Gestão e

Engenharia da
Manutenção

Introdução à
Manutenção
 APRESENTAÇÃO

O lá, caro(a) aluno(a),

Seja bem-vindo(a) ao primeiro módulo da Disciplina Gestão e Engenharia da Manutenção!
Este módulo vai abordar uma introdução sobre o que é a manutenção, o seu histórico e
os principais tipos, demonstrando a sua importância para a Engenharia e outros setores.
Vamos lá?

OBJETIVOS
Pretende-se que, através deste módulo, o aluno compreenda o significado da manuten-
ção, a sua evolução ao longo dos anos, as suas maneiras de atuação, a sua importância
para a Engenharia e outros setores, além dos principais tipos de manutenção existentes.

Ao final do módulo, espera-se que o(a) estudante seja capaz de:

• Identificar os principais fatores que envolveram a evolução da manutenção.
• Identificar as maneiras de atuação da manutenção para a resolução de problemas.
• Identificar o(s) tipo(s) mais adequado(s) de manutenção, de acordo com a situação envolvida.

FUMEC VIRTUAL - SETOR DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Infra-Estrututura e Suporte

FICHA TÉCNICA

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Coordenação

Gestão Pedagógica
Coordenação
Gabrielle Nunes Paixão
Transposição Pedagógica
Diana Alvarenga Prates
Produção Multimídia
Anderson Peixoto da Silva
Rodrigo Tito M. Valadares
Therus Santana (2020)
AUTORIA
Profa. Janaina Kizzi de Morais Silva

BELO HORIZONTE - 2020

 INTRODUÇÃO À MANUTENÇÃO
Pensando Sociologicamente
É praticamente impossível imaginar uma pessoa que não pense sobre o mundo em que
vive. Pensamos sobre as descobertas e avanços da ciência, sobre a indústria que oferece
tantos produtos, sejam eles essenciais ou não, sobre as atitudes dos governantes, sobre
o significado de uma pixação em um muro na rua, da letra

Conceito de Manutenção
A manutenção apresenta várias definições e podemos destacar:

• É o termo usado para abordar a forma pela qual as organizações tentam evitar as
falhas cuidando de suas instalações físicas (SLACK, 1999).
• Todas as ações necessárias para que um item seja conservado ou restaurado, de
modo a poder permanecer de acordo com uma condição especificada (TAVARES,
1987).

Histórico da Manutenção
A manutenção surgiu no século XVI, a partir da invenção das primeiras máquinas a vapor.
Nesse período, a pessoa que projetava e construía as máquinas era a responsável por trei-
nar os funcionários para a operação
e o conserto das máquinas. A inter-
venção da pessoa que projetava as
máquinas ocorria somente em situ-
ações mais complexas (WYREBSKI,
1997).

A figura ao lado demonstra

uma máquina a vapor.

Figura 1- Máquina a
vapor industrial
Fonte: iStock.

Introdução à Manutenção 7
 Entre 1930 e a Segunda Guerra Mundial,
como a indústria não era altamente meca-
nizada, ou seja, as máquinas eram simples,
não havia a necessidade de uma sistemáti-
ca de manutenção (MOUBRAY, 1992).
Durante a Segunda Guerra Mundial, houve
uma considerável evolução das formas
de manutenção, devido à necessidade de
manter os equipamentos em funcionamen-
to (TAVARES, 1987).
A partir de 1951, iniciou-se a prática da
manutenção preventiva (que ocorre, atra-
vés de ações programadas, para evitar as
falhas), e em 1954, a manutenção corretiva
(que ocorre após o surgimento das falhas)
incorporou melhorias (NAKAJIMA, 1989).
A partir da metade dos anos 70, com a
evolução dos sistemas just in time, a redu-
ção de estoques tornou-se fundamental na
indústria. Assim, a manutenção tornou-
-se mais importante, pois pequenas falhas
poderiam acarretar a interrupção dos
processos (MOUBRAY, 1992).
2 a Geração
» Revisões programadas
» Sistemas de
planejamento
1a Geração » Computadores gran-
des e lentos
» Fixa na Quebra
O desenvolvimento de microcomputado-
res a partir de 1980 fez com que fossem
desenvolvidos programas pelos órgãos de
manutenção (TAVARES, 1987).
Em 1986, foi introduzida a Manutenção
Produtiva Total no Brasil. Ela é um conjun-
to de atividades cujo compromisso está
voltado para os resultados positivos dentro
da empresa ou indústria, para atingir
eficácia máxima no sistema de produção
e assim, maximizar o ciclo total de vida
útil dos equipamentos com aproveitamen-
to dos recursos existentes. Em seu teor,
é uma mudança na frase “eu opero, você
conserta” para “eu e você produzimos”.
Na década de 90, a manutenção equipa-
rou-se à operação, devido ao aumento das
exigências de qualidade dos serviços e
produtos (PASQUA, 1999).
A Figura 2 a seguir ilustra a evolução da
manutenção (MOUBRAY, 1992).
3 a Geração
» Monitoramento de condições
» Projeto de confiabilidade e
manutenibilidade
» Estudo de riscos
» Computadores pequenos e rápidos
» Análise dos modos e efeitos de
falhas
» Sistemas inteligentes
» Times de trabalho com várias
habilidades

