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TRATAMENTO FÍSICO-QUÍMICO
DE ÁGUAS RESIDUÁRIAS
Principais processos físico-químicos
aplicados para o tratamento
de águas residuárias:
COAGULAÇÃO/FLOCULAÇÃO,
E SEDIMENTAÇÃO
Coagulação/Floculação
A coagulação é o processo de desestabilização das
partículas coloidais (0,001 a 1µm), a fim de que
possam agrupar-se e ser eliminadas por floculação.
Após a coagulação que é a etapa química do
processo, as partículas/flocos apresentam tamanho
variando entre 0,5 e 5 µm, na fase de floculação,
etapa física do processo, há formação de flocos
maiores que variam de 100 a 5.000 µm (BASSIN &
DEZOTTI, 2008).
PROPRIEDADES GERAIS DOS COLÓIDES
Tamanho das partículas
10-3 µm Partículas 1 µm
Partículas Partículas em
coloidais
dissolvidas suspensão
Propriedades elétricas
Os colóides possuem propriedades elétricas que
criam uma força de repulsão eletrostática, que os
mantém separados, impedindo a aglomeração e
sedimentação. Na maior parte dos efluentes industriais
os colóides possuem carga negativa (carga primária).
(ECKENFELDER, 2000).
colóides
carga negativa
Íons positivos da
solução (K+, Na+ e Ca+2)
são adsorvidos na
superfície do colóide
PROPRIEDADES GERAIS DOS COLÓIDES
Propriedades elétricas
Na água, a maior parte das partículas possui superfície
carregada eletricamente, usualmente negativa e decorrente
de 3 fenômenos: (DI BERNARDO, 2005).
Presença de grupos funcionais ionizáveis: grupos
presentes na superfície sólida podem, ao reagir com a água,
receber ou doar prótons.
Ex.: substâncias
orgânicas contendo
grupos carboxílicos e
amina apresentam-se
negativos para
valores de pH maiores
que 4.
PROPRIEDADES GERAIS DOS COLÓIDES
Propriedades elétricas
Reação com outros íons: grupos superficiais podem
reagir na água com outros solutos além de prótons (ex.:
íons fosfato).
SiOH + HPO4-2 ⇔ SiOPO3H- + OH-
A dupla camada
(DCE) é formada por
duas regiões:
camada compacta
(CC), Stern, e
camada difusa (CD)
Fonte: SANEPAR (s.d.).
camada camada
(Redução das forças repulsivas)
compacta compacta
Potencial de Nernst: é o
potencial elétrico a partir da
superfície da partícula
(colóide);
Potencial Zeta: é o
potencial elétrico existente
no plano de cisalhamento;
Plano de Cisalhamento:
define a porção de água (e
de íons), que se move
juntamente com a partícula. (CD)
A quantidade de eletrólitos
para conseguir a coagulação
é independente da
concentração de colóides na
água, sendo que não é
possível causar a reversão de
carga dos colóides.
MECANISMOS DA COAGULAÇÃO
Adsorção e neutralização de carga
O mecanismo de adsorção-neutralização de cargas é
baseado na adição de íons com cargas elétricas opostas às
das partículas coloidais, que adsorvem e neutralizam as
mesmas.
A neutralização é o mecanismo predominante da
desestabilização, pois com a adsorção de um coagulante
positivamente carregado na superfície do colóide com carga
negativa, resulta em carga líquida próxima a zero (LIMA, 2007).
Há possibilidade de
reversão da carga
superficial das partículas
(colóides), caso haja
superdosagem de
coagulante.
MECANISMOS DA COAGULAÇÃO
Varredura
Ao precipitar, os flocos
envolvem as partículas
coloidais que ficam
aprisionadas no gel (hidróxido
de alumínio ou de ferro )
(VIANNA, 1997).
Gráfico da
solubilidade do
alumínio em
função do pH
COAGULANTES
Cloreto férico
Hidróxido insolúvel
(Sólido amorfo)
Sulfato férrico
OUTROS COAGULANTES
Policloreto de Alumínio
Mais comumente chamado de PAC, o policloreto de
alumínio é um coagulante inorgânico catiônico pré-
polimerizado com fórmula bruta descrita baixo, cujo grau de
polimerização n depende de diversos fatores do processo de
fabricação.
