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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO

ESCOLA POLITÉCNICA DE PERNAMBUCO


PROJETO DE FINAL DE CURSO

CÁLCULO DE DESEMPENHO DO
ENLACE DE ONDA PORTADORA EM
SISTEMAS DE TELEPROTEÇÃO
OPLAT

por

KARINNE KARLA SILVESTRE

Recife, Novembro de 2010


UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO
ESCOLA POLITÉCNICA DE PERNAMBUCO
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

CÁLCULO DE DESEMPENHO DO ENLACE DE ONDA


PORTADORA EM SISTEMAS DE TELEPROTEÇÃO OPLAT

por

KARINNE KARLA SILVESTRE

Monografia apresentada ao curso de


Engenharia Elétrica – modalidade Eletrônica da
Universidade de Pernambuco, como parte dos
requisitos necessários à obtenção do grau de
Engenheira Eletrônica.

ORIENTADOR: REGINALDO PEREIRA LEAL, M.Sc.

Recife, Novembro de 2010.

© Karinne Karla Silvestre, 2010.


Resumo da Monografia apresentada ao curso de Engenharia Elétrica da
Escola Politécnica de Pernambuco.

CÁLCULO DE DESEMPENHO DO ENLACE DE ONDA


PORTADORA EM SISTEMAS DE TELEPROTEÇÃO OPLAT

KARINNE KARLA SILVESTRE

11 / 2010

Orientador: Reginaldo Pereira Leal, Me.


Área de Concentração: Sistema de Onda Portadora.
Palavras-chave: Portadora, Teleproteção, OPLAT.
Número de Páginas: 59.

O presente trabalho apresenta uma breve descrição do sistema de


comunicação de Ondas Portadoras em Linhas de Alta Tensão (OPLAT), bem como
as características principais dos equipamentos básicos e os parâmetros utilizados
para o cálculo do desempenho de um sistema OPLAT. Destaca-se as principais
características dessa solução, as vantagens e desvantagens e as considerações
que devem ser consideradas durante o cálculo de desempenho dos enlaces, tais
como a atenuação da linha e as condições do tempo. Serão apresentados os
procedimentos que devem ser seguidos para o cálculo da potência de recepção e da
relação sinal-ruído na recepção do sistema de ondas portadoras em linhas de alta
tensão. Finalizando o trabalho, será realizada uma comparação entre os resultados
obtidos através dos cálculos matemáticos para as condições climáticas favoráveis,
como baixa umidade, e para condições de tempo adversas, tais como geada, chuva
ou alta umidade. Os resultados mostraram que a utilização de ondas portadoras em
linhas de alta tensão para a transmissão de sinais de teleproteção entre
subestações é uma solução eficiente. Visto que o sistema OPLAT apresenta
resultados satisfatórios no que se refere ao desempenho, garantindo a confiabilidade
que o sistema elétrico de potência necessita.
LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1: Diagrama dos principais componentes de um canal de comunicação


OPLAT. __________________________________________________________ 14
Figura 2.2: TPC - Transformador de Potencial Capacitivo. ___________________ 17
Figura 2.3: Combinação do capacitor de acoplamento com a bobina de drenagem. 17
Figura 2.4: Circuito LC série. __________________________________________ 19
Figura 2.5: Curva característica do filtro LC série. __________________________ 20
Figura 2.6: Bobina de bloqueio e Capacitor de acoplamento. _________________ 21
Figura 2.7: Circuito LC paralelo. ________________________________________ 22
Figura 2.8: Curva característica do filtro LC paralelo. _______________________ 23
Figura 2.9: Elementos do sistema de comunicação. ________________________ 24
Figura 2.10: (a) Sinal modulante (informação) (b) Forma de onda da portadora (c)
Sinal modulado em DSB-SC. __________________________________________ 28
Figura 2.11: Curvas de atenuação típicas para linhas aéreas operando em condições
de tempo bom. _____________________________________________________ 31
Figura 2.12: Níveis médios de ruído típicos para linhas de 230kV. _____________ 34
Figura 2.13: Transmissão do sinal de alta tensão e do sinal de comunicação da
teleproteção._______________________________________________________ 39
Figura 2.14: Esquema do acoplamento fase-terra. _________________________ 41
Figura 2.15: Esquema do acoplamento fase-fase. __________________________ 42
Figura 2.16: Esquema do acoplamento trifásico. ___________________________ 43
Figura 3.1: Diagrama dos principais componentes de um canal de comunicação
OPLAT. __________________________________________________________ 48
Figura 3.2: Curvas de atenuação típicas para linhas aéreas operando em condições
de tempo bom. _____________________________________________________ 49
Figura 3.3: Níveis médios de ruído típicos para linhas de 230kV. ______________ 51
Figura 4.1: Nível de recepção do enlace OPLAT para tempo ruim. _____________ 56
Figura 4.2: Relação sinal-ruído do enlace OPLAT para tempo ruim. ____________ 57
LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1: Valores típicos de perda em cabo coaxial de 50Ω. ________________ 16


Tabela 2.2: Fatores de correção de atenuação em função dos arranjos de
acoplamento. ______________________________________________________ 32
Tabela 2.3: Fatores de correção de atenuação em função do número de
transposições. _____________________________________________________ 32
Tabela 2.4: Fatores de correção do ruído para diferentes níveis de tensão. ______ 35
Tabela 2.5: Valores típicos de impedância característica de linhas de transmissão
aéreas. ___________________________________________________________ 37
LISTA DE ABREVIATURAS / SIGLAS

Termo Descrição

AM Amplitude Modulation Modulação em Amplitude


cw Continuous Wave Onda contínua
DSB-SC Double Side Band with Supressed Banda lateral dupla com portadora
Carrier suprimida
LT Linha de Transmissão
OPLAT Ondas Portadoras em Linhas de
Alta Tensão
PAM Pulse Amplitude Modulation Modulação por amplitude de pulso
PLC Power Line Communications Comunicação em linha de potência
PPM Pulse Position Modulation Modulação por posição de pulso
PWM Pulse Width Modulation Modulação por largura de pulso
SNR Signal to noise ratio Relação Sinal-Ruído
TPC Transformador de Potencial
Capacitivo
LISTA DE SÍMBOLOS

Simbologia Descrição

 
 Atenuação do sinal antes da sua chegada ao receptor em tempo
bom
   Atenuação do sinal antes da sua chegada ao receptor em tempo
ruim
 Atenuação do sistema
 Largura de banda
C Capacitância
 Correção de acoplamento
D Distância entre condutores
G Condutância
I Corrente elétrica
j Número imaginário
L Indutância
  Perda por acoplamento da bobina de bloqueio no receptor
  Perda por acoplamento da bobina de bloqueio no transmissor
  Perda por acoplamento da caixa de sintonia no receptor
  Perda por acoplamento da caixa de sintonia no transmissor
  Perda por acoplamento do transformador de potencial capacitivo
no receptor
  Perda por acoplamento do transformador de potencial capacitivo
no transmissor
 Perda na linha de transmissão
  Perda na linha de transmissão para tempo ruim
 Potência de recepção
 
 Nível do sinal antes da sua chegada ao receptor para tempo bom
   Nível do sinal antes da sua chegada ao receptor para tempo ruim
  Perda por transposição
 Potência de transmissão
r Raio do condutor
R Resistência do condutor

 Nível de ruído para tempo bom
  Nível de ruído para tempo ruim
 Receptor
!
 Relação sinal-ruído para tempo bom
!  Relação sinal-ruído para tempo ruim
" Tempo
# Transmissor
V Tensão
$ Frequência angular da portadora
$  % Frequência ressonante
&' Impedância característica da linha de transmissão
( Reatância capacitiva
( Reatância indutiva
&) Impedância equivalente
∅+, Sinal modulado em DSB-SC
SUMÁRIO

CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO _________________________________________ 11

1.1. OBJETIVOS DO TRABALHO ................................................................... 11

1.2. METODOLOGIA UTILIZADA ................................................................... 12

1.3. ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ............................................................ 12

CAPÍTULO 2. REFERÊNCIAL TEÓRICO ________________________________ 13

2.1. COMPONENTES DE UM SISTEMA DE COMUNICAÇÃO OPLAT ......... 13

2.1.1. Equipamentos terminais de transmissão e recepção..................... 15

2.1.2. Cabo coaxial .................................................................................. 15

2.1.3. Capacitor de acoplamento ............................................................. 16

2.1.4. Unidade de sintonia ....................................................................... 18

2.1.5. Bobina de bloqueio ........................................................................ 21

2.2. SISTEMA DE COMUNICAÇÃO................................................................ 23

2.2.1. Elementos de um sistema de comunicação ................................... 24

2.2.2. Modos de operação de um canal de transmissão.......................... 25

2.3. MODULAÇÃO .......................................................................................... 26

2.3.1. Modulação DSB-SC ....................................................................... 26

2.3.2. Demodulação DSB-SC .................................................................. 29

2.4. CARACTERÍSTICAS DAS LINHAS DE TRANSMISSÃO......................... 29

2.4.1. Atenuação ...................................................................................... 30

2.4.2. Distorção ........................................................................................ 32

2.4.3. Interferência ................................................................................... 33

2.4.4. Ruído ............................................................................................. 33

2.4.5. Impedância característica .............................................................. 35


2.5. SISTEMA DE TELEPROTEÇÃO ATRAVÉS DE ONDAS PORTADORAS
EM LINHAS DE ALTA TENSÃO ......................................................................... 37

