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Universidade Tecnológica Federal do Paraná

UTFPR, câmpus Medianeira

TRATAMENTO FÍSICO-QUÍMICO
DE ÁGUAS RESIDUÁRIAS
Principais processos físico-químicos
aplicados para o tratamento
de águas residuárias:
COAGULAÇÃO/FLOCULAÇÃO,
E SEDIMENTAÇÃO

Profa. Dra. Juliana Bortoli R. Mees


Mestrado em Tecnologias Ambientais - PPGTAMB
Ementa
Caracterização de águas residuárias. Principais
processos físico-químicos aplicados para o tratamento
de águas residuárias: Coagulação/Floculação,
Flotação, Eletroflotação, Processos Oxidativos
Avançados (POAs) - Fotólise e Fotocatálise, Adsorção,
Tecnologias por membranas, Processos de arraste com
ar (Stripping), Precipitação Química, Troca iônica.
TRATAMENTO FÍSICO-QUÍMICO

Coagulação/Floculação
A coagulação é o processo de desestabilização das
partículas coloidais (0,001 a 1µm), a fim de que
possam agrupar-se e ser eliminadas por floculação.
Após a coagulação que é a etapa química do
processo, as partículas/flocos apresentam tamanho
variando entre 0,5 e 5 µm, na fase de floculação,
etapa física do processo, há formação de flocos
maiores que variam de 100 a 5.000 µm (BASSIN &
DEZOTTI, 2008).
PROPRIEDADES GERAIS DOS COLÓIDES
Tamanho das partículas
10-3 µm Partículas 1 µm
Partículas Partículas em
coloidais
dissolvidas suspensão

Cor real Turbidez


Compostos Cor aparente
dissolvidos SST
SDT 0,45 µm

O tamanho das partículas coloidais poderá variar, 0,001 a 1µm, dependendo do


método de quantificação. Alguns autores/pesquisas classificam como partículas
coloidais, partículas na faixa de 0,0001 a 1µm (CRITTENDEN et al., 2005).
PROPRIEDADES GERAIS DOS COLÓIDES

Propriedades elétricas
Os colóides possuem propriedades elétricas que
criam uma força de repulsão eletrostática, que os
mantém separados, impedindo a aglomeração e
sedimentação. Na maior parte dos efluentes industriais
os colóides possuem carga negativa (carga primária).
(ECKENFELDER, 2000).

colóides
carga negativa

Íons positivos da
solução (K+, Na+ e Ca+2)
são adsorvidos na
superfície do colóide
PROPRIEDADES GERAIS DOS COLÓIDES

Propriedades elétricas
Na água, a maior parte das partículas possui superfície
carregada eletricamente, usualmente negativa e decorrente
de 3 fenômenos: (DI BERNARDO, 2005).
Presença de grupos funcionais ionizáveis: grupos
presentes na superfície sólida podem, ao reagir com a água,
receber ou doar prótons.

Ex.: substâncias
orgânicas contendo
grupos carboxílicos e
amina apresentam-se
negativos para
valores de pH maiores
que 4.
PROPRIEDADES GERAIS DOS COLÓIDES
Propriedades elétricas
Reação com outros íons: grupos superficiais podem
reagir na água com outros solutos além de prótons (ex.:
íons fosfato).
SiOH + HPO4-2 ⇔ SiOPO3H- + OH-

Interação/substituição isomórfica: imperfeições na


estrutura da partícula. Ex.: Para o caso das argilas
minerais a carga negativa esta associada à substituição
de silício por átomo de menor valência na estrutura do
cristal (alumínio, ferro ou magnésio).

Ex.: substituição do silício pelo alumínio.


PROPRIEDADES GERAIS DOS COLÓIDES
Propriedades elétricas
A carga superficial negativa do colóide, juntamente
com a movimentação Browniana, conduz à formação da
Dupla Camada Elétrica (DCE), formada pelas cargas
superficiais e pelo excesso de íons com carga oposta
(contra-íons) adsorvidos na partícula.

A dupla camada
(DCE) é formada por
duas regiões:
camada compacta
(CC), Stern, e
camada difusa (CD)
Fonte: SANEPAR (s.d.).

