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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETRÔNICA


BACHARELADO EM ENGENHARIA ELETRÔNICA
CIÊNCIAS AMBIENTAIS

GIOVANA CAVALLI RONQUI

EMISSÃO DE GASES POLUENTES NA INDUSTRIALIZAÇÃO DE ELETRÔNICOS

CAMPO MOURÃO
2021
GIOVANA CAVALLI RONQUI

EMISSÃO DE GASES POLUENTES NA INDUSTRIALIZAÇÃO DE ELETRÔNICOS

Trabalho apresentado à disciplina de


Ciências Ambientais, do curso Superior
de Engenharia Eletrônica do
Departamento Acadêmico de Eletrônica
- DAELN - da Universidade Tecnológica
Federal do Paraná - UTFPR, como
requisito parcial para conclusão da
disciplina de Ciências Ambientais.

Orientador: Prof. Elizabete Satsuki


Sekine

CAMPO MOURÃO
2021

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ……………………………………………………………….…………………...3
1.1 OBJETIVOS ……………………………………………………………………………………..3
1.1.1 Objetivo Geral ………………………………………………………………………………....3
1.1.2 Objetivos Específicos ………………………………………………………………………...4
1.2 JUSTIFICATIVA …………………………………………………………………………….…...4
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ..........................................................................................4
2.1 Principais gases emitidos nas indústrias de eletrônicos ...................................................4
2.1.1 Alterações ambientais decorrente desta atividade …………..........................................5
2.1.2 Medidas preventivas contra a emissão de gases e normas regulamentadoras que
previnem a degradação ambiental por tais atividades ............................................................6
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS……………………………………………………………………...7
REFERÊNCIAS.......................................................................................................................8

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1. INTRODUÇÃO

A biodiversidade do planeta está cada vez mais ameaçada e as consequências


negativas das alterações ambientais, estão cada vez mais evidentes. As mudanças
climáticas antropogênicas, por exemplo, estão associadas ao aumento da emissão de
gases de efeito estufa por queima de combustíveis fósseis, desmatamento, decomposição
de lixo, etc. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (s.d), em meados do
século 18 e na metade do século 20, houve uma expansão da produção industrial, o que
gerou um grande aumento de emissões de gases poluentes na atmosfera, atividade que se
prolonga até os dias atuais. Por sua vez, as empresas dos setores elétrico e eletrônico
sediadas no Brasil representam uma parcela importante e significativa do setor industrial
brasileiro. Este setor inclui uma ampla gama de atividades de manufatura, como a
fabricação de geradores, motores, transformadores, conversores, retificadores e produtos
de consumo para a indústria eletrônica.
As indústrias de componentes eletrônicos no Brasil permanecem sem incentivos e
sem políticas industriais que promovam a sua produção local, tornando assim a importação
o meio mais viável de adquirir estes componentes de alto valor agregado. Além de
incentivos para produção local, a indústria de componentes eletroeletrônicos deve ser
competitiva, e possuir uma grande escala de produção, para que assim tenha capacidade
de se manter e atender o mercado mundial. Sendo assim, ao se analisar o processo de
fabricação destes no Brasil, pode-se dizer que os impactos ambientais desses produtos
estão atrelados às emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) geradas pelo transporte,
assim como as geradas pelo consumo de energia elétrica ao longo da vida útil destes
equipamentos (CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA, 2017).
Tomando como base a emissão de poluentes a nível global, segundo a Época
Negócios (2021), os setores industriais de produção de computadores, celulares e TVs,
correspondem de 1,8% a 2,8% de acordo com um estudo realizado pela Universidade de
Lancaster, junto à consultoria ambiental britânica Small World Consulting. Exposto desta
forma, o quanto a emissão de gases poluentes na industrialização de eletrônicos possui
uma participação significativa da parcela total.

1.1 OBJETIVOS

Os objetivos deste trabalho podem ser observados abaixo:


1.1.1 Objetivo geral
Identificar os principais gases emitidos na industrialização de equipamentos
eletrônicos analisando seus efeitos no meio ambiente.

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1.1.2 Objetivos específicos
Os objetivos específicos podem ser observados abaixo:
- Identificar os gases emitidos na industrialização de equipamentos eletrônicos
- Verificar os impactos gerados no meio ambiente pela emissão de gases produzidos na
indústria eletrônica
- Analisar medidas preventivas contra a emissão de gases, assim como estudar as normas
vigentes que previnem a degradação ambiental por tais ações.

