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ESTUDO DIRIGIDO 1 – GRUPO 2

• Teórico
o Michel Chion

• Título dos textos:


o “Influência do som na percepção do tempo na imagem”
o "O som e a imagem relativamente à questão da montagem"

• Referência completa da publicação do texto (conforme ABNT):


o CHION, Michel. Influência do som na percepção do tempo na imagem.
A Audiovisão: som e imagem no cinema. Portugal: Edições Texto e
Grafia, p. 18-23.
o CHION, Michel. O som e a imagem relativamente à questão da
montagem. A Audiovisão: som e imagem no cinema. Portugal:
Edições Texto e Grafia, p. 38–43.

• Conceitos relevantes
o Percepção do tempo sobre uma imagem pelo grau de intensidade.
o Os três aspectos da temporalização: animação temporal, linearização
temporal e vetorização.
o Dimensão temporal e dimensão espacial nos fragmentos visuais e
sonoros.
o Lógica interna e lógica externa.

• Citações pertinentes para a compreensão dos conceitos e do pensamento do


teórico
o Sobre a influência do som na percepção do tempo na imagem pela sua
intensidade podemos afirmar que:

[...] um ritmo demasiado regularmente cíclico pode também criar


um efeito de tensão, uma vez que se pode antever nessa
mesma regularidade mecânica a possibilidade de uma
flutuação. (CHION, 2000, p. 19).

o Além disso, Michel Chion explica os três aspectos da temporalização:

Dos diferentes efeitos de valor acrescentado, um dos mais


importantes tem a ver com a percepção do tempo da imagem,
suscetível de ser consideravelmente influenciada pelo som. (...)
Este efeito de temporalização tem três aspetos: — animação
temporal da imagem: a percepção do tempo da imagem é dada
pelo som mais ou menos fino, pormenorizado, imediato e
concreto - ou, pelo contrário, vago, flutuante e amplo; —
linearização temporal dos planos, que, no cinema mudo, nem
sempre correspondem a uma duração linear na qual o conteúdo
do plano 2 seguiria obrigatoriamente aquilo que é mostrado no
plano 1, e assim sucessivamente... Enquanto que o som
síncrono impõe uma ideia de sucessão; — vetorização, ou seja,
dramatização dos planos, orientação para um futuro, um fim, e
criação de um sentimento de iminência e expectativa. O plano
segue um trajeto e é orientado no tempo. (CHION, 2000, p. 18-
19).

o Sobre a temporalização, Chion também afirma: "A temporalização


depende também do tipo de sons. Segundo a sua densidade, a sua
textura interna, o seu aspeto e o seu desenrolar, um som pode animar
mais ou menos temporalmente uma imagem, a um ritmo mais ou menos
rápido e forte." (CHION, 2000, p. 19).

o A respeito do som e dos planos visuais podemos afirmar que:

Para a audição, não constituem blocos: a percepção sempre no


fio do tempo com o som, contenta-se em saltar o obstáculo do
corte e, depois, passar para outra coisa, esquecendo a forma
daquilo que ouvira anteriormente. Notemos que o mesmo
sucede nos planos visuais, quando estes são planos em
movimento que implicam a variação constante do
enquadramento entre seu início e o seu fim. A visão está então
muito mais no fio do tempo, uma vez que não tem estabilidade
espacial. (CHION, 2000, p. 40).

o Para além da afirmação, Michel Chion explica que:

Não é possível criar entre dois fragmentos sonoros que se


sucedem (fragmento de chilreios de pássaros ou amostra de
música) uma relação de natureza abstrata e estrutural, como
aquelas que se podem estabelecer entre os planos visuais, do
tipo: alguém observa algo/o objeto do seu olhar; a totalidade de
um cenário/por menor dessa totalidade. Se tentarmos algo de
semelhante com o som, a relação abstrata que pretendemos
estabelecer mergulha no fluxo temporal; aquilo que se impõe é,
sobretudo, o caráter sempre dinâmico, particular e momentâneo
da rutura entre os dois fragmentos. (CHION, 2000, p. 41).

o Segundo Chion (2000, v. 3, p. 42) “a lógica interna privilegia, portanto,


no fluxo sonoro, as modificações contínuas e progressivas e só utiliza
as rupturas bruscas quando a situação o sugere”.

o Sobre as lógicas externas, Chion diz que: “àquela que acusa os efeitos
de descontinuidade e de ruptura enquanto intervenções externas ao
conteúdo representado: montagem que corta o fio de uma imagem [...]”.
(CHION, 2000, p. 43).

