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968-58 - HP1931614
FICHA CATALOGRÁFICA
Inclui bibliografia.
ISBN nº 978-65-993124-1-0
CDD: 658.202
CDU: 658.2.005.4
2021
IMPRESSO NO BRASIL
ENGETELES Editora
www.engeteles.com.br
editora@engeteles.com.br
A meu Deus, agradeço pela dádiva da vida e plenitude em poder usufruir, e a São José,
meu protetor e anjo da guarda.
O tempo confirmou o acerto de nossa decisão. Descobrimos uma pessoa que consegue
comunicar-se com gerentes, técnicos, administradores e estudantes com claridade e sim-
plicidade.
Seu conhecimento e sua capacidade inovadora como docente soma-se a sua grande qua-
lidade humana que surpreendem e geram grande ajuda aos que têm o privilégio de assistir
a seus cursos e palestras.
Trata-se, portanto de um profissional que não hesita em nos transferir seus conhecimen-
tos de forma ampla e generosa, o que ficou ratificado em dezembro de 2020 quando o
convidamos para fazer uma conferência no 1o Seminário Panamericano de Manutenção,
que enriqueceu o evento e até por isso obteve a melhor avaliação dentre todos os demais
(e ilustres) convidados.
Nesses novos tempos, algumas atividades, tal como a Manutenção devem ser repensadas
e redirecionadas, de modo a contribuir para os resultados da empresa. Não faz mais sen-
tido manter as plantas operando na sua máxima capacidade, ainda que com altos custos
de mão de obra e de capital. Deve-se, sim, assegurar à área operacional uma capacidade
produtiva compatível com a demanda e a um custo que não sacrifique o preço final do
produto – e, consequentemente, a sua competitividade no mercado - ou a margem de
lucro da empresa.
Recebemos com alegria este novo empreendimento do prof. Herbert que, com uma visão
globalizada, se aprofunda nos temas que apresenta em seus cursos e conferências. Cre-
mos que é um complemento muito importante para os que têm desfrutado da experiên-
cia desses encontros. Se converte em um material imprescindível de consulta para aqueles
que estão relacionados, direta ou indiretamente, com o título da obra.
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Consideramos, além disso, que sua edição implica em um degrau a mais no merecido
crescimento profissional do prof. Herbert Viana.
É por tudo isto que apoiamos esta edição e esperamos que brevemente tenhamos sua
tradução para o espanhol e inglês, para que esses conhecimentos sejam estendidos aos
demais países de nosso continente.
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Agradecimentos ..........................................................................................................................................7
Prefácio..........................................................................................................................................................9
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Lista de imagem.....................................................................................................................................257
Lista de tabela........................................................................................................................................263
Referências...............................................................................................................................................265
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Como abordado no primeiro volume desta obra, o tema deste estudo é a gestão da ma-
nutenção. A proposta é fornecer um manual capaz de orientar gestores e pessoal técnico
atuantes na manutenção, no gerenciamento de uma área mantenedora, fundamentado
em conceitos presentes na temática, dentro do espectro bibliográfico que a estuda, bem
como baseado na experiência adquirida pelo autor ao longo de mais de duas décadas no
ambiente fabril brasileiro.
Desses, seis processos têm origem na denominação que escolhi para o sistema de gestão,
o chamando de “Sistema CIT/CSM” para gestão da manutenção, sendo o termo “CIT”
alusivo aos processos mínimos, ou podemos chamar de básicos, para o funcionamento da
função manutenção, no caso: (i) “C” de Controle Inicial; (ii) “I” de Identificação da Demanda
e (iii) “T” de Tratamento da Demanda.
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Já o termo “CSM” refere-se aos processos mais avançados para uma função manutenção,
sendo eles: (i) “C” de Controle da manutenção; (ii) “S” de Suporte ao tratamento da de-
manda, e (iii) “M” de Modificações de melhorias para manutenção.
Vinculados aos seis processos identificados existem 29 (vinte e nove) atividades neces-
sárias para a adequada atuação da função Manutenção em uma organização de capital
intensivo, conforme indicado na figura 1.
O modelo CIT & CSM foi implantando com sucesso em empresas de diversos setores pro-
dutivos, por exemplo, pode-se citar a implantação, até o ano de 2020, no setor de açúcar
e álcool (Raizen Energia), movimentação de cargas (Makro Engenharia), Logística (Makro
Transporte) e Carcinicultura (Camanor Produtos Marinhos). Dessa forma, percebe-se a ver-
satilidade do modelo, demonstrando da adaptabilidade a Função Manutenção em diver-
sos contextos de produção e gestão de ativos.
Sendo assim, o objetivo desta obra é ajudar na definição dos parâmetros que qualificam
uma organização como Manutenção Classe Mundial, como também apresentar um novo
sistema de gestão da manutenção, o qual denomino “Sistema CIT/CSM”, dessa forma
fornecendo, sem muita prolixidade, as ferramentas orientadoras para sua concretização na
indústria, como também um prático, mas bem fundamentado, check-list com fins de au-
ditoria e classificação em níveis de excelência dos sistemas a ele submetidos, tendo como
norte a perfeita prestação de serviços de um organismo mantenedor, ou seja, ter pessoas
realizadas trabalhando em um ambiente seguro, entregando aos seus clientes, disponi-
bilidade e confiabilidade de ativos e tranquilidade operacional, gastando nada mais, nem
menos do que o necessário.
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Aviso aos navegantes, no caso os leitores, são diversos indicadores no universo da manu-
tenção, dessa forma, necessita-se aplicar uma lógica de desdobramento que oportunize a
construção de painéis (dashboard) interconectados entre os diferentes níveis hierárquicos
da organização, conquistando, assim, um cenário onde os indicadores dos profissionais da
base suportem os da sua liderança imediata, o chamado L1, da palavra inglesa “Level” que
significa nível, os indicadores dos líderes L1, suportem os de nível L2, e assim sucessiva-
mente, de forma que todos estejam com seus resultados interconectados, e permeando
toda organização, criando uma atmosfera propícia para o desdobramento dos seus obje-
tivos estratégicos em metas e indicadores operacionais.
Certa vez, escutei de um dos diretores de uma empresa em que eu trabalhava: “vamos
ao trabalho para ganhar, e não perder a vida”, pois bem, uma área de manutenção segura,
significa “vida”, uma vez que os acidentes na manutenção podem acarretar danos severos
aos envolvidos.
Diante desse contexto, torna-se importante estar presente em qualquer dashboard geren-
cial, os indicadores: (i) taxa de frequência de acidentes e (ii) taxa de gravidade de acidentes.
A taxa de frequência de acidentes representa o somatório do número de acidentes por
milhão de HH trabalhado, a equação (1) indica seu cálculo.
limite, e não uma meta, que, juntamente com a Taxa de Gravidade, sinaliza a evolução dos
resultados em segurança, justificando ou não as diretrizes tomadas para a área.
(iii) Considerando os acidentes SAF, que são os acidentes sem afastamento do traba-
lhador acidentado.
A ABNT (1994), em sua norma NBR 5462-1994, no seu item 2.2.5, define o conceito de
Disponibilidade.
Nota-se que o conceito preconizado na norma é bem amplo, mas a própria NBR-5462
apresenta um esquema ilustrado em figura, associando Disponibilidade e Indisponibilida-
de, esclarecendo tais conceitos, a norma intitula tal esquema como “estados de um item”,
a figura 2 reproduz o mesmo.
Caso a organização programe um regime de trabalho distinto, como não prever operações
no fim de semana, as Horas Programadas (HP) devem representar esta característica, ade-
quando a quantidade de HP para o mesmo.
Uma dúvida comum quando a empresa não programa produção para os dias de sábado e
domingo, consiste em considerar como não programadas as horas dedicadas para manu-
tenção ocorridas em fim de semana, sob argumento que são horas oportunas por não ha-
ver operação nestes dias, nesse caso, essas horas de manutenção não afetariam a DF, uma
vez que os equipamentos já estariam parados nesse período, no entanto, é um erro pensar
e apontar desta forma, pois deve-se lembrar que as Horas Programadas (HP) envolvem
tanto horas efetivamente trabalhadas pelo ativo físico na produção, como também outros
eventos inerentes à sua operação, como manutenção, setup, etc.
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Das Horas Programadas (HP) devem-se debitar as Horas de Manutenção Total (HMT), que
consiste na soma das Horas de Manutenção Preventiva (HMP) com as Horas de Manu-
tenção Corretiva (HMC), dessa forma, encontram-se as Horas Disponíveis (HD), lembran-
do que deve-se considerar todos os eventos ligados à manutenção, tanto os preventivos,
como os corretivos, assim, tem-se a real dedicação do ativo físico aos tempos de manu-
tenção. A partir dessa premissa, obtém-se o valor da DF, Disponibilidade Física, do ativo
físico, conforme equação (3):
De posse das Horas Disponíveis (HD). Tem-se a quantidade de tempo do ativo físico de-
dicado para operação, ou seja, representa a quantidade horas disponibilizada pela Função
Manutenção para a Função Operação desenvolver seus trabalhos produtivos, no entanto,
nem todas as Horas Disponíveis (HD) se efetivam como Horas Trabalhadas (HT), isso ocor-
re devido as Horas Não Utilizadas (HNU).
A Hora Não Utilizada (HNU) consiste em tempos dedicados pela operação para eventos
como o setup do equipamento, por exemplo, o ajuste necessário para produção de um
novo produto em uma linha de produção, também se encaixam nesta categoria, tempos
ligados a eventos, tais como: (i) trocas de turno; (ii) refeições; (iii) Interrupções por questões
de segurança e razões climáticas, entre outros. Nota-se, que em tais eventos, o ativo físico
encontra-se disponível para operar, mas isto não ocorre por questões da rotina operacio-
nal, assim, o mesmo não é utilizado, apesar de disponibilizado. Surge, então, um indicador
bastante presente na rotina da Função Operação, a Utilização (UT) dos ativos físicos, dada
pela equação (4).
Quem milita em operações produtivas mundo afora, percebe as discussões entre pessoas
da Operação e Manutenção em relação aos eventos que contam nas Horas de Manutenção
ou Horas de Utilização. A base para esta quase polêmica diária, repousa nos cálculos até
aqui apresentados nesta seção, pois a hora que é apontada como evento de manutenção
afeta o indicador da DF, já o evento de operação impacta na UT.
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Durante minha trajetória profissional, passei um bom período gerenciando tanto a área de
manutenção como de operação, e diante desta polêmica diária, busquei valorizar um ter-
ceiro indicador, fruto da DF e UT, no caso, o Rendimento Operacional (RO), o qual consiste
na multiplicação dos dois primeiros, conforme apresentado na equação (5).
(i) DF = 85%;
(ii) UT = 85%
Primeiro deve-se encontrar a quantidade de Horas Trabalhadas (HT) por meio dos va-
lores dados de DF e UT e do valor da HP, que, no caso, será igual a 720 horas, uma vez que
setembro possui 30 dias (720 = 30x24).
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Assim, para se cumprir um plano de produção mensal para setembro de 100 mil tone-
ladas, onde a capacidade de 1 (uma) colhedora é de 20.808 t, tem-se a necessidade de
mobilizar uma frota de 5 (cinco) máquinas.
Note outro exemplo: considere uma planta de mineração programada para operar todos
os dias do mês de novembro de 2020, em regime de turno de 24 horas por dia. Sabendo
que a produtividade horária da planta é 3.000 toneladas/hora. A Utilização dos equi-
pamentos planejada neste mês em 90%. Qual o Valor da DF (Disponibilidade Física) da
planta, para que se atinja a produção de 1.750.000 toneladas de minério beneficiado no
mês de novembro?
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2.1.3 – OEE
Muitas empresas utilizam o indicador OEE, Overall Equipment Effectiveness, que pode ser
traduzido como Eficiência Global do Equipamento, para avaliar a performance dos seus
ativos físicos.
Para se chegar em uma análise desta eficiência, o OEE apresenta-se como um indicador
satisfatório, pois o mesmo considera em seu cálculo rendimento operacional, percentual
da produtividade realizada e a qualidade que o equipamento apresentou durante deter-
minado período.
Note, algumas publicações utilizam o termo “Disponibilidade” para representar esta par-
cela do OEE, prefiro não utilizar este termo, pois pode confundir com a Disponibilidade
Física, gerando o risco de se entender que todas as paradas de produção impactam a DF,
o que não é verdadeiro, uma vez que diversas perdas de horas trabalhadas são oriundas
de questões do modelo operacional, como setup, trocas de turno, etc., as quais afetam a
Utilização (UT) do equipamento, além disso, torna-se interessante medir as duas parcelas,
DF e UT, já que cada uma é impactada por funções distintas, a Manutenção e Operação,
respectivamente.
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A parcela “PP” consiste na Performance da Produtividade (PP), ou seja, tem-se uma pro-
dutividade nominal do equipamento, também chamada de produtividade teórica, que
significa o valor de taxa horária de produção esperada por este equipamento. A Perfor-
mance da Produtividade (PP) representa o percentual alcançado deste valor nominal, a
equação (9) apresenta sua fórmula de cálculo.
pois um elemento estressante nas companhias são custos de manutenção realizados aci-
ma do previsto, em contrapartida, também não deve-se encontrar conforto demasiado
em aderências muito baixas, por exemplo, 80% de aderência pode significar uma ausência
preocupante de manutenção nos ativos físicos, preventivas podem estar sendo negligen-
ciadas, ou pode-se estar diante de um orçamento “supergordo”, onde o nível de conserva-
dorismo em sua elaboração exacerbou o limite do razoável.
Assim, atender aos indicadores até aqui apresentados é condição básica para ter-se uma
gestão tranquila e com objetivos atendidos. Taxas de frequência e gravidade de acidentes
pessoais abaixo do limite estabelecido, DF e OEE batendo metas, e custos de manutenção
dentro das premissas orçamentárias são sinônimos de sucesso em uma área de manuten-
ção, e daí formarem a base do sossego para o gestor ou gestora, como ilustra a figura 4.
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Figura 5 – Indicadores que sensibilizam a Disponibilidade Física (DF) & Disponibilidade Inerente (DI)
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O MTBF, Mean Time Between Failures, em tradução livre para o português, Tempo Médio
Entre Falhas (TMEF), é definido como a divisão da soma das horas disponíveis do equipa-
mento, considerando apenas tempos corretivos pelo somatório de eventos de interven-
ções corretivas neste equipamento no período, a equação (12), indica seu cálculo.
O MTTR, Mean Time To Repair, em tradução livre Tempo Médio de Reparo (TMR), é dado
como sendo a divisão entre a soma tempo de indisponibilidade para a operação devido às
Horas de Manutenção Corretiva (HMC), pelo somatório de eventos de intervenções corre-
tivas no período, conforme equação (13).
O MTBF é uma medida de confiabilidade do ativo físico, nota-se que quanto maior o
MTBF for, melhor, visto que a frequência de falhas diminuirá, daí conclui-se rapidamente
que a taxa de falha (λ), é dada pelo inverso do MTBF (equação 14). Uma discussão mais
aprofundada sobre a função taxa de falha (λ) é abordada na seção 4.4.1.4 deste livro.
Em termos de MTTR, quanto menor seu valor, melhor será a condição na área, ou seja, os
reparos corretivos demonstram ser cada vez menos impactantes na produção. O MTTR
indica o quanto o atributo de Mantenabilidade do ativo físico está maduro na organização,
uma vez que a capacidade do mesmo em ser mantido ou recolocado em condições de
executar suas funções requeridas, depende de alguns fatores, tais como a infraestrutu-
ra para manutenção, capacitação da equipe, projeto do equipamento, disponibilidade de
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Existe uma relação entre o MTBF, MTTR e a Disponibilidade Inerente (DI), observe a equa-
ção (15), nela se expressa tal conexão.
Possuir bons números de MTBF e MTTR se traduzem em uma área com elevadas Disponi-
bilidades, tanto a Física (DF), como a Inerente (DI), daí a sensibilização destes indicadores
pelo MTBF e MTRR, conforme ilustrado na pirâmide da figura 5.
Considere o seguinte exemplo: um caminhão fora da estrada operando em uma mina com
regime de turno de 24 (vinte e quatro) horas por dia, durante os 7 (sete) dias da semana,
ou seja, em um mês de 30 (trinta) dias, tem-se 720 (setecentos e vinte) Horas Programa-
das (HP). Sabendo que o total de Horas de Manutenção Corretiva (HMC) foi de 72 (setenta
duas) horas neste mês, e o somatório de eventos corretivos no período foi de 36. Pede-se
para calcular o MTBF, MTTR e Disponibilidade Inerente (DI).
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Onde: (i) HMC representa as Horas de Manutenção Corretiva e (ii) HMP indica as Horas de
Manutenção Preventiva. Um patamar aceitável do Índice de Corretiva (IC) dependerá da
população de equipamentos com criticidade “C” em relação ao todo do portfólio de ativos
físicos, quanto maior esta população, maior será o IC, uma vez que a estratégia sobre tal
grupo é a corretiva planejada, refletindo, assim, o foco no custo mínimo, como discutido
no capítulo 8 do volume 1 desta obra (VIANA, 2020).
falha, como, por exemplo, o para-brisa de um trator de esteira, que será apenas substituí-
do após sua quebra catastrófica, provocando um serviço corretivo.
Recomenda-se observar o IC em cortes, por exemplo, além do seu olhar sobre a base de
todos os ativos, deve-se calculá-lo considerando os equipamentos de criticidade “A”, nes-
ta população, o IC deve ser zero, dada a importância de tais equipamentos ao processo
produtivo ou o seu alto risco para segurança das pessoas e/ou requisitos de boas práticas
de sustentabilidade em relação ao meio ambiente.
O adequado é um cálculo em base em Humano Hora (HH), nota-se que, nos cálculos de
DF e DI, as horas utilizadas são as horas cronológicas, ou seja, tempos de parada no equi-
pamento, assim, pode-se revelar a verdadeira capacidade produtiva e confiabilidade dos
ativos físicos, já em termos de IC e IP busca-se aferir o tempo de dedicação das equipes
mantenedoras aos eventos corretivos e preventivos, daí observa-se o HH, veja a figura 6.
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Nota-se na figura 6, que, em um dado mês de outubro, um ativo físico parou 3 (três) vezes,
sendo 2 (duas) ocorrências corretivas e 1 (uma) preventiva. Nestas paradas o tempo crono-
lógico de parada, ou tempo calendário foi de:
Em termos de DF e DI, os valores de HMC, HMP e HMT, foram os seguintes neste mês de
outubro:
Utilizando esta base de dados, com base nas equações (16) e (17), têm-se os seguintes IC
e IP:
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Considerando o Humano Hora (HH) dedicado em cada parada para OS´s realizadas nas
mesmas, têm-se:
O leitor pode-se perguntar: na mesma parada é possível ter a execução de OS´s corretivas
e preventivas? Não deveria ser apenas um dos tipos?
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Voltando aos cálculos dos valores de IC e IP, considerando a base de HH realizados nas
OS´s do exemplo da figura 6, têm-se o seguinte:
(i) IC saiu de 44,4% na base de horas calendário para 31,9% na base de HH;
(ii) IP saiu de 55,6% na base de horas calendário para 68,1% na base de HH.
Recomenda-se utilizar para cálculos de DF, DI, MTBF e MTTR a base em horas calendário
(cronológica), assim, observa-se o real impacto das paradas no ativo físico, averiguando
corretamente sua capacidade produtiva e confiabilidade.
Dessa forma, reescreve-se as equações (16) e (17) com base em Humano Horas (HH), nas
equações (18) e (19), onde: (i) HHMC representa o HH dedicado em OS´s Corretivas e (ii)
HHMP indica o HH apontado em OS´s Preventivas.
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Nota-se que diversos setores produtivos brasileiros trabalham com altos índices de cor-
retiva (IC), o que pode representar a presença de uma cultura reativa na Gestão da Manu-
tenção.