1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000

Figura 2- Evolução da manutenção

Fonte: Moubray, 1992.

Com o passar do tempo, houve uma mudança dos objetivos da manutenção, resultante
da ruptura de paradigmas, conforme é ilustrado pela Figura 3.

Paradigma do Passado Paradigma Moderno

"O homem de manuten- "O homem de manuten-

ção sente-se bem quando Evolução ção sente-se bem quando
executa um bom reparo" ele consegue evitar todas
as falhas não previstas"

Figura 3- Mudança dos paradigmas de manutenção

Fonte: Morenghi, 2005.

8 Introdução à Manutenção
 A evolução da manutenção pode ser dividida em seis gerações (KARDEC, 2019):

Na Primeira Geração, que abrange

o período antes da Segunda Guerra
Mundial, a indústria era pouco meca-
nizada e os equipamentos eram
simples. Assim, a produtividade não
era prioritária e a manutenção era
restrita a serviços de limpeza e lubri-
ficação, sendo que os reparos acon-
teciam após a quebra, comportamen-
to característico de uma manutenção
corretiva e não planejada.
Na Segunda Geração, que abrange o
período entre os anos 50 e 70, devido
ao aumento da demanda, houve cresci-
mento da mecanização e da complexida-
de das instalações industriais. Este fato
aumentou a necessidade por produtivida-
de, dando início à crença de que as falhas
poderiam ser evitadas, o que resultou no
conceito da manutenção preventiva.

Na Terceira Geração, a partir da década de 70, as mudanças na indústria

foram aceleradas. A paralisação da produção aumentava os custos e interfe-
ria na qualidade dos produtos. Houve uma conscientização de que as falhas
poderiam provocar sérias consequências na segurança e no meio ambiente.
Assim, a manutenção preditiva (conjunto de ações para estabelecer o momento certo
para a realização da manutenção) tornou-se importante. Além disso, o avanço da informá-
tica possibilitou o desenvolvimento de softwares para planejamento, controle e acompa-
nhamento dos serviços de manutenção. Nesse período, surgiu a manutenção centrada na
confiabilidade (MCC). Entretanto, havia falta de interação entre as áreas de Engenharia,
Manutenção e Operação, o que reduzia a eficiência dos resultados.

Na Quarta Geração,
a confiabilidade dos
equipamentos tornou-
-se fundamental. Nesse
contexto, a manutenção
teve o desafio de mini-
mizar as falhas prema-
turas e a prática de análise
de falhas tornou-se uma
metodologia consagrada para
melhorar o desempenho dos
equipamentos e da empresa.
Na Quinta Geração, surgiu um esforço
conjunto para aumentar a competitivi-
dade e a sobrevivência das empresas,
denominado de Gestão de Ativos. Esse
método estabelece que os ativos devem ser capa-
zes de produzir na sua capacidade máxima, sem
falhas não previstas, para que seja obtido o melhor
Retorno sobre os Ativos (ROA) ou o Retorno sobre
os Investimentos (ROI). Assim, surgiu a participa-
ção efetiva no projeto, aquisição, instalação, comis-
sionamento, operação e manutenção dos ativos,
destacando-se todo o ciclo de vida dos ativos.
Houve, também, a implantação de melhorias para
a redução de falhas, a excelência em Engenharia da
Manutenção e a consolidação da necessidade de
uma boa prática gerencial.

