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Utilização Estrutural

do Som no Audiovisual
Utilização Estrutural do Som no Audiovisual

Dialética fundamental do cinema: som e imagem:

“A essência da dicotomia entre som e imagem não reside na oposição,


mas sim na identidade.” (BURCH: 1992, 117)
Utilização Estrutural do Som no Audiovisual
Composição 'Musical' Total de todos os elementos que
integram a trilha sonora.

. Coerência orgânica da trilha sonora – relações dialéticas entre


som e imagem – equilibrando os três níveis essenciais do som
no audiovisual: ruídos (identificáveis ou não), música e diálogos;
(BURCH: 1992, 118)

. Elementos Sonoros no Cinema Contemporâneo: Voz; Ruídos


(Ruídos de Ambiente, Efeitos, Foley); Música; Silêncio. (ALVES:
2012, 90-94).
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“When you put music to a film, it's just another sound, really.”
Quando você coloca música em um filme, na veradade é somente um som a mais.

Alfred Hitchcock
Utilização Estrutural do Som no Audiovisual
O som cinematográfico pode direcionar nossa atenção bem
especificamente dentro da imagem. (…) o som pode nos guiar ao longo das
imagens, “apontando” para as coisas a serem vistas. Esta possibilidade
torna-se ainda mais complexa quando consideramos as marcações sonoras
para que algum elemento visual antecipe aquele elemento e deite nossa
atenção sobre ele. (…) a trilha sonora pode clarear acontecimentos
imagéticos, contradizê-los, ou torná-los ambíguos. Em todos os casos,
a trilha sonora pode penetrar dentro de uma relação ativa com a
imagem. (BORDWEL & THOMPSON, 1985)
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Valor Acrescido

Valor expressivo e informativo com o qual um som enriquece uma dada


imagem, até o ponto de fazer acreditar - na impressão imediata que dela
se tem ou a lembrança que dela se conserva - que esta informação ou esta
expressão se desprende de modo ‘natural’ do que se vê, e está
primordialmente contida na imagem. Até criar a impressão, eminentemente
injusta, de que o som é inútil, e que reduplica a função de um sentido, que
na realidade aporta e cria, seja integralmente, seja por sua própria
diferença com relação ao que se vê. (CHION: 2007, 16-17)
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Valor Acrescido

O Valor Acrescido é recíproco: se o som faz ver-se a imagem de um modo


distinto ao que a imagem mostra sem ele, a imagem, por sua parte, faz
ouvir-se o som de modo diferente a como esse ressoaria na obscuridade.
Entretanto, através dessa ida e volta dupla, a tela segue sendo o suporte
principal dessa percepção. (…) O valor figurativo, narrativo, de um ruído
reduzido a si mesmo é muito impreciso. Um mesmo som pode, então,
segundo o contexto dramático e visual, contar coisas muito distintas.
(CHION: 2007, 31-32)
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Valor Acrescido

O som é, mais do que a imagem, um meio insidioso de manipulação afetiva e


semântica. Seja pelo fato de atuar em fisiologicamente, ou seja que, pelo
valor acrescido, interprete o sentido da imagem, e nos faça ver nela o que
sem o som não veríamos ou veríamos de outro modo. (CHION: 2007, 40)
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Agregação

A função mais utilizada do som no cinema é a de unificar o fluxo de imagens,


de enlaçá-las.

- fazendo desaparecer os cortes visuais;

- rompendo a noção de espaço e tempo; (Chion: 2007, 51-52)


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Pontuação

O som sincrônico trouxe, então, ao cinema, não o próprio princípio da


pontuação, senão um meio mais discreto e sutil de introduzi-lo nas cenas
sem sobrecarregar o trabalho dos atores na decupagem. O latir de um cão
fora de campo, um relógio de parede que soa no cenário ou um piano
vizinho são meios discretos para sublinhar uma palavra, dar cadência
a um diálogo ou fechar uma cena. (Chion: 2007, 53)
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Silêncio

É necessário que existam ruídos e vozes para que suas ausências e


interrupções aprofundem o que se chama de silêncio. (...) O silêncio, dito
de outra maneira, nunca é um vazio neutro; é o negativo de um som
que se escutava antes, ou que se imaginava; é o produto de um
contraste. (Chion: 2007, 59-60)
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Ponto de Sicronização

Momento relevante de encontro sincronizado entre um instante sonoro e um


instante visual; um ponto em que o efeito de síncresis está mais
acentuado: como um acorde musical mais afirmado e mais
simultâneo que os demais em uma melodia. (Chion: 2007, 61)

- Ponto de sincronização Evitado x Ponto de sincronização


Reforçado;

- Golpe: ponto de sincronização mais evidente e destacado;


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O Real e o Expressado

O que soa verdadeiro para o espectador e o som que é verdadeiro


efetivamente são duas coisas distintas. Para apreciar a verdade de um som,
nos referimos muito mais a códigos estabelecidos pelo próprio
cinema, pela televisão e as artes representativas e narrativas em geral, que
a nossa hipotética experiência vivida. (CHION: 2007, 105)
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Símbolo x Metáfora

- utilização metafórica: relação causal imediata – significado depende


de repertório do espectador;

- utilização simbólica: relação causal construída – significado depende


de construção dentro da própria obra.
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Som na Cadeia Audiovisual

(CHION: 2008, 65)


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Som na Cadeia Audiovisual

Espaço Meta-Diegético: espaço complementar ao gráfico de


Chion.

Sonoridade que traduz o imaginário de uma personagem


normalmente com o seu estado de espírito alterado ou
em alucinação. (BARBOSA: 2000-2001, 2)
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Referências Bibliográficas

Sobre a Utilização Estrutural do Som, in BURCH, Noel. Práxis do Cinema. São Paulo: Ed. Perspectiva, 1992. Pgs. 115
a 163.
CHION, Michel. La audiovisión: Introducción a un análisis conjunto de la imagen y el sonido. Barcelona: Paidós
Comunicación, 2007.
ALVES, Bernardo Marques. Trilha Sonora: o cinema e seus sons, in: Revista Novos Olhares. Vol. 1 N. 2. São Paulo:
2012.
BORDWELL, David & THOMPSON, Kristin. Fundamental Aesthetics of Sound in the Cinema – Theory and Pratice.
New York, Columbia University Press, 1985.
BARBOSA, Álvaro. O som em ficção cinematográfica. Escola de Artes – Som e Imagens, Universidade Católica do
Porto. 2000-2001.
Os Fenômenos Sonoros, in MARTIN, Marcel. A linguagem cinematográfica. São Paulo: Ed. Brasiliense, 2003. Pgs. 108
a 131.
TRAGTENBERG, Lívio. Música de Cena. São Paulo: Ed. Perspectiva, 1999.

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