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Projeto Perito Federal – Engenharia Civil

Engenharia Civil
Análise Orçamentária e SINAPI
Introdução
Ao iniciarmos o estudo sobre Aná lise Orçamentá ria, é importante que tenha-se algumas definiçõ es muito bem enraizadas,
por vezes, elas serã o trazidas invertidas ou subvertidas pelas questõ es. Essas informaçõ es encontram-se no manual de
metodologias do SINAPI.

 O que é o SINAPI: São Publicações da CAIXA econômica Federal que reúnem as metodologias e conceitos utilizados no
desenvolvimento e manutenção das referências técnicas do SINAPI, inclusive relacionados aos Custos Horários de
Equipamentos, Encargos Sociais e Encargos Complementares, que são recolhidas pelo IBGE.

 O que é o CUB: CUB como o resultado da soma dos custos de MATERIAIS, MÃO DE OBRA e EQUIPAMENTOS dividido pela ÁREA
CONSTRUÍDA

 Definições básicas do Orçamento:

o Custo: É o valor monetário utilizado para construção ou produção de uma obra, sendo assim todos os insumos da obra,
incluindo valores para suportar as atividades da mesma. Ou seja, integra os custos diretos e indiretos.

o Preço: É o valor monetário que será pago ao contratado pelo serviço executado. Sendo que nele integra os custos diretos,
custos indiretos e o percentual das Bonificações e Despesas Indiretas (BDI), também conhecido como Lucros e Despesas
Indiretas (LDI), logo o preço será dado por: Custos totais * (1+BDI).

 Atributos do Orçamento:

o Aproximação: Um orçamento é baseado em previsões e estimativas, portanto, não deve-se esperar que seja
exato, mas sim, que seja preciso.

o Especificidade: Os orçamentos são específicos para a obra e empresa que vão realizar os serviços, portanto, não
são genéricos. Consideram fatores como: condições locais (clima, relevo, vegetação, condições do solo, qualidade
da mão de obra, facilidade de acesso a matéria prima, etc.).

o Temporalidade: Os orçamentos são feitos para um ponto fixo no tempo. Assim, considera os coeficientes de mão
de obra, insumos e materiais para o momento atual da obra. Por isso, o orçamento não pode ser considerado
para outras condições e tempo que não àquelas para qual foi planejado.

 Classificação do Orçamento segundo Grau de Detalhamento:

o Estimativa de Custos: Conhecido como Expedito, é feito a estimativa através da comparação com projetos
similares, normalmente usando-se índices como o CUB, o MW por potência instalada ou o custo por km de
rodovia construída. É usado nas etapas iniciais, para avaliar a viabilidade econômica do empreendimento.

o Orçamento Preliminar: É mais detalhado que a estimativa de custos, necessita de levantamento de quantidade
dos serviços mais expressivos e preços dos insumos principais. Há menos incerteza que o expedito.

o Orçamento Detalhado: É feito com as composições de custos e pesquisa de preços dos insumos. Tenta
aproximar-se ao máximo do custo real da obra. Precisa de projetos detalhados e especificações em nível
suficiente para o levantamento preciso dos quantitativos e entendimento da logística de apoio necessário à
produção.

 Classificação do Orçamento segundo a Finalidade:

o Gerenciais: São aqueles que amparam decisões gerenciais sobre o que se planeja executar. Tem base nos estudos
técnicos preliminares, ou seja, é elaborado nas etapas inicias do projeto.

o Contratuais: Amparam as ações de execução do empreendimento ou obra. Podem ser desenvolvidos no anteprojeto,
projeto básico, executivo ou nos as built.

o Pericial ou de Auditoria: São usados para embasar decisões sobre pendências ou solucionam dúvidas a respeito
dos gastos necessários para a execução do empreendimento ou obra de construção. Mescla métodos de orçamento e
técnicas de amostragem.

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 Classificação do Orçamento pela Apresentação de Informações:

o Sintético: Apresenta os custos de uma obra agrupando serviços por macro itens ou etapas (infraestruturas,
superestruturas, vedações, canteiros, etc.) funcionando assim como um “resumo” dos itens da obra. Ou seja, vê a
obra de forma global.

