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1. Motivação e necessidade
1) Grande parte das teorias de projeto de sistemas de controle foram desenvolvidas para
sistemas lineares ⇒ porém praticamente todos os sistemas reais são não-lineares.
2) O que fazer?
Pode-se obter um modelo linear para o sistema não-linear.
⇒ A questão se torna: qual a validade do modelo linear do sistema não-linear?
onde:
O vetor de funções da dinâmica dos estados representado pela eq. (1) é dado de forma mais
detalhado como:
1
Eduardo Lobo Lustosa Cabral
x&1 (t ) = f1 (x (t ), u(t ) );
x& (t ) = f (x (t ), u(t ) );
2 2
(3)
M
x& n (t ) = f n (x (t ), u(t ) ).
O vetor de funções da saída representado pela eq. (2) é dado de forma mais detalhado como:
y1 (t ) = g1 (x (t ), u(t ) );
y (t ) = g (x (t ), u(t ) );
2 2
(4)
M
y p (t ) = g p (x (t ), u(t ) ).
m&x&(t ) = − k1 x (t ) − k2 x 3 (t ) + F (t )
3. Condição de linearização
1) A linearização de um sistema dinâmico não-linear é feita em torno de uma condição de
operação ⇒ denominada condição de linearização.
Condição de linearização:
Definida por:
2
Eduardo Lobo Lustosa Cabral
x& 0 (t ) = f (x 0 (t ), u0 (t ) ) = 0 (5)
y0 (t ) = g(x 0 (t ), u0 (t ) ) (6)
x& 0 (t ) = f (x 0 (t ), u0 (t ) ) (7)
Resumo:
x& 0 (t ) = f (x 0 (t ), u0 (t ) ) (9)
x (t ) = x 0 (t ) + δx (t );
u(t ) = u0 (t ) + δu(t ); (10)
y(t ) = y (t ) + δy(t ).
0
Dada a condição de linearização (eq. 8 e 9), expandindo o vetor de funções f(x,u) em torno
de x0(t) e u0(t) usando Série de Taylor ⇒ cada equação da dinâmica do sistema:
x&i (t ) = f i ( x (t ), u(t )) , para i =1 ... n, fica:
∂f (x (t ), u0 (t ) ) ∂f (x (t ), u 0 (t ) )
x& i (t ) = f i (x 0 (t ), u 0 (t ) ) + i 0 δx1 (t ) + K + i 0 δx n (t ) +
∂x1 ∂x n
∂f (x (t ), u 0 (t ) ) ∂f (x (t ), u 0 (t ) )
+ i 0 δu1 (t ) + K + i 0 δu m (t ) + T .O.S .
∂u1 ∂u m
(11)
∂f (x (t ), u 0 (t ) ) ∂f (x (t ), u 0 (t ) )
x& 0i (t ) + δx& i (t ) = f i (x 0 (t ), u0 (t ) ) + i 0 δx1 (t ) + K + i 0 δx n (t ) +
∂x1 ∂x n
∂f (x (t ), u0 (t ) ) ∂f (x (t ), u 0 (t ) )
+ i 0 δu1 (t ) + K + i 0 δu m (t ) + T .O.S .
∂u 1 ∂u m
(12)
⇒ os T.S.O. são de fato desprezíveis desde que δx(t) e δu(t) sejam “pequenos”.
∂f (x (t ), u 0 (t ) ) ∂f (x (t ), u 0 (t ) )
δx& i (t ) = i 0 δx1 (t ) + K + i 0 δx n (t ) +
∂x1 ∂x n
(13)
∂f (x (t ), u 0 (t ) ) ∂f (x (t ), u 0 (t ) )
+ i 0 δu1 (t ) + K + i 0 δu m (t )
∂u 1 ∂u m
4
Eduardo Lobo Lustosa Cabral
∂f1 ∂f 1 ∂f ∂f 1 ∂f 1 ∂f
L 1 L 1
∂x1 0 ∂x 2 0 ∂x n 0 ∂u 1 0 ∂u 2 0 ∂u m 0
∂f 2 ∂f 2 ∂f ∂f 2 ∂f 2 ∂f
L 2 L 2
δx& (t ) = ∂x
δx (t ) + ∂u δu(t )
1 0 ∂x 2 0 ∂x n 0 1 0 ∂u 2 0 ∂u m 0
M M O M M M O M
∂f ∂f n ∂f ∂f ∂f n ∂f
n L n n L n
∂x1 0 ∂x 2 0 ∂x n 0 ∂u1 0 ∂u 2 0 ∂u m 0
(14)
onde os termos (∂f i ∂x j )0 e (∂f i ∂u k )0 representam uma notação mais compacta para
(∂f (x
i 0 (t ), u0 (t ) ) ∂x j )0 e (∂f i (x 0 (t ), u 0 (t ) ) ∂u k )0 respectivamente.