Assim, apesar da carga negativa da maioria dos colóides, a


suspensão tende a ser eletricamente neutra.
PROPRIEDADES DOS COLÓIDES
Movimento Browniano: as
partículas dispersas (coloidais)
apresentam um movimento
aleatório devido ao seu contínuo
bombardeamento pelas moléculas
da fase dispersante (água).

Efeito Tyndall: ocorre quando há


a dispersão da luz pelas partículas
coloidais. A quantificação desta
propriedade de um sistema coloidal
é denominada nefelometria.
FATORES DE ESTABILIDADE DAS PARTÍCULAS

A estabilidade dos colóides depende


fundamentalmente das propriedades da fase dispersa e
suas interações com a fase de dispersão/dispersante,
sendo classificados em LIOFÓBICOS e LIOFÍLICOS.

Colóides liofóbicos: são aqueles que formam um


sistema heterogêneo com o solvente (sistema bifásico),
não há afinidade entre as partículas e o solvente.

Colóides liofílicos: são aqueles que formam um


sistema homogêneo com o solvente (sistema unifásico),
há interação entre as partículas e o solvente.

Se a água é o solvente (fase contínua), utiliza-se o


termo hidrofóbico (repelem água) e hidrofílico (tem
afinidade com água) (ECKENFELDER, 2000).
FATORES DE ESTABILIDADE DAS PARTÍCULAS

Existem dois principais fatores que dificultam a


aglutinação das partículas coloidais: a camada de
solvatação e a carga elétrica. A camada de solvatação é
uma fina película de água fortemente aderida à partícula
coloidal.

A afinidade dessas partículas pela água resulta da


presença de certos grupos polares como OH, COOH e
NH2 em sua superfície. Os colóides que possuem
camada de solvatação são chamados HIDROFÍLICOS e
os colóides que não possuem camada de solvatação são
chamados HIDROFÓBICOS.
POTENCIAL ZETA
O potencial zeta é a medida do potencial elétrico entre a
superfície externa da camada compacta que se desenvolve ao
redor da partícula (colóide) e o meio líquido (solução) em que
ela está inserida, camada difusa (FURLAN, 2008).

CC - Camada fixa com carga


oposta a da partícula, que adere
firmemente à superfície da
particula e se desloca com ela.
Dupla camada
CD - Camada difusa (maior), (DCE)
formada principalmente por íons
positivos, fracamente atraídos e
frouxamente ligados à partícula.

O potencial zeta diminui com o aumento da concentração iônica.


A melhor dosagem do coagulante aquela que permita que o
potencial zeta seja muito próximo de zero (ponto isoelétrico).
Mecanismos de desestabilização das
partículas coloidais

Compressão da camada difusa ou dupla camada


(double layer compression);
Adsorção e neutralização de carga (neutralization
by opposite charge);
Varredura (sweep coagulation);
Ponte interparticular (interparticle bridging);
MECANISMOS DA COAGULAÇÃO
Compressão da camada difusa ou por dupla camada

Ex.: Adição de cátions


trivalentes (Al+3, Fe+3) que
são intensamente mais
colóide colóide
carregados positivamente
deslocando os cátions
monovalentes.

camada camada
(Redução das forças repulsivas)
compacta compacta

A grande concentração de cargas positivas causa o


excesso de íons na camada difusa, ocasionando assim a
redução do volume de sua esfera para que consiga se manter
eletricamente neutra, reduzindo o potencial elétrico (Zeta) e,
predominando as forças atrativas de Van der Waals (DI
BERNARDO, 2002).
MECANISMOS DA COAGULAÇÃO
Compressão da camada difusa ou por dupla camada

Potencial de Nernst: é o
potencial elétrico a partir da
superfície da partícula
(colóide);
Potencial Zeta: é o
potencial elétrico existente
no plano de cisalhamento;
Plano de Cisalhamento:
define a porção de água (e
de íons), que se move
juntamente com a partícula. (CD)

Está situado entre o limite Camada compacta


(CC)
externo da camada aderida
(CC) e o limite interno da
camada difusa (CD).
MECANISMOS DA COAGULAÇÃO
Compressão da camada difusa ou por dupla camada

A quantidade de eletrólitos
para conseguir a coagulação
é independente da
concentração de colóides na
água, sendo que não é
possível causar a reversão de
carga dos colóides.
MECANISMOS DA COAGULAÇÃO
Adsorção e neutralização de carga
O mecanismo de adsorção-neutralização de cargas é
baseado na adição de íons com cargas elétricas opostas às
das partículas coloidais, que adsorvem e neutralizam as
mesmas.
A neutralização é o mecanismo predominante da
desestabilização, pois com a adsorção de um coagulante
positivamente carregado na superfície do colóide com carga
negativa, resulta em carga líquida próxima a zero (LIMA, 2007).