1.2 JUSTIFICATIVA

Sustentabilidade é uma temática que vem sendo discutida sob várias perspectivas
há anos. A ideia de conciliar o desenvolvimento econômico, com a preservação do meio
ambiente e a atuação social atrai pesquisadores do mundo inteiro, e vem se consolidando
como conceito e prática de sobrevivência para as instituições. Em contrapartida, existem
fortes indícios de que o clima está de fato mudando. As décadas de 1990 e 2000 foram as
mais quentes dos últimos 1.000 anos. As projeções do Painel Intergovernamental de
Mudanças Climáticas (IPCC) indicam que nos próximos 100 anos poderá haver um
aumento da temperatura média global entre 1,8°C e 4,0°C, e um aumento do nível médio do
mar entre 0,18 m e 0,59 m, o que pode afetar significativamente as atividades humanas e
os ecossistemas terrestres (INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS, s.d).
Sabe-se que um dos principais fatores do aumento da temperatura é a emissão de
gases poluentes na industrialização de eletrônicos. Tendo em vista tais fatores, faz-se
necessário conhecer os principais gases emitidos na industrialização de eletroeletrônicos,
as alterações ambientais decorrentes desta atividade, as medidas preventivas e as normas
regulamentadoras que previne a degradação ambiental por essas práticas.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Principais gases emitidos nas indústrias de eletrônicos
Os Gases de efeito estufa (GEE), além de presentes naturalmente na atmosfera
terrestre e sendo participante de ciclos biogeoquímicos, possuem origem também em certas
atividades antrópicas, como uso de combustíveis fósseis, desflorestação, alteração dos
usos do solo, produção e consumo de energia, atividades agrícolas, aterros sanitários,
águas residuais, uso de fertilizantes, produção de ácidos, queima de biomassa e
combustíveis fósseis, indústria, refrigeração, aerossóis, propulsores, espumas expandidas e
indústria de semicondutores e fotovoltaica. Os principais GEE que estão no Tratado de
Kyoto são o dióxido de carbono (CO²), o metano (CH4), o óxido nitroso (N²O), os
perfluorados (PFCs), os hidrofluorcarbonetos (HFCs) e o hexafluoreto de enxofre (SF6),

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sendo a queima de combustíveis fósseis a principal fonte de emissão de CO², a modificação
e uso da terra a principal fonte de emissão de CH4 e o uso agrícola de fertilizantes químicos
a principal fonte de emissão de N²O. Durante a décima sétima Conferência das Partes da
Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 17), um novo GEE
foi incluído na lista dos gases de Kyoto, o trifluoreto de nitrogênio, NF3. O trifluoreto de
nitrogênio é usado como um substituto para o perfluorcarbonos (PFC), (principalmente
C2F6), e hexafluoreto de enxofre (SF6) na indústria eletrônica, fabricação de
semicondutores e painéis de LCD (Liquid Crystal Display). O NF3 é um GEE usado no
processo de produção de semicondutores para limpeza das câmaras em que são
produzidos os chips de silício (Prather, 2008 apud Albuquerque, 2012), na indústria
fotovoltaica (película fina de células solares) e em tipos de lasers químicos
(ALBUQUERQUE, 2012).
A indústria de semicondutores começou a utilizar o trifluoreto de nitrogênio (NF3), no
final da década de 80, como uma alternativa mais ecologicamente correta na limpeza de
equipamentos produtores de chips. A fabricação de circuitos integrados envolve o depósito
de camadas de materiais, como semicondutores e metais, em um sanduíche de silício.
Esses materiais também ficam depositados nas paredes da câmara. Assim, após o
assentamento de cada camada, o fluoreto de nitrogênio é bombeado para a câmara, sendo
quebrado para liberar átomos de flúor altamente reactivos, que limpam as paredes. Mas as
condições na produção de chips de silício são desconhecidas, pela falta de regulamentação
ou fiscalização (Prather, 2008 apud Scientific American Brasil, 2020). Os sistemas de
descarte podem ser programados para destruir 97% do gás, porém sob condições ideais. A
maioria dos produtores de semicondutores não atinge esse nível, pois tem pressa na
produção.