A Sexta Geração surgiu em 2010, com a criação da Indústria 4.0 na Alemanha.

Em 2012, ela tornou-se um programa estratégico do governo alemão, sendo denominada
como a Quarta Revolução Industrial. A sua principal característica é a combinação de
inovações da tecnologia digital para modificar a indústria.

Introdução à Manutenção 9
 Figura 4- Smartphone
Fonte: Xiaomi, 2020.

As tecnologias inovadoras incluem robótica avançada,

inteligência artificial, sensores inteligentes, computação
em nuvem, a internet das coisas, a captura e a análise
de dados (Big Data), a impressão 3D, tablets, smar-
Figura 5- Computador tphones etc.
de última geração
Fonte: Asus, 2020. Na Indústria 4.0, será possível
otimizar o monitoramento e o
controle de máquinas, através
de sensores avançados, surgindo a
Manutenção Inteligente e Prescritiva, que se
baseia em prever o que pode ocorrer e oferecer alterna-
tivas para modificar o resultado. Além de predizer, a manutenção
poderá oferecer alternativas para solucionar os problemas industriais (KARDEC, 2019).

As Figuras 4 e 5 a demonstram, respectivamente, smartphones e computadores de

última geração.

Planejamento
Marketing Engenharia

A Manutenção
na Instalação Manutenção Financeiro
Industrial
A manutenção é um item
Vendas Instalação Controle da
importante, que associado Industrial Qualidade
aos demais itens, possibilita
o pleno funcionamento de
uma instalação industrial, o
que é ilustrado pela Figura 6 Produção Contabilidade
(NEPOMUCENO, 2018).

Figura 6- A manutenção integrando Almoxarifado Compras

a instalação industrial Pessoal
Fonte: Nepomuceno, 2018.

10 Introdução à Manutenção
 Apesar da sua importância, o gerente de manutenção está em uma hierarquia inferior à do
gerente geral da fábrica, conforme é demonstrado pela Figura 7 (NEPOMUCENO, 2018).

Vice
Presidente

Superintendente
de Fabricação

Gerente Geral da Fábrica

Gerente de Manutenção

Supervisores de Produção

Operários

Figura 7- Hierarquia de uma instalação industrial

Fonte: Nepomuceno, 2018.

A Gerência de Manutenção envolve várias tarefas, que são fundamentais para a otimiza-
ção da produção, conforme é listrado na Figura 8 (NEPOMUCENO, 2018).

Relatórios
diários e
Supervisão semanais Organização
dos serviços das turmas de
executados manutenção

Programas de Controle dos

manutenção sobressa-
preventiva e lentes e dos
preditiva materiais

Sistema de Padronização
emissão de Gerencia de de processos p/
ordens de Manutenção avaliação do
serviços trabalho

Ferramentas
e métodos Planejamento
modernos de de estruturas
operação
Treinamento
dos encar- Relatórios de
regados da Controle de Desempenho
manutenção utilização de
pessoal

Figura 8- Tarefas associadas à gerência de manutenção

Fonte: Nepomuceno, 2018.

Introdução à Manutenção 11
 A organização e o gerenciamento da manutenção devem focar nas
seguintes questões:

- Quais são os objetivos da empresa?

- Qual é a amplitude da manutenção, em função do tamanho

da empresa?

- Se a empresa necessita de expansão, haverá a necessi-

dade de fazer adequações no número de funcionários?

- Qual é o padrão de qualidade estabelecido para os

produtos?