2.5.1. Esquemas de proteção .................................................................. 39

2.5.2. Configurações de acoplamento ..................................................... 40

CAPÍTULO 3. CÁLCULO DO DESEMPENHO DOS SINAIS DE UM SISTEMA DE


TELEPROTEÇÃO OPLAT ____________________________________________ 45

3.1. DADOS TÉCNICOS COMERCIAIS DOS EQUIPAMENTOS ................... 45

3.2. CÁLCULO DO NÍVEL DE RECEPÇÃO .................................................... 47

3.3. RESULTADO DOS CÁLCULOS DO NÍVEL DE RECEPÇÃO .................. 50

3.4. CÁLCULO DO RUÍDO E DA RELAÇÃO SINAL-RUÍDO .......................... 51

3.5. RESULTADO DO CÁLCULO DA RELAÇÃO SINAL-RUÍDO ................... 52

CAPÍTULO 4. ANÁLISE DOS RESULTADOS _____________________________ 54

4.1. ANÁLISE DOS RESULTADOS PARA CONDIÇÃO DE TEMPO BOM..... 54

4.2. ANÁLISE DOS RESULTADOS PARA CONDIÇÃO DE TEMPO RUIM.... 54

CAPÍTULO 5. CONCLUSÃO __________________________________________ 58

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS _____________________________________ 59


11

CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO

A utilização de ondas portadoras em linhas de transmissão teve inicio na


década de 1920 [1]. As linhas de alta tensão, além da transmissão da energia
elétrica, transmitem vários tipos de sinais comunicação, como voz, dados e sinais de
teleproteção, de controle e de medição. Esses sinais de comunicação são
transmitidos juntamente com a energia elétrica, sem que haja interferência mútua,
para prover as necessidades de comunicações internas das concessionárias de
geração, transmissão e distribuição de energia elétrica. Diante dessa situação,
empresas de telecomunicações buscam fazer parcerias com concessionárias de
energia elétrica com o objetivo de também utilizar as linhas de alta tensão para
transmissão de seus sinais [1].
Os sinais de comunicação de Ondas Portadoras em Linhas de Alta Tensão
(OPLAT) permitem o monitoramento constante e, consequentemente, um melhor
controle da própria linha de transmissão. Essa solução também permite que as
subestações estejam interligadas entre si, formando uma grande rede de
comunicação, viabilizando a operação do sistema de forma remota [1].

1.1. OBJETIVOS DO TRABALHO

O trabalho tem por objetivo analisar o nível de recepção do sistema de ondas


portadoras em linhas de alta tensão, através do cálculo da potência de recepção e
da relação sinal-ruído e realizar uma comparação entre os resultados encontrados
para a condição de tempo ruim e de tempo bom.
Será realizada uma revisão bibliográfica com o objetivo de aplicar os
conceitos e teorias adquiridas durante o curso, bem como familiarizar-se com o
Sistema de Teleproteção OPLAT frequentemente utilizado por concessionárias de
geração, transmissão e distribuição de energia elétrica.
12

1.2. METODOLOGIA UTILIZADA

Para o desenvolvimento do trabalho foi realizada uma ampla pesquisa


bibliográfica sobre os itens pertencentes ao assunto em apostilas, livros, normas,
projetos e artigos, a fim de reunir informações relevantes ao tema. Depois de
selecionado os conteúdos relevantes, foram apresentadas as descrições das
principais características de um sistema de ondas portadoras em linhas de alta
tensão, bem como das principais características das linhas de transmissão que
atuam sobre o desempenho dos sinais de teleproteção.
Após a descrição do sistema procurou-se mostrar as equações necessárias
para realização do cálculo do desempenho dos sinais de onda portadora e os fatores
que interferem nas perdas desses sinais em linhas de transmissão. Em seguida foi
apresentado um exemplo de cálculo de desempenho com o objetivo de comparar os
resultados numéricos encontrados para duas condições de tempo. Os dados
necessários para o cálculo foram obtidos a partir de um projeto para implantação de
um sistema OPLAT associado à linha de transmissão Ibicoara – Brumado.

1.3. ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

Este trabalho está organizado em cinco capítulos. No capítulo 2 estão


reunidos todos os conceitos necessários ao entendimento do trabalho, apresentando
informações sobre o Sistema de Teleproteção OPLAT e seus principais
componentes e sobre as características das linhas de transmissão que influenciam
no desempenho do sistema. Ainda no mesmo capítulo são apresentados os
conceitos básicos de um sistema de comunicação assim como das técnicas de
modulação e de demodulação.
O capítulo 3 descreve o roteiro para o cálculo da potência de recepção e da
relação sinal-ruído de um sistema de onda portadora, mostrando as equações e
considerações que devem ser feitas para o projeto. Já no capítulo 4, os resultados
para tempo bom e tempo ruim, obtidos através dos cálculos, são analisados e
comparados. No capítulo 5 é apresentada a conclusão do trabalho.
13

CAPÍTULO 2. REFERÊNCIAL TEÓRICO

Neste capítulo estão reunidos todos os conceitos necessários ao


entendimento do trabalho, apresentando, primeiramente, informações sobre o
Sistema de Comunicação OPLAT e seus principais componentes. Em seguida são
apresentados os conceitos básicos de um sistema de comunicação assim como das
técnicas de modulação e de demodulação. Será feita uma descrição das principais
características das linhas de transmissão que influenciam no desempenho do
sistema em questão. E, por fim, será feita uma breve descrição do sistema de
Teleproteção OPLAT.

2.1. COMPONENTES DE UM SISTEMA DE COMUNICAÇÃO


OPLAT

Os fatores mais importantes, do ponto de vista da segurança, a serem


considerados quando se deseja conectar equipamentos de comunicação a uma rede
de energia elétrica devem ser: isolação, proteção contra descargas atmosféricas e
efeitos de fenômenos transitórios. Pois, os equipamentos destinados à comunicação
estão sujeitos a arcos elétricos, tão comum de ocorrer em altas voltagens, a
faiscamentos e a outros fenômenos que podem provocar efeitos danosos.

Do ponto de vista do desempenho, o caminho construído para a transmissão


do sinal de comunicação deve ser suficientemente eficiente para garantir a
qualidade de serviço. Deve haver um percurso adequado à propagação da
frequência portadora, evitando perdas indevidas nos sinais de alta frequência, e ao
mesmo tempo, reduzir as influências causadas pelos equipamentos existentes na
subestação. Torna-se necessário, portanto, a utilização de alguns equipamentos
destinados a permitir o acoplamento dos transceptores e isolação de alta tensão,
além de garantir o casamento de impedância.

Nesse contexto, são utilizados para a conexão à linha de alta tensão, além do
próprio equipamento de onda portadora (normalmente denominado de Carrier),
14

outros três dispositivos: capacitor de acoplamento, caixa de sintonia e bobina de


bloqueio. Esses equipamentos têm, entre outras funções, a finalidade de manter o
sinal de onda portadora passando através da linha de transmissão, impedindo que o
sinal de teleproteção chegue aos equipamentos da subestação. Ao mesmo tempo,
esses dispositivos impedem que a energia proveniente da subestação alcance o
equipamento Carrier.

O esquema da figura 2.1 mostra os elementos básicos de um canal de


comunicação por onda portadora em linha de transmissão.

Figura 2.1: Diagrama dos principais componentes de um canal de comunicação OPLAT [1].

O sinal de onda portadora, gerado pelo Equipamento de Onda Portadora em


uma subestação, passa pela Caixa de Sintonia e pelo Capacitor de Acoplamento e
percorre toda a Linha de Transmissão até atingir a outra subestação, onde passa
novamente pelo Capacitor de Acoplamento e pela Caixa de Sintonia até atingir o
Equipamento Carrier.
As funções e particularidades dos componentes presentes na figura 2.1 são
apresentadas a seguir.
15

2.1.1. Equipamentos terminais de transmissão e recepção

Os transmissores e receptores de onda portadora são normalmente montados


em um bastidor na sala de controle da subestação. Esses equipamentos devem ser
ligados as unidades de sintonia que ficam localizadas no pátio da subestação, junto
aos capacitores de acoplamento, portanto, há uma longa distancia a ser vencida.
Isso obriga que a conexão entre transmissores/receptores e unidades de sintonia
seja feita por meio de cabos coaxiais providos de blindagem. Esses minimizam a
interferência sobre o sinal da portadora causada por ruídos eletromagnéticos, tais
como o efeito corona, presentes no ambiente da subestação.
O sistema a ser analisado nas próximas seções utiliza um equipamento de
fabricação Siemens, modelo PowerLink para a transmissão de sinais de
Teleproteção em conjunto com sinais de voz e dados. O equipamento PowerLink
fornece um canal bidirecional (transmissão/recepção) de dados de teleproteção, com
modulação em amplitude, utilizando a técnica DSB-SC, descrita na próxima seção.