Nota-se que os dois indicadores, IPR e APR, devem ser acompanhados em conjunto, uma
vez que pode-se elevar a Aderência à Programação (APR) apenas reduzindo o índice de
Programação (IPR), ou seja, programando uma menor capacidade de workforce, deixando
assim, um valor alto de HH não programado flutuando da semana S+1, o que pode incen-
tivar trabalhos não programados, e por conseguinte, erros em priorização de serviços, bem
como, baixa produtividade do efetivo de manutenção.
Pode-se afirmar que toda OS preventiva é planejada, mas nem toda OS planejada é
preventiva, isto ocorre devido à existência das OS´s corretivas planejadas, desta manei-
ra, não pode-se afirmar que: IP = IMP.
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Por exemplo, uma MPS tem periodicidade estabelecida em 300 horas de operação do
ativo físico, ou seja, a cada período de 300 horas operadas, uma OS, com base no plano
MPS cadastrado, deve ser executada neste equipamento.
Considerará “vencida” a OS que for executada em um tempo menor que 270 horas (-10%
da periodicidade estabelecida) ou acima de 330 horas (+10% da periodicidade estabeleci-
da), ou que deveria ter sido executada e ainda não foi, já tendo ultrapassado a tolerância
máxima, no caso do exemplo, as 330 horas.
Essas tolerâncias são estipuladas como medida de flexibilidade para ajustes necessários
na fase de programação do processo de “Tratamento da Demanda”, uma vez que rara-
mente os equipamentos estarão disponíveis para programação na data certa do desejo
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Backlog consiste no “tempo que uma equipe de manutenção deve trabalhar para concluir
todos os serviços pendentes, com toda a sua força de trabalho, e se não forem adicionadas
novas pendências durante a execução dos serviços até então registrados e pendentes em
posse da equipe de Planejamento e Controle de Manutenção”. (BRANCO FILHO, 2006).
O HH instalado deve levar em consideração uma certa perda, pois nenhum profissional
estará todo seu tempo dedicado aos serviços de manutenção, sendo necessário estimar
um percentual da sua carga horária, um Fator de Produtividade do Efetivo (FPE), em que
estará dedicado à outras tarefas, como reuniões, treinamentos, arrumação da oficina,
transporte interno, etc. Assim, chega-se no chamado trabalho efetivo do workforce (time
de executantes).
Existem vários estudos que buscam entender e quantificar a real produtividade de efetivo
da força de trabalho da manutenção, o que em inglês é chamado de Wrench Time, o que
aqui em terras brasileiras nomeamos como “tempo com a mão na chave”, ou seja, o tempo
efetivo em que o mantenedor está executando serviços.
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Como observado em um dos meus trabalhos sobre o tema (VIANA, 2017), constata-se
uma busca nas empresas da elevação da produtividade dos seus efetivos de trabalha-
dores, uma vez que quanto maior tal produtividade, maior é a competividade das com-
panhias, mas não há um o consenso na literatura sobre valores ideais para o FPE, para
tanto, diversos métodos são utilizados para a pesquisa deste fator, como a amostragem
aleatória de atividades, identificada na literatura, como Working Sampling (CARVALHO ET
AL, 2004; SANTOS, 1995), por meio da observação do trabalho em campo.
Recomenda-se que o Backlog deva ser estratificado por especialidade, de forma a ter-se
valores do indicador na visão das expertises que formam o workforce, por exemplo: mecâ-
nicos, eletricistas, caldeireiros, etc. Isto facilitará a análise, e, consequentemente, a decisão
em relação às carências na equipe, pois indicará os gargalos negativos, falta de HH em
uma determinada especialidade que pode sobrar em outra. Dessa maneira, tem-se um
excelente balizador, para a definição da composição das equipes de manutenção.
Tavares (1999) indica a importância da análise do gráfico de Backlog, pois por meio dela
as decisões gerenciais serão mais precisas. Existem basicamente seis tipos de curvas de
valores de Backlog (Figura 8).
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Considerando o eixo vertical como sendo os valores de Backlog, e o eixo horizontal o tem-
po, pode-se afirmar que a curva “A”, demonstra um controle do processo, restando saber
se o valor de Backlog está em um patamar aceitável ou não, os valores devem ser analisa-
dos, buscando evitar sobrecargas da equipe, no caso, Backlog´s acima de 30 (trinta) dias
indicam sobrecarga, e também trabalhar sem ociosidades, no caso, valores de Backlog
abaixo de 15 (dias), podem denotar este fenômeno no workforce, o que não é desejável,
visto equipes ociosas serem mais propensas a acidentes de trabalho e desatenções, além
de desperdício em termos de custos. Diante desse contexto de sobrecarga e ociosidade,
percebe-se que o Backlog deve ser acompanhado tal qual uma carta de controle, com
Limite Superior de Controle (LSC) e Limite Inferior de Controle (LIS), o gestor atuando
quando os valores estiverem fora desses limites.
A curva “C” constitui um quadro preocupante, pois o Backlog tem uma tendência de alta
constante, isto enseja possíveis problemas, como baixa qualidade na manutenção, des-
controle do PCM (Planejamento e Controle da Manutenção) no calendário de preventivas,
deficiência na supervisão da execução de serviços, ferramental insuficiente ou aumento da
demanda de equipamentos, ou expansão da planta sem o ajuste no workforce.
Na curva “D”, observa-se uma subida brusca de um patamar baixo, para um consideravel-
mente mais alto, normalmente, isso acontece quando da ocorrência de uma corretiva com
tempo de execução bem alto, como, por exemplo, a quebra de um rolamento de giro de
uma escavadeira ou um rompimento de uma correia transportadora de longa distância, o
que provoca um pico de demanda de HH.
Na curva “E” verifica-se o contrário do ocorrido na “D” ou seja, uma queda repentina de
um patamar para outro menor, nesse caso, pode ter ocorrido a contratação de uma equipe
externa, ou uma mobilização interna para redução do passivo de manutenção, por meio
da relocação de recursos de uma área para outra.
Por último, tem-se a curva “F” que demonstra, como toda curva dente de serra, demons-
trando um descontrole do processo, ensejando problemas na Gestão da Manutenção e no
PCM.
Ao observar a curva “E”, nota-se um fenômeno comum quando a Gestão apresenta altos
números de Backlog Total: a contratação spot (pontual) de mão de obra. Diante de tal de-
manda surge a necessidade da observação do indicador “Backlog Pronto”.
O Backlog Pronto consiste no tempo que uma equipe deve trabalhar para concluir os ser-
viços em aberto, considerando apenas aqueles que estão prontos para iniciar, ou seja, que
constem em OS´s com status “Aguardando Programação” ou acima. A equação (25) indica
sua fórmula de cálculo.
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As Ordens de Serviço consideradas “prontas” são aquelas que não restam mais nenhum
trabalho de “Planejamento” e “Aprovisionamento” a ser realizado, bastando apenas o
surgimento de disponibilidade de mão de obra para sua programação. Ao ter o cuidado
de considerar o Backlog Pronto para fins de contratação de efetivo extra para o time de
manutenção, o gestor ou gestora, evita trazer ociosidade para sua área, pois contratará a
dimensão correta dos recursos para a devida prontidão de OS´s que dispõe, caso se utilize
como parâmetro para contratação o Backlog Total, corre-se o risco de gerar um acréscimo
na ociosidade, pois mantenedores serão mobilizados, mas ao chegar no local de atuação,
não terão as OS´s prontas para sua execução.
O valor previsto de MPS´s a ser cadastradas é definido no ano anterior, observando o pla-
no de aquisições aprovados pela organização de novos ativos físicos, a aferição da MPS´s
cadastradas devem ser realizadas mensalmente no ano seguinte, atestando a evolução do
cumprimento da previsão estabelecida.
O objetivo do indicador Idade Média das Ordens de Serviço (IMOS) é verificar a velocidade
imprimida no processo de “Tratamento da Demanda”, pois representa o tempo médio
em que uma OS se encontra na carteira de serviços, quanto maior este tempo, menor é
a percepção de resposta da manutenção às demandas de campo, conforme indicado na
equação (27).
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Ao observar o IMOS pelo estado das OS´s, pode-se entender onde encontra-se os pontos
de maior retenção no processo da Tratamento da Demanda, observe a figura 9.
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Como discutido no volume 1 (VIANA, 2020), a distinção entre o status “Concluída” e “En-
cerrada” repousa no fato de a primeira ter o serviço realizado, mas ainda restam alguns
apontamentos de HH ou material para poder ser encerrada.
inspeção existentes, como, por exemplo, as discutidas no volume 1 desta obra (VIANA,
2020): (i) inspeção sensitiva; (ii) análise de vibrações; (iii) termografia; (iv) ensaio de ultras-
som e (v) análise de óleo.
Quanto maior o PEA, pior o cenário de estabilidade dos ativos físicos, visto como uma área
com diversos equipamentos operando fora dos seus parâmetros de normalidade repre-
sentarem risco iminentes de paradas corretivas ao longo do tempo.
Acompanhar os laudos críticos gerados pela inspeção consiste em uma boa prática de
gestão da manutenção, nesse sentido, o indicador PLCP (Percentual de Laudos Críticos
no Prazo) representa tal acompanhamento, indicando o percentual de laudos críticos da
inspeção que estão dentro do prazo estabelecido para sua execução.
Entende-se por laudo crítico todo aquele que tem como foco um ativo físico classificado
com criticidade tipo “A”. A equação (29) demonstra a fórmula de cálculo do PLCP.
Nota-se que a meta-alvo para o PLCP é 100%, ou seja, os gestores devem primar pelo
atendimento às demandas de MPC (Manutenção Preventiva Condicional) dentro dos pra-
zos estabelecidos, principalmente aqueles designados como críticos, visto que um equi-
pamento classificado com criticidade “A” deve ter seu foco em Confiabilidade.
55
Além dos indicadores discutidos até aqui, têm-se outros de pertinência para a gestão dos
custos da manutenção, recursos humanos, suporte ao tratamento da demanda e enge-
nharia da manutenção, sendo assim, as próximas seções são dedicadas à discussão des-
ses.
A composição dos custos de manutenção é composta de gastos com: (i) pessoal; (ii) ma-
teriais e (iii) contratação de serviços externos. Gerencialmente são estes que compõem o
orçamento da área, e, por conseguinte, as contas que devem ser acompanhadas na rotina
da área:
(i) Pessoal: Despesas com salários e prêmios (diretos), encargos sociais e benefícios
concedidos pela empresa (indiretos), e gastos com aperfeiçoamento do efetivo.
(ii) Materiais: custo de reposição dos itens (diretos), ou seja, materiais MRO (Manuten-
ção, Reparo, Operação);
(iii) Contratação de Serviços Externos: Contratos com empresas externas para serviços
permanentes ou circunstanciais.
Também fazem parte do custo de manutenção, as contas como a energia elétrica e con-
sumo d’água nas oficinas e áreas de apoio aos mantenedores, aluguéis de prédios que
atendem à Manutenção, e despesas com viagens, telefonia, e aluguéis de veículos geradas
pela área. Teoricamente, os custos ligados à administração do almoxarifado e ao setor de
compras pertinentes às demandas de manutenção, devem ser considerados no Custo de
Manutenção, algumas empresas praticam esta lógica, muitas delas possuem áreas ditas
de Serviços Compartilhados, e cobram gerencialmente seus custos aos setores que os
demandam, a Manutenção sendo um deles.
Existem dois outros tipos de despesas associados à manutenção de ativos físicos, mas
que não são contabilizados no orçamento gerencial acompanhado pelas áreas, são elas: (i)
depreciação e (ii) perda de faturamento.
56
O Custo de Manutenção por Faturamento (CMF) consiste na relação entre os gastos totais
com a manutenção e o faturamento da companhia, equação (30).
57
2.1.18 – Retrabalho
A observação deste indicador tem como objetivo verificar a qualidade dos serviços de ma-
nutenção, se as intervenções vêm sendo definitivas ou paliativas, gerando um constante
retorno ao equipamento. O ideal é que o valor do indicador seja zero, ou seja, após a in-
tervenção mantenedora não haja ocorrência de falha com a mesma origem da primeira
Ordem de Serviço.
2.1.19 – Alocação de HH em OS
O indicador de Humanos Hora (HH), alocado em Ordem de Serviço (OS), consiste no per-
centual de horas da manutenção oficializada no documento base para Gestão da Manu-
tenção, no caso, a OS.
Este indicador aliado aos indicadores de preventiva, retrabalho, corretiva, entre outros,
apontará o quanto repercute os treinamentos na melhoria dos resultados da manutenção.
O documento nacional da ABRAMAN (2017) aponta os valores práticos nos diversos seto-
res da indústria brasileira (Tabela 5).
Tabela 5 – Treinamento na Manutenção por setores da economia brasileira – Fonte: ABRAMAN (2017)
60
Tabela 6 – Turnover na Manutenção por setores da economia brasileira – Fonte: ABRAMAN (2017).
São diversos os fatores que influenciam o Turnover de uma equipe, desde as questões
de salário, indo até estilos de liderança adotados junto ao time. Não existe um valor ideal
de Turnover, cada organização deve ser estudada e observada com base no seu próprio
histórico.
Vários estudos são realizados ao redor do mundo sobre o tema, por exemplo, Beach et al.
(2003), analisaram o Turnover em 9 (nove) minas na Austrália, sendo 3 (três) na Austrália
Ocidental e 6 (seis) no Norte Queensland, 7 (sete) destas empresas trabalhando em regime
total ou parcial em operações FIFO (Fly-In, Fly-Out), e 2 (duas) localizadas em cidades
sem a utilização do FIFO.
O estudo revelou uma média de Turnover de 20,2% nos 9 (nove) sites pesquisados, a rota-
tividade de funcionários das empresas nos 7 (sete) locais de regime FIFO variou entre 9,7%
e 28,3%. Observou-se que os dois sites baseados na cidade relataram taxas de rotativida-
de anual de 7,8% e 27,0%.
61
2.1.23 – OTIF
O indicador é composto por duas parcelas, a primeira, é alusiva ao termo “On Time”, re-
presenta o atendimento ao prazo dos pedidos e ao local de entrega que foram acordados
entre as áreas de Manutenção, neste caso, assumindo o papel de cliente interno, e Supri-
mentos, que assume o papel de fornecedor. O segundo termo, “In Full”, remete aos pedi-
dos entregues completos, ou seja, com todas as quantidades atendidas, isenta de avarias,
extravios ou itens fora das especificações.
62
Um exemplo para fixar, seria considerar que 90% dos pedidos entregues por Suprimentos
para a Manutenção foram dentro do prazo e local estabelecido, e que 90% dos pedidos
entregues neste mesmo período, estavam completos, ou seja, sem anomalias alguma,
desta maneira, o OTIF deste período é calculado da seguinte forma:
O OTIF da Manutenção deve ser acompanhado pelo PCM, em especial, pelos Aprovisio-
nadores, e fazer parte da rotina de acompanhamento da interface Manutenção – Supri-
mentos, assim, o processo logístico será melhor avaliado, fornecendo indicações de temas
caros à Manutenção em relação à gestão de materiais, como:
2.1.24 – Ruptura
A ruptura também é mais um indicador utilizado na logística e que julgo importante o seu
uso também no contexto da gestão da manutenção, muito usado no varejo, ele representa
a indisponibilidade dos produtos nas prateleiras, por exemplo, de um supermercado. Na
relação Manutenção – Almoxarifado, ele representa o percentual de itens estocáveis que
estão abaixo do seu valor mínimo de estoque, conforme equação (38).
A definição de “itens estocáveis” será abordada em maiores detalhes na seção 3.1, política
de estoques e armazenamento.
63
Baptista (2016) ressalva que, ao existir um bom gerenciamento da rotina, o setor de ma-
nutenção atuará predominantemente no modo proativo, com o mínimo de paradas não
planejadas. Dessa forma, todos os integrantes da manutenção devem possuir uma defi-
nição clara das suas atribuições, bem como, suas rotinas, inclusive, agenda de reuniões as
quais devem possuir uma definição clara de frequência de ocorrência, tempo de duração,
indicadores e pauta a discutir, e por fim, definição prévia dos seus participantes.
Recomenda-se que cada líder da área de manutenção tenha um guia mínimo da sua ro-
tina, orientando sobre os indicadores que deva observar diariamente, semanalmente e
mensalmente, a figura 10 traz um exemplo do guia para um supervisor (nível 1), de uma
oficina de subconjuntos. Nota-se que o líder terá a rotina de observar seus indicadores, e o
guia o apoiará lhe orientando quais são e como deve ser seu acompanhamento em termos
de frequência.
64
O guia também irá orientar o líder quanto a sua agenda de reuniões e eventos básicos que
devem ser cumpridos pelo mesmo ao longo do mês. A figura 10 ilustra um exemplo para
esta parte do guia da rotina.
65
66
A área de manutenção se caracteriza por ser dona de uma rotina bastante pesada, são
diversas as demandas sobre suas equipes e liderança, além disso, existem diversas inter-
faces internas e externas que devem ser observadas para que os processos tenham sua
fluidez de atendimento garantida.
Sempre defendi junto às minhas equipes na época de gestor, que ninguém faz nada sozi-
nho na manutenção, os trabalhos são interconectados, o que induz a necessidade de uma
rotina de reuniões que possibilitem o exercício organizado e eficaz de tais interfaces.
A tabela 7, lista uma rotina mínima de reuniões que uma área de manutenção deve seguir,
podendo cada área elencar outras para tratamento de especificidades próprias de cada
organização. Torna-se importante cada reunião possuir uma pauta básica, além de indica-
dores a serem avaliados na mesma, e a orientação de presenças obrigatórias de pessoas
da equipe.
67
(iv) Indicadores: MPM, IP, MSV, IMOS, PEA, PLCP, AOM, DF, Backlog Total e Pronto;
(v) Ações de Correção: Todos os indicadores que apresentarem desvios da meta, devem
ter ações de correção com prazos e responsáveis definidos;
A reunião de programação tem como foco a definição das atividades de manutenção pre-
vistas para a semana seguinte (S+1), ou seja, o “Horizonte 4 – Programação Semanal da
Manutenção”, sendo desdobrada do “Horizonte 3 – Programação Mensal da Manutenção”,
conforme os seguintes requisitos:
68
(iv) Indicadores: DF, AOM, IPR, APR, IMOS, PLCP, PEA e Retrabalho;
(v) Ações de Correção: Todos os indicadores que apresentarem desvios da meta, devem
ter ações de correção com prazos e responsáveis definidos;
A reunião de interface Manutenção – Suprimentos, tem como foco a sinalização das prio-
ridades definidas para o mês referente a recursos materiais e analisar desvios de estoque
e itens de estoque mínimo, conforme os seguintes requisitos:
(v) Ações de Correção: Todos os indicadores que apresentarem desvios da meta, devem
ter ações de correção com prazos e responsáveis definidos;
A reunião de performance do PCM tem como foco a verificação dos indicadores de PCM e
tratamento dos desvios identificados conforme os seguintes requisitos:
Frequência: Mensal;
Outputs: Plano de ação para tratamento dos desvios atualizados e equipe alinhada.
(iv) Indicadores: Taxa de Frequência e Gravidade de acidentes pessoais, DF, DI, MTBF,
70
MTTR, IP, IPR, APR, IMP, Backlog Total e Pronto, CMF, Retrabalho, Alocação de HH em
OS, Absenteísmo e IMOS;
(v) Ações de Correção: Todos os indicadores que apresentarem desvios da meta, devem
ter ações de correção com prazos e responsáveis definidos;
(vii) Outputs: Plano de ação para tratamento dos desvios atualizados, e equipe alinha-
da.
(iv) Indicadores: Taxa de Frequência e Gravidade de Acidentes Pessoais, DF, DI, AOM;
(vii) Outputs: Plano de ação para tratamento dos desvios atualizados e equipe alinha-
da.
71
As reuniões até aqui indicadas consistem na pauta mínima de uma área de manutenção,
dependendo da organização, pode haver diversas outras, no entanto, o cuidado é evitar
uma sobrecarga nesses encontros. Além dessas já apresentadas, quando a área de manu-
tenção for de grande porte, recomenda-se ter encontros específicos para os temas RH e
SSMA (Saúde Segurança e Meio Ambiente), surgindo as reuniões de: (i) Gente e (ii) SSMA.