 Orçamento Sintético Global: Compreende o resumo do orçamento analítico expresso através das etapas
com valores parciais ou grupos de serviços a serem realizados, com seus respectivos totais e o preço
do orçamento da obra, sendo vedado o uso de valores ou unidades genéricas.

o Analítico: Apresenta visão detalhada de macro itens ou etapas ao detalhar quantitativos e custos unitários de casa
serviço a ser executados, além das parcelas referentes aos custos indiretos. Ou seja, vê a obra de forma detalhada.

 Estrutura do Orçamento:

o Custos Diretos: É a soma de todos os custos ou serviços necessários para a execução física da obra, obtidos
por estimativa pela multiplicação da quantidade de insumos associados aos coeficientes de consumo, pelos seus
correspondente preço de mercado. Também estão inclusos nesses custos, equipamentos, mão de obra, encargos
sociais e complementares. (EPI, transporte dos trabalhadores, alimentação, ferramentas, exames médicos
obrigatórios e seguros de vida em grupo). São facilmente quantificáveis e identificáveis.

o Custos Indiretos: É o custo da logística, infraestrutura da obra. É dado pela estimativa da soma dos custos de
serviços auxiliares e de apoio à obra, para possibilitar a sua execução. Englobam os custos previstos para
Administração local, Mobilização e Desmobilização, Instalações e Manutenção de Canteiro Acampamento,
Seguros e outros. Aqui entra a equipe de administração e gestão técnica (Engenheiros, mestres de obra,
almoxarifado, equipe de compras, etc.); equipamentos não considerados na composição de custos de serviços
específicos (grua, cremalheira, etc.); custos da manutenção do canteiro de obras (água, energia, internet,
suprimentos de informática, papelaria, etc.); mobilização e desmobilização de ativos considerando seus locais
de origem e a localização da obra. São difíceis de serem quantificados, por serem altamente variáveis ou
imprevisíveis.

o Despesas Indiretas: São despesas que incidem de forma percentual sobre a obra e que não são diretamente
relacionadas a obra. Pagamento de tributos, rateio da administração central, remuneração ao construtor,
compensação de despesas financeiras ocasionadas pelo intervalo decorrido entre gastos, medição,
recebimento e riscos.

o Lucro ou Bonificação: É a parcela destinada à remuneração da empresa pelo desenvolvimento de sua atividade
econômica. Em conjunto com as Despesas Indiretas formam o BDI (Bonificação e Despesas Indiretas, também
chamado de LDI - Lucro e Despesas Indireta).

o Cálculo de Preço: Preço de Venda=CustosTotais∗(1+ BDI)


Resumo da Estrutura do Orçamento:
Material, Mã o de obra, Equipamentos, Encargo
Custo Direto social, ETC
(Obra) Mobilizaçã o, Desmobilizaçã o, Administração
Indireto
Preço Local, Instalaçõ es, ETC
Pagamento de Tributos, Administração Central,
BDI Despesa
Remuneraçã o do Construtor, Riscos
(Sede)
Bonificaçã o Lucro

Encargos Sociais
Sã o os encargos que entram no custo direto da obra, que podem ser classificados em Grupos.

 Grupo A: Sã o os encargos bá sicos, que advém de legislaçã o específica ou convençã o coletiva de trabalho
(Previdência social, Seguro contra Acidentes de Trabalho, Salá rio Educaçã o e Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço) ou fontes fiscais de recolhimento para instituiçõ es pú blicas, tais como: INCRA, SESI, SENAI, SEBRAE,
INSS (Exceto para os desonerados*);

 Grupo B: Encargos Sociais que recebem incidência do Grupo A e caracterizam-se por custos advindos da
remuneraçã o devida ao trabalhador sem que exista a prestaçã o do serviço correspondente, tais como o
repouso semanal remunerado, feriados e 13º salá rio;

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 Grupo C: Encargos Sociais que nã o recebem incidência do Grupo A, os quais sã o predominantemente
indenizató rios e devidos na ocasiã o da demissã o do trabalhador, como aviso prévio, férias (quando vencidas) e
outras indenizaçõ es;

 Grupo D: Reincidências de um grupo sobre outro.