2.1.2. Cabo coaxial

Cabos coaxiais são usados para conectar os equipamentos Carrier,


localizados na sala de controle da subestação, às unidades de sintonia, instaladas
no pátio da subestação. São também utilizados para, quando é necessário, realizar
a interconexão entre unidades de sintonia separadas por longas distâncias, para
garantir conexões de baixa impedância, para conseguir uma baixa perda na
conexão.
A malha de cobre deve ser aterrada apenas no terminal de
transmissão/recepção, ou em apenas uma terminação de uma conexão entre
unidades de sintonia. Isto é feito para evitar transferências de potencial perigosas
durante eventos de falhas [3].
A atenuação do cabo coaxial depende do comprimento do mesmo e da
frequência utilizada. A seguir é apresentada a tabela 2.1, típica de perda (dB/Km)
em um cabo coaxial de 50 Ohms, de acordo com a frequência de operação.
16

Tabela 2.1: Valores típicos de perda em cabo coaxial de 50Ω [3].

Frequência [KHZ] Perdas [dB/Km]

30 1,25

50 1,44

100 1,80

150 2,17

200 2,53

300 2,95

2.1.3. Capacitor de acoplamento

O capacitor de acoplamento apresenta uma baixa impedância à frequência da


portadora e bloqueia a corrente à frequência de 60Hz oferecendo a ela um caminho
de alta impedância. Ele é usado como parte do circuito de sintonia, em conjunto com
a unidade de sintonia, estando ligado diretamente à linha de transmissão, evitando
influências da frequência da rede de energia nos equipamentos Carrier.
Embora sejam fabricados capacitores de acoplamento dedicados
exclusivamente a este objetivo, normalmente é utilizado o Transformador de
Potencial Capacitivo (TPC). O TPC também tem com função fornecer a alimentação
para a fonte de tensão dos sistemas auxiliares da subestação (125Vcc/250Vcc),
para operar relés de proteção, lâmpadas indicadoras de alarmes, etc. [3]. Valores
característicos da capacitância nominal do TPC encontram-se entre 2000pF e
20000pF [1].
O TPC é formado por um invólucro de porcelana no interior do qual se alojam
vários capacitores conectados em série, com uma extremidade na parte superior e
outra na base. O topo é conectado a LT e a base à Terra, na base esta contida a
conexão para ondas portadoras, sistemas de medição e proteção [3]. A figura 2.2 é
um TPC típico.
17

Figura 2.2: TPC - Transformador de Potencial Capacitivo.

Porém, o capacitor de acoplamento só pode desempenhar bem a sua função


de oferecer um caminho de baixa impedância à frequência da portadora quando
utilizado em conjunto com a bobina de drenagem, como mostra a figura 2.3.

Figura 2.3: Combinação do capacitor de acoplamento com a bobina de drenagem [3].


18

Para que o potencial no ponto X seja baixo, é necessário que haja um


caminho para a terra. Porém, para que o sinal de onda portadora não circule à terra
é ligada a base do capacitor de acoplamento uma bobina de drenagem, projetada
para ter uma indutância que exibirá uma baixa impedância á frequência industrial e
uma alta impedância a frequência da portadora.
Para evitar que eventuais sobretensões, durante transitórios da linha de
transmissão, danifiquem os equipamentos existes é conectado em paralelo com a
bobina de drenagem uma unidade protetora. Tal unidade deve consistir de uma
chave de aterramento e de um “gap” de proteção, cujo objetivo é evitar que grandes
quantidades de energia em altas frequências atinjam a caixa de sintonia, já que a
bobina de drenagem oferece alta impedância a essas frequências. A chave de
aterramento é usada para proteção de pessoal durante testes e manutenção.
O condutor conhecido como lead-in é usado para conectar a unidade de
sintonia ao capacitor de acoplamento, de acordo com a figura 2.3. Deve-se utilizar,
para este fim, um cabo condutor simples isolado. Como este cabo une dois pontos
de alta impedância que formam o circuito LC ressonante em série, o seu efeito de
capacitância à terra e a corrente de fuga por condutância afetaria o desempenho
global de circuito já que o cabo passaria a comportar-se como um capacitor,
originando a perda do sinal para a terra. Assim, recomenda-se que seja utilizado um
cabo com tensão de isolação alta o suficiente para manter alguma rigidez.

2.1.4. Unidade de sintonia

A unidade de sintonia, ou caixa de sintonia, tem por finalidade evitar


interferências e ruídos, além de proteger o terminal de Carrier das sobretensões e
sobrecorrentes provenientes de alta tensão. Também tem como função permitir a
realização do casamento de impedância entre o Carrier e a linha de alta tensão,
resultando assim em uma melhor eficiência na transmissão do sinal.

Os equipamentos terminais de Ondas Portadoras são fabricados de forma


que entre os terminais de saída ou de entrada, à linha de transmissão (LT),
apresentam uma impedância de 50Ω ou de 75Ω. Por isso a necessidade do
casamento de impedância com a LT através do sintonizador de linha (unidade de
19

sintonia) para linhas de transmissão de 500kV e 230kV, 250Ω e 400Ω,


respectivamente.

A combinação da caixa de sintonia com o capacitor de acoplamento fornece


um caminho de baixa impedância para o sinal da portadora pela formação de um
circuito ressonante série, sintonizado na frequência da portadora. O indutor da caixa
de sintonia ajusta-se de tal forma, que a sua reatância indutiva -( . é igual à
reatância capacitiva -( . para a frequência central da faixa de passagem da
portadora. Desta forma, se obtém um circuito LC ressonante em série, apresentado
na figura 2.4, de uma impedância alta para a frequência de 60Hz.

C L

Figura 2.4: Circuito LC série.

O circuito LC série estará em ressonância quando /( = ( ,/ matematicamente


temos:

( = 123 (2.1)

( = 1512 (2.2)

Onde:
L = valor da indutância
C = valor da capacitância

A impedância equivalente ( 6é89 ( é:

&) = ( + ( (2.3)
20

1
&) = ω3 +
2
(2.4)

Analisando a equação 2.4 podemos concluir que:

2 → 0 ⇒ &) = ∞ (2.5)

2 → ∞ ⇒ &) = ∞ (2.6)

Quando ω→ 0  2 → ∞ a impedância equivalente é muito alta, o circuito


praticamente comporta-se como um circuito aberto. Quando ( = ( a frequência
ressonante é dada pela equação 2.7, nesse caso o circuito apresenta uma baixa
impedância para a frequência ressonante, como mostrado na figura 2.5.

ω  % = @1⁄3 (2.7)

Figura 2.5: Curva característica do filtro LC série.


21

2.1.5. Bobina de bloqueio

As bobinas de bloqueio têm a finalidade de confinar o sinal de onda portadora


no interior da linha de transmissão, impedindo que o sinal de teleproteção chegue
aos equipamentos da subestação. Elas são localizadas nos terminais da linha a ser
protegida, possuindo uma baixa impedância para a frequência industrial e alta
impedância para a frequência da onda portadora. A bobina de bloqueio é conectada
em série com a linha de transmissão. A figura 2.6 mostra uma bobina de bloqueio
ligada ao TPC.

Figura 2.6: Bobina de bloqueio e Capacitor de acoplamento.

Outra importante função da bobina de bloqueio é insensibilizar o sinal da


portadora a mudanças na impedância do barramento da subestação, tornando-o
mais independente das condições de chaveamento que modificam as configurações
operativas do sistema.
O arranjo básico de uma bobina de bloqueio é constituído por um circuito LC
paralelo, conforme figura 2.7, que apresenta uma alta impedância ao sinal da
portadora. Por isso o circuito é instalado em série com a linha de transmissão, entre
a saída do barramento da subestação e o capacitor de acoplamento, forçando o
sinal da portadora a se propagar na direção do terminal remoto da linha.
22

Figura 2.7: Circuito LC paralelo.

Quando numa frequência determinada as reatâncias indutiva e capacitiva são


iguais -( = ( . diz-se que o circuito está em ressonância ou “sintonizado” nesta
frequência chamada frequência ressonante.
A impedância equivalente ( //( é:

( . (
&) = ( //( =
( + (
(2.8)

Substituindo ( 9 ( definidos pelas equações 2.1 e 2.2, respectivamente,


encontramos:

1
23.
&) = 2
1
23 +
2
(2.9)

3
&) = 
1
(2.10)
23 +
2

Analisando a equação 2.10, teremos:

2 → 0 ⇒ &) = 0 (2.11)

2 → ∞ ⇒ &) = 0 (2.12)
23

Quando 2 → 0  2 → ∞ a impedância equivalente é nula. Quando ( = (


a frequência ressonante é dada pela equação 2.13, nesse caso o circuito apresenta
uma alta impedância para a frequência ressonante. Enquanto que para frequências
baixas ou altas praticamente não apresenta nenhuma impedância, como mostrado
na figura 2.8.