Mais compactamente,
∂f1 ∂f1 ∂f
L 1
∂x1 0 ∂x2 0 ∂xn 0
∂f 2 ∂f 2 ∂f
A(t ) = ∂x
L 2 (16)
1 0 ∂x2 0 ∂xn 0
M M O M
∂f n ∂f n ∂f
L n
∂x1 0 ∂x2 0 ∂xn 0 ( nxn )
∂f1 ∂f1 ∂f
L 1
∂u1 0 ∂u2 0 ∂um 0
∂f 2 ∂f 2 ∂f
B(t ) = ∂u
L 2 (17)
1 0 ∂u2 0 ∂um 0
M M O M
∂f n ∂f n ∂f
L n
∂
1 0
u ∂u
2 0 ∂um 0 ( nxm )
5
Eduardo Lobo Lustosa Cabral
∂g (x (t ), u0 (t ) ) ∂g (x (t ), u 0 (t ) )
y 0i (t ) + δy i (t ) = g i (x 0 (t ), u 0 (t ) ) + i 0 δx1 (t ) + K + i 0 δx n (t ) +
∂x1 ∂x n
∂g (x (t ), u 0 (t ) ) ∂g (x (t ), u0 (t ) )
+ i 0 δu1 (t ) + K + i 0 δU m (t ) + T .O.S .
∂u1 ∂u m
(18)
Como a condição de linearização deve obedecer a equação das saídas do sistema (eq. 4) ⇒ o
1º termo do lado esquerdo da eq. (18) cancela o 1º termo do lado direito da equação.
Desprezando os T.O.S.:
∂g (x (t ), u0 (t ) ) ∂g (x (t ), u 0 (t ) )
δy i (t ) = i 0 δx1 (t ) + K + i 0 δx n (t ) +
∂x 1 ∂x n
(19)
∂g (x (t ), u0 (t ) ) ∂g (x (t ), u 0 (t ) )
+ i 0 δu1 (t ) + K + i 0 δu m (t )
∂u1 ∂u m
onde os termos (∂g i ∂x j )0 e (∂g i ∂u k )0 representam uma notação mais compacta para
(∂g (x
i 0 (t ), u 0 (t ) ) ∂x j )0 e (∂g i (x 0 (t ), u 0 (t ) ) ∂u k )0 respectivamente.
Mais compactamente,
6
Eduardo Lobo Lustosa Cabral
∂g1 ∂g1 ∂g
L 1
∂x1 0 ∂x2 0 ∂xn 0
∂g 2 ∂g2 ∂g
C(t ) = ∂x
L 2 (22)
1 0 ∂x2 0 ∂xn 0
M M O M
∂g p ∂g p ∂g
L p
∂x1 0 ∂x2 0 ∂xn 0 ( pxn )
∂g1 ∂g1 ∂g
L 1
∂u1 0 ∂u2 0 ∂um 0
∂g 2 ∂g2 ∂g
D(t ) = ∂u
L 2 (23)
1 0 ∂u2 0 ∂um 0
M M O M
∂g p ∂g p ∂g p
L
∂
1 0
u ∂u
2 0 ∂
m 0 ( pxm )
u
Usualmente nas eq. (24) e (25) eliminam-se os termos de variação, “δ” ⇒ mas não se
pode esquecer que para uma sistema com dinâmica linearizada os estados, as entradas
e as saídas representam as variações dessas grandezas em torno da condição de
linearização.
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5. Exemplos
x& (t ) v (t )
v&(t ) = − k x (t ) m − k x 3 (t ) m + F (t ) m
1 2
x& (t ) = f1 ( x, v, F ) = v (t )
1
[ 3
v&(t ) = f 2 ( x, v, F ) = m − k1 x (t ) − k 2 x (t ) + F (t ) ]
Condição de linearização:
x& 0 = v&0 = 0
Adotada uma condição de regime estacionário ⇒
F0 = 0
x&0 = v0 = 0
3
v&0 = − k1 x0 − k2 x0 = 0
k1
k1 x0 + k2 x03 = 0 ⇒ x0 = ± −
k2
∂f 2 1 ∂f 2 ∂f 2 1
[ 2
= − k1 − 3k2 x0 ] =0 =
∂x 0 m ∂v 0 ∂F 0 m
Portanto,
0 1 0
A= B=
(− k1 − 3k2 x0 ) m 0
2
1 m
8
Eduardo Lobo Lustosa Cabral
δx& (t ) 0 1 δx(t ) 0
δv&(t ) = − k − 3k x 2 m 0 δv(t ) + 1 mδF (t )
( )
1 2 0
k1 = 1N/m
1
Se por exemplo: k 2 = −0,5N/m ⇒ x0 = = 2 m , então:
m = 2kg 1 / 2
δx& (t ) 0 1 δx (t ) 0
δv&(t ) = − 1 0 δv (t ) + 0,5δF (t )
m
g
l
θ(t)
τ(t)
θ&(t ) = ω (t )
g τ (t )
ω& (t ) = − cos(θ (t ) ) + 2
l ml
Condição de linearização:
9
Eduardo Lobo Lustosa Cabral
ω0 = 0
2
τ 0 = mgl cos(θ 0 ) = mgl
2
θ&0 = ω0
g 1
ω& 0 = − cos(θ 0 ) + 2 τ 0
l ml
Dinâmica Linearizada:
∂f 2 g 2g ∂f 2 ∂f 2 1
= sin(θ 0 ) = =0 = 2
∂θ 0 l 2l ∂ω 0 ∂τ 0 ml
Portanto,
0 1 0
A = 2g B= 1
0 2
2l ml
δθ&(t ) 0 1 δθ (t ) 0
= 2g + δτ (t )
δω& (t ) 2l 0 δω (t ) 1
ml 2
10
Eduardo Lobo Lustosa Cabral
x (t ) = x 0 (t ) + δx (t );
u(t ) = u0 (t ) + δu(t ); (10)
y(t ) = y (t ) + δy(t ).