O gerenciamento da manutenção envolve organização. Com o conhecimento das técni-

cas e o treinamento do pessoal, adotando uma filosofia coerente para a instalação, a
organização e o gerenciamento tornam-se bem mais eficientes. Tornam-se fundamentais
o treinamento e a capacitação de todos os funcionários envolvidos na manutenção, em
todos os níveis, desde os trabalhadores que executam serviços manuais até os supervi-
sores. As instruções devem ser claras e os executores devem ter segurança no que vão
realizar. Além disso, é importante que existam ferramentas, dispositivos e acessórios que
permitam a execução dos serviços com eficiência e perfeição (NEPOMUCENO, 2018).

Importância da Manutenção
Segundo a ABRAMAN (Associação Brasileira de Manutenção), em 2018, 5% do fatu-
ramento bruto da indústria era gasto com manutenção. Os custos de manutenção vão
interferir no resultado financeiro de uma organização. Os três principais itens desse custo
são: a mão de obra, os materiais (peças de reposição) e, custos com serviços subcontra-
tados (ABRAMAN, 2018).

Entretanto, ao realizar a manutenção adequada, a indústria poderá aumentar a sua compe-

titividade, devido ao aumento da eficiência da sua produção.

Historicamente, a manutenção já foi considerada um “mal necessário” pelos líderes das

organizações. Essa crença foi alterada ao longo do tempo, devido a aspectos ambien-
tais, de segurança, além da necessidade de competitividade e de fidelização dos clientes
(TSANG, 1995).

A manutenção eficiente tornou-se importante para manter o funcionamento das plantas

industriais, sendo que a sua importância cresceu devido aos seguintes fatores: necessi-
dade de incremento da produtividade das empresas; automação das plantas e avanços
tecnológicos dos equipamentos.

Assim, surgiu a necessidade de técnicos qualificados e especializados em manutenção

(FINCH, 1986).

Gestão da Manutenção
A gestão da manutenção é um conjunto de técnicas que visam reduzir o impacto dos
gastos com manutenção, atuando para evitar quebras e interrupções na produção e garan-
tindo a qualidade dos produtos fabricados. A verdade é que a manutenção não é algo do

12 Introdução à Manutenção
 mundo contemporâneo. Desde o século XVI, com o surgimento dos relógios mecânicos,
havia técnicos especializados em montagem e assistência. Porém, o cuidado excessivo e
a preocupação com esse assunto nasceram nas últimas décadas. Com
processos cada vez mais ágeis e aumento da concorrência, o prazo de
entrega tornou-se um ponto fundamental na indústria. Dessa forma,
iniciou-se a motivação para prevenir-se de falhas em equipamentos
e máquinas. Além disso, a exigência cada vez maior por qualidade
também motivou a gestão de manutenção mais planejada.

Mas um defeito na máquina pode influenciar tanto no

processo produtivo da indústria? Sim! Problemas com equi-
pamentos podem gerar interrupção na produção, atraso
na entrega, perdas financeiras e aumento dos custos.

Empresas que não fazem uma boa gestão da manutenção, geralmente, tratam o assunto
como uma forma de “apagar incêndio”, ou seja, vão atuar apenas depois da quebra da
máquina, gerando a manutenção corretiva que costuma ter custos muito maiores.

Por outro lado, gestores que pensam estrategicamente trabalham com o conceito de
“manutenção planejada” (NOVIDA, 2020).

Tipos de Manutenção
Os tipos de manutenção são definidos através da forma como ocorrem as intervenções
em equipamentos, destacando-se os seguintes tipos (MORENGHI, 2005):