2  % = @1⁄3 (2.13)

Figura 2.8: Curva característica do filtro LC paralelo.

A bobina de bloqueio (LC em paralelo) e o capacitor de acoplamento junto


com caixa de sintonia (LC série) estão sintonizados na faixa de frequência que se
deseja transmitir a onda portadora na linha de alta tensão.
Valores típicos da indutância de uma bobina de bloqueio encontram-se na
faixa entre 0.1mH a 2mH, com correntes nominais entre 400A a 4000A [3].

2.2. SISTEMA DE COMUNICAÇÃO

Comunicação é o processo mediante o qual uma mensagem é enviada por


um emissor, passa por meio de um determinado canal, e é entendida por um
receptor. O sistema de comunicação é a rede por meio da qual fluem informações.
24

Para que a informação seja transferida


rida através do meio de comunicação é
necessário que ela seja representada na forma de um sinal.. A forma do sinal é
determinada de acordo com o canal de comunicação a ser utilizado. No caso de um
canal de comunicação analógico a informação será representada
representad na forma de um
sinal analógico.

2.2.1. Elementos de um sistema de comunicação

Definimos comunicação como o processo pelo qual uma informação é


transferida de um ponto,
ponto denominado fonte, para outro ponto denominado
denominad destino.

á três partes essenciais em um sistema de comunicação elétrica: o transmissor, o
canal de transmissão e o receptor,
receptor conforme figura 2.9. Cada um desempenha uma
função característica.

Canal de
Fonte Transmissor
transmissão
Receptor Destino

Figura 2.9: Elementos do sistema de comunicação.

 TRANSMISSOR

A principal
ipal função do transmissor é adequar o sinal de entrada ao canal de
comunicação desejado ou disponível [6].. Para fins de transmissão efetiva e eficiente,
algumas operações de processamento do sinal devem ser efetuadas.
efetuad A mais comum
e importante destas operações
oper é a modulação,, que será descrito com detalhes mais
adiante.

 CANAL DE TRANSMISSÃO
25

O meio ou canal de transmissão é a ligação entre o transmissor e o receptor,


cobrindo a distância desde a fonte até o destino. O meio pode corresponder a um
par de fios, um cabo coaxial, uma linha de alta tensão, uma onda de rádio ou até
mesmo um enlace de fibra óptica. Porém independente do tipo, todos os canais de
comunicação envolvem perdas ou atenuação do sinal e contaminação por ruído.
Além disso, o sinal de comunicação está sujeito a interferências que, por sua vez,
provocam mudanças na forma do sinal transmitido.

 RECEPTOR

A função do receptor é extrair o sinal desejado do canal e fornecê-lo ao


transdutor de saída. Visto que os sinais recebidos são, quase sempre, muito
pequenos, como resultados da atenuação sofrida no meio de transmissão, o
receptor deverá possuir vários estágios de amplificação.
Entretanto, a função principal desempenhada pelo receptor é a demodulação
(ou detecção), o inverso do processo de modulação do transmissor, que restaura o
sinal a uma forma semelhante ao original transmitido.

2.2.2. Modos de operação de um canal de transmissão

Um sistema de comunicação, quanto ao modo de transmissão das


informações, pode ser classificado em:
 Simplex – o sistema possui apenas um sentido de transmissão, do
transmissor para o receptor, não sendo possível o tráfego na direção oposta
(unidirecional);
 Half-duplex - o sistema permite a transmissão do sinal em ambos os sentidos,
do transmissor para o receptor e do receptor para o transmissor, porém, uma
transmissão de cada vez; e
 Full-duplex - o sistema permite a transmissão em ambos os sentidos
simultaneamente (bidirecional).
26

2.3. MODULAÇÃO

Modulação é o tratamento dado ao sinal que se quer transmitir, para melhor


adequá-lo ao canal desejado ou disponível, através do uso de uma onda portadora.
Basicamente, a modulação é um processo no qual algumas características de uma
forma de onda chamada de portadora são alteradas de acordo com as
características de outra forma de onda, denominado moduladora, que possui o sinal
a ser transmitido.
É possível identificar dois tipos básicos de modulação de acordo com o tipo
de Onda Portadora:
 Quando a portadora é uma senóide, diz-se que a modulação é cw (do inglês:
Continuous Wave). A amplitude, fase ou frequência da portadora varia
continuamente em função da informação a ser transmitida. Ex.: AM, PM, FM
[4].
 Quando a portadora é um trem de pulsos diz-se que a modulação é pulsada.
A amplitude, largura ou posição de um pulso da portadora varia em função
das amostras da informação a ser transmitida. Ex.: PAM, PWM, PPM [4].

Tendo em vista que o objetivo principal deste trabalho não é curso completo
sobre sinais e modulação, iremos apenas exemplificar um tipo de modulação em
amplitude, frequentemente utilizada em sistemas OPLAT, fazendo uma breve
descrição da Modulação em Amplitude com Portadora Suprimida, designada por
DSB-SC.

2.3.1. Modulação DSB-SC

A modulação é designada em amplitude (AM, do inglês Amplitude Modulation)


quando a amplitude da portadora varia proporcional o sinal modulador (a
mensagem) [6].
27

A técnica da modulação DSB-SC consiste em multiplicar a mensagem a ser


transmitida pela portadora senoidal de frequência angular 2 igual a frequência
desejada, dessa maneira, a forma do sinal modulante é inalterada.
Seja D-". o sinal modulante e c-t. = cos-2 ". a portadora, definimos o sinal
modulado em DSB-SC como:

∅+, -". = D-".. cos-2 ". (2.14)

As formas de onda do sinal modulador, da portadora e do sinal modulado


(DSB-SC) são apresentadas na figura 2.10.
28

(a)

(b)

(c)

Figura 2.10: (a) Sinal modulante (informação) (b) Forma de onda da portadora (c) Sinal
modulado em DSB-SC [4].
29

Independente do tipo de portadora, onda contínua ou pulsada, a modulação


deve ser um processo reversível, de modo que a mensagem possa ser recuperada
no receptor pela operação complementar chamada demodulação.

2.3.2. Demodulação DSB-SC

O processo de demodulação DSB-SC é bastante complexo devido à ausência


da portadora, que deve ser restaurado no demodulador. A recuperação o sinal D-". a
partir do sinal modulado ∅+, -"., no receptor, requer a sua multiplicação por uma
senóide de frequência e fase exatamente iguais a da portadora.

No receptor temos:

∅+, -".. cos-$ ". = D-".. cos-$ ". . cos-$ ". (2.15)

1 1
∅+, -".. cos-$ ". = D-".. I + . cos-2$ ".K
2 2
(2.16)

1 1
∅+, -".. cos-$ ". = D-". /+ D-".. cos-2$ "./
2 2
(2.17)

Para restaurar o sinal original D-"., a partir da equação 2.17, basta submeter
o sinal obtido a um filtro Passa-Baixas de largura de banda 2 <  < 22 − 2 [4],
onde 2 é a frequência do sinal original D-"..
Os sistemas com portadora suprimida (DSB-SC) exigem a geração da
portadora local no receptor com frequência e fase corretas para a detecção
síncrona. Isto torna o circuito receptor complexo e caro [4].

2.4. CARACTERÍSTICAS DAS LINHAS DE TRANSMISSÃO

Na maioria dos casos as linhas de transmissão que ligam as usinas de


geração com subestações de transformação são aéreas. As tensões industriais das
30

linhas são normalmente compreendidas entre 13.8kV e 500kV, embora existam


também linhas de transmissão operando valores mais elevados (750kV).

Ao longo da transmissão de um sinal ocorrem alguns efeitos


indesejáveis. Um deles é a atenuação, que reduz a intensidade do
sinal. Mais relevantes, entretanto, são a distorção, a interferência e o
ruído, que aparecem como alterações na forma do sinal original.
Embora estas combinações sejam introduzidas através de todo o
sistema, é prática comum e conveniente considerá-las entrando
apenas no canal, tratando o transmissor e receptor como ideais [3].

Os parâmetros usados para determinação das características da linha são


atenuação, distorção, interferência, ruído e impedância característica. Tais
parâmetros serão descrito nas seções seguintes.

2.4.1. Atenuação

A atenuação é definida como a redução da intensidade da energia ou da


potência do sinal. Vários fatores contribuem para as perdas de potência dos sinais
de ondas portadoras em linhas de transmissão. As perdas crescem com o aumento
da frequência pelo fato de serem basicamente causadas pela capacitância paralela,
cuja impedância torna-se menor para frequências mais altas. A figura 2.11 apresenta
perdas típicas para linhas de transmissão aéreas em condições de tempo bom, ou
seja, condições de tempo favoráveis, baixa umidade.
31

Figura 2.11: Curvas de atenuação típicas para linhas aéreas operando em condições de
tempo bom [3].