2.1.1 Alterações ambientais decorrente desta atividade


A concentração de NF3 na atmosfera é cerca de 0,5 parte por trilhão, dificultando
sua medição. Além do mais, o mesmo é 12.000 a 20.000 vezes mais eficiente na retenção
de calor do que o CO². O estudo de Weiss (2010), confirmou as preocupações de Prather
(2008), o mesmo teve que repetir o processo de aquecer, destilar e passar as amostras de
ar por filtros, para remover gases como dióxido de carbono e criptônio, que podem enganar
o detector extremamente sensível. Ele descobriu que foram emitidas aproximadamente 563
toneladas de NF3 em 2006. A partir dessas medidas calculou que as emissões já
aumentaram para 620 toneladas em 2008, o que corresponde a 16% das 4 mil toneladas
estimadas por Prather para 2008.
O trifluoreto de nitrogênio é um dos gases responsáveis pela aceleração do efeito
estufa e essa aceleração pode ocasionar grandes consequências à vida na Terra e trazer

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inúmeras alterações ambientais, como o derretimento das calotas polares e aumento do
nível dos mares, aumento de furacões, maremotos, ciclones, terremotos e do aquecimento
global. Bem como a extinção de animais e plantas, que são atingidos pelas más condições
em seus habitats. Outro setor bem afetado é a agricultura, uma vez que, há uma grande
concentração de poluição atmosférica que quando reage com a água, ocasiona as chuvas
ácidas.

2.1.2 Medidas preventivas contra a emissão de gases e normas regulamentadoras


que previnem a degradação ambiental por tais atividades
Como medida preventiva, o NF3 foi incluído na lista de gases do efeito estufa e é
regulado pelo Protocolo de Kyoto, desta forma, as indústrias trabalham com limites
impostos pelos países que fazem parte do acordo.
Segundo a revista Scientific American Brasil, 2020, algumas empresas também
estão adotando alternativas para o trifluoreto de nitrogênio. A Toshiba Matsushita Display, a
Samsung e a LG instalaram sistemas que geram flúor no próprio local, em algumas de suas
fábricas de LCD e semicondutores. O sistema desenvolvido quebra o ácido fluorídrico em
flúor. Isto requer menos energia que a quebra do fluoreto de nitrogênio e não oferece risco
de aquecimento global. Entretanto, o sistema demanda custos imediatos com que os
pequenos produtores de LCD não estão dispostos a arcar. Qualquer liberação acidental de
flúor também pode ser um problema: essa substância é um gás corrosivo e tóxico e, além
disso, em altas concentrações, retarda o crescimento de plantas e danifica dentes e ossos.
De acordo com a Confederação Nacional da Indústria (2017), mesmo que não exista
tão grande apoio político industrial da forma como é esperado, existem leis, decretos e
resoluções que se referem aos temas ambientais voltados à indústria de eletroeletrônicos, e
que as auxiliam e incentivam a buscarem a menor emissão de gases poluentes à
atmosfera, assim como outros meios de poluição que venham a degradar o meio ambiente.
Estas descritas a seguir.
● Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010, que institui a Política Nacional de Resíduos
Sólidos. Em seu artigo 30º, define o conceito da responsabilidade compartilhada
pelo ciclo de vida dos produtos e, em seu artigo 33º, institui a obrigatoriedade da
implementação de sistemas para Logística Reversa de Equipamentos
Eletroeletrônicos, pilhas e baterias (dentre outros produtos);
● Lei nº 12.187, de 29 de dezembro de 2009, que implementou a Política Nacional
sobre Mudança do Clima. A lei prevê “mudanças e substituições tecnológicas que
reduzam o uso dos recursos e das emissões por unidade de produção, bem como a
implementação de medidas que reduzam as emissões de gases de efeito estufa e
aumentem os sumidouros”;

