Você está na página 1de 59

TEORIAS DAS ARTES DO VÍDEO

ENCONTRO 3 – 4 (20/06/23)
ARTES DO VÍDEO E AUDIOVISUAL
CONTEMPORÂNEO
BASTOS, Marcus. Audiovisual em tempo real: cinema experimental,
artes do vídeo e audiovisual contemporâneo. In: SANTAELLA. Lúcia
(Org.). Novas formas do audiovisual. São Paulo: Estação das Letras
e Cores, 2016 (122-145).

DUBOIS, Philippe. Por uma estética da imagem de vídeo. In:


_______. Cinema, vídeo, Godard. São Paulo: Cosac Naify, 2004 (p.
69-95).

REFERÊNCIAS
pontes...

Vetores de pensamento Artes do vídeo


do cinema experimental representadas aqui pela
è formatos emergentes VIDEOARTE e VIDEOCLIPE
no audiovisual è momentos de
contemporâneo; passagem;
transversalidades
• O que são as transversalidades
que atravessam diferentes
formas de articulação de uma
linguagem (audio)visual?
CORPO
transversalidades

Méliès permite pensar um tipo representação


CORPORAL inverossímel que se tornou
bastante rara no audiovisual mais recente;

Exceção: vídeos experimentais de Björn


Melhus – CORPO passa por modificações
bastante particulares;
tipos desconcertantes de montagem
CORPO EM MÉLIÈS

Componente onírico (féeries) de


Méliès;

Cenas de mutilações físicas;

Metamorfoses corporais ‘inusitadas’

Pretexto: efeito cômico de extração


burlesca;

CORPOS (trans)figurados que perdem


membros e desaparecem no ar...
CORPO EM MELHUS
Componente alienígena em
Melhus;

Cenas de contorções corporais;

Metamorfoses corporais ‘inversões


de papéis’

Pretexto: não sincronismo entre


voz e corpo/personagem;

CORPOS estranhos de extração


humorística...
CORPO EM DEREN
Componente essencial;

Cenas de movimentos dançantes;

Anamorfoses temporais (tempo


dilatado);

Pretexto: uso criativo da


‘realidade’ – fração de cena;

CORPOS em ações (im)possíveis –


geografia física;
Cinema: o uso criativo da realidade
https://bib44.fafich.ufmg.br/devires/index.php/Devir
es/article/view/215
Substâncias
de caráter
estranho
• Elemento mágico (cenas
de Méliès) faz de seu
cinema uma ‘susbtância
de caráter estranho’;

• Ausência de enredos
estruturados;

• Filmes próximos
‘formatos de ilusão
autocontida’ –
motivação: própria
estranheza;
PAUSA PARA
FRUIÇÃO ESTÉTICA
GEORGES MÉLIÈS – MAYA DEREN –
BJÖRN MELHUS
MÉLIÈS E
VIDEOCLIPE

ESPAÇOS DE INTERSECÇÃO
Devido à simbiose com a
música (sistema híbrido) – o
VIDEOCLIPE se instala num
Caráter espaço de intersecção,
semelhante aos ‘truques de luz
divergente e fumaça’ de Méliès...;

- Um elemento marcante do
videoclipe VIDEOCLIPE é a não
obrigatoriedade de um enredo
verossímel (estruturação de
cenas pontuais);
Como é a MÚSICA que garante a
coesão do material AUDIOVISUAL
apresentado, é comum o uso de
Caráter imagens desconexas e uma ênfase
maior nas qualidades rítmicas e
divergente plásticas das cenas;

- Esta é uma característica inerente


videoclipe ao VIDEOCLIPE (na sua origem),
mas não é um padrão na
atualidade...
Killed The Radio Star (The Buggles, 1979)
*É o primeiro VIDEOCLIPE
veiculado pela MTV