(v) Ações de Correção: Todos os indicadores que apresentarem desvios da meta, devem
ter ações de correção com prazos e responsáveis definidos;
(vii) Outputs: Plano de ação para tratamento dos desvios atualizados, e liderança ali-
nhada.
72
A reunião de Saúde, Segurança e Meio Ambiente (SSMA) deve focar na verificação dos in-
dicadores que traduzem o andamento destes temas na área de manutenção, bem como,
oportunizar espaço para discussões sobre ações para desenvolvimento de boas práticas,
dessa maneira, proporcionando o correto alinhamento da liderança de nível L1, com as
boas práticas de SSMA, um ponto importante para a sustentabilidade das operações das
organizações, e, por conseguinte, para todo a sociedade. Importante o atendimento aos
seguintes requisitos:
(iv) Indicadores: Taxa de Frequência e Gravidade de Acidentes Pessoais, MSV e PEA re-
ferente aos ativos físicos que garantem prevenção de impactos negativos à Segurança
dos colaboradores e ao Meio Ambiente;
(v) Ações de Correção: Todos os indicadores que apresentarem desvios da meta, devem
ter ações de correção com prazos e responsáveis definidos;
(vii) Outputs: Plano de ação para tratamento dos desvios atualizados, e liderança ali-
nhada.
A demanda por encontros não se exaure nas sugestões indicadas nesta seção, como dito,
cada organização tem seu rito, e este leva a um gerenciamento da rotina particular, além
disso, em termos de governança da manutenção, como discutido no capítulo 7 do volume
1 desta obra (VIANA, 2020), existem os encontros específicos do Comitê de Liderança da
Manutenção (CLM) e seus Subcomitês de Engenharia e P&G (Planejamento e Gestão), os
73
quais fogem de uma rotina mensal, mas devem ser previstos na visão anual da rotina dos
participantes.
(ii) Controle rígido do rito fiscal para envio e retorno de componentes e equipamentos;
74
(i) Comercial;
(ii) Ambiental;
(v) Financeira;
(vii) Jurídica.
Nota-se que cada um dos aspectos necessários a serem avaliados, repousa em áreas de
expertise departamentalizada na organização, por exemplo, a avaliação comercial cabe ao
setor de suprimentos realizar, assim como a jurídica pelos advogados da empresa, assim,
o foco da manutenção quanto aos seus fornecedores será a análise do Sistema de Quali-
dade do Fornecedor.
A ISO/IEC 17025 teve sua primeira versão lançada em 1999, sendo a mais atual data de
2017. Verificar se os fornecedores seguem tal norma no que tange ao uso de laboratórios
que promovem ensaios, amostragem ou calibração, é de relevante importância para ga-
rantia dos trabalhos de reformas em componentes e equipamentos. Já imaginou uma
montagem realizada com um torquímetro descalibrado? São nos detalhes que repousam
as causas dos grandes aborrecimentos da rotina.
Na maioria das vezes, alguns fornecedores não têm ciência alguma desta norma e de ou-
tras, mas repousa nesta ignorância, diversas causas de reformas inadequadas, cabendo
75
Outra norma importante que atesta a qualidade do controle dos processos de um forne-
cedor, é a famosa ISO 9001, que consiste em um agrupamento de normas objetivando o
estabelecimento de um modelo de gestão da qualidade para diversos tipos de organiza-
ções. A norma tem sua mais atual versão datada de 2015, sua adoção garante que o forne-
cedor padroniza, monitora, registra e rastreia seus processos, tornando suas entregas mais
confiáveis, claro que nem tudo que “reluz é ouro”, ou seja, pode-se ter falhas em empresas
certificadas, mas no universo dos negócios, não há 100% de garantias, deve-se trabalhar
para minimizar ao máximo os risco do resultado indesejado, e ao exigir tais normas aos
fornecedores de reformas em componentes e equipamentos, a área de manutenção reduz
as chances de erros externos que podem vir a impactar negativamente os resultados de
OEE, segurança e custos.
No Brasil, como em outros países do mundo, existem exigências de rito fiscal para diversas
operações envolvendo componentes e equipamentos, uma delas consiste na “Nota Fiscal
de Simples Remessa”, ou também chamada de “Nota Fiscal de Transporte”, para uso du-
rante a locomoção de bens sem a finalidade de venda.
da empresa que os envia, não devem ser entendidos como mercadorias vendáveis, mas
sim, bens que estão apenas sendo transportados para eventuais serviços de manutenção
nos mesmos, em local externo ao seu proprietário, assim, a Nota Fiscal de Simples Re-
messa é o documento emitido quando há circulação de bens sem o objetivo de venda,
garantindo a não incidência de impostos.
Alguns cuidados devem ser adotados neste processo, a área de manutenção deve garantir
junto a área contábil da organização, o correto rito fiscal nesta atividade, assim, os princi-
pais pontos de atenção são:
(i) Indicar o correto CFOP, Código Fiscal de Operações e Prestações, sua inobservância
adequada pode acarretar cobranças desnecessárias de ICMS, imposto sobre circulação
de mercadorias e prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e
comunicação;
(iii) Controle rígido do tempo em que o componente ou equipamento irá ficar sob a
posse da oficina externa.
Quanto aos prazos de retorno do componente e equipamentos enviados por nota fiscal
de remessa, cada estado brasileiro estabelece seus limites, em seus respectivos RICMS´s,
Regulamentos do ICMS.
77
Muitos estados adotam 180 dias como o prazo máximo de permanência do bem na oficina
externa para a realização de serviços, tais como a Paraíba e a Bahia, sendo que nas terras
tabajaras só se admite uma prorrogação por igual período, já na terra do Senhor do Bonfim
admitem-se duas prorrogações.
E a prorrogação não é o único entendimento que varia, por exemplo, o Estado de São Pau-
lo, por meio do artigo 7º, caput, IX do RICMS/2000-SP, prever a não-incidência do ICMS
na saída de máquinas, equipamentos, ferramentas ou objetos de uso do contribuinte,
bem como de suas partes e peças, com destino a outro estabelecimento para lubrificação,
limpeza, revisão, conserto, restauração ou recondicionamento, desde que os referidos bens
voltem ao estabelecimento de origem, quanto ao retorno, a legislação paulista não possui
dispositivo prevendo prazo de retorno ao estabelecimento de origem dos bens enviados
para conserto, apenas condiciona o benefício fiscal ao retorno do bem. A não-incidência
será aplicada independentemente de as operações serem estaduais ou interestaduais.
78
Apesar dos trabalhos de reforma e reparo serem eminentemente técnicos, existem lacu-
nas de dúvidas sobre a necessidade ou não, da troca de peças, e elas custam caro, daí a
peritagem ocupa o lugar da inspeção condicional para tais casos, buscando entender as
reais demandas, e, assim, equilibrar a relação e expectativas dos dois polos, às vezes dis-
tintos: aquele que vende e aquele que consome as peças.
O PCM deve estabelecer um protocolo claro que estabeleça parâmetros mínimos para o
trabalho da peritagem, a começar definindo quais os componentes devem ser foco de
uma revisão do orçamento por um técnico perito da tomadora de serviço, normalmente,
indica-se um valor de corte para esta escolha, ou seja, acima de um certo montante, deve-
-se peritar a reforma obrigatoriamente.
Outro ponto importante está na designação do técnico para exercer tal atribuição, de-
vendo sua escolha repousar nos seus atributos técnicos, exigindo larga experiência nos
ativos físicos utilizados pela organização, além disso, seu engajamento deve ser elevado,
evitando, assim, desvios de conduta, que, nesta posição, se revelam bastante danosos ao
interesse da área de manutenção.
As peritagens devem ser entendidas, tanto pelo fornecedor quanto pelo cliente, como uma
atividade rotina, sem a necessidade de desgastes em temas como: “por que fazer? ”, “não
confiam no nosso trabalho? ”.
Os fornecedores que recebem um ativo físico para reparo ou reforma, já têm a demonstra-
ção de confiança por parte do seu cliente, no entanto, isto não pode ser entendido como
uma abstinência total de participação em tal processo, deve-se encarar como normal a
existência de revisões de orçamentos, bem como, retificações da pauta de serviços, até
porque cabe a empresa cliente a decisão de assumir ou não o risco da tomada de decisão
acerca de uma postergação de substituição de peças e sobressalentes.
79
Ao final dos reparos ou reformas externas, deve-se proceder uma averiguação final que
pode ter parte documental e de testes em campo. Os laudos, relatórios, entre outros do-
cumentos gerados pelo fornecedor, versando sobre os trabalhos e seus mecanismos, são
parte integrantes e importantes na atividade de gestão de componentes e equipamentos
(serviços externos).
O PCM deve exigir toda documentação pertinente ao serviço externo, repousa nisto a im-
portância do histórico e da futura rastreabilidade e aprendizado sobre cada ativo físico
manutenido fora da empresa.
Como conceito “Auditoria”, segundo Cabral (2006), é uma atividade documentada e siste-
mática realizada com o propósito de verificar, a adequabilidade e o cumprimento dos pro-
cessos estabelecidos. A “Auditoria Interna dos Processo de Manutenção” consiste em um
exame detalhado das boas práticas exercidas pela equipe de manutenção, identificando
os procedimentos adotados, averiguando a confiabilidade dos mesmos, verificando assim,
a aderência das equipes de manutenção juntos aos procedimentos da Função Manuten-
ção, tais como, as atividades dos processos previstas no macroprocesso (figura 1).
O IMM terá como base a aplicação de um formulário de avaliação dos 6 (seis) processos
do sistema CIT/CSM, o qual denomina-se como “Gabarito”. As perguntas que compõem o
gabarito, versam sobre cada atividade prevista e buscam averiguar a adequação da prática
em campo com a recomendação do sistema de gestão (modelo CIT/CSM).
80
O gabarito sugerido para utilização nas áreas de manutenção com base no modelo CIT/
CSM, encontra-se no apêndice 1 desta obra, com o elenco de perguntas associadas a cada
atividade prevista no macroprocesso da figura 1, tais perguntas podem e devem sofrer
atualizações para adequação a particularidades de cada organização, bem como, ao longo
do tempo, como medida de melhoria do gabarito, tornando-o mais pertinente possível às
situações vividas na prática gerencial e técnica da área de manutenção.
Para avaliação surgem dois elementos de análise: (i) o grau de importância do quesito
(GIQ) e (ii) o grau de aderência do quesito (GAQ).
81
Os valores negativos indicam lacunas na rotina em relação ao definindo como boas prá-
ticas de gestão, as quais são expressas pelos quesitos elencados no gabarito, diferença
positivas representam uma entrega maior daquilo que é exigido.
Como o gabarito do Apêndice 1, tem seus quesitos distribuídos por atividade de cada
processo do macroprocesso da figura 1 (modelo CIT/CSM), as diferenças entre GIQ e GAQ
podem ser consolidadas por cada um dos 6 (seis) processos, possibilitando a visão da-
quele mais distante do esperado, e, assim, também se visualizando por atividade de cada
processo, e o quesito mais impactante.
O diagnóstico com este olhar desdobrado do processo até o quesito, passando pela ativi-
dade, eleva as chances da elaboração de planos de ações de correção muito mais eficien-
tes, configurando-se, assim, em uma vantagem competitiva para aquela área que tem na
autocrítica um traço de comportamento rotineiro, impulsionando sua evolução nos níveis
de maturidade na gestão da manutenção.
82
83
84
Cholasuke et al. (2004) propuseram um modelo com três níveis, o de (i) Inocência, (ii)
Entendimento e (iii) Excelência. Neste modelo observou-se a presença de 10 (dez) proces-
sos na rotina da manutenção: efetividade da manutenção; desdobramento da política e
organização; abordagem da manutenção; planejamento e programação de tarefas; gestão
da informação e CMMS; subcontratação de atividades da manutenção; melhoria contínua;
aspectos financeiros; gestão de recursos humanos; e gestão de estoque.
Jamarillo (2004) propôs cinco níveis de maturidade, nomeando o mais básico como “Ma-
nutenção Planejada” e os seguintes como “Manutenção Pró-ativa”, “Manutenção Organi-
zacional”, “Gestão de Confiabilidade”, e o mais maduro de “Gerência de Ativos”, tais níveis
sendo suportados por 28 (vinte e oito) processos e atividades de práticas na gestão da ma-
nutenção. Na visão dos autores, na medida em que tais práticas estão implantadas como
ações rotineiras, pode-se afirmar que os modelos de gestão da manutenção associados
estão efetivamente implantados.
Campbell e Reyes-Picknell (2006), por sua vez, indicaram em seu estudo cinco níveis de
maturidade da gestão da manutenção: (i) Inocência, (ii) Consciência, (iii) Entendimento,
(iv) Competência e (v) Excelência. Os processos esteios da maturidade para os autores são
em número de 10 (dez): Estratégia, Pessoas; Gestão das atividades; Gestão de materiais;
85
Por fim, nesta breve revisão sistemática da bibliografia sobre o tema maturidade na ges-
tão da manutenção, Macchi e Fumagalli (2013), apresentam um modelo com cinco níveis
progressivos, chamando-o de “representação contínua”, que diferentemente dos demais,
não sendo necessário atingir um nível de maturidade superior, pela obrigatoriedade do
atendimento de todos os requisitos do nível anterior, para os autores, o importante para
as organizações consiste em ter um caminho prioritário, ao invés de modelo rígido para o
alcance da maturidade. Os autores, ao invés de apresentarem processos como os demais,
apresentam o que chamam de “capacidades” para suportar a maturidade da gestão da
manutenção, sendo elas: Tecnológica, Organizacional e de Gestão.
A tabela 9 sintetiza a visão de cada autor pesquisado quanto aos níveis de maturidade na
gestão da manutenção.
86
Nota-se que a última linha da tabela 9 representa a contribuição desta obra para a dis-
cussão sobre o tema maturidade na gestão da manutenção, entendo haver 5 (cinco) níveis
de maturidade, baseados no macroprocesso do modelo CIT/CSM (figura 1), o qual prevê
6 (seis): controle inicial; identificação da demanda; tratamento da demanda; controle da
manutenção; suporte ao tratamento da demanda e modificações e melhorias.
(i) Inocência;
(ii) Construção;
(iii) Consciência;
(v) Excelência.
Acredito que o avanço progressivo em tais níveis de maturidade passa pela conquista de
práticas saudáveis de gestão, expressas no modelo CIT/CSM, e a demonstração sólida de
um ambiente sustentável de resultados, por meio do alcance da banalidade das rotinas,
ou seja, creio que a excelência torna o exercício dos processos operacionais, algo banal,
não com a conotação de desimportante, mas sim, no contexto de torná-los comuns, sem
a necessidade de grandes esforços para sua realização, e tendo a sua repetição ocorrendo
com normalidade e simplicidade.
Nota-se que a forma de avaliação pelas diferenças entre os graus de “aderência” e “im-
portância” dos quesitos, funciona muito bem na indicação dos pontos fortes e fracos em
relação ao exercício do modelo CIT/CSM, no entanto, como sua pontuação traduz lacunas
da prática adotada em relação ao esperado, não havendo uma pontuação acumulada ca-
paz de apontar o nível de aderência a um valor total, assim, pela tabulação de resultados
observada apenas numericamente não há como entender perfeitamente o nível de matu-
87
Ram Charan entende que a conquista de um nível mais maduro de liderança, passa ne-
cessariamente por “passagens”, as quais representam os pontos de inflexão na carreira dos
profissionais, analogamente aos pontos de transição em uma tubulação, os quais ofere-
cem maior perda de carga ao transporte dos fluídos, gerando, assim, pontos de turbulência
e de desafio.
Quando a área de manutenção realiza sua primeira passagem, alcança o nível de “Cons-
trução” na maturidade da gestão, esta passagem passa, necessariamente, pela conquista
das seguintes características:
dicional) conforme indicação nas estratégias de manutenção para cada grupo de equi-
pamentos;
c) Solicitação de Serviços (SS) dos clientes, ou seja, dos operadores e outras áreas solici-
tantes à manutenção, sendo apontada com soluções mobile, com a extinção do papel,
e interface sólida com o software de manutenção;
f) Tratamento de perdas implantado na rotina com seu efetivo exercício, utilizando per-
fis de perdas, diagramas de jack-knife, indicando causas de perdas, e gerando planos
de ações de tratamento de desvios eficazes que sensibilizam os indicadores positiva-
mente;
h) Metas de resultados sendo alcançadas como DF, OEE e AOM, limites respeitados nas
Taxas de Frequência e Gravidade de acidentes pessoais, e indicadores do processo de
manutenção dentro do estabelecido, traduzido, uma gestão saudável.
Como o próprio nome de tal nível de maturidade indica, a gestão da manutenção encon-
tra-se “Consciente” do seu papel, responsabilidades, limitações e desafios futuros, e con-
92
segue estabelecer planos sem comprometer a entrega do seu atual cotidiano, mas perce-
be-se ainda com diversas oportunidades para conquistar o nível sustentável da gestão de
processos, com a consciência da existência de fragilidades a serem tratadas para evitar va-
riações nos resultados, e retrocessos no exercício das boas práticas até então implantadas.
c) A atividade de LCC, Life Cycle Cost, implantada e configurando-se em uma das fon-
tes para tomada de decisões gerenciais, principalmente acerca da substituição de ati-
vos físicos;
a) Modelo CIT/CSM operando 100% sustentável, com todas as suas atividades e roti-
nas “banalizadas”, ou seja, sendo executadas totalmente protocolizadas e sem chances
94
Não é fácil chegar a excelência, seja qual for o processo, aferir seu nível também reserva a
mesma dificuldade, daí a importância do olhar sobre indicadores com um horizonte acima
de 3 (três) anos de sustentabilidade, bem como, da existência de um prognóstico futuro
favorável, como o traduzido pela função taxa de falha (λ).
A excelência na manutenção passa também pela maturidade da equipe, onde todos tra-
balham “sob música”, ou seja, sem dúvidas dos seus passos no cotidiano laboral, e pos-
suem alta performance, o que garante maiores produtividades, e o surgimento e implan-
tação de ideia inovadoras.
Estas revisões ocorrem por diversas razões, em linhas gerais, identifica-se as seguintes no
processo de manutenção:
b) Revisão sistemática por tempo: Na hipótese de não haver uma solidez nos processos
que geram a revisão provocada, torna-se importante estabelecer um tempo mínimo
para revisão dos planos de manutenção, cadastros e criticidades, no sentido de evitar
a existência e longa permanência de informações desatualizadas no arcabouço que
forma a gestão da informação da manutenção, o tempo razoável para tais revisões
repousa em ciclos de 3 (três) anos;
96
Segundo Pires e Neto (2010), nos últimos anos, a gestão da cadeia de suprimentos (Su-
pply Chain Management – SCM) transformou-se em uma nova fronteira, explorada pelas
empresas na busca incessante de maior competitividade. Para os autores, a SCM pode ser
definida como um novo modelo gerencial que busca obter sinergias por meio da integra-
ção dos processos de negócios-chave ao longo da cadeia de suprimentos.
Mallmann (2000) observa que os fornecedores exercem grande impacto em todos os fa-
tores importantes para a estratégia de operações. Tais impactos no universo da manuten-
ção ocorrem no quesito qualidade dos serviços que não geram retrabalhos, pois uma peça
fornecida sem a devida qualidade nas suas especificações pode ser motivo de corretivas,
e no fator custos, onde a importância do correto suprimento também tem realce, supor-
tando tais afirmações Leenders e Blenckhorn (1988) consideram que a qualidade se tornou
o principal objetivo da atividade de compras, enquanto Harmon (1992) defende que as
compras apresentam o maior potencial isolado para a redução dos custos de manufatura.
Para que os serviços de manutenção possam ser executados com eficácia, é imprescindí-
vel que se disponha de um sistema bem estruturado que garanta o fornecimento destes
elementos no momento em que forem necessários.