0
A derivada temporal dos estados são obtidas a partir da derivação da eq. (10), resultando em:
Observa-se que a derivada dos estados na condição de linearização não é necessariamente zero,
pois a condição de linearização, como visto, não necessita ser uma condição estacionária.
Substituindo as eqs. (10) e (26) nas equações dinâmicas dos estados e nas equações de saída do
sistema e desprezando termos de ordem superior obtém-se as equações linearizadas do sistema.
θ&(t ) = ω (t )
g τ (t )
ω& (t ) = − sin(θ (t ) ) + 2
l ml
g 2g
⇒ Adotando: θ0 = 45º, ω0 = τ0 = 0 ⇒ ω& 0 = − cos(θ 0 ) = − .
l 2l
Dinâmica Linearizada:
11
Eduardo Lobo Lustosa Cabral
θ&0 (t ) + δθ&(t ) = ω0 (t ) + δω (t )
g 1
ω& 0 (t ) + δω& (t ) = − cos(θ 0 (t ) + δθ (t ) ) + 2 (τ 0 (t ) + δτ (t ) )
l ml
cos(δθ ) ≈ 1
porém como δθ é pequeno ⇒
sin(δθ ) ≈ δθ
θ&0 (t ) + δθ&(t ) = ω0 (t ) + δω (t )
g g 1 1
ω& 0 (t ) + δω (t ) = − cos(θ 0 (t ) ) + δθ (t ) sin (θ 0 (t ) ) + 2 τ 0 (t ) + 2 δτ (t )
l l ml ml
Portanto,
δθ&(t ) = δω (t )
g 1
δω& (t ) = δθ (t ) sin (θ 0 (t ) ) + 2 δτ (t )
l ml
δθ&(t ) 0 1 δθ (t ) 0
= 2g + δτ (t )
δω& (t ) 2l 0 δω (t ) 1
ml 2
0 1 0
A = 2g B= 1
0 2
2l ml
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Eduardo Lobo Lustosa Cabral
7. Exercício
1) Considere a Equação de Van der Pol que representa um oscilador com amortecimento não-
linear.
d 2 x(t ) dx(t )
dt 2
[
− µ 1 − x (t ) 2] dt
+ x (t ) = u (t ) ,
Essa equação foi muito utilizada na engenharia elétrica/eletrônica para o estudo de válvulas
e na dinâmica dos sistemas não-lineares.
Pede-se:
a) Coloque o sistema na forma de espaço de estados não-linear.
b) Defina uma condição de linearização de forma que seja uma condição de regime
permanente. Você tem que escolher uma condição numérica. Utilize µ = 0,2.
c) Linearize o sistema utilizando um dos métodos vistos em aula.
d) Calcule as matrizes do sistema linear utilizando os resultados dos itens (b) e (c).
e) Defina uma função no Simulink para descrever a Equação de Van der Pol.
f) Utilizando as ferramentas do Matlab verifique se a condição de linearização definida
em (b) está correta.
g) Utilizando as ferramentas do Matlab linearize o sistema em torno da condição de
linearização calculada em (b) e (f) e verifique o resultado do item (d).
h) Simule os sistemas não-linear e linear para uma condição inicial igual à condição de
linearização e para um degrau na entrada de amplitude 1 e compare os resultados.
i) Simule os sistemas não-linear e linear para uma condição inicial x0 = 0.1 e v0 = 0 e
compare os resultados..
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Eduardo Lobo Lustosa Cabral
2) Considere o sistema composto por um pêndulo invertido sobre um carro, cujo modelo
dinâmico é dado abaixo.
θ&(t ) = ω (t )
ml cos(θ (t ) )v&(t ) + ml ω& (t ) − mgl sin (θ (t ) ) = 0
2
θ(t) g
l
v(t)
M f(t)
Pede-se:
a) Determine a condição de linearização onde o pêndulo permanece parado na posição
vertical.
b) Linearize a dinâmica do sistema.
c) Calcule as matrizes do sistema linearizado.
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