Aln (OH)m Cl3n-m
TANFLOC
É um polímero orgânico catiônico de baixo peso
molecular de origem essencialmente vegetal (casca da
Acácia Negra). Atua como coagulante da mesma maneira
que os polímeros sintéticos ou seja na formação de
pontes.
Carcaterísticas:
Atua em ampla faixa de pH (4 a 12);
Coagulação independe da alcalinidade da água;
Ponto isoelétrico na faixa de 10 e 11;
Mecanismo de coagulação: varredura / Adsorção-
neutralização / assemelha ao mecanismo
provocado pelos polieletrólitos;
Produz baixo volume de lodo gerado;
Não causa problemas de corrosão;
Baixo custo.
COAGULANTES ORGÂNICOS – Moringa Oleífera
Características:
Mais aplicado como floculante;
Forma de utilização: seco,
triturado e pulverizado; em
solução ou através da
extração da mucilagem; etc.
Coadjuvantes - Auxiliares
Nos efluentes industriais, tem-se verificado que os
flocos formados necessitam de maior densidade para
poderem sedimentar em decantadores.
Recorre-se, então, aos auxiliares de coagulação, que
são polielétrolitos que aumentam a velocidade de
sedimentação dos flocos e a resistências às forças de
cisalhamento. O tipo de polielétrolito adequado deverá ser
pesquisado em laboratório, através dos ensaios de
floculação e pode-se prever redução, no consumo de
coagulante primário, de até 20%.
Ensaios de Coagulação/Floculação
Os ensaios de Jar Test objetivam principalmente
determinar (CAVALCANTI, 2012):
Tipos de coagulantes e floculantes mais adequados ao
despejo específico;
Concentração desses produtos;
Efeito da temperatura;
pHs ótimos;
Tempos de reação com os produtos químicos adicionados;
Tempos de decantação ou flotação;
Gradiente de velocidade e potência necessária à formação
dos flocos, etc.
Jar Test
Ensaio preliminares de coagulação/floculação
Determinação do pH ótimo: é
efetuada com valores de pH variando
dentro da faixa recomendada para
cada coagulante testado. A correção
do pH pode ser efetuada com adição
de H2SO4 ou HCl 1M, 0,5M e 0,1M, e
NaOH 1M, 0,5M e 0,1M.
Obs.: normalmente se utiliza volumes de 200-1000mL de efluente
para os ensaios de dosagem mínima e pH.
Jar Test
Ensaio de coagulação/floculação
Dosagem ótima de coagulante: normalmente se utiliza
volumes na faixa de 500 a 2000mL de efluente e o coagulante
é adicionado em concentrações que variem entre 25% e 200%
sobre a dosagem mínima de coagulante encontrada no ensaio
de dosagem mínima.
Usualmente os parâmetros avaliados, para determinação da
concentração ótima de coagulante, são turbidez, DQO, cor e
compostos com absorção em UV-254 nm.
Jar Test
Condições - ensaios de coagulação/floculação
Ex.: Equipamento
Jart Test PoliControl
com 6 jarros
Em síntese a COAGULAÇÃO…..
Radial Radial
Axial Axial
FLOCULAÇÃO
Floculadores Mecânicos
Podem ser rotativos, alternativos ou oscilantes.
Os rotativos são mais comuns e podem ser com eixo
horizontal ou vertical, sendo estes últimos os mais comuns.
Zona de concentração
não-uniforme
Zona de transição
tempo
A - Líquido limpo.
Sólidos sedimentados B - Região de concentração constante.
C - Região de concentração variável.
D - Região de compactação.
DECANTAÇÃO/SEDIMENTAÇÃO
Consiste na separação por gravidade de partícula com
densidade maior que a da água. De acordo com a
concentração e as características das partículas e mecanismo
de decantação/sedimentação, pode ser classificada nos
seguintes tipos (METCALFY & EDDY, 2003):
Partículas Discretas: quando as partículas decantam
independentemente umas das outras, permanecendo com
dimensão (forma, tamanho e densidade) e velocidade
constantes ao longo do processo de sedimentação.
Ex. Desarenador - caixa de areia.