As condições climáticas adversas sempre aumentam a atenuação. Quando


gelo espesso se forma sobre o condutor de fase o efeito pelicular força a corrente a
tentar se propagar pelo gelo. A presença de contaminantes sobre os isoladores
também aumenta a atenuação, principalmente quando associada à umidade, sendo
a pior situação quando se dá sob chuva leve.
Para condições climáticas adversas, quando a linha de transmissão está
submetida a geada, a chuva forte ou fraca ou, simplesmente, a alta umidade, os
valores apresentados na figura 2.11 devem ser acrescidos de 25% para linhas
operando em tensões iguais ou maiores que 230kV e de 50% para tensões abaixo
de 230kV [3]. A tabela 2.2 apresenta os fatores de correção em função dos arranjos
de acoplamento mais comuns. A tabela 2.3 apresenta um método para aplicar
correções aos valores dados na figura 2.11 em função do número de transposições
da linha.
Como a atenuação aumenta com a frequência é preferível usar as
frequências mais baixas nos enlaces destinados a interligar as maiores distâncias
(250 km ou mais), e particularmente para os casos onde as linhas de transmissão
apresentem uma grande quantidade de transposições. Empregar as frequências
mais baixas em linhas que irão operar em tensão mais elevadas, para melhorar a
relação sinal-ruído (SNR).
32

Tabela 2.2: Fatores de correção de atenuação em função dos arranjos de acoplamento [3].

Tipos de acoplamento Comprimento > 80 km [dB]

Modo 3 0

Fase-Fase 2

Fase-Terra

Cabo guarda de Al ou Cu 3

Cabo guarda de aço 6

Inter-circuitos 5

Tabela 2.3: Fatores de correção de atenuação em função do número de transposições [3].

Comprimento <16 km Comprimento >160 km


Número de transposições
[dB] [dB]
1 0 6

2–4 0 8

5 ou mais 0 10

2.4.2. Distorção

Também considerada como atenuação variável no tempo, a distorção é uma


alteração (modificação da forma original) do sinal, devido a uma resposta imperfeita
do sistema ao próprio sinal. Projetos de circuitos ou sistemas convenientes, ou redes
de compensação podem reduzir a distorção (equalizadores). Teoricamente, é
possível sua compensação perfeita. Na prática, deve ser aceita alguma distorção,
33

embora dependendo da utilização do sistema de comunicação (voz, dados, imagem,


etc.), a distorção deverá ter seus limites de aceitação.
A distorção é inerente ao sinal de informação, só desaparecendo
completamente quando este é anulado, diferente do ruído e da interferência, como
será apresentado nas seções seguintes.

2.4.3. Interferência

A interferência é contaminação do sinal por outros sinais estranhos


(originados de outra fonte) normalmente sintetizados, de forma similar ao sinal
desejado. O problema é muito comum em transmissões comerciais, onde dois ou
mais sinais podem ser captados ao “mesmo tempo” pelo receptor.
A solução para o problema da interferência é eliminar o sinal interferente ou
sua fonte (extinção do sinal). Novamente a solução perfeita é possível na teoria, mas
nem sempre é possível na prática.

2.4.4. Ruído

Por ruído, consideramos os sinais elétricos aleatórios ou imprevisíveis que


não têm nenhum conteúdo de informação ou sinal útil, provenientes de causas
naturais, tanto externos quanto internos ao sistema. Quando estas variações
aleatórias são adicionadas a um sinal que contém informação, esta informação pode
ser parcialmente mascarada ou totalmente eliminada, dependendo do fator relação
sinal-ruído (SNR). A relação sinal-ruído expressa o quanto o nível do sinal é superior
ao nível do ruído, por isso quanto maior a SNR maior é a imunidade do sinal com
relação ao ruído.
Há dois tipos básicos de ruídos em linhas de transmissão: os contínuos, que
estão presentes o tempo todo, e os impulsivos, que aparecem em períodos curtos
de tempo. O ruído impulsivo é composto de impulsos de grande amplitude e curta
duração, originado pela operação de disjuntores, seccionadores de linha e
descargas atmosféricas [3]. Apesar de ser temporário, tem maior importância, por
que os picos dos impulsos ficam muito acima do nível de ruído corona.
34

O ruído errático ou corona, presente durante todo o tempo, é o resultado de


uma grande quantidade de descargas ao longo dos condutores da linha devido ao
acumulo de poeiras e fissuras nos isoladores. Aumentam quando as condições
dielétricas em torno dos condutores diminuem devido à chuva, umidade, etc. [3].
O ruído é um dos fatores que limita a distância máxima de um enlace por
OPLAT, uma vez que o sinal da portadora diminui (é atenuado) com o aumento da
distância do enlace, o ruído cresce em relação ao sinal. O sinal da portadora
recebido deve ser maior que o ruído, pois o efeito de uma SNR ruim pode provocar
uma atuação indevida do sistema de proteção, já que o receptor pode entender um
ruído como um comando da própria proteção.
As condições climáticas adversas alteram severamente o ruído nas linhas
aéreas. O nível de ruído em clima ruim pode ficar até 30dB acima do ruído
observado em tempo bom. A figura 2.12 mostra níveis médios de ruído típicos em
condições de clima bom e ruim para linhas de 230kV e uma faixa de frequência de
30 a 300 kHz.

Figura 2.12: Níveis médios de ruído típicos para linhas de 230kV [3].

Podem-se utilizar fatores de correção, de acordo com a tabela 2.4, a fim de


determinar os níveis de ruído em outros níveis de tensão. No cálculo da SNR é
importante levar em conta a largura de banda do canal.
35

A fórmula geral para o fator de correção do ruído, em função da largura de


banda do canal, é dada pela equação 2.18 [3].


 = 10 logP' Q S
3000
(2.18)

Onde BW é a largura de banda do canal em Hz.

Tabela 2.4: Fatores de correção do ruído para diferentes níveis de tensão [3].

Tensão [KV] Fator de Correção [dB]

66 - 115 -8

138 – 161 -4

230 0

345 +2

500 +5

765 + 12

2.4.5. Impedância característica

Um dado bastante empregado para especificar um cabo de transmissão de


sinais é a sua impedância característica. A falta de simetria e homogeneidade das
linhas de transmissão, não permite a determinação precisa dos valores de
impedância característica. Os valores de impedância que apresentam uma linha em
um determinado ponto variam em função da frequência do sinal. Enquanto que os
valores de impedância que apresentam uma linha em vários de seus pontos a uma
frequência determinada, variam em função da distância [3].
Nos tratados de linhas de transmissão uniforme de comprimento infinito, em
que não há ondas refletidas, a relação entre a tensão e a corrente em qualquer
ponto da linha é uma constante &' [3], chamada impedância característica, a qual
depende de certos parâmetros conforme equação 2.19.
36

TU  + 1$3
&' = U = W
V X + 1$
(2.19)

Onde: V: tensão
I: corrente
R: resistência
G: condutância
L: indutância
C: capacitância

Como na prática as reatâncias são muito maiores que a resistência e a


condutância, a equação 2.19 pode ser aproximada por:

3
&' = W

(2.20)

Há uma pequena variação da impedância característica com linhas


empregadas para diferentes voltagens. Porque tanto o raio do condutor, r, quanto a
distancia entre condutores, D, cresce com o aumento da tensão de operação da
linha, matematicamente, esta variação é proporcional ao logaritmo da relação do
espaçamento entre condutores e o raio dos mesmos, de acordo com a equação 2.21
[3]. De maneira genérica, ambas as variáveis (D e r) são elevadas para linha com
alta tensão, nesse caso poderão ser obtidos valores menores para &' .

[
&' = 276 log
8
(2.21)

O valor da impedância, segundo a qual os terminais e o equipamento de


acoplamento deverão ser conectados deve atender a um mínimo casamento. Para
maximizar a transferência de potencia, a unidade de sintonia deve casar a
impedância do equipamento de transmissão com a impedância característica da
linha.
37

As linhas de transmissão comerciais são comumente designadas por valores


definidos de impedância característica. A tabela 2.5 apresenta o intervalo de valores
que poderão ser esperados para diversas espécies de linhas de transmissão.

Tabela 2.5: Valores típicos de impedância característica de linhas de transmissão aéreas [3].

Condutor de linhas de Impedância


transmissão (cada fase) característica [Ω]
Fase-terra Fase-fase

Simples 350-500 650-800

Dois fios 250-400 500-600

Quatro fios 200-350 420-500

Normalmente, as linhas de 230KV e de 500KV têm respectivamente para


efeito de cálculo 400Ω e 250Ω [3]. As linhas de transmissão para voltagens
menores, isto é, 13,8KV, 69KV, etc., apresentam, ordinariamente, condutores de
menor diâmetro, o que se estabelecem resistências mais elevadas e maiores valores
de atenuação por unidade de comprimento; já as linhas de transmissão destinadas
ao intervalo de 300KV à 750KV usualmente empregam condutores múltiplos por
fase, ou diâmetros de maior valor, ocorrendo resistências menores para frequências
portadoras.