Desonerados*: Sobre os insumos de mã o de obra incidem Encargos Sociais, de forma percentual, com cá lculo específico
para cada estado. Mensalmente, a CAIXA divulga dois tipos de relató rios de preços: (i) desonerados - consideram os efeitos
da desoneraçã o da folha de pagamentos da construçã o civil (Lei 13.161/2015), ou seja, obtidos com exclusã o da incidência
de 20% dos custos com INSS no cá lculo do percentual relativo aos Encargos Sociais; (ii) nã o desonerados – consideram a
parcela de 20% de INSS nos Encargos Sociais.

 Encargos sociais de Mensalista e horistas são diferentes, sendo que os horistas ganham encargos maiores dos grupos B, C e D.

SINAPI e Preços Referenciais


Os preços referenciais do SINAPI são obtidos, normalmente, através das composições feitas pela CAIXA (no que se
refere ao SINAPI), onde há um vasto database que é atualizado mensalmente com novas composições segundo as
flutuações que ocorrem no mercado.

 Insumos: São os elementos básicos da construção civil, tal como: Materiais, equipamentos e mão de obra.

 Composições Unitárias (RUP): São elementos que relacionam a descrição, codificação e quantificação dos insumos e/ou de
composições auxiliares empregados para executar uma unidade de serviço.

o Alguns elementos são indispensáveis para analisar a composição unitária, são eles: Descrição, Unidade de
medida, insumos/composições auxiliares e coeficientes de consumo e produtividade e custo total.

 Serviços: é a unidade a ser realizada (m² de parede, m de tubulação, m³ de concreto). os serviços envolvem
a composição entre os insumos, equipamentos ou mão de obra e os coeficientes, geralmente quantificado por m², m³, m,
unidade, etc... é aquilo que se almeja construir.

Explicando cada parte da tabela:

o Tabela da Descrição da Composição: há a explicação do que se trata o serviço, há também a unidade que será
produzida, no caso quanto é gasto para produzir o m² de Alvenaria de vedação.

o Tabela de Descrição dos itens: Item se refere ao tipo de serviço, sendo “C” uma composição auxiliar e “I” um
insumo.

 Descrição: É a que se refere o item, Pedreiro com encargo, Servente com Encargo, Bloco de vedação, etc.

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 Unidade: É a medida em que a descrição se refere. Por exemplo: O pedreiro trabalha por hora, enquanto o
bloco de vedação é por unidade.

 Coeficiente: Também chamado de Razão Unitária de Produção (RUP) é o quanto se gasta do insumo ou
serviço é necessário para produzir item descrito na composição. Por exemplo: O pedreiro dessa tabela,
gasta 0,72 horas para produzir 1m² de alvenaria de vedação. O coeficiente é o invérso da produtividade,
ou seja, se o coeficiente do pedreiro é 0,72, então a produtividade dele é: 1,38 (1/0,72).

1
Produtividade=
coeficiente
 Origem do Preço: às vezes, há essa indicação da origem do preço na questão, ou seja de em qual unidade
federativa foi feito o levantamento. Há codificação sobre isso:

 AS: São Paulo

 C: Preço coletado pelo IBGE

 CR: Obtido pelo CRI (Coeficiente de Representativdade do Insumo)

Como calcular a produtividade de uma composição de custos, passo-a-passo:

Situação exemplo: Quantos m² de alvenaria é produzido em 15 horas se forem usados 1 pedreiro e 1 servente?

1. Encontre o serviço que tenha menor produtividade (maior coeficiente) da composição.

Na tabela acima, o Pedreiro tem 0,72 de coeficiente, enquanto o Servente de Pedreiro, tem coeficiente de 0,36, se
utilizarmos um pedreiro e um servente, se usará o 0,72 que é o maior coeficiente. Isso por que, quem tem menor
produtividade é quem vai ditar o ritmo da obra, visto que é quem vai demorar mais para executar um serviço.

2. Encontre a produtividade do maior coeficiente.

1/0,72: 1,38 é a produtividade do pedreiro, ou seja, por hora ele produz 1,38m² de parede de alvenaria de vedação.

3. Multiplique o valor de produtividade pelo valor em hora.

1,38*15 = 20,70m².

Há possibilidades diferentes de cobrança às quais você deve ficar atento, por exemplo: Se houverem 2 pedreiros e
1 servente? O coeficiente do pedreiro diminui à metade e a produtividade dobra. Com isso o pedreiro e o servente teriam
o mesmo coeficiente, que resultaria uma produtividade de 2,77m² por hora, ou seja o serviço de 15h resultaria no total de
41,55m².

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