Como apontado na figura 15, para uma relação manutenção – Suprimentos nos temas
almoxarifado e compras, faz-se necessário a reunião de algumas informações, são elas:
100
b) Lista de “itens estocáveis” com seus valores máximo e mínimo, “itens de garantia
operacional” e “itens inservíveis”, com indicação de seus consumos nos últimos 24
meses;
Os tipos de itens elencados na alínea “b”, podem ser definidos da seguinte maneira:
(i) Os itens estocáveis são spare parts necessárias em estoque interno da empresa
(almoxarifado), visto seu consumo corriqueiro nas operações;
(iii) Os itens inservíveis são os em estoque e sem consumo há mais de 24 meses, po-
dendo ser considerados potenciais inservíveis e/ou obsoletos.
a) Criticidade A: Spare parts dos ativos de criticidade “A” deverão ser estocáveis plane-
jáveis para os itens de garantia operacional e itens normais com giro de, pelo menos, 24
meses. Além disso, deve existir disponibilidade plena de itens de garantia operacional e
disponibilidade de itens normais definidos como estocável planejável.
101
b) Criticidade B: Spare parts dos ativos de criticidade “B” não possuem itens de ga-
rantia operacional. Nesse caso, devem ser estocáveis planejáveis os itens normais com
giro de, pelo menos, 24 meses. Deve existir disponibilidade de itens normais definidos
como estocável planejável.
c) Criticidade C: Spare parts dos ativos de criticidade “C” não possuem itens de garan-
tia operacional, e deverão ser estocáveis planejáveis para os itens normais com giro de
pelo menos 24 meses. Deve existir disponibilidade de itens normais definidos como
estocável planejável.
Este processo deve gerar uma lista revisada da classificação da criticidade dos equipa-
mentos da planta ou frotas, sendo possível, a partir dela, revisar as políticas de estoque de
materiais para cada ativo classificado como A, B ou C. Essa reclassificação irá proporcionar
uma segunda entrada explicitando os itens classificados no estoque como “estocáveis”,
“garantia operacional” e “inservíveis”, sendo esta última classificação indicada para os
itens de baixo giro, ou seja, que não foram requisitados nos últimos 24 meses.
Os acordos de nível de serviço (ANS), ou no inglês Service Level Agreement (SLA), entre
manutenção e área de suprimentos, bem como, os requisitos técnicos para armazena-
mento, manuseio, transporte e a sistemática periódica de verificação para itens estocados,
devem ser foco do trabalho de PCM e engenharia de manutenção, no sentido de avaliar
os níveis praticados no ano anterior, bem como os desvios que proporcionaram perda de
materiais estocados, indicando: (i) Revisões de acordos de níveis de serviço; (ii) Tratamento
de desvios de atendimento aos ANS´s; (iii) Revisão de requisitos técnicos de armazena-
gem, gerando o manual de boas práticas de armazenagem e (iv) Tratamento de perdas por
armazenagem.
Tais produtos devem ser construídos e validados com a equipe de suprimentos da organi-
zação, garantindo total alinhamento interno, e, assim, a elevação das chances de sucesso
da rotina desta atividade no macroprocesso da manutenção.
102
manutenção, sejam sistemas ERP ou CMMS, e apenas 7% fazem uso de planilhas para
este fim, e 2% não tem nenhum controle, conforme ilustrado na figura 16.
104
No entanto, esta abordagem pode vir a diminuir com o passar do tempo, pelo menos nas
grandes empresas, pois percebe-se um avanço representativo no uso de sistemas do tipo
ERP (Enterprise Resource Planning), que surgiram da necessidade de um tratamento inte-
grado das informações de uma organização. Pode-se defini-los como uma arquitetura de
software que facilita o fluxo de informações entre todas as atividades de uma companhia,
tais como compras, manutenção, finanças e recursos humanos.
No Brasil, percebe-se uma presença relevante de sistemas ERP (Enterprise Resource Plan-
ning), ocupando, em 2020, uma fatia de cerca de 61% dos usuários (LABMAN, 2020).
No Brasil, percebe-se uma presença relevante de sistemas ERP (Enterprise Resource Plan-
ning), ocupando, em 2020, uma fatia de cerca de 61% dos usuários (LABMAN, 2020).
105
A sigla ERP foi escolhida para identificação com a intenção de definir tais sistemas in-
tegrados como uma evolução dos sistemas MRP II (Manufacturing Resource Planning),
o princípio básico do MRP II é o do levantamento de necessidades, permitindo, assim, o
cálculo, viabilizado por computador, das quantidades e dos momentos em que são neces-
sários os recursos de manufatura, para que haja o cumprimento dos programas de entrega
de produtos com um mínimo de formação de estoque. Os sistemas ERP são a evolução
do modelo MRP II, na medida em que permitem controlar os demais recursos empresa-
riais: recursos financeiros, vendas, distribuição e manutenção.
Dentre os softwares ERP, o SAP e Totvs dominam o mercado brasileiro, como apontado
pela pesquisa do LABMAN (2020), respondendo por 58% e 22%, respectivamente. Obser-
vando o corte com empresas com mais de 1.000 colaboradores, figura 18, o SAP avança
para 62%, o que indica a percepção da preferência desta solução em empresas de maior
porte.
b) Relação amigável: O sistema deve ter como opção o idioma português, além de ser
bastante racional na sua navegação, permitindo links entre rotinas interdependentes,
abertura de mais de uma janela ao mesmo tempo, bem como ser intercambiável com
107
c) Integração com outros módulos: O ideal seria a escolha de um sistema ERP, pelas ra-
zões já explicadas, no entanto, caso isso não seja possível, ou desejado, se deve garantir
ao menos a integração dos bancos de dados da manutenção, estoque e suprimentos;
b) Rede de tag’s;
g) Registro das características técnicas dos equipamentos e sua perfeita e rápida con-
sulta;
j) Constar conceito para tratar tarefas obrigatórias ou não de uma manutenção. As de-
mais tarefas serão tratadas como apoio. Este tratamento indicará se a OS poderá ser
encerrada caso as tarefas obrigatórias estejam concluídas ou não.
As realidades podem diferir uma das outras, quando fala-se em rotinas de manutenção,
diante disso, as recomendações listadas nesta seção podem ser pertinentes ou não, de-
pendendo da estrutura de gestão da manutenção instalada, de forma geral, recomenda-se
estudar a realidade de cada caso, fazendo um paralelo com suas necessidades, e, partir
disso, traçar o perfil do software de manutenção mais adequado.
109
110
Com base em tal norma, sugere-se um questionário para pesquisa junto aos usuários do
sistema informatizado da manutenção. As Figuras 18 e 19 retratam o questionário.
111
112
113
De posse das respostas “não”, de acordo com as premissas adotadas pela engenharia de
manutenção, discute-se sobre as possíveis causas dos problemas identificados, e as me-
didas para saná-los, gerando um plano de correção, que por sua vez deve ser validado pela
área de manutenção e área de TI, cabendo a sua implementação as mesmas.
Observa-se que uma gestão de pessoas no contexto da manutenção passa pelos temas:
(i) liderança, (ii) engajamento e motivação, (iii) seleção e capacitação do time, (iv) dimen-
sionamento do workforce e (v) modelos de terceirização.
114
3.3.1 – Liderança
Para Falconi (2012), os resultados de uma organização se alicerçam em três pilares: (i) co-
nhecimento técnico; (ii) método e (iii) liderança.
Isto inclui:
Primeiro, é preciso entender que “Liderança” é um fator de sucesso para todas as organi-
zações, seja de qual tipo for. É forte a necessidade por líderes capazes de engajar, motivar
e conduzir pessoas de diferentes perfis em busca de objetivos únicos e, quase sempre,
desafiadores.
115
A resposta é: sobrevivência.
Organizações de sucesso são formadas por equipes de alto desempenho, e estas só con-
seguem se materializar por meio de uma liderança de excelência, alguns negócios demo-
ram a perceber isto e continuam insistindo em estruturas e atitudes voltadas a perfis de
chefias, onde a concentração de poder e a falta de diálogos maduros, favorecem a existên-
cia de uma atmosfera pressionada e inibidora de talentos.
Ambientes “infelizes” não são produtivos, podem até se encontrar um setor ou outro do
mercado em que os resultados estão indo bem, mesmo reinando a frustração nas fileiras
dos empregados que o suportam, mas este fenômeno não é sustentável.
E despertar o amor de pessoas para com sua empresa, esquentando seus corações, não é
tarefa simples, é preciso de liderança, e esta liderança precisa ter FÉ!
Não existe uma receita pronta de como conduzir um time de alto desempenho, visto es-
tarmos falando de seres humanos, o que impõe uma abordagem altamente dinâmica
no desenrolar de uma rotina de trabalho, por exemplo, pode-se encontrar equipes muito
produtivas com líderes taciturnos, vai depender do momento e da construção sociológica
destes grupos e da influência pelo cenário econômico que também exerce forte impacto
nestes contextos. Por exemplo, em um cenário de crise econômica com altas taxas de de-
116
semprego, as pessoas tendem a elevar sua paciência e aguentam mais pressões, em troca
do seu posto de trabalho, visto o desemprego para elas ser bem pior.
No entanto, líderes, ou melhor, chefes frios e sem brilho, invariavelmente não logram êxito
a longo prazo à frente de equipes com o grau de exigência dos dias de hoje, daí é preciso
apaixonar as pessoas.
Neste sentido, percebi, ao longo da minha experiência, que havia um fundamento comum
para se ter nas equipes, os comportamentos de engajamento, a motivação e o comprome-
timento, falo do sentimento de PERTENCIMENTO.
A palavra “Pertencimento” advém do verbo “pertencer” e vários são seus significados en-
contrados em dicionários da nossa língua portuguesa, dentre elas, a que realço, é a que
indica uma crença subjetiva numa origem comum que une distintos indivíduos.
Nos meus dias de liderança e fé, busquei despertar e fortalecer o sentimento de pertenci-
mento dos membros das minhas equipes para com a organização que faziam parte, seus
pares, sua comunidade, sua família e seu país.
Desenvolver tais sentimentos nos indivíduos não é uma tarefa fácil, ainda mais no atual
cenário de banalização de valores. A descrença nas pessoas com tudo aquilo que repre-
sente uma sociedade organizada, parece crescer exponencialmente a cada geração, perce-
be-se o desinteresse com causas e ideais, a pauta é quase 100% financeira, no entanto, o
ser humano sempre será dono de defeitos e de enormes virtudes, mais uma vez, entra a
“fé” nesta minha história.
117
Fé nas pessoas move montanhas, daí, mesmo em um cenário de descrença como o que
atualmente testemunhamos, é possível sim, despertar ideais e compromissos. No ínti-
mo, todo ser humano quer fazer parte e ser parte de algo maior que apenas a sua própria
individualidade. Somos feitos para viver em comunidade e lutarmos por objetivos coleti-
vos, apesar de todas os estímulos contrários presentes no século XXI, este traço prevalece
quando estamos em uma organização acolhedora e motivadora, e quem é a “organização”
para as pessoas? A resposta é simples: o líder.
O líder deve expressar aquilo que ele deseja extrair da equipe, a máxima bíblica de que
aquilo que plantamos, colhemos, é cabal na relação entre liderados e líderes, se o líder
cultiva confiança, acolhimento e pertencimento, dificilmente ele irá colher outras caracte-
rísticas da sua equipe. Os liderados observam seus líderes constantemente, e desdobram
sua conduta, os líderes são indutores para o bem ou para o mal, daí uma liderança que
mostra genuinamente aos liderados que estes fazem parte da organização, conseguem
cultivar o sentimento de pertencimento entre os seus colaboradores, assim, o líder precisa
ter um coração genuíno.
118
Ao ver nos posts do Linkedin a figura 20, tomei emprestado o pensamento de Paulo Freire,
adaptando-o para o estudo da gestão: quando a liderança não é inspiradora, o sonho do
liderado é ser um dia, um chefe opressor.
A terceira lei de Newton estabelece que para toda interação, na forma de força, que um
corpo “A” aplica sobre um corpo “B”, deste “A” irá receber uma força de mesma direção,
intensidade e sentido oposto.
Assim como na mecânica, acontece na relação líder e liderado, poderia também utilizar o
velho ditado popular, “o que se planta colhe” para ilustrar que o líder é o responsável pela
qualidade e clima da sua equipe, a equipe não reage estritamente igual ao conceito físico
newtoniano, mas reage dentro da lógica humana, ora refutando, ora copiando e desejando
ser o chefe para fazer o que ele faz, ou seja, repetir seu papel.
E um aviso aos chefes que só obtêm resultados recorrendo à pressão: tenham alta resili-
ência, pois toda pressão que você faz em sua equipe, volta! E muitas vezes, com intensi-
dade bem maior, daí a importância do cultivo de um ambiente inspirador, ele é capaz de
distensionar a trajetória em busca de resultados e metas. Faz melhor aquele que faz feliz.
E como tornar uma equipe feliz?
A alegria que precisa exclusivamente da carne para existir, por mais que algumas horas
traga uma felicidade rasa, efêmera e limitada à régua do tempo. Aquilo em que o tempo é
senhor absoluto, dissipa-se como plumas ao vento.
O grande inimigo do humano: o tempo, torna-se seu melhor amigo à medida que des-
cortina revelações. Para mim, uma equipe com alto grau de pertencimento, ensina a cada
instante novos significados da palavra engajamento e motivação.
O líder inspirador doa uma parte do seu ser à equipe, vive neles e, descobre ser possível a
existência da felicidade fora da sua própria tangibilidade, da sua pauta individualista, que,
às vezes, erroneamente se batiza de “carreira”.
Depois de pouco mais de 22 anos de liderança pelo Brasil, entendi um pouco mais as pa-
lavras de Francisco de Assis: “amar! Que ser amado! .... pois é dando que se recebe”.
Doei e servi, bem mais que mandei! E recebi das minhas equipes muito mais que resulta-
dos superados, desafios concretizados, carinho e respeito, recebi PERSPECTIVAS.
Recebi visões sobre o mundo, sobre mim, sobre a rede que embaralha o humano e o es-
piritual, a carne e o amor! Tais perspectivas foram pontes para uma plenitude profissional
cada vez maior, capaz de nos transportar a releituras mais abrangentes e reveladoras de
conexões passadas e nos preparando para um futuro mais e mais inspirador!
120
Um dos dilemas dos gestores é achar que são os cargos que temporalmente ocupam. Na
verdade, exerçam qualquer nível de domínio (poder), todos são almas humanas, e a signi-
ficância do “humano” é bem maior do que metas e o conceito de sucesso da atualidade,
ou seja, não devemos tocar as almas humanas com mãos negras de escuridão e repressão,
como Jung afirmou:
“Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana,
seja apenas outra alma humana”.
Carl Jung.
O termo “assertivo” deriva do verbo latino assertus, que significa “declarar”. Agir com as-
sertividade nada mais é que ser autêntico e ter segurança, sem medo de demonstrar suas
opiniões, comunicando-se de forma objetiva, transparente e honesta, com maturidade e
autoestima e sem ofender ou se submeter aos outros (HILSDORF, 2013).
Gillen (2001), traz uma classificação interessante quanto ao estilo de comunicação entre
as pessoas, ele indica as seguintes:
(i) Passivo: Evita ao máximo o confronto, mesmo que à custa de si próprio, pessoas
com este estilo esperam que os outros compreendam o que ela deseja, um traço ca-
racterístico deste perfil é a sua preocupação exacerbada com a opinião dos outros a
seu respeito;
(ii) Agressivo: Este perfil demonstra ansiedade por vencer, mesmo que à custa dos ou-
tros, notadamente mais preocupado com seus próprios desejos do que com os dos
outros;
(iv) Assertivo: Perfil caracterizado por defender seus direitos, mas, ao mesmo tempo,
capaz de aceitar que os outros também tenham os seus.
Acredito ser a assertividade o melhor dos caminhos para comunicação entre líderes e li-
derados, como também, entre todos os seres humanos, mas voltando os olhares a espe-
cificidade da relação de liderança-liderado, a assertividade é capaz de melhorar e otimizar
os diálogos, e, assim, promover o desenvolvimento do processo indivíduo-grupo-organi-
zação.
Ser assertivo também é fugir das armadilhas emocionais, onde nos deixamos dominar
pela ira, ansiedade ou outra emoção que nos faça “agredir” ao invés de convergir, nos
distanciando de uma comunicação respeitosa, a qual consiste naquela capaz de construir
relações harmoniosas e produtivas no ambiente de trabalho.
Pode-se listar algumas dicas para cultivar uma atmosfera assertiva e respeitosa na sua
equipe: (i) permite que seus liderados expressem sua opinião até o fim da sua fala; (ii) evi-
te sarcásticos; (iii) brincadeiras em excesso tornam o ambiente em um verdadeiro festival
de bullying; (iv) olhe nos olhos das pessoas, sempre; e (v) assuma seu papel e responsa-
bilidade no cotidiano, deve-se ter cuidado em achar que um líder só manda e o liderado
obedece, muitas vezes, a relação é de orientação.
Ao final, teremos muito menos dificuldades na rotina, pois como Talarico (2014) afirma,
80% dos problemas corporativos são provenientes de falhas na comunicação.
Outro ponto que afeta o engajamento e motivação das equipes são as condições de tra-
balho, faz-se necessário garantir um ambiente seguro, limpo e adequado para o desenvol-
vimento das atividades laborais da manutenção, para tanto, é recomendável a observação
do estado de pontos frágeis nas instalações que geram desconforto à equipe, tais como:
(i) condições de banheiros; (ii) vestiários; (iii) transporte; (iv) refeitórios; (v) ferramentarias,
122
entre outros.
Maitland (2002) discute a teoria dos fatores de Herzberg e apresenta dois grupos igual-
mente importantes para motivar uma equipe: (i) fatores de higiene, que dizem respeito
às condições no ambiente de trabalho e (ii) fatores motivadores, que dizem respeito aos
sentimentos de autorrealização e reconhecimento. Reforçando o olhar sobre as condições
de trabalho do time.
De posse das condições de tais instalações, a liderança deve definir as prioridades a se-
rem orçadas para execução no ano subsequente, garantindo, pela verificação periódica, o
acompanhamento do andamento das correções necessárias.
Um líder engajador e motivador deve ter sempre em suas mãos as seguintes visões: (i)
Plano de capacitação da equipe de manutenção; (ii) Lista de adequações de condições de
trabalho priorizadas, (iii) Ações de engajamento e (iv) Plano de ação com iniciativas para
melhoria das condições de trabalho e de engajamento para o ano subsequente.
Por fim, na busca da construção de um time engajado e motivado, o líder deve lembrar que
suas escolhas fazem diferença, principalmente, a escolha de novos líderes.
Diga quem promoves, que direi quem tu és, esta frase baseada em uma máxima do cris-
tianismo reflete muito sobre o exercício da liderança.
O processo de escolha dos líderes é influenciado por diversos fatores: (i) a preferência pes-
soal do líder, o velho “gosto pessoal”; (ii) o alinhamento político com um grupo dominante
na organização; (iii) os resultados e currículo do escolhido; (iv) o QI, “Quem Indica”, reve-
lando a troca de favores entre líderes na organização, enfim, uma série de elementos estão
envolvidos nos processos de escolha de pessoal, mas no fim, qual líder já não ouviu? A
123
A diferença entre gerenciar pessoas e gerenciar com pessoas é muito bem descrita por
Chiavenato (2004), quando afirma que, no primeiro caso, as pessoas são o objeto da ge-
rência, são guiadas e controladas para alcançarem determinados objetivos. No segundo
caso, as mesmas são o sujeito ativo da gerência, são elas que guiam e controlam para
atingir os objetivos da organização e os objetivos pessoais.
Particularmente prefiro gerenciar com pessoas, para tanto, não se recomenda escolher as
pessoas apenas com base na sua preferência pessoal, ou no alinhamento deste escolhido
a sua “panelinha” na empresa, há de se lembrar que “panelas” são quebradas se seus
membros não apresentarem bons resultados.
Então, sempre busque pessoas excepcionais, e saiba que estes perfis muitas vezes são au-
tênticos e independentes, pouco dispostos a jogos internos de poder, seu foco repousa em
concretizar realizações capazes de deixarem seu legado nas organizações e nos corações
daqueles que caminharam ao seu lado.
