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O Ponto de Mutação

Livro de Fritjof Capra publicado em 1982. Ele analisa as atuais crises


econômicas e científicas sob a perspectiva da teoria geral de sistemas.
Capra começa delineando a história da ciência e da economia, destacando falhas
nos paradigmas cartesianos, newtonianos e reducionistas que vieram à tona com
evidências empíricas da ciência contemporânea. Capra mostra que aqueles pontos de
vista se tornaram inadequados para guiar o comportamento humano e a política no
tocante à tecnologia moderna e à ecologia, e que a ciência precisa incorporar conceitos
holísticos e da teoria de sistemas para poder resolver os complexos problemas da
sociedade contemporânea.
O nome do livro foi extraído de um hexagrama do I Ching. Nele, Capra compara
o pensamento cartesiano ao paradigma emergente no século XX. O primeiro é
reducionista e modelo para o método científico desenvolvido nos últimos séculos. O
segundo, holístico ou sistêmico, vê o todo como indissociável; o estudo das partes não
permite conhecer o funcionamento do organismo. As comparações são feitas em vários
campos da cultura ocidental atual, como a medicina, a biologia, a psicologia e
aeconomia.
É um livro que permite a desconstrução de paradigmas antigos. O método
reducionista, científico ou mecânico, reduz as potencialidades da realidade. As novas
descobertas da física quântica abrem o campo psíquico ao mostrar um novo mundo de
possibilidades a partir da consciência da sincronia dos acontecimentos e outros fatores,
antes não críveis, e hoje provados cientificamente, como a influência do observador no
resultado do experimento. A nossa visão altera os acontecimentos.
O livro relata como as mudanças intensas e crises que o planeta e a humanidade
estão passando são mutações energéticas de efeitos universais. Antes, no "mundo
antigo" (no sentido de tudo o que já não representa a atualidade e a nova energia), a
concepção era predominantemente yang energia masculina -, e desta energia surge o
patriarcado e capitalismo e todo os métodos de dominação e exploração que quase
devastaram o planeta. O excesso de energia yang - agressiva, de dominação - trouxe
muitos avanços, mas permitiu a repressão do lado yin (hemisfério direito do cérebro -
lado esquerdo do corpo-intuição), conduzindo-nos a um sistema de crenças que causou
o desmatamento massivo das matas, florestas, e poluições de rios, escravidão humana e
animal, reduzindo, em muito, a qualidade de vida no planeta, com a poluição e
devastação ambiental.
Com a chegada deste ponto crítico (crise = transformação), as mudanças
energéticas para a energia yin - feminina, representada pelo feminismo, pela ecologia e
pela cooperação são, não apenas algo necessário, como também natural. Assim, a
valorização de aspectos humanos que antes haviam estado ocultos ou reprimidos (a
energia feminina está dentro de cada um de nós), relacionados à integração com o
próximo e com o meio, nos permitirá viver novos tempos em que a sensibilidade e a
visão de nossos corpos como campos de energia habitados pela consciência trará mais
harmonia entre todos. É a mudança de paradigmas imprescindível para que cheguemos
a construir um mundo com mais igualdade.
Com muita precisão, o autor relata como estas duas polaridades presentes
na matéria (dia-noite, luz-escuridão, quente-frio, prazer-sofrimento) se contrapõe e
alternam em ciclos, e esta alternância serve para fazer evoluir nossas percepções e nos
permitir chegar à mais elevada consciência da unidade, que é a essência por detrás de
todas as aparentes contradições.
A nova concepção de mundo proposta pela física quântica e pelo movimento da
Nova Era é de uma realidade alternativa e expansiva, não sendo possível, assim, captá-
la em conceitos e prisões mentais. É uma visão muito libertadora, capaz de transformar
o mundo, e imprescindível para que as próximas gerações possam desfrutar da vida no
Planeta Terra. Já não haverá tantas divisões dogmáticas e o conhecimento passará a ser
transdisciplinar, holístico e místico.
https://pt.wikipedia.org/wiki/O Ponto de Mutação