Há possibilidade de
reversão da carga
superficial das partículas
(colóides), caso haja
superdosagem de
coagulante.
MECANISMOS DA COAGULAÇÃO
Varredura

No mecanismo de varredura, as concentrações de


coagulante são elevadas, excedendo o limite de
solubilidade da água. Nesse caso, ocorre a formação de
precipitados formados a partir das reações do coagulante
metálico com a alcalinidade da água.

Ao precipitar, os flocos
envolvem as partículas
coloidais que ficam
aprisionadas no gel (hidróxido
de alumínio ou de ferro )
(VIANNA, 1997).

Coagulação por agregação dos


colóides no precipitado formado
MECANISMOS DA COAGULAÇÃO
Adsorção e formação de pontes

O mecanismo de formação de pontes é típico para


sistemas nos quais sejam adicionados compostos naturais ou
sintéticos de cadeia longa e carregados eletricamente
(polieletrólitos). O saldo de carga poderá ser positivo
(polieletrólitos catiônicos), negativo (polieletrólitos aniônicos)
ou nulo (polieletrólitos não iônicos).

Fonte: SANEPAR (s.d.).


MECANISMOS DA COAGULAÇÃO
Adsorção e formação de pontes

As interações entre os sítios ativos destas macromoléculas


e os colóides promove a sua aglomeração (pontes de
hidrogênio ou forças de Van der Waals).

Fonte: METCALFY & EDDY, 2003.


COAGULAÇÃO
Reagentes utilizados
Os reagentes utilizados no processo de coagulação são
agrupados em três categorias:
Alcalinizantes: capazes de conferir a alcalinidade
necessária à coagulação (óxido de cálcio - calviva;
hidróxido de cálcio; hidróxido de sódio - soda caustica;
carbonato de sódio - barrilha).
Coagulantes: compostos, geralmente de ferro ou
alumínio. Capazes de produzir hidróxidos gelatinosos
insolúveis e englobar as impurezas.
Coadjuvantes: capazes de formar partículas mais
densas e tornar os flocos maiores (ex.: sílica ativa,
polieletrólitos, etc.).
COAGULAÇÃO
Coagulantes (convencionais)
De maneira geral, as reações que acontecem quando são
adicionados sais trivalentes á água são as seguintes:
M+3 + H2O → MOH+2 + H+
MOH+2 + H2O → M(OH)+2 + H+
M(OH)+2 + H2O → M(OH)3 + H+

Quando adicionados à água o coagulante (baseado em


alumínio ou ferro) afeta o equilíbrio reagindo com bicarbonato
(redução de alcalinidade) e, consequentemente, aumentando o
CO2 livre, reduzindo então o pH que eventualmente terá que ser
corrigido.
COAGULAÇÃO
Coagulantes convencionais
Os coagulantes mais empregados, no tratamento de
águas e águas residuárias, são sais inorgânicos de ferro e
alumínio (ex.: Al2(SO4)3, Fe2(SO4)3, FeSO4, FeCl3, etc).

Fonte: SANEPAR (s.d.).


Vantagens: baixo custo.
Desvantagens: não são biodegradáveis, produzem grande
quantidade de lodo, deixam alumínio e ferro residual na água,
exigem o uso de produtos químicos para correção do pH, etc.
COAGULANTES
Coagulantes inorgânicos: Al+3
O Sulfato de Alumínio é provavelmente o coagulante
mais utilizado, devido ao seu baixo custo e obtenção fácil. É
um sólido cristalino de cor branca-acinzentada, contendo
aproximadamente 17% de Al2O3 solúvel em água. É
disponível em pedra, em pó ou em soluções concentradas.