DECANTAÇÃO/SEDIMENTAÇÃO
1
Vh
H 2 Vs
B
L
g.( ρ p − ρ ).d p2
Vsed =
Pela igualdade de triângulos: µ
L / H = V / v ou L = V / v x H ρp = densidade da partícula;
Para valores usuais: ρ = densidade do líquido (água);
dp = diâmetro da partícula;
V = 0,30 m/s e v = 0,02 m/s µ= viscosidade absoluta da água;
L=V/vxH g = aceleração da gravidade.
L = 0,30 / 0,02 x H
L = 15 x H
SEDIMENTAÇÃO
Partículas Floculentas: quando as partículas decantam
em conjunto ou flocos. As partículas se aglomeram e sua
dimensão e velocidade aumentam ao longo do processo de
sedimentação. Ex.: remoção de fração de sólidos suspensos
e de flocos gerados na coagulação/floculação e,
decantadores secundários (superior).
1 Vh
A dimensão física da
partícula é alterada H 2 Vs
durante o seu processo B
de sedimentação
gravitacional, o que L
significa dizer que a sua
velocidade de
sedimentação é variável.
Partículas Floculentas
CARACTERÍSTICAS:
Alta concentração de sólidos
(formação manto);
Partículas tendem a uma
posição fixa;
Formação de uma interface
(fase líquida – sólida);
Movimento descendente da
interface.
SEDIMENTAÇÃO
Por compressão: refere-se a tendência de acúmulo e
aumento da concentração de partículas nas camadas
inferiores, fazendo com que a massa de partículas vá
empurrando e comprimindo as camadas seguintes à
medida que sedimenta. As partículas se compactam
como lodo. Ex. Decantadores secundários (fundo) e
Adensadores de lodo por gravidade.
CARACTERÍSTICAS:
Altíssima concentração de sólidos;
Sedimentação por compressão da
estrutura da partícula;
Compressão devido ao peso das
partículas.
Referências
BASSIN, J. P.; DEZOTTI, M. Tratamento primário, secundário e
terciário de efluentes. In: DEZOTTI, M. Processos e técnicas para
o controle ambiental de efluentes líquidos. Série Escola Piloto de
Engenharia Química COPPE/URRJ. Rio de Janeiro: E-papers, 2008.
CAVALCANTI, J. E. W. de A. Manual de Tratamento de Efluentes
Industriais. 2 ed. São Paulo: Engenho Editora Técnica Ltda, 2012.
CRITTENDEN, J. C.; TRUSSELL, R.R.; HAND, D. W.; HOWE, K. J.;
TCHOBANOGLOUS, G. Water Treatment: Principles and Design,
MWH, 2 ed., 2005.
DI BERNARDO, L.; DI BERNARDO, A.; CENTURIONE FILHO, P. L.
Ensaios de Tratabilidade de Água e dos Resíduos Gerados em
Estações de Tratamento de Água. São Paulo: RiMa, 2002.
DI BERNARDO, L.; DANTAS, A. D. B. Métodos e técnicas de
tratamento de água. 2 ed. São Carlos: RIMA, 2005.
ECKENFELDER JR, W. W. Industrial Water Pollution Control.
3.ed, EUA: McGraw-Hill, 2000.
FURLAN, F. R. Avaliação da eficência do processo de
coagulação-floculação e adsorção no tratamento de
efluentes têxteis. Dissertação (Mestrado em Engenharia
Química), Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis,
SC, 2008.
LIMA. G. J. de A. Uso de polímero natural do quiabo como
auxiliar de floculação e filtração em tratamento de água e
esgoto. 154 p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Ambiental).
Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro/RJ, 2007.
METCALF, G., EDDY, H. Wastewater engineering: treatment,
disposal and reuse. McGraw-Hill. 4 ed. 2003.
NOGUEIRA, F. C. B. NETO, F. R. C. ZAMPERO, R. SABINO, P. H.
Sementes de Moringa Oleífera e extrato de quiabo no
tratamento de efluentes urbanos e industriais. Anais...II
Encontro Nacional de Moringa. Aracaju – SE, 2010.
NUNES, J. A. Tratamento físico-químico de águas residuárias
industriais. 3.ed. Aracaju: Gráfica e Editora Triunfo, 2001.
VIANNA, Marcos Rocha. Hidráulica aplicada às estações de
tratamento de água. 3a edição. Belo Horizonte/MG: Imprimatur,
1997.