Resenha do livro.
O ponto de mutação
Por Mariana Lacerda

Neste livro, Fritjof Capra, físico austríaco, defende que são necessárias
mudanças rápidas nas atitudes para que se possa contornar os grandes problemas
mundiais
Em 1979, o jornal americano Washington Post publicou a matéria "O armário de
idéias está vazio", com depoimentos de consagrados intelectuais de Cambridge,
Massachusetts e Nova York. Os estudiosos atestaram não somente que as idéias da
ciência se dividiram "em dúzias de riachos" mas que, em algumas áreas, suas águas
"secaram por completo". Na mesma matéria, um dos entrevistados, Irving Krinstol,
professor de urbanismo na Universidade de Nova York, declarou estar se demitindo de
sua disciplina e instituição por achar que já não podia fazer mais nada para melhorar as
cidades. O motivo: quando os problemas são enormes, perde-se o interesse por eles.
A matéria está citada no livro "O Ponto de Mutação", do físico austríaco Fritjof
Capra. Serve de exemplo - e é apenas um dos tantos - para se ter uma idéia do tamanho
de problemas que cercam o mundo: fome, miséria, pobreza, crise energética, falta de
água, epidemias, violência, poluição, perda da biodiversidade etc, etc e etc. São tantos
que chegamos, diz Capra, à ponta do cume: é preciso a imediata e irreversível mudança
de pensamentos e atitudes para que tais realidades sejam revertidas. Para ele, vale o que
diz o I Ching, "ao término de um período de decadência sobrevém o ponto de mutação".
Espécie de oráculo, o texto clássico chinês foi a inspiração de Capra para o título
do seu livro. Que surgiu, segundo ele, como uma conseqüência do seu best seller "O
Tao da Física" (1975). Nele, Capra quebrou os paradigmas da física moderna para
propor uma relação entre as ciências naturais e a evolução espiritual. Concluindo, por
fim, que a visão de mundo sugerida pela física moderna é incompatível com a nossa
vida atual, pois "não reflete o harmonioso estado de inter-relacionamento que
observamos na natureza", diz ele. Para provar sua tese - e identificar os caminhos que
percorremos historicamente para chegarmos à insustentabilidade do mundo atual - foi
do desafio a que se propôs em "O Ponto de Mutação", publicado originalmente em
1982. Desafio que fez de Capra, físico pela Universidade de Viena, voz forte no debate
de como pôr um ponto final nos grandes problemas contemporâneos, virar a página e
redesenhar uma nova história, agora sustentável, para o planeta.
Se em seu livro posterior "As Conexões Ocultas - Ciência para uma Vida
Sustentável" (2001), ele contrapôs a história recente do capitalismo global e a destruição
da vida, em "O Ponto de Mutação" ele volta à história do pensamento cientifico para
apoiar a idéia de que é preciso quebrar as bases da ciência moderna, pautada no sistema
matemático cartesiano que enxerga o mundo como uma máquina inquebrável e a
serviço do homem, para entender o quanto ela, ao longo de séculos, convergiu do modo
em que a natureza, incluindo nós humanos, se organiza e mantém a vida.
Para Fritjof Capra, fundador do Centro de Eco-Alfabetização de Berkeley, na
Califórnia, e professor do Schumacher College, um centro de estudos ecológico na
Inglaterra, a crise dos intelectuais - assunto da matéria publicada no Washington Post -
existe porque a ciência, e suas disciplinas, mantiveram ao longo de anos e anos a
percepção estreita da realidade, enxergando-a de maneira segmentada, cada disciplina a
seu modo. Acontece que problemas como fome e miséria, destruição do meio ambiente
e pobreza, todos eles descritos com afinco em "O Ponto de Mutação", são sistêmicos:
um é conseqüência de outro, que puxa outro, e assim sucessivamente. Eis a questão. Tal
abordagem da ciência, diz Capra, não resolverá uma só das nossas dificuldades, mas sim
"limitar-se-á a transferi-las de um lugar para o outro na complexa rede de relações
sociais e ecológicas". Para ele, só passaremos adiante do "ponto de mutação" se
enxergarmos o presente na sua totalidade e interdependência, tal qual o movimento da
natureza.
http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/estante/estante_264063.shtml

O filme Mindwalk Ponto de Mutação

Ficha técnica:
Direção: Bernt Capra
Elenco: Liv Ullmann, Saw Waterston e John Heard
Duração: 126min.
Inadequado para menores de 12 anos
Distribuído por Cannes Home Vídeo

Sobre “O Ponto de Mutação”, é possível dizer que se trata de um filme instigante que
pode contribuir com o entendimento do que seja um pensamento multifacetado do
mundo. O enredo (ou pretexto para seu desenvolvimento) é simples, mas bem
elaborado, para o seu objetivo: uma cientista que vê seus ideais traídos e desencantada
com o projeto Guerra nas Estrelas, um candidato à presidência dos Estados Unidos e um
dramaturgo em crise se encontram em um castelo medieval de Mont Saint Michel, no
litoral da França . Em um único dia, os três invocam Descartes, Einstein, ecologia,
política, física quântica, poesia e tecnologia para compreenderem os paradigmas do
futuro.