2.5. SISTEMA DE TELEPROTEÇÃO ATRAVÉS DE ONDAS


PORTADORAS EM LINHAS DE ALTA TENSÃO

Os sistemas de comunicação que utilizam como meio físico as linhas de


transmissão de energia, injetando nelas sinais senoidais de frequências muito
superiores a industrial são chamados usualmente de PLC, abreviatura da expressão
Power Line Carrier (do inglês, Portadora em Linha de Potência), não são novidade.
Eles vêm sendo utilizados a mais de 100 anos em diversas aplicações.
38

A convergência de diversos serviços corporativos e operativos, além


de potenciais serviços visando negócios em telecomunicações, está
se tornando uma realidade dentro das empresas concessionárias de
energia elétrica e que novas técnicas e soluções associadas à
técnica PLC oferecem os parâmetros de qualidade, confiabilidade e
segurança, exigidos por esse segmento [5].

A principal aplicação do PLC em sistemas de transmissão de energia destina-


se à Teleproteção. Nesta aplicação um canal é usado para envio de um comando
originado por uma dada lógica de proteção num extremo da linha, para que esse
sinal possa dar partida a uma lógica de proteção no terminal remoto, normalmente,
visando reduzir o tempo de isolação do trecho de linha defeituoso [2]. Portanto, a
teleproteção nada mais é do que equipamentos de telecomunicação, que a proteção
do sistema elétrico de potência utiliza, com a finalidade de realizar a abertura
instantânea e simultânea de todos os disjuntores da alimentação da linha danificada.
Desta forma consegue-se que a deterioração produzida no ponto do defeito seja
mínima.
As justificativas de ordem econômica e técnica para a utilização deste tipo de
tecnologia incluem:
 Eficiência no uso de recursos de infra-estrutura das linhas de energia pré-
existentes;
 Melhora na segurança de dados pela independência e disponibilidade
contínua do canal de comunicação;
 Transmissão rápida e dedicada de dados e serviço;
 Transmissão integrada de dados, voz e sinais de proteção pelos mesmos
equipamentos;
 Possibilidade de transmissão simultânea de informações analógicas e digitais.

Neste sistema, sinal de teleproteção é transmitido por uma onda portadora de


alta frequência, na ordem de 30 a 500kHz [3], que se superpõe à corrente elétrica
(60Hz) da linha de transmissão. Cada sinal, com sua respectiva frequência, se
propaga independentemente como se o outro não existisse, conforme figura 2.13.
39

Figura 2.13: Transmissão do sinal de alta tensão e do sinal de comunicação da teleproteção [1].

2.5.1. Esquemas de proteção

A determinação e localização rápida de um defeito em uma linha de


transmissão permite realizar a abertura instantânea e simultânea de todos os
disjuntores da alimentação da linha danificada. Desta forma consegue-se que a
deterioração produzida no ponto da falha seja mínima, permitindo o religamento
automático dos disjuntores [3]. São utilizados dois tipos básicos de esquemas de
proteção com canais de comunicação OPLAT. Ambos têm uma característica
comum no referente “a forma de atuação”, pois é a presença ou ausência de um
sinal de teleproteção transmitido através do canal de comunicação que define a
operação do sistema de proteção.
Se a abertura dos disjuntores é bloqueada pela transmissão do sinal de
teleproteção, o esquema se denomina Esquema de bloqueio. Quando a presença
do sinal de teleproteção é o que determina abertura dos disjuntores, o esquema é
denominado Esquema de disparo ou “trip”.
Como o sinal que definirá o bloqueio ou a abertura dos disjuntores se propaga
pela própria linha de transmissão que se pretende proteger, não existe a completa
segurança de que o sinal gerado num terminal alcançará o oposto quando o defeito
se apresente na seção de linha a ser percorrida pelo sinal. Por este motivo, a
utilização de ondas portadoras em linhas de alta tensão é recomendada para ser
usada, preferencialmente, em esquema de bloqueio, pois, nesta condição a linha
está intacta para a transmissão de sinal de teleproteção.
40

O acoplamento dos equipamentos terminais à linha de transmissão pode ser


feito a uma, a duas ou a três fases. A escolha entre um tipo ou outro depende de
características técnicas e econômicas, conforme discriminadas a seguir.

2.5.2. Configurações de acoplamento

O emprego dos equipamentos destinados ao acoplamento do Carrier à


linha de potência possibilita diversos arranjos, tendo em vista que a linha de
transmissão é um sistema trifásico (A,B,C). Além do que entre duas
subestações poderá existir mais de uma LT interligando-as. Existem quatro
configurações básicas de acoplamento que são acoplamento fase-terra, fase-
fase, inter-circuitos e trifásico. As características desses tipos de acoplamento
são descritas a seguir.

 ACOPLAMENTO FASE-TERRA

Nesse arranjo os equipamentos terminais são conectados entre uma fase da


linha de transmissão e a terra da subestação, conforme figura 2.14. Esse tipo de
acoplamento necessita apenas de uma bobina de bloqueio, um capacitor de
acoplamento e um grupo de sintonia em cada extremo da linha de transmissão,
fazendo com que esse esquema tenha um baixo custo de implantação. No entanto,
apresenta altos valores de atenuação e baixa segurança, considerando a
probabilidade de ocorrer um curto-circuito para a terra na fase de acoplamento.
Principalmente devido às vantagens econômicas, os acoplamentos fase terra podem
ser empregados nos locais onde a confiabilidade, na presença das faltas de linha,
não é requisito essencial.
41

Figura 2.14: Esquema do acoplamento fase-terra [3].

A experiência demonstra que as perdas são menores se o acoplamento é


feito no condutor central da linha de transmissão no lugar das laterais, devido ao
balanceamento em relação aos outros dois condutores [3].

 ACOPLAMENTO FASE-FASE

No acoplamento fase-fase o equipamento terminal é conectado entre dois


condutores da linha de transmissão da forma representada na figura 2.15. Neste
caso são necessárias duas bobinas de bloqueio, dois capacitores de acoplamento e
dois grupos de sintonia, o que praticamente duplica o custo quando comparado ao
acoplamento fase-terra. Porém, este tipo de acoplamento proporciona vantagens
importantes, incluindo menores atenuações, maior segurança contra perdas de
comunicação no sistema OPLAT e menores interferências.
42

Figura 2.15:
2. Esquema do acoplamento fase-fase [3].

Seu uso é justificado quando se requer segurança na operação mesmo


quando um dos condutores está em curto-circuito.
curto

 ACOPLAMENTO INTER-CIRCUITOS
INTER

Quando duas linhas de transmissão são paralelas e percorrem as mesmas


estruturas de suporte, ou quando não estão na mesma estrutura interligando as
mesmas subestações,
estações, é possível utilizar uma
uma fase de cada circuito de modo a
realizar o equivalente
ente a um acoplamento fase-fase,
fase , ou ainda duas fases de cada
circuito de modo a realizar o acoplamento duplo fase-fase,
fase sendo este último, o que
apresenta a maior condição de segurança e o maior custo.
Se um deles é curto circuitado
curto-circuitado ou aberto, o acoplamento fica
automaticamente convertido em fase-terra.
fase terra. Isto apresenta a vantagem de que se
pode aterrar uma das linhas ou mesmo retirá-la de serviço sem perder o enlace de
comunicação.. No entanto, ocorre um
u aumento
ento da atenuação, chegando muitas
vezes, em torno de 12dB [3].
43

 ACOPLAMENTO MODO 3 (trifásico)

Neste tipo de acoplamento, o equipamento terminal é conectado às três fases


da linha de transmissão de acordo com a figura 2.8. O acoplamento em modo 3 é o
que produz menor atenuação e reduz interferências [3]. Devido ao alto custo de
implantação, já que necessita de três conjuntos acoplamento, só é utilizado em
enlaces críticos ou em linhas extremamente longas de tensão 750kV. Usando este
acoplamento é muito improvável que um defeito seja capaz de cancelar totalmente o
sinal se apresente simultaneamente nas três fases de uma linha de transmissão.
Como as três fases são utilizadas para transmitir o sinal, existe redundância e
se obtém um desempenho melhor que nas configurações anteriores. O rompimento
ou a ocorrência de um curto-circuito em um dos cabos coaxiais não ocasionará
perda do sinal. Nesse caso, o sistema fica automaticamente transformado em
acoplamento fase-fase, dessa forma a atenuação aumenta.

Figura 2.16: Esquema do acoplamento trifásico [3].


44

O capítulo a seguir descreve o roteiro para o cálculo da potência de recepção


e da relação sinal-ruído de um sistema de onda portadora, mostrando as equações e
considerações que devem ser feitas para o cálculo do desempenho do sistema.
45

CAPÍTULO 3. CÁLCULO DO DESEMPENHO DOS SINAIS


DE UM SISTEMA DE TELEPROTEÇÃO OPLAT

Vários fatores afetam o desempenho de um canal de comunicação OPLAT.