Apresenta-se de três formas:


Branco: isento de ferro;
Amarelo: produzido pela reação do ácido sulfúrico
com a bauxita pulverizada;
Negro: mistura do branco
ou amarelo com carvão
ativado (2 a 5%).

Ex.: forma sólida


COAGULANTES
Coagulantes inorgânicos: Al+3
Reações do alumínio:

Quando adicionado à água, na presença da alcalinidade


natural de bicarbonato (HCO3-), ocorre a seguinte reação
(CRITTENDEN, 2005):

o hidróxido na forma de gel


Al(OH)3 (insolúvel e precipitado)

Quando a alcalinidade natural é reduzida, pode-se ajustá-


la com: Ca(OH)2, Na2CO3, NaOH, NaHCO3, etc.
COAGULANTES
Coagulantes inorgânicos: Al+3
No caso de sais de alumínio, polimerizadas ou não, é
preciso respeitar uma faixa de pH (5,7 a 6,5) para evitar
residual de alumínio.

Gráfico da
solubilidade do
alumínio em
função do pH
COAGULANTES

Coagulantes inorgânicos: Fe+3


Os sais de ferro quando adicionados à água, na
presença de alcalinidade natural de bicarbonato (HCO3-),
ocorrem as seguintes reações (CRITTENDEN, 2005):

Cloreto férico

Hidróxido insolúvel
(Sólido amorfo)
Sulfato férrico
OUTROS COAGULANTES

Policloreto de Alumínio
Mais comumente chamado de PAC, o policloreto de
alumínio é um coagulante inorgânico catiônico pré-
polimerizado com fórmula bruta descrita baixo, cujo grau de
polimerização n depende de diversos fatores do processo de
fabricação.
Aln (OH)m Cl3n-m

Os compostos pré-polimerizados exibem alta


concentração de carga catiônica e isto faz com que o poder
coagulante seja grande e a velocidade de formação de
flocos seja superior à dos coagulantes tradicionais. Porém,
tem um alto custo.
OUTROS COAGULANTES

TANFLOC
É um polímero orgânico catiônico de baixo peso
molecular de origem essencialmente vegetal (casca da
Acácia Negra). Atua como coagulante da mesma maneira
que os polímeros sintéticos ou seja na formação de
pontes.

Não altera o pH da água


tratada pois também não
consome alcalinidade, e é
efetivo na faixa de pH
entre 4,5 a 8.
OUTROS COAGULANTES - ORGÂNICOS
Dentre os diversos polímeros naturais utilizados
como auxiliares de coagulação/floculação, verifica-se o
emprego de algumas plantas e frutos, tais como:

Acácia-branca (Moringa oleífera),


Quiabo (Abelmoschus esculentus),
Mutamba ou “chico magro” (Guazuma ulmifolia),
Cacau (Theobroma cacau),
Acácia-negra (Acacia decurrens),
Mamona (Ricinus communis),
Maracujá (Passiflora sp), entre outros.
COAGULANTES ORGÂNICOS
Moringa Oleífera
A Moringa oleífera é uma espécie vegetal da família
Moringaceae, originária do nordeste indiano, de fácil cultivo
e adaptação no Brasil, principalmente no Nordeste.
A ação do coagulante presente na Moringa se deve às
proteínas que são polieletrólitos catiônicos de alto peso
molecular presentes na semente da planta (NOGUEIRA et al.,
2010).

Carcaterísticas:
Atua em ampla faixa de pH (4 a 12);
Coagulação independe da alcalinidade da água;
Ponto isoelétrico na faixa de 10 e 11;
Mecanismo de coagulação: varredura / Adsorção-
neutralização / assemelha ao mecanismo
provocado pelos polieletrólitos;
Produz baixo volume de lodo gerado;
Não causa problemas de corrosão;
Baixo custo.
COAGULANTES ORGÂNICOS – Moringa Oleífera

(A) Sementes de MO com casca. (B) Sementes


descascadas e selecionadas de MO. (C) Sementes
maceradas e homogeneizadas. (D) Solubilização e
agitação da solução. (E) Filtração a vácuo da solução.
COAGULANTES ORGÂNICOS
Quiabo (Abelmoschus esculentus)
O quiabo é um polissacarídeo aniônico, biodegradável,
não tóxico, é estável e tende a ser intensivamente usado no
tratamento de águas de abastecimento, de esgoto doméstico
e de efluentes de curtume (NOGUEIRA et al, 2010).