Líderes para conduzirem tais perfis necessitam ter repertório, e se fazer respeitar e não te-
mer, assim, se edificam equipes de alta performance, capazes dos mais impossíveis resul-
tados, gerando organizações vitoriosas em seu DNA, o que as fazem possuir o verdadeiro
“toque de Midas”, onde tocam, os resultados acontecem e são sustentáveis, uma vez que
são baseados em times de alta competência e bem liderados.
Na hora de uma escolha, seja por meio de uma promoção ou uma contratação, deve-se
observar, não só o perfil dos candidatos à vaga, mas também, ao contexto o qual o es-
colhido estará inserido, como a sua futura equipe, observando o momento em que ela se
encontra, e qual o melhor perfil de liderança para a mesma.
Crie seu método, mas sempre lembre, você terá aquilo que você valoriza, ou seja, como na
máxima cristã aludida anteriormente, você terá ao seu lado pessoas que refletem o que
você é.
124
Em 1993, o escritor David Garvin, em seu livro “Buildin a Learning Organization”, observou
que:
David Garvin.
125
Isto que torna uma “organização que aprende” um caso de sucesso em qualquer cenário
socioeconômico, com ou sem crise, ou melhor, para uma “organização que aprende” não
há crise, apenas grandes oportunidades.
Se uma organização não for dona de um ambiente como este, então ela, infelizmente, é
dona de uma “baixa imunidade social”, que a meu ver consiste na fragilidade de viver em
um ambiente desafiador, como um organismo de uma pessoa que, de tão fraca, não con-
segue resistir a uma gripe.
Pense, para vencer um vírus ou qualquer doença, seu corpo precisa de força, de boa imu-
nidade, da mesma forma uma organização precisa de força para vencer crises, daí um dos
remédios é construir uma atmosfera em torno da equipe, onde o vírus do desânimo, da in-
disciplina com as rotinas operacionais, financeiras, e também afetivas, não sobreviva mais
do que alguns segundos, assim, sua empresa prevalece a qualquer ambiente adverso.
Rogerio Leme.
Não existe uma receita universal para o estudo do dimensionamento da força de trabalho
da função Manutenção, cada caso normalmente é foco de métodos adequados para suas
características, o que torna o trabalho uma pesquisa-ação, onde o pesquisador atua jun-
127
128
Acrescento a visão de Leme mais duas técnicas, bem como, conceituo a seguir, as técnicas
para o universo de aplicação na área de manutenção:
(i) DWM por Histórico de Demanda de HH: Neste caso, a fonte de dados da demanda
de HH será o histórico da empresa, por exemplo, o histórico registrado em seus siste-
mas informatizados de gestão de Serviços de Manutenção;
(ii) DWM da Previsão de Demanda de HH: A fonte de dados continua sendo os siste-
mas informatizados de gestão de serviços de Manutenção, sendo que não mais com
foco no histórico, mas, sim, na previsão de demanda de HH contida nos planos de
manutenção preventiva sistemática (MPS) cadastrados;
(iii) DWM por Produto: Esta técnica extrai a demanda de HH através de análises da
demanda sobre determinadas funções, se debruçando sobre o Produto a ser gerado
pelas mesmas;
(iv) DWM por Atribuição: Esta técnica consiste em extrair a demanda de HH de análises
das atribuições a serem desenvolvidas por determinada função prevista no Sistema de
Gestão CIT/CSM;
129
(v) DWM por Indicadores de Referências: Segundo Leme (2015), consiste na definição
do quantitativo de pessoal necessário gerado a partir da aplicação de indicadores de
produtividade que são referência, seja de paradigmas da própria organização, de ben-
chmarking ou, ainda, de referências da legislação, normalmente relacionados à função.
Percebe-se que para uma captura de dados relevantes, os quais traduzem a realidade de
demanda de manutenção, faz-se necessário uma cultura adequada do uso das OS´s nos
trabalhos da área, bem como, um conjunto de planos de manutenção pertinentes nos
cadastros do sistema informatizado de gestão da manutenção, sem tais condições, a utili-
zação do DWM por histórico e previsão de demanda de HH ficam prejudicadas.
131
A lógica é primeiramente listar todos os produtos gerados pela área, em seguida, determi-
nar o HH demandado por cada um dos produtos listados, indicando a frequência anual de
geração de cada produto, e, assim, pela multiplicação entre o HH demandado por produto
e a sua frequência anual de produção, encontrar o HH total demandado por produto.
132
Nota-se uma fragilidade no DWM por produto, a técnica apontará a demanda necessária
de HH para a área, sem o desdobramento por funções especialistas que a compõem, ou
seja, não se terá a demanda de HH por cargo que compõe a área, no exemplo da tabela 11,
tem-se a necessidade da área, mas não se sabe quantos caldeireiros, soldadores ou mecâ-
nicos devem ser mobilizados, esta lacuna é atendida pelo DWM por atribuição.
133
A lógica é listar as atribuições de cada produto gerado pela área, para, em seguida, indicar
o HH demandado pelas especialidades (cargos) envolvidas nas mesmas. A tabela 12 ilustra
um exemplo, detalhando um dos produtos da tabela 11.
Observa-se para o produto “Fabricação de corrimãos” tem-se uma lista de 8 (oito) atribui-
ções, mobilizando 4 (quatro) especialidades da equipe: (i) técnico mecânico I; (ii) caldeirei-
ro; (iii) soldador I e (iv) pintor I.
134
Importante definir nível das especialidades, como no exemplo, que indica que todos os
envolvidos são de grau júnior nos seus cargos, assim, chega-se ao valor da demanda de
HH por cada cargo, quando se multiplica pela frequência anual de geração do produto e
atribuições avaliadas.
Entre o DWM por produto e o DWM por atribuição, recomenda-se optar por este último,
sempre que for possível este nível de detalhamento, assim, o dimensionamento será mais
preciso, com menos chances de erros de qualificação de tarefas e HH por elas consumidas.
Em relação entre líder e liderados, também conhecido pelo termo “Span of Control”, con-
siderando o nível L1 (supervisor) e os seus liderados, a experiência tem mostrado a adoção
dos valores presentes na tabela 13.
Para rotinas de PCM alguns autores indicam referências, como é o caso de Doc Palmer
(2006) que aponta em suas pesquisas que um único planejador pode planejar para um
grupo de 20 a 30 executantes, lembrando que o campo de estudo do autor expressa a
realidade norte-americana.
135
Observando a realidade brasileira com cenários que chamo de (i) otimista, (ii) moderado e
(iii) conservador, uma vez que se tem no país diversas realidades em termos de gestão da
manutenção, e que estão no range observado por Palmer.
As técnicas de DWM abordadas até aqui, visam estabelecer o valor de HH (Humano Hora)
demandado por uma equipe de manutenção em um ano de trabalho, com exceção da
técnica de DWM por indicadores de referência.
possível o uso da técnica do DWM por previsão, pois a condicional depende da inspeção, e
também não foi possível recorrer ao histórico, desta maneira, aplicando a técnica do DWM
por atribuições chegou-se a uma demanda de 12.000 HH.
Tem-se, assim, a demanda total de 27.000 HH para a função “Soldador Nível I” conside-
rando um período de um ano de atividades.
Percebe-se, neste exemplo, que o levantamento da demanda total só foi possível com
aplicação de 3 (três) das técnicas discutidas neste capítulo, o que provavelmente pode-
rá acontecer na maioria das situações reais, visto a dinâmica de registros terem diversas
abordagens nas empresas, acarretando, assim, uma captura do HH necessário por diversas
lentes de observação.
Sabendo da necessidade de 27.000 HH para função “Soldador Nível I”, para calcular o
número de colaboradores para tal atendimento, basta dividi-la pela capacidade anual de
HH de um indivíduo.
137
Sendo assim, para trabalhadores com jornada de trabalho semanal de 40 horas, têm-se
2.112 HH no período de um ano, no entanto, 176 horas devem ser debitadas, devido ao
tempo referente às férias do colaborador. Partindo da premissa que todos os colaborado-
res optarão por gozar seus 30 (trinta) dias de férias, sem a opção de venda de dias previs-
tos em lei, cada colaborador tem 1.936 HH para um período de 12 meses.
Então, o cálculo direto para o exemplo da tabela 14, indicaria um total de 14 Soldadores
(27.000/1.936 = 13,94), no entanto, deve-se considerar o FPE (Fator de Produtividade do
Efetivo), como discutido anteriormente, o FPE representa o percentual do executante no
Wrench Time ou “tempo com a mão na chave”, ou seja, o tempo efetivo em que o mante-
nedor está executando serviços, indicando o quanto ele se dedica efetivamente à execu-
ção das tarefas de contidas nas OS´s, este tempo é também chamado de trabalho direto.
Doc Palmer (2006) afirma que trabalho direto se encontra geralmente entre 25% e 35%,
sendo a meta para o desempenho de classe mundial de 50% e 55% para Wrench Time.
Diversos fatores influenciam o Wrench Time, por exemplo, Doc Palmer (2006) relata que
atividades sem planejamento têm, no máximo, 35% de trabalho direto, já com prévio pla-
nejamento podem chegar a 55%, Brad Peterson (1998) afirma que o trabalho planejado,
normalmente, requer apenas um terço da mão de obra do trabalho não planejado, corro-
borando com a observação de Palmer.
A tabela 15, lista 14 (quatorze) itens considerados tempos de trabalho improdutivo ou indi-
reto, os quais impactam no FPE, diminuindo o percentual de trabalho direto.
138
Conforme apresentado anteriormente, costumo considerar os cenários (i) otimista, (ii) mo-
derado e (iii) conservador, para abordar o cálculo do Dimensionamento do Workforce da
Manutenção (DWM), com base nisto, a tabela 16 traz o cálculo para o exemplo do efetivo
dos “Soldadores Nível I”
Nota-se que ao considerar o FPE, a demanda por colaboradores pode variar entre 25 (vinte
e cinco) a 40 (quarenta) pessoas, demonstrando a importância dos trabalhos de análise de
produtividade de efetivo nas organizações.
a) Proporção esperada (p), que, no caso do working sampling, representa aquilo que se
espera encontrar de Wrench Time no campo, com base nas indicações de literaturas
discutidas até aqui, pode-se estabelecer um valor de p = 0,35, que significa um FPE
esperado de 35% nas observações em campo;
b) Erro de estimativa (ε), representa o nível de erro que pode ocorrer na estimativa do
FPE encontrado, por exemplo, se encontrado um valor de FPE de 35%, e o erro estima-
do é de 5%, pode-se ter o FPE variando entre 30 e 40%;
141
Desta forma, a amostra será de 206 mantenedores que devem ser observados ao longo
de uma jornada de trabalho. Caso os recursos para observação de campo sejam restritos,
e deseje-se diminuir o tamanho da amostra, pode-se elevar o erro (ε) e reduzir o nível de
confiança, no exemplo anterior, estabelecendo um erro (ε) e um Z = 1,65, que corresponde
a um nível de confiança de 90%, tem-se um novo cálculo da amostra:
Percebe-se uma redução considerável da amostra a ser observada, de 206 para 55, facili-
tando a mobilização de observadores, no entanto, elevou-se o risco de ter-se uma amos-
tragem menos representativa e com um erro de 10%.
142
143
Estes movimentos em torno do tema são dinâmicos e mudam de acordo com cenários ex-
ternos, o que deve-se manter como premissa, é observar a terceirização como uma relação
ganha-ganha entre contratada (terceira) e a tomadora de serviços (contratante).
Uma das causas de relações ineficazes entre contratada e contratante consiste em apenas
pensar em redução de custos de curto prazo na tomada de decisão, em terceirizar ou não.
O olhar sobre tal processo deve ter caráter estratégico, pensando-se em horizontes acima
de 3 (três) anos de parceria, além disto, recomenda-se uma definição clara dos parâmetros
de segurança no trabalho, saúde ocupacional e meio ambiente.
Deve-se lembrar que uma terceirização é um repasse de expertise para uma outra empre-
sa, no caso da manutenção, este movimento deve ser muito bem pensado, por exemplo,
não sou partidário da terceirização das funções do PCM, Planejamento e Controle da Ma-
nutenção, visto repousar no mesmo a parte estratégica e tática da gestão da manutenção,
algo que pode fragilizar a tomada de decisão da organização a longo prazo, sendo mais
impactante em uma organização com capital intensivo em ativos físicos.
145
Já áreas de expertise altamente tal, como o tema movimentação de cargas, observa-se ser
mais prudente o estabelecimento de uma parceria estratégica com uma empresa contra-
tada, uma vez que dificilmente uma tomadora de tais serviços tenha mais expertise que
empresas voltadas exclusivamente à operação de guindastes, guindautos (muncks), entre
outras máquinas de elevação e transporte.
Este tipo de contratação requer uma intensa fiscalização por parte da tomadora de serviço,
no sentido de evitar improdutividades no decorrer da prestação, deve-se também estabe-
lecer claramente as métricas para apontamento das horas trabalhadas, além de medidas
para o aceite ou não das condições de entregas dos serviços prestados.
Nota-se que das três modalidades de terceirização esta é a pior das opções, pois não há
nenhum incentivo à produtividade das equipes, pelo contrário, a tendência é de contra-
tação de um workforce menos qualificado, e, por conseguinte, mais barato por parte con-
tratada, afinal para esta, não há pressões de término dos serviços, nem da sua qualidade
de execução.
146
Qual o tipo de relação com seus fornecedores uma empresa deve estabelecer?
Devem-se buscar relações convenientes e éticas para cada situação operacional demanda-
da no universo da gestão da manutenção. Em termos de terceirização, pode-se classificar
os fornecedores em três níveis de relacionamento: (i) pontual; (ii) integrado e (iii) parceiro.
a) O fornecedor pontual é aquele que ainda não possui um forte relacionamento com a
tomadora de serviços, mas tem sua qualidade homologada para prestações pontuais,
em trabalhos específicos, ou até mesmo, em contratos que visam testar sua entrega
para um fornecimento mais amplo no futuro;
147
Para manutenção, como atividade-meio, este dispositivo não trouxe grandes impactos
ao que já se praticava no mercado. Em relação a outros pontos do novo dispositivo legal,
destaca-se os seguintes para as relações de fornecimento na área de manutenção:
Andrica (1983) observou na década de 1980 que uma organização típica de manufatura
gasta cerca de 5 a 6 % do custo dos produtos vendidos na manutenção de sua operação,
e que cerca de 18 a 20% da mão de obra está associada à manutenção. Já Blanchard et
al. (1995), na década de 1990, estimaram que entre 15 a 40% dos custos de produção são
referentes à manutenção.
Hoje, toda empresa deve realizar um orçamento anual prevendo seus gastos, e ter como
princípios norteadores análises e decisões estratégicas da alta administração, que se tor-
nam a base para o gerenciamento das operações fabris, que, desde 1919 com o primeiro
orçamento realizado pela Dupont, está presente na cultura das operações, e seus departa-
mentos guiam-se pelo seu budget (orçamento).
149
Em 1973, Peter A. Pyhrr lança, por meio da editora Jonh Wiley & Sons, o Livro “Orçamento
Base Zero: Um instrumento administrativo prático para avaliação das despesas”, se cons-
tituindo no marco inicial literário sobre o assunto. Nesse livro, o autor relata sua experi-
ência junto a Texas Instruments e o governo da Geórgia, descrevendo todas as fases de
implantação do orçamento base zero, bem como suas dificuldades e ganhos mensurados
pelas duas organizações. A partir de então, várias empresas americanas começaram a im-
plantar o método.
A primeira implementação do orçamento base zero no governo federal dos EUA, se deu
no ano fiscal de 1979, a qual foi motivo de um artigo publicado pela revista Management
Science de autoria de V. S. Sherlekar e B. V. Dean, onde é feita uma análise do método, ba-
seado em uma pesquisa que teve como base as respostas dadas por órgãos estatais a um
questionário, que fora elaborado pelo OMB – Office of Management and Budget.
Vale ressaltar, que o orçamento federal estimado dos EUA em 1979 foi de U$ 560 bilhões,
logo, se constituindo na maior implantação de OBZ da história.
verbas orçadas, bem como na transferência de recursos de uma atividade para outra, de
acordo com uma mudança de prioridade, com isso, vários dos organismos federais pes-
quisados pela OMB, afirmaram que, após a aplicação dos conceitos do orçamento base
zero, otimizaram seus controles de forma a manter o realizado de acordo com o previsto,
como também aceleraram a reorganização de vários projetos a serem encaminhados, de
maneira a deixá-los mais eficientes e eficazes.
Realizado no orçamento, deve-se promover seu controle e melhoria, por meio das seguin-
tes ações: (i) levantamento dos desvios na execução orçamentária no último exercício e (ii)
lacunas de desempenho em custos, baseadas em estudos de benchmarking.
Os desvios terão como foco a execução da peça orçamentária do último exercício, obser-
vando quais as anomalias que ensejaram gastos maiores nas contas de manutenção.
De posse destas informações, deve-se analisar as causas, propondo ações para o seu blo-
queio que possam ser incrementadas no próximo exercício orçamentário.
Existem diversos sistemas de gestão com foco em saúde, segurança e meio ambiente,
desta forma, deve-se pautar a condução da atividade de gestão do tema na área de ma-
nutenção, envolvendo: (i) lacunas identificadas na auditoria do sistema e (ii) ações de blo-
queio definidas nas investigações dos acidentes e quase acidentes com severidade “críti-
ca” ou “catastrófica”.
As ações de bloqueio definidas nas investigações dos acidentes ou quase acidentes com
severidade “crítica” ou “catastrófica”, são geradas quando da investigação de um acidente
ou quase acidente ocorrido na área que ocasionou ou poderia ter ocasionado: (i) incapaci-
tantes permanentes ou uma fatalidade (severidade dita crítica) ou (ii) resultando em mais
de uma fatalidade (severidade dita catastrófica).
De posse das lacunas da auditoria do SSMA e das ações oriundas de acidentes ou quase
acidentes “críticos” e “catastróficos”, deve-se tratar as informações de modo a gerar um
plano de ação para atendimento a tais fragilidades, incluindo a formulação de ações de
melhoria de campo com fins de bloquear as causas dos acidentes e quase acidentes ana-
lisados.
153
3.6.1 – Ferramentarias
A ferramenta consiste em todo utensílio, dispositivo, ou mecanismo físico utilizado por
mantenedores para realização das suas tarefas contidas nas Ordens de Serviço (OS).
Para alcançar tais objetivos, a área de manutenção deve contar com uma ferramentaria de
alto padrão de atendimento, para tanto, a mesma deve ser capaz de realizar as seguintes
atribuições:
(i) Armazenar, organizar, inspecionar e distribuir ferramentas para o uso dos mantene-
dores;
(iv) Controlar plano de calibração das ferramentas que necessitem desta ação;
155
Sua gestão deve seguir padrões que possibilitem a construção de um ambiente organiza-
do, saudável, e otimizado, diante disto, os objetivos, ou melhor, as metas de uma oficina
de apoio que suporte adequadamente as atividades de campo, são as seguintes:
b) As oficinas devem dispor de layout otimizado que favoreça a produtividade dos tra-
balhos das equipes, e o atendimento ao cliente;
c) As máquinas operatrizes das oficinas, bem como seus sistemas de utilidades e pre-
dial, devem possuir plano de Manutenção Preventiva Sistemática (MPC), e os mesmos
serem cumpridos conforme prazos estabelecidos;
Outro ponto de destaque no tema, é a correta gestão sobre permissões nas oficinas, ou
seja, a definição clara das pessoas autorizadas na operação de equipamentos como pontes
rolantes, empilhadeiras, entre outros, que podem vir ocasionar sérios acidentes. A gestão
sobre permissões é um assunto que dialoga com as questões de segurança no trabalho e
capacitação, uma vez que vários destes equipamentos possuem previsão legal para sua
operação, e esta impõe treinamentos e reciclagens que capacitem os profissionais para tal
atuação.
156
Por fim, pode-se dizer que as oficinas de apoio representam a “cara” da manutenção, tais
locais bem geridos e organizados fornecem credibilidade para o trabalho da função man-
ter, revelando o esmero ao processo de gestão e o capricho com a organização e limpeza
do dia a dia, já o contrário, pressupõe desconfiança, pois, o retrato de oficinas em situação
caótica, está associados imediatamente à atuação de campo dos mantenedores, traduzin-
do o desleixo e a desídia perante as OS´s nos equipamentos.
