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Pessoal boa noite eu dividi em três partes, mas podem ficar a vontade com

relação a mudanças na 1º eu procurei expor o conceito grego no que diverge o


olhar para com o deficiente e suas consequências para a formação deles a
respeito; na 2º parte contraponho com a opinião judaica sobre o assunto e na
3º parte repasso o que a advogada Claudia Grabois me repassou quando pedi
referencias a ela com relação a opinião judaica do assunto. OK fiquem a
vontade para mexer no texto


Os gregos na antiguidade usavam o termo “mutilado” ou “defeituoso” para
deficientes com características físico-psíquicas que dificultava o individuo ser
considerada “pessoa”. Assim ele não tinha uma posição social segura, pois se
não era pessoa, não podia ter direitos; ou era escravo para sobreviver ou seria
eliminado. Plutarco relata que em Esparta os débeis e deformados eram
condenados a ser atirados de um rochedo perto de tigete. Pois para eles não
era útil manter a vida de um ser que a natureza, desde a nascença, lhe havia
negado solidez corporal e saúde e eles se ficassem vivos não seria
reconhecido pelo “paterfamilias”. Por conseguinte, não entrava a fazer parte da
família. Era exposto em algum lugar público. A única esperança de viver era
precisamente ser comprado como escravo. No mundo Greco existe um só
testemunho escrito a favor do deficiente. Pelo ano 400 a. C., Lísias escreveu
uma oração: “Pelo inválido”, em que tomava atitude a favor de um inválido. O
autor, porém, não especifica de que invalidez se tratava. Talvez inválido por
velhice. Podemos notar essa influencia na condição de criação do mito do
Herói grego e por consequência fazermos um paralelo com a condição física
necessária para ser herói na cultura judaica. Os gregos antigos transformaram
a beleza física em objeto de adoração. Seus deuses eram estátuas de
mármore e ouro. Eles de fato adoravam seus heróis e celebravam as façanhas
heroicas com tributos políticos, peças teatrais, monumentos no templo, hinos e
canções. Suas maiores realizações eram os atos heroicos de soldados e
esportistas nos campos de batalha e nos estádios. O conceito grego de
perfeição estava diretamente relacionado aos atos que pudessem ser exibidos
aos olhos humanos ou percebidos pelos sentidos.

 A civilização judaica e a ocidental com frequência divergem muito quanto à
natureza fundamental da realização, bravura e heroísmo humanos. Para o
judeu, as realizações maiores e mais importantes são em geral aquelas que
fazemos em particular, em segredo, com uma atitude de humildade, reserva e
recato; para o não judeu, a realização e o comportamento heroico em geral
supõem a exibição, a publicidade e a aclamação públicas.
 Para o judeu, a maior realização se encontra no refinamento do caráter
humano e no aperfeiçoamento da personalidade; na educação, formação,
moldagem, disciplina e elevação de cada ser humano, e por fim, de toda a
sociedade humana. O rabino Bem Zoma (Pirkei Avot 4:1) ensinou: "Quem é
forte? Aquele que domina suas paixões. Pois está escrito: 'Maior é a pessoa
que domina sua personalidade e seu espírito do que aquela que conquista uma
cidade"'. Uma pessoa que controla seus desejos em vez de se deixar dominar
por eles é alguém que atingiu a verdadeira grandeza.
No antigo povo hebreu, a Bíblia fala de várias deficiências, sobretudo
relacionadas com o culto. No Levítico encontra-se uma relação de defeitos
físicos que incapacitavam para o ofício sacerdotal: “Pois nenhum homem deve
se aproximar para oferecer sacrifícios,... quer seja cego, coxo, desfigurado ou
deforme, que tenha o pé ou a mão fraturada, ou seja, corcunda, anão ou tenha
albugem, herpes, pragas purulentas, ou seja, eunuco...” (lv 21, 18-20). A lepra,
por exemplo, é o tema dos Capítulos 13 e 14 do levítico na grande secção  que
trata da pureza e impureza em relação ao culto. Quem fosse declarado leproso
permanecia em estado de impureza ritual e devia ficar fora do acampamento
ou povoado. Quando sarasse, precisava apresentar-se ao sacerdote para que
comprovasse a cura, a fim de ser readmitido na comunidade. A segregação a
que eram submetidos os leprosos tornava sua vida dura e difícil. Diferente era
a condição dos cegos. A cegueira pode ocorrer ao nascimento por permissão
divina (Ex 4, 11), por acidente, a modo de castigo (Gn 19, 11; Dt 28, 28-29).
Existe um provérbio que proíbe aos cegos entrar no templo (2 sm 5, 8), mas
parece ser uma metáfora, porque o Evangelho o desmente (Mt 21, 14) e o
próprio contexto é duvidoso (2 sm 5, 6). A lei protegia os cegos (lv 19, 4).
Ajudá-los era uma boa ação (Jó 29, 15). Os tempos messiânicos se definem
como o tempo da libertação de todas as deficiências que afligem a vida
humana: “Então se abrirão os olhos dos cegos, e os ouvidos dos surdos se
desobstruirão. Então o coxo saltará como o cervo, e a língua do mudo cantarão
canções de alegria...” (is 35, 5-6).  

 

Muitos dos nossos heróis bíblicos e rabinos renomados tinham
reconhecidamente algum tipo de deficiência. Moises tinha um problema na fala,
Isaac e Jacó se tornaram deficientes visuais com a idade, sendo Jacó coxo e o
rabino Nahum de Ginzo era cego, e muitos outros poderiam ser citados, se
contrapondo aos grandes heróis da cultura Greco romana.
 
Nossa tradição primou desde o inicio pela proteção das pessoas com
deficiência, enquanto na Grécia bebês nascidos com deficiência eram
abandonados e por consequência não sobreviviam. Na nossa cultura tal ato
jamais foi admitido, pois matar uma criança por qualquer que fosse a razão
constituía assassinato.
 
Não obstante leituras preconceituosas de textos bíblicos, primamos desde
sempre pelos direitos humanos de todas as pessoas, onde estão inclusas as
pessoas com deficiência.
 
Pela nossa tradição, reconhecendo que somos todos criados a imagem e
semelhança de D'us, reconhecemos também o valor individual de cada um(a)
com a unicidade e plenitude inerentes à pessoa humana, levando em conta
todas as suas características individuais, seja ela uma pessoa com ou sem
deficiência.
 
As pessoas com ou sem deficiência são iguais, mas lamentavelmente as que
tem algum tipo de deficiência são privadas de muitas coisas, principalmente
nos ditos países em desenvolvimento.
*Claudia Grabois Ex-diretora de educação especial do município do Rio de
Janeiro, especializada em Direito Educacional Brasileiro (IPAE), ex-presidente
da Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down e membro do
CONADE-SDH, diretora de inclusão social da FIERJ e coordenadora da Rede
Inclusiva.

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