, no que tange ao ISS, “destaca-se que os municípios gozam de autonomia para fixar as alí-
quotas deste tributo, desde que respeitados esses limites [3], e que, nos orçamentos, se deve adotar a
alíquota de ISS do município onde o empreendimento é realizado, e não aquela de onde fica a sede
da empresa construtora” (Acórdão nº 2.369/2011 – Plenário, item 170).

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Ademais, convém destacar que, nos termos do art. 7º, inciso I, § 2º, da Lei Complementar nº
116/2003, a base de cálculo do referido tributo é o preço do serviço, excluído desse montante o custo
dos materiais fornecidos.

Assim, deverá a Administração observar se a alíquota do ISS aplicada pela contratada é a mesma
adotada no Município onde os serviços estão sendo prestados. Além disso, “É certo que a alíquota
efetiva de ISS a configurar na taxa de BDI será inferior à taxa prevista na legislação do município
onde será realizada a obra, pois deve ser desconsiderada a despesa relativa aos materiais” (Acórdão
nº 2.369/2011 – Plenário, item 175).

Já no que se refere ao PIS e à COFINS, suas alíquotas variam de acordo com o regime de tributação
do Imposto de Renda escolhido pela empresa. Ou seja, para as empresas que optam pelo regime de
incidência não-cumulativa (lucro real), as alíquotas de contribuição para o PIS e para a COFINS são,
respectivamente, de 1,65% e 7,6%, ao passo que, para as que optam pelo regime de incidência cu-
mulativa (lucro presumido), tais alíquotas são, respectivamente, de 0,65% e 3%.

Importante atentar ainda, como mencionado no item 164 do Acórdão nº 2.639/11 – Plenário, para o
disposto no art. 8º da Lei nº 10.637/2002 e no art. 10 da Lei nº 10.833/2003, os quais prevêem hipóte-
ses de sujeição ao regime de incidência cumulativa, destacando-se, dentre elas, as seguintes: pes-
soas jurídicas tributadas pelo Imposto de Renda com base no lucro presumido ou arbitrado; pessoas
jurídicas optantes pelo SIMPLES; e receitas decorrentes da execução, por administração, empreitada
ou subempreitada, de obras de construção civil, até 31/12/2015 (Lei nº 12.375/2010).

Desse modo, de acordo com os dispositivos legais supracitados, permanecem aplicáveis as alíquotas
de 0,65% e 3%, respectivamente, para o PIS e para a COFINS, nas hipóteses neles arroladas, o que
inclui as obras de construção civil. Contudo, também esclarece o TCU no item 166 do Acórdão nº
2.369/2011 que se excetuam dessa regra os serviços técnicos especializados (projeto, consultoria,
gerenciamento, fiscalização), aos quais permanecem aplicáveis as alíquotas do regime não-cumula-
tivo, de 1,65% e de 7,6%.

Desta feita, faz-se necessário que, em cada caso concreto, a contratada comprove por meio de docu-
mentação seu regime de tributação, a fim de que possa ser certificado pela Administração se as alí-
quotas do PIS e da COFINS consignadas na planilha de formação do BDI conferem com sua opção
tributária. Ressalta-se ainda que, caso o serviço objeto da contratação não se enquadre como serviço
técnico especializado, deverá a Administração solicitar a adequação das alíquotas ao regime cumula-
tivo (0,65% e 3%), além de providenciar o ressarcimento imediato das eventuais diferenças apuradas.

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