157
Pode-se também analisar as lacunas de outros indicadores, não há restrição quanto a isso,
a questão para tal escolha, muitas vezes, repousa na disponibilidade de tempo do work-
force da engenharia de manutenção, que possibilite ou não esta ampliação de aplicação
do perfil de perdas.
161
A perda no contexto do perfil consiste na lacuna entre o valor realizado e a meta esta-
belecida para o indicador, a partir desta diferença, a explora na busca de identificar o seu
perfil, e, principalmente, as causas que a geraram, ou seja, é possível por meio do perfil, a
identificação das principais causas das perdas, possibilitando a priorização do tratamento
daquelas com maior impacto no indicador.
A ideia do perfil é estratificar a lacuna por níveis de desdobramento, que se inicia pela
localização, e no último nível o modo de falha, por exemplo, note a figura 25, pois ela re-
presenta a DF mês a mês de uma frota de escavadeiras formado por 4 (quatro) máquinas,
2 (duas) a cabo e 2 (duas) hidráulicas.
Percebe-se na figura 25, que a lacuna a ser avaliada é de 10 pontos percentuais (p.p.), que
representa a perda entre a meta estabelecida, no exemplo 80%, e o valor realizado, no caso
70%.
A lacuna (perda) de 10 p.p. deve ser estratificada, para tanto, se aplicará a lógica
de estratificação decrescente por tipos de ativos físicos, desdobrando por seus sistemas
e componentes, finalizando em um último nível que represente o modo de falha, assim,
consegue-se visualizar o ativo que mais impactou na perda.
162
A lacuna de 10 p.p. representa 3.504 horas de paradas na frota de escavadeiras, uma for-
ma de facilitar o desdobramento é realizá-lo com base nas horas de indisponibilidade. A
figura 26 ilustra um desdobramento fictício para fins didáticos.
163
164
Após esta etapa, sugere-se avaliar os modos de falha utilizando o diagrama de causa e
efeito (diagrama de Ishikawa), a ferramenta é indicada, pois apoiará na investigação das
causas que levaram as perdas apontadas por modo de falha.
Como orienta a ferramenta, as causas prováveis do modo de falha são avaliadas nas di-
mensões: (1) mão de obra; (2) métodos; (3) máquinas; (4) materiais e (5) meio ambiente.
Uma vez com as causas prováveis mapeadas, deve-se realizar uma priorização das mes-
mas, verificando sob um olhar bidimensional, onde avalia-se o impacto da causa no modo
de falha, e a sua facilidade de resolução. A figura 28 ilustra a aplicação da matriz nas causas
identificadas na figura 27.
165
As causas de “prioridade alta” são aquelas que têm altíssimo impacto no modo de falha
e são muito fáceis de solucionar, ocupando assim, o quadrante da matriz mais à direita e
acima.
De posse das causas prováveis com prioridade alta, deve-se estudar cada uma delas veri-
ficando se as mesmas já são uma causa raiz, ou deve-se investigar mais, com a utilização
de outras ferramentas, como, por exemplo, o método dos 5 porquês.
Definida cada causa raiz, elabora-se um plano de ação para sua eliminação ou mitiga-
ção, este plano deve ser acompanhado, e sua efetividade avaliada após execução, caso as
ações realizadas não impactem positivamente a perda, deve-se propor novas ações, até
que se chegue na eliminação das causas geradoras das perdas. A figura 29 apresenta um
fluxo para elaboração do perfil de perdas, onde consta o racional apresentado.
166
167
168
Onde:
(i) HMC corresponde à quantidade de horas manutenção corretivas, ou seja, a indispo-
nibilidade provocada pelos eventos de falhas;
Knights (2001) recomenda a dispersão logaritma para plotar os dados, pois assim, é pos-
sível a identificação das falhas que mais contribuíram para a indisponibilidade, com a van-
tagem de permitir a visualização da influência do MTTR e o número de eventos.
169
No diagrama de Jack-Knife, figura 30, observa-se que no quadrante de “falhas leves” en-
contram-se modos de falha com baixo MTTR, ou seja, o retorno é rápido quando da sua
ocorrência, e baixa frequência, visto um menor número de ocorrências deste tipo.
Já o pior dos modos de falha, é aqueles de ocupar o quadrante “crítico”, pois possuem alto
MTTR e alta frequência de ocorrência, assim percebe-se que os modos de falha que ocu-
pam quadrantes acima do limite do MTTR, afetam a mantenabilidade, visto seus maiores
tempos de reparo, já os modos de falha que se localizam nos quadrantes à direita do limite
do número de falhas são ofensores a confiabilidade dos ativos físicos, devido a sua maior
frequência de ocorrência.
Vale ressaltar, que Knights (2001) explica que os eixos de “MTTR” e “Número de Falhas”
podem variar de acordo com o entendimento da gestão da empresa, bem como, com o
banco de dados de falhas existentes.
171
(ii) Solicitação gerencial, o teste pode ser fruto de uma indicação gerencial (mínimo
nível L2), requisitando a verificação sobre determinado item;
Formalizada a ST, deve-se priorizar quais solicitações, irão seguir o rito de testes, esta
etapa é necessária, uma vez que o número de solicitações na maioria dos casos, excede a
disponibilidade da engenharia de manutenção em realizá-los.
172
173
A tabela 19 apresenta critérios para priorização das Solicitações de Testes (ST´s), onde ob-
serva-se 5 (cinco) parâmetros avaliativos: (i) Segurança & meio ambiente; (ii) Custos de
manutenção; (iii) Performance; (iv) Riscos de fornecimento e (v) Facilidade e custos de
implantação.
As ST´s com maior pontuação serão aquelas a serem colocadas em prática pela equipe de
engenharia de manutenção, para definir o rito a ser seguido, havendo 3 (três) opções: (i)
Homologação técnica; (ii) Inovação tecnológica e (iii) Desomologação.
Ao final, um relatório robusto deve ser emitido pela engenharia de manutenção acerca do
teste de inovação tecnológica, apontando todos os aspectos do desenvolvimento realiza-
do, os resultados dos testes, bem como, observações acerca do processo de aplicação, ao
final com emissão de parecer de aprovado ou reprovado.
Por fim, o derradeiro rito para condução de ST´s é a Desomologação, que consiste na aná-
lise de reprovação de um material ou equipamento já homologado e presente no cadastro
da empresa, duas são as principais causas para uma Desomologação:
(ii) Ineficiência técnica expressa na queda da sua performance quando comparada aos
resultados obtidos na época de teste, e expressos no Relatório de Execução de Teste.
Deve ser focado nesta atividade, buscando construir protocolos pertinentes, claros e lúci-
dos para a organização das opções de novos materiais e equipamentos presentes no mer-
cado, de modo ao processo de testagem e escolha indicar as soluções de maior pertinência
e retorno ao negócio.
175
O custo do ciclo da vida (LCC) do ativo físico representa o valor, levado ao tempo presente
de toda a história de gastos (Capex e Opex) deste ativo, desde a sua concepção até a sua
disponibilização.
Capex são gastos em investimento, projetos, protótipos, estoque inicial, testes, documen-
tações, melhorias e aquisições de ativos, e Opex são gastos com a operação e manutenção
do ativo físico.
Segundo Lafraia (2001), o cálculo do LCC envolve todos os custos associados a seu ciclo
de vida, sendo eles: (i) custo da pesquisa e desenvolvimento (P&D); (ii) custo de produção
e fabricação do ativo; (iii) custo de operação e manutenção e (iv) custo para disposição do
final da vida útil.
176
177
O valor do LCC será dado pela equação (42), lembrando que cada custo anual deve ser
descontado conforme taxa de juros, conforme apresentado na equação (43), e deve-se
subtrair o valor residual de venda do ativo, caso o mesmo ainda o tenha.
Existem diversas normas que versam sobre análises de Life Cycle Cost, em variados seto-
res, publicadas em diferentes anos, algumas delas são:
(i) MIL-HDBK-259 Military Handbook – Life Cycle Cost in Navy Acquisitions (1983);
(ii) SAE-ARP 4293 Life Cycle Cost: Techniques and applications (1992);
(iii) NORSOK O-CR-002 Life Cycle Cost for production facility (1996);
(iv) ISO 15663-1:2000 Petroleum and natural gas industries – Life Cycle Costing. Part 1:
Methodology (2000);
(v) ISO 15663-2:2001 Petroleum and natural gas industries – Life Cycle Costing. Part 2:
Guidance on application of methodology and calculation methods (2001);
(vi) ISO 15663-3:2001 Petroleum and natural gas industries – Life Cycle Costing. Part 3:
Implementation guides (2001).
As normas são excelentes fontes para estudos em aplicações específicas, bem como, nos
métodos adotados em análises de LCC. Em linhas gerais, as etapas para construção deste
tipo de análise são as seguintes:
Definição do tipo de análise: consiste na escolha do tipo de avaliação que se deseja reali-
zar com o estudo de LCC, que podem ser comparativos entre cenários envolvendo o ativo,
como: (i) manter a situação atual do ativo; (ii) repotenciar ou reforma do ativo; (iii) substi-
tuição ou (iv) alteração da estratégia de manutenção aplicada;
Tabulação e coleta dos dados de custos: deve-se identificar as fontes de gastos que re-
presentam o custo acumulado do ativo ao longo do seu ciclo de vida, conforme figura 32,
178
coletando os dados para cada tipo de custos tabulado por meio de pesquisas nos siste-
mas da organização, tais como os softwares ERP, CMMS, gestão econômica da empresa,
suprimentos, entre outras fontes de pesquisa;
Elaboração do custo de cada ano estudado: deve-se elaborar a projeção dos custos para
cada ano de análise dos cenários avaliados. Nesta etapa, aplica-se o cálculo do LCC, tra-
zendo custos anualizados para valor presente, aplicando a equação (43) para cada mon-
tante de custos por ano:
Onde:
VF representa o valor futuro, que, no nosso caso, consiste no somatório de custos da vida
do ativo para cada ano analisado;
“i” a taxa de juros utilizada para realizar o desconto do valor futuro do custo apurado;
“n” representa o número de períodos que separam o tempo presente do ano do estudo
futuro, ou seja, n = 2, significa o ano 2 da análise.
Por exemplo, considera-se que a soma de todos os custos previstos na figura 32, do ano
3 de uma análise atingiu o valor de R$ 300.000,00, aplicando uma taxa de desconto de
juros de 2% anuais na equação (43), tem-se:
179
Onde:
LCCn representa o valor do somatório dos custos conforme equação (42) para o período
“n”, ou seja, ano “n” da análise;
Análise final do LCC versus o desempenho: Consiste na última etapa do estudo, onde
compara-se o LCC e desempenho das alternativas pesquisadas, caso não exista distin-
ção no desempenho entre as opções estudadas, opta-se por aquela de menor LCC, nos
demais casos, deve-se ponderar qual a melhor relação “LCC X Desempenho”. A figura 34
sintetiza as quatro configurações possíveis em tal relação.
180
No gráfico (B), o desempenho da alternativa “A” supera “B”, e ambas têm o mesmo LCC,
logo, opta-se por “A”. Já no gráfico (C), a alternativa “A” é preferível, pois tem menor LCC e
maior desempenho.
Por fim, no gráfico (D) a alternativa “A” será preferível se o ΔD (delta de desempenho) com-
pensar a diferença do ΔLCC, caso contrário, apesar da alternativa “B” apresentar menor
desempenho, seu LCC compensa a relação custo-benefício.
De acordo com Moubray (1996), a manutenção tem procurado novos modos de pensar,
técnicos e administrativos, uma das modificações apontadas pelo autor é a incorpora-
ção de elementos da confiabilidade às estratégias usuais de manutenção encontradas nas
empresas de fabricação.
Cheu e Chien (2004) propõem uma política generalista de reposição por idade de sistemas
sujeitos a impactos que ocorrem em quantidades aleatórias por unidade de tempo, de
forma a diminuir os riscos de falhas, consideravelmente, elevando assim, a confiabilidade
dos sistemas.
Dessa forma, pode-se afirmar que a busca pelo entendimento do processo de falhas em
ativos físicos, levou a vários estudos, inaugurando assim, a engenharia da confiabilidade,
sendo esta matéria responsável pela geração de métodos para a investigação, bem como,
o tratamento dos modos e causas de falhas, sensibilizando assim, o desempenho dos
ativos.
183
O estudo da confiabilidade, por meio do olhar sobre a falha, consiste em um estudo das
probabilidades de acontecimentos da mesma, desta feita, recorrendo ao conceito da pro-
babilidade clássica, temos que, se existem “n” possibilidades igualmente prováveis, das
quais uma deve ocorrer, e “s” são consideradas como a quantidade de prováveis sucessos,
a probabilidade de sucesso é dada como s/n.
Uma vez definida como uma probabilidade, a confiabilidade assume premissas inatas à
disciplina da “probabilidade e estatística”, como o já citado conceito clássico, que nos leva
a interpretação frequencial da probabilidade, que consiste que a proporção do número de
vezes em que eventos do mesmo tipo ocorrem a longo prazo, nos fornece a probabilidade
de ocorrência deste evento.
184
(iv) Função de taxa de falha λ (t), também conhecida como Função de risco h(t).
Para Callegari-Jacques (2003), uma variável aleatória, tal como a vida útil de um determi-
nado equipamento, assume uma distribuição de frequências específicas, as quais podem
apresentar formas variadas. As distribuições teóricas disponíveis na literatura estatística
configuram-se como modelos que buscam representar o comportamento de determina-
do evento em função da frequência de sua ocorrência. Isso permite realizar estimativas
sem que se faça necessário o acesso à totalidade das informações, visto que o propósito
da distribuição é justamente o de determinar o comportamento do grupo de dados obser-
vado sob determinado modelo teórico.
Desta forma, T é uma variável aleatória, onde temos o período de tempo a partir do ins-
tante em que o item é posto em operação até o momento em que falha pela primeira vez.
Consideremos a função de distribuição F(t) de falha acumulada, dada pela equação (45):
A função densidade acumulada de falha F(t), segundo Fogliatto e Ribeiro (2009), fornece
a probabilidade da unidade falhar em um intervalo de tempo (0,t). Essa função pode ser
observada conforme a equação (1), onde adota-se t > 0.
186
A função confiabilidade R(t), pode ser obtida como um complemento da função acumula-
da de falha F(t), resultando a equação (48).
Diferente das curvas apresentadas até aqui, a função taxa de falha submete-se ao axioma
da “probabilidade condicional” da falha, ou seja, consiste na probabilidade de que uma
falha venha a ocorrer em um período, desde que o item em questão tenha sobrevivido ao
início de tal período.
A função taxa de falha é a frequência com que ocorre as falhas em um determinado pe-
ríodo de tempo, medida pelo número de falhas para cada hora ou número de operações
(ciclos) do sistema ou do componente.
187
Assim, segundo Fogliatto e Ribeiro (2009), considerando que o item está funcionando em
um instante t, a probabilidade deste item falhar no intervalo de tempo (t;t + Δt ], é dada
conforme a equação (49).
Conforme indicado por Fogliatto e Ribeiro (2009), dividindo-se a equação (49) pelo in-
tervalo de tempo Δt, considerando seu limite em Δt → 0, obtém-se a função de taxa de
falha λ(t) conforme equação (50):
Como o conceito tem como base axiomas da probabilidade e estatística, vale ressaltar que
a função de taxa de falha deve satisfazer as seguintes propriedades:
A taxa de falha representa, como dito anteriormente, o número de falhas para cada hora
ou número de operações (ciclos) do sistema ou do componente, daí sua unidade de me-
dida ser dada em falhas por tempo ou ciclo de operação, e como trata-se de uma proba-
bilidade condicionada a que o item em observação tenha sobrevivido ao início do período
188
Para Fogliatto e Ribeiro (2009) existem três classificações básicas para a função taxa de
falha λ(t):
(i) Taxa de falha crescente, onde o risco eleva-se à medida que o tempo passa;
(ii) Taxa de falha decrescente, onde o risco cai à medida da passagem do tempo;
(iii) Taxa de falha constante, onde o risco tem um valor constante com o passar do tem-
po, sem alterações relevantes.
Tornou-se clássica a curva da banheira, uma vez que a mesma caracteriza claramente as
três classificações básicas citadas para a λ(t), apesar desta curva não representar o com-
portamento de todo o espectro de equipamentos utilizados na indústria, para fins didáti-
cos sua apresentação revela-se frutífera no esforço de entendimento do comportamento
da taxa de falha.
A curva da banheira (bathtube curve), como apresentada na figura 36, representa as fases
da vida características de um sistema: (i) mortalidade infantil (Taxa de falha decrescente),
(ii) maturidade (Taxa de falha constante) e (iii) mortalidade senil (Taxa de falha crescente).
As fases estão associadas ao fator de forma β, que é um dos parâmetros de uma eventu-
al distribuição de Weibull que descreva a confiabilidade do item, como será apresentado
mais adiante (SELLITTO et al, 2006; LAFRAIA, 2001).
Figura 36 – Curva da banheira e ciclo de vida de equipamentos, adaptado de Sellitto et al (2006) e Lafraia (2001)
189
Na fase de maturidade, o valor médio da taxa de falha é constante, as falhas ocorrem por
causas aleatórias que podem assumir diversas naturezas, tais como: sobrecargas aleató-
rias, problemas externos de alimentação elétrica, vibração, impactos mecânicos, bruscas
variações de temperatura, erros humanos de operação, entre outros, ou seja, é o velho
cotidiano da manutenção, a busca neste período é por uma taxa constante, mas baixa, em
um nível aceitável de acordo com a estratégia adotada pela governança.
Na fase de mortalidade senil, que representa o início do período final de vida do item,
onde a taxa de falha é crescente. Esta fase é caracterizada pelo desgaste do componente,
corrosão, fadiga, trincas, deterioração mecânica, elétrica ou química, manutenção insufi-
ciente entre outros. Abrem-se, neste período, as portas para análises de obsolescência dos
ativos, chegando à conclusão do fim da sua vida útil de interesse para a organização.
Nestes termos, pode-se assumir que R(x) e F(x) são expressos conforme as equações (53)
e (54).
190
A partir da equação (46), presente na seção 4.4.1.2, combinada com a equação (56), tem-se
a equação (57).
Considerando a equações (57) e (50), esta apresentada na seção 4.4.1.4, tem-se a equação
(58).
191
Vejamos o exemplo de dois acoplamentos que são responsáveis pelo torque para uma
transportadora de correias (figura 37), onde a falha de qualquer um deles impede o fun-
cionamento do transportador. Sabendo que as taxas de falhas dos acoplamentos 1 e 2
são, respectivamente, λ1 = 0,0004 falhas por hora e λ2 = 0,0005 falhas por hora. Calcule
a confiabilidade para 500 horas de operação. Considerar que os acionamentos começam
a operar no instante de tempo t = 0.
192
Nota-se que os acoplamentos estão em uma configuração em série, tema a ser abordando
na seção 4.4.1.7, nesse caso, calcula-se a confiabilidade de cada um dos acoplamentos,
obtendo a confiabilidade do sistema composto pelos dois, por meio do produto das suas
respectivas confiabilidades.
193
Nos estudos das distribuições, algumas propriedades devem ser atendidas no que diz res-
peito aos estimadores populacionais, são elas: (i) a não tendenciosidade, (ii) consistência,
(iii) eficiência e (iv) suficiência.
Figura 40 – Gráfico de distribuição Weibull com parâmetros de forma distintos – Adaptado de https://support.minitab.com/pt-br
Uma vez apresentada a significância dos parâmetros das distribuições, nota-se a impor-
tância de encontrar uma coincidência entre o banco de dados em posse do analista de
confiabilidade, com uma das distribuições de probabilidades, pois, assim, sua tarefa de
definir um modelo que representa fielmente o comportamento dos equipamentos quanto
às falhas neles atuantes, torna-se mais fácil, uma vez que uma distribuição de probabili-
dade descreve o comportamento aleatório de um fenômeno.