Para uma operação confiável do canal é necessário obter duas condições: que o
nível de sinal no terminal remoto seja superior à sensibilidade do receptor e que a
relação sinal ruído (SNR) esteja, consideravelmente, acima do mínimo aceitável para
a aplicação [3]. Dessa forma o receptor poderá fazer uma descriminação correta da
informação transmitida.
Nesse capítulo será analisado o nível de recepção e a relação sinal-ruído do
sistema de ondas portadoras da linha de transmissão Ibicoara – Brumado de 230kV.
A análise será feita através do cálculo matemático da potência de recepção e da
relação sinal-ruído considerando os principais fatores que interferem no
desempenho dos sinais de onda portadora em linhas de transmissão.
Em seguida será realizada uma comparação entre os resultados obtidos para
a condição de tempo ruim e de tempo bom. Se ambos os requisitos citados forem
atingidos, pode-se dizer que o canal de comunicação é confiável.

3.1. DADOS TÉCNICOS COMERCIAIS DOS EQUIPAMENTOS

Nesta seção são apresentados os dados técnicos comerciais dos


equipamentos utilizados para conectar equipamentos de comunicação a uma rede e
energia elétrica. São apresentadas, a seguir, as informações relevantes ao cálculo
do desempenho do canal de comunicação OPLAT. Os dados apresentados foram
obtidos a partir de um projeto para implantação de um sistema OPLAT associado à
linha de transmissão Ibicoara – Brumado.
46

 EQUIPAMENTO OPLAT

Fabricante: Siemens
Modelo: PowerLink
Potência de transmissão: 29,8 dBm
Impedância: 75 Ω

O Equipamento OPLAT possui uma sensibilidade de -32,0dBm na recepção


[2]. Isso significa que o nível mínimo de potência do sinal de onda portadora que o
receptor poderá constatar é de -32,0dBm, um sinal com o nível de potência menor o
receptor não irá detectar.

 BOBINA DE BLOQUEIO

Fabricante: Alstom
Indutância nominal: 0,2 mH
Corrente nominal: 1250 A
Perda de inserção máxima: 2,5 dB ±10%

 CAPACITOR DE ACOPLAMENTO

Transformador de potencial capacitivo 230 kV


Capacitância total: 4500 pF
Tensão nominal primária: 230/√3 kV
Tensão nominal secundária: 66,4 kV e 110,66 kV
Perda de inserção máxima: 0,5 dB ±10%

 CAIXA DE SINTONIA

Impedância nominal primária: 240 Ω a 320 Ω


Impedância nominal secundária: 75 Ω a 125 Ω
Capacitância de acoplamento: 1,5 nF a 20 nF
Faixa de passagem: 40 kHz a 500 kHz
Perda de inserção máxima: 2 dB ±10%
47

A perda de inserção máxima é a perda máxima no acoplamento do


equipamento a linha de transmissão. Para o cálculo do desempenho utiliza-se esse
valor crítico, pois nesses casos sempre se considera o pior caso.

3.2. CÁLCULO DO NÍVEL DE RECEPÇÃO

Nesta seção são apresentados os cálculos da potência de recepção de um


sistema de onda portadora. Os cálculos são realizados para as condições de tempo
bom (clima seco) e ruim (clima úmido, com chuva ou sem chuva). Os parâmetros
utilizados foram obtidos com base em especificações técnicas de um projeto para
implantação de um sistema OPLAT associado à linha de transmissão Ibicoara –
Brumado.
Seja o diagrama de uma linha de transmissão conforme figura 3.1. Para
efetuar os cálculos os seguintes dados da linha de alta tensão são necessários:
 Tensão nominal: 230 kV;
 Distância entre as subestações: 95 km;
 Diâmetro do condutor 27 mm;
 Número de condutores por fase: 1;
 Número de transposições: 0;
 Frequência da portadora: 144 kHz;
 Configuração do acoplamento: Fase-fase.
48

Figura 3.1: Diagrama dos principais componentes de um canal de comunicação OPLAT [1].

De posse destes dados, a potência de recepção pode ser calculada da forma


mostrada na equação 3.1.

 =  −  (3.1)

Onde  é a potência de recepção,  é a potência de transmissão e  é a


atenuação do sistema. Esta última é uma composição das perdas presentes no
sistema, de acordo com a equação 3.2.

 =  +   +  +   +   +   +  


+   +  
(3.2)

Onde  é a perda na linha de transmissão,   é a perda por


transposição,  é a correção de acoplamento,  é a perda por acoplamento da
bobina de bloqueio,  é a perda por acoplamento da caixa de sintonia e  é
a perda por acoplamento do transformador de potencial capacitivo. Como os
dispositivos de acoplamento são conectados nos dois extremos da linha de
49

transmissão, as perdas por acoplamento existem tanto no Transmissor (# ) quanto


no Receptor ( ..
As perdas na linha de transmissão podem ser obtidas analisando as curvas
de atenuação típicas, de acordo com a figura 3.2. Ao se observar a curva de 230kV
para a frequência de 144kHz, obtém-se um valor de atenuação de 0,09dB/milhas
correspondendo a 0,056dB/km. Para uma linha de 95 km, tem-se uma atenuação de
5,34dB.

Figura 3.2: Curvas de atenuação típicas para linhas aéreas operando em condições de tempo
bom [3].

Nesse caso, as perdas por transposição não serão consideradas, pois o


enlace não possui transposições. Já a correção de acoplamento pode ser definida
através da tabela 2.2, apresentada na seção 2.4, onde verificamos que a correção
para o acoplamento do tipo Fase-Fase é de 2dB.
Os valores das perdas por acoplamento utilizados no cálculo estão de acordo
com as especificações técnicas dos equipamentos de acoplamento apresentadas na
seção 3.1. A utilização do valor máximo é justificada porque sempre são
considerados os valores críticos para os cálculos de desempenho de canais de
comunicação.
Considerando a influência das condições climáticas no desempenho dos
sinais de onda portadora nas linhas de transmissão, o valor da atenuação para uma
50

linha de 230kV para tempo ruim deve ser corrigido acrescentando 25% ao valor da
atenuação encontrado para tempo bom. Portanto, utilizando o fator de correção de
1,25, a atenuação da linha de transmissão para tempo ruim assume o valor
aproximado de 6,67dB.

3.3. RESULTADO DOS CÁLCULOS DO NÍVEL DE RECEPÇÃO

De acordo com a equação 3.2, tem-se o seguinte resultado para atenuação


do sistema para a condição de tempo bom:

 = 5,34 + 0 + 2 + 2,5 + 2 + 0,5 + 2,5 + 2 + 0,5 = 17,34  (3.3)

Assim, a potência de recepção é obtida de acordo com a expressão 3.1.

 = 29,8 − 17,34 = 12,46 b (3.4)

De forma análoga, para a situação de tempo ruim, tem-se o seguinte


resultado para atenuação do sistema:

 = 6,67 + 0 + 2 + 2,5 + 2 + 0,5 + 2,5 + 2 + 0,5 = 18,67  (3.5)

Consequentemente, a potência de recepção terá o seguinte nível:

 = 29,8 − 18,67 = 11,13 b (3.6)

O segundo critério que interfere no desempenho do sistema OPLAT é a


relação sinal-ruído a ser definida a seguir.
51

3.4. CÁLCULO DO RUÍDO E DA RELAÇÃO SINAL-RUÍDO

Os níveis de ruído para tempo bom e tempo ruim podem ser obtidos através
da figura 2.11, apresentada na seção 2.4. Os níveis de ruído extraídos a partir da
figura 3.3 para as duas situações são:


 = −35 b (3.7)

  = −19 b (3.8)

Figura 3.3: Níveis médios de ruído típicos para linhas de 230kV [3].

O valor da atenuação do sinal da portadora antes da sua chegada no ponto


de recepção pode ser determinado de acordo com a equação 3.9 e os valores para
os níveis de recepção para tempo bom são obtidos através da equação 3.10.

 
 =  +   +  +   +   +   (3.9)

 
 =  −  
 (3.10)
52

onde  


 é a atenuação do sinal antes da sua chegada ao receptor e

 
 é o nível do sinal antes da sua chegada ao receptor ambos para
tempo bom.
Analogamente, o valor da atenuação e a intensidade do nível de recepção
para tempo ruim é obtido através das equações 3.11 e 3.12, respectivamente.

   = 3# # + #8cd6e + c + cf #g + cf #g + cf# #g (3.11)

   =  −    (3.12)

onde    é a atenuação do sinal antes da sua chegada ao receptor,

  é a perda na linha de transmissão para tempo ruim e    é o


nível do sinal antes da sua chegada ao receptor para tempo ruim.
Os valores de relação sinal-ruído (SNR) são obtidos para as condições de
tempo bom e ruim, respectivamente, de acordo com as equações 3.13 e 3.14.