Com seus diálogos bem engendrados, os três personagens nos fazem alcançar uma nova
visão de mundo, a qual estabelece relação de tudo com tudo. Esse novo paradigma bate
à porta da própria condição humana atual, por meio dos processos de convivência e
interação - muito embora de forma ainda refreada, incipiente - e é, no nosso caso, o
grande desafio dos professores, já que terão que contrapor esta concepção com a visão
fragmentada do conhecimento, praticada no cotidiano escolar.

O filme baseia-se no livro de mesmo título, de autoria de Fritjof Capra, cujo grande
tema são as forças sociais, políticas, econômicas e suas tendências e que sugere que
todo ponto de mutação consiste na passagem do velho para o novo, no renovar o já
envelhecido. Para que isto ocorra de maneira eficaz teremos que vencer o grande
problema da humanidade como um todo: a percepção. Se a visão do homem é igual à
visão de mundo e não gostamos do que vemos, nós temos que mudar nossa visão em
relação a ele. A revolução da física moderna traz consigo novos valores e novas formas
de ver o mundo.

O Ponto de Mutação investiga as implicações e impactos do que tomava a forma de uma


mudança de paradigmas, com seu ponto de partida na observação de que os principais
problemas visíveis do século XX - ameaça nuclear, destruição do meio ambiente,
desigualdades e exploração gritante entre Norte e Sul, preconceitos políticos e raciais,
etc. - são todos sintomas ou aspectos diversos do que, no fundo, não passa de uma única
crise fundamental, que é uma crise de percepção, uma percepção distorcida baseada no
individualismo e na separatividade entre pessoas, coisas e eventos. Esta crise é
promovida quando, pela educação, cultura e ideologia dominantes, nós e nossas
instituições adotamos conceitos e introjetamos valores que, apesar de sentidos como
obsoletos, servem para justificar e racionalizar sentimentos menos nobres como a
avareza, por exemplo.

O atual paradigma, que já nós deu inúmeras mostras de esgotamento e de incapacidade


de solucionar inúmeros problemas básicos e existenciais do ser humano, vem
dominando amplamente nossa cultura e educação há quase 400 anos. Tal paradigma,
que Capra chama de newtoniano-cartesiano, teve um impacto benéfico ao libertar a
razão das amarras da superstição e do controle eclesiástico, mas foi, com o tempo,
hipertrofiado. Ele consiste numa série de idéias e pressupostos, com determinados
valores implícitos, que acaba por ser o referencial subliminar de nosso modo de
entender o mundo já que é a base filosófica pela qual a ciência se apóia.

O paradigma newtoniano-cartesiano pressupõe, de uma maneira geral, que o universo


que nos engloba é uma grande máquina mecânica - ou age como tal - que é inteligível se
nós nos lembrarmos de que ela, tal como um relógio, nada mais é que um composto,
formado por pequenas partes elementares, os átomos.

Porém, desde a revolução promovida por Einstein na Física, e com o abalo feito em
nossos pressupostos clássicos pela mecânica quântica, passando por eventos e
questionamentos sociais, toda essa visão de mundo passou a ser severamente
questionada e, com a evolução subseqüente, tem mostrado sérias limitações que exigem
uma revisão radical.

A questão da mudança radical nos conceitos de espaço, tempo e matéria, que adveio da
Física Moderna é apresentada de forma mais acessível em O Ponto de Mutação. Em
especial, durante toda a obra, Capra faz uma crítica fundamental à mentalidade analítica
e fragmentadora da ciência normal, em especial, às ciências que tomam o método
analítico da Física Clássica de Newton como modelo que deve ser seguido para erguer
as demais ao status de ciência perante a comunidade acadêmica. 

O filme propõe que é mais correto se falar em eventos e inter-relações como a descrição
da realidade do que dizer que determinadas partes atuam de tal ou tal forma para definir
o todo. Esta é exatamente a mesma idéia da Ecologia: somos frutos em interação do
ambiente natural, e não independentes dele. O que fazemos contra a natureza fazemos,
de modo brutal e estúpido, a nós mesmos...

No final, o que Capra deixa bem claro é o seguinte: A sobrevivência humana, que é
ameaçada por várias ações igualmente humanas advindas de uma visão de mundo
mecanicista e fragmentada, só será possível de formos capazes de mudar radicalmente
os métodos e os valores subjacentes à nossa cultura individualista e materialista atual e à
nossa tecnologia de exploração do meio ambiente. Esta mudança deverá, logicamente,
refletir-se em atitudes mais orgânicas, holísticas e fraternas entre os seres humanos e
entre estes e a natureza, em todos os seus .aspectos.

http://www.overmundo.com.br/banco/resenha-do-filme-o-ponto-de-mutacao

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