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FENÔMENOS DE SUPERFÍCIE

Estabilidade Coloidal

Profª Lucimara Lopes da Silva


lucimarasilva@utfpr.edu.br
Engenharia Química – 6° período
09/03/2021
MOVIMENTO BROWNIANO
• Todas as partículas em suspensão, qualquer que seja sua forma,
tem em ausência de forças externas, a mesma energia cinética
translacional média.
• A velocidade média da partícula aumenta com a diminuição da
massa da partícula.
• O movimento das partículas individuais muda continuamente de
direção, como consequência de colisões ao acaso com as
moléculas do meio de suspensão, com outras partículas e com as
paredes do recipiente. Cada partícula segue uma complicada
trajetória irregular em ziguezague. Quando as partículas são
suficientemente grandes, podendo assim ser observadas, este
movimento é conhecido como movimento Browniano.
• Quando menores forem as partículas, mais nítido será seu
movimento browniano.
MOVIMENTO BROWNIANO

(01)
Movimento Browniano
• O coeficiente de difusão de um material em suspensão se relaciona
com o coeficiente friccional das partículas através da lei de difusão
de Einstein:
Df= kT (02)

• Assim, sendo, para partículas esférias

(03)

• Onde Na é a constante de Avogadro


• Substituindo a equação (03) em (01):

(04)
Movimento Browniano
MOVIMENTO BROWNIANO

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https://youtu.be/_ri398BViQk
+
- +
- + Essa carga superficial influencia a
+
- -
+
distribuição no meio polar dos íons
- + - próximos a ela. Íons de carga
- + + + +- + +-
+
opostas (contra íons) são atraídos

++ -- ++ +
- pela superfície e íons de cargas
+ - - + +
do mesmo sinal (co-ions) são
+
- ++
+ - +
- - +
+- + +
repelidos para longe da superfície.

-
+ +- - - - + +
Este fato leva a formação da
dupla camada elétrica,
+ + + + ++ constituídas por duas partes, uma
+ - + - + + superfície carregada, e um meio
- +
- -+ - +
em que se distribuem, de maneira
difusa, contra íons e co-ions.

+
- Plano de cisalhamento

Camada fixa Camada difusa

Dupla
camada
elétrica
A espessura da dupla camada

A camada fixa (ou camada de Stern) tem uma espessura na


ordem de raios moleculares ou atômicos.
A camada difusa (ou camada de Gouy-Chapman) tem uma
espessura bem maior, que depende da força iônica do meio

Onde c é a concentração de eletrólito em mM


Características da dupla-camada
A partir da fase sólida, a
medida que a distância
aumenta, decresce
Concentrações iguais
gradativamente a
ou constantes –
Equilíbrio dinâmico
intensidade do campo
elétrico e os íons da dupla
camada apresentam
maior dispersão,
particularmente devido
ao movimento térmico.
Essas duas camadas, a
que se encontra aderida
ao sólido, constituídas
pelos contra-íons e a
Fig. (a) Variação da concentração: (1) Contra-íons; (2) co-íons e difusa que está no líquido,
(b) Variação do potencial com a distância apresentam equilíbrio
dinâmico.
Superfície ou plano de cisalhamento

• Entre as partes fixa e difusa da dupla camada elétrica há uma


região de separação como uma superfície de cisalhamento entre a
partícula e o restante do líquido.
• Tudo que está entre o interior da partícula e esta superfície move-
se com a mesma velocidade que a partícula
• Tudo que estiver além da superfície de cisalhamento move-se
independentemente da partícula..
Potencial zeta : é o potencial
elétrico no plano hidrodinâmico de
cisalhamento;
A importância do potencial zeta

✓Reologia
✓Filtração
✓Remoção de tortas de filtros (dewatering)
✓Tratamento de efluentes
✓Estabilidade coloidal
✓Vida de prateleira
Zeta Potencial: reologia

•Suspensões submetidas a um fluxo se tornam pastas difíceis de fluir


quando o potencial zeta é baixo.
•Partículas formam redes elásticas.
Zeta Potencial: filtração