Características:
Mais aplicado como floculante;
Forma de utilização: seco,
triturado e pulverizado; em
solução ou através da
extração da mucilagem; etc.

(A) Quiabos verdes. (B) Quiabos secos.


(C) Pó peneirado de quiabo. (D) Solução de quiabo
COAGULANTES ORGÂNICOS

Fonte: Relatório PIBITI 2014-15 - SICITE (2015)


COAGULAÇÃO/FLOCULAÇÃO

Coadjuvantes - Auxiliares
Nos efluentes industriais, tem-se verificado que os
flocos formados necessitam de maior densidade para
poderem sedimentar em decantadores.
Recorre-se, então, aos auxiliares de coagulação, que
são polielétrolitos que aumentam a velocidade de
sedimentação dos flocos e a resistências às forças de
cisalhamento. O tipo de polielétrolito adequado deverá ser
pesquisado em laboratório, através dos ensaios de
floculação e pode-se prever redução, no consumo de
coagulante primário, de até 20%.
Ensaios de Coagulação/Floculação
Os ensaios de Jar Test objetivam principalmente
determinar (CAVALCANTI, 2012):
Tipos de coagulantes e floculantes mais adequados ao
despejo específico;
Concentração desses produtos;
Efeito da temperatura;
pHs ótimos;
Tempos de reação com os produtos químicos adicionados;
Tempos de decantação ou flotação;
Gradiente de velocidade e potência necessária à formação
dos flocos, etc.
Jar Test
Ensaio preliminares de coagulação/floculação

Dosagem mínima de coagulante:


esse teste determina, através de
observação visual, a dosagem mínima
de produto coagulante necessária
para que ocorra a formação dos
primeiros flocos.

Determinação do pH ótimo: é
efetuada com valores de pH variando
dentro da faixa recomendada para
cada coagulante testado. A correção
do pH pode ser efetuada com adição
de H2SO4 ou HCl 1M, 0,5M e 0,1M, e
NaOH 1M, 0,5M e 0,1M.
Obs.: normalmente se utiliza volumes de 200-1000mL de efluente
para os ensaios de dosagem mínima e pH.
Jar Test
Ensaio de coagulação/floculação
Dosagem ótima de coagulante: normalmente se utiliza
volumes na faixa de 500 a 2000mL de efluente e o coagulante
é adicionado em concentrações que variem entre 25% e 200%
sobre a dosagem mínima de coagulante encontrada no ensaio
de dosagem mínima.
Usualmente os parâmetros avaliados, para determinação da
concentração ótima de coagulante, são turbidez, DQO, cor e
compostos com absorção em UV-254 nm.
Jar Test
Condições - ensaios de coagulação/floculação

Ex.: Equipamento
Jart Test PoliControl
com 6 jarros
Em síntese a COAGULAÇÃO…..

É o processo químico de desestabilização das


particulas coloidais ou em suspensão, por meio da
redução das forças de repulsão. Seu objetivo é
viabilizar a colisão entre as partículas e
consequentemente a floculação, com formação de
partículas de maiores dimensões (flocos) que podem
posteriormente ser removidos de forma mais eficiente
em processos como a filtração, sedimentação ou
flotação (METCALFY & EDDY, 2003).
COAGULAÇÃO/FLOCULAÇÃO
FLOCULAÇÃO
Após o processo de coagulação o efluente deverá
passar pelo processo de floculação, objetivando fazer com
que os coágulos, que são partículas desestabilizadas,
tendam a formar agora partículas maiores denominadas
flocos. Pode ser classificada em dois tipos:
PERICINÉTICA: Quando as colisões entre partículas
decorrem da ação dos movimentos browniano e da
gravidade, que faz com que as partículas, ao cair,
colidam e se aglomerem. É pouco eficaz necessitando
de muito tempo para ser concluída.

ORTOCINÉTICA: As colisões são causadas pela


aplicação de energia externa, ou seja, devido a ação de
tensões de cisalhamento no seio da massa fluida.
(Presença de gradientes de velocidade).
FLOCULAÇÃO
A floculação poderá ser mecânica ou hidráulica:
Mecânica: quando realizada com pás rotativas ou
turbinas misturadoras (fluxo radial ou axial).