MANUTENÇÃO CORRETIVA reativa, sendo consequência de um evento

A manutenção corretiva consiste em reali-
zar o reparo nos equipamentos e ferramen-
tas após a ocorrência do dano ou da falha,
o que evidencia uma atitude de defesa,
enquanto aguarda-se uma próxima falha
acidental, característica de uma atitude
conservadora e tradicional.
Ela é uma atividade que possui o objetivo
de corrigir falhas resultantes de desgas-
tes ou da deterioração de máquinas e de
equipamentos, envolvendo reparos, alinha-
mentos, balanceamentos, substituição de
peças ou do equipamento inteiro.
Outra definição da manutenção corretiva
é o trabalho de restaurar um equipamento
para um padrão aceitável, sendo conheci-
da como manutenção de avaria e realiza-
da para restaurar a capacidade funcional
dos equipamentos ou dos sistemas avaria-
dos. Assim, ela é considerada uma atitude
não programado, sem a exigência de acom-
panhamentos e de inspeções nas máquinas
(TSANG, 1995; WYREBSKI, 1997).
Ressalta-se que os custos envolvidos com
a manutenção corretiva são elevados, pois
envolvem a recuperação das condições
operacionais dos equipamentos, além de
riscos de segurança e as consequências
das perdas de produção (TSANG, 1995).
ATENÇÃO
É importante enfatizar que
existem falhas que não
podem ser previstas, o que
explica a necessidade da
manutenção corretiva, cujas
tarefas devem ser conheci-
das com precisão, para que
ela seja executada com efici-
ência (FINCH, 1986).

Introdução à Manutenção 13
 Os três tipos de ações, em desta-
que, da manutenção corretiva Ressalta-se que este tipo de
são a ação paliativa ou de emer- manutenção pode ser
gência para que o equipamento planejado, quando há a
possa voltar a funcionar; a ação ação de correção basea-
curativa, que consiste no reparo da no acompanhamen-
definitivo do equipamento e a to de parâmetros de
ação melhorativa, que consiste condições e diagnós-
na modificação das condições ticos (KARDEC, 2019).
originais do equipamento.

MANUTENÇÃO PREVENTIVA
A manutenção preventiva visa a eliminação ou a redução das possibilidades de falhas por
manutenção, incluindo a limpeza, a substituição de peças e a verificação das condições
do equipamento. Ela ocorre em intervalos planejados (SLACK, 1999). Consiste em um
conjunto de procedimentos que podem evitar ou reduzir a necessidade de uma manuten-
ção corretiva, introduzindo o fator qualidade no ramo da manutenção (VIANA, 1991).

Outro conceito de manutenção preventiva é que ela tem como finalidade a prevenção da
quebra de um equipamento, sendo uma intervenção prevista, preparada e programada
antes da ocorrência de falhas (HARDING, 1981; MONCHY, 1989).

Até a década de 60, a curva de tempo médio de falha ou curva da banheira descrevia a
manutenção preventiva, conforme é ilustrado na Figura 9.

Período de Período de Operação Período de

Ocorrências de Falhas

Adaptação Normal Cansaço

Probabilidade de

Máquina Tempo de Vida Máquina

Nova Velha

Tempo
Figura 9- Curva da banheira
Fonte: Pasqua, 1999.

Analisando a Figura 9, observa-se que, com o passar do tempo, a máquina nova transfor-
ma-se em máquina velha, sendo que há um tempo de vida útil que envolve o período de
operação normal da máquina.

MANUTENÇÃO PREDITIVA
A manutenção preditiva tem o objetivo de realizar a manutenção somente quando as
instalações necessitarem de manutenção. Ela consiste em estabelecer o momento certo
para a realização da manutenção, através de dispositivos (SLACK, 2002).

14 Introdução à Manutenção
 Esses dispositivos podem monitorar a vibração do mancal (peça cilíndrica do motor) e,
consequentemente, avaliar o desgaste (remoção de material devido ao contato entre
superfícies). Assim, a manutenção será solicitada para a troca ou o ajuste, evitando
a quebra ou a manutenção preventiva, possibilitando que a troca seja realizada no
momento certo.

Assim, a manutenção preditiva possibilita melhorar a produtividade, a qualidade do produto

e a eficiência dos processos industriais. Um fator que contribuiu para a evolução da manu-
tenção preditiva foi o desenvolvimento acelerado de tecnologias relacionadas a sensores e
dispositivos de leitura, o que reduziu os custos de produção desses dispositivos, permitindo
que uma maior quantidade de organizações optasse pela manutenção preditiva.

A manutenção preditiva é orientada pelas condições do equipamento e do sistema. Nesse

caso, o ciclo médio de vida ou tempo médio para a falha do equipamento é substituído por
ações de manutenção, que utilizam o monitoramento direto das condições do equipamen-
to e da eficiência do sistema (SELEME, 2015). Assim, há a determinação do tempo real
necessário para ocorrer a falha ou a perda de eficiência do equipamento e da produção.