•A porosidade e a força de atração entre os flocos afetam a filtração


e o processo de lavagem dos filtros (dewaring)
Zeta Potencial: estabilidade
coloidal
•A importância de desestabilizar as partículas

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Zeta Potencial: estabilidade
coloidal
• As partículas coloidais podem ter tanto carga positiva como negativa!
• A neutralização da carga elétrica torna um colóide instável e insolúvel.
•PROBLEMAS:
•Quebra de emulsão (tintas óleo, maionese, etc)
•Separação de fases (pomada, tintas,cosméticos, etc)
•Sedimentação de partícula (verniz fosco e tintas com carga mineral, etc)
Zeta Potencial: estabilidade
coloidal
• Quebra de emulsão (tintas óleo)
COLÓIDES LIOFÓBICOS

• Sóis liofílicos são termodinamicamente estáveis


• Sóis liofóbicos, emulsões, espumas, aerosóis, filmes finos e muitos outros
sistemas coloidais têm uma estabilidade apenas cinética, que muitas
vezes chamamos de estabilidade coloidal.
• Os fatores de estabilidade são diferentes:
– em emulsões: a viscosidade do filme interfacial
– em espumas: a elasticidade do filme superficial.
• O caso mais importante: sóis liofóbicos, com duas teorias: a teoria DLVO e
a teoria de Ise.
Estabilidade coloidal

• A estabilidade de um colóide liófobico é uma


consequência da dupla camada elétrica na
superfície das partículas coloidais.
• Por exemplo, se duas partículas de um material
insolúvel não possuem uma dupla camada, elas AgI
podem-se aproximar o suficiente para que a
força atrativa de Van der Waals possa fazê-las
ficarem juntas, desestruturando o colóide.
• Em contraste, se as partículas tiverem uma dupla
camada, elas irão se repelir e
consequentemente, fornecerá estabilidade ao
colóide.
Teoria DLVO
(Deryaguin-Landau-Verwey-Overbeek)
Potencial Zeta Onde k é a espessura da dupla camada
X é a distâ.
(05)
Equação de Poisson-Boltzmann
(atrativa de Van der Waals)

• A equação indica que o potencial da dupla camada


elétrica deve cair de maneira aproximadamente
exponencial, à medida que aumenta a distância da
superfície.
• A equação é aplicada para sistemas com potenciais
superficiais relativamente altos e distâncias acentuadas da
superfície.
Teoria DLVO
(Deryaguin-Landau-Verwey-Overbeek)

• A estabilidade de um sistema coloidal pode ser


interpretada a partir da curva de energia, resultante da
soma dos termos atrativo e repulsivo em função da
distância entre as partículas. Inicialmente considera-se a
contribuição atrativa devido às forças de Van der Waals
e a repulsiva proveniente da ação da dupla camada.
Teoria DLVO
(Deryaguin-Landau-Verwey-Overbeek)

• Considerando duas partículas que se aproximam, à


medida que a distância entre elas decresce, as duas
duplas camadas passam a interagir.
• Assim, ocasiona uma manifestação de uma ação
repulsiva à medida que aumenta a energia total.
Teoria DLVO
■ Curva 1: dispersão coloidal
estável apresentando um máximo
e um mínimo→ as partículas
devem superar o máximo para
coagular.
■ Curva 2: estabilidade
intermediária dois mínimos + um
máximo • floculação fraca
reversível no primeiro mínimo •
coagulação irreversível no
segundo mínimo profundo
■ Curve 3: dispersão coloidal
instável com um mínimo profundo:
→ partículas se atraem e
coagulam.
Teoria DLVO

• Se a energia de atração de
partículas pode superar a barreira
de energia, a dispersão coloidal
não é estável → floculação
irreversível
Teoria DLVO: adição de sal

• Se a barreira de energia
(flecha azul) for grande em
comparação com a energia
térmica das partículas, a
dispersão coloidal é estável.
Caso contrário, o sistema irá
coagular.
• A concentração crítica de
coagulação (c.c.c.) é a
concentração do sal em que a
coagulação se torna rápida.
Somando as energias de repulsão e de atração:

Resultam curvas com as seguintes características:


-energia zero, quando a distância entre as partículas é elevada;
-quando a força iônica é elevada, a energia de um par de partículas diminui quando
a distância entre as partículas diminui, tendendo a valores muito baixos (o mínimo
primário)
-quando a força iônica é pequena, à medida que a distância entre as partículas
diminui há uma diminuição da energia até atingir um mínimo pouco profundo (o
mínimo secundário). Depois a energia aumenta até um máximo, e volta a diminuir
até o mínimo primário.
IMPORTANTE
Efeito do pH: a concentração do íon determinante do potencial na
qual o potencial zeta é zero é definida como o ponto isoelétrico
(pIE) = Ponto de carga líquida zero.
Efeito da força iônica:
1. De forma geral a espessura da camada difusa diminui,
desestabilizando o sistema;
2. Podem ocorrer interações específicas entre os íons e as
macromoléculas (partículas);
3. Dependendo do tipo de íon, este pode atrair moléculas de água
mais fortemente para sua própria camada de hidratação,
causando “salting-out”
Efeito da concentraçào: aumento da viscosidade para escoar
O PROBLEMA DA DILUIÇÃO

•Muitos equipamentos requerem dispersões diluídas


• Muitas amostras têm de ser drasticamente diluídas, o que
pode alterar o potencial zeta.
Fatores de estabilidade (instabilidade) em colóides

• Repulsão estérica
• Depleção
• Hidratação
• Interação hidrodinâmica
• Sorção na interface
Estabilidade estérica

-Repulsão entre superfícies, induzida pelo


polímero adsorvido
-Quando as partículas são secas, ocorre o
colapso das cadeias do polímero
-Ao reintroduzir o solvente, o polímero
intumesce e as partículas se separam
-Desde que não ocorra dessorção do
polímero, o sistema se comporta como
se tivesse estabilidade termodinâmica.
Estabilidade eletrostérica

Ocorre quando o polímero adsorvido é um polieletrólito


– Poli(acrilato de sódio), carboximetilcelulose, proteínas.
Características da adsorção de
polímeros

•Alta afinidade
•Basta ligar um segmento para que toda a cadeia esteja ligada
•Irreversibilidade
•Devido ao grande número de pontos de contacto.
Adsorção de polímeros:
O modelo de trens, alças e caudas
Agregação induzida por polímeros
de massa molar muito elevada

Consequência da adsorção de polímero de massa molar muito elevada.


• Uma cadeia se associa a mais de uma partícula.
• “Bridging floculation”: a cadeia forma pontes entre as moléculas.
Agregação causada por polímeros

Polímeros adsorvidos não são sempre estabilizantes. Há pelo menos dois casos
em que um polímero pode desestabilizar uma dispersão coloidal:
• As partículas têm carga (digamos, positiva) e o polímero tem carga oposta
(negativa). Neste caso, o resultado da adsorção é a neutralização das cargas da
partícula, eliminando a repulsão coulômbica.
• O polímero tem uma grande massa molar, e o grau de cobertura das partículas é
pequeno. Neste caso, uma mesma cadeia polimérica pode unir-se a duas ou mais
partículas ao mesmo tempo, formando flocos e instabilizando a dispersão.
Depleção: estabilização

•Polímero não adsorve nas partículas mas dificulta a sua aproximação.


•A ausência de polímero de alguma região torna a sua pressão osmótica muito
elevada.
Depleção: instabilização

Polímero não adsorve nas partículas mas força a sua aproximação.


• A ausência de polímero de alguma região torna a sua pressão osmótica muito
elevada: o solvente é sugado para as regiões que têm polímero.
Estabilidade de emulsões

• A estabilidade (com relação à coagulação) depende muito da viscosidade da


interface água-óleo.
• Partículas de óleo em água ou água em óleo podem ser comprimidas e
deformadas, sem coalescer: “membrana”.
Emulsões estabilizadas por
partículas sólidas (Pickering)

•Partículas que têm molhabilidade semelhante, por água e óleo, acumulam-se na


interface.
•Estabilizam a emulsão:
– Viscosidade da interface
– Dificuldade no contacto entre os líquidos de duas gotas.
Até a próxima!
Profª Lucimara Lopes da Silva
lucimarasilva@utfpr.edu.br

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