Aqui se compartilha com Méliès


Killed The Radio mais do que o interesse em
filmar jorros de fumaça e cenas
Star (The de alienígenas: ao misturar
imagens P/B e coloridas e
Buggles, 1979) explorar todo o tipo de
descontinuidades propositais
(montagem), o VIDEOCLIPE
dirigido por Russel Mulcahy
‘inventa um mundo
completamente ilógico e
inverossímel’
PAUSA PARA
FRUIÇÃO ESTÉTICA
KILLED THE RADIO STAR (THE BUGGLES,
1979)
OBSERVAÇÃO
A relação entre o VIDEOCLIPE e o vetor de não verossimilhança
que MÉLIÈS dispara na CULTURA AUDIOVISUAL não se restringe
somente aos domínios da DESCONTINUIDADE.
Enter
Sandman
(Wayne
Isham,
1991)
Neste VIDEOCLIPE a
(des)continuidade e o universo
Enter dos filmes de terror e ficção
científica se revezam a partir do
Sandman próprio ‘tema’ da música do grupo
Metallica (trash metal);
(Wayne
Isham, O VIDEOCLIPE mistura – por meio
da figura de linguagem
1991) INCRUSTAÇÃO – personagens de
tamanhos desproporcionais (torna
visível o universo de pesadelo que
apresenta);
Enter • Além disso os CORTES
extremamente rápidos de cenas da
Sandman banda tocando – filmada sob luz
estroboscópica, roduzem
(Wayne deslocamentos e deformações que
Isham, 1991) reiteram as sensações oníricas
predominantes;

• Vetor de atravessamento com as


féeries de MÉLIÈS;
Em síntese: seres de tamanho
desproporcional e rostos
Enter desfigurados compõem um
universo de pesadelo
Sandman construído com técnicas de
(Wayne montagem típicas das ARTES
DO VÍDEO:
Isham, • SOBREPOSIÇÃO

1991) • INCRUSTAÇÃO
• ALTERNÂNCIA DE PLANOS com sentido
rítmico que muitas vezes interrompe a
continuidade visual das cenas
intercaladas;
PAUSA PARA
FRUIÇÃO ESTÉTICA

ENTER SANDMAN (Wayne Isham, 1991)


SOBREIMPRESSÃO

• A sobreimpressão é uma das grandes figuras de


‘mescla de imagens’ usadas em alguns vídeos de
criação;

• Segundo Dubois (2004, p. 78-79), “visa sobrepor duas


ou mais imagens, de modo a produzir um duplo efeito
visual. Por um lado, efeito de transparência relativa:
cada imagem sobreposta é como uma superfície
translúcida através da qual podemos perceber outra
imagem, como em um palimpsesto.
INCRUSTAÇÃO

• A incrustação (textura vazada e espessura da


imagem), segundo Dubois (2004, p. 82-83) é
certamente a mais importante por ser a mais
específica do funcionamento videográfico da imagem;

• A incrustação consiste em combinar dois fragmentos


de imagem de origem distintas;
“Global Groove” 1973 de Nam June Paik

INCRUSTAÇÃO
FRAME-CUTS

• FRAME-CUTS – característica atribuída à ESTÉTICA dos


videoclipes, o ato de operar com tomadas curtas
compostas apenas de poucos frames, não tem um
equivalente no nível sonoro, já que a peça musical
[para o qual o vídeo é produzido] é tocada completa,
do início ao fim;
ESTADO- No VIDEOCLIPE surgem, de forma

VÍDEO:
frequente, anamorfoses do tipo
‘ótico’;

UMA
FORMA No caso de ENTER SANDMAN – o
efeito de sobreposição e

QUE incrustação de imagens também


resulta da pulsação estroboscópica
– talvez mais ainda do que da
PENSA alternância de quadros/frames,
propriamente dita;
• No VIDEOCLIPE este
tipo de ‘sensação’,
sugere pensar o
conceito de ‘montagem’
de forma mais ampla,
UMA FORMA QUE pelos efeitos que
PENSA A produz em quem assiste
MONTAGEM? a um clipe, efeitos que
não se limitam às
articulações ótico-
sonoras que acontecem
na tela;
• Pensar o VÍDEO como uma
arte cuja montagem pode
afetar o espectador de
forma física é o
UMA procedimento adotado
pelo diretor TONY CONRAD
MONTAGEM QUE em THE FLICKER (1966);
AFETA O
ESPECTADOR DE Este manifesto teórico das
FORMA FÍSICA? ARTES DO VÍDEO se
concentra nas possibilidades
perceptivas fisiológicas do
´efeito de batimento´ que é
criado pela alternância de luz
e escuro;
THE FLICKER (Tony Conrad,
1966)
• Os modelos experimentais
aplicados ao CINEMA ou às
ARTES DO VÍDEO acabam se
tornando um campo de
investigação que alimenta a
EXPERIMENTAL linguagem audiovisual –
X COMERCIAL? como um todo – e aos
poucos os formatos mais
comerciais acabam
incorporando práticas que
surgem nos circuitos
alternativos;
“HAND MOVIE” (1966) de Yvonne Rainer
https://vimeo.com/99280678