195
Neste livro se exploram as duas primeiras, uma vez que a distribuição de Weibull é a mais
utilizada nos estudos da confiabilidade, pois modela falhas por fadiga e desgaste, e a dis-
tribuição exponencial é bastante empregada em banco de dados de falhas em equipa-
mentos eletrônicos, assim, consegue-se abranger satisfatoriamente o espectro de possi-
bilidades de uma análise de confiabilidade, lembrando que diversas outras distribuições
estão presentes na literatura e na aplicação prática, sendo interessante seu estudo em
obras focadas exclusivamente na engenharia de confiabilidade.
Uma distribuição contínua informa as probabilidades de valores assumidos por uma va-
riável aleatória contínua, a qual é expressa em uma escala contínua. A área sob a curva da
distribuição define a probabilidade da variável aleatória contínua, desse modo, somente as
faixas de valores podem ter uma probabilidade distinta de zero (Figura 41).
Figura 41 – Área sob a função f(x) em uma distribuição exponencial indicando a probabilidade de acontecimentos de uma variável
aleatória contínua
196
A distribuição exponencial está ligada à distribuição de Poisson, uma vez que ela anali-
sa inversamente o experimento, enquanto que na distribuição de Poisson é estimada a
quantidade de eventos em um intervalo, a exponencial estima um intervalo de tempo para
ocorrência de um evento.
A variável “X”, que é igual à distância entre contagens sucessivas de um processo de Pois-
son, com média λ > 0, tem uma distribuição exponencial com parâmetro λ. A função den-
sidade de probabilidade de X, f(x), é dada pela equação (63).
Note que o ponto inicial para medir “X” não importa, porque a probabilidade do número de
falhas em um intervalo de um processo de Poisson, depende somente do comprimento
do intervalo e não da localização.
Em confiabilidade, pode-se ressaltar a distribuição de Weibull por ser mais flexível na re-
presentação de amostras de tempos até falha de tamanho pequeno (FOGLIATTO, RIBEI-
RO, 2009).
197
Ernest Hjalmar Wallodi Weibull foi um físico sueco, nascido no fim do século XIX (1887),
que publicou diversos trabalhos na área da engenharia de materiais, sendo um deles mar-
cante para os estudos da confiabilidade, o artigo “A statistical distribution function of wide
applicability”, publicado em 1951 no Journal of Applied Mechanics, neste estudo Weibull
apresentou a distribuição de probabilidade que leva seu nome, e que se tornou uma das
mais utilizadas nos estudos da confiabilidade.
Note a figura 36 apresentada anteriormente, e renumerada nesta seção para figura 42.
Como indicado por Sellitto et al (2006) e Lafraia (2001), o parâmetro de forma (β) indicará
qual tipo de função de taxa de falha, λ(x), ou função de risco, h(t). Sendo uma decrescente
quando β < 1, quando β = 1 teremos uma constante, e crescente quando β >> 1.
Figura 42 – Parâmetro de forma (β) e as características da curva da função de risco h(t), adaptado de Sellitto et al (2006) e Lafraia (2001)
198
Sendo que:
Reid (2020) também indica as demais funções de interesse da confiabilidade, F(x), R(x) e
λ(x), em uma distribuição de Weibull, indicadas nas equações (69), (70) e (71), respectiva-
mente.
Em relação aos parâmetros da distribuição de Weibull, sua obtenção é realizada por meio
de diversos métodos presentes na literatura, aqui será explanado tal processo utilizando
a “Median Rank”.
199
200
Nota-se que o parâmetro de forma, β, será dado pela inclinação da reta, ou seja, “a” da
equação linear (73), já o parâmetro de escala, η, é definindo a partir da equação (77), ob-
tém-se a equação (78) que determina o parâmetro η.
Resta, então, para definição dos parâmetros da distribuição de Weibull de dois parâme-
tros, o cálculo estimado de F(x), o qual pode ser obtido utilizando-se o median rank, o mé-
todo pode ser aplicado nos estudos de falhas, e configura-se na estimativa da “não con-
fiabilidade” para cada falha observada, ou seja, significa o valor da probabilidade de falha,
F(xi), em cada uma da i-ésima falha, considerando um universo de N0 amostras coletadas
a 50% de nível de confiança, utiliza-se a aproximação de Bernard, conforme equação (79).
201
Dessa forma, a equação (74), considerando a equação (79), pode ser reescrita como a
equação (80).
Vejamos o exemplo de Pinto (2003) apud Mendes et al (2014), que indica tipos de falhas
associando o parâmetro β com um algoritmo de decisão. Pinto (2003) apud Mendes et al
(2014), elenca as seguintes análises de acordo com o parâmetro de forma em uma distri-
buição de Weibull:
(iii) β = 2,5, a distribuição de Weibull tem similaridade com aspecto gráfico da distribui-
ção Lognormal;
(iv) β = 3,6, distribuição de Weibull tem similaridade com aspecto gráfico da distribuição
Normal.
202
De acordo com a análise do parâmetro de forma, Pinto (2003) apud Mendes et al (2014)
propôs o algoritmo de decisão da figura 43, onde aponta as causas prováveis de acordo
com o parâmetro β de uma distribuição de Weibull.
Figura 43 – Algoritmo de decisão proposto por Pinto (2003) apud Mendes et al (2014), através do parâmetro β em uma
distribuição de Weibull.
Cada análise deve ser realizada de forma isenta, buscando novas descobertas sobre o
comportamento das falhas nos ativos, mas torna-se prudente a busca de referências que
facilitem a investigação, como, também, a validem em termos comparativos, repousando
neste traço a importância da definição da adequada distribuição de probabilidade a ser
utilizada.
Para responder esta questão, surge a discussão sobre os testes de aderência, eles consis-
tem em testes de hipóteses que, como o próprio nome sugere, são utilizados para testar
hipóteses a respeito das distribuições dos dados, o que significa que a função construída
a partir dos dados coletados é comparada à distribuição teórica.
203
Pela comparação das frequências amostrais, juntamente das frequências teóricas espe-
radas pelo modelo probabilístico, é que se torna possível verificar se uma determinada
distribuição adequa-se satisfatoriamente ou não aos dados amostrais.
Os testes mais utilizados, conforme afirmam Fogliatto e Ribeiro (2009), são o qui-quadra-
do e o de Kolmogorov-Smirnov (KS), e estão presentes na maioria dos softwares especia-
listas em confiabilidade.
H0, quando os dados aderem à distribuição testada e, H1, quando não aderem, ou seja, a
hipótese nula é rejeitada.
Objetivando fixar os conceitos acerca dos testes de aderência, neste livro vamos abordar
em detalhes o teste do qui-quadrado. A estatística do mesmo segue a equação (81).
204
H0 também não será rejeitada se X2 calculado for menor do que o X2 crítico, sendo este a
abscissa da distribuição qui-quadrada (k – 1) graus de liberdade, e um nível de significância
α, bem como, H0 será rejeitada, se P ≤ α. A figura X ilustra graficamente.
Deseja-se, então, testar as hipóteses: H0, o número de corretivas não sofre alteração
conforme o dia da semana, seguindo uma distribuição uniforme, e H1, o número de
corretivas muda conforme o dia da semana.
Logo, X2 calculado = 55, busca-se a seguir, o valor do X2 crítico, o qual pode ser
encontrado via tabela estatística, como a tabela 32.
Tabela 22 – Valores tabulados do X2 crítico de acordo com o nível de significância e graus de liberdade.
O valor do X2 crítico, pode também ser calculado utilizando o MS Excel, basta utilizar a
fórmula “INV.QUI” e observe a figura 44.
Figura 44 – Tela MS Excel indicando uso da função “INV.QUI” para cálculo do X2crítico
Onde pede-se “probabilidade”, deve-se indicar o nível de significância “α” de 5%, ou seja,
0,05, e onde pede-se “graus liberdade”, indica-se o valor de 6, encontrando-se o mesmo
valor de tabela, como ilustrado na figura 45.
207
Figura 45 – Tela MS Excel indicando resultado da função “INV.QUI” para cálculo do X2crítico
Pelo do MS Excel pode-se calcular o valor “P”, e assim, compará-lo com o nível de signifi-
cância α, verificando-se P ≤ α, rejeitando a hipótese H0.
Utilizando o exemplo do número de corretivas por dia da semana, foi considerado um nível
de significância α de 5%, logo, para H0 ser verdadeira, ou seja, que o número de corretivas
não sofra alteração conforme o dia da semana, o valor de “P” deve ser menor que 0,05.
Utilizando o MS Excel, pode-se calcular o valor “P”, por meio da fórmula “DIST.QUI”, note a
figura 46 que traz a tela do Excel utilizado no exemplo.
Onde pede-se “x” deve-se indicar o valor de X2calculado, no caso de exemplo, o número de
55, e onde pede-se “graus_liberdade”, indica-se 6 graus de liberdade, assim, encontrando-
-se o valor de 0,00000000046, como ilustrado na figura 47, dessa forma, rejeitando H0,
pois P ≤ α (0,00000000046 < 0,05).
208
Figura 47 – Tela MS Excel indicando resultado da função “DIST.QUI” para cálculo do “P”
Sendo assim, nesta seção se explora o histograma com o objetivo de ilustrar a represen-
tação gráfica das curvas da confiabilidade. Em virtude do MS Excel configurar-se em uma
ferramenta bastante popular e de alta utilização nas organizações, o mesmo será utilizado
para suportar o entendimento do conteúdo desta seção.
209
A tabela 23 é composta pelos chamados “dados brutos”, os quais devem ser tratados,
para deles, se chegar no histograma. Baseado nos TTF´s observados, constroem-se, pri-
meiramente,
a tabela 24.
210
(i) Valor mínimo, ou seja, o menor valor de TTF encontrado, no caso será 2.100;
(ii) Valor máximo, representa o maior valor de TTF observado, no caso será 3.800;
(iii) Amplitude do Rol (R), representa a faixa que contempla o espaçamento da amostra
no tempo, pela subtração do valor máximo em relação ao valor mínimo (3.800 – 2.100),
no caso será 1.700;
(v) Número de classes calculado, o qual pode ser obtido pela regra de Sturges, K = 1 +
3,3.logN0, ou podendo se utilizar a raiz quadrada de N0, no exemplo, utilizou-se esta
última, chegando no valor de 6,708;
(vi) Como o número de classes deve ser um inteiro, pelo bom senso se ajusta o valor
calculado de K, neste caso, optou-se pelo arredondamento a maior, encontrando 7
classes;
211
(vii) Por fim, deve-se calcular o incremento, que consiste no tamanho de cada classe
ao logo eixo “x”, que, no caso, é dado em horas. Para tanto, divide-se a amplitude do
Rol (R) pelo número de classes ajustado (K), obtendo-se, neste caso, o incremento de
243 horas.
De posse dos dados brutos (tabela 23) e das características apontadas na tabela 24,
monta-se a tabela 25, a qual será a base do histograma.
A coluna “Classes” indica os intervalos em “x” ao longo do tempo (horas), os quais serão
observados o comportamento da variável aleatória, no caso, o TTF de transmissões. Para
se chegar nos intervalos indicados na tabela 6, basta somar ao valor mínimo, 2.100, o incre-
mento “h”, visto o mesmo ser o tamanho de cada classe, assim, a cada 243 horas teremos
uma nova classe, até atingir a 7ª e última, uma vez que o número de classes estabelecido
para este histograma foi 7 (sete), como indicado na tabela 5. Perceba que o limite máximo
da classe 7 é 3.801, garantindo, assim, que todos os valores de TTF´s observados serão
considerados no histograma, uma vez que o maior valor encontrado é de 3.800 horas.
A coluna “Fi” corresponde à frequência encontrada de TTF´s nos dados brutos, os quais
encontram-se no intervalo da respectiva classe, por exemplo, observou-se que 8 TTF´s da
tabela 4 tinham valores maiores igual a 2.100 e menores que 2.343, representando assim,
uma frequência, F1 = 8. Para as demais classes, faz-se a mesma contagem, encontrando os
valores indicados na coluna “Fi” da tabela 6.
A coluna “Fa” representa o valor acumulado da frequência observada, por exemplo, a fre-
quência acumulada na segunda classe, ou seja, x2, será a soma da frequência observada
na 1ª e 2ª classes, o que nos leva a Fa2 = 15, o x3 será a soma da 1ª, 2ª e 3ª, levando a Fa3
212
= 21, e assim faz-se até que na última classe, Fa7 seja igual a N0, no caso do exemplo, 45.
A coluna “Fri – f(x)” representa a frequência relativa em cada classe, sendo encontrada por
(82).
Note que a coluna “Fri – f(x)” nos fornece a função densidade da probabilidade, ou seja, f(x),
basta gerar o gráfico de barras da mesma, que encontraremos o histograma base para f(x),
conforme a figura 48.
213
Com a inclusão da curva de tendência no MS Excel, pode-se ilustrar como seria a f(x) com
base no histograma encontrado, para tanto, basta observar a tela indicada na figura 49,
onde, após selecionar o gráfico, na opção “Design”, escolhe-se “Adicionar Elemento ao
Gráfico”, escolhendo na lista o elemento “Linha de Tendência”, deste, escolhe-se “Mais
Opções de Linha de Tendência..”.
Em seguida, ajusta-se tal curva de tendência, em termos de cores, bem como, na distribui-
ção que a mesma deve se encaixar. Como trata-se de uma mera ilustração para fins didá-
ticos, escolhe-se a polinomial de ordem 6, como indicado na figura 50. Também pode-se
optar por exibir a equação de y, que, no caso, será a f(x), e o valor de R-quadrado.
No exemplo exposto, não podemos afirmar com certeza, que a expressão de f(x) mais
adequada é a apresentada de acordo com a polinomial de ordem 6, uma vez que não se
fez nenhum teste de aderência, apenas a averiguação do R-quadrado, que consiste no
coeficiente de determinação, o qual representa a porcentagem da variação de y que pode
ser atribuída à variação de x, seu valor próximo a 1 indica uma alta correlação entre as duas
variáveis, no entanto, faz-se necessário a aplicação de testes de aderência para verificar
o ajuste dos dados observados à determinada distribuição de probabilidade conhecida.
Como o objetivo é apenas ilustrar graficamente a função f(x) a partir do histograma, po-
de-se vê-la na figura 51, daí percebe-se a lógica que leva à determinação de função densi-
dade da probabilidade, f(x), a partir da determinação do histograma construído com base
na tabela 25.
Na tabela 25, a coluna “Fai – F(x)” representa a frequência acumulada, a qual obtém-se
somando os valores de cada Fri com o valor acumulado, Fai, imediatamente anterior, por
exemplo, Fa2 será igual à soma de Fr2 com Fa1, ou seja, Fa2 = Fr2 + Fa1.
215
Assim, a coluna “R(x)” da tabela 25 representa a função confiabilidade obtida pela equação
(39), subtraindo de 1 o valor presente na coluna “Fai – F(x)”. Seguindo o mesmo procedimen-
to abordado anteriormente para a ilustração de F(x), obtém-se a o gráfico e curva apresen-
tados na figura 53.
216
Na planilha representada pela tabela 25, obtém-se o valor de cada λi dividindo a frequên-
cia absoluta, coluna “Fi”, pela quantidade unidades do período de vida observado, que no
caso, é representado pela coluna “Incremento (h)”, dessa forma, chega-se ao número de
falhas por unidade de vida.
λi será então obtido dividindo o número de falhas por unidade de vida, pelo número de
itens exposto à falha, representado pela coluna “Nº Sobreviventes”, atendendo, assim, a
condição que o item em observação tenha sobrevivido ao início do período em análise. A
curva e histograma apresentados na figura 54 apresentam λ(x).
217
O exemplo até aqui demonstrado, ilustra a lógica adotada para encontrar-se as curvas da
confiabilidade adotada na arquitetura dos softwares específicos, sendo importante res-
saltar, a importância da etapa de testes de aderência, os quais permitem verificar o ajuste
dos dados observados a uma das distribuições de probabilidade conhecidas, como dito
anteriormente, a distribuição de Weibull é a mais flexível dentre todas as utilizadas na en-
genharia da confiabilidade, tornando-se a mais utilizada.
A resposta é sim, conseguem-se obter os parâmetros de forma (β), e de escala (η) utilizan-
do o MS Excel.
Tabela 26 – Dados de TTF´s organizados para cálculo dos parâmetros da distribuição de Weibull
219
A coluna “Median Rank”, como discutido na seção 4.4.1.6, representa a estimativa da “não
confiabilidade” para cada falha observada, considerando um universo de N0 amostras
coletadas a 50% de nível de confiança, utiliza-se a aproximação de Bernard, conforme
equação (85).
Dessa forma, no MS Excel nesta coluna, o cálculo será: “Median Rank” = (“Rank” – 0,3)/
(45+0,4).
220
Nota-se que o parâmetro de forma, β, será dado pela inclinação da reta, ou seja, “a” da
equação linear (88), já o parâmetro de escala, η, é definindo a partir da equação (91), quan-
do obtém-se a equação (92) que determina o parâmetro η.
De posse da tabela 26, utiliza-se o recurso de regressão do Excel para obtenção dos parâ-
metros da distribuição de Weibull (β, η), o qual faz parte da ferramenta “Análise de Dados”.
A figura 55 ilustra esta operação.
221
Uma vez na tela da “Regressão”, o leitor deve seguir as instruções ilustradas na figura 56,
onde o “intervalo Y de entrada” representa a variável “y” da equação da reta, no caso, a
equação (88), expressa na coluna “Ln(Ln(1/(1-Median Rank)))”, já o “intervalo X de entrada”,
representa a incógnita “t” da equação da reta, no caso, da equação (89), expressa na coluna
“Ln(TTF)”, opta-se por apresentar “Rótulos”, bem como, “plotar ajuste de linha”, e, por fim,
escolhe-se, na opção de saída, uma nova planilha, na qual, no exemplo, nomeou-se como
“Parâmetros de Weibull”.
Após gerar a regressão, será apresentada a planilha ilustrada na figura 57, onde percebe-
-se diversos dados da equação da reta y=a.t+b, os valores dos parâmetros β e η, devem
ser calculados, para tanto, foram inseridos nas colunas “D” e “E”, a tabela destacada por
um retângulo vermelho, nela o cálculo de β se pela da equação (44) e representa a in-
clinação da reta indicada na planilha da figura 57 na célula “B18”, resultando no valor de
222
Para o exemplo, têm-se as seguintes expressões das equações das distribuições de Wei-
bull de dois parâmetros. São assim indicadas nas equações de (93) a (96).
223
Onde:
Os cálculos para a confiabilidade do sistema (Rs), baseados na equação (97), são os se-
guintes:
Assim, chega-se a resposta que a confiabilidade do sistema, Rs, a 1.000 horas de opera-
ção será de 95,55%.
225
Vejamos outro exemplo: no sistema de trole acionado por corrente (figura 60), formado
por três engrenagens, uma corrente e uma estrutura de sustentação, a falha de qualquer
um dos subsistemas decorrerá na falha do sistema como um todo. Considerando que
todos os subsistemas que formam o Trole possuem a mesma confiabilidade e deseja-se
alcançar uma confiabilidade do sistema de 95%, qual deve ser a confiabilidade individual
mínima dos subsistemas?
Observe que o sistema é formado por 5 (cinco) subsistemas: (i) as três engrenagens, (ii) a
corrente e (iii) a estrutura de sustentação, dessa forma os cálculos para obtenção do valor
mínimo de confiabilidade da cada componente, com o objetivo de se obter uma confiabi-
lidade do sistema de 95%, são os seguintes:
Em um sistema em paralelo todos os componentes devem falhar para que o sistema fa-
lhe. A figura 61 ilustra o arranjo do mesmo.
226
No sistema em paralelo, pelo menos uma das unidades em paralelo deve continuar fun-
cionando para o sucesso da missão. A probabilidade de falha é a probabilidade de que a
unidade 1, e a unidade 2 falhem, e…, e n unidades falhem.
Em relação aos sistemas chamados mistos, nada mais são do que sistemas que combi-
nam arranjos em série e em paralelo.