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● Lei nº 10.295, de 17 de outubro de 2001, que dispõe sobre a Política Nacional de
Conservação e Uso Racional de Energia. A lei estabelece “os níveis máximos de
consumo de energia, ou mínimos de eficiência energética, de máquinas e aparelhos
consumidores de energia fabricados ou comercializados no país, bem como as
edificações construídas”;
● Resolução Conama nº 401, de 4 de novembro de 2008. “Estabelece os limites
máximos de chumbo, cádmio e mercúrio e os critérios e padrões para o
gerenciamento ambientalmente adequado das pilhas e baterias”. O artigo 3º
estabelece que os fabricantes e importadores de pilhas e baterias devem
“apresentar ao órgão ambiental competente plano de gerenciamento de pilhas e
baterias que contemple a destinação ambientalmente adequada”;
● Decreto 7746, de 05 de junho de 2012. Regulamenta o art. 3o da Lei nº 8.666, de
licitações públicas, para estabelecer critérios, práticas e diretrizes para a promoção
do desenvolvimento nacional sustentável nas contratações realizadas pela
administração pública federal, e institui a Comissão Interministerial de
Sustentabilidade na Administração Pública – CISAP;
● Lei n° 8.248, de 23 de outubro de 1991. Denominada como Lei de Informática, é um
importante instrumento de política industrial, que objetiva garantir a competitividade
das empresas das áreas de tecnologia da informação, comunicação (TIC) e
automação, a partir da isenção ou redução do imposto sobre produtos
industrializados (IPI).

Em troca de incentivos fiscais, empresas autorizadas na lei investem parte de sua


renda em pesquisa e desenvolvimento (P&D) para estimular o desenvolvimento e a
inovação tecnológica, além de garantir a proteção do meio ambiente (CONFEDERAÇÃO
NACIONAL DA INDÚSTRIA, 2017). A partir disto, pode-se dizer que as regulamentações
estabelecidas por parte do governo fornecem um incentivo às indústrias para que a
produção eletrônica no país tenha um número cada vez menor de emissão de gases na
atmosfera, preservando cada vez mais o meio ambiente.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Destarte, acredita-se que conciliar o desenvolvimento econômico com a preservação
do meio ambiente e a atuação social, em junção com o estímulo à pesquisa científica a fim
de executar políticas sustentáveis e utilizar os preceitos da indústria 4.0 são possíveis
soluções para que a indústria de eletrônicos reduza os problemas ambientais e garanta a
efetiva sustentabilidade no setor.

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REFERÊNCIAS

EPOCA NEGÓCIOS. Indústria de computadores, celulares e TV's supera de setor de


aviação em emição de poluentes. 2021. Disponível em:
<https://epocanegocios.globo.com/Um-So-Planeta/noticia/2021/09/industria-de-computadore
s-celulares-e-tvs-supera-setor-de-aviacao-em-emissao-de-poluentes-diz-estudo.html>.

SCIENTIFIC AMERICAN BRASIL. Indústria de eletrônicos altera o clima com o novo


gás poluente. 2020. Disponível em:
<https://sciam.com.br/industria-de-eletronicos-altera-o-clima-com-novo-gas-poluente/>.

LAR PLASTICOS. Como a reciclagem ajuda a reduzir CO2 na atmosfera. 2020.


Disponível em:
<https://www.larplasticos.com.br/como-a-reciclagem-ajuda-a-reduzir-co2-na-atmosfera#:~:te
xt=O%20estudo%20mostra%20ainda%20que,equivalente%20a%2050kg%20de%20CO2.&t
ext=Desse%20modo%2C%20reciclar%20materiais%20minimiza,a%20fabrica%C3%A7%C3
%A3o%20de%20novos%20produtos>.

CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA. A indústria elétrica e eletrônica


impulsionando a economia verde e a sustentabilidade. Associação Brasileira da
Indústria Elétrica e Eletrônica – Brasília : CNI, 2017. Disponível em:
<abinee.org.br/informac/arquivos/fasci17.pdf>.

ALBUQUERQUE, L. Análise crítica das políticas públicas em mudanças climáticas e


dos compromissos nacionais de redução de emissão de gases de efeito estufa no
Brasil. Dissertação (Mestrado - Planejamento Energético) - Universidade Federal do Rio de
Janeiro. Rio de Janeiro, p. 4. 2012.

INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS (INPE). O que são Mudanças


Climáticas?. s.d. Disponível em: <http://www.inpe.br/faq/index.php?pai=>.

PRATHER, M. J. Geophysical Research Letters. 12. ed. Washington, D.C. 2008.

WEISS, D. Cost behavior and analysts’ earnings forecasts. The Accounting Review, v. 85, n.
4, p. 1441-1471, Julho 2010.

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