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Som e Espaço

Som e Espaço
Ouvir ≠ Escutar

Há três níveis de Escuta, para Roland Barthes:

1. Territorial
2. De Sentido
3. Psicanalítica
Som e Espaço
Predomínio do Visual no Ocidente

No Ocidente, o ouvido cedeu lugar ao olho, considerado uma das mais


importantes fontes de informação desde a Renascença, com o
desenvolvimento da imprensa e a pintura em perspectiva. (Schafer, 2001:
27)
Som e Espaço
Paisagem Sonora (Soundscape)

A paisagem sonora é qualquer campo de estudo acústico. Podemos referir-nos a uma


composição musical, a um programa de rádio ou mesmo a um ambiente acústico
como paisagens sonoras. (Schafer, 2001: 23)

– Sons Fundamentais: não precisam ser ouvidos


conscientemente; tornam-se hábitos auditivos; fundo.
– Sinais: sons destacados, ouvidos conscientemente; avisos
acústicos; figura.
– Marca Sonora: som da comunidade; singular, único;
especialmente significativo àquele povo; contexto. (idem: 26-27)
Som e Espaço
Paisagem Sonora (Soundscape)

Para Bernie Krause, a paisagem sonora pode ser dividida em três níveis:
– Geofonia: sons naturais de fontes não biológicas (Krause, 2013:
41);
– Biofonia: sonoridade dos organismos vivos (idem: 67);
– Antropofonia: sons gerados pelo ser humano (idem: 78).
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Paisagem Sonora (Soundscape)

Há ainda mais uma forma de dividir a Paisagem Sonora:

– Sons Constantes;
– Sons Frequentes;
– Sons Incidentais.
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Uma caracterísitca do som diegético é a possibilidade de sugerir a
distância de sua fonte. O volume é uma forma simples de dar a
impressão de distanciamento. (…) Para além do volume, o timbre
pode sugerir a textura e as dimensões do espaço dentro do
qual um som supostamente tem lugar. (…) O cineasta habilidoso irá
certamente prestar atenção à qualidade do som, tirando
vantagem das possibilidades de variação de tomada para
tomada. (Bordwell & Thompson: 1985)
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Nos últimos anos os desenvolvimentos técnicos na área somaram-se às
possibilidades do estéreo, do quadrofônico, e outros sistemas de
multi-canais à disposição do cineasta. Isto significa que o som pode
sugerir lugares não apenas em termos de distância (volume,
ressonância), mas também ao especificar a direção. (Bordwell &
Thompson: 1985)
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5.1 Surround Sound
Som e Espaço
Fora de Campo

. Robert Bresson: “um som sempre evoca uma imagem; uma imagem
nunca evoca um som” - sempre que pode substitui uma imagem por
um som – princípio de economia de meios.

. Potencial evocativo do som reside essencialmente do espaço for


a de campo, “bem como de tudo que esteja ligado a ele: um olhar for
a de campo é igualmente evocativo.” (BURCH, p 117)
Som e Espaço
Fora de Campo

O som fora de campo pode sugerir espacialidade se estendendo


em várias direções além da ação visível. (…) O som fora de campo
também pode prevalecer quando começamos a formular
expectativas sobre o espaço fora da tela. (Bordwell & Thompson:
1985)
Som e Espaço
Fora de Campo Ativo x Fora de Campo Passivo

"Se chamará fora de campo ativo àquele em que o som acusmático


proponha perguntas (que é? que acontece?) que reclamem resposta
no campo e incitem o olhar. (…) Se chamará fora de campo
passivo, ao contrário, àquele em que o som crie um ambiente que
envolva a imagem e a estabilize." (Chion: 2007, 86)
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Música como plataforma espaço-temporal

"Posição particular da música de não estar sujeita a barreiras de


tempo e espaço, contrariamente aos demais elementos visuais e
sonoros, que devem situar-se em relação com a realidade diegética e com
uma noção de tempo linear e cronológico.

A música no cinema é ao mesmo tempo o passaporte por excelência, capaz


de comunicar instantaneamente com os demais elementos da ação
concreta e de transitar instantaneamente do fosso à tela, sem
reconfigurar por isso a realidade diegética ou preenche-la de irrealidade.
(…) Nenhum outro elemento sonoro do filme pode disputar esse
privilégio." (Chion: 2007, 83)
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Ponto de Escuta

"A noção de ponto de escuta também pode ter dois sentidos que estão
ligados mas não necessariamente:

- um sentido espacial: desde onde escuto?, desde que ponto do


espaço representado na tela ou no som?

- um sentido subjetivo: que personagem, em um momento dado da


ação, se supõe que escuta o que estou escutando?" (Chion: 2007, 91)
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Referências Bibliográficas

BARTHES, Roland. O Corpo da Música. In: O óbio e o obtuso: ensaios críticos III.
Lisboa: Ed. 70, 1984.
Sobre a Utilização Estrutural do Som, in BURCH, Noel. Práxis do Cinema. São Paulo:
Ed. Perspectiva, 1992. Pgs. 115 a 163.
CHION, Michel. La audiovisión: Introducción a un análisis conjunto de la imagen y el
sonido. Barcelona: Paidós Comunicación, 2007.
BORDWELL, David & THPOMPSON, Kristin. Fundamental Aesthetics of Sound in the
Cinema – Theory and Pratice. New York: Columbia University Press, 1985.
KRAUSE, Bernie. A Grande Orquestra da Natureza. Rio de Janeiro: Zahar, 2013.
SCHAFER, Murray. A afinação do Mundo. São Paulo: ed. UNESP, 2001.

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