A implantação da manutenção preditiva possui algumas restrições, destacando-

-se (SELEME, 2015):

- A necessidade de mudança cultural, pois deve haver a percepção de que as

ações preditivas envolvem a gestão de manutenção e a prevenção de avarias, o
que é ignorado por gestores que desconhecem a sua importância.

- A necessidade de uso adequado das tecnologias, para que o resultado da

manutenção seja eficiente.

- As limitações das pequenas indústrias a aderirem à adoção deste tipo de manu-

tenção, pois o tamanho da fábrica é um fator que interfere em investimentos
em pessoal e em ferramentas, que são fundamentais para um programa de
manutenção preditiva.

- O apoio dos funcionários, incluindo a

gerência superior.

- Procedimentos de coleta e análise

de dados eficientes.

Introdução à Manutenção 15
 Um programa eficiente e eficaz de manutenção preditiva deve considerar tanto a condição
do equipamento, quanto as tarefas realizadas ao longo do tempo. Assim, cada planta
industrial deve considerar os seguintes fatores (SELEME, 2015):

Dados das falhas; melhorias na confiabilidade dos equipamentos; melhoria do processo

e previsão de falhas.

MANUTENÇÃO DETECTIVA
A manutenção detectiva surgiu na década de 90, com o objetivo de detectar falhas ocultas
ou que não são perceptíveis ao pessoal de operação e de manutenção. Assim, ela engloba
tarefas executadas para verificar se um sistema de proteção ainda está funcionando.

A identificação de falhas ocultas é fundamental para garantir a confiabilidade. Em siste-

mas complexos, este tipo de manutenção deve ser realizado pelo pessoal treinado e
habilitado da área de manutenção, com o auxílio do pessoal de operação. Neste tipo de
manutenção, especialistas fazem verificações no sistema, e sem paralisar a operação,
eles são capazes de detectar falas ocultas e, consequentemente, podem corrigir a situa-
ção, mantendo o sistema em operação.

Assim como a manutenção preditiva, a manutenção detectiva pode ser enquadrada como
um sistema de inspeção de manutenção, acompanhamento de parâmetros ou monitora-
mento das condições dos equipamentos e dos sistemas (KARDEC, 2019).

MANUTENÇÃO INTELIGENTE OU PRESCRITIVA

A manutenção prescritiva iniciou-se com a Indústria 4.0. Ela envolve uma capacidade
analítica de não somente prever o que vai ocorrer, mas também oferecer alternativas que
possam modificar o resultado. A sua eficiência está relacionada a um pacote de tecno-
logia, como a Internet das Coisas e o Big Data (grande conjunto de dados) (KARDEC,
2019).

Em qualquer planta ou instalação, sempre haverá a ocorrência dos diversos tipos de

manutenção. O tipo de manutenção adotado é uma decisão gerencial, que é baseada nos
seguintes fatores (KARDEC, 2019):

• Na importância do equipamento para o processo produtivo, para a segurança pesso-

al, para a segurança de instalação e para o meio ambiente.
• Nos custos envolvidos, incluindo o processo, o reparo, a substituição de peças e as
consequências da falha.
• Na oportunidade.
• Na capacidade de adequação do equipamento ao tipo de manutenção.

16 Introdução à Manutenção
Síntese
A manutenção engloba todas as ações necessárias para que um item seja conservado ou
restaurado, de modo a poder permanecer de acordo com uma condição estabelecida em
projeto. Os procedimentos que envolvem a manutenção demandam custos adicionais às
indústrias e a outros setores, mas resultam em ganhos de produtividade e de competiti-
vidade. O desenvolvimento tecnológico e o aumento das exigências em relação à quali-
dade dos produtos e serviços possibilitaram o avanço da manutenção, destacando-se a
mudança do paradigma de reparar as falhas, para as ações envolvendo evitar e predizer
a existência de falhas, além da capacidade de detecção de falhas ocultas e de oferecer
alternativas que possam modificar o resultado.

Referências Bibliográficas
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