Radial Radial

Axial Axial
FLOCULAÇÃO
Floculadores Mecânicos
Podem ser rotativos, alternativos ou oscilantes.
Os rotativos são mais comuns e podem ser com eixo
horizontal ou vertical, sendo estes últimos os mais comuns.

Recomendações para o projeto de floculadores mecânicos:


Parâmetros Recomendações
Tempo de detenção 30 a 40 min.
Gradiente de velocidade 75 a 10 s-1

Área das paletas Menor que 20% da área do plano de


rotação das paletas
Fonte: SANEPAR (s.d.).

Obs.: Se a velocidade da agitação for pequena, a formação de flocos


diminui, dificultando a decantação/sedimentação. Se for muito violenta,
há a formação de flocos e depois a quebra dos mesmos em partículas
menores.
FLOCULAÇÃO
A floculação poderá ser mecânica ou hidráulica:
Hidráulica: quando realizada em câmaras com chicanas
ou injeção de ar.
Floculador de fluxo horizontal Floculador de fluxo vertical
FLOCULAÇÃO
Gradiente de velocidade
O gradiente é o trabalho aplicado por unidade de
tempo, por unidade de volume de fluido de
viscosidade definida. A expressão geral é :

G: gradiente de velocidade (s-1);


P P: potência dissipada (N.m/s);
G=
µ .V µ: viscosidade absoluta da água (N.s/m2);
V: volume (m3)
FLOCULAÇÃO
Resultados Jar Test para escala real
Os resultados obtidos com os ensaios feitos em Jar Test, podem ser
passados para escala real, através da equação.

Q: vazão a tratar (m3);


d: dosagem determinada no jar test (ppm ou g/m3);
C: concentração da solução (g/L);
q: vazão de solução (L/h).

Fonte: Manual ENVIRONQUIP (s.d.)


Empresa fornecedora de equipamento para flotação
(flotador com pressurização – micro bolhas).
Decantação versus Sedimentação
Quando a queda da partícula não é afetada pela
proximidade com a parede do recipiente e com
outras partículas, o processo é chamado Decantação
Livre (natural, ocorre quando as concentrações
volumétricas de partículas são inferiores a 0,2%);
Concentrações volumétricas de partículas de 0,2% a
40% tem-se a Decantação Influenciada (quando se
utiliza floculantes/coagulantes).
A sedimentação ocorre quando a concentração
volumétrica das partículas é maior que 40%.
Mecanismo (fases) da sedimentação
O processo pode ser em batelada ou
contínuo. A diferença é que em processo
Zona clarificada contínuo, a situação mostrada na proveta #3
se mantém, permitindo entradas e saídas
constantes.
Zona de concentração
uniforme

Zona de concentração
não-uniforme

Zona de transição

tempo
A - Líquido limpo.
Sólidos sedimentados B - Região de concentração constante.
C - Região de concentração variável.
D - Região de compactação.
DECANTAÇÃO/SEDIMENTAÇÃO
Consiste na separação por gravidade de partícula com
densidade maior que a da água. De acordo com a
concentração e as características das partículas e mecanismo
de decantação/sedimentação, pode ser classificada nos
seguintes tipos (METCALFY & EDDY, 2003):
Partículas Discretas: quando as partículas decantam
independentemente umas das outras, permanecendo com
dimensão (forma, tamanho e densidade) e velocidade
constantes ao longo do processo de sedimentação.
Ex. Desarenador - caixa de areia.
DECANTAÇÃO/SEDIMENTAÇÃO

1
Vh
H 2 Vs
B
L
g.( ρ p − ρ ).d p2
Vsed =
Pela igualdade de triângulos: µ
L / H = V / v ou L = V / v x H ρp = densidade da partícula;
Para valores usuais: ρ = densidade do líquido (água);
dp = diâmetro da partícula;
V = 0,30 m/s e v = 0,02 m/s µ= viscosidade absoluta da água;
L=V/vxH g = aceleração da gravidade.
L = 0,30 / 0,02 x H
L = 15 x H
SEDIMENTAÇÃO
Partículas Floculentas: quando as partículas decantam
em conjunto ou flocos. As partículas se aglomeram e sua
dimensão e velocidade aumentam ao longo do processo de
sedimentação. Ex.: remoção de fração de sólidos suspensos
e de flocos gerados na coagulação/floculação e,
decantadores secundários (superior).