• Comentários descritivos, analíticos e/ou críticos sobre o texto


o Como já foi dito, o som também altera a nossa percepção do tempo
sobre uma imagem. Para Chion (2000), isso pode ocorrer de três
maneiras: primeiramente, na animação temporal, quando o som aguça
nossa percepção da passagem do tempo de forma concreta ou
flutuante; segundamente, na linearização temporal, se uma sucessão
de imagens for apresentada sob uma trilha de áudio comum; e
terceiramente, na vetorização, pelo som em direção a um evento
elevado, criando expectação. As declarações do Chion nos levam a
refletir sobre o quanto a temporalização de uma imagem pode ocorrer
com intensidade maior ou menor, dependendo de vários fatores, como:
o grau de previsibilidade da progressão (sons mais regulares tendem a
temporalizar menos as imagens do que os irregulares), o tipo de
sustentação do som (quanto mais estáveis e contínuos, menor o efeito
rítmico), o grau de previsibilidade dos pontos de sincronia (quanto maior
a irregularidade, maior a velocidade), presença microrritmos visuais
(movimentos de neve, água, chuva, fumaça e qualquer tipo de
granulação), grau de diegese do som (os diegéticos impõem um tempo
linear; os não diegéticos criam a sensação de simultaneidade) e
utilização de música - a qual passaremos a abordar.
o As afirmações que o Chion aborda em seu texto colaboram para a
análise do Documentário Cercados, mas não garante que o incluiremos
totalmente no artigo do grupo. Suas informações fazem sentido quando
abordam possíveis tratamentos de som com finalidades simbólicas, mas
outros autores também foram selecionados. No documentário Cercados
as afirmações do Michel Chion se evidenciam na relação com o
telespectador quando o som captado nas filmagens, assim como em
grande parte dos filmes, foi criado e manipulado na pós produção, com
o acréscimo de foleys, efeitos especiais, camadas sonoras, etc.
Dificilmente não cinéfilo identificará essa proposta de articulação entre
cinema e psicanálise, sem perceber que o som direto, o som gravado
no estúdio e o tratamento desses sons foram manipulados para tentar,
na maior parte do tempo, criar uma realidade. O cinema trabalha o som
nesse “contrato audiovisual” onde se tenta criar um efeito do real para
causar no público uma impressão da realidade. No som, para criar esse
efeito, trabalham-se com aspectos da temporalização, se utilizando de
elementos que as vezes não tem relação direta com reais sons da cena,
mas que parecem mais do que os verdadeiros. Partindo dessa ideia, o
som em Cercados também é pensado, elaborado, concebido,
manipulado e mixado no final.

o O texto também nos faz pensar sobre a diferença em que os planos


visuais e os sonoros são postos, e nos fazem buscar formas e medidas
de nos adequarmos ao desenvolvimento dos fragmentos de uma
determinada obra audiovisual. Sobre como que a tentativa de manter o
mesmo ciclo em uma dimensão pode ser completamente o oposto para
a outra e nos mobiliza a tomar cuidado sobre como essas modificações
poderiam ser feitas. Por exemplo: As relações de natureza abstrata e
estrutural em uma dimensão visual não ocorrem da mesma forma na
sonora. Pois sonoramente, a relação abstrata se coloca dentro de um
fluxo temporal. Não é certo que iremos abordar isso em nosso artigo,
porém seria interessante tentar fazer uma relação entre essas
dimensões visuais e sonoras com determinados acontecimentos da
obra para darmos mais embasamento teórico. Utilizar uma dessas
citações seria interessante também, para estabelecermos conexões.

o Achamos interessante o Chion ter demonstrado essa diferença entre as


lógicas internas e externas pois entra muito nesse questionamento do
fluxo sonoro, e é algo que podemos utilizar em nossa análise. Sobre
como a lógica interna estabelece conexões do audiovisual entre as
imagens e os sons gerando um processo orgânico de desenvolvimento
que nasce dentro do próprio contexto da obra e que varia, cresce, o som
aumenta, some, fica menor, maior, e isso tudo nos mobiliza a pensar
sobre como tenciona os sentimentos do ouvinte. E também a lógica
externa que marca efeitos mais voltados para ligações e rupturas,
desligamentos, mudanças de velocidade. Acho que tudo isso é de
grande importância para enriquecer nosso trabalho final.

• Teóricos e/ou teóricas, textos e conceitos relacionados/as


o Godard

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