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INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE CAMPUS ARAQUARI

ANDRE COSTA BATTISTI


FRANCIELE DIAS DORDET MATTER
JAQUELINE MARIA DA SILVEIRA
LUCAS KLUCK RAUPP

EQUILÍBRIO EM INTERFACES:
DUPLA CAMADA ELÉTRICA
(Trabalho de Pesquisa)

ARAQUARI/SC
2021
1. INTRODUÇÃO

Quando duas fases de constituições químicas diferentes estão em contato,


estabelece-se uma diferença de potencial elétrico entre as duas fases. Esta diferença de
potencial é acompanhada por uma separação de cargas, sendo um dos lados da interface
carregado positivamente e o outro negativamente.
O modelo mais simples que descreve a região da dupla camada elétrica foi
desenvolvido por Helmoltz e Perrin. Eles imaginaram que a carga na superfície do eletrodo
iria produzir uma “contra-camada” de carga oposta ao eletrodo. Nesta situação, a região pode
ser aproximada como duas camadas paralelas de carga oposta, como um capacitor, onde o
potencial varia linearmente entre as camadas. Porém, para sistemas reais, essa variação de
potencial não é constante e varia de acordo com a concentração de íons em solução, além do
potencial que é aplicado na superfície do eletrodo. Mesmo que a carga do eletrodo esteja
confinada na superfície do eletrodo, em solução, a carga é distribuída de forma diferente, onde
a camada difusa deve ser levada em consideração.
Já o modelo de Gouy-Chapman diz que a concentração do eletrólito é levada em
consideração, onde a maior quantidade de espécies estaria imediatamente ao lado do eletrodo,
de forma que a atração eletrostática é superior aos efeitos térmicos. Progressivamente, a
concentração de espécies diminui com a distância do eletrodo, estes efeitos são chamados de
camada de carga difusa. O efeito da concentração também é afetado pela carga aplicada ao
eletrodo, pois com seu aumento, a cada difusa tende a ficar mais compacta. Neste modelo, os
íons são considerados cargas puntiformes.
O modelo proposto por Stern é, na realidade, uma união dos dois modelos descritos
anteriormente, onde ele admitiu a existência de uma camada compacta de íons nas
proximidades do eletrodo seguida por uma camada difusa de íons, aproximando o tratamento
matemático para a existência de dois capacitores ligados em série, representando
respectivamente as camadas compacta e difusa.

2. APLICAÇÕES

Os potenciais de equilíbrio raramente são determinados experimentalmente, pois são


calculados a partir de grandezas termodinâmicas. Em uma condição experimental raramente
se atinge a condição em que apenas uma reação eletroquímica ocorre na interface. Por
exemplo, o potencial de redução do par H+/H2 é superior ao da maioria dos metais, ou seja,
este íon pode consumir o elétron liberado pela reação de oxidação do metal que se deseja
estudar.
A maioria dos solventes são aquosos – a reação de redução do íon H+ (𝟐𝑯+ + 𝟐𝒆- ⇄
𝑯2(𝒈)) interfere na determinação da maioria dos potenciais de equilíbrio. Assim a ocorrência
de uma outra reação interfacial interfere no potencial do eletrodo – nesta condição o sistema
não se encontra mais em equilíbrio.
Por convenção todos os potenciais de equilíbrio se referem à reação de redução, 𝑴𝒆z+
+ 𝒛𝒆 - ⇄ 𝑴𝒆 e indicam a tendência que uma espécie tem de ganhar elétrons.

2.1 TIPOS DE ANÁLISES

2.1.1 Potencial Zeta


Quando a partícula se encontra em um meio aquoso e é submetida a um campo
elétrico, irá apresentar um movimento, positivo, negativo ou neutro, dependendo das
características aniônicas ou catiônicas da superfície. O deslocamento no campo da partícula
pode ser medido como o potencial zeta.
A determinação do potencial zeta (ζ) é obtida por medidas eletrocinéticas, já que a medição
do potencial elétrico no plano de Stern é bastante complexa, por ser necessário o
conhecimento de inúmeros parâmetros. Por essa razão, são feitas medidas de potencial no
plano de cisalhamento da dupla camada elétrica.
Existem quatro fenômenos eletrocinéticos, quando há o movimento relativo entre a
superfície sólida eletricamente carregada e a parte difusa da dupla camada elétrica:
- Eletroforese: partículas carregadas se movimentam em um líquido estacionário devido
à aplicação de um campo elétrico externo;
- Eletrosmose: líquido que se movimenta em relação às partículas carregadas
estacionárias pela aplicação de um campo elétrico externo. Denomina-se pressão
eletrosmótica a pressão necessária para contrabalançar o fluxo eletrosmótico;
- Potencial de escoamento: é o campo elétrico gerado quando um líquido flui sobre uma
superfície estacionária carregada eletricamente;
- Potencial de sedimentação: campo elétrico gerado quando partículas carregadas se
movimentam em relação a um líquido estacionário.
De todas as técnicas descritas, a eletroforese é a técnica mais utilizada para medição do
potencial zeta. A eletroforese determina a mobilidade eletroforética (µ). Esta técnica é
descrita pela equação a seguir:

Onde:
ѵ= mobilidade eletroforética (µm.s-1 .v-1 .cm)
ƞ = viscosidade do fluído (Nm-2 .s)
Ɛo = permissividade de ar (8,854x10-12C2 J-1m-1)
Ɛr = constante dielétrica
ζ = potencial zeta (mV)

O potencial zeta determina o caráter global da superfície para diferentes valores de


pH. O valor de pH onde se anulam as cargas (valor do potencial zeta igual a zero) é chamado
de ponto isoelétrico (PIE), e indica as características catiônicas ou aniônicas da superfície.

2.1.2 Infravermelho

A espectroscopia na região do infravermelho com transformada de Fourier ou


espectroscopia IV tem uma larga faixa de aplicações que vai desde a análise de moléculas
pequenas até sistemas complexos como cédulas e tecidos (Berthomieu e Hienerwadel, 2009).
Ela é uma das espectroscopias vibracionais e sofre grandes avanços principalmente pela
possibilidade de usar a amostra em estado sólido amorfo ou cristalino, soluções aquosas,
solventes orgânicos, filmes, pastilhas de KBr e membranas.
Assim como qualquer técnica espectroscópica, a espectroscopia no IV é devida à
interação da radiação, no caso IV, com a matéria, e ocorre com o acoplamento do campo
elétrico oscilante da vibração molecular e o da radiação incidente.
O espectro infravermelho de um composto químico é considerado uma de suas
propriedades físico-químicas mais características e, devido a isto, a espectroscopia na região
do infravermelho tem extensa aplicação na identificação dos compostos. Normalmente, as
transições eletrônicas são 41 situadas na região do ultravioleta ou visível, as vibracionais na
região do infravermelho e as rotacionais na região de micro-ondas e, em casos particulares,
também na região do infravermelho longínquo.
A maior parte das moléculas apresenta vibração ou rotação, associadas a ligações
covalentes que resulta em absorção de radiação na região do infravermelho (4000-450 cm-1),
devido à variação do momento dipolar da molécula.
Essas vibrações são classificadas como estiramento ou deformação angular, podendo
ser simétricas ou assimétricas. As vibrações de deformação podem ser: deformação simétrica
no plano (scissoring), deformação assimétrica no plano (rocking), deformação simétrica fora
do plano (wagging) e deformação assimétrica fora do plano (twisting).
A condição para que ocorra absorção da radiação infravermelha é que haja variação do
momento de dipolo elétrico da molécula como consequência de seu movimento vibracional
ou rotacional. Somente nessas circunstâncias, o campo elétrico alternante da radiação
incidente interage com a molécula, originando os espectros. De outra forma, pode-se dizer
que o espectro de absorção no infravermelho tem origem quando a radiação eletromagnética
incidente tem um componente com frequência correspondente a uma transição entre dois
níveis vibracionais.
Esta técnica de análise físico química apresenta uma série de vantagens, destacando-se
a redução no tempo de análise, diminuição nas quantidades de amostra, ampliação da
capacidade de identificar ou caracterizar estruturas complexas.

REFERÊNCIAS

MANTSCH, H. H.; CHAPMAN, D. Infrared Spectroscopy of Biomolecules. New York: John Wiley & Sons,
1995.

SILVERSTEIN, R. M.; BASSLER, G. C.; MORRILL, T. C. Spectrometric Identification of Organic


Compounds. 7th ed. New York: John Wiley & Sons, 2005.

LOPES, Wilson Araújo; FASCIO, Miguel. Esquema para interpretação de espectros de substâncias orgânicas na
região do infravermelho. Química Nova, [S.L.], v. 27, n. 4, p. 670-673, ago. 2004.

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