O sistema em série ou “n-em-n” ocorre quando necessita-se que “n” componentes ope-
rem do total de “n” instalados, ou seja, todos devem operar para o sistema cumprir sua
função, já no sistema em paralelo puro, basta apenas um dos componentes funcionar, ou
seja, uma configuração “1-em-n”.
A formação de bons Banco de Dados para Confiabilidade (BDC) passa por uma adequada
taxonomia das informações referentes aos eventos de falhas na gestão da manutenção.
A taxonomia como instrumento científico nasce com o médico Carl von Linné em 1735,
quando o mesmo classificou os seres vivos em uma lógica hierárquica como ilustra de
forma lúdica a figura 63.
Sob a mesma lógica, devem-se classificar os eventos de falhas nos ativos físicos, de forma
a oportunizar o seu exame pelas técnicas quantitativas da engenharia da confiabilidade.
Para as análises de confiabilidade, a taxonomia tem dois principais focos: (i) Hierarquiza-
ção dos ativos físicos em suas instalações e (ii) Identificação e classificação dos possíveis
modos de falha.
230
Existem algumas normas que indicam modelos taxonômicos tanto para hierarquia de ati-
vos, como para classificação de modos de falha, a norma ISO 14224 é uma das mais po-
pulares, inicialmente focada na área de Petróleo e Gás, a mesma vem sendo utilizada por
diversos profissionais dos mais variados setores da indústria.
A ISO 14224 sugere 10 (dez) níveis hierárquicos, sendo 6 (seis) a nível de locais de instala-
ção dos ativos e 4 (quatro) pertinentes aos elementos de máquinas dos mesmos, como
apresentado na figura 64.
Figura 64 – Hierarquização dos ativos físicos em suas instalações sugerido pela ISO 14224
Talvez leitor, na sua organização, não haja necessidade para aplicação dos 10 (dez) níveis
recomendados pela norma 14224, mas a aplicação da sua lógica torna-se imprescindível
para a construção de um bom BDC.
231
Com as duas taxonomias definidas, hierarquização dos ativos físicos e classificação dos
modos de falha, parte-se para a montagem do Banco de Dados para Confiabilidade (BDC),
cujo foco principal é fornecer aos analistas da engenharia de confiabilidade, as informa-
ções necessárias para a investigação dos modelos matemáticos que representem o fenô-
meno em estudo, como visto nas seções anteriores.
A ISO 14224 recomenda no seu item 4.2 medidas a serem seguidas para formação de um
BDC de boa qualidade:
(i) Investigar as fontes de dados para garantir que os dados necessários possam ser
encontrados e que estejam completos;
(ii) Definir o objetivo da coleta de dados para o uso pretendido. Exemplos de análises
desejadas: análise quantitativa de riscos; análise de confiabilidade, confiabilidade, Dis-
ponibilidade e mantenabilidade (RAM); manutenção centrada na confiabilidade (RCM);
custo do ciclo de cida (LCC);
(iv) Preparar um plano para o processo de coleta de dados, com cronogramas, marcos,
sequência e número de unidades de equipamento, períodos a serem cobertos, etc.;
(vi) Planejar a garantia da qualidade do processo de coleta de dados. Isso deve incluir,
no mínimo, procedimentos para controle de qualidade dos dados e registro e correção
de desvios.
Sivini (2007) também aponta a importância de executar um projeto piloto para o processo
de coleta de dados, a fim de validar, modificar ou introduzir correções nos elementos do
processo, como adequações em planilhas de coleta de dados, classes de severidade, mo-
dos de falha, componentes passíveis de manutenção, etc.
Pode-se citar como exemplo de BDC genérico, a publicação OREDA (Offshore and Onsho-
re Reliability Data), cuja última publicação reúne dados de 7 (sete) grandes empresas pe-
trolíferas mundiais, inclusive, a nossa Petrobrás, com dados de confiabilidade de equipa-
mentos em operações de extração de petróleo no Mar do Norte, Brasil, Golfo do México,
Angola, Cáspio, entre outros locais.
233
Nesse contexto, apresentam-se diversas técnicas para uma abordagem qualitativa nos
estudos da engenharia de confiabilidade, tais como a FTA, RCFA e FMECA, nesta seção,
optou-se por se debruçar no FMEA, com o objetivo de exemplificar uma técnica de abor-
dagem qualitativa das mais utilizadas nas organizações.
O FMEA (Failure Mode and Effects Analysis), ou análise dos modos e efeitos de falhas, foi
Desenvolvido pelas forças armadas dos EUA nos anos 50, tendo sua primeira padroniza-
ção no Procedures for Performing a Failure Mode, Effects and Criticality Analysis (Military
Procedure MIL-P-1629), o FMEA consiste num método para análise de falhas em proces-
sos e produtos, com o objetivo de prever efeitos indesejados, possibilitando a tomada de
decisão de forma antecipada, identificando e priorizando ações que impeçam a existência
efetiva desses efeitos. Para função manutenção estas ações normalmente se encaixam
em um dos tipos de manutenção, ou seja, em suas “estratégias” de manutenção a serem
aplicadas em cada ativo físico.
A escolha do FMEA para os trabalhos na confiabilidade repousa no fato que a sua abor-
dagem do problema parte do efeito para a causa, soma-se a esta característica, a de do-
cumentar os passos das análises, com isso, satisfazendo a necessidade de registros que a
engenharia de confiabilidade requer.
A figura 65 ilustra os termos utilizados ao longo da aplicação do FMEA, alguns dos ter-
mos já foram explorados anteriormente, como “Falha” e “Modo de Falha”, os demais serão
abordados nesta seção, no contexto da ferramenta.
235
236
(ii) Quais componentes do sistema, ou subsistema, serão afetados por esses modos
de falhas?
(iii) Quais os efeitos das falhas ao sistema, ou subsistema, em termos de danos físicos,
segurança, perda financeira e qualidade final do produto?
(iv) Qual ação, ou ações, pode ser tomada para evitar a ocorrência da falha?
Na figura 66, a coluna “Sistema” representa o sistema ou equipamento que está sendo
analisado pelo grupo de estudo, na coluna “Função” deve-se indicar a função requerida
daquele sistema, lembrando que pode haver diversas, listando-se todas aquelas que são
requeridas do ativo físico em questão.
Segundo a IEC 60812 (2006), o risco pode ser definido como a probabilidade de um even-
to ocorrer, ou a frequência no qual o mesmo ocorre, combinado ao efeito desse evento.
A mensuração do NPR, segundo a IEC 60812 (2006), pode ser realizada pelas duas equa-
ções, a equação (101), quando se considera o nível de detecção (D), ou pela equação (102),
quando a detecção (D) não é considerada. Para a função manutenção recomenda-se a
utilização da equação 2.
237
Pode-se hierarquizar as falhas utilizando o NPR, ou seja, definir sua criticidade, para tanto,
é necessário classificar para cada falha levantada sua severidade (S), ocorrência (O) e de-
tecção (D), a equipe de estudo pode utilizar a tabela 28 como sugestão.
Tabela 28 – Valores sugeridos para Severidade (S), Ocorrência (O) e Detecção (D)
Observa-se que o maior valor de NPR será 250, logo, a equipe pode levar para o diagrama
de decisão modos de falhas com valor de NPR maior que 60, ou de índice de severidade
igual a 5.
O diagrama de decisão (figura 67), objetiva, a partir das características dos modos de fa-
lhas e suas consequências ao processo, definir as ações preventivas aplicáveis à falha, per-
cebe-se que tais ações nada mais são do que os tipos de manutenção aplicados aos ativos
físicos, ou como vários autores nomeiam, as “estratégias de manutenção”, relembrando o
capítulo 3 do volume 1 desta obra (VIANA, 2020), têm-se:
(iii) MC – Manutenção corretiva, ação após a falha ou pane, podendo ter um tratamento
emergencial ou planejado;
A MPS pode se apresentar de 3 (três) formas: (i) MPS de inspeção sensitiva com base na
observação do ativo utilizando os cinco sensos humanos; (ii) MPS de inspeção prediti-
va baseada no acompanhamento de parâmetros do ativo pelos exames não destrutíveis
como análise de vibrações, ultrassom, termografia, análise de óleos, bem como, acompa-
nhamento da telemetria das variáveis de processo do ativo que podem gerar demanda
de manutenção; e (iii) MPS de intervenção que consiste em pautas de ações além da ob-
servação, com previsão de atuação invasiva no ativo, com substituições, desmontagens e
montagens.
Quanto à redefinição do projeto (RP) do ativo físico, esta não consiste em um dos tipos
de manutenção elencados, uma vez que não se encaixa na rotina operacional da função
manutenção, mas configura-se em uma “estratégia” de manutenção, visto a existência de
situações onde o projeto do ativo físico mostrou-se inviável em se manter, por questões
de custos, ou mesmo de baixa confiabilidade, vindo a afetar a normalidade dos processos
239
240
241
Voltando ao formulário do FMEA, figura 66, após a definição do NPR, estuda-se a ação
recomendada com base no diagrama de decisão (figura 67), indicando assim, a “estratégia
de manutenção” a ser adotada.
As 4 (quatro) últimas colunas do formulário são reservadas para o recálculo do NPR com
os novos valores da Severidade (S), Ocorrência (O) e Detecção (D), após a implantação da
ação recomendada, espera-se que o novo NPR apresente uma substancial redução em
relação ao seu primeiro cálculo.
Cenários como esses são insustentáveis a longo prazo, em algum momento o descrédito
com as entregas de tal time, levarão à ruptura, com demissões, realocações, e o pior de
tudo, descrença na Engenharia de Confiabilidade como alavanca para melhores resultados
operacionais.
Nesse contexto, um entendimento primário para uma boa gestão da engenharia de con-
fiabilidade, repousa no entendimento do momento oportuno de aplicação das diversas
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Segundo Kardec e Nascif (2009), as práticas de melhoria nas empresas são implantadas
mediante investimentos em pessoas, onde a participação de todos é algo essencial para
iniciar o desenvolvimento da organização.
Para Xenos (1998), a percepção de melhoria ocorre nas condições e concepções das ativi-
dades, sendo possível atingir novos patamares de produtividade sem a obrigatoriedade
da inclusão de custos atrelados. Com isso, pode-se obter como resposta processos mais
resistentes e com alto desempenho, sendo esse tipo de prática a base para a redução de
falhas.
Entre os programas conhecidos estão o CCQ (Círculo de Controle da Qualidade), Six sig-
mas, Kaizen, entre outros. Esses sistemas adotam a filosofia de buscar por melhores prá-
ticas empresariais que resultem no aumento da qualidade de forma geral.
Entretanto, vale salientar, que os programas de melhoria variam conforme o perfil de cada
empresa. É preciso que elas entendam o funcionamento de suas atividades, para que uti-
lizem adequadamente cada tipo de proposta.
Além do ganho proveniente da melhoria gerada por tais programas, os mesmos consti-
tuem-se em caminhos que o gestor pode utilizar para acentuar o engajamento dos seus
liderados, criando espaços em que estes possam exercer um certo grau de protagonismo
e autonomia.
Incentivei a promoção de vários eventos ligados ao CCQ, como as convenções que lembra-
vam campeonatos entre os grupos, e aqueles vitoriosos tinham seus nomes reconhecidos
245
O programa de CCQ virou uma febre na minha área de atuação, e rendeu muitos avanços
técnicos e ganhos na administração da rotina, mas seu maior ganho foi um salto espe-
tacular no nível de engajamento dos empregados, onde era possível ver nos olhos das
pessoas a felicidade de vestir a camisa da organização e cantar o grito de guerra (pois é,
criamos um grito de guerra), gerando uma energia positiva, elevando a autoconfiança dos
indivíduos e do grupo, o que serviu como combustível para as pessoas assumirem riscos
e responsabilidades, e assim, superando suas metas e construindo seus próprios sonhos.
246
O ano era 1777, o Sr. James Watt, fabricante londrino de equipamentos, apresenta em
Bloomfield Colliery, sua máquina a vapor, um projeto aperfeiçoado do motor a vapor apre-
sentado 65 anos antes por Thomas Newcomen.
A máquina a vapor de Watt foi um sucesso, pois se apresentou como um avanço em re-
lação às existentes até então, além de mais capacidade de força, o projeto diminuía con-
sideravelmente o tempo para aquecimento, seu impacto positivo na indústria inglesa foi
rápido, tanto que em 1800, apenas 23 anos após a apresentação em Bloomfield Colliery,
a máquina de Watt estava em franco uso em 30 minas de carvão, 22 minas de cobre, 28
fundições, 17 cervejarias e 8 usinas de algodão (LORD, 1923).
O artesão, até então, a base de produção de muitos dos itens consumidos pelas popula-
ções, tornou-se operário, criando a base do proletariado, o que revolucionou as relações
entre capital e trabalho. Nota-se diversas mudanças advindas da máquina de Watt: acú-
mulo de capitais, criação de mercados consumidores e proletariado, alteração em traços
culturais com a utilização de novos utensílios e bens de consumo.
Uma segunda onda era inevitável para o movimento revolucionário em curso desde 1777, e
ela se deu em diversas fases entre 1850 até o fim da 2ª guerra mundial, em um movimento
com vários marcos, os quais destaco: (i) uso industrial da eletricidade; (ii) administração
científica da produção; (iii) logística para transporte de larga escala e (iv) barateamento do
aço.
Em 1911, o livro “Os Princípios da Administração Cientifica” é publicado, nele foram lança-
das as bases para administração da produção pelos métodos científicos cartesianos com
foco em eficiência e eficácia operacional, seu autor, um engenheiro mecânico que estudara
à noite seu curso superior, e durante o dia trabalhava como operário, o estadunidense
Frederick Taylor, levou a uma verdadeira revolução às fábricas, introduzindo conceitos, tais
como:
(i) Planejamento, direção e controle realizado pelos gestores e execução pelos ope-
rários;
(ii) Capacitação aos operários com base nas funções que os mesmos deveriam exer-
cer na linha de produção;
Taylor, o engenheiro mecânico, que com sua sensibilidade de quem fora por muitos anos
operário no chão de fábrica e filho de mãe abolicionista, oportunizou diversos avanços
para a indústria, e contribuiu para sua época com relevante visão de equilíbrio para a rela-
ção Capital e Trabalho.
Outro marco para a administração científica da produção se deu em 1908, com o lança-
mento do Ford T, um automóvel simples de dirigir e de manutenção fácil e barata em rela-
ção aos concorrentes da época, o produto foi um sucesso, e seu idealizador, o empresário
Henry Ford, se viu pressionado a elevar sua produção para maiores patamares a cada ano,
tanto que em 1913 ele introduziu em sua fábrica o conceito de montagem em esteiras em
movimento (figura 69). Ford introduz como ninguém a aplicação da linha de montagem
em massa, a produção do Ford T bate recordes e em 1916, três anos após a implantação
das esteiras de montagem, chega a 472.000 unidades, algo impressionante para o início
do século XX.
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Outro importante marco da 2ª revolução industrial, que muitas vezes passa desapercebi-
do, repousa nos avanços na indústria siderúrgica, como o forno Siemens-Martin e o pro-
cesso de Bessemer, possibilitando a redução dos custos de produção do aço, o que viabi-
lizou o avanço em infraestrutura dos países centrais.
Nos serviços, também houve impressionante avanço, Singer (1996) aponta que houve a
substituição do trabalho humano pela introdução do computador e a difusão do autos-
serviço, compreendido pela crescente transferência de uma série de operações antes de-
sempenhadas pelos colaboradores que atendem ao público para o próprio usuário, basta
ver os serviços bancários da década de 1960 comparados ao do início do século XXI, o
protagonismo do cliente elevou-se, fazendo com que as operações “face a face” com um
funcionário do banco, reduzissem drasticamente.
Essa revisão histórica visa posicionar o leitor como uma contextualização da 4ª revolução
industrial em curso no mundo, a qual recebeu pelos alemães o nome de “Indústria 4.0”.
A indústria 4.0 dificilmente pode ser resumida em poucas palavras-chaves, arrisco a dizer
que o termo mais próximo para este resumo seria a “Produção Inteligente”, ou smart fac-
tories (fábricas inteligentes), onde as indústrias possuem sistemas ciberfísicos totalmente
integrados (interoperabilidade), com capacidade de resposta imediata diante de alterações
da demanda.
A construção de um ambiente não é fácil e barata, e envolve diversos fatores, por exemplo,
uma produção inteligente, acarreta na necessidade de máquinas inteligentes, que têm
a capacidade de armazenar e processar uma quantidade imensa de dados, além disso,
252
necessário a transmissão desses dados, bem como, o recebimento de outros tantos ad-
vindos de outras máquinas inteligentes, gerando, assim, um ambiente de “conversa” e
“aprendizado” entre elas, que possibilitam a execução da dinâmica da produção.
sem ela dificilmente haverá condições físicas para o trânsito de dados que permitirão a
interoperabilidade entre dispositivos, que possibilitarão a existência de aplicativos e ins-
trumentação para a base do surgimento das fábricas, cidades e casas inteligentes, enfim,
quem tiver a rede 5G em seu país obterá uma vantagem competitiva aos moldes que a
máquina de Watt oportunizou à Inglaterra em 1777.
Além dos fatores discutidos até aqui, a indústria 4.0, demanda outras questões como a
segurança cibernética, visto que a facilidade em transmissão de dados abre margem para
os desvios destas informações para fins distintos do projetado, muitas vezes, com obje-
tivos ilícitos.
A influência será profunda, a começar pelo tipo de ativo físico a manutenir, de maior nível
tecnológico, com uma forte eletrônica embarcada, e dono de elementos para sua conecti-
vidade, tais como antenas, transmissores, processadores, etc.
Estudos estimam variados impactos da indústria 4.0 nos resultados, como a McKinsey
(2015), ao indicar, que até 2025, os processos relacionados à 4ª revolução industrial pode-
rão reduzir custos de manutenção de equipamentos entre 10% e 40%, reduzir o consumo
de energia entre 10% e 20% e aumentar a eficiência do trabalho entre 10% e 25%.
Diante dessas mudanças, algumas técnicas também advindas deste universo 4.0, favore-
cerão os trabalhos das equipes de execução da manutenção, tais como a visão artificial, a
realidade aumentada e a simulação avançada.
Por meio visão artificial, será possível um mantenedor seguir o passo a passo de um pro-
cedimento durante a execução da OS por meio de um tablet ou mesmo celular. A realidade
aumentada oportunizará às equipes acessar modelos em 3D dos equipamentos ou plan-
tas a serem manutenidas, favorecendo seu entendimento, planejamento e preparação das
tarefas. Já a simulação avançada dará as condições para a verificação de diversos cenários
254
Em termos dos processos do sistema CIT/CSM, todos serão impactados com a indústria
4.0, em especial, a “Identificação da demanda”, pela aplicação dos conceitos de Machine
Learning, desembocando na criação de modelos de predição e prognóstico do comporta-
mento dos ativos, oportunizando uma maior previsibilidade para manutenção preventiva
condicional (MPC).
O monitoramento das condições dos ativos também evolui a passos largos, com uma
instrumentação de sensores mais simples e versátil, bem como, a conectividade da IoT,
pode-se monitorar de forma on-line utilizando técnicas não destrutíveis, tais como ultras-
som e termografia, na mesma intensidade da utilização nas décadas de 2000 e 2010 que
foi vista na análise de vibrações, e as informações geradas por esta base de instrumen-
tação, associada ao conceito de Machine Learning, possibilitará o diagnóstico prévio de
falhas, não quando a anomalia se apresenta como defeito, mas antes disso, operando-se
no campo da probabilidade do seu acontecimento.
Não adianta se falar em manutenção 4.0, se o sistema de gestão estiver no nível 1.0 ou
2.0, ou seja, no século XIX ou XX, a gestão da manutenção para usufruir, ou melhor, sobre-
viver à nova revolução industrial, deve ter uma maturidade avançada nas áreas em níveis
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Tabela 28 – Valores sugeridos para Severidade (S), Ocorrência (O) e Detecção (D)............238
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Formato: 16 x 23 cm
Corpo: 12pt
1° Edição: 2021