Na contramão do excesso rítmico podem


EXCESSO RÍTMICO ser destacados os processos de visualização
versus SIMPLES (repetição de possibilidades CORPO –
TEMPORALIDADE fragmentos de corpos - ´mãos´)
Rubber Johnny (Chris Cunningham, 2014)
Formato que
mistura repertórios visual music
de diferentes estilos (videoclipes)
e períodos:

Performance cinema expandido; artes do vídeo;


audiovisual
Videodanças
experiências
Videoclipes
intermídia
Videogames
Recursos como ‘sensação
estroboscópica’ são comuns em
performances audiovisuais, em que o
desejo de recriar os ambientes dos
clubes onde atuavam os primeiros vjs,
Performance assim como fugir dos formatos de
audiovisual exibição (dispositivo da sala escura
do cinema);

***fisicalidade das imagens e


experiências multitelas
DuVA – Retrato in Motion: o beijo
(2015)

Performance A partir de fotos feitas por um


audiovisual – aparelho celular, DuVa usa técnicas
du VA de manipulação e improvisação de
imagens em tempo real - live images -
para reaver o sentimento por ele
vivido durante o momento da
captação da imagem.
Performance audiovisual – DuVA
Du VA – Depoimento sobre os procedimentos
https://vimeo.com/44486937
Performance audiovisual – DuVA
Luiz DuVa (São Paulo, 1965);
Artista experimental em novas mídias, VJ,
realizador de vídeos, documentários,
videoinstalações e performances;
Em seus vídeos/instalações adota o CORPO e(m)
seus limites;
Performance audiovisual – DuVA
• A partir dos anos 2000, pesquisa o que chama
de “LIVE IMAGES”, sua definição da
experiência performática imersiva, composta
por sons e imagens, gerados, executados e
manipulados em tempo real;

• No contato entre videoarte e música


eletrônica, também vincula ato performático à
investigação sobre o CORPO (dança e música);
Performances audiovisuais (PA)

Hibridismo de articulações
ótico-sonoras que os
softwares de edição ao vivo
permitem...
ROBERT HENKE –
Lumière (2016)

Obra criada com laser


e música (diálogos
ricos entre formas
geométricas na tela +
ritmos + timbres e
pressão sonora aos
ouvidos;

Relações
imagem+motion+som
PERFORMANCE
ABSTRATA

Retorno aos formatos


das vanguardas
construtivistas?
Estruturas econômica
da obra (predomínio
de p/b)?

Relações
imagem+motion+som
PERFORMANCE ROBERT HENKE –
ABSTRATA Lumière (2016)
ROBERT HENKE – Lumière (2016)
Relações Estabelecimento de um jogo entre
simples e complexo – que diversifica as
imagem+motion+som pulsações possíveis, sem abrir mão do
rigor construtivista
JANELAS

outras figuras de linguagem da


ESTÉTICA VIDEOGRÁFICA
As janelas (recortes e
JANELAS justaposições);
VIDEOGRÁFICAS

Segundo Dubois (2004, p. 80-82)


“o trabalho com as janelas [...]
permite uma divisão da imagem
autorizando francas justaposições
de fragmentos de planos distintos
no seio do mesmo quadro;
WATER (Thierry de Mey, 2002)
JANELAS
misturando as figuras de linguagem
Take Five – Zbigniew Rybczynski (1972)
FRAME-CUTS – característica atribuída à
ESTÉTICA dos videoclipes, o ato de
operar com tomadas curtas compostas
apenas de poucos frames, não tem um
equivalente no nível sonoro, já que a
peça musical [para o qual o vídeo é
produzido] é tocada completa, do início
FRAME- ao fim;

CUTS
SEMPRE!?
JONAS AKERLUND (1965)
• Diretor de videoclipes,
sueco;
Madonna;
Beyonce;
Shakira;
Lady Gaga;
Coldplay;
...
MAGIC (Jonas Akerlund, 2009)
Diálogos com Georges Méliès

?
GHOSTTOWN (Jonas Akerlund, 2015)

Você também pode gostar