1 Vh
A dimensão física da
partícula é alterada H 2 Vs
durante o seu processo B
de sedimentação
gravitacional, o que L
significa dizer que a sua
velocidade de
sedimentação é variável.
Partículas Floculentas

C0 C1,t1 C1,t2 C1,tn


Altura

C0 C2,t1 C2,t2 C2,tn

C0 C3,t1 C3,t2 C3,tn

C0 C4,t1 C4,t2 C4,tn

C0 C5,t1 C5,t2 C5,tn

C0 C6,t1 C6,t2 C6,tn

Obs.: Não existe modelo matemático ou teórico capaz de representá-la


(suspensões floculentas), sendo necessário recorrer à determinação experimental
para se estabelecer os parâmetros de projeto.
SEDIMENTAÇÃO
Por zona: ocorre em suspensões com concentrações de
partículas intermediárias ou elevadas, as quais tendem a
sedimentar como uma massa única, devido às forças de
atração existentes. Ex. remoção de flocos gerados na
coagulação/floculação e de sólidos provenientes de
tratamento biológico (decantadores secundários).

CARACTERÍSTICAS:
Alta concentração de sólidos
(formação manto);
Partículas tendem a uma
posição fixa;
Formação de uma interface
(fase líquida – sólida);
Movimento descendente da
interface.
SEDIMENTAÇÃO
Por compressão: refere-se a tendência de acúmulo e
aumento da concentração de partículas nas camadas
inferiores, fazendo com que a massa de partículas vá
empurrando e comprimindo as camadas seguintes à
medida que sedimenta. As partículas se compactam
como lodo. Ex. Decantadores secundários (fundo) e
Adensadores de lodo por gravidade.

CARACTERÍSTICAS:
Altíssima concentração de sólidos;
Sedimentação por compressão da
estrutura da partícula;
Compressão devido ao peso das
partículas.
Referências
BASSIN, J. P.; DEZOTTI, M. Tratamento primário, secundário e
terciário de efluentes. In: DEZOTTI, M. Processos e técnicas para
o controle ambiental de efluentes líquidos. Série Escola Piloto de
Engenharia Química COPPE/URRJ. Rio de Janeiro: E-papers, 2008.
CAVALCANTI, J. E. W. de A. Manual de Tratamento de Efluentes
Industriais. 2 ed. São Paulo: Engenho Editora Técnica Ltda, 2012.
CRITTENDEN, J. C.; TRUSSELL, R.R.; HAND, D. W.; HOWE, K. J.;
TCHOBANOGLOUS, G. Water Treatment: Principles and Design,
MWH, 2 ed., 2005.
DI BERNARDO, L.; DI BERNARDO, A.; CENTURIONE FILHO, P. L.
Ensaios de Tratabilidade de Água e dos Resíduos Gerados em
Estações de Tratamento de Água. São Paulo: RiMa, 2002.
DI BERNARDO, L.; DANTAS, A. D. B. Métodos e técnicas de
tratamento de água. 2 ed. São Carlos: RIMA, 2005.
ECKENFELDER JR, W. W. Industrial Water Pollution Control.
3.ed, EUA: McGraw-Hill, 2000.
FURLAN, F. R. Avaliação da eficência do processo de
coagulação-floculação e adsorção no tratamento de
efluentes têxteis. Dissertação (Mestrado em Engenharia
Química), Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis,
SC, 2008.
LIMA. G. J. de A. Uso de polímero natural do quiabo como
auxiliar de floculação e filtração em tratamento de água e
esgoto. 154 p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Ambiental).
Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro/RJ, 2007.
METCALF, G., EDDY, H. Wastewater engineering: treatment,
disposal and reuse. McGraw-Hill. 4 ed. 2003.
NOGUEIRA, F. C. B. NETO, F. R. C. ZAMPERO, R. SABINO, P. H.
Sementes de Moringa Oleífera e extrato de quiabo no
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