!
 =  
 − 
 (3.13)

!  =    −   (3.14)

3.5. RESULTADO DO CÁLCULO DA RELAÇÃO SINAL-RUÍDO

Calculando o valor da atenuação do sinal da portadora antes da sua chegada


ao ponto de recepção de acordo com a equação 3.9, encontramos:

 
 = 5,34 + 0 + 2 + 2,5 + 2 + 0,5 = 12,34 (3.15)

O valor para o nível do sinal antes da sua chegada ao receptor para tempo
bom é obtido através da equação 3.10.
53

 
 = 29,8 − 12,34 = 17,46  (3.16)

O valor da atenuação e do nível do sinal antes da sua chegada ao receptor


para tempo ruim obtido através das equações 3.11 e 3.12, respectivamente, foi:

   = 6,67 + 0 + 2 + 2,5 + 2 + 0,5 = 13,67 (3.17)

   = 29,8 − 13,67 = 16,13 b (3.18)

Por fim, os valores da relação sinal-ruído (SNR) para tempo bom e para
tempo ruim, calculados de acordo com as equações 3.9 e 3.10, utilizando os valores
definidos nas equações 3.3 e 3.4, são apresentados a seguir:

!
 = 17,46 − -−35. = 52,46 

!  = 16,13 − -−19. = 35,13 


54

CAPÍTULO 4. ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.1. ANÁLISE DOS RESULTADOS PARA CONDIÇÃO DE


TEMPO BOM

O valor do nível de recepção da portadora do sistema OPLAT calculado para


condições de tempo bom foi de 12,46dBm, para uma potência de transmissão de
29,8dBm. Nestes cálculos sempre são consideradas as piores condições. A
atenuação da linha para condições de tempo bom foi considerada de 5,34dB, para
uma linha de transmissão de 95 km.
A perda por acoplamento da caixa de sintonia, do capacitor de acoplamento e
da bobina de bloqueio nos cálculos foi considerada 5dB no transmissor e 5dB no
receptor, totalizando 10dB. È possível notar que a perda por acoplamento tem o
maior peso no cálculo da atenuação do sinal da portadora.
O nível de ruído, para a condição de tempo bom em uma linha de 230kV
obtido através da figura 3.3 foi de -35dBm. Portanto, a relação sinal-ruído para
tempo bom encontrada foi 52,46dB.
Como, a nível de projeto, a análise do desempenho do sistema é sempre feita
considerando as piores situações, faremos uma análise mais detalhada dos
resultados obtidos para condições climáticas adversa comparando com os
resultados encontrados para clima bom.

4.2. ANÁLISE DOS RESULTADOS PARA CONDIÇÃO DE


TEMPO RUIM

Os valores calculados para condição de tempo bom e de tempo ruim


apresentaram resultados próximos no que se refere à atenuação da potência do
sinal da onda portadora. O valor do nível de recepção da portadora do sistema
OPLAT calculado para condições de tempo rum foi de 11,13dBm, para uma potência
de transmissão de 29,8dBm. Esses valores demonstram a existência de uma grande
55

margem de potência disponível para o sinal da portadora. Isso ocorre porque o


sistema OPLAT é superdimensionado, para garantir a segurança do sistema elétrico
de potência.
A atenuação da linha de transmissão para condições de tempo ruim assume o
valor aproximado de 6,67dB. É possível observar que a diferença entre o valor da
atenuação para tempo bom e o valor para tempo ruim é de, aproximadamente,
1,3dB.
As perdas por acoplamento mantêm o mesmo valor do considerado para
tempo bom, já que foi considerada, a critério de cálculo matemático, a perda máxima
apresentada nas especificações técnicas dos equipamentos de acoplamento.
Finalmente cabe mencionar a relação sinal-ruído é um fator de extrema
importância a ser considerado ao implantar um sistema OPLAT. O resultado dos
cálculos mostrou que o nível de ruído aumenta bastante em condições de tempo
adversas. O nível de ruído, para a condição de tempo ruim em uma linha de 230kV
obtido através da figura 3.3 foi de -19dBm. Portanto, a relação sinal-ruído para
tempo ruim encontrada foi 35,13dB menor que o valor encontrado para tempo bom,
como esperado. Isso significa que a razão entre a potência do sinal no receptor e o
nível do ruído, nas condições adversas, é menor do que na condição de tempo bom.
É considerável como aceitável, para critério de projeto, uma relação sinal-
ruído da ordem de 15dB para sinais de teleproteção [2], portanto verifica-se a
existência de margem disponível para o enlace de onda portadora.
A figura 4.1 apresenta um gráfico do desempenho do sistema de ondas
portadoras com relação ao nível de recepção do sinal da portadora em condições de
tempo adversas. Desta forma é possível visualizar a existência de margem de
potência disponível para o enlace OPLAT.
Na figura 4.2 é apresentado o gráfico do desempenho do sistema OPLAT com
o resultado da relação sinal-ruído do enlace na condição de tempo ruim. De acordo
com o gráfico também é possível visualizar a existência de margem de potência
disponível para o enlace OPLAT.
56

Figura 4.1: Nível de recepção do enlace OPLAT para tempo ruim.


57

Figura 4.2: Relação sinal-ruído do enlace OPLAT para tempo ruim.

Diante da grande margem de potência disponível para o enlace de


teleproteção podemos concluir que o sistema OPLAT é superdimensionado. É
importante salientar que esse que esse superdimensionamento não aumenta o custo
de implantação do sistema. O fato é que o sistema OPLAT é uma solução para a
comunicação entre localidades muito distantes, sendo essa uma das principais
vantagens desta técnica quando comparada, por exemplo, aos sistemas de
comunicação digital.
Os novos sistemas digitais permitem fazer uma utilização mais eficiente da
largura de banda, enquanto que os sistemas tradicionais de PLC analógicos têm
vantagens quando as condições de transmissão não são as ideais, principalmente
quando a relação sinal-ruído é baixa.
58

CAPÍTULO 5. CONCLUSÃO

Onda portadora é uma solução bastante econômica para fornecer um número


pequeno de canais de comunicação para longas distâncias. Exemplos práticos já
implementados com essas soluções confirmam suas vantagens práticas, técnicas e
econômicas [5]. Tendo em vista que a distância sobre a qual o sistema precisa
operar, praticamente, não interfere nos custos de instalação. Apenas a potência do
transmissor deve ser determinada de acordo com a distância de transmissão, por
isso o uso da palavra praticamente. Porém, onda portadora é suscetível aos ruídos
da linha de transmissão e tem que operar numa faixa limitada do espectro de
frequência.
Diante dos resultados obtidos através do cálculo matemático do nível de
recepção do sinal e da relação sinal-ruído é possível concluir que o desempenho do
sistema é considerado satisfatório. A existência de uma grande margem do nível de
potência e da relação sinal-ruído disponível garante o correto funcionamento do
sistema de teleproteção, possibilitando o correto gerenciamento dos centros de
geração e transmissão de energia.
Desta forma conclui-se que a utilização ondas portadoras em linhas de alta
tensão para a transmissão de sinais de teleproteção entre subestações é uma
solução eficiente. Porém, é essencial levar em consideração a distância do sistema,
as perdas por atenuação e por acoplamento, a frequência de operação e os níveis
de ruído para tempo ruim no momento de definir a potencia do transmissor.
Apesar de existir uma tendência de que redes digitais de comunicação de
dados via fibras ópticas venham a substituir os tradicionais sistemas OPLAT, esses
sistemas permanecem em uso e continuarão sendo uma alternativa de comunicação
para diversas aplicações, principalmente àquelas aplicações de longas distâncias,
em que a utilização de cabos de fibra óptica seja, técnica ou economicamente,
inviável.
59

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] ADAMI, J. F.; SILVEIRA, P. M.; PARENTONI, M. F. C.; DALLBELLO, A. C.


Modelagem e Simulação de um Sistema de Ondas Portadoras através do
Simulink/Matlab. Universidade Federal de Itajubá – UNIFEI. Centrais Elétricas
Matogrossenses S.A. – CEMAT.
[2] CHESF. Sistema de Teleproteção OPLAT 230kV – Projeto Executivo. Recife,
2009.
[3] CORDEIRO, L. Curo básico de ondas portadoras. Recife, 1985.
[4] LAMAR, M. V. Capítulo 2 – Modulação em Amplitude. Paraná: Universidade
Federal do Paraná, Dep. de Engenharia Elétrica. Apostila.
[5] MURATA, M. M.; FERREIRA, A. E. Vantagens dos Serviços Convergentes
sobre Linhas de Alta Tensão. Inc: XIII ERIAC – Décimo Terceiro Encontro
Regional Iberoamericano do Cigré, 2009, Puerto Iguazú.
[6] SAKANE, F. T. Princípios de Telecomunicações I - ELE-31 – Notas de aula.
São José dos Campos, SP: Instituto Tecnológico de Aeronáutica – ITA, 